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HISTÓRIA E TEORIA
DA ARQUITETURA E
DA CIDADE I
MÓDULO 2
TÓPICO 2
INTRODUÇÃO
na natureza humana do Cristo", argumentavam eles, opor que não estaria Ele também
disposto a manifestar-se em imagens visíveis? Não adoramos essas imagens em si
mesmas, como fizeram os pagãos. Adoramos Deus e os Santos através de suas imagens
e para além delas.' Seja o que for que pensamos sobre a lógica dessa tese, a sua
importância para a história da arte foi tremenda. Pois quando esse partido retornou ao
poder, após um século de repressão, as pinturas numa igreja não mais puderam ser
encaradas como meras ilustrações para uso daqueles que não sabiam ler. Eram vistas
como reflexos misteriosos do mundo sobrenatural. Portanto. a Igreja oriental não pôde
continuar permitindo ao artista que seguisse, a sua fantasia na criação dessas obras. Por
certo, não era qualquer bela pintura de uma mãe com seu filho pequeno que poderia ser
aceita como verdadeira imagem sacra ou ―ícone" da Mãe de Deus, mas apenas aqueles
tipos consagrados por uma de séculos.
Assim os bizantinos passaram a insistir quase tão rigorosamente quanto os
egípcios observância das tradições. Mas essa questão tinha dois aspectos
diametralmente opostos. Ao exigir dos artistas que pintavam imagens sagradas que
respeitassem estritamente os modelos antigos, a Igreja Bizantina ajudou a preservar as
ideias e realizações da arte grega nos tipos usados para roupagens, faces ou gestos. Se
observarmos um retábulo bizantino da Santa Virgem, talvez nos pareça muito distante das
realizações da arte grega. No entanto, como as pregas do manto se desdobram do corpo
e irradiam em redor dos cotovelos e joelhos, o método de modelar a face e as mãos
acentuando as sombras, e mesmo a amplidão circular do próprio trono da Virgem, teriam
sido impossíveis sem as conquistas da pintura grega e helenística. Apesar de uma certa
rigidez, a arte bizantina manteve-se, portanto, mais próxima da natureza do que a arte do
Ocidente em períodos subsequentes. Por outro lado, a ênfase sobre a tradição e a
necessidade de respeitar certos modos permitidos de representar o Cristo ou a Virgem
tornaram difícil aos artistas bizantinos desenvolverem seus dotes pessoais. Mas esse
conservantismo desenvolveu-se apenas gradualmente e é um erro imaginar que os
artistas do período não tinham qualquer amplitude criativa. Foram eles, de fato, que
transformaram as simples ilustrações da arte cristã primitiva em grandes ciclos de
grandes e. solenes imagens que dominam o interior das igrejas bizantinas. Se
observarmos os mosaicos feitos por esses artistas gregos nos Bálcãs e na Itália, durante
a Idade Média, vemos que esse império oriental tinha conseguido, de fato, ressuscitar
algo da grandeza e majestade da antiga arte oriental e usá-la para glorificação do Cristo e
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Seu poder. A fig. 89 dá uma idéia de como essa arte podia ser impressionante, Mostra a
abside da igreja de Monreale, na Sicília, que foi decorada por artífices bizantinos pouco
antes de 1190. A própria Sicília pertencia à Igreja Ocidental ou Latina, o que explica o fato
de entre os Santos dispostos de cada lado da janela encontrarmos uma das mais antigas
representações de S. Tomás Becket, as notícias de cujo assassinato, uns vinte anos
antes, tinham ressoado por toda a Europa. Mas, pondo de lado a sua seleção de santos,
os artistas mantiveram-se próximos de sua tradição bizantina nativa: Os fiéis reunidos na
igreja ver-se-iam face a face com a majestosa figura do Cristo, representado como o
Senhor do Universo, Sua mão direita erguida no gesto de bênção. Por baixo está a
Virgem, entronizada como Imperatriz e ladeada por dois arcanjos e a fila solene de
santos. (GOMBRICH)
Imagens como estas, olhando-nos desde o alto de paredes douradas e refulgentes,
poderiam ser símbolos tão perfeitos da Verdade Sagrada que nem parecia haver
necessidade alguma de nos desviarmos delas. Assim, elas continuaram dominando em
todos os países governados pela Igreja Oriental. As imagens sacras ou "ícones" dos
russos ainda refletem essas grandes criações dos artistas bizantinos. (GOMBRICH)
A arquitetura bizantina caracteriza-se fortemente por mosaicos vitrificados e pelos
ícones, que eram pinturas sacras feitas normalmente sobre madeira. O estilo bizantino
também tinha como destaque técnicas de construção inovadoras para a época, em
especial, as voltadas para a construção de cúpulas, que surgiram por volta do século VI.
O Mosaico foi um tipo de arte muito difundido no Império Bizantino, principalmente
durante o reinado do imperador Justiniano de 526 a 565. As imagens em mosaico eram
formadas a partir de pequenos pedaços de pedra coloridos, colados nas paredes.
Outra variação desta técnica era a que utilizava um tambor entre a base circular e a
cúpula, o que garantia as construções maior verticalidade, como mostra a figura.
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Fonte: https://concretoemcurva.files.wordpress.com/2016/03/cc3bapula-bizantina-blog-concreto-em-curva.jpg?w=768
Segundo ARGAN, Vasari foi o primeiro a observar que a cúpula de Santa Maria del
Fiore não devia ser relacionada apenas ao espaço da catedral e respectivos volumes,
mas ao espaço de toda a cidade, ou seja, a um horizonte circular, precisamente ao perfil
das colinas em torno de Florença: "Vendo-se ela elevar-se em tamanha altura, que os
montes ao redor de Florença parecem semelhantes a ela." portanto, também está
relacionada ao céu que domina aquele horizonte de colinas e contra o qual "parece que
realmente combata" na verdade, parece que o céu dela tenha inveja, pois sem cessar os
raios todos os dias a procuram". Na época de Vasari, era frequente o tema retórico da
inveja da natureza em relação à arte que a emula e supera; mas essa história dos raios
que todos os dias batem nela, se é que pode ter algum fundamento nos fatos, trai a
tradição popular, que, de um lado, elogia a resistência material da cúpula e, de outro, faz
referência a seu sentido ou significado cósmico, Esta não é a única referência, de resto
nem um pouco surpreendente, a um simbolismo cósmico e religioso da cúpula.
Quando entre 1435 e 1436, Alberti dedicava a Brunelleschi a versão em língua
vulgar do Tratado da Pintura, a cúpula havia sido fechada há pouco e ainda faltava a
lanterna. Apesar de os florentinos acompanharem com extremo interesse as vicissitudes
da construção, certamente ainda não poderia ter se formado uma lenda da cúpula. No
entanto, Alberti deu uma descrição interpretativa surpreendente da grande calota que
havia aparecido (quase que por milagre, mas por um milagre da inteligência humana) no
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céu de Florença. Dizer que a cúpula "erguia-se acima dos céus" era sem dúvida uma
figura literária, mas não um contrassenso; ao contrário, era dizer exatamente a mesma
coisa que um século depois Vasari dirá. Falar de céus, em vez de céu, eras para um
literato leitor de Dante, como Alberti, mais do que natural; contudo, isso não exclui o fato
de que, no plural, céus compreenda, se não propriamente as esferas da escolástica, o
céu físico e o céu metafísico. Urna vez que este último não tem limites, erguer-se acima
dele, delinear um limite visível para o infinito, significa compreendê-lo, defini-lo,
representá-lo e, já que o céu metafísico compreendia o físico, representar o espaço em
sua totalidade. (ARGAN)
Nos anos em que se escrevia o Tratado da pintura e o De Statua (que não é em
absoluto tardio, mas estritamente relacionado com o primeiro), Alberti refletia a fundo
sobre o terna da representação. Distinguia ele pelo menos dois modos de representação-
ficção: a pintura (e, por afinidade de problema, o baixo-relevo), que representa através da
projeção perspéctica de uma realidade em três dimensões no plano de duas dimensões; a
escultura, que representa um objeto de três dimensões com outro objeto tridimensional.
(ARGAN)
Fonte: http://www.estilosarquitetonicos.com.br/imagens/catedral-hagia-sophia.jpg
O edifício da Catedral de Santa Sofia é resultado da união dos vários estilos das
grandes construções romanas. A estrutura se assemelha a uma basílica romana, com
uma forma retangular. (ARGAN)
Levou apenas cinco anos para ficar pronta, de 532 a 537 d.C, e chamou atenção
pela sua cúpula projetada pelos cientistas gregos Isidoro de Mileto, um médico, e Antêmio
de Trales, um matemático, e por seu interior repleto de mosaicos. A basílica de Hagia
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Sofia, passou por várias reconstruções ao longo da história, devido aos danos que sofreu
por terremotos, mas em 1453, após a invasão do Império Otomano em Constantinopla
que a basílica se tornou uma mesquita, situação que durou até 1931. Neste período
grande parte de seus mosaicos foram caiados, além dos minaretes implantados à sua
volta. Só em 1931 que começaram o processo de recuperação desses mosaicos, e em
1935 ela foi inaugurada como museu, funcionando como tal até os dias de hoje. (ARGAN)
Além da dimensão, o seu grandioso domo central, que é aqui pela primeira vez
utilizado, torna-se um dos mais impressionantes atrativos e fica como símbolo maior da
arquitetura bizantina. Quatro arcos formam um quadrado que sustenta pendentes de
abóbadas esféricas, que, por sua vez, apoiam o imenso domo. A base deste domo é
vazada por quarenta janelas em arco que permitem a entrada da luz, dando leveza à
estrutura e oferecendo a ilusão de um halo celestial. (ARGAN)
http://www.estilosarquitetonicos.com.br/imagens/igreja-de-panaghia-Kapnikarea.jpg
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Cimbre é uma armação de madeira ou metal, que serve de molde durante a construção de um arco, abóboda, ou
cúpula em alvenaria. Esta estrutura provisória suporta os vários elementos durante a construção até à colocação do
fecho ou consolidação do elemento arquitetônico.
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O exarco ou exarca era a autoridade bizantina que governava a península Itálica ou a África, na qualidade de
representante do imperador do Oriente, após a queda do Império Romano do Ocidente. O cargo foi instituído pelo
imperador Maurício I, em fins do século VI, como uma reação ao enfraquecimento da autoridade imperial em regiões
mais distantes do poder central, e unificava as funções civis e militares do governo da província numa mesma pessoa.
O território governado pelo exarca chamava-se exarcado. Os bizantinos instituíram dois exarcados, o de Ravena e o de
Cartago.
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outros objetos e que, como tais, não são muito diferentes das estátuas, tanto assim que a
palavra "monumento" vale tanto para certas arquiteturas como para certas estátuas, ou
esculturas em relevo pleno, contanto que tenham um certo conteúdo histórico-ideológico.
Como objeto arquitetônico, a cúpula não tem um interesse particular, segundo Alberti, que
sequer diz que se trata da catedral florentina e de Seu acabamento — e que, para dizer
"cúpula", diz, ao contrário, estrutura. Em suma, a extraordinária invenção de Brunelleschi,
não é, no modo de ver de Alberti, um objeto arquitetônico, mas um imenso objeto
espacial, vale dizer, um espaço objetivado, isto é, representado, pois cada representação
é uma objetivação e cada objetivação é perspéctica porque dá uma imagem unitária e não
fragmentária, o que implica uma distância ou uma distinção, bem como uma simetria,
entre objeto e sujeito, de forma que a representação não é a cópia do objeto, mas a
configuração da coisa real enquanto pensada por um sujeito.
Sem dúvida, a construção mais característica e monumental por suas dimensões, é
o Panteon de Agripa, primeira construção com cúpula autoportante, que descansa sobre
um tambor cilíndrico. Este templo se identifica com uma linha arquitetônica que prefere as
abóbadas cilíndricas, ou com naves circulares, e grandes cúpulas, que, havendo herdado
muitos elementos do Oriente, passou por transformações, tornando-se modelo para os
edifícios paleocristãos e bizantinos.
Panteon de Agripa
Fonte: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/f9/84/5d/f9845d55a4c8eeff5d86fefd4a85aebb.jpg
Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-
raxTYVDOQLM/VHSvkVZde8I/AAAAAAAACdI/KdZZ44WXg5c/s1600/1922200_719691728075358_435920423_n.jpg
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Panteon de Agripa
Fonte: https://www.101viajes.com/sites/default/files/panteon-roma-exterior.jpg
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A dinastia Comnena ou dos Comnenos desempenhou um papel importante na história do Império Romano do Oriente
( Império Bizantino ), e interrompeu o declínio político do império a partir de 1081 até o ano de 1185, tanto assim que os
historiadores chamaram esse período de "renascimento do império".
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fato, muito diferentes. As várias tribos teutônicas, os godos, vândalos, saxões, suevos e
Vikings, que assolavam a Europa, destruindo e pilhando, eram considerados bárbaros por
aqueles que apreciavam as realizações gregas e romanas na literatura e na arte. Numa
acepção, essas tribos eram certamente bárbaras, mas isso não significa necessariamente
que não possuíssem um sentimento do belo nem uma arte própria.
Igreja de Earls Barton. Uma torre saxônica imitando uma estrutura de madeira, Condado de Northampton, Reino Unido.
Construída cerca do ano 1000. Fonte:https://s-media-cache-
ak0.pinimg.com/originals/41/97/df/4197df821c33afdb932ec3b652d719c5.jpg
Cabeça em madeira entalhada de dragão. Encontrada em Oseberg (Noruega). Cerca do ano de 820. Oslo.
Fonte: GOMBRICH
São lucas de um evangelho manuscrito, pintado por volta de 750. St. Gallen, Stiftsbibliothek. Fonte: GOMBRICH.
Podemos ver que o artista utilizou algum exemplo que encontrara numa velha
Bíblia e o transformou de acordo com seu gosto pessoal. Mudou as dobras da vestimenta
para algo como faixas entrançadas, as madeixas de cabelo e até as orelhas para rolos, e
a face toda converteu-se numa máscara rígida. Essas figuras de evangelistas e santos
parecem quase tão hirtas e exóticas quanto os ídolos primitivos. Mostram que os artistas
que se haviam criado na tradição de sua arte nativa tiveram dificuldade em adaptar-se às
novas exigências dos livros cristãos. Entretanto, seria um erro considerar tais ilustrações
meramente rudimentares. O treinamento de mão e olho que o artista recebera, e que o
capacitara a realizar um belo padrão na página, ajudara-o a trazer um novo elemento para
a arte ocidental. Sem essa influência, a arte ocidental ter-se-ia possivelmente
desenvolvido numa direção semelhante à da arte de Bizâncio. Graças ao choque de duas
tradições, a clássica e a dos artistas nativos, algo inteiramente novo começou a crescer
na Europa Ocidental. Na verdade, o conhecimento das realizações anteriores da arte
clássica não se perdera inteiramente, de forma alguma. Na corte de Carlos Magno, que
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A partir da era moderna o artista é valorizado quando é original, mas não é o que
ocorreu no passado. Um mestre egípcio, chinês ou bizantino ficaria imensamente
perplexo se lhe exigissem tal coisa. Tampouco artista medieval da Europa Ocidental teria
entendido por que haveria de inventar novos métodos de planejar uma igreja, de
desenhar um cálice ou de representar a História Sagrada, quando os antigos métodos
serviam tão bem a esses fins. O piedoso devoto que queria dedicar um novo sacrário para
uma relíquia de seu santo padroeiro não só tentava obter o mais precioso material que
estivesse ao seu alcance, mas desejaria também dotar o mestre com um antigo e
venerável exemplo de como a lenda do santo devia ser corretamente representada. Nem
O artista se sentia embaraçado por esse tipo de encomenda. Ainda lhe restava campo
suficiente para mostrar se era um mestre ou um charlatão. (GOMBRICH)
Talvez possamos entender melhor essa atitude se pensarmos em nosso próprio
enloque da música. Se pedirmos a um músico para locar num casamento, não esperamos
que ele componha algo novo para a ocasião, assim como o mecenas medieval não
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esperava uma nova invenção quando encomendava uma pintura sobre a Natividade. E,
assim como dois músicos, igualmente grandes podem interpretar a mesma peça de
modos muito diferentes, também dois grandes mestres medievais podiam criar obras de
arte muito diferentes sobre o mesmo tema e até a partir do mesmo modelo antigo.
(GOMBRICH)
Cristo lavando pés dos apóstolos. Do livro dos Evangelhos de oto III, iluminado por volta de 1000. Munique,
Staatsbibliothek, Alemanha. Fonte: GOMBRICH
faixas e linhas entrelaçadas que tinham sido a realização suprema da arte nórdica. Em
quadros como esses, vemos o surgimento de um novo estilo medieval que possibilitou à
arte fazer algo que nem a antiga arte oriental nem a clássica tinham feito. Os egípcios
tinham desenhado preponderantemente o que sabiam existir, os gregos o que viam, na
Idade Média, o artista aprendeu a expressar também na sua obra o que sentia.
(GOMBRICH)
Segundo GOMBRICH, não se pode fazer jus a qualquer obra de arte medieval sem
ter em mente esse propósito. Pois esses artistas não pretendiam criar uma semelhança
convincente com a natureza ou realizar belas coisas: queriam comunicar a seus irmãos
de fé o conteúdo e a mensagem da História Sagrada. E nisso talvez tenham sido mais
bem-sucedidos do que a maioria dos artistas de épocas anteriores ou posteriores. A figura
anterior é reproduzida de um livro dos evangelhos que foi ilustrado (ou, como se diz,
"iluminado") na Alemanha mais de um século depois, por volta do ano 1000. Representa o
incidente contado no Evangelho de S. João (XIII, 4-9), quando o Cristo, depois da Última
Ceia, lavou os pés dos discípulos: Disse-lhe Pedro: "Nunca me lavarás os pés."
Respondeu-lhe Jesus: "Se eu não te lavar, não tens parte comigo." Simão Pedro lhe
pediu então: ' 'Senhor, não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça."
Somente este diálogo importava ao artista. Não viu razão alguma para representar
a sala em que a cena ocorreu; isso poderia meramente ter desviado as atenções do
significado interior do evento. Preferiu colocar principais figuras diante de um fundo
dourado, plano e luminoso, sobre o os gestos dos interlocutores se destacam como uma
solene inscrição: o movimento implorativo de Pedro, o gesto de sereno ensinamento do
Cristo. Um discípulo à direita descalça as sandálias, outro traz uma bacia, os demais
amontoam-se por trás de Pedro. Todos os olhos estão rigorosamente voltados centro da
cena e dão-nos assim a sensação de que alguma coisa de infinita significação está aí
acontecendo. Que importa se a bacia não é uniformemente redonda, e se o pintor teve
que torcer para cima a perna de S. Pedro, o joelho algo jogado para a frente, a fim de que
seu pé se mostre nitidamente fora da água? Ele estava preocupado com a mensagem de
humildade divina — e isso ele transmitiu. (GOMBRICH)
Lembremos o ensinamento do Papa Gregório, o Grande, de que ―a pintura pode
fazer pelo analfabeto o que a escrita faz pelos que sabem ler.‖ Essa busca de clareza
destaca-se não só nas iluminuras, mas também nas obras de escultura, como a almofada
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de um portal de bronze que foi encomendada para a igreja alemã de Hildesheim pouco
depois do ano 1000.
Fonte: GOMBRICH
Mostra o Senhor acercando-se de Adão e Eva após a queda. Uma vez, nada existe
nesse relevo que não pertença estritamente à história. Mas essa concentração nas coisas
que importam faz com que as figuras se muito mais nitidamente contra o fundo
despretensioso — e quase podemos ler o que seus gestos dizem: Deus aponta para
Adão, Adão para Eva, e Eva para a serpente no chão. A transferência sucessiva de culpa
e a origem do pecado expressam-se com tamanho vigor e clareza que não tardamos em
esquecer que as proporções das figuras talvez não estejam rigorosamente corretas e que
os corpos de Adão e Eva não são belos, pelos nossos padrões. (GOMBRICH)
Não devemos imaginar, porém, que toda a arte nesse período existiu
exclusivamente para servir idéias religiosas. Não apenas igrejas foram construídas na
Idade Média, mas castelos também, e os barões e senhores feudais a quem os castelos
pertenciam empregavam ocasionalmente artistas. A razão pela qual somos propensos a
esquecer essas obras quando falamos da arte do início da Idade Média é simples: os
castelos eram frequentemente destruídos, enquanto, que as igrejas eram poupadas. A
arte religiosa era, de um modo geral, tratada com maior respeito, e cuidada com mais zelo
do que meras decorações de aposentos privados. Quando estas se tornavam antiquadas,
eram removidas jogadas fora tal como acontece hoje em dia. Mas, felizmente, um grande
exemplo deste último tipo de arte chegou até nós — e isso porque foi preservado numa
igreja. É a famosa Tapeçaria de Bayeux, a história Conquista Normanda. Ignoramos
exatamente essa tapeçaria foi fabricada, mas a maior parte dos estudiosos concordo que
isso aconteceu no âmbito da memória viva das cenas que ilustra talvez por volta de 1080.
A tapeçaria é uma crônica pictórica do gênero que conhecemos da antiga arte oriental e
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romana— a história de uma vitória. Conta a sua história com maravilhosa vivacidade.
(GOMBRICH)
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Na figura vemos como Haroldo presta juramento a Guilherme.
Fonte: GOMBRICH
Nada poderia ser mais claro que o modo como a história é contada: vemos
Guilherme em seu trono observando Haroldo no momento em que este coloca a mão
sobre as relíquias sagradas para jurar vassalagem; foi esse juramento que serviu a de
pretexto para suas pretensões ao trono inglês. Na cena seguinte, há um homem no
balcão, com uma das mãos sobre os olhos para espiar o barco de Haroldo, em sua
chegada do mar largo. É verdade que seus braços e dedos têm um aspecto algo singular
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Haroldo II (1022 a 1066) foi o rei dos anglo-saxões que prestou esse juramento de fidelidade a Guilherme, o
conquistador (27 a 1087), e que por este seria vencido e morto na Batalha de Hastings. (GOMBRICH)
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e que todas as figuras da história são estranhos homúnculos que não foram desenhados
com a segurança dos cronistas assírios ou romanos. Quando o artista medieval desse
período não tinha modelo para copiar, desenhava um pouco como uma criança. É fácil
sorrir dele, mas é muitíssimo mais difícil fazer o que ele fez. Conta-nos a epopeia com
imensa economia de meios e enorme concentração no que lhe parecia ser importante, e o
resultado final permanece mais memorável do que as descrições realistas dos nossos
correspondentes de guerra e cinegrafistas. (GOMBRICH)
Referências
SOARES, F. Mosaicos em Procissão: A política de imagens de Justiniano em
Ravena (527 — 565 a.D ). Universidade de Brasília,UnB. Dissertação Mestrado, 2006.
Brasilia.
Atividades Comentadas
destinado ao comércio e assuntos judiciais, que depois passam a ser usadas para fins
religiosos, por causa do tamanho e por poder abrigar um número alto de fiéis.
A planta basilical tinha:
A) forma quadrada, com duas ou três naves, arcadas e colunatas cobertas por tetos
armados com madeira.
B) a forma centrada, de influência oriental, com três ou cinco naves, arcadas e colunatas
cobertas por tetos armados com madeira.
C) a forma de cruz grega, com três ou cinco naves, arcadas e colunatas cobertas por
tetos armados com madeira.
D) formas circular, com duas ou três naves, arcadas e colunatas cobertas por tetos
armados com madeira.
E) a forma de cruz latina, com três ou cinco naves, arcadas e colunatas cobertas por tetos
armados com madeira.
Comentário: Muito importante é o estudo das plantas e elementos construtivos de
cada período. Eles influenciam no resultado estético final dando singularidade aos
edifícios.
Resposta: E
3 - A basílica de Hagia Sofia, Santa Sofia, levou apenas cinco anos para ficar
pronta, de 532 a 537 d.C, e chamou atenção pela sua cúpula projetada pelos cientistas
gregos Isidoro de Mileto, um médico, e Antêmio de Trales, um matemático, e por seu
interior repleto de mosaicos. Passou por várias reconstruções ao longo da história. Só em
1931 que começaram o processo de recuperação desses mosaicos, e em 1935 ela foi
inaugurada como museu, funcionando como tal até os dias de hoje. Ela é um dos
monumentos mais marcantes do Período Bizantino. Porque:
A) Além da dimensão, o seu minúsculo domo central, que é aqui pela primeira vez
utilizado. Oito arcos formam um quadrado que sustenta pendentes de abóbadas
esféricas, que, por sua vez, apoiam o imenso domo. A base deste domo é
vazada por quarenta janelas em arco que permitem a entrada da luz.
B) Além da dimensão, o seu minúsculo domo central, que é aqui pela primeira vez
utilizado. Quatro arcos formam um quadrado que sustenta pendentes de
abóbadas esféricas, que, por sua vez, apoiam o imenso domo. A base deste
domo é vazada por quarenta janelas em arco que permitem a entrada da luz.
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C) Além da dimensão, o seu grandioso domo central, que é aqui pela primeira vez
utilizado. Oito arcos formam um quadrado que sustenta pendentes de abóbadas
esféricas, que, por sua vez, apoiam o imenso domo. A base deste domo é
vazada por quarenta janelas em arco que permitem a entrada da luz.
D) Além da dimensão, o seu grandioso domo central, que é aqui pela primeira vez
utilizado. Quatro arcos formam um quadrado que sustenta pendentes de
abóbadas esféricas, que, por sua vez, apoiam o imenso domo. A base deste
domo é vazada por quarenta janelas em arco que permitem a entrada da luz.
E) Além da dimensão, o seu grandioso domo central, que é aqui pela primeira vez
utilizado. Oito arcos formam um quadrado que sustenta pendentes de abóbadas
esféricas, que, por sua vez, apoiam o imenso domo. A base deste domo é
vazada por quarenta janelas em arco que permitem a entrada da luz.
Comentário:
Resposta: D
III) Esta técnica tinha uma variação que utilizava um tambor entre a base circular e a
cúpula, o que garantia as construções maior verticalidade.
IV) Esta técnica tinha uma variação que utilizava um tambor entre a base quadrada e a
cúpula, o que garantia as construções maior verticalidade.
Pesquisa
Uma boa idéia é explorar um pouco mais o assunto é procurar o porquê destas as
obras que mais marcam o período, como Santa Sofia (Hagia Sophia), a sagrada
sabedoria.
Com mais de 30 metros de um lado ao outro e 53 metros de altura, o interior
abobadado ultrapassava em tamanho todas as igrejas da Europa. Edificada por Justiniano
em 537, foi por nove séculos o centro que comandou o mundo ortodoxo cristão, dela os
missionários propagavam a cultura bizantina em toda a Europa Oriental e na Rússia até a
tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453 que converteu a igreja em mesquita.
Vamos conhece-la melhor?
Passeios Virtuais
Escolha alguns dos Passeios virtuais pelos vídeos. Seria bom pesquisarmos um
pouco e pesquisar sobre os locais dos passeios escolhidos.