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RESUMO
Nos últimos anos o setor sucroalcooleiro nos tem passado por uma grande expansão gerando
uma produção desordenada de subprodutos, o que preocupa o setor, porém também é setor
admirado pelo alto nível de aproveitamento e agregação e valor aos seus subprodutos. A
geração de energia através da queima do bagaço cana-de-açúcar se tornou de grande
importância para setor sucroalcooleiro, mas causa problemas ambientais com o uso incorreto
das cinzas, resíduo gerado por ela. As cinzas possuem características pozolânica, podendo ter
uso na produção de cimento e concreto. A vinhaça é outro subproduto da produção de açúcar
e etanol, gerado em maior quantidade e que apresentou durante muito tempo fortes ameaças
ambientais devido seu alto potencial poluente e nutricional, o qual viabilizou sua maior
aplicação atual na fertirrigação.
INTRODUÇÃO
SETOR SUCROALCOOLEIRO
VINHAÇA
APLICAÇÕES DA VINHAÇA
Até a década de 1970 a vinhaça era despejada diretamente nos corpos hídricos,
causando impactos ambientais e colocando em risco a saúde humana o que gerou preocupação
que foi intensificada a partir do grande aumento da produção sucroalcooleira nesta mesma
década, preocupação que impulsionou, em 1978 a proibição legal por meio de uma portaria do
Ministério do Interior do lançamento direto ou indireto da vinhaça e em qualquer corpo
hídrico (SILVA, 2011).
Com a proibição do lançamento deste resíduo em rios e mananciais, outros destinos
tiveram que ser encontrados para a disposição da vinhaça, utilizando inicialmente as
chamadas áreas de sacrifício, que eram áreas de inundação, despejando a vinhaça para
permitir sua infiltração no solo, sem nenhum controle, sendo também inviável do ponto de
vista ambiental uma vez que tornava o solo inutilizável para uso agrícola futuro além de
causar a poluição das águas subterrâneas. Diante desses fatos e do enorme volume de vinhaça
produzido, os esforços se concentraram na busca por novas possibilidades tecnológicas para
uma destinação adequada da vinhaça e então durante a década de 80 a fertirrigação se
apresentava como a alternativa mais promissora e amplamente difundida, trazendo diversos
benefícios quando utilizada de forma racional, sendo atualmente utilizada por praticamente
todas usinas (OLIVEIRA, 2013).
Atualmente outras tecnologias já estão sendo utilizadas pelos grandes grupos do setor
sucroenergético, seja substituindo as técnicas anteriormente expostas ou complementando-as.
As duas principais alternativas à fertirrigação já usadas em escala industrial no setor são a
biodigestão e a concentração (CRUZ, 2011).
De acordo com CRUZ (2011) através da biodigestão anaeróbia pode-se obter também
biogás a partir da vinhaça. A principal vantagem dessa tecnologia é o baixo consumo de
energia, a pequena produção de lodo (descarte), a grande eficiência na diminuição da carga
orgânica, baixo potencial poluidor, sendo que o biogás produzido poderá ser empregado no
processo de produção de energia, o qual possui grandes benefícios dentre os quais geração
descentralizada e próxima aos pontos de carga, a partir de uma fonte renovável que vem
sendo tratada como resíduo; possibilidade de receita extra, proveniente da energia gerada com
biogás e vendida às concessionárias; redução na quantidade de eletricidade comprada da
concessionária; possibilidade de uso de processos de cogeração; redução das emissões de
metano para a atmosfera, pois este também é um importante gás de efeito estufa; créditos de
carbono; redução de odores dentre outras. Porém existem alguns desafios a serem superados
que impedem a ampla utilização do biogás como a não disponibilidade de tecnologias
estabelecidas de geração a partir de vinhaça; limpeza do biogás; viabilidade econômica; falta
de fiscalização; e penalidades por possíveis danos ambientais.
Ainda segundo CRUZ (2011) A concentração da vinhaça é a tecnologia que reduz a
quantidade de água presente neste subproduto, reduzindo portanto consideravelmente o seu
volume e consequentemente os custos relacionados a transporte e aplicação na fertirrigação.
Essa tecnologia proporciona uma maior flexibilização na logística para aplicação através da
fertirrigação, possibilita a aplicação da vinhaça sob outras formas como ração animal,
combustível para caldeiras especiais e posterior geração de energia, e pode proporcionar
também redução do potencial de captação de água pela usina, ao utilizar o condensado
retirado da vinhaça no sistema produtivo.
Segundo CRUZ (2011) a vinhaça é transportada das usinas até a lavoura por meio de
sistemas dutoviários (tubulações), canais ou caminhões tanque. De início a aplicação de
vinhaça era realizada por sulcos de infiltração, posteriormente passou a se usar um carretel,
onde a mangueira é enrolada no mesmo. Nos sistemas dutoviários a vinhaça é transportada
por tubulações com estações de bombeamento. Este tipo de transporte possui alto custo para
implantação e dificuldade de encontrar espaço, em contrapartida apresenta baixo custo de
operação e seu transporte não é prejudicado pelas chuvas. O transporte por caminhões tanques
requer estradas em bom estado, frotas de veículos, sistematização dos talhões sem barrancos e
obstáculos para viabilizar a entrada dos veículos, possui elevado custo de operação com custo
de combustíveis devido às longas distancias para o transporte, apresentando como vantagem a
facilidade de deslocamento no canavial, conseguindo passagem de modo mais fáceis entre o
mesmo.
Segundo SESSA (2013) atualmente grande parte das cinzas são descartadas em aterros
sanitários e outra parte é utilizada como fertilizante nas lavouras, mas não possuem nutrientes
minerais adequados para essa finalidade, além de possuir difícil degradação permanecendo
por um maior tempo sobre a superfície do solo.
De acordo com SANTOS (2013) as cinzas do bagaço da cana apresenta em sua
composição grande quantidade de dióxido de silício (SiO2), assemelhando-se à areia extraída
de rios. Este fato e a disposição de grandes quantidades deste resíduo sem nenhuma aplicação
útil tem incentivado a busca por soluções que possam agregar valor a este resíduo, dentre as
quais se destaca o emprego como aditivo mineral em sistemas cimentícios, substituição
parcial do cimento ou ainda em substituição do agregado miúdo. Os estudos ainda são
incipientes a cerca dessas aplicações para a cinza do bagaço, porém demonstram um grande
potencial, principalmente pela sua composição química contendo sílica como principal
composto, atribuindo características pozolânicas, podendo ter um vasto campo de aplicação
deixando de ser um resíduo e se tornando um subproduto com valor agregado.
Segundo SANTOS (2013) a cinza pode ser agregada ao concreto na obra, substituindo
parte do cimento ou da areia ou pode ser misturado a matérias primas na fabricação do
cimento, substituindo a argila ou moída juntamente com o clínquer. As vantagens são redução
do custo de produção, diminuição do valor de hidratação, resistências mecânicas finais
elevadas, maior resistências aos agentes agressivos.
A partir de estudos foi verificado que a substituição de até 20% de cinza do bagaço em
relação ao cimento Portland, resulta em uma alta resistência inicial, e melhoria na
durabilidade das estruturas de concreto. No caso das argamassas a substituição parcial da
cinza proporciona uma maior porosidade e uma maior absorção de agua quanto maiores os
teores de cinza adicionados. E a substituição parcial de 10% ao cimento, apresenta maiores
valores de resistência à compressão, maior resistência a ataques químicos de H2SO4 e menor
permeabilidade (MANSANEIRA, 2010).
Os benefícios da aplicação das cinzas residuais do bagaço da cana-de-açúcar no setor
de construção civil podem ser muitos, tanto técnicos como econômico e ambiental,
diminuindo a extração da areia dos leitos dos rios e a diminuição da necessidade de aterros
sanitários para dispor as cinzas. Atualmente são retiradas por ano cerca de 100 milhões de
toneladas de areia dos rios brasileiros e aproximadamente 4 milhões de toneladas de cinza são
produzidas a partir do bagaço da cana, correspondente a 4% do total de areia, aumentando
cada vez mais esse número com a crescente expansão das industrias sucroalcooleiras
(SOUTO, 2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS