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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

ASPECTOS DA RESISTÊNCIA DE BOVINOS AO CARRAPATO


RHIPICEPHALUS (BOOPHILUS) MICROPLUS
BOVINE RESISTANCE TO RHIPICEPHALUS (BOOPHILUS) MICROPLUS TICKS

Biegelmeyer, P.1*, Nizoli, L.Q.2, Cardoso, F.F.3 e Dionello, N.J.L.1

1
Departamento de Zootecnia. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas.
Pelotas, RS. Brasil. *patriciabiegel@gmail.com.br
2
Departamento de Veterinária Preventiva. Faculdade de Veterinária. Universidade Federal de Pelotas.
Pelotas, RS. Brasil.
3
Embrapa Pecuária Sul. Bagé, RS. Brasil.

ADDITIONAL KEYWORDS PALAVRAS CHAVE ADICIONAIS


Adaptability. Cattle production. Genetic impro- Adaptabilidade. Bovinocultura. Marcadores
vement. Molecular markers. moleculares. Melhoramento genético.

RESUMO
O parasitismo pelo carrapato Rhipicephalus increased instances of resistance in ticks to
(Boophilus) microplus em países tropicais e commercially available products show the
subtropicais é associado a grandes quedas nos inefficiency of this method on the long run. Existence
índices de produtividade dos rebanhos. O controle of genetic variability for tick resistance in cattle
convencional do parasita, baseado na utilização indicates the possibility of genetic gains through
de drogas carrapaticidas, há anos vem selection of resistant animals and the use of this
demonstrando sua ineficácia como estratégia de approach as an effective strategy for tick control.
controle a longo prazo, através dos recorrentes The objectives of this study are to summarize
relatos de populações de ectoparasitas resisten- results of previous studies of bovine resistance to
tes às formulações comercialmente disponíveis. the cattle tick, identify non genetic effects on this
A ocorrência de variabilidade genética para characteristic, and describe discoveries in
resistência ao carrapato em bovinos indica a molecular genetics that will help to identify resistant
possibilidade de ganhos genéticos pela seleção animals.
de animais resistentes e o uso desta ferramenta
como estratégia auxiliar no controle efetivo do INTRODUÇÃO
parasita. O objetivo do presente estudo é
apresentar resultados de estudos avaliando a O carrapato bovino Rhipicephalus
resistência de bovinos ao carrapato, identificar (Boophilus) microplus é apontado como
fatores não genéticos que afetam os fenótipos de um dos principais responsáveis por perdas
resistência, e descrever algumas descobertas na econômicas nos sistemas de produção dos
área da genética molecular que poderão auxiliar países tropicais e subtropicais. Os prejuízos
no processo de identificação de animais resis- causados pelo parasita são decorrentes tan-
tentes. to de sua ação direta sobre o hospedeiro,
como anemias provocadas pelo hemato-
SUMMARY fagismo e desvalorização do couro pela
Parasitism by cattle ticks Rhipicephalus ocorrência de lesões e miíases, bem como de
(Boophilus) microplus in tropical and subtropical perdas indiretas relacionadas à transmissão
countries is responsible for decreased livestock dos patógenos responsáveis pela babesiose
production. Conventional control of parasites is e anaplasmose, hemoparasitoses que
based on the use of chemical products, but caracterizam o complexo da Tristeza

Recibido: 14-3-11. Aceptado: 7-11-11. Arch. Zootec. 61 (R): 1-11. 2012.


BIEGELMEYER, NIZOLI, CARDOSO E DIONELLO

Parasitária Bovina. Diminuição na produ- rando grandes despesas com tratamentos


ção de leite e carne e altos custos com ineficazes e necessidade de altos inves-
tratamentos químicos, equipamentos, timentos para descoberta de novas drogas.
instalações e mão de obra contribuem para O uso intensivo de carrapaticidas também
compor o quadro de agravantes deste para- apresenta como limitante de sua utilização a
sitismo. Diferentes formas de controle têm possibilidade de ocorrência de resíduos na
sido propostas, e pesquisas direcionadas à carne, leite e meio ambiente, o que vai de
busca de alternativas de controle são diver- encontro às novas exigências dos merca-
sas. dos consumidores, com demanda crescente
O controle biológico dos carrapatos por alimentos mais saudáveis obtidos
engloba princípios apoiados no con- através de uma produção sustentável e
hecimento da epidemiologia e ecologia ecologicamente correta.
destes ácaros, aliado a técnicas de manejo As limitações apresentadas pelos méto-
dos animais e das pastagens, dificultando a dos de controle atualmente disponíveis
sobrevivência das fases de vida livre do indicam a necessidade de oferecer aos cria-
parasita. Entre as práticas preconizadas dores novas alternativas, mas que ao mesmo
estão a rotação de pastagens, cultivo de tempo não imponham maiores gastos no
espécies forrageiras com ação repelente ou processo de obtenção do produto final. A
carrapaticida sobre as larvas, alternância de resistência genética dos bovinos ao
pastoreio entre ovinos e bovinos, ação de carrapato atende a tais requisitos, podendo
predadores naturais e uso de microorga- ser considerada o fator de maior influência
nismos patogênicos aos carrapatos, como sobre o custo do controle dos parasitas, por
fungos e bactérias (Alves-Branco et al., ser de baixo custo e oferecer benefícios
2000; Sonenshine et al., 2006; Leemon et permanentes.
al., 2008; Samish et al., 2008; Santi et al., Este trabalho objetiva abordar alguns
2009). aspectos da resistência genética de bovi-
Os avanços acumulados nas últimas nos ao carrapato, apresentando evidências
décadas na área da biologia molecular sobre a variabilidade genética observada
permitiram incluir também o controle nos animais, fatores ambientais que podem
imunológico como ferramenta auxiliar no afetar esta característica, bem como
controle do R. (B.) microplus, destacan- considerações sobre o uso de marcadores
dose os trabalhos realizados com o genéticos relacionados à resistência ao
desenvolvimento de vacinas contendo o carrapato em bovinos.
antígeno recombinante Bm86 (Rodríguez
Valle et al., 2004; Willadsen, 2006, 2008; de VARIABILIDADE GENÉTICA DA
la Fuente et al., 2007). Estas vacinas RESISTÊNCIA A RHIPICEPHALUS (B.)
diminuem o número e peso das fêmeas MICROPLUS
ingurgitadas, prejudicando a capacidade
reprodutiva do parasita (Almazán et al., Fatores que afetam o nível de resistência
2010). de bovinos ao R. (B.) microplus são cons-
Historicamente, o método mais explora- tantemente discutidos na literatura, sendo
do de controle do carrapato bovino tem sido o fator raça o que apresenta maior consen-
o químico, baseado na utilização de so entre os autores. A maior tolerância de
princípios ativos que atuam na fase de vida animais Bos indicus quando comparados a
parasitária dos vetores. O uso indiscrimina- Bos taurus é amplamente reportada, e
do de acaricidas tem, entretanto, culminado estudos envolvendo cruzamentos entre
no aparecimento de populações de R. (B.) animais destes grupos apontam, inclusive,
microplus resistentes aos produtos, ge- uma proporcionalidade entre o número de

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RESISTÊNCIA DE BOVINOS AO CARRAPATO RHIPICEPHALUS MICROPLUS

genes zebuínos e o grau de resistência dos às vacas Holandês e a maior às vacas Gir.
hospedeiros (Cardoso, 2000; Santos Jr. et Analisando diferentes grupos genéticos,
al., 2000; Silva et al., 2006a; Ayres et al., Silva et al. (2007) expuseram fêmeas bo-
2009). vinas a quatro infestações artificiais,
As raças zebuínas apresentam maiores atribuindo a menor suscetibilidade a
níveis de resistência quando comparadas a novilhas Nelore, resistência intermediária a
raças crioulas latino-americanas que, por fêmeas Canchim x Nelore, e maior carga
sua vez, são mais tolerantes que as parasitária nos produtos do cruzamento
europeias, apesar de terem se originado entre Angus x Nelore e Simental x Nelore.
destas (Utech et al., 1978a). Mesmo após Ayres et al. (2009) analisaram dados de
repetidas infestações, hospedeiros sus- contagens de carrapatos em bovinos
cetíveis sempre apresentam um maior núme- Braford pertencentes a um programa de
ro de parasitas quando comparados aos melhoramento e verificaram que o número
resistentes (Mattioli et al., 2000). de carrapatos diminuía à medida que a
Em infestações artificiais, onde se tem proporção de genes B. indicus aumentava.
controle sobre o número de larvas que Em um estudo comparativo entre as
infestarão o animal, a resistência de bovi- resistências demonstradas por diferentes
nos aos carrapatos pode ser medida pelo raças de bovinos de corte na Austrália,
percentual de larvas que não conseguem se Frisch e O’Neill (1989) apresentaram a
desenvolver até a fase adulta. Nestas seguinte classificação decrescente:
condições, animais B. indicus apresentam Brahman e Boran (B. indicus indiano e afri-
em torno de 99% de resistência, cruzados cano, respectivamente), Belmont BX
B. indicus x B. taurus têm resistência de (Brahman x Hereford x Shorthorn), Belmont
95-97%, e B. taurus de 85-90% (Utech et al., Red (Africander x Hereford x Shorthorn),
1978a). Belmont Adaptur (Hereford x Shorthorn),
O mecanismo responsável por essa Tuli (B. taurus sul-africano), e Charolês (B.
resistência é um fenômeno complexo e ainda taurus europeu), sendo a última apontada
pouco compreendido. Muitos estudos têm pelos autores como a raça mais suscetível.
associado os fenótipos resistentes a meca- Diferentes níveis de suscetibilidade são
nismos imunológicos adquiridos, após a observados não apenas entre B. indicus e B.
exposição dos animais a infestações taurus, mas também entre raças de mesma
(Kashino et al., 2005). Tal fato foi observa- origem e entre indivíduos de mesmo grupo
do por Wagland (1975) em rebanhos austra- racial. Entre as raças europeias, por exemplo,
lianos das raças Brahman (B. indicus) e bovinos Jersey são apontados como mais
Shorthorn (B. taurus), sem contato prévio resistentes quando comparados a outros
com R. (B.) microplus e submetidos a grupamentos de B. taurus, enquanto na
infestações artificiais. Neste estudo, após raça Brahman, considerada uma das mais
a primeira exposição os dois grupos resistentes entre as zebuínas, cerca de 10%
apresentaram resultados similares quanto dos animais apresentam apenas resistência
ao número de fêmeas adultas do parasita intermediária ao carrapato (Utech et al.,
presente no corpo dos animais. Entretanto, 1978a).
após quatro infestações sucessivas, bovi- A ocorrência de variabilidade genética
nos Shorthorn apresentaram-se significa- demonstra que há potencial para o mel-
tivamente mais infestados que os bovinos horamento desta característica através da
Brahman. seleção de bovinos resistentes, já que as
No Brasil, Veríssimo et al. (2002) com- estimativas de herdabilidade relatadas por
pararam fêmeas das raças Holandês, Gir e diversos autores indicam que a seleção para
mestiças, e atribuíram a menor resistência resistência ao parasita pode ser altamente

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eficiente. Andrade et al. (1998) estimaram e das interações genótipo x ambiente. Con-
uma herdabilidade média de 0,26 para a siderando que parte do ciclo de vida do
contagem de carrapatos em rebanhos Gir, carrapato ocorre no ambiente, as variações
valor próximo dos encontrados por Fraga et quanto aos níveis de infestações
al. (2003) em fêmeas da raça Caracu (h2= apresentados por bovinos podem ser
0,22), e por Machado et al. (2010) em uma atribuídas tanto a fatores genéticos como a
população F2 resultante do cruzamento en- efeitos ambientais, que em combinação
tre animais Gir e Holandês (h2= 0,21). A partir determinam uma maior ou menor carga
de dados de contagens de carrapatos em parasitária nos indivíduos. Tais influências
rebanhos australianos de B. taurus, Henshall devem ser levadas em consideração em
(2004) encontrou uma herdabilidade média estratégias de melhoramento dos rebanhos,
de 0,41. Em bovinos Braford, Cardoso et al. como forma de aumentar a acurácia dos
(2006) observaram herdabilidade de 0,34, valores genéticos preditos dos animais e,
valor acima dos encontrados por Regitano consequentemente, a eficiência do pro-
et al. (2006), Silva et al. (2006b) e Ayres et cesso de seleção para a característica de
al. (2009), que estimaram, respectivamente, resistência.
herdabilidades de 0,15, 0,12 e 0,09 em bovi- Avaliando os fatores ambientais que
nos cruzados. Biegelmeyer et al. (2011), poderiam contribuir para diferentes
analisando a herdabilidade da característi- graus de parasitismo apresentados por
ca de contagem de carrapatos realizada na bovinos, Silva et al. (2006a) verificaram
região do entrepernas e em um dos lados do que o sexo exerceu efeito significativo
corpo de bovinos Hereford e Braford sobre o número de parasitas contados
registraram, respectivamente, valores de 0,16 em animais de diferentes composições
e 0,24. raciais, sendo os machos mais afetados
Na Austrália, onde as condições que as fêmeas. Utilizando bovinos cru-
climáticas são semelhantes às do Brasil, a zados Gir x Holandês, Martinez et al.
seleção genética de bovinos para resistência (2006) também observaram maior
como estratégia de controle do carrapato já suscetibilidade nos machos, o que pode
é utilizada, e experimentos realizados já ser resultado da i nterferência dos
demonstraram a eficiência desta caracte- hormônios sexuais sobre a resposta imune
rística como critério de seleção. Após um desenvolvida por cada categoria.
período de 15 anos de seleção para resistên- Os hormônios sexuais também parecem
cia em um rebanho Australian Illawara estar envolvidos no grau de resistência ao
Shorthorn, Utech e Wharton (1982) relataram carrapato de fêmeas em diferentes estados
que o número de animais com fenótipos de fisiológicos. Utech et al. (1978b) e Fraga et
alta resistência aumentou de 89,2% para al. (2003) observaram em um rebanho da
99%, sem reflexos negativos sobre a raça Caracu que vacas não gestantes foram
produção leiteira, o que sugere a possi- mais resistentes que vacas gestantes. Silva
bilidade de melhoramento simultâneo de et al. (2010) também verificaram efeito do
ambas as características. estádio fisiológico sobre a contagem de
carrapatos em bovinos de quatros grupos
FATORES AMBIENTAIS QUE AFETAM genéticos, relatando maior infestação em
A RESPOSTA IMUNE A OS novilhas prenhes que em novilhas vazias, e
CARRAPATOS maior número de carrapatos em vacas
pluríparas com bezerro que em pluríparas
A expressão das características feno- sem bezerro e primíparas. No final da
típicas de um animal resulta da ação de seu gestação e ao longo da lactação, as fêmeas
conjunto de genes, dos efeitos ambientais tendem a demonstrar maior vulnerabili-

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RESISTÊNCIA DE BOVINOS AO CARRAPATO RHIPICEPHALUS MICROPLUS

dade às infestações, fato que está relacio- Andrade et al. (1998) registraram as maiores
nado ao estresse da gestação e às oscilações infestações durante o outono e as menores
hormonais nestes períodos. Um dos no verão, em animais da mesma raça. Por
hormônios responsáveis por esta queda na outro lado, Fraga et al. (2003) observaram
imunidade é a prolactina, envolvido na que em animais da raça Caracu a maior
produção de leite e que possui certo efeito incidência de carrapatos ocorreu nos meses
depressor sobre o sistema imunológico. De de verão. Silva et al. (2010) também
acordo com Soulsby (1987), o aumento da compararam o efeito da estação do ano
prolactina no período periparto pode cau- sobre o número de carrapatos em bovinos
sar uma imunossupressão de origem de corte, demonstrando que os animais
endócrina, cujo mecanismo ainda não está foram mais suscetíveis no outono e no
completamente identificado. inverno.
Estudando o efeito da idade sobre as Em grande parte do território brasileiro,
infestações, Utech et al. (1978b) compararam o parasitismo por R. (B.) microplus se
fêmeas das raças Australian Illawara manifesta nos rebanhos ao longo do ano
Shorthorn e Brahman submetidas a in- inteiro, em decorrência das condições
festações artificiais, verificando que vacas climáticas propícias ao seu desenvol-
com idade entre três e quatro anos se vimento. Observam-se, no entanto, osci-
mostraram mais resistentes que vacas com lações nas populações do parasita de acordo
cinco a seis anos de idade. Gomes (1992) e com o microclima específico de cada região.
Andrade et al. (1998) verificaram um Desta forma, resultados divergentes quanto
acréscimo linear no número de carrapatos à estação de maior ocorrência destes ácaros
com o aumento da idade dos animais, são absolutamente compreensíveis, visto
enquanto Fraga et al. (2003) relataram efeito que a fase de vida livre destes vetores é
quadrático desta variável, demonstrando altamente influenciada pelo ambiente, prin-
que os animais mais velhos e os mais jovens cipalmente pela temperatura e umidade.
foram mais resistentes quando expostos Maiores populações de R. (B.) microplus no
naturalmente ao parasita. Bezerras de dife- verão poderiam ser explicadas pelo maior
rentes grupos genéticos infestadas natu- estresse térmico ao qual os animais são
ralmente no estudo de Silva et al. (2010) submetidos, enquanto o aumento de
também apresentaram menor carga para- carrapatos no outono pode ser atribuído à
sitária que as novilhas, o que possivelmen- resposta fisiológica do hospedeiro ao
te está associado à imunidade passiva ad- encurtamento do fotoperíodo, que prejudica
quirida pelos anticorpos colostrais. Este é a capacidade imunológica dos bovinos
um importante fator ambiental a ser con- (Oliveira et al., 1989). A disponibilidade
siderado na prospecção dos níveis diferenciada de forrageiras de qualidade
populacionais de R. (B.) microplus em ao longo do ano também pode afetar,
animais de diferentes faixas etárias, pois indiretamente, o nível de resistência dos
pode, por exemplo, induzir a estimativas animais, visto que as deficiências nutri-
subestimadas dessas populações em bovi- cionais estão relacionadas a quedas na
nos jovens. imunidade dos animais.
O efeito da época do ano sobre o grau de
infestação pelo carrapato é descrito por MARCADORES MOLECULARES E
diversos trabalhos, que apresentam resul-
RESISTÊNCIA
tados variados. Gomes (1992), em uma
população de bovinos da raça Gir, Os novos focos de pesquisa possi-
descreveu a ocorrência dos picos das bilitados pelos avanços na biologia mole-
infestações durante o inverno, enquanto cular nos últimos anos consolidaram a

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importância do melhoramento genético marcadores disponíveis comercialmente


como forma de aumentar a produtividade para a espécie bovina estão associados
dos rebanhos. Os procedimentos clássicos principalmente a características de desen-
de avaliação, que consideram os fenótipos volvimento ponderal, como pesos e ganhos
individuais e de indivíduos aparentados, de peso em diferentes idades. A despeito da
hoje já podem ser assistidos por informações importância assumida pelos transtornos
obtidas diretamente do material genético causados pelo parasitismo por R. (B.)
dos animais, através dos marcadores microplus, ainda existem poucos resulta-
moleculares. Considerando que a identi- dos sobre marcadores para resistência a
ficação de genótipos de resistência a este ectoparasita, o que pode ser explicado
ectoparasitas através de métodos quan- pela dificuldade de identificação em larga
titativos convencionais depende da escala de indivíduos resistentes, e pelo fato
exposição prévia dos animais a infestações, de se tratar de um problema expressivo ape-
o que pode acarretar prejuízos aos candida- nas em países de climas tropicais e
tos à seleção, a seleção genômica para subtropicais.
resistência se mostra como uma poderosa A identificação de QTLs no DNA pode
ferramenta auxiliar aos atuais programas de ser baseada nos chamados genes candida-
melhoramento, pois possibilitaria antecipar tos, através da detecção de polimorfismos
a escolha dos genótipos superiores, sem a em genes diretamente relacionados à carac-
necessidade de exposição dos animais aos terística de interesse, ou no mapeamento
carrapatos. genético. O mapeamento genético busca
A maioria das características de determinar polimorfismos relacionados a
interesse econômico na pecuária é contro- regiões genéticas de interesse, mesmo que
lada por muitos genes de pequeno efeito o gene responsável pelo fenótipo desejável
individual, que estão sujeitos a influências seja desconhecido (Womack, 1993). Um dos
ambientais. No entanto, alguns estudos já tipos de marcadores moleculares mais poli-
sugeriram a ocorrência de genes de efeitos mórficos utilizados atualmente são os
maior para resistência ao carrapato, que microssatélites, formados por uma se-
poderiam ser explorados no processo de quência de até seis nucleotídeos repetidos
seleção de animais resistentes. Um destes em tandem. Os avanços tecnológicos e o
genes foi identificado em bovinos da raça recente sequenciamento do genoma bovino
sintética Adaptur, produtos do cruzamento disponibilizaram nos últimos anos outra
entre Hereford e Shorthorn. De acordo classe de marcadores, denominados SNPs
com Frisch (1994), vários anos de seleção (Single Nucleotide Polimorphisms), que
demonstraram que o número médio de constituem polimorfismos em um único par
parasitas em animais com 0, 1 ou 2 cópias de bases, muito úteis na construção de
do gene foi de 128, 36 e 7, respectivamente, mapas genéticos de alta resolução devido
demonstrando a potencialidade da utili- a sua alta frequência e distribuição
zação de genes de grande efeito. homogênea ao longo de todo o genoma
Os segmentos cromossômicos que (Bovine Genome Sequencing and Analysis
controlam as características quantitativas, Consortium, 2009; Li et al., 2009).
como a resistência a ectoparasitas, são de- Entre os genes mais estudados do siste-
nominados Quantitative Trait Loci (QTLs). ma imunológico e associados à resistência
As pesquisas no campo da genômica apli- dos hospedeiros estão os genes do complexo
cada à produção animal têm constante- maior de histocompatibilidade (bovine
mente divulgado resultados de QTLs e lymphocyte antigen - BoLA). Localizados
polimorfismos em genes relacionados a ca- no cromossomo 23, estes genes codificam
racterísticas de interesse econômico. Os glicoproteínas de superfície celular que

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atuam como receptores nas células e os dados das análises de expressão de


apresentadoras de antígenos, acoplando e genes para resistência na pele de bovinos
apresentando peptídeos antigênicos para das raças Brahman e Holandesa realizadas
os linfócitos T, responsáveis pelo início da por Piper et al. (2008), e indentificaram que
resposta imune (Tizard, 2008). Desta forma, ambos os trabalhos apresentaram regiões
variações nos genes de classe I e II deste genômicas em comum nos cromossomos
complexo poderiam influenciar a capacidade Bos taurus (BTA) de número 2, 10, 13 e 19,
imune dos animais (Takeshima e Aida, incluindo 20 genes.
2006), e os mecanismos de resistência e Os genes que contribuem para os
desenvolvimento da resposta imunológica fenótipos de resistência ainda não estão
poderiam ser elucidados a partir da com- completamente descritos, e muitos trabalhos
preensão da expressão destes genes. já foram conduzidos no sentido de elucidar
Avaliando rebanhos leiteiros mistos, questões relativas tanto à imunidade inata
Martinez et al. (2004) encontraram relação do hospedeiro (Moraes et al., 1992; Andrade
significativa entre a contagem de carrapatos et al., 1998; Turni et al., 2002; Veríssimo et
e os alelos 10 e 42 do gene BoLA-DRB3.2. al., 2002; Fraga et al., 2003) como à
Associações entre a resistência e marcado- imunidade adquirida após exposições ao
res microssatélites na região de classe II do carrapato (Bechara et al., 2000; Szabó et al.,
gene BoLA também foram relatadas por 2003; Kashino et al., 2005; Skallová et al.,
Acosta-Rodríguez et al. (2005), Martinez et 2008; Piper et al., 2008, 2009, 2010; Carvalho
al. (2005, 2006) e Untalan et al. (2007). et al., 2008, 2011). Considerando os resulta-
Estudos desenvolvidos por Gasparin et dos obtidos pelas pesquisas com marcado-
al. (2007), Regitano et al. (2008) e Machado res moleculares, Lôbo et al. (2010) destacam
et al. (2010) buscaram identificar QTLs para que a próxima fase no processo de
resistência ao carrapato em animais Gir x compreensão dos mecanismos genéticos
Holandês através da varredura do genoma envolvidos na expressão da resistência será
com marcadores microssatélites, detectan- a identificação dos genes responsáveis
do QTLs nos cromossomos 2, 5, 7, 10, 11, 14, pelos efeitos apresentados pelos QTLs
23 e 27. Recentemente, Porto Neto et al. mapeados.
(2010a, 2011) confirmaram a ocorrência de
QTLs nos cromossomos 3 e 10. Em um CONSIDERAÇÕES FINAIS
estudo de associação do genoma utilizan-
do SNPs realizado por Barendse (2007), um Os diferentes níveis de suscetibilidade
grande número de polimorfismos de base de bovinos ao carrapato R. (B.) microplus
única associados à característica de indicam diferenças nos mecanismos
resistência ao R. (B.) microplus foi observa- imunológicos desenvolvidos pelos
do em diversas regiões genômicas. Também hospedeiros em resposta ao parasita. A
em um estudo de associação com SNPs, compreensão destes mecanismos e a
Turner et al. (2010) demonstraram a identificação de genes envolvidos na
ocorrência de uma baixa correlação entre os resistência são pontos chave tanto para os
efeitos dos alelos envolvidos com a programas de melhoramento bovino atuais,
produção de leite e a contagem de carrapatos, cada vez mais assistidos por metodologias
indicando que uma seleção pela caracterís- de análise molecular, como para a descoberta
tica de resistência provavelmente não de novos antígenos com capacidade
prejudicaria a produção leiteira do rebanho. imunoprotetora, capazes de otimizar as
Porto Neto et al. (2010b) utilizaram a vacinas já disponíveis.
metanálise para combinar os resultados dos A tecnologia dos marcadores genéticos
estudos de associação de Turner et al. (2010) aumenta as expectativas depositadas sobre

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a seleção de bovinos resistentes como valores genéticos, contornando os efeitos


estratégia de controle do carrapato, pois exercidos pelo ambiente sobre os fenótipos
possibilitará a identificação mais precoce e de resistência. Tais efeitos devem ser con-
pontual dos animais geneticamente supe- siderados nos métodos quantitativos
riores. A classificação dos indivíduos com clássicos de avaliação genética, como for-
base na avaliação direta de seu genótipo ma de possibilitar uma maior confiabilidade
aumentará a acurácia das estimativas dos nos parâmetros estimados.

BIBLIOGRAFIA
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