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Autocompositivos (negociação

direta e mediação)

No que tange aos sujeitos da negociação coletiva, esses são os partícipes do


processo do diálogo existente. No Brasil, conforme o Artigo 8º, VI, da Constituição
Federal/88, ao sindicato compete participar das negociações coletivas de trabalho.
Contudo, fica evidente que quando a categoria profissional ou econômica for
inorganizada em sindicatos caberá substituí-los às federações e, na, falta dessas, as
confederações celebrarem convenções coletivas de trabalho. Conforme o Artigo
611, § 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho, in verbis:

Art. 611 (...)

§ 2º As federações e, na falta destas, as confederações


representativas de categorias econômicas ou profissionais poderão
celebrar convenções coletivas de trabalho para reger as relações
das categorias a elas vinculadas, inorganizadas em sindicatos, no
âmbito de suas representações.

No entanto, o texto legal menciona a substituição dos sindicatos, no que concernem


as celebrações de convenções coletivas, sendo omisso nos casos de acordo
coletivo. Ao que parece, as federações e confederações também podem substituir
os sindicatos na celebração de acordos coletivos, haja vista as duas primeiras
organizações substituírem os sindicatos quando inertes nas negociações coletivas
por possuírem natureza sindical de grau superior. Dessa forma, o Artigo 611, § 2º,
da Consolidação das Leis do Trabalho está recepcionado pelo mandamento
constitucional do Artigo 8º, VI.

Ainda no que concerne aos sujeitos da negociação coletiva, a obrigatoriedade da


participação dos sindicatos nas tratativas coletivas caberá somente em relação aos
sindicatos dos trabalhadores. Em razão de a Carta Magna reconhecer o acordo
coletivo como um instrumento decorrente da negociação coletiva (Artigo 7º, XXVI),
a empresa poderá, do lado patronal, participar das negociações coletivas
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independentemente de representação sindical solucionando problemas que afetam
apenas as categorias profissionais no interior da empresa, isso comporta exceção à
obrigatoriedade constitucional da participação sindical nas tratativas coletivas.

Por outro lado, caso a negociação importe em uma convenção coletiva de trabalho,
a obrigatoriedade da participação do sindicato patronal se faz necessária no
processo de diálogo com os sindicatos dos empregados. A negociação coletiva,
como o meio mais nobre de composição dos conflitos coletivos de trabalho, ostenta
na sociedade um ambiente democrático, haja vista as próprias partes com suas
respectivas classes harmonizarem as suas próprias conveniências e interesses
antagônicos, sem o paternalismo do Estado, tudo por meio do diálogo social.

A partir daí, quando ocorre uma negociação coletiva democrática, pluralista,


organizada em valores éticos e em respeito aos direitos humanos, consciente com a
responsabilidade social e não predominando a lei do mais forte tem-se, na
composição dos conflitos, o surgimento de dois instrumentos de negociação
coletiva: a convenção coletiva e o acordo coletivo.

Ainda no que concerne os meios autocompositivos, a mediação é outra forma de


resolução de conflitos coletivos. Para Teixeira Filho a mediação é “como um
processo dinâmico de convergências induzida ao entendimento”. Conforme os
ensinamentos de Pinto, “mediação é toda intervenção com que se busca produzir
um acordo”.

Nesse tipo de autocomposição de conflitos coletivos surge a intervenção de um


terceiro estranho às partes com o fim de coordenar as possibilidades de composição
dos interesses antagônicos conforme as necessidades objetivas dos sujeitos da
negociação.

Nesse sentido, o mediador é o interventor que busca um consenso entre as partes


conflitantes da negociação coletiva visando proporcionar a realização de um
instrumento jurídico (convenção ou acordo coletivo) com normas predeterminadas.
Dessa forma, na mediação exige-se a participação de três sujeitos: as partes em
conflito e o mediador que tem a função de atingir o equilíbrio em torno do qual o
consenso das partes se perfaz.

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Assim, conclui-se que a mediação é um meio flexível de solução dos conflitos em
que a escolha por um mediador é de confiança absoluta das partes, não se exigindo
que o terceiro seja tecnicamente habilitado. Contudo, o mediador só intermediará
até o limite acordado entre os sujeitos da negociação, isto é, o instituto da
mediação é o meio voluntário de composição dos conflitos cabendo às partes
decidirem se utilizam tal instituto ou não. Apesar de no processo de mediação
predominar a informalidade e a celeridade, o instituto, no Brasil, é pouco utilizado,
haja vista os sujeitos da negociação coletiva não terem confiança nas escolhas dos
mediadores, bem como o caráter oneroso no que concernem as despesas arcadas
pelas partes com o referido processo mediatório.

O ordenamento jurídico pátrio motiva o uso da mediação conforme o Artigo 8º, VI,
da Constituição Federal e o Artigo 616, § 1º, da Consolidação das Leis Trabalhista.
Ainda assim a mediação continua sendo apenas um meio teórico de debates
acadêmicos que visa substituir a proteção congênita do Estado por meios
autocompositivos realizados pelas partes nos conflitos decorrentes da relação de
trabalho.

Dentro da visão jurídica, a mediação trabalhista deve ser tida como um passo
expressivo na direção da flexibilização do direito do trabalho, proporcionando o
equacionamento e a solução das respectivas condições no interior das categorias
interessadas, o que, nunca curiosa inversão de perspectivas, poderá libertá-las da
intervenção tutelar do Estado através da lei. Sob essa ótica, a mediação será fator
de fortalecimento do Direito Coletivo sobre o Individual, que ainda prepondera
entre nós na regulação das relações de trabalho subordinado.

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