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HISTÓRIA DA VIOLÊNCIA E HISTÓRIA DO MUNDO RURAL: UM

DIÁLOGO POSSÍVEL A PARTIR DAS FONTES CRIMINAIS.

Felipe Berté Freitas1

Resumo: O presente artigo tem por objetivo refletir sobre as potencialidades de diálogo entre a História da
Violência e a História do Mundo Rural a partir da pesquisa envolvendo os processos criminais das
Comarcas de Passo Fundo, Cruz Alta e Soledade no período entre 1900-1945. Ao pesquisarmos os
homicídios, lesões corporais e incêndios de propriedades rurais, percebemos que um dos elementos que
motivaram a violência praticada por indivíduos e grupos sociais em suas relações sociocotidianas foram as
disputas pelo acesso, manutenção ou ampliação da posse/propriedade da terra. Desse modo, tomando a
História Social como referencial teórico e metodológico buscamos compreender o uso da violência nos
conflitos de terra no Norte do Rio Grande do Sul.

Palavras-chave: História da Violência – Processos criminais – História do Mundo rural

A História da Violência no Brasil possui amplas conexões com a História do


Mundo Rural, especialmente quando consideramos as lutas travadas entre indivíduos e
grupos sociais pelo acesso a terra. A produção historiográfica que aborda os conflitos
socioeconômicos, socioambientais e jurídico—políticos na região Norte do Rio Grande
do Sul no primeiro quartel do século XX2, vem demonstrando paralelamente aos seus
objetos de estudo, que a violência física e simbólica era uma das características marcantes
desse período, sobretudo, se levarmos em conta a atuação dos coronéis locais e das
companhias colonizadoras, as práticas de justiça dos operadores de direito e as ações do
aparato repressivo do Estado contra os movimentos sociais, como, por exemplo, no caso
dos Monges Barbudos em Soledade. Contudo, ao examinarmos a documentação da
justiça criminal constatamos que no âmbito das relações sociocotidianas, as disputas de
terra também motivaram a eclosão da violência interpessoal, o que nos proporcionou, sob

1
Graduado em História e mestre em História Regional pela Universidade de Passo Fundo. Doutorando em
História Regional pela Universidade de Passo Fundo, sob a orientação da Profª. Drª. Ironita Policarpo
Machado. Membro do Núcleo de Estudos Históricos do Mundo Rural (NEHMUR) da Universidade de
Passo Fundo e bolsista FUPF. E-mail: fbertefreitas@gmail.com
2
No que tange aos estudos sobre a região Norte do Rio Grande do Sul, merece destaque os trabalhos de:
MACHADO, Ironita Policarpo. Entre justiça e lucro. Passo Fundo. Ed: UPF, 2012; ZARTH, Paulo Afonso.
Do arcaico ao moderno: o Rio Grande do Sul no século XIX. Ijuí: Unijuí, 2002; TEDESCO, João Carlos;
ZARTH, Paulo. Configurações do território agrário no norte do Rio Grande do Sul: apropriação,
colonização, expropriação e modernização. Revista História - Debates e Tendências, Passo Fundo, v. 9, n.
1, p. 150-70. Jan. 2009; GERHARDT, Marcos. História ambiental da erva-mate. 2013. Tese (Doutorado
em História) – Universidade Federal de Santa Catarina, 2013.
a égide da História Social, a abertura de um diálogo profícuo entre esses campos da
pesquisa histórica.
Este artigo é fruto das reflexões que vem sendo construídas durante a tese de
doutorado que se encontra em andamento, a qual estamos investigando os processos
criminais de homicídio, lesão corporal, defloramento, estupro e sedução, furto, roubo e
incêndios, nas comarcas de Passo Fundo, Cruz Alta e Soledade entre os anos de 1900 e
1945. Utilizando-se desses referenciais empíricos, viemos analisando a configuração do
habitus da violência nas relações sociocotidianas, buscando entender como ela se
constituiu como um elemento sociocultural que se incorporou, objetiva e subjetivamente,
às práticas de indivíduos e grupos sociais em um contexto de intensas transformações
estruturais, tornando-se assim, uma permanência histórica em uma “sociedade rural em
transição”3.
Nessa perspectiva, tendo em vista que nossa proposta central é pensar as
possibilidades de diálogo entre a História da Violência e a História do Mundo Rural,
trataremos aqui apenas dos processos-crime envolvendo violência e terras, cabendo
destacar que o uso da força física ou simbólica esteve presente em outros espaços
sociocotidianos, o que demonstra a complexidade dessa problemática. Dito isso, para fins
didáticos iremos dividir o texto em duas partes: na primeira pretende-se caracterizar, por
meio dos dados quantitativos coletados durante a pesquisa, quem eram os agentes
envolvidos nos litígios judiciais, assim como, os aspectos históricos dos conflitos
fundiários no Norte do Rio Grande do Sul. Na segunda parte, busca-se por meio da
narrativa de dois casos, um de 1931 e outro de 1932, discutir a violência interpessoal e a
posse/propriedade da terra.
Em linhas gerais, a ocupação da porção noroeste do Rio Grande do Sul iniciou
com as missões jesuíticas espanholas no século XVII que, baseadas no trabalho indígena,
implementaram a pecuária, a exploração de erva-mate e a fabricação do couro. Em 1632,
estabeleceu-se em Passo Fundo a missão de Santa Tereza dos Pinhais que reuniu mais de

3
Adotamos a denominação - “sociedade rural em transição”-, por entender que no Norte do Rio Grande
do Sul, assim como todo o Brasil, a primeira metade do século XX foi marcada intensas transformações
socioeconômicas, socioambientais, políticas e socioculturais, as quais foram responsáveis alterar as
estruturas das sociedades rurais. Contudo, mesmo diante de tais alterações, muitos elementos
permaneceram principalmente no que diz respeito às questões como, honra, valentia, masculinidade, ou
então, práticas socioculturais, tais como, os bailes de campanha, o porte de armas de fogo, o uso de bebidas
alcoólicas, dentre outras. Diante desse cenário, o termo “sociedade rural em transição” remete as mudanças
e permanências que caracterizam esse tipo de conjuntura histórica.
quatro mil índios catequizados4 e, no ano seguinte, 1633, na atual cidade de Soledade, os
padres Romero e Suárez5 fundaram a redução jesuítica de São Joaquim. Com o intento de
promover uma ocupação mais sistemática desses territórios, no decorrer dos séculos
XVIII e XIX o governo lusitano concedeu inúmeras sesmarias. Em Soledade, a primeira
foi doada em 1816 ao Tenente André Ferreira de Andrade e seu filho Vicente Ferreira de
Andrade, seguindo-se outras concessões até 1823 e, em Passo Fundo6, o militar veterano
da Guerra da Cisplatina, conhecido como Cabo Neves, se instalou em 1827, numa área
de aproximadamente 18 ha. Com uma configuração assentada na grande propriedade, o
Planalto Médio do Rio Grande do Sul se tornou uma rota de comércio bastante
importante, interligando os Campos de Vacaria a São Borja, o que facilitou o trânsito dos
tropeiros rumo a São Paulo (Sorocaba), propiciando a fundação das primeiras fazendas e
de pequenos povoados.
Cruz Alta foi criada oficialmente em 11 de março de 1833, quando a área que
pertencia a Rio Pardo foi desmembrada e elevada à distrito de “Cima da Serra do
Botucaraí”. Em 1857, Passo Fundo alcançou o status de vila emancipada, anexando
Soledade como parte de seus domínios. Após dezoito anos, sob a administração passo-
fundense, Soledade tornou-se vila e conquistou sua emancipação, em 29 de março de
1875, através da lei provincial de número 9627. Com a proclamação da República no final
do século XIX, os poderes Executivo e Legislativo do Rio Grande do Sul passaram a
dedicar mais atenção a criação e delimitação dos distritos, visto que até o momento,
haviam apenas divisas remotamente descritas. Essas legislações tinham por objetivo
implementar uma estrutura administrativa e judiciária, através de juízes de comarca e
distritais, sendo este último tutelado do primeiro – para decidir uma ampla gama de
matérias, na órbita do crime e do civil, incluindo o alistamento e o processo eleitoral8.
Todavia, mesmo com o estabelecimento das divisas distritais, ainda persistiram

4
PIMENTEL, Rodrigo. Passo Fundo: muitas histórias, uma versão. Passo Fundo: Clio Livros, 2005, p.
22.
5
VERDI, Valdemar Cirilo. Soledade das sesmarias, dos monges barbudos, das pedras preciosas. Não-
Me-Toque: Gesa, 1987.
6
Franco destaca a concomitância de povoamento de Passo Fundo e Soledade dizendo que de “ponto de
passagem de tropas de mulas para a província de São Paulo, a capela de Nossa Senhora da Conceição
Aparecida de Passo Fundo nascera e se desenvolvera quase simultaneamente a Soledade”. Mais tarde,
Soledade deu um passo à frente, quando ganhou foros de capela curata, em 1846. Mas, logo em seguida,
Passo Fundo despontou outra vez, recebendo em fins de 1847 as honras de freguesia. [...] acentuado
desenvolvimento, no início do século XX, com “o sopro modernizador da ferrovia São Paulo-Rio Grande
e da colonização oficial”. FRANCO, Sérgio da Costa. Soledade na história. Porto Alegre: Corag, 1975, p.
55.
7
FRANCO, 1975, p. 55-56.
8
MACHADO, Ironita Policarpo. Entre justiça e lucro. Passo Fundo: UPF, 2012, p. 68.
divergências tanto nas demarcações quanto nas jurisdições dos litígios, como mostram os
processos civis pesquisados pela historiadora Ironita Policarpo Machado na obra Entre
justiça e lucro.
Os três municípios, na primeira metade do século XX, já figuravam entre os
maiores do norte do estado, em termos territoriais, populacionais e econômicos. De
acordo com o censo do IBGE de 19409, Soledade era o nono município mais populoso,
com cerca de 70.279 habitantes. Passo Fundo estava em sétimo lugar, com 80.138 e Cruz
Alta tinha 57.215 habitantes. Entre eles, é preciso destacar que haviam aspectos em
comum, em especial àqueles que dizem respeito à apropriação privada da terra, ao
exercício do poder político-partidário e as formas de violência e de relações
socioculturais.
Esse processo histórico esteve longe de ser pacífico, gerando tensões e embates
violentos. Os povos indígenas que já habitavam essa região, como os caingangues e as
populações mestiças, gradativamente foram marginalizados social e economicamente.
Desde as doações feitas pelo Estado português, as quais tinham como beneficiários mais
frequentes militares e membros da elite, houve a exclusão dos ocupantes prévios das áreas
distribuídas, conhecidos como posseiros. A concentração fundiária nas mãos dos
sesmeiros provocou um paradoxo entre os grandes proprietários e os despossuídos,
preponderantemente, caboclos e indígenas, mas também homens livres brancos e pobres,
situação que se aprofundou no decorrer do Império e da República Velha, especialmente
depois da promulgação da Lei de Terras de 1850. Excluídos, esses grupos sociais
acabaram sendo reduzidos à exploração das áreas pouco atrativas do ponto de vista
econômico, o que lhes obrigou a resistir duramente contra à dominação em estavam sendo
submetidos10.
É desse cenário delineado até aqui, que emergiram os documentos da justiça
criminal que estamos investigando. Entre os anos de 1900 e 1945, conseguimos catalogar
na Escrivania do Júri e Execuções Criminais de Cruz Alta e de Passo Fundo e na 1ª Vara

9
SOARES, Paulo Roberto Rodrigues. Do rural ao urbano: demografia, migrações e urbanização (1930-
85). In: BOEIRA, Nelson; GOLIN, REICHERT, Tau (coords.). História geral do Rio Grande do Sul. Livro
4: República – da Revolução de 1930 à Ditadura Militar (1930-85). Passo Fundo: Méritos, 2007, p. 297
apud REICHERT, Emannuel. Sedução e casamento: crime e moralidade na comarca de Soledade (1942-
1969). Passo Fundo: Berthier; Aldeia Sul, 2014, p. 30.
10
KUJAWA, Henrique Aniceto. Cultura e religiosidade cabocla: Movimento dos Monges Barbudos no
Rio Grande do Sul – 1938. Passo Fundo: UPF, 2001, p. 34-35.
do Civil e do Crime de Soledade11, dois mil oitocentos de oitenta e oito processos
criminais, os quais trabalhamos com uma amostragem de seiscentos e cinco, adotando
como critério de classificação, aqueles que remetiam a violência física, sexual ou
simbólica, assim como, os que tramitaram em segunda ou terceira instância.
Nas 605 peças levantadas, identificamos precisamente 64812 tipos de crime, onde
66,35% deles foram homicídios e lesões corporais. Uma leitura atenta desses resultados
quantitativos, deixou evidente que a violência se configurou como objeto comum das
ações penais, dado que, as agressões e assassinatos representam mais da metade dos
litígios que chegaram aos tribunais. Outro dado importante refere-se aos espaços em que
aconteceram as relações de violência. Dos 605 processos-crime, 40% ocorreram em
ambientes de sociabilidade, como casas de negócios, bailes, canchas de bochas e de
carreira de cavalos; 20% remetem a questões socioeconômicas (terras, dívidas e furtos de
animais); 17% traduziram-se em relações de gênero, especialmente a violência
física/sexual contra as mulheres; 9% foram confrontos no âmbito do exercício de poder
coercitivo das autoridades policiais e da justiça; 5% envolveram divergências entre
familiares; 2% confrontos político-partidários e 7% de ordem variada.
No campo das relações socioeconômicas, o qual é nosso foco de análise,
localizamos 124 peças jurídicas, dentre processos, queixas-crime e inquéritos policiais.
Em 60% delas, as agressões, assassinatos, despejos forçados (desentrusão) ou incêndios
a casas, galpões e plantações de trigo, erva-mate, dentre outros, tiveram como fator central
as disputas de terra. Quando observamos de maneira mais ampla quais os agentes que
praticaram ou sofreram violência nos diferentes, constatamos que dos 595 réus
catalogados nas fontes, 43,1% declaram serem agricultores, 9,5% jornaleiros, 7,2%
lavradores, 6,2% criadores. No que concerne às vítimas, das 291 em que foi possível
identificar a categoria sócio-profissional, 34,3% eram agricultores, 4,3% jornaleiros,
2,1% criadores, 1,3% lavradores e 1,0% fazendeiros. Tais números apontam para a
importância da terra na vida daqueles homens e mulheres, sejam eles, grandes, médios e
pequenos proprietários ou trabalhadores rurais.
Para aprofundarmos o diálogo entre a História da Violência e a História do Mundo
Rural é preciso trazer à luz alguns dos processos judiciais que compõem à amostragem.

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Os documentos judiciais de Cruz Alta e Passo Fundo estão localizados no Arquivo Público do Estado do
Rio Grande do Sul (APERS) em Porto Alegre, enquanto os de Passo Fundo, encontram-se no Arquivo
Histórico Regional da Universidade de Passo Fundo (AHR-UPF).
12
Tendo em vista que em vários processos houve mais do que um réu, acabamos quantificando-os de
maneira individual.
O primeiro caso que iremos tratar, aconteceu em na Serra do Carreteiro, 7º distrito de
Passo Fundo. Em 06 de novembro de 193113, D. Clarinda Vargas (40 anos, doméstica,
analfabeta) entrou na justiça, por intermédio de seu procurador, Dr. Adolpho Guimarães
Dourado, com uma queixa-crime contra Victorino Dinardo (41 anos), Angelo Dal-Zotto,
João Bertolo (41 anos, lavrador), Zílio Baciega (36 anos, agricultor) e José Bertolo (43
anos, agricultor). De acordo com a querelante, em outubro daquele ano, Victorino
Dinardo e os demais indiciados chegaram em dois caminhões e lhe intimaram a abandonar
sua casa. Diante da negativa em sair do local, pegaram-na a força juntamente com seus
três filhos, José Maria (13 anos), Pedro (14 anos) e Generosa (16 anos), e transferiram-
lhes para o povoado de Vila Campos, nas glebas do senhor Alberto Campos, subprefeito
e subdelegado daquele vilarejo, onde ficaram aguardando a construção de uma nova
moradia. Após serem expulsos, a denunciante relata que Dinardo trouxe um litro de
querosene e com apoio de João Bertolo, ateou fogo na casa e no galpão.
As razões por detrás da ação praticada por Dinardo e pelos irmãos João e José
Bertolo, estão centradas no local onde a vítima habitava. Segundo o promotor Pedro dos
Santos Pacheco, o falecido esposo de D. Clarinda, senhor José Gonçalves de Araújo
“ocupava a longos anos, uma parte de terras, na Serra do Carreteiro, da qual requerera a
necessária legitimação”, porém, antes do processo ter sido concluído, o Governo do
Estado entregou os lotes a outras pessoas. Com a morte de Araújo, D. Clarinda de Vargas
cedeu uma procuração ao seu advogado para que o mesmo pudesse tratar do assunto.
Adolpho Dourado conseguiu que as pretensões de José Araújo fossem reconhecidas pelo
Estado, resultando das negociações, à concessão aos seus sucessores dos lotes nº. 226,
227, 230, 231 e 232 na comunidade de Ligeiro.
Acontece que as áreas cedidas aos Vargas, não eram as mesmas em que eles
habitavam naquele momento. Com base no acordo efetuado pelo advogado da vítima,
estes lotes passaram a pertencer aos irmãos José e João Bertolo, logo, sua família teria
que mudar dali. Diante da relutância de D. Clarinda em “abandonar sua velha moradia,
onde estava a mais de 30 anos”, Vitorino Dinardo e José Bertiolo, acompanhados pelo 1º
comissário substituto da subprefeitura, senhor Taudelino Quadros e pelos soldados da
Brigada Militar, Zílio Baciega e Angelo Dal-Zotto, foram até sua casa e “depois de a

13
Processo-crime movido contra Victorino Dinardo, Angelo Dal-Zotto, José Bertolo, Zílio Baciega e José
Bertolo. Escrivania do Júri e Execuções Criminais de Passo Fundo, Comarca de Passo Fundo, 1931.
Arquivo do autor, Síntese dos processos-crime 1900-1945, imagem 9343; e, Arquivo Público do Estado do
Rio Grande do Sul, acervo do Judiciário.
obrigarem, violentamente, a retirar-se com seus filhos e trastes, lançaram fogo, ficando
tudo em pouco tempo, reduzido a escombros”. O promotor pediu o indiciamento dos réus
nos arts. 18, 21 e 126 do Código Penal da República14, porém o tribunal do júri,
considerando os argumentos da defesa, absolveu os réus das acusações.
O processo-crime narrado acima, irradia o histórico de contradições sociais
daquele contexto, onde a violência configurava-se como um mecanismo constante para
apropriação privada da terra. A partir segunda metade do século XIX, a corrida pela
legitimação da propriedade começou a se intensificar no Norte do Rio Grande do Sul,
situação que se aprofundou no decorrer da República Velha com o surto demográfico
decorrente da migração das colônias velhas, com a construção de ferrovias para
interligação com os principais centros econômicos do Brasil e com o projeto executado
por Júlio de Castilhos-Borges de Medeiros para colonizar a região norte do estado, através
da venda de pequenas glebas, geralmente de 25 hectares, para imigrantes europeus.
Esse quadro se agravou ainda mais devido à atuação das companhias
colonizadoras, que se apropriaram de extensos hectares para depois revende-los aos
colonos e das cobranças do governo sobre terras ocupadas pelos nacionais sem
comprovação do direito de posse, o que culminou na desorganização da experiência de
uso comum, ou seja, no costume de livre acesso, que tinha raízes nos povos indígenas e
no extrativismo de erva-mate.15 O embate entre pequenos posseiros, colonos, grandes
proprietários e o Estado, ainda permanecia ativo durante os primeiros anos do governo
Getúlio Vargas, como mostra o caso em tela.
Outro episódio de violência aconteceu em 26 de julho de 193216, quando um
indivíduo denominado de João Vieira Lopes, 42 anos de idade, foi morto com três tiros
durante uma emboscada na estrada pública de Pratinha, 4º distrito de Soledade17.

14
Art. 18. São autores: § 1º Os que directamente resolverem e executarem o crime; Art. 21. Serão
cumplices: § 1º Os que, não tendo resolvido ou provocado de qualquer modo o crime, fornecerem
instrucções para commettel-o, e prestarem auxilio á sua execução; Art. 136. Incendiar edificio, ou
construcção, de qualquer natureza, propria ou alheia, habitada ou destinada á habitação, ou a reuniões
públicas ou particulares, ainda que o incendio possa ser extincto logo depois da sua manifestação e sejam
insignificantes os estragos produzidos: Penas - de prisão cellular por dous a seis annos, e multa de 5 a 20%
do damno causado. SOARES, Oscar Macedo de. História do Direito brasileiro: código penal da República
dos Estados Unidos do Brasil. Brasília- Senado Federal: Superior Tribunal de Justiça, 2004, p. 42-280.
15
ZARTH; TEDESCO, p. 14-15.
16
Processo-crime movido contra Máximo Riedi, Valeriano Riedi e João Santos. 1ª Vara do Civil e do
Crime, Comarca de Soledade, 1932. Arquivo do autor, Síntese dos processos-crime 1900-1945, imagem
4107-4413; e, Arquivo Histórico Regional da Universidade de Passo Fundo, acervo do Judiciário.
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Neste capítulo não seguiremos um critério cronológico na narrativa, porque o critério de apresentação e
análise dos processos é a nucleação das ações criminais envolvendo agricultores/posseiros, comerciantes,
policiais do baixo escalão militar e profissionais liberais. Desse modo, as datas não alteram em nada a
análise, pois todos eles estão circunscritos no período adotado nesse estudo – 1900 a 1945.
Conforme o depoimento de Orestes Lotici, o qual afirmou ter assistido o embate a uma
distância de oitocentos metros, à vítima estava indo para casa com uma carroça cheia de
pasto, quando Máximo Riedi, Valeriano Riedi e João Brandaliz (19 anos, agricultor,
conhecido como Santo Brandaliz) detonaram seus revólveres contra João. Ele teria lhe
pedido socorro, porém o depoente deixou de atendê-lo por medo de “os assaltantes lhe
fazerem o mesmo”.
Alguns dos testemunhos prestados pela acusação, ampliam os detalhes sobre a
cena do crime. Domingos Pedro Biazí, relatou que na noite anterior, viajou para
Espumoso na companhia de Máximo Riedi, tendo ouvido do acusado que sua intenção
era “chamar a vítima para uma estrada para assim matá-lo”. João Carlos (88 anos,
lavrador), não presenciou os fatos, mas disse ter ouvido da própria vítima que Máximo
Riedi alvejou pela frente e Valeriano Riedi pelas costas, versão corroborada por João de
Souza (40 anos, agricultor). Este último, esclareceu que Santo Brandaliz pediu que João
parasse para conversassem sobre uma “encrenca havida entre ambos”. Nesse momento,
Máximo e seu filho Valeriano, saíram detrás da carroça, tendo o primeiro atirado pela
frente e o segundo pelas costas. Como sinaliza o Auto de Corpo de Delito, João Vieira
Lopes levou um tiro no pescoço, um no tórax (lado direito) e outro na nádega esquerda,
ao passo que Máximo Riedi, apresentou um ferimento de arma de fogo no lado esquerdo
do tórax e Santo Brandaliz no dedo indicador da mão esquerda.
A causa do desafeto é explicada por Felippe de Souza (43 anos, agricultor),
cunhado de Santo Brandaliz. Segundo o declarante, que afirmou não ter visto o crime,
João Vieira dos Santos (pessoa que faleceu antes do ocorrido) havia passado uma
procuração a João Vieira Lopes e outra à Máximo Riedi para ambos obtivessem os lotes.
Logo após receber os referidos papéis, Brandaliz e Valeriano “começaram a lavrar a terra
arrendada”, preparando-a para plantação, só após concluírem o serviço, foram impedidos
por Lopes de prosseguirem com suas tarefas, sob a alegação de que as referidas glebas
haviam sido passadas para seu nome. Assim, quando João passava pela frente da casa de
Máximo Riedi acabou sendo alvejado com tiros de revólver. Felippe ressalta que ao tentar
intervir no intuito tentar uma solução pacífica para a contenda, escutou de Máximo que o
mesmo iria “colher o trigo nem que fosse a bala”.
A confissão de culpa de Máximo Riedi adiciona outros componentes importantes.
Ele declarou em juízo, que João Vieira dos Santos18 lhe passou uma procuração para que

18
Não conseguimos identificar no decorrer do trâmite quais eram as ligações entre João Vieira dos Santos
(pessoa que passou as procurações para Máximo Riedi e João Viera Lopes) e os demais litigantes.
fossem legitimadas umas terras do Estado, trabalho que teve um custo de 200 cruzeiros.
Contrariado com essa ação, a vítima fez com que João Santos revogasse a dita procuração,
dando queixa contra Valeriano Riedi ao delegado Belizário de Oliveira Carpes, na
subdelegacia de Espumoso. No dia seguinte, ao sair de sua casa foi chamado por João
Lopes para conversar. João declarou “que estava sabendo que Máximo Riedi não estava
satisfeito com ele”, à medida que o interrogado respondeu que tinha razões para isso,
tendo em vista o pedido de revogação da procuração e a representação-crime registrada
na polícia. Diante da negativa de Lopes em aceitar tais acusações, Máximo convidou-lhe
para irem verificar a denúncia com o escrivão Maurílio Soares Antunes. Exaltado, a
vítima protestou dizendo que “nenhum grão puta lhe faria ir a Espumoso”. Tentando
encerrar a discussão, o réu retrucou ameaçando “procurar seus direitos na justiça”, em
seguida se virando para ir embora. Em ato contínuo, Lopes deu-lhe um tiro de espingarda
pelas costas, ferimento que o levou a ficar internado no hospital de Tapera por alguns
dias. Depois de recuperado foi embora para Santa Catarina19.
Durante a fase pública do processo - onde geralmente novas testemunhas são
ouvidas pela promotoria, a inquirição de Pedro Sonda (52 anos, agricultor), traz uma
terceira corrente de explicações para o assassinato de João Vieira Lopes. Na sua versão,
João Santos passou a procuração a Riedi, porém três ou quatro meses antes do trâmite ser
concluído no cartório, revogou o documento, encarregando verbalmente João Vieira de
legitimar os lotes. Pedro Sonda destacou que também tinha uma procuração para efetivar
o domínio dessas terras, o que o fez. No momento do interrogatório, uma parte delas
pertenciam aos herdeiros de João Vieira dos Santos e outra parte ao depoente. Declarou
ainda que antes da revogação da procuração, Riedi havia feito uma plantação de trigo.
Buscando interferir para evitar um confronto, escutou de Riedi que ele “iria lavrar
naquelas terras, que tinha arma boa e elas eram do Estado”.
Em maio de 1943, os advogados de defesa de Santo Brandaliz, Máximo e
Valeriano Riedi, respectivamente Dr. Roberto Dorneles Martins, Antônio Montserrat
Martins e Rui C. Vilasboas, solicitaram a absolvição dos réus por legitima defesa. Os

19
As declarações do depoente só foram coletadas pela justiça em 1943, quando o indiciado foi preso na
cidade de Caçador (SC). Sua fuga para outro estado teria ocorrido por conta das ameaças de morte que ele
teria recebido de familiares da vítima. Já Valeriano Riedi, se apresentou na delegacia para aguardar o
julgamento preso. Em documento datado de 14 de abril daquele ano, constava uma solicitação de
julgamento na sessão periódica do Tribunal do Júri, uma declaração de desistência de qualquer recurso ao
Egrégio Superior Tribunal do Estado do Rio Grande do Sul e um atestado de boa conduta. O Ministério
Público justificou-se afirmando que o réu e seu filho (Valeriano) foram citados em edital, porém não
compareceram em juízo para apresentar defesa contra as acusações.
argumentos dos defensores estavam calcados na tese de que houve agressão por parte da
vítima e que diante da impossibilidade de recorrerem a uma autoridade pública para
solicitar intervenção, tiveram de reagir empregando os meios adequados. Além do mais,
assinalaram que João Vieira Lopes “era de mau comportamento”, prometendo
seguidamente agredir Máximo Riedi por “questões de terra”. Em contrapartida, o
promotor Davi José Ribeiro de Oliveira, replicou alegando que os indiciados tinham
superioridade de armas e força; praticaram o crime com surpresa e de modo premeditado
e que “eram de maus precedentes”.
Diante da decisão do Tribunal do Júri, todos foram absolvidos das acusações e
colocados em liberdade, porém, com pagamento da metade da custa judicial. Além disso,
Máximo Riedi, foi punido com uma medida de liberdade vigiada, não podendo em um
período de cinco anos: mudar de residência sem autorização, portar armas ofensivas e
frequentar casas de bebidas ou jogos. A promotoria discordou da decisão e apelou ao
Egrégio Superior Tribunal do Estado do Rio Grande do Sul, apresentando como
justificativas, a desconsideração dos jurados em relação as provas materiais e aos
depoimentos das testemunhas. Reiterou que o assassinato foi planejado previamente, isto
porque que na noite que antecedeu o crime, Máximo Riedi teria passado em frente à casa
de João e detonado seu revolver “em sinal de provocação”.
Por sua vez, a defesa divergiu da aplicação de liberdade vigiada contra Máximo,
tentando demonstrar que as testemunhas que depuseram em favor da acusação eram
inimigas do réu. Destacou os bons antecedentes do mesmo, justificando que a
transferência de Riedi para Santa Catarina, se deu em função das “terras fertilíssimas, que
tem atraído tantos colonos”. Sublinhou que “a sociedade não tem mais interesse na
aplicação de uma pena, que seria, mesmo, prejudicial aos seus interesses, arrancado os
braços a lavoura”.
O Procurador Geral do Superior Tribunal do Estado, João Pereira Sampaio, anulou
o veredicto anterior (por omissão do quesito de cumplicidade20) e extinguiu a punibilidade
de Valeriano Riedi, devido a prescrição do crime. Em 03 de outubro de 1944, ocorreu um
novo julgamento, onde o júri de sentença manteve a absolvição do acusado, o que levou
a promotoria a recorrer novamente a instância superior. Na decisão de caráter irrevogável,
o Egrégio Tribunal condenou o réu a 10 anos de reclusão na Casa de Correção de Porto
Alegre; indenização do dano causado; pagamento da taxa penitenciaria e das custas

20
O Procurador alegou que na sentença proferida pelo tribunal do júri, não foi considerado o quesito de
autoria e co-autoria do crime.
vencidas em proporção no valor de cem cruzeiros. Três anos depois, Riedi solicitou
livramento condicional. Segundo o conselho penitenciário do Estado, o apenado foi
trabalhar na Cozinha Geral do Presídio, “não constando nada em desabono a sua
conduta”, porém, como não havia sido cumprida a metade da pena, o pedido foi negado.
Em documento de 13 de junho de 1946, a pena estabelecida foi comutada para seis anos,
sendo que no despacho de 15 de outubro do mesmo ano, a justiça concedeu o livramento
condicional.
A morte ocorrida em Pratinha, 4º distrito de Soledade, é o fragmento de uma
conjuntura histórica mais ampla. Durante à República Velha, o Norte do Rio Grande do
Sul vivenciou um aguçamento das tensões sociais. As políticas públicas do governo
castilhista-borgista, calcadas no fomento à pequena propriedade, na
imigração/colonização estrangeira, na diversificação da produção agrícola e nas
desapropriações para construção de ferrovias e hidrelétricas, em detrimento à economia
charqueadora-pastoril predominante na região da campanha até o final século XIX,
tiveram como principal consequência à valorização econômica da terra, provocando uma
verdadeira corrida para sua legitimação e mercantilização. Como Machado constatou em
sua tese de doutoramento, o Judiciário cumpriu um papel fundamental, já que o Estado e
as classes e frações da classe dominante, buscaram garantir sua propriedade por meio do
direito civil, embora posseiros e pequenos proprietários também recorressem a justiça
para solucionar suas demandas.
A autora ao investigar as ações civis de manutenção e restituição de posse, prova
de posse, força nova, obra nova, despejo, embargo, esbulho, justificação e libelo 21 na
Comarca de Soledade, constatou que entre os anos de 1900-1930, estes processos
judiciais envolveram uma diversidade de sujeitos e situações, mais especificamente

a) condôminos – quando se tratava de imigrantes ou seus descendentes que


dividiam terras de colônias, também, pequenos posseiros e
agregado/trabalhador, ou grandes proprietários descendentes dos ocupantes
das sesmarias; b) agregados e/ou trabalhadores e/ou pequenos posseiros e
lavradores – sujeitos pobres, sem posses ou com posse sobre pequena porção
de terra, em sua maioria fruto de processo de expropriação da terra e/ou
colocados nas terras para garantir a posse do grande proprietário; c) grande
proprietário – sujeitos com sobrenomes de famílias pioneiras na região e/ou
imigrantes e/ou descendentes que enriqueceram com a aquisição e venda de

21
Embora com características jurídicas diferentes, Machado concluiu em seu estudo que o conteúdo dessas
ações civis, envolvia direta ou indiretamente a questão da propriedade da terra. Ver: MACHADO, Ironita
Policarpo. Entre Justiça e Lucro. Passo Fundo: Ed.UPF, 2012, p. 168.
terras, associados à ‘posse’ de grandes extensões de terra, ao mandonismo local
e à mercantilização de terra22.

Embora o crime tenha acontecido em 1932, a realidade mostrada pela autora


permaneceu inalterada nos primeiros anos da Era Vargas. Demezome aponta que à década
de 1930 foi bastante conturbada no mundo rural brasileiro, tanto para proprietários quanto
para camponeses. A crise de 1929 provocou uma queda acentuada no preço dos gêneros
agrícolas, em especial o café, principal produto de exportação do país, o que levou os
proprietários rurais buscaram estratégias a fim de minimizar as perdas materiais e
simbólicas a que foram submetidos23. Ao que tudo indica, o crime por ora em discussão,
envolveu pessoas que pertenciam ao segundo grupo, nesse caso, pequenos posseiros. Esse
prognóstico é reforçado exatamente pela confusão entre os réus e a vítima para ver quem
iria legalizar os lotes.
João Vieira Santos (falecido antes do assassinato de Lopes), talvez pretende-se
garantir seu domínio sobre uma área maior (embora não existam documentos que
comprovem essa intenção), por isso, autorizou João Lopes e Máximo Riedi a obter a
propriedade para que mais tarde ela fosse arrendada. Felippe de Souza, afirmou em juízo
que os réus assim que receberam os papéis, começaram a “lavrar a terra arrendada”. Pedro
Sonda, por sua vez, destacou com a revogação da procuração por João Santos, Riedi e
seu filho ficaram impossibilitados de colher o trigo que havia plantado.
Em vias de conclusão, procuramos expor ao longo do texto que a violência
interpessoal foi um dos traços marcantes das lutas pela terra no Norte do Rio Grande do
Sul. Os embates entre colonos, posseiros e latifundiários trazem à tona os contrastes
socioeconômicos do primeiro quartel do século XX, onde em uma conjuntura de intensas
transformações como a sociedade norte-sul-rio-grandense vivenciou naquele período, as
agressões, assassinatos, despejos forçados e incêndios muitas vezes cumpriam a função
de garantir, manter ou ampliar o controle sobre pequenas, médias ou grandes
propriedades, o que em suma, reforça justamente o diálogo entre a História da Violência
e a História do Mundo Rural.

22
MACHADO, p. 169-170.
23
DEMEZOME, Marcus. A Era Vargas e o mundo rural brasileiro: memória, direitos e cultura política. In:
MOTTA, Márcia; ZARTH, Paulo Afonso (orgs). Formas de resistência camponesa: visibilidade e
diversidade de conflitos ao longo da história – concepções de justiça nas repúblicas do passado. V. 2. São
Paulo: Editora Unesp, 2009, p. 76.
Referências bibliográficas
DEMEZOME, Marcus. A Era Vargas e o mundo rural brasileiro: memória, direitos e
cultura política. In: MOTTA, Márcia; ZARTH, Paulo Afonso (orgs). Formas de
resistência camponesa: visibilidade e diversidade de conflitos ao longo da história –
concepções de justiça nas repúblicas do passado. V. 2. São Paulo: Editora Unesp, 2009.
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MACHADO, Ironita Policarpo. Entre justiça e lucro. Passo Fundo. Ed: UPF, 2012.
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dos Estados Unidos do Brasil. Brasília- Senado Federal: Superior Tribunal de Justiça,
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Soledade (1942-1969). Passo Fundo: Berthier; Aldeia Sul, 2014.
TEDESCO, João Carlos; ZARTH, Paulo. Configurações do território agrário no norte do
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ZARTH, Paulo Afonso. Do arcaico ao moderno: o Rio Grande do Sul no século XIX.
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Fontes
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1945, imagem 9343; e, Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul, acervo do
Judiciário.
Processo-crime movido contra Máximo Riedi, Valeriano Riedi e João Santos. 1ª Vara do
Civil e do Crime, Comarca de Soledade, 1932. Arquivo do autor, Síntese dos processos-
crime 1900-1945, imagem 4107-4413; e, Arquivo Histórico Regional da Universidade de
Passo Fundo, acervo do Judiciário.

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