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Primeiro Livro
As Últimas Invasões
Capítulo I
Muçulmanos e Húngaros
II. Os Muçulmanos
Dos inimigos que acabamos de enumerar, o Islão era decerto o menos perigoso.
Não que devamos apressar-nos a falar em decadência, a seu respeito. Durante largo
tempo, nem a Gália nem a Itália tiveram algo a oferecer, entre as suas pobres cidades,
que se aproximasse do esplendor de Bagdad ou de Córdova. O mundo muçulmano e o
mundo bizantino exerceram sobre o ocidente, até ao século XII, uma verdadeira
hegemonia econômica: as únicas moedas de ouro que circulavam ainda nas nossas
regiões saíam das oficinas gregas ou árabes, ou então – tal como muitas outras moedas
de prata imitavam-lhes as cunhagens. E se os séculos VIII e IX viram quebrar-se, para
sempre, a unidade do grande califado, os diversos Estados erguidos dos seus destroços
continuavam a ser potências temíveis. Mas daí em diante, tratava-se menos de invasões
propriamente ditas do que de guerras de fronteiras. Deixemos o Oriente, onde os
Basileis das dinastias amoriana e mecedónica (828-1056) penosa e valentemente
procederam à reconquista da Ásia Menor. As sociedades ocidentais apenas se chocavam
com os Estados islâmicos em duas frentes”.
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p. 22: “desde longa data que os árabes foram marinheiros. Dos seus redutos de
África, de Espanha e sobretudo das Baleares, os seus corsários percorria o Mediterrâneo
Ocidental. No entanto, nessas águas que poucos navios percorriam, o ofício de pirata
propriamente dito era pouco rendoso. No domínio do mar, os Sarracenos, como os
Escandinavos na mesma época, viam sobretudo o meio para atingirem o litoral e ái
praticarem frutuosas incursões. Desde 842 que subiam o Ródano até perto de Arles, e
pilhavam as duas margens na sua passagem. A Camargue servia-lhes então de base
normal. Mas em breve um acaso iria proporcionar-lhes, com um ponto de partida mais
seguro, a possibilidade de alargarem consideravelmente as suas pilhagens.
Em data que não podemos precisar, (...) cerca de 890, um pequeno navio
sarraceno, vindo da Espanha, foi lançado pelos ventos contra a costa provençal,
próximo da povoação actual de Aint-Tropez. Os seus ocupantes ocultaram-se durante o
dia e, depois, quando caiu a noite, massacraram os habitantes de uma aldeia vizinha.
Montanhosa e arborizada – chamava-se então de terra dos freixos ou <<Freixedo>>
(Freine)1 – esta parcela de terreno era favorável à defesa”.
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Segundo livro
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1 É o nome cuja lembrança é conservada no nome actual da ladeia de La Garde-Freinet. Mas, situada à
beira-mar, a cidadela dos Sarracenos não se situava em La Garde, que fica no interior.
p. 97: “O homem das duas idades feudais, mais do que nós, estava próximo de
uma natureza que, por sua vez, estava muito menos domesticada e suave. A paisagem
rural (...). Os animais ferozes (...) os ursos, os lobos (...) vagueavam por todos os lugares
desertos e (...) até nos campos cultivados (...) a caça era um meio de defesa (...) e
fornecia (...) alimentação (...). A apanha dos frutos (...) e a recolha do mel continuavam
(...) como nos primeiros tempos da humanidade (...) havia por detrás de toda a vida
social um fundo de primitivismo, de submissão aos elementos indisciplináveis, de
contrastes físicos que não podiam ser atenuados (...). Como pensar (...) que ele não
tenha contribuído para a rudeza daquelas?
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