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1. Introdução
Segundo Borrillo (2010, p. 24-30), a conceituação de homofobia não pode ser restrita, pois há
vários tipos de homofobia, como: a homofobia irracional que caracteriza o repúdio a
homossexuais, trata-se de uma manifestação emotiva, e com esse efeito, representa a forma
brutal de violência correspondente a uma atitude irracional; a homofobia cognitiva
que caracteriza a manifestação menos grosseira, porém não menos insidiosa e de cunho social,
onde há a tolerância à existência de homossexuais e práticas homoafetivas, mas, pretende
perpetuar a diferença entre homossexuais e heterossexuais, não há a aceitação que
homossexuais tenham os mesmos direitos que as pessoas heterossexuais, além da “violência”
presente em insultos, linguagem cotidiana, etc.; a homofobia geral que caracteriza toda e
qualquer forma de sexismo na sociedade e que tem a necessidade de fazer a divisão biológica
do sexo e a homofobia específica que refere-se as práticas homofóbicas em relação a
homossexuais.
2. Desenvolvimento
Em 1903, o jornal vienense Die Zeit pediu que Freud se pronunciasse sobre um
escândalo envolvendo uma importante personalidade acusada de práticas homossexuais. A
resposta de Freud foi sem ambiguidades:
A homossexualidade não é algo a ser tratado nos tribunais. [...] Eu tenho a firme
convicção de que os homossexuais não devem ser tratados como doentes, pois uma
tal orientação não é uma doença. Isto nos obrigaria a qualificar como doentes um
grande números de pensadores que admiramos justamente em razão de sua saúde
mental [...]. Os homossexuais não são pessoas doentes (FREUD, 1903 apud
MENAHEN, 2003, p. 14).
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Em Abril de 1935, Sigmund Freud respondeu a uma carta, onde uma mãe
preocupada pedia a “cura” para seu filho que apresentava características homossexuais. A
resposta do psicanalista foi incisiva e concluiu seu posicionamento em relação à
homossexuais e práticas homofóbicas:
[...] Não tenho dúvidas que a homossexualidade não representa uma vantagem. No
entanto, também não existem motivos para se envergonhar dela, já que isso não
supõe degradação alguma. Não pode ser qualificada como uma doença e nós a
consideramos como uma variante da função sexual [...]. É uma grande injustiça e
também uma crueldade, perseguir a homossexualidade como se esta fosse um delito.
[...] (FREUD, S.,1967. Lettre de Freud à Mrs N. N...: Correspondance de Freud
1873-1939.)
Contudo, desde longa data até os dias de hoje a homossexualidade é vista de forma
preconceituosa e discriminativa. A homofobia tem se apresentado de forma crescente e o
aumento da violência contra pessoas LGBT pode ser atribuído a diversos fatores sociais,
como a perpetuação de valores e crenças de uma comunidade (normas sociais passadas de
geração para geração), ausência de proteção às vítimas, a conformidade (as pessoas se
acostumam com a desigualdade), dentre outros. Em função disto, o preconceito e a
discriminação contra os homossexuais tendem a se perpetuar, nos deixando sem a esperança
de uma erradicação.
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3. Considerações Finais
Acredito que a base da homofobia está na cognição social, vem do próprio núcleo
social em que o homofóbico está inserido. No contato social com o núcleo frequentado, são
coletadas muitas informações que influenciam diretamente nosso processo cognitivo e
comportamental. Muitas vezes, a própria família reforça valores e atitudes homofóbicas, e
isso vai se disseminando através de gerações e então, pelo mundo. A família é o primeiro
contato social do indivíduo, é a base para efetuar o processo cognitivo de um ser, se a criança
for fortemente reforçada a indicar repúdio a homossexuais, a tendência é de que ela passe a ter
atitudes e comportamentos homofóbicos também.
4. Referências Bibliográficas
Freud, S. (1969d). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (Edição Standard Brasileira das
Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Vol. 7). Rio de Janeiro: Imago.
(Originalmente publicado em 1905).
Freud, S. (1969j). O ego e o id (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas
de Sigmund Freud, Vol. 19). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1923).
Freud, S. (1967). Lettre de Freud à Mrs N. N...: Correspondance de Freud 1873-1939. Paris:
Gallimard. (Originalmente publicado em 1935).
Rodrigues, Aroldo. (1933), Psicologia Social / Aroldo Rodrigues, Eveline Maria Leal Assmar,
Bernardo Jablonski. 29 ed. Reform. – Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.