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‘Quem define gênero é a natureza’,

diz futuro ministro da Educação


Ele conversou com a imprensa no início da noite desta
segunda-feira (26), em Londrina, no norte do Paraná,
onde mora com a família.
Por Aline Pavaneli, G1 PR — Londrina
26/11/2018 20h53 Atualizado há 2 minutos

O futuro ministro de Educação do governo de Jair Bolsonaro (PSL),


Ricardo Vélez Rodríguez, disse que “quem define gênero é a
natureza”, ao justificar porque discorda da discussão de gênero em
sala de aula.
Rodríguez falou com a imprensa, pela primeira vez, no início da noite
desta segunda-feira (26), durante uma recepção em homenagem a
ele, na universidade particular em Londrina, no norte do Paraná, onde
trabalha. Ele mora na cidade com a família.
Para o futuro ministro, a discussão de gênero é um pouco abstrata.
"Olha, eu não concordo por uma razão muito simples: quem define
gênero é a natureza. É o indivíduo. Então a discussão da educação de
gênero me parece um pouco abstrata, um pouco geral", declarou.
Ele citou o exemplo do Canadá, onde esteve em julho visitando
parentes. Disse que o país decretou a educação de gênero por lei
federal, mas as províncias autônomas começaram a debater o tema
localmente e algumas, onde o governo é conservador, derrubaram a
lei.
“Então eu acredito que quando consultadas as pessoas onde moram,
enxergando o indivíduo, a educação de gênero é um negócio que vem
de cima para baixo, de uma forma vertical e não respeita muito as
individualidades. A culminância da individualização qual é? A
sexualidade. Então, se eu brigo com um indivíduo, vou brigar com a
sexualidade e vou querer regulamentar a sociedade por decreto, o que
não é bom. Eu acho que é um tiro fora do alvo”, afirmou.
Veja abaixo outros trechos da entrevista
“Escola sem partido”
Sobre o projeto de lei “Escola sem partido”, Rodríguez explicou porque
discorda da doutrinação.
“Eu acho que a doutrinação não é boa ao aluno, nos primeiros anos,
no ensino básico, fundamental, tem que ser educado
fundamentalmente para integrar-se na sua comunidade, no seu país,
que é um país suprapartidário. Não é um partido político que vai fazer
com que o menino, o jovem tenha consciência cidadã”, disse.
O futuro ministro contou que assistiu a uma sessão da Câmara
Federal, quando foi conversar com Bolsonaro, na qual se discutia o
projeto de lei, e pontuou que a discussão está sendo muito aberta.
“Acho que está acontecendo uma discussão muito aberta e vai haver
uma moderação na regulamentação disso. Não acredito que haja
violação dos direitos das pessoas para se exprimirem”, declarou.
Enem
Sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Rodíguez afirmou
que a prova precisa ser preparada com isenção, para que não seja
veículo de disseminação de determinadas posições ideológicas ou
doutrinárias.
“Tem que ser uma prova que avalie realmente os conhecimentos, e
que não obrigue o aluno a assumir determinada posição com medo de
levar ‘pau’. Tem muito aluno que me falou: Professor, eu tento
responder certo, não quero levar ‘pau’ por isso, porque tento
responder o que eu espero que os questionadores, eu respondo”,
detalhou
Perguntado se a prova poderia passar pelo crivo do presidente, ele
respondeu que ninguém vai impedir.
“Se o presidente se interessar, né? Ninguém vai impedir. Ótimo que o
presidente se interesse pela qualidade das nossas provas”, disse.
Universidade pública
Na opinião do futuro ministro, as universidades precisam melhorar a
gestão, com cobrança de eficiência e resultado pessoal.
“Eu acho que a universidade pública tem que permanecer pública.
Mas com uma gestão eficiente, uma gestão em que o cidadão veja
que o que está pagando tem resultado. E nossa estrutura de
universidade pública sai quatro, cinco vezes mais caro que
universidade particular. Precisamos justificar isso perante o eleitorado
que é quem financia”, pontuou.
O futuro ministro da Educação
Rodríguez foi anunciado como ministro da Educação pelo presidente
eleito na última quinta-feira (22). Nascido na Colômbia e naturalizado
brasileiro em 1997, o futuro ministro é autor de mais de 30 obras e,
atualmente, é professor emérito da Escola de Comando do Estado
Maior do Exército.
Rodríguez é mestre em pensamento brasileiro pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ); doutor em
pensamento luso-brasileiro pela Universidade Gama Filho; e pós-
doutor pelo Centro De Pesquisas Políticas Raymond Aron.
Em carta divulgada na sexta-feira (23), Rodríguez afirma que sua
gestão à frente da pasta buscará preservar "valores caros à sociedade
brasileira" que, segundo ele, é "conservadora".
Crítico dos últimos governos do país, Rodríguez disse que é contra
"discriminação de qualquer tipo" e afirmou que, nos últimos anos, a
"instrumentalização ideológica da educação" polarizou o debate sobre
o tema.
A "ideologização" da educação já havia sido criticada por Rodríguez
em um texto publicado no início de novembro.
Na ocasião, escreveu que o órgão responsável pela aplicação do
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) entende as provas "mais
como instrumentos de ideologização do que como meios sensatos
para auferir a capacitação dos jovens no sistema de ensino".
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