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Quando usar analgésicos em Odontologia?

 
 

  ​Por que sentimos dor?  

A  dor  é  definida  como  "uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a dano tecidual real ou potencial, ou 

descrita em termos de tal dano" (IASP, 2011).  

A  dor  é  o  principal  sintoma  de  inúmeras  doenças  e  um  resultado  subjetivo  da  nocicepção,  que  é  a  codificação  e  o 

processamento  do  estímulo  nervoso  no  sistema  nervoso.  O  ​estímulo  nervoso  ativa  nociceptores  (fibras  Aδ  e  C)  no  nervo 

periférico.  A  maioria  dos  nociceptores  são  polimodais,  ou  seja,  respondem  a  estímulos  ​nocivos  mecânicos,  térmicos e químicos​. 

Moléculas  sensoriais  nas  terminações  sensoriais  de  nociceptores  fazem  a  transdução  de  estímulos  mecânicos,  térmicos  e 

químicos  para  um  sensor  potencial,  e  quando  a  amplitude  do  sensor  é  suficientemente  alta,  potenciais  de  ação  são disparados e 

conduzidos pelo axônio à medula espinhal. 


Quando  um  estímulo  nocivo  é  aplicado  ao tecido normal, a dor fisiológica aguda é desencadeada. Esta dor protege o tecido 

de  ser  danificado  porque  os  reflexos  geralmente  também  são  desencadeados.  Já  a  dor  fisiopatológica  ocorre  quando  o  tecido 

está inflamado ou danificado. 

Mediadores inflamatórios interagem com receptores específicos nas terminações nervosas. Os mediadores tanto ​ativam os 

neurônios diretamente quanto os sensibilizam para outros estímulos​. 

Moléculas  sensoriais,  tais  como  glutamato  e  aspartato,  liberadas  em  resposta  a  estímulo  nocivo  ou  inflamação  nas 

terminações  sensoriais  dos  nociceptores,  fazem  transdução  mecânica,  térmica  e  química  para  um  sensor  potencial,  e  quando  a 

amplitude  deste  sensor  potencial  é  suficientemente  alta,  potenciais  de  ação  são  disparados  e  conduzidos  pelo  axônio  ao  corno 

dorsal  da  medula  espinhal.  Os  nociceptores  ativam  as  sinapses  dos  neurônios  nociceptivos  do  corno  dorsal.  Estes  podem  ser 

tanto  neurônios  do  trato  ascendente  ou  interneurônios  que  são  parte  das  vias  segmentar  motora  ou  vegetativa  reflexa.  Axônios 

ascendentes no trato espinotalâmico ativam o sistema talamocortical, que produz a sensação de ​dor consciente​. 

 
A imagem abaixo ilustra como a dor chega ao cérebro.  

 
​A dor de origem Odontológica 

Mesmo  quando  realizados  com  grande  habilidade  e  cautela,  a  maioria  dos  procedimentos  odontológicos  produz  trauma 

tecidual que resulta na liberação de mediadores inflamatórios e dor. Embora essa dor fosse anteriormente considerada inevitável e 

inofensiva, sabemos hoje que a dor não aliviada após cirurgia ou trauma possui consequências físicas e psicológicas negativas. 

Os  dentes  são  ricamente  inervados  com  fibras  nervosas  ​A-delta  e  C  e  esses  nervos  podem  ser  ativados  por  estímulos 

térmicos,  osmóticos,  elétricos  e  químicos.  Muitos  procedimentos  odontológicos  são  invasivos,  o  que  leva ao desenvolvimento de 

dor após o paciente deixar o consultório do dentista.  

A  dor  dentária  aguda  pode  ser  classificada  como  ​leve,  moderada  ou  grave​.  Para  avaliar  o  grau  de  dor  que  pode  ser 

apresentado  após  um  procedimento,  os  dentistas  contam  com  o  seu  conhecimento  sobre  o  procedimento  a  ser  realizado,  bem 

como  com  o relato de dor e desconforto do próprio paciente (a auto-avaliação da dor pelo paciente é considerada o indicador mais 

preciso e confiável da existência e intensidade da dor e do sofrimento). 

Um  dos  instrumentos  mais  utilizados  para  avaliar  a  intensidade  de  dor  por  parte  do  paciente  é  a  escala  analógica  visual 

onde 0 se refere a nenhuma dor e 10 seria a pior dor possível.  


 

Os  pacientes  que  apresentam  dor  dentária  podem  manifestar  sinais  de  dor,  tais  como:  ​ansiedade, angústia, diminuição da 

capacidade  funcional​,  mas  muitos  não  os  manifestam.  O  nível  de  dor  apresentado  após  procedimentos  específicos  ​pode  variar 

consideravelmente de um paciente para outro​, o que complica a seleção do tratamento analgésico. 

 
Então, de certa maneira, podemos lidar com dois tipos básicos de situação no consultório Odontológico: 

As  medicações  mais  utilizadas  para  o  tratamento  da  dor  dentária  aguda  são  os  ​anestésicos  locais,  os  AINEs 

convencionais,  os  analgésicos  de  ação  local  e  os  opióides​.  Os  anestésicos  locais  são  comumente  utilizados  para  propiciar 
controle  da  dor  durante  procedimentos  odontológicos.  Os  anestésicos  locais  de  longa  duração  de  ação,  tais  como a articaína e a 

bupivacaína, podem também ser utilizados para retardar o início da dor após cirurgia. 

É  importante  observar  que  as  respostas  dos  pacientes  aos  AINEs  específicos  variam.  A  ausência  de  resposta  a  um 

determinado AINE não impede o uso bem-sucedido de outro.  

A  dor  dentária  leve  a  moderada  pode  ser  tratada  com  os  AINEs  convencionais,  o  acetaminofeno  (paracetamol)  ou  a 

Dipirona.  Os  AINEs  convencionais  administrados  isoladamente  podem  proporcionar  alívio  adequado  da  dor  cuja  intensidade  seja 

leve  a  moderada,  como  aquela  associada  aos  procedimentos  odontológicos.  A  dor  que  não  responde  aos  AINEs  convencionais 

isoladamente deve ser tratada com uma combinação de um AINE convencional com um analgésico opióide, tal como a codeína. 

 
 
 
Obras Consultadas: MORETHSON, Priscilla. Farmacologia para Clínica Odontológica. Santos, 01/2015.

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