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SALVADOR
2010
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SALVADOR
2010
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AGRADECIMENTOS
A Escola de Belas Artes pela minha formação e por me ensinar a produzir diante da
precariedade.
A minha orientadora, professora Dra. Nanci Franco, por não ter me abandonado,
pelas dicas e pela paciência.
A Rosa Bunchaft, por ter “deixado” eu usar o título do projeto, por ter surgido na hora
certa e por ter feito parte de todas as etapas, mesmo com aquele barrigão.
Muito obrigado.
.
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RESUMO
A presente pesquisa foi realizada no segundo semestre de 2009 com uma amostra
de 10 jovens estudantes do Colégio estadual Almirante Barroso. Participaram
também desta pesquisa, como tutores, um professor de história da África da
instituição e duas estudantes da Escola de Belas Artes da Universidade Federal/BA.
Ficou claro que a invisibilização destes grupos sociais, entre eles os afro-
descendentes, tem forte influência no processo cognitivo e afeta diretamente a auto-
estima destes indivíduos excluídos do processo de comunicação.
ABSTRACT
SUMÁRIO
1.0 INTRODUÇÃO: 6
2.0 CULTURA, RACISMO E AS REPRESENTAÇÕES IMAGÉTICAS 14
DA SOCIEDADE
1.0 INTRODUÇÃO
Sofia Olswevisk Filha (1982, p. ??), afirma que “a linguagem escrita, (assim como a
falada), é linear, o entendimento se faz através da leitura de uma linha após a outra,
o que nos leva, de forma gradual, ao entendimento da mensagem”. Já na linguagem
imagética a mensagem se completa através de leituras sucessivas onde, segundo a
autora, interfere primeiramente a emoção e em seguida a cultura.
A imagem é uma forma do ser humano se relacionar com o mundo em que vive,
portanto, ao decifrá-las acabamos por compreender melhor as relações sociais
implícitas nas representações imagéticas. Essa compreensão, alvo da pesquisa do
presente trabalho, se faz necessária no sentido de possibilitar a desconstrução dos
aspectos negativos que a representação estereotipada, de uma determinada parcela
étnica da população, traz para a sociedade como um todo.
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A região tem aproximadamente 500 mil habitantes, de acordo com os últimos dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em sua maioria negros,
pobres e com baixa escolaridade, vítimas da maior violência urbana do contexto
metropolitano.
Mais tarde, fora do subúrbio e já como profissional da área de design, percebi que
as empresas e instituições detentoras dos meios de produção de imagens
discriminavam e estabeleciam papéis sociais inferiores aos afro-descendentes,
utilizando-se da imagem veiculada pela mídia e pelo ensino oficial, entre outras
ferramentas de persuasão, para perpetuar o leque de teorias discriminatórias
remanescentes dos ideais do recente passado escravista da sociedade brasileira.
Toda a imagem produzida é criada a partir dos paradigmas da pessoa que a produz.
Logo, torna-se imprescindível instrumentalizar com subsídios técnicos e teóricos os
grupos excluídos das representações sociais na cidade de Salvador, para que eles,
através da sua produção artística, possam contribuir com a sua visão de mundo nas
imagens que circulam pela cidade.
É claro que pesquisas como a da professora Ana Célia Silva, em seu mestrado e
doutorado são valiosas fontes de pesquisa e um poderoso referencial teórico sobre a
discriminação racial no livro didático e as diferentes formas de desconstruí-la. Outra
importante referência que não pode deixar de ser citada é o trabalho realizado por
Wanda Machado no terreiro de candomblé Ilê Axé Opô Afonjá e na Escola Ana
Maria Eugênia dos Santos, instalada nas dependências desta instituição religiosa.
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Neste sentido, esse trabalho pode vir a ser uma modesta contribuição para futuras
pesquisas acadêmicas, visto que será o primeiro projeto de especialização em arte-
educação realizado na Escola de Belas Artes - UFBA a promover, junto a jovens
moradores do Subúrbio e mediante ao estudo e a prática da fotografia, a
desconstrução dos estereótipos negativos relacionados aos negros. Contemplando
através da arte-educação a visão de mundo de jovens afro-descendentes da
periferia da nossa cidade.
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Sendo que o objetivo geral desse estudo foi investigar de que forma a fotografia,
como um recurso de arte educação, pode ser um instrumento de construção da
identidade étnica e conseqüente aumento da auto-estima de jovens do ensino médio
do Colégio Estadual Almirante Barroso, localizado em Paripe, no Subúrbio
Ferroviário de Salvador. Para tanto, foram elencados os seguintes objetivos
específicos:
O método Paulo Freire foi pensado originalmente como uma forma de alfabetizar
adultos. Nele, os alfabetizandos aprendem a ler e escrever na medida em que
refletem criticamente sobre sua realidade. Esta pesquisa transfere para a linguagem
visual as práticas metodológicas de Paulo Freire. Aqui se mantém o foco na
alfabetização, porém não a alfabetização da linguagem escrita e falada, busca-se
sim o Alfabetismo visual, ensinar a ler e produzir imagens através da prática
fotográfica
Através dos debates, promovidos em sala de aula pelo professor Jorge Batista, e
das exposições participativas com auxílio de multimeios, buscou-se
compreender, junto aos estudantes, a história do Subúrbio Ferroviário e sua relação
com a questão racial, o papel da fotografia na sociedade, os métodos de produção
da imagem fotográfica e os aspectos artísticos da sua prática, dando aos
participantes subsídios teóricos para a próxima etapa da pesquisa.
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ANEXO 1-Plano de aula das oficinas.
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A cultura em uma sociedade é guiada por uma lógica simbólica, construída ao longo
do processo histórico, que condiciona o comportamento dos atores sociais segundo
as suas exigências, mesmo que estes muitas vezes não tenham consciência disso.
Este caráter de inconsciência do condicionamento cultural nos remete ao conceito
de imaginário social do filósofo francês Henri Lefebvre (1991) que “distingue a
imaginação individual e os grandes simbolismos que subsistem nas culturas e
reconhece que as ações humanas não resultam de decisões estritamente racionais”
(apud FERREIRA & EIZIRIK, 1994, p. 6).
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Usarei o termo no gênero masculino daqui por diante
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O fato de que todos os seres humanos nascem, crescem e procriam não é falso ou
sem importância, no entanto não é determinante ao traçar um perfil verdadeiro da
espécie que seja essencialmente humana e não uma mera idealização.
Pois de acordo com Geertz, “pode ser que nas particularidades culturais dos povos
– em suas esquisitices – sejam encontradas algumas das revelações mais
instrutivas sobre o que é ser genericamente humano” (1978, p. 55 apud GOMES,
2003 p. 76).
A partir desta afirmação podemos concluir que apesar de negros e brancos serem
iguais geneticamente, as diferenças entre eles foram construídas pela cultura, ao
longo do processo histórico, como forma de classificação do humano.
Nina Rodrigues dizia que “Os negros se diluirão na população branca e estará tudo
terminado” (s/d, p. 15 apud Olszewski, 1989, p. 25). Já Afrânio Peixoto escreveu:
“em trezentos anos mais, seremos todos brancos, não sei o que será dos EEUU, se
a intolerância saxônica deixar crescer, isolado, o núcleo compacto de seus doze
milhões de negros” (SKIDMORE, 1976, p. 91 apud Olszewski, 1989, p. 25).
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Segundo Nilma Lino Gomes, é importante politizar o conceito de raça porque apesar
de ser um conceito sem validade do ponto de vista biológico, na esfera social e
política, ele é relevante ao se pensar os lugares ocupados e a situação dos negros e
brancos em nossa sociedade.
“que terá toda a sua estrutura de pensamento impregnada por eles e através do
processo de acomodação4, ao longo do tempo, irá se afastar dos
questionamentos necessários para a livre formação da sua personalidade”
(DEIRÓ, 2005, p.18).
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Fundador da principal gangue de Los Angeles, os Crips, Stanley Took Williams III foi condenado à pena de
morte e executado em 2005. Durante o tempo que passou na prisão ele escreveu uma série de livros infantis
denunciando a ação e os perigos das gangues. Seus livros ajudaram a diminuir o número de jovens nas gangs e
lhe renderam indicações ao Prêmio Nobel, em 2001 ao Prémio Nobel da Paz e posteriormente ao Prémio Nobel
de Literatura.
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A assimilação e a acomodação são fenômenos que juntos explicam a adaptação intelectual e o
desenvolvimento das estruturas cognitivas. Segundo Piaget (p. 18, 1996), acomodação é “toda modificação dos
esquemas de assimilação sob a influência de situações exteriores (meio) ao quais se aplicam”. (N.A)
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Até o início do século XX os cidadãos negros eram pouco representados nos livros
didáticos. Neste período predominavam as teorias racistas e o desejo de
branqueamento da sociedade amparado pelas elites dominantes que não mediam
esforços no sentido “clarear” a população do país.
Tamil disse-nos que os primeiros homens que foram criados viviam à margem de
um grande rio, que fica para lá, Disse Pérola da Manhã, apontando para o norte.
Eram todos pretos. Mas, alguns deles que sabiam nadar, atravessaram o rio
para o outro lado. A água lavou-os e eles ficaram brancos. Desde então, os
homens brancos estão sempre a estender os braços, convidando os homens
pretos a também atravessarem o rio (...) eu também desejava atravessá-lo nado,
a fim de tornar-me branca. (ANDRADE, 1919, p. 32 apud GOUVÊA, 2005, p.86)
Assim sendo, pode-se dizer que até a terceira década do século XX deu-se a
invisibilização sistemática do negro no livro didático brasileiro. Só a partir da
década de 1930, com o surgimento da discussão em torno de uma brasilidade e da
afirmação de sua composição étnica, pautada no mito da democracia racial, o negro
passa a ter o seu espaço nos livros utilizados na escola.
Tia Nastácia, não sei se vem. Está com vergonha, coitada, por ser preta. — Que
não seja boba e venha — disse Narizinho — eu dou uma explicação ao
respeitável público... — Respeitável público, tenho a honra de apresentar (...) a
Princesa Anastácia. Não reparem ser preta. É preta só por fora, e não de
nascença. Foi uma fada que um dia a pretejou, condenando-a a ficar assim até
que encontre um certo anel na barriga de um certo peixe. Então, o encanto
quebrar-se-á e ela virará uma linda princesa loura. (LOBATO, 1931, p.206)
Nesta passagem, de um dos mais famosos livros infantis da nossa literatura, o autor
deixa transparecer que ser “preta de nascença” é um motivo de vergonha, além de
deixar explícito o modelo estético a ser buscado, quando simbolicamente o encanto
se quebrar e a personagem se tornar “uma linda princesa loura”.
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Em uma sociedade regida pelo consumo, a publicidade cada vez mais toma para si
o papel de formadora de opinião e orientadora do estilo de vida da população,
independente de classe social. Conseqüentemente, ao se estudar as peças
publicitárias e as formas como o negro é representado nos veículos de marketing,
faz-se uma análise do papel ocupado pelos afro-descendentes no imaginário social.
Com base nesta constatação, diversas pesquisas já foram realizadas no Brasil com
o intuito de analisar como é feita a representação dos afro-descendentes na mídia
impressa e na publicidade.
A tendência geral era de opção por modelos de estilo nórdico. A escolha de uma
“estética ariana”, que privilegia os traços nórdicos, além da pele clara também
olhos e cabelos, e desvaloriza os traços fenotípicos das populações negra e
indígena. ROCHA & SILVA (2006, p. 09)
Vale ressaltar ainda que mesmo nas poucas vezes onde a imagem do afro-
descendente foi veiculada, prevaleceu a tendência ao uso de estereótipos e da
representação do personagem negro em situação de inferioridade social.
Na cidade de Salvador/BA, nos dias atuais o negro está aos poucos ocupando um
espaço mais representativo no campo da publicidade. Mas, quando se sabe que
esta é a cidade, fora do continente africano, que possui a maior população negra em
seu território nota-se que o percentual de afro-descendentes na publicidade
soteropolitana ainda está muito distante da realidade de mais de 80% dos seus
habitantes.
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Lei n.o2325 de 1995, que obriga a Prefeitura do Rio de Janeiro a incluir cotas 40% de atores e modelos negros
em seus comerciais. Projeto de lei dos então vereadores Antonio Pitanga e Jurema Batista
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IMAGEM III - Campanha da Avance Telecom (Grupo A Tarde)– Kátia Flávia Design (2009)
Nas peças abaixo, assim como em todos os números destas revistas, a branquidade
normativa se faz presente.
No exemplo abaixo o jovem articula uma análise da sua própria realidade que ele
percebeu apenas no momento que olhou a fotografia (código) e a descodificou
baseando-se na sua vivência, nos seus anseios e necessidades.
Logo, o sentido das fotografias, ao contrário do que se imagina, não possui uma
verdade absoluta, está condicionado, desde o momento da sua criação, aos valores
e às verdades de quem as produz e de quem as observa.
Ademais, nunca se produziu tantas imagens como nesta última década e essa
profusão de imagens fotográficas acaba por banalizar o processo de captação e
apreciação de fotografias, esvaziando de sentido os signos produzidos pelo senso
comum.
No entanto, este desafio é facilitado pelo fascínio que a fotografia, sua prática e sua
observação exercem nos seres humanos. A fotografia faz o indivíduo pertencer à
situação representada, é um campo onde se resgata ou se fabrica memórias, com
base em experiências individuais ou por influência da cultura na qual o observador
está inserido.
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É pelo Studium que me interesso por muitas fotografias, quer as receba como
testemunhos políticos, quer as aprecie como bons quadros históricos: pois é
culturalmente que participo das figuras, das caras, dos gestos, dos cenários, das
ações. (BARTHES, Roland, 1984, p. 45)
De todas as fotos, uma das que mais me chamou a atenção foi a que mostra
dois meninos em um bairro simples, no meio da rua, descalços, brincando de
bola, com um sorriso imenso no rosto, gosto disso. Nela eu vejo que mesmo em
meio a tantos problemas, falta de infra-estrutura, eles encontraram uma maneira
simples de se divertirem, enquanto algumas vão para o mundo do crime, outras
vão para as ruas e outras não desgrudam dos jogos eletrônicos, eles preservam
uma tradição de brincadeiras que nossos pais e avós brincavam. E me lembrei
também muito da minha infância, quando eu e outras crianças ficávamos
brincando o dia todo na rua, de brincadeiras tão simples, mas que nos
proporcionavam muita diversão. Esses sim eram momentos inesquecíveis, e
tenho certeza que para eles, aquele momento no meio da rua, brincando de
bola, também foi.
Para RUDOLFH ARHEIN (2008) “A capacidade inata para entender através dos
olhos está adormecida e deve ser despertada. E a melhor maneira é manusear
lápis, pincéis, escalpelos e talvez câmeras”.
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“Na verdade, o alfabetismo visual [...] eleva nossa capacidade de avaliar acima da
aceitação (ou recusa) meramente intuitiva de uma manifestação visual qualquer.
Alfabetismo visual significa uma inteligência visual.” (DONDIS, 2007, p. 231).
Tudo isso faz do alfabetismo visual um ponto importante a ser observado pelo
educador. Maior alfabetismo visual significa uma maior compreensão do meio
ambiente e conseqüente construção de uma visão individualizada da realidade.
Ponto Cor
Linha Textura
Direção Dimensão
Tom Movimento
TABELA 1: Elementos básicos da sintaxe visual
Não é o objetivo desta pesquisa explanar sobre cada um dos elementos acima,
basta apenas dizer que através da compreensão e do uso combinado deles é
possível sistematizar a produção e a análise técnica-formal de qualquer imagem.
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Assim sendo, a teoria da gestalt e conceitos como: configuração da forma,
enquadramento, linhas condutoras, equilíbrio tonal, forças perceptivas, unidade,
pregnância, perspectiva, regra dos terços, entre outros, são apenas alguns dos
conteúdos teóricos relacionados às artes visuais que podem ser estudados através
da prática da fotografia em um processo de arte-educação.
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Teoria psicológica alemã do início do século XX que trata dos princípios da organização perceptiva. A gestalt
acredita que O todo é mais do que a soma das partes que o constituem. Por exemplo: uma cadeira é mais do
que quatro pernas, um assento e um encosto. Uma cadeira é tudo isso, mas é mais que isso: está presente na
nossa mente como um símbolo de algo distinto de seus elementos. (N/A)
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A fotografia, acima de tudo, exerce uma grande fascinação nos jovens estudantes,
seja pelo seu caráter de “nova tecnologia”, ou seja por motivos culturais.
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A fotografia pinhole permite que você faça uma foto necessitando apenas de um recipiente protegido contra a
luz (caixa, lata, etc.) com um pequeníssimo furo e contendo material fotossensível em seu interior.
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• Niépce
• Daguerre
• Florence
• Padre em Salvador
• Anúncios em Salvador
• Exótico (europeus)
• Etnográfico
• PIERRE VERGÊ
• Jorge ilha
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Identidade e etnia: construção de pessoa e resistência cultural. São
Paulo: Brasiliense, 1986.
APUD
Estações do Olhar foi um projeto de arte educação idealizado com apoio do Coletivo
Luxco Fluxo em uma parceria com a estudante Rosa Bunchaft. Tal projeto foi
registrado como uma atividade de extensão da Escola de Belas Artes da
Universidade Federal da Bahia e tem como plano de fundo a malha ferroviária do
Subúrbio Ferroviário de Salvador.
Esta atividade têm como pressuposto básico a idéia de que a fotografia como
ferramenta de arte-educação pode tornar possível a valorização da estética e da
identidade étnica dos habitantes do Subúrbio Ferroviário de Salvador. Promover a
inclusão visual de jovens dessa região foi o principal objetivo do projeto.
O projeto objetivou ainda captar imagens do entorno da via férrea sob o olhar dos
jovens do Colégio Estadual Almirante Barroso, localizado em Paripe e realizou
exposições, com o resultado final do trabalho de campo, tanto no Colégio quanto na
Escola de Belas Artes da UFBA.
Para o Coletivo Luxco Fluxo a realização das atividades práticas e das oficinas
realizadas na Escola de Belas Artes – UFBA, na galeria do ACBEU e no Colégio
Estadual Almirante Barroso serviram como uma experiência piloto e base para a
realização de projetos semelhantes que prevêem a ampliação do recorte geográfico.
Todo o processo de montagem das câmeras fotográficas feitas com latas foi
realizado pelos próprios educando sob a orientação dos estudantes da Escola de
Belas Artes envolvidos no projeto.
Em seguida fomos para uma praça tirar as fotos, algumas deram certo, outras
não, inclusive a minha. Como no pin-hole só podemos tirar uma foto de cada vez
e só podemos ver o resultado depois, estavam todos muito ansiosos. Na hora de
revelar as fotos, fui logo a primeira, mas quando vi o papel todo preto, não sabia
se ria ou se chorava, toda minha expectativa desmoronou, principalmente
quando vi a segunda foto que ficou a mesma coisa, toda preta. Eu estava triste e
decepcionada, e ao mesmo tempo queria dar risada, ainda mais que se a foto
tivesse dado certo ficaria tão linda, mas eu não desisti. Já estava no horário de ir
e minhas duas tentativas haviam falhado, pensei que ia ir embora sem tirar
minha foto, mas aí eu tive mais uma chance, e dessa vez deu certo. Quando vi o
resultado fiquei tão feliz, e satisfeita, finalmente havia dado certo, e agora eu
podia ir, com a sensação de dever cumprido. Esse dia foi o máximo, adorei ter
passado por essa experiência e ter conhecido aquele lugar, foi tudo nota 10.
A discussão sobre a estética do trabalho exposto foi o pano de fundo para o debate
sobre o papel social da imagem. Neste encontro discutiu-se sobre a história da
fotografia e os aspectos físico-químicos de sua prática. Nesta visita os estudantes
puderam apreciar protótipos de câmeras-escuras de vários tipos. Buscou-se com
esta visita utilizar o lúdico como forma de compartilhar conhecimentos.
Uma frase dita durante as conversas ilustra bem o papel do lúdico e das analogias
no processo cognitivo. Um educando, ao falar sobre o processo de fixação da
imagem em suportes físicos (filme, vidro, papel) expressou da seguinte forma o que
entendeu do assunto: “Se não existisse câmera a foto ficaria apenas em nossa
mente como nosso filme mental.” (Messias S. Santos – Estação do olhar -2009)
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A partir dessa premissa que foi realizada a interpretação dos dados obtidos durante
os círculos de cultura, aulas expositivas e atividade de campo, contidas no processo
empírico.
Interseções
(colocar e comentar aqui trechos das redações e fotografias onde podem ser
observados os conceitos estudados)
Depoimentos
6.0 CONCLUSÃO
Dado as condições restritivas inerentes a projetos com pouca verba e prazo exíguo,
a amostra teve que ser reduzida e não foi possível dá uma maior visibilidade ao
projeto dentro do Colégio durante a realização das oficinas.
Apesar das observações acima, o Projeto Estações do Olhar cumpriu com os seus
objetivos e foi muito bem aceito pela comunidade do Colégio Estadual Almirante
Barroso.
Logo, de acordo com a análise das reações do público à exposição e de acordo com
os textos produzidos pelos educandos, é possível afirmar que a fotografia atuou
como um mediador ao desenvolvimento do pensamento analítico da dimensão
simbólica da imagem.
Com a experiência adquirida com este trabalho buscarei a partir de agora dar
continuidade a pesquisa sobre a representação imagética do negro na sociedade.
Na tentativa de ampliar os horizontes desta investigação pretendo abordar as
representações em mídias audiovisuais.
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O conceito de alteridade afirma que a existência do "eu-individual" só é permitida mediante o contato com o
outro.
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7.0 REFERÊNCIAS
DEIRÓ, Maria de L. Chagas. As Belas Mentiras, 13. Ed. São Paulo, 2005.
DONDIS, Donis A. Sintaxe da Linguagem Visual. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
FREYRE, Gilberto, Casa Grande & Senzala. 39. ed. Salvador: Record, 2000.
FREYRE, Paulo, Pedagogia do Oprimido. 46. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
PACHECO, Lílian. Como Fazer Pesquisa Ação?. SITE PESSOAL. Lençóis 2006.
Disponível na internet em: <http://www.graosdeluzegrio.org.br> acessado em
15/09/2006.
SOARES, Antonio Mateus de C. Estudos Geográficos, Rio Claro, 17-30, dez – 2006.
8.0ANEXOS