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Cap. Mulheres Negras de Axé (Monografia para obtenção de Diploma de licenciatura em Sociologia).
Santos, Angela Maria dos.
negras no grupo religioso para saber se existe impactos na construção na
identidade da mulher negra, considerando ser a religião em questão, de uma
cultura afro-religioso.
Através de variadas fontes bibliográficas, entrevistas e observação
participante o estudo dessa relação feminino sagrado a partir da percepção das
mulheres negras na construção de suas identidades de gênero e racial.
Investigar as dimensões do feminino sagrado na religião na percepção
dessas mulheres negras, participantes de uma afro-religião, na busca de
perceber os impactos disso na identidade racial das mesmas, apresentam
questões importante no grupo estudado sobre as questões religiosa, raça e
gênero.
Objetivos da Pesquisa
A metodologia na Sociologia
A Observação Participante
Aspectos Conceituais
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O termo raça inicialmente é aplicado para a classificação da natureza. Com o passar do tempo
serve para justificar as relações de poder entre povos – francos e gauleses
e ou por nobres portugueses e espanhóis para destacar sua origem. Posteriormente, com o
descobrimento do Novo Mundo, designa o “outro”, a partir de então se estabelece a classificação
pela cor da pele (branco, negro e amarelo) e finalmente adquire a conotação de uma
classificação hierárquica. A conseqüência disso é o surgimento do racialismo conforme
(TODOROV,1993).
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[...]quando se fala em raça, nos Estados Unidos, isso faz imediatamente
sentido para as pessoas; não se pode viver nos Estados Unidos sem ter uma raça,
mesmo que se tenha que inventar uma denominação — como latino — que designa
uma uniformidade cultural e biológica de outro modo inexistente, mas imprescindível
para possibilitar o diálogo com pessoas que se designam “negras”, “brancas”, “judias”,
etc. Todos os grupos étnicos viram raça nos Estados Unidos, porque raça é um conceito
nativo classificatório, central para a sociedade americana (GUIMARAES, p.97).
viés cultural e de classe. Dentre eles os seguidores da Escola de Chicago
Sociologia, estão Donald Pierson, Florestan Fernandes e outros.
Na metade do século XIX, o futuro do Brasil era tido pela elite como um
fator de preocupação, dada a diversidade racial no país. Calcada em teorias
racistas, havia no período da migração européia, uma preocupação “pela
qualidade do estoque populacional brasileiro, pela ausência de uniformidade
cultural e pela unidade nacional” (GUIMARÃES 2002, p.120).
Nos anos 30, as relações raciais se fundamentam no mito da
“democracia racial”4, período de seu maior vigor, tendo como pano de fundo a
modernidade, que opera a crença na idéia da nova nação que apregoava a não
existência de “raças humanas, com diferentes qualidades civilizatórias inatas,
mas sim diferentes culturas” (GUIMARÃES 2002, p. 117).
No Brasil, a naturalização do preconceito e da discriminação racial
contribui muitas vezes para a invisibilidade da violência exercida sobre a
população negra. Isso acontece em decorrência do mito da democracia racial
em certos aspectos funcionar como um véu sobre a questão racial, dessa forma
auxilia no mascaramento da realidade.
São nas relações raciais no contexto escolar que as pesquisas
demonstraram, a vigência da discriminação racial e reprodução do racismo seja
nas relações sociais, materiais didáticos e currículo escolar. Os estudos no
contexto da educação, têm revelado problemáticas de um cotidiano em que o
racismo está presente sob vários aspectos, evidenciado de forma explícita e
implícita, naturalizada ou sutil. Estruturando um quadro social que privilegia a
cultura branca, sob várias formas de veiculação de estereótipos negativos em
relação à cor/raça dos alunos negros, etc.
Sabe-se que chegando a se transformar em bases sócio-políticas para
o Brasil através do mote do branqueamento. É fato que a diferença racial
4 O mito da democracia racial, é uma poderosa insígnia ideológica que tem agido como forma de
administração, controle, orientação, incentivo ou dominação. Um mito que entra na composição
de uma “constelação ideológica” na qual estão presentes e combinam-se mais ou menos
eficazmente vários mitos da história passada e presente: O Brasil seria um país com uma história
de “revoluções brancas”, ou seja, incruentas, na qual predominam a “conciliação e a reforma”, a
“democracia racial” e o “homem cordial”; tudo isso mais ou menos “luso-tropical” (IANNI, 2004,
p. 159- 160).
acompanhada pelo sentimento de superioridade, historicamente, foram
alicerçados pelas teorias racistas.
Guerreiro Ramos foi o primeiro a fazer críticas a supremacia da condição
da brancura, estabelecida nas relações sociocracias. Em seu artigo Patologia
social do branco, salienta que as produções no país via o negro do lado de fora;
o “negro- tema” (coisificado), e não percebia a humanidade do negro, intitulado
por ele de “negro-vida” (vivo/imobilizável).
Há o tema do negro e há a vida do negro. Como tema,
o negro tem sido, entre nós, objeto de escalpelação perpetrada
por literatos e pelos chamados "antropólogos e "sociólogos.
Como vida ou realidade efetiva, o negro vem assumindo o seu
destino, vem se fazendo a si próprio, segundo lhe tem permitido
as condições particulares da sociedade brasileira. Mas uma
coisa é o negro-tema; outra, o negro-vida (GUERREIRO
RAMOS,1995, p.215)