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Dando lugar à criação de vários conceitos
Be able to think in sound (Mainwaring)
Ouvir Escutar (Ma_hay, Willems)
Apprehension of music (J. Mursell)
Audição interior (Dalcroze, Willems, Orff...)
Euritmia ou Rítmica (Dalcroze)
Audiação (E. Gordon)
conceitos usados implícita ou explicitamente pelos pedagogos ao longo do Séc XX
Expressam a ideia de que a compreensão musical se relaciona não apenas com o
conhecimento de informação mas com a forma como é construído e interpretado.
Quando se manifesta reflete qualidades de conhecimento
Ou seja:
A compreensão influencia
o que e como (quando):
- se ouve/escuta
- memoriza
- lê ou escreve
- executa ou Interpreta
- cria
Nestas abordagens a compreensão musical é vista como:
Fenómeno percep9vo e cogni9vo:
Como organizamos, interpretamos, processamos, damos
sen9do e significado musical a es\mulos/impressões sensoriais
Recepção Envolve
(base imediata/fisiológica)
(actual/presente)
Processo passivo
Operação/acção mental
(processo cogni9vo)
Actual ou recuperada pela memória
Processo Ac9vo
Meios sensoriais/senHdos que podem estar envolvidos no
processo de manifestação da compreensão musical
AudiHvo
Visual Cinestésico
Compreensão musical é perspecHvada como processo de dar , conferir senHdo
ou significado sonoro e musical aos esmmulos sonoros percepcionados
(presente), evocados (passado/memória), criados, imaginados (antecipados ou
projectados), visualizados (por leitura)
AudiHvo
Visual Cinestésico
Fenómeno Audi9vo
e musical
como processo aHvo
I
como discriminamos, reconhecemos, iden9ficamos,
organizamos sons, estruturas/conjuntos de sons
como ‘escutamos’ música para além do mero ouvir
(percepção)
como apreciamos música
Fenómeno Cinestésico
como senHmos os sons, estruturas/conjuntos de sons através
do corpo, movimento, tacto, localização espacial
.
Compreensão audi9va e cinestésica
expressa através da performance
como (re)organizamos, projectamos e transferimos para a
realização ou execução instrumental o que ouvimos,
reconhecemos, iden9ficamos, processamos e sen9mos
Fenómeno Visual
como ‘ouvimos’, ‘escutamos’ o que vemos, ie,
como damos sen9do sonoro à notação, a formas gráficas –
como reconhecemos e iden9ficamos pela visão padrões,
estruturas sonoras/musicais que organizámos e
interiorizámos pela audição
O conceito de audiação de Edwin Gordon:
contributo para a definição de compreensão musical no processo de aprender música
Audiação
Definição
... Capacidade de compreender um som mesmo
quando este não esteja fisicamente presente
Audiação: definição
A audiação tem lugar quando assimilamos e compreendemos na nossa
mente a música que acabámos de ouvir executar, ou que ouvimos
executar num dado momento passado.
Pode-se audiar quando se escuta, relembra, executa, interpreta, cria,
compõe ou improvisa, lê ou escreve música.
(Gordon, 2000)
Audiação e Percepção audiHva relação e diferenças
Enquanto que a percepção audiAva lida com acontecimentos
imediatos, na audiação, porém, lidamos com acontecimentos que
podem ou não estar a ocorrer na altura (quando evocamos ou
recordamos música em silêncio, quando lemos música não-familiar,
ie, à 1ª vista, quando improvisamos, etc).
No entanto:
Só audiamos realmente um som depois de o termos
audiAvamente percebido.
(Id.)
Audiação analogia com o processo de pensamento na linguagem
Embora a música não seja uma linguagem, o processo de
audiar e atribuir um significado à música é igual ao
processo de pensar e atribuir um significado à fala. (Id.)
Compreendemos música, audiamos quando, depois de ouvir o som ou
conjunto de sons, somos capazes de, imediatamente, dar ou
atribuir significado musical a esse som. O processo é dinâmico e
exige fazer-se mais de uma coisa ao mesmo tempo: está-se a
prestar atenção e também a compreender a música e, dependendo
do conhecimento e experiência de cada um, talvez até fazer mais do
que isso (por exemplo, improvisar, criar, ‘ver’ a notação...) (Id.)
Audiação, imitação e audição interior: relações e diferenças
A imitação é contudo importante e determinante para
aprendermos a ‘falar’ e a audiar música.
A audição interior
pode não ser mais do que uma imitação para dentro, ie, não
exigir verdadeiramente audiação.
Quando acompanhada de audiação deixa de ser uma mera
imitação interior.
Audiação notacional leitura e escrita
Quando audiamos o que lemos ou escrevemos estamos a
dar senAdo musical à notação
É pela audiação que atribuímos significado sonoro e musical aos
símbolos
A leitura ou escrita sustentada apenas em processos mecânicos de
associação dedos-símbolos* representam uma forma muito
limitada de compreender notação (posição sustentada por Gordon
e autores como McPherson, Gabrielsson, Schleuter, etc)
*Schleuter denomina ‘buXon pushers’
Audiação
Tipos e Estádios
Tipos de Audiação (Gordon, 2000b, p. 29)
Tipo 1 Escutar música familiar ou não-familiar
Tipo 2 Ler música familiar ou não-familiar
Tipo 3 Escrever música familiar ou não-familiar ditada
Tipo 4 (Gordon, 2000b, p. 29)
Recordar e executar música familiar memorizada
Tipo 5 Recordar e escrever música familiar memorizada
Tipo 6 Criar e improvisar música não-familiar, durante
a execução, ou em silêncio
Tipo 7 Criar e improvisar leitura de música não-familiar
Tipo 8 Criar e improvisar escrita de música não-familiar
Estádios de Audiação (Gordon, 2000b, p. 34)
•
• Estádio 1
• Retenção momentânea
• Estádio 2
• Imitação e audiação de padrões tonais e rítmicos, e reconhecimento e
idenHficação de um centro tonal e dos macrotempos
•
•
Estádio 3
(Gordon, 2000b, p. 29)
Estabelecimento da tonalidade e da métrica, objecHva e subjecHva
•
•
Estádio 4
Retenção, pela audiação, dos padrões tonais e rítmicos organizados
• Estádio 5
• Relembrança dos padrões tonais e rítmicos organizados e audiados
noutras peças musicais
• Estádio 6
• Antecipação e predição de padrões tonais e rítmicos
•
Natureza e relação entre Tipos e Estádios de Audiação
Os Estádios são sequenciais ou hierárquicos
H
É desejável contudo aprender a audiar em todas as
dimensões em equilíbrio
‘
‘Schema’ – Esquema cogni9vo e conceptual
Estrutura de representações percep9vas e mentais
importante para o sujeito estabelecer – construir – relações de
interpretação e significado com novas experiências e conceitos
(Piaget: assimilação/acomodação/equilibração; Andersen; GestalHstas)
Aprender com com base em
estruturas, ‘esquemas’ ou contextos conceptuais
é dar condições para que a aprendizagem seja
significa9va:
quando o sujeito relaciona novos problemas com
conhecimentos prévios
Noção de ‘esquema’ na aprendizagem musical
Fase da
Assimilação de vocabulário
através da
audição & execução
Aprender ouvindo, sen9ndo e fazendo
(cantando, movimentando-se e executando no instrumento)
Assimilação de um ‘arquivo’ ou ‘input’ de vocabulário
musical rico e diversificado sob o ponto de vista grama9cal
(melodia, ritmo, harmonia, forma, es9los, etc)
Funciona como base para:
o sujeito estabelecer – construir – relações de
interpretação e significado com novas experiências e
conceitos
(Piaget: assimilação/acomodação/equilibração; Andersen; GestalHstas)
Aprendizagem significaHva: o que significa
dar condições de significação: relacionar novos
problemas com conhecimentos prévios
parHr do que o aluno já sabe, prepará-lo para estar pronto
(readiness)
para os novos desafios, relacionar e contextualizar os
conhecimentos e aprendizagens
Aprendizagem significaHva: é um conceito do psicólogo David Ausubel (1968)
Aprendizagem significa9va
condições de relacionar novo com anHgo conhecimento
Vs aprendizagem mecância
Aprendizagem significa9va Vs Mecânica
Aprendizagem Significa9va
como a informação é relacionada de maneira substanHva e não arbitrária a um
aspecto relevante da estrutura cogniHva
Aprendizagem Mecânica
quando novas informações são aprendidas praHcamente sem interagir com
conceitos relevantes ou pré-existentes
(pura memorização: sem se ligar a ‘subsunçores’ específicos)
Princípios da aprendizagem significaHva (D. Ausubel)
O aluno só aprende quando encontra sen9do no que aprende.
Assim, aprende-se novos conhecimentos de forma significaHva:
a parHr dos conceitos que já possui (‘subsunçores’)
se Hver condições de relacionar às experiências que já tem
se relacionar entre si os conceitos aprendidos
Princípio da aprendizagem significa9va aplicado à aprendizagem musical
o novo conhecimento deve ser significado, compreendido
através dos conteúdos e competências que lhe são familiares
–
do que já conhece e compreende audiHva, cinestésica, performaHva e/
ou notacionalmente (‘subsunçores’)
’Readiness’: estar pronto para executar, idenHficar,
improvisar, compor, ler, etc
A aprendizagem notacional tem de estar integrada e associada à
práHca vocal e de instrumento
Cantar o que se lê e executa
Ler o que já se conhece de ouvido; tocar de ouvido canções
Familiares
Base para a promoção da transferência ao nível da leitura notacional
(leitura à primeira vista):
Compreensão
Vs imitação mecânica
em música
Sob o ponto de vista cogni9vo,
Associar mecanismo dos dedos à leitura de símbolos na pauta,
como é promovido por alguns métodos,
representa uma forma muito limitada de compreender a
notação (Schleuter in Mills & McPherson, 2007)
bem como de memorizar música
Schleuter denomina de ‘buqon pushers’
(Estudos realizados: McPherson, 1993; King, 1983; Schleuter, 2005 – Cf Mills & Mcpherson, 2007
Aprendizagem pela ‘descoberta’: como influencia a compreensão
Aprendizagem por Descoberta
Aprendizagem baseada em problemas (ABP)
consiste em apresentar aos alunos situações baseadas em problemas reais e
significa9vos que possam servir de trampolim para inves9gações e pesquisas
Aprendizagem pela descoberta disHngue-se da aprendizagem por recepção
Implicações no ensino:
Sequência na Aprendizagem Musical
Quando se aprende
O princípio Sound before symbol de Pestalozzi
‘quando se aprende’ou a ordem pela qual se aprende
a
- ouvir, cantar, executar, improvisar, ler, escrever, etc
- conteúdos musicais (melodia, ritmo, harmonia, etc)
é determinante para que a compreensão se efe9ve ou não
nos sujeitos
Outros factores:
Desenvolvimento cogni9vo
Ap9dão musical
Mo9vação
Qualidade das experiências ao nível cogni9vo, xsico, emocional, ar\s9co, etc
Contexto sociocultural, familiar, etc
Sound before symbol
Princípio enunciado por Pestalozzi sec XIX
Aprendizagem musical
analogia com a aprendizagem da linguagem
Ouvir
Falar cantar, executar
Pensar (falar) improvisar
Ler
Escrever
Teorizar
Sequência teorizada em 1980 por E. Gordon na sua Teoria de
Aprendizagem Musical (2000)
Pedagogos mais celebrizados que implícita ou explicitamente defenderam
e aplicaram o princípio sound before symbol no ensino da música
Antecessores:
Pestalozzi (Sec.XVIII-XIX)
(Rousseau Sec XVIII)
John Spencer Curwen (sec XIX)
Jaques-Dalcroze
Edgar Willems
James Mainwaring
James Mursell
Carl Orff
Shinichi Susuky
Zoltan Kodály
Edwin Gordon
O princípio Sound before symbol na inves9gação em
educação musical e psicologia da música:
<<Children are already fluent language users before they
learn to read music. They are rarely such fluent music
performers. Most children learn a new music performance
skill, such as playing an instrument, alongside learning to read
music. This double task can be an intolerable burden which
many solve by memorizing each new piece at the soonest
opportunity so that performance does not depend upon their
reading ability.>>
Sloboda (1993, p. 68)
Sound before symbol principle
Percepção audi9va som deve preceder a simbolização (visual)
(Petzold, 1962, in Mills & McPherson & Gabrielson, 2007)
Expªs sensoriais, audi9vas, performa9vas prévias à
aprendizagem da notação, quando devidamente estruturadas e
orientadas, facilitam desenvolvimento da leitura à 1ª vista
(Hewson, 1966, in Id.)
Sound before symbol principle
Seeing ear and hearing eye
(Benward, in R. Rogers, 2004, in Id)
O conhecimento notacional e teórico não deve ser introduzido na
aprendizagem antes do aluno ser capaz de ouvir o que vê e ver o
que está a ouvir
(Houlahan & Tacka, 2008: 151)
Cf. McPherson & Gabrielsson (2002)
Em síntese: natureza das experiências – como influencia a compreensão
Natureza ou qualidade de experiências: Hpo de ação ou
interação dos alunos entre si e com os problemas em estudo:
•
• valorização do ‘aprender fazendo’: pela ação e contacto
direto com problemas – aprendizagem ‘a9va’
• preocupação em promover processos e experiências de
caráter holís9co – funcionam como ‘esquemas’ percep9vos ou
conceptuais para agir de forma significa9va
Aprender música fazendo música
aprendizagens ‘activas’:
Momentos longos de aquisição de vocabulário musical através de canto e
execução no instrumento de canções por imitação sem
notação, pauta ou par9tura -> por ouvido e memória
(papel dos cancioneiros e ‘tocar de ouvido’)
Ac9vidades sustentadas na memória musical
relaciona-se com as condições dadas pelo professor de:
- facilitação da aprendizagem
-adequação aos estádios de desenvolvimento
- adequação aos ambientes de aprendizgem (formais e informais; ludicidade;
interação entre pares, etc)
‘Tocar de ouvido’
Análise musical
Em diferentes dimensões:
Tonal (melódica e harmónica, atonal), rítmica, formal, esHlísHca, notacional, teórica,
etc
III. Sínteses
1. Como a compreensão influencia a aprendizagem da música, suas implicações
2. A compreensão musical como paradigma de literacia e de saber significado
filosófico, histórico e educaHvo
Em síntese:
Como a compreensão influencia a aprendizagem
nomeadamente da música, suas implicações?
O que é valorizado é a qualidade do conhecimento
subjacente ao resultado ou desempenho
Compreensão Musical como Paradigma de literacia ou saber
Valor como conhecimento
Valoriza-se não apenas o que executamos mas o que
pensamos e como pensamos musicalmente
ê
Onde se fundam
Processos de Descoberta e Transferência de conhecimento
em úl9ma instância:
Pensamento divergente
Criar conhecimento
Significado filosófico, histórico e educa9vo
• Novak, J. D. (1981). Uma teoria de educação. São Paulo: Pioneira de Ciências Sociais
• Paynter, J. & Aston, P. (1970). Sound and silence: Classroom projects in creaDve music. Cambridge: Cambridge University
Press.
• Parncu_, R. & McPherson, G. (Eds.), (2005). The science and psychology of music performance: CreaDve strategies for
teaching and learning. Oxford: Oxford University Press. (2001).
• Schunk, D. (2000). Learning Theories. An educaDonal perspecDve. New Jersey: Merril PrenHce Hall.
• Sprinthall, N. & Sprinthall, R. (1993). Psicologia Educacional. Lisboa: McGraw-Hill.
• Swanwik, K. (1988). Music, mind and educaDon, London: Routledge.
• Tavares, J. & Alarcão, I. (1989). Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem. Coimbra: Almedina.
• Wiggins, J. (2001). Teaching for musical understanding. New York: Mc Graw Hill.
• Zimmerman, M. P. (1991). Psychological Theory and Music Learning. In R. Colwell (ed). Basic Concepts in Music
EducaDon (Vol. 2). Colorado: University Press of Colorado, p. 157-174.