Professional Documents
Culture Documents
Sensação: pura captação de estímulos pelos órgãos dos sentidos (órgãos sensoriais).
o Olhos: captam estímulos visuais
o Ouvidos: captam estímulos auditivos
o Etc
Através das sensações, vemos luzes e cores, ouvimos sons, etc... e é com essas sensações que
se inicia o conhecimento, mas este não termina com elas. Não basta sentir os estímulos; é
necessário interpretá-los.
Os estímulos são mudos. Apenas dizem alguma coisa quando são sujeitos a um processo de
“leitura”. Portanto, são as áreas especificas do córtex que descodificam esses estímulos.
Para que os estímulos percam a mudez é necessário que o ser humano disponha de estruturas
neurológicas capazes de os captar e de os interpretar, descodificando a mensagem que
veiculam.
Contudo, o processamento cerebral de toda a informação recebida é impossível. Por isso,
dispomos de um mecanismo seletivo: a atenção.
Atenção: espécie de foco que lançamos sobre determinados aspetos do real, filtrando ou
bloqueando o processamento de algumas estimulações para que possamos responder a outras.
II. Aprendizagem
A aprendizagem é uma alteração relativamente estável do comportamento ou do
conhecimento, devida à experiência, ao treino e ao estatuto.
Processos de aprendizagem
Albert Bandura dedicou-se ao estudo deste tipo de aprendizagem (social). Tinha como objetivo:
compreender como é que, a par das pessoas com comportamentos socialmente ajustados,
existem outras que desenvolvem condutas agressivas, medos e fobias, dificultando o
relacionamento pessoal e social.
Situação Experimental
1. Foram constituídos 3 grupos de crianças em idade pré-escolar:
2. Algumas crianças observaram um vídeo com um adulto a agredir o palhaço
3. Algumas viram o adulto a ser elogiado pelo seu comportamento (1 grupo)
4. Outras viram o adulto ser repreendido (1 grupo)
5. Outras não viram o vídeo (1 grupo)
6. Depois, as crianças foram deixadas numa sala com vários brinquedos, entre os quais se
encontrava o palhaço.
Resultado: As crianças que tinham assistido ao vídeo tinham tendência para reproduzir os
comportamentos que observaram, desenvolvendo interações agressivas com o palhaço;
sobretudo aquelas que viram o adulto ser elogiado. // As crianças que não assistiram ao vídeo
não apresentaram essa tendência.
Quanto mais inteligentes formos, maior capacidade de aprender temos; quanto mais motivados
estivermos para uma determinada aprendizagem, mais facilmente mobilizamos recursos à sua
aquisição; as experiências anteriores também podem facilitar/dificultar a aprendizagem.
III. Memória
Processo através do qual codificamos, armazenamos e recordamos informações; é o suporte
essencial de todos os processos de aprendizagem, permitindo ao ser humano um sistema de
referências relativos à sua experiência vivida e ao reconhecimento de si.
Aprendizagem e memória – Processos indissociáveis
- Memória sensorial
Regista as impressões visuais, auditivas, gustativas, olfativas ou táteis sem as processar e
conserva-as durante ¼ de segundo (0,25 segundos)
Não alvo de atenção: deterioração;
desaparecimento imediato
Fatores de esquecimento
Segundo Shiffrinm a aprendizagem implica transferência de dados do depósito a curto prazo
para o depósito a longo prazo e, durante a recuperação, deste último para o primeiro. Esta
recuperação faz-se, normalmente, sem esforço. Porém, há momentos em que se apresenta
difícil (esquecimento).
Fatores responsáveis pelo esquecimento
Informação Informação
Velha
Nova
Influência proativa
A recordação de uma
informação anterior impede
a memorização de uma
nova informação.
3) Motivação inconsciente:
Segundo Freud, o processo de esquecimento é seletivo: não esquecemos tudo, mas apenas
aquilo que inconscientemente nos interessa esquecer. O caráter incomodativo de recordações
como a dor, o medo, a ansiedade faz com que sejam reprimidas, isto é, afastadas da consciência.
Sem memória não há cognição nem aprendizagem; é a memória que suporta os nossos
estados mentais.
2. A natureza dos processos emocionais
Não somos indiferentes ao mundo que nos rodeia, somos positiva ou negativamente afetados
por vários fatores.
Emoções Sentimentos
Forte componente expressiva Vividos numa esfera interior,
comunicacional, voltada para o íntima e privada
exterior
Algumas destas alterações são facilmente observadas pelas pessoas, outras são mais subtis e
não são identificáveis à primeira vista. Contudo, podem ser detetadas com a ajuda de um
polígrafo – usado para avaliar a excitação nervosa através de alterações respiratórias, pressão
arterial e transpiração. (Não é fidedigno)
Todas as reações fisiológicas são coordenadas pela colaboração integrada do sistema nervoso
autónomo e do sistema nervoso central. Sistema nervoso autónomo – secção do sistema
nervoso periférico (espécie de piloto automático), que consiste num mecanismo de
autorregulação que controla o funcionamento interno do organismo, nomeadamente os
batimentos cardíacos e a digestão. É constituído pelas divisões simpática e parassimpática, que
possuem funções diferenciadas e antagónicas, mas coordenadas. Divisão simpática – situações
de emergência; divisão parassimpática – situações de tranquilidade.
O sistema nervoso central dispõe do sistema límbico, que ativa o sistema simpático para reagir
de modo urgente, e do sistema ativador reticular, que desperta o córtex para intervir nas
respostas a efetuar.
Conclusão: existem seis emoções básicas e universais: alegria, tristeza, medo, cólera, surpresa e
aversão. O valor adaptativo destas emoções traduz-se a nível da ativação para a ação e a nível
comunicacional.
A universalidade das emoções não invalida a diversidade dos comportamentos emotivos,
motivada por aspetos que se prendem com a sociedade e a cultura. Os especialistas consideram
que é importante distinguir emoções básicas/primárias de emoções sociais/secundárias.
Segundo António Damásio, o marcador somático possui uma base orgânica e é desencadeado
pela modificação de padrões neuronais inatos cujo objetivo consiste em garantir a
sobrevivência. Porém, o seu funcionamento depende da aprendizagem, pois necessita a
associação de certos factos e sensações agradáveis/desagradáveis.
• Quando o marcador avalia a situação de forma positiva, funciona como um incentivo;
• Quando o marcador avalia a situação de forma negativa, funciona como uma
campainha de alarme, inibindo o comportamento.
Esta conclusão baseia-se no estudo de casos como o de Phineas Gage e de Elliot, pessoas que,
devido a lesões no córtex pré-frontal, perderam a capacidade de se emocionar ou de gerir
adequadamente as suas emoções. (Página 128 e 129).
A sobrevivência do ser humano põe em causa a sua racionalidade, constituída pelas capacidades
cognitivas e pelas emoções.
A. Intencionalidade e tendência
Ação humana – intencional. Na base da ação há intenções que têm de ser detetadas, para que
se possa compreender os comportamentos do ser humano. A intenção corresponde ao
“porquê?” da ação, à finalidade ou ao objetivo de um ato/comportamento.
Atos humanos constituídos por duas partes independentes:
• Intenção ou projeto, referente a uma representação mental e antecipada do que se quer
fazer;
• A ação, referente à concretização ou realização do projeto concebido.
- Intenção: diz respeito ao que o ser humano se propõe realizar; é uma antecipação da ação;
nela se inclui todo o processo através do qual se pensou e planificou, a ponderação de todos os
motivos, a escolha dos meios para a colocar em prática e a avaliação das consequências da sua
realização.
- Ação: atos que concretizam a intenção.
Nem sempre os seres humanos estão conscientes do que querem fazer e dos motivos pelos
quais fazem aquilo que fazem.
Além disso, a motivação pode ser classificada quanto à sua origem e quanto ao seu objeto.
Quanto à origem
Necessidades naturais/básicas e são independentes da aprendizagem.
Primárias - Tendência à preservação do individuo: conservação, nutrição, defesa,
movimentos.
- Tendência à conservação da espécie: reprodução
Necessidades sociais e são adquiridas por aprendizagem.
Secundárias - Tendência para a música, desporto, aptidão para o desenho ou
matemática, vocação para a medicina, etc
Quanto ao objeto
Interesses relacionados com a conservação e o crescimento/progressão
Individuais de cada ser humano.
- Orgânicas: alimento, atividade, descanso, conforto, saúde
- Psíquicas: competição, amor-próprio, posse, ambição
Estabelecimento de relações com os outros, sendo a base da vida social.
Sociais - Imitação, inserção e promoção social, simpatia, partilha, execução de
atividades conjuntas, patriotismo, consciência, solidariedade, etc
Promovem os valores.
Ideias - Intelectuais: conhecimento, curiosidade, compreensão, verdade.
- Morais: bem, justiça, liberdade, solidariedade, igualdade.
- Estética: inclinação para a beleza e para a arte.
B. Esforço de realização
O esforço de realização diz respeito ao empenho que colocamos nas atividades que
desenvolvemos para atingir os objetivos selecionados.
Abraham Maslow estudou as necessidades que nos impulsionam a agir e apercebeu-se de que
estas obedecem a uma hierarquia, que pode ser esquematizada sob a forma de uma pirâmide.
Necessidades psicológicas
Necessidades de
Necessidades básicas autorrealização
Necessidades de estima:
autoestima, reconhecimento,
prestígio, competência,
autonomia
Pressupostos:
- As pessoas só tendem a atingir um nível superior de motivação se as necessidades dos níveis
inferiores estiverem satisfeitas.
- À medida que se sobe a escala hierárquica de tendências, vai crescendo a diferença entre o
que é comum a homens e animais e o que é especifico dos seres humanos.
- As necessidades dos níveis inferiores são sentidas por todos os seres humanos, enquanto as
necessidades superiores surgem apenas num número cada vez mais reduzido de pessoas.
Segundo Maslow, a realização pessoal é uma construção continuada cujo trajeto implica que as
necessidades de cada estádio sejam satisfeitas. Em suma, sobreviver, sentir-se seguro, ter um
clima afetuoso, ser estimado e desenvolver as suas potencialidades são degraus ascendentes
que conduzem à autorrealização.
Por vezes, estamos dispostos a sacrificar as nossas necessidades básicas para satisfazer
necessidades de nível superior. À medida que se soba na escala, uma maior dose de esforço e
um maior refinamento de competências são exigidos: força de vontade, empenho, firmeza de
caráter, tolerância, capacidades criativas e capacidade de autocrítica. Requer-se ainda iniciativa,
desejo de enfrentar situações novas e coragem para assumir riscos.
Elementos que interferem nas decisões: Mas isso não significa que as escolhas resultem
- Cognições diretamente destes fatores. A vontade desempenha um
- Paixões papel de unificação e de síntese; surge como uma
- Certas patologias capacidade de gerir desejos e tendências em confronto.
- Hereditariedade
- Desejos
- Cultura
- Sociedade
As dimensões biológica e sociocultural fazem-se sentir nas necessidades e nos desejos, forças
impulsionadoras da ação.
o A alimentação
A procura de alimento é desencadeada por alterações na composição química do sangue,
estimuladoras dos centros reguladores da fome situados no hipotálamo. Dois centros:
• Centro inibidor, que, quando lesado, leva o individuo a não parar de comer, porque não
deixa de ter fome, aumentando excessivamente de peso.
• Centro ativador da fome, cuja lesão retira a fome ao individuo, que deixa de se
alimentar, conduzindo-o à morte.
No estado normal de funcionamento, estes dois centros controlam adequadamente a conduta
alimentar. Contudo, esta base biológica não é suficiente para explicar os atos implicados na
alimentação humana. Os hábitos alimentares do ser humano dependem, em grande parte, da
aprendizagem de costumes socioculturais.
- Necessidade e desejo
Os atos humanos são impulsionados pelas necessidades e pelos desejos. Ambos são impulsos
geradores de tensão relativamente a um fim.
Necessidades: dizem respeito a aspetos básicos que exigem ser atendidos, sob pena de o
individuo não sobreviver ou viver em condições muito próximas da indigência. Correspondem a
condições exigidas para que o ser humano evite riscos físicos e possa continuar a viver. Carências
de natureza essencialmente orgânica que se manifestam de modo automático. – São inatas e
de raiz biológica; se não forem atendidas conduzem à morte.
Desejos: dizem respeito a aspirações ou anseios dos sujeitos, cuja sobrevivência é alheia ao facto
de serem ou não atendidos. Não têm que ser realizados e, em alguns casos, nem sequer podem.
São psicossociais e o seu não atendimento não acarreta perigos à sobrevivência do individuo.
É muito difícil controlar as nossas necessidades, mas os desejos sim: podemos racionalizá-los,
extingui-los, substituí-los, dominá-los, adaptando-os aos condicionalismos de cada um. É
frequente as pessoas confundirem os desejos com necessidades, investindo psicológica e
emocionalmente na sua realização.
A distinção entre desejo e necessidade e a moderação no que se deseja podem ser úteis às
pessoas, preservando-as relativamente a frustrações. Para as evitar, as pessoas têm de:
• Formular desejos que se inscrevam num âmbito de possibilidades de realização;
• Prosseguir esses desejos na convicção de que a sua não realizações não é
necessariamente um drama.
A separação entre necessidade e desejo não é dicotómica, dado que nem sempre é fácil
distingui-los. O conceito de necessidade torna-se ambíguo e o seu significado depende dos
contextos de ordem cultural. A fronteira entre necessidades e desejos varia com as culturas e
com o passar dos tempos.
Segundo Freud, os atos que conduzem à satisfação de uma necessidade orgânica são
acompanhados de um sentimento de prazer e a procura deste prazer leva à tendência de
repetição desses mesmos atos. Os desejos são gerados através das necessidades.
Os processos emocionais mostram que somos positiva ou negativamente afetados por ele e a
forma como somos afetados pelas coisas irá despertar determinadas reações contribuindo para
as nossas decisões. Os processos emocionais são afetados pela nossa perceção das coisas e
acabam por influenciar a forma como percecionamos aquilo que nos rodeia. A conação pode ser
entendida como o resultado da nossa tomada de consciência.
É através da ação articulada destes três tipos de processos que a mente estrutura o mundo,
estruturando-se, simultaneamente, a si próprio.
- Pensamento e ação
Pensamento: atividade mental associada à ação integrada dos diversos processos mentais. O
pensamento remete-nos para atividades mentais como raciocinar, inferir, refletir, meditar,
descobrir, ajuizar, avaliar, sentir, imaginar, ponderar, decidir, entre outras.
Quando pensamos não estamos a lidar diretamente com as coisas, mas com representações das
mesmas, isto é, com ideias, conceitos, imagens e outros agentes simbólicos. Para pensar temos
de organizar as coisas, as situações e os acontecimentos de forma conceptual. Conceptualizar
consiste em traduzir mentalmente as coisas concretas por ideias ou conceitos, que são
abstratos. Além de abstratos, os conceitos também são gerais, o que significa que se referem a
todos os seres de uma espécie ou classe de objetos.
- Auto-organização e imaginação
Através do pensamento, podemos representar mentalmente o modo como as coisas são, mas
também podemos imaginar como poderiam ter sido. Isso desperta em nós emoções e desejos,
podendo inclusivamente levar-nos a agir sobre o mundo no sentido de o acomodarmos à
realidade imaginada.
Portanto, o sentido das coisas não reside nelas, mas na mente de quem as perceciona.