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Direito das
Relações de
Consumo
UnisulVirtual
Palhoça, 2015
Créditos
Direito das
Relações de
Consumo
Livro didático
Designer instrucional
Marcelo Tavares de Souza Campos
UnisulVirtual
Palhoça, 2015
Copyright © Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por
UnisulVirtual 2015 qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Livro Didático
Professor conteudista
Roberto Mattos Abrahão
Designer instrucional
Marcelo Tavares de Souza Campos
Diagramador(a)
Frederico Trilha
Revisor
Jaqueline Tartari
ISBN
978-85-7817-771-3
342.5
A13 Abrahão, Roberto Mattos
Direito das relações de consumo : livro didático / Roberto Mattos Abrahão
; design instrucional Marcelo Tavares de Souza Campos. – Palhoça :
UnisulVirtual, 2015.
57 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7817-771-3
Introdução | 7
Capítulo 1
Introdução ao Direito do Consumidor | 9
Capítulo 2
Qualidade de produtos e serviços | 21
Capítulo 3
Práticas abusivas e proteção contratual | 33
Capítulo 4
Tutela do consumidor | 43
Considerações Finais | 55
O consumidor é presumido pela lei como a parte mais fraca da relação de consumo.
Por isso, fala-se em vulnerabilidade do consumidor, pois, no mercado de consumo,
o fornecedor detém com exclusividade as informações sobre os bens e produtos e a
decisão sobre quando, onde e como disponibilizá-los para o consumidor.
Com este livro, você terá a oportunidade de aprofundar seu aprendizado sobre
os direitos difusos e coletivos. Conhecerá a origem deste assunto, a legislação
pertinente e as influências internacionais e nacionais para a sua implantação no
Brasil. Acompanhará, por meio da leitura dos oito capítulos que o compõem,
as proteções dispensadas aos interesses difusos, coletivos e individuais
homogêneos, e a problemática da viabilização da defesa dos interesses
metaindividuais no Brasil por intermédio da Ação Civil Pública. O objeto deste
estudo é complexo, uma vez que a terceira geração de direitos, da qual fazem
parte os interesses metaindividuais, criou algumas dificuldades práticas,
mormente processuais, que, inicialmente, tornam impossível a defesa judicial
desses interesses. A ideia central deste livro consistiu em demonstrar como
o ordenamento jurídico pátrio tornou possível a defesa judicial dos interesses
metaindividuais. Optouse por realizar, primeiramente, uma evolução histórica do
desenvolvimento dos direitos em âmbito mundial, até a concepção da terceira
geração. Destarte, primeiramente tratou-se da evolução dos direitos fundamentais
do homem na esfera mundial até a concepção dos direitos que compõem a
terceira geração, passando pelo princípio da dignidade da pessoa humana.
Ainda nessa parte, fez-se referência aos reflexos desse fenômeno no Brasil,
com o reconhecimento e a viabilização da tutela dos interesses metaindividuais.
Posteriormente, foram abordados os aspectos gerais da tutela coletiva e da
ação civil pública, tais como o objeto, legitimidade ativa e passiva, provimentos
jurisdicionais, competência e coisa julgada, sendo que essa última matéria se
mostrou mais tormentosa, apresentando dificuldades até mesmo na esfera
Constitucional. Este material possibilitará a análise dos reflexos do surgimento
dos direitos chamados de metaindividuais em nosso país, com a criação da Ação
Civil Pública e a efetiva possibilidade de defesa dessa nova categoria de direitos.
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Capítulo 1
Neste capítulo, você conhecerá as bases constitucionais dos direitos que regulam
as relações de consumo, os princípios fundamentais do Código de Defesa do
Consumidor, os direitos básicos do consumidor, o campo de aplicação do Código
e as demais fontes jurídicas com as quais ele dialoga.
Seções de estudo
Seção 1
Noções introdutórias
O Direito do Consumidor, ramo novo do Direito, é uma disciplina que atravessa o
Direito Privado e o Direito Público. Este ramo visa a tutelar, ou seja, proteger os
interesses individuais e coletivos dos consumidores em todas as suas relações
jurídicas frente ao fornecedor, que é um profissional, empresário ou contratado.
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Capítulo 1
Seção 2
Princípios fundamentais do Código de Defesa
do Consumidor
Um ponto importante ao qual você deve prestar atenção é a integração do
sistema normativo-jurídico de proteção ao consumidor. O Código de Defesa
do Consumidor (CDC), Lei n. 8.078/90, é um texto aberto, pois determina que os
direitos nele previstos
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Direito das Relações de Consumo
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Capítulo 1
Seção 3
A Lei n. 8.078/90 e os direitos básicos do
consumidor
No que se refere à legislação e ao regime jurídico da defesa do consumidor,
vale lembrar que a proteção ao consumidor é um direito fundamental do
ser humano e um dos fundamentos da organização econômica brasileira. O
legislador procura incentivar a concorrência entre as empresas, levando em conta
que o interesse daquele que adquire produtos e serviços é essencial. Nossa
legislação toma por base a relação desigual entre fornecedores e consumidores,
procurando garantir a igualdade entre eles.
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Direito das Relações de Consumo
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Capítulo 1
Seção 4
Campo de aplicação do CDC
O consumidor é presumido pela lei como a parte mais fraca da relação de
consumo. Por isso, fala-se em vulnerabilidade do consumidor, pois, no
mercado de consumo, o fornecedor detém, com exclusividade, as informações
sobre os bens e produtos e a decisão sobre quando, onde e como disponibilizá-
los para o consumidor.
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Direito das Relações de Consumo
Vulnerabilidade Hipossuficiência
Art. 4º, I, CDC: atribui ao consumidor, Art. 6º, VIII, do CDC: o princípio da
em todas as circunstâncias, a condição hipossuficiência, diferentemente da
de vulnerável na relação de consumo. vulnerabilidade, refere-se a um conceito fático
e não jurídico, baseado em uma disparidade ou
mesmo discrepância observada no caso concreto.
•• consumidor;
•• destinatário final;
•• fornecedor;
•• produto;
•• serviço;
•• relação de consumo.
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Capítulo 1
Consumidor
Consumidor é a pessoa que terá proteção especial da legislação. O CDC
adota quatro definições distintas de consumidor: definição geral, definição por
equiparação, definição de consumidor como vítima e definição de consumidor
como pessoa exposta a práticas comerciais e contratuais.
Segundo a definição por equiparação (art. 2º, parágrafo único), para fins de
proteção, o consumidor é equiparado à coletividade (mesmo que indeterminada)
que tenha participado ou possa a vir a participar de relações de consumo. Refere-
se à proteção da coletividade de consumidores.
Destinatário final
Subjazem à definição geral, que considera o consumidor como um destinatário
final, três teorias: a finalista, a maximalista e a mista.
A teoria finalista assume a ideia de destinatário final econômico, aquele que não
utiliza o produto ou serviço para atividade lucrativa.
Fornecedor
Fornecedor é toda pessoa, física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados (por exemplo, sociedades
de fato) que desenvolvem alguma atividade de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços. Podem ser fornecedores:
indústrias, prestadoras de serviços diversos e comércio em geral (art. 3º, CDC).
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Direito das Relações de Consumo
Produto
Produto é qualquer bem, imóvel ou móvel, material ou imaterial, fornecido no mercado.
Serviço
Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante
remuneração, inclusive de natureza bancária, financeira, creditícia e securitária,
salvo as decorrentes de relação de trabalho.
Sintetizando o conteúdo desta seção, sugerimos que você fixe os seguintes pontos:
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Capítulo 1
Seção 5
Diálogo das fontes
Diálogo das fontes é uma expressão do jurista alemão Erik Jayme 1 que se refere
à aplicação simultânea, coerente e coordenada das diversas fontes legislativas,
com campos de aplicação convergentes, mas não iguais. É contrária ao conflito
de fontes ou leis.
1 A teoria do diálogo das fontes foi idealizada na Alemanha por Erik Jayme, professor da Universidade de
Helderberg, e trazida ao Brasil por Claudia Lima Marques, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
(PRADO, 2013).
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Direito das Relações de Consumo
Referências
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do
consumidor e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Leis/L8078.htm>. Acesso em: 17 dez. 2015.
PRADO, Sergio Malta. Da teoria do diálogo das fontes. Migalhas, 31 jan. 2013.
Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI171735,101048-
Da+teoria+do+dialogo+das+fontes>. Acesso em: 17 dez. 2015.
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Capítulo 2
A partir dessa premissa, você irá compreender de que forma ocorre a aplicação
do Código de Defesa do Consumidor (CDC) na reparação de dano em casos
de acidentes de consumo ou em razão da comercialização de produtos, sem a
devida qualidade ou quantidade.
Seções de estudo:
Seção 1
Teoria da qualidade
Ao realizar a leitura, procure prestar atenção especial à diferença entre as órbitas de
proteção do CDC e às deficiências da proteção tradicional via Código Civil (CC).
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Capítulo 2
Por sua vez, os vícios de qualidade por insegurança relacionam-se com acidente
de consumo, pela carência de segurança do produto ou serviço, a expectativa
negativa do consumidor de insegurança.
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Direito das Relações de Consumo
Seção 2
Fato do produto e do serviço
Ao realizar a leitura, procure prestar atenção especial à noção de
responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço, tratada no Capítulo IV do
CDC, em que são abordados, também, os responsáveis pelo dever de indenizar
e a responsabilidade civil objetiva, as causas de exclusão da responsabilidade,
a responsabilidade subsidiária do comerciante e a solidariedade da
responsabilidade do comerciante.
O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter
sido colocado no mercado (art. 12, § 2º, CDC).
1 A chamada responsabilidade objetiva foi consignada no parágrafo único do artigo 927 do atual Código Civil:
“Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”
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Capítulo 2
Fato do serviço:
Quanto à prescrição (art. 27, CDC), a pretensão à reparação pelos danos causados
por fato do produto, serviço ou acidente de consumo, prescreve em cinco anos.
Inicia-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e da autoria.
Seção 3
Vício do produto e do serviço
Vício do produto ou do serviço trata-se da constatação de um defeito que
diminui a utilidade do produto ou do serviço. A responsabilidade é objetiva e
solidária entre os fornecedores.
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Direito das Relações de Consumo
Vício do serviço (art. 20, CDC). a) exigir a reexecução dos serviços, sem custo
adicional e quando cabível;
Vícios de qualidade que tornem os
serviços impróprios ao consumo ou b) exigir a restituição imediata da quantia paga,
diminuam o seu valor, assim como monetariamente atualizada, sem prejuízo de
aqueles decorrentes da disparidade, eventuais perdas e danos;
com as indicações constantes na
c) exigir o abatimento proporcional do preço.
oferta ou mensagem publicitária.
Fonte: Elaboração do autor (2015).
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Capítulo 2
O CDC institui prazo decadencial para reclamar dos vícios dos produtos e
serviços (art. 26) e prazo prescricional para pretensão indenizatória decorrente de
acidentes de consumo (art. 27).
Observe que o prazo decadencial relativo aos vícios dos produtos e serviços é
exatamente o mesmo para o consumidor reclamar extrajudicialmente perante o
fornecedor, visando à solução do problema: 30 dias para produtos e serviços não
duráveis e 90 dias para duráveis, prazo esse que começa a correr da entrega do
produto ou do aparecimento do vício (oculto).
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Direito das Relações de Consumo
Referências
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do
consumidor e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Leis/L8078.htm>. Acesso em: 17 dez. 2015.
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Capítulo 3
A partir dessa leitura, você irá compreender de que forma ocorre a aplicação do
CDC na coibição de práticas abusivas, na manutenção e equilíbrio dos contratos
de consumo, e verificará os critérios objetivos na cobrança de dívidas e inserção do
nome dos consumidores nos famosos bancos de dados e cadastros de consumo.
Seções de estudo
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Capítulo 3
Seção 1
Oferta e publicidade
Oferta é a proposta feita por um dos contratantes, de maneira clara, para que se
realize um contrato no futuro. A oferta e a apresentação de produtos ou serviços
devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua
portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço,
garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos
que apresentam à saúde e à segurança dos consumidores (art. 31, CDC).
Na oferta ou venda por telefone ou reembolso postal (art. 33, CDC), também
deve constar o nome do fabricante e o seu endereço na embalagem, na
publicidade e em todos os impressos utilizados na transação comercial.
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Direito das Relações de Consumo
Por seu caráter amplo, a publicidade teve especial atenção do legislador, sendo
impostas limitações pelo Código de Defesa do Consumidor quanto à:
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Capítulo 3
Seção 2
Práticas abusivas
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Direito das Relações de Consumo
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Capítulo 3
sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua
imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar
a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas.
O parágrafo único do artigo 42 traz uma sanção civil àquele que cobrar a dívida
em valor maior do que o real e que foi efetivamente pago pelo consumidor. O
fornecedor apenas não arcará com essa indenização se demonstrar ter ocorrido
engano justificável (art. 42, parágrafo único, CDC).
Seção 3
Bancos de dados e cadastros de consumo
O enfoque desta seção dirige-se aos bancos de dados e aos cadastros de proteção
ao crédito. Os mais famosos no Brasil são o Sistema de Proteção ao Crédito
(SPC) e Serasa – espécies de banco de dados de consumo, que têm despertado
maior interesse jurídico, em razão do poder que exercem diretamente na vida dos
consumidores, pois incluem ou excluem os consumidores do mercado.
Cabe ressaltar que somente o consumidor poderá ter acesso a seus dados e, se
preciso, poderá ingressar com o habeas data, em caso de recusa pelo fornecedor ou
arquivista, isso em razão do reconhecimento do caráter público (art. 43, § 4º, CDC).
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Direito das Relações de Consumo
O CDC prevê, ainda, um limite estabelecido por lei de cinco anos para a
abrangência do cadastro (art. 43, § 1º, CDC), proibindo, assim, uma pena
perpétua ao consumidor inadimplente.
Qualquer interessado pode ter acesso às informações ali contidas, inclusive o fornecedor,
que poderá requerer as correções das informações equivocadas e imprecisas.
Seção 4
Proteção contratual
Contratos de consumo são os instrumentos jurídicos hábeis a criar as
relações de consumo. Os contratos podem ser tanto individualizados (feitos
especificamente para aquele consumidor), quanto por adesão.
Contratos por adesão (art. 54, CDC) são aqueles em que uma das partes
estipula as cláusulas, e a outra parte contratante apenas adere a elas, sem haver
a possibilidade de discussão de seus termos ou de modificação substancial de
seu conteúdo. Os contratos por adesão podem ter seus termos aprovados pela
autoridade competente.
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Capítulo 3
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Direito das Relações de Consumo
Referências
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do
consumidor e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Leis/L8078.htm>. Acesso em: 17 dez. 2015.
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Capítulo 4
Tutela do consumidor
Roberto Mattos Abrahão
Seções de estudo
Seção 1
Sistema Nacional de Defesa do Consumidor
A presente seção traça um panorama nacional de entidades, públicas e privadas,
que realizam a defesa dos interesses dos consumidores, destacando as suas
principais atribuições.
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Capítulo 4
Mas, afinal, quem seriam esses órgãos e essas entidades que diretamente ou
indiretamente defendem o consumidor e integram o Sistema Nacional de Defesa
do Consumidor?
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Direito das Relações de Consumo
Assim, podemos ter uma visão ampla do Sistema de Defesa do Consumidor, que
funciona com bastante propriedade na tutela administrativa, civil e até mesmo
criminal. Agora, você já está apto a conhecer a tutela penal do consumidor
propriamente dita, isto é, o Direito Penal aplicado às relações de consumo.
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Capítulo 4
Seção 2
Direito Penal do consumidor
Incumbe ao Direito Penal a definição de condutas humanas que, em tese, afetem
os valores maiores de determinada sociedade ou comunidade, com o intuito de
impor as sanções mais severas aos seus autores (sujeito ativo), prevendo penas
que podem chegar à restrição da liberdade (prisão).
Já o sujeito passivo pode ser tanto o consumidor (art. 2°, art. 17 e art. 29) quanto a
coletividade, pois, como observado, o bem jurídico protegido é a relação de consumo.
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Direito das Relações de Consumo
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Capítulo 4
Seção 3
Ação coletiva
O Direito Processual, como instrumento de realização do Direito material e de
eficácia social do CDC, não poderia ser esquecido pelo legislador. Nessa linha,
o CDC, nos artigos 81 a 104, em título denominado “Da defesa do consumidor
em juízo”, apresenta a disciplina relativa ao processo civil coletivo, de aspectos
relacionados à ação coletiva (ação civil pública). Tais artigos dispõem sobre a
definição de direito difuso e direito coletivo, introduzindo no ordenamento jurídico
o individual homogêneo, a legitimidade para ajuizamento das ações coletivas, as
competências, os limites subjetivos e o objetivo da coisa julgada, entre outros
relevantes aspectos que você passará a estudar.
O CDC previu os meios de facilitação de defesa do consumidor (art. 6°, VIII, CDC),
que são os seguintes:
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Direito das Relações de Consumo
A ação civil pública ou a ação coletiva deve, necessariamente, ter por objeto a
tutela de direito difuso, de direito coletivo ou de direito individual homogêneo, que
estão definidos no artigo 81, parágrafo único, CDC:
Outra questão que merece destaque é a legitimação para a ação civil pública.
Têm legitimidade ativa concorrente:
•• o Ministério Público;
•• a União, os estados, os municípios e o Distrito Federal;
•• as entidades e órgãos da administração pública, direta ou indireta,
ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinadas à
defesa dos interesses e direitos protegidos por este Código;
•• as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano, que
incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos
protegidos pelo CDC, dispensada a autorização de assembleia.
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Capítulo 4
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Direito das Relações de Consumo
A coisa julgada nas ações coletivas é tratada no artigo 103, CDC. Nas ações
coletivas de que trata o CDC, a sentença fará coisa julgada diferentemente para
cada tipo de direito, como especifica o quadro a seguir.
Direitos coletivos: a coisa julgada tem efeito ultra partes, limitadamente ao grupo,
categoria ou classe, salvo em caso de improcedência por insuficiência de provas.
Não prejudicam interesses e direitos individuais dos integrantes da coletividade, do
grupo, categoria ou classe.
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Capítulo 4
Os efeitos da coisa julgada, dos quais trata o artigo 16 (combinado com o art. 13, da
Lei 7.347/85), não prejudicarão as ações de indenização por danos pessoalmente
sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista no CDC. Entretanto, se
procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão
proceder à liquidação e à execução, nos termos dos artigos 96 a 99 do CDC.
1 A litispendência caracteriza-se pelo ajuizamento de duas ações que possuam as mesmas partes, a mesma
causa de pedir e o mesmo pedido, como determinam os parágrafos 1º e 2º do art. 301, do CPC.
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Direito das Relações de Consumo
Entre os diversos legitimados para o ajuizamento das ações coletivas, a lei é clara
no sentido de que apenas os órgãos públicos poderão realizar o TAC.
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Capítulo 4
Referências
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do
consumidor e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Leis/L8078.htm>. Acesso em: 17 dez. 2015.
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Considerações Finais
O Direito é uma ciência social, por isso seu desenvolvimento está intimamente
ligado à história da evolução do homem. Conforme se estudou, o fenômeno
consumerista da sociedade moderna contemporânea foram enunciados e postos
em prática pós movimentos revolucionários que eclodiram no século XVIII.
No Brasil, direito do consumidor faz parte da nova categoria de direito que passou
a ser estudada pela doutrina, essa, por sua vez, passou a sedimentar conceitos
e a buscar alternativas para a implantação dessa nova categoria de direitos no
ordenamento jurídico pátrio. Surgiu então, mais especificamente, a necessidade
de se reconhecer a existência de direitos metaindividuais pertencentes a grupos
de pessoas e compartilhados por estas em situações das mais diversas.
Passou-se, então, a estudar este tema, dando ênfase aos interesses difusos
coletivos e individuais homogêneos, tutela coletiva, ação civil pública e a
potencialidade dos direitos difusos.
Muito obrigado!
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Sobre o professor conteudista
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9 788578 177713