You are on page 1of 3

A teoria freudiana de libido e da sexualidade, Os desvios sexuais

1) Em todas as fases do desenvolvimento da libido, pode acontecer que tal processo não
se efetue normalmente o que dará origem a uma série de desvios sexuais ou
anormalidades, chamadas também de perversões.
A fixação: Pela repetição dos atos, o reflexo condicionado e o hábito adquirido poderão
causar um processo normal de fixação. No caso da libido, pode ocorrer o fenômeno da
fixação do prazer libidinoso em algum dos focos ou zonas próprios das fases anteriores, a
boca, o ânus, zonas genitais, etc., determinando nos caracteres das personalidades,
marcadas qualidades de comportamento oral, anal, fálico, etc. Nesta base, Freud
desenvolveu um tipo de caracterologia: pessoas de caráter oral, as que sentem o máximo
prazer na boca; os fumadores, os bebedores e os grandes gastrônomos, e sexualmente
os cunilingues. De caráter anal, os avarentos, sovinas, ultra-conservadores, etc. bem como
os vingativos, médicos e os homossexuais invertidos ou passivos; de caráter fálico, os
narcisistas, os egoístas, egocentristas, etc., e os homossexuais ativos.
O mecanismo da fixação é uma das descobertas freudianas mais brilhantes e preciosas. A
fixação seria produzida por experiências infantis, quer de frustrações ultra-penosas, quer
de satisfação intensa em determinadas zonas corporais. Em situações especialmente
difíceis e tensas a satisfação ou frustração proporcionaria um colorido todo especial e a
criança nunca mais poderia abandonar esse tipo de atividade infantil, que lhe ocasionou
tamanha satisfação ou frustração. Chupar os dedos, morder as unhas, fumar ou beber
exageradamente, em momentos de aborrecimentos ou tensão nervosa, poderia
interpretar-se como manifestações de fixação à fase de prazer oral, que sentiam ao serem
amamentadas e pelo excessivo uso da chupeta, quando crianças, ao qual voltam quando
se sentem inseguras. O prazer excessivo na acumulação de riquezas, seria um reflexo de
fixação do prazer na retenção das fezes, na fase anal, bem como certos tipos de
constipação ou prazer intenso no ato da evacuação. Do mesmo modo, algumas formas de
masturbação e de narcisismo poderiam ser consideradas como efeitos de fixação da zona
fálica.
A regressão: Igualmente brilhante foi a descoberta do mecanismo de regressão feita por
Freud. Tem-se notado, na análise dos neuróticos, que em muitos casos adotam modos de
comportamentos e atitudes correspondentes às que usaram em tempos remotos de fases
passadas. Parece comprovar-se que, ao encontrar obstáculos difíceis de transpor, durante
o desenvolvimento de sua personalidade, escolha a solução de regredir ou retornar a
determinadas formas passadas de prazeres libidinosas, que representaram um significado
especial de satisfação em tempos de fases antigas. Todos sabemos que, quando uma
pessoa, que já fora sadia e correta, começa a ficar neurótica, seu estado comportamental
torna-se infantil e imaturo tanto mais quanto mais intensa for a sua neurose. Parece
regredir, do estado de madureza para o antigo estado de criança. Aí começa a adotar
padrões de comportamento que já tivera noutras épocas. Por exemplo, uma moça cuja
necessidade de amor seja frustrada no casamento, procura regredir, em certos casos, a
determinados estados de sua infância que lhe foram ocasiões de grandes satisfações
desta mesma necessidade de afeto, revivendo o mesmo tipo do comportamento daquelas
épocas.
2) A explicação dos desvios sexuais parece uma base correta nesses tipos de fixação e
de repressão.
O narcisismo primário, que nas fases anal e fálica, leva a criança a adotar
comportamentos egoístas, monopessoais, egocentristas e de auto-erotismo, nada mais é
do que a volta à libido do EGO, própria da fase oral, que já devia ter ultrapassado,
transferindo sua libido interior para a libido objetal ou dos objetos exteriores, pais, irmãos,
amigos, etc. é no entanto na época da fase fálica em que a criança se mostra mais egoísta
que nunca, tudo querendo para si, brigando por tudo e contra todos, defendendo o que
julga ser seu e tirando dos outros o que não é seu. E se prolongar através do período de
latência, fixações e regressões posteriores, darão origem a caracteres extremamente
egoístas e narcisistas, que tudo querem para si com prejuízo dos demais. O fumador, o
beberrão, o comilão e o jogador, são indivíduos que gastam lindamente todo o dinheiro de
seu ordenado, sem preocupar-se com as necessidades que passa sua família, adotando
um tipo de comportamento chamado de narcisisno secundário, reflexo da fase oral,
respectiva e ultra-egoísta.
3) O mesmo tipo de fixação e repressão vamos encontrar nos
comportamentos sádicos e masoquistas de muitos adultos, que não fazem mais do que
voltar ao tipo de comportamento já estabelecido quando criança, durante a fase anal,
época de comportamentos dominadores próximos à crueldade, que podem ver-se nas
crianças dessa idade. De fato e nessa fase sádico-anal, coincidindo com a saída dos
dentes e o robustecimento dos esfíncteres, que os desejos infantis adquirem tal vigor,
algumas vezes, que de não ser satisfeitos, provocam nas crianças reações extremamente
agressivas e destrutivas, mostrando como que grande prazer na destruição e no
sofrimento da coisa ou pessoa amada. E igual a criança, o adulto que se sente impedido
de alcançar um objetivo apetecido, diante do desprazer ocasionado por essa frustração, é
levado a uma reação de irritabilidade e conseqüentemente de agressividade destrutiva.
Qualquer tipo de frustração pode levá-lo à mesma reação sádico-masoquista ou as
mesmas frustrações registradas quando criança.
Fatos infantis de intensa satisfação prazerosa ou de intensa frustração costumam provocar
imagens e lembranças carregadas de afetividade, como em tempos posteriores, surgindo
de novo na memória pelo mecanismo da associação, e produzindo nova afetividade
semelhante à primeira e levarão o adulto, por regressão, ao mesmo tipo de
comportamento anteriormente fixado.
4) Homossexualidade: Houve um tempo em que se acreditava que o homem homossexual
(passivo) o era porque num corpo de homem habitava uma alma de mulher; e vice-versa,
a mulher homossexual (ativa) tinha em seu corpo de mulher uma alma de homem! Hoje se
fala do terceiro sexo, ou melhor, de sexos indiferenciados. De qualquer modo, as
tendências afetivas desses indivíduos tornam-se invertidas.
Em muitos casos é possível que existam causas somáticas ou orgânicas que ocasionem
essa inversão de tendências anormais. Elementos hormonais ou uma constituição
somática inversa poderão originar tendências também inversas.
Comumente, sem embargo, parece constatar-se que as causas verdadeiras, próximas ou
remotas do homossexualismo, nos homens ou nas mulheres, residem mais em razões
educacionais, culturais e sociais.
Estatisticamente falando, parece que a porcentagem de homossexuais é muito menor no
campo que na cidade. Isto nos leva a pensar que a causa freqüentemente não é somática,
mas psíquica e educacional.
Psicologicamente, o homossexualismo teria várias causas. Os meninos muito apegados
aos pais e as meninas muito ligadas às mães podem desenvolver um
comportamento regressivo de afeição por parceiros do mesmo sexo. Máxime quando os
meninos constantemente escutam o pai falando mal das mulheres e as meninas escutam
sempre a mãe falando mal dos homens. Meninos que de crianças se criam exclusivamente
com meninos e vivem em colégios e externatos exclusivamente de meninos, por falta de
convívio, podem desinteressar-se pelas meninas e desenvolver atitudes de timidez e
inibição diante das mulheres posteriormente. Nestes casos é fácil desenvolver relações
unilaterais com o mesmo sexo quando criança e por fixação e regressão fazê-lo
igualmente quando adultos. O mesmo ocorre em tratando-se de meninas.
O desinteresse havido pelo sexo oposto, nascido da falta de convívio, e as fantasias
infantis e dos adolescentes a seu respeito, podem explicar muitos dos casos de
homossexualismo, nesses casos é fácil criar amizades profundas entre indivíduos do
mesmo sexo, capazes de degenerar nesse tipo de sexualidade.
Freqüentemente o medo da responsabilidade de ter filhos, da carga de um lar e de
sustentar uma mulher, o ganho fácil de dinheiro e posição social, bem como os maus
exemplos e a iniciação alheia, podem ser outras tantas causas de ordem educacional,
cultural ou social e econômica que possam dar margem ao início da homossexualidade.

You might also like