Dona Dalva, 74 anos, viúva, 8 filhos de parto normal, gaúcha de Tenente
Portela, moradora de Londrina, 2 anos de escolaridade, católica. Reside com uma cuidadora há 10 anos após queda da própria altura ao ir ao posto de saúde aferir a pressão. Refere que naquele dia acordou com muita tontura, que não podia olhar para o lado e pensou que a pressão estivesse alta. Nem bem chegou ao posto e caiu desacordada, sendo auxiliada por transeuntes. Refere que havia tomado um chimarrão de manhã e comido uma cuca com chimia. Foi atendida pelo médico do posto que aferiu a PA 120/80 e o HGT 110. O médico diagnosticou na época como uma crise de labirintite e passou stugeron diariamente. A família, preocupada com a mãe, já que não era a primeira vez que caía (4 vezes no último ano, sendo que uma vez caiu ao estender a roupa no varau), levou- a em um neurologista que pediu uma ressonância magnética de crânio que evidenciou um meningioma em região frontal de 3 cm sem edema ou desvio de linha média. Depois de uma conversa com a família, decidiram pela exérese do meningioma. A cirurgia ocorreu sem intercorrências. Dois meses se passaram e Dona Dalva caiu novamente ao se levantar da cama rapidamente porque estava com muita vontade de urinar. Por sorte não se machucou. Achou que podia ser labirintite e voltou a tomar o stugeron por conta. Após 1 semana, estava lavando a louça, e caiu. A cuidadora chegou na cozinha e encontrou-a com movimentos tônico-clônicos e não responsiva. Chamou o SAMU que a levou ao hospital. A crise convulsiva cessou após fenitoína EV. Fizeram alguns exames: Hemograma Hb 12, leucócitos 15000 com 4% de bastões, plaquetas de 150000. Creatinina : 1,5. Sódio: 140, K: 4,5. Urina 1 com 500.000 leucócitos e 40.000 hemáceas, nitrito positivo. Tomografia de crânio: somente lesão sequelar a retirada do meningioma. EEG: área irritativa em região frontal. Teve alta hospitalar após 7 dias de Ciprofloxacina endovenosa e fazendo uso de fenitoína 100 mg EV de 12/12 horas diariamente. Alguns meses se passaram, Dona Dalva continuou a ter tontura ao se levantar da cama e há uma semana teve um desmaio de curta duração sentada durante o almoço. Levada novamente ao neurologista ele descartou que fosse uma crise convulsiva e orientou que procurasse um geriatra. Ao exame físico: PA sentada: 130/80, PA deitada: 140/70, PA em pé: 100/60. FC 56 bpm. FR 20 rpm. Eupneica, corada, hidratada. SC: sopro carotídeo ++/4 à direita. ST: BR, 2T, com sopro aórtico ejetivo 4+/6. SA : abdômen inocente. MM: edema leve de membros inferiores e varizes. Pulsos pediosos + e simétricos. Roda dentada + e simétrica em mmss. Timed get up and go: 12 segundos.ABVDS 6/6. AIVDS: não sai de casa sozinha por medo de cair.
1)Defina síncope e queda:
Sincope e a perda subita da consciencia, associada a incapacidade da
manutencao do tonus postural, com recuperacao imediata e espontanea, sem requerer cardioversao eletrica ou quimica.
Para a American Geriatrics Society (AGS) e a British Geriatrics Society
(BGS), as quedas são definidas como um contato não intencional com a superfície de apoio, resultante da mudança de posição do indivíduo para um nível inferior à sua posição inicial, sem que tenha havido fator intrínseco determinante ou acidente inevitável e sem perda de consciência.
2)Quais as principais causas de queda?
3)Quais as principais causas de síncope?
4)Quais as prováveis causas de síncope da Dona Dalva?
5)Quais os exames complementares devemos solicitar para chegar aos
diagnósticos?
6)Quais as medidas terapêuticas para que a Dona Dalva não caia mais?