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Unidade de vizinhança de Brasília: uma releitura de seu significado,

limites e possibilidades1

Maria de Fátima M. Mariani2


IESPLAN - Brasília-DF

Resumo
O objetivo deste artigo foi analisar as configurações relativas a limites e/ou
possibilidades da unidade piloto de vizinhança. Ancorou-se na literatura existente sobre
a história de Brasília e a experiência de unidade de vizinhança no projeto urbanístico de
Lúcio Costa. Dentre os conceitos significativos no debate acerca das superquadras
residenciais de Brasília estão “isolamento” e “exclusão” na relação com preservação da
intimidade e tranquilidade de habitar. Limitações e possibilidades integram a
experiência de unidade de vizinhança em Brasília na opinião de sujeitos que convivem
na superquadra. Dentre os limitadores destacam-se espaços vagos em dias de feriado e
no final de semana, violência, falta de estacionamento, grande barulho, grande
mobilidade de carros e pedestres em função dos eventos no eixo principal. Por outro
lado, as escolas públicas, estação de metrô, proximidade de unidades de saúde pública e
particular, comércio, locomoção e oportunidade de trabalho destacam-se como aspectos
favoráveis. O artigo permitiu compreender com mais clareza o conceito de unidade de
vizinhança e sua relação com a cidade de Brasília, bem como serviu de incentivo para
continuar pesquisando a respeito do tema.

Palavras- Chave: unidade de vizinhança, superquadras de Brasília, urbanismo


moderno.

Introdução
O plano piloto de Brasília foi projetado com setores bem definidos para atender
seus habitantes. Com base no modelo racional de Le Corbusier priorizaram-se as
superquadras que constituiriam as unidades de vizinhança.
A ideia de desenvolver no Brasil uma arquitetura residencial que oferecesse aos
usuários os serviços básicos, poupando-os de deslocamentos longos, ocorre a partir da
década de 1940. Em 1950 a ideia das unidades de vizinhança fica em evidência com a
construção de Brasília.

1
Artigo apresentado em Planejamento Urbano – Arquitetura e Urbanismo – IESPLAN. Data de edição:
20 de novembro 2017
2
Mestre em Psicologia pela UCB, Professora da SEEDF, acadêmica do curso de Arquitetura do
IESPLAN-DF – E-mail: fatimariani12@gmail.com.
1
O que significa unidade de vizinhança? Como se configura hoje a unidade de
vizinhança na opinião dos sujeitos que convivem na SQS 108 e 308? Quais aspectos se
consideram relevantes discutir ?
Com base nestas questões o presente artigo busca compreender o significado de
unidade de vizinhança na opinião dos sujeitos que nela convivem, focando os aspectos
destacados como limitadores e favoráveis à vida n esse modelo de habitar.
A primeira parte do artigo discorrerá sobre a definição do conceito,
características das edificações e as primeiras aplicações da unidade de vizinhança. Em
seguida serão pontuados os aspectos do projeto urbanístico de Lúcio Costa para o plano
piloto, onde estão situadas as superquadras, com destaque para o projeto piloto situado
na Asa Sul. Será feita uma breve análise da literatura existente e análise crítica dos
aspectos destacados.

Unidade de vizinhança, conceito e existência


O modelo de unidade de vizinhança é experimentado em outras cidades do
Brasil mesmo antes da construção de Brasília. No caso de Goiânia, em 1936 a 1938, o
arquiteto urbanista Armando Augusto de Godoy projeta o setor sul da cidade, tendo por
referência Radburn, projetada por Clarence Stein, em 1928 em Nova Jersey, Estados
Unidos (REGO, 2017).
Por sua vez, Clarence Stein e Henry Wright se inspiram nos princípios de cidade
jardim de Ebenezer Howard. No final do século XIX. Howard idealizou para a
Inglaterra cidades livres da poluição e em perfeita harmonia com o campo. A
comunidade de Radburn , nos Estados Unidos, foi construída na era automobilística e
vem materializar o projeto de unidade de vizinhança de Clarence Perry.
Sendo assim, o conceito de unidade de vizinhança é atribuído a Clarence Perry
no plano regional de Nova York, em 1929. A ideia de unidade de vizinhança
compreende um setor urbano para atender de maneira orgânica a população; uma escola
primária próxima, onde as crianças pudessem ir caminhando, livre de tráfego; e um
parque e área de lazer, lojas para atender o conjunto residencial.

Unite d' Habitation / Le Corbusier


O conceito de unidade de vizinhança de Clarence Perry tornou-se conhecido e
valorizado pelos arquitetos modernistas, dentre os quais Le Corbusier. A partir do III
Congresso Internacional de Arquitetura Moderna as unidades de vizinhança

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apresentam-se como solução inovadora para a questão habitacional. A Carta de Atenas,
que resultou das discussões do IV CIAM e tem Le Corbusier como seu defensor, vai
incorporar o conceito a seus princípios de urbanismo (SCHERER, 1993).
A experiência de unidade de habitação em Marselha, é uma das mais
significativas experiências de unidade de vizinhança na França. Projeto de Le Corbusier
de 1952, a Unite d’ Habitation foi uma solução urbanística para atender em grande
escala uma população dilacerada pelos efeitos da Segunda Guerra Mundial, dentre os
quais o déficit habitacional.
Le Corbusier criou uma “cidade-jardim-vertical” onde os moradores pudessem
levar uma vida privada e coletiva sem ter que se deslocar a longas distâncias para fazer
compras, divertir-se, levar o filho à escola. A unidade de habitação foi construída para
atender até 1600 moradores distribuídos nos dezoito pavimentos (KROLL. 2016).
Comparado com “uma cidade dentro da cidade” o complexo habitacional de
Marselha é todo em concreto aparente, o terraço é composto por pista de corrida, um
clube, um jardim de infância, um ginásio e uma piscina rasa. Lojas, instalações médicas,
e um pequeno hotel fazem parte da edificação.
Ademais, a unidade habitacional de Marselha prioriza os cinco pontos da
arquitetura brutalista de Le Corbusier que vão influenciar os blocos residenciais
projetados por Lúcio Costa no Plano Piloto de Brasília, a saber:
 Edificação sobre pilotis o que favorece a circulação, paisagismos e
espaço de convivência debaixo do prédio;
 Terraço jardim com sua funcionalidade coletiva;
 Planta livre
 Fachada livre
 Janela em fita que destaca a horizontalidade da edificação.

Sobre o projeto urbanístico e suas diversidades


A unidade de vizinhança, conhecida como projeto piloto de Lúcio Costa, foi
definida com a seguinte composição: superquadras de blocos residenciais, comércio,
Igreja, o clube de vizinhança, cinema, posto de saúde, biblioteca, delegacia e complexo
educacional com jardim de infância, escola-parque e escola-classe. Esse último
integrava a filosofia e a proposta educacional de Anísio Teixeira (VASQUES, 2015).
A exemplo da “cidade-jardim–vertical” de Le Corbusier, propiciar a vida no
local de morar, diminuindo o tráfego e a locomoção a longas distâncias foi aspecto

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relevante do projeto urbanístico de Lúcio Costa. A superquadra seria, então, a área de
domínio dos pedestres, escreve Vasques (2015), e o automóvel um integrante da
intimidade e aconchego das pessoas, como que “domesticado”.
Lúcio Costa pensou Brasília como uma “cidade-parque” e propôs um espaço em
que os habitantes não dependessem do automóvel para ir à padaria, à escola, ao posto de
saúde e demais unidades de serviço. Modelo esse que se aproxima, também, da
organicidade do setor urbano de Clarence Perry.
Pessoas caminhando livremente nas superquadras, o encontro, a conversa entre
os passantes tudo isso lembraria as cidades interioranas que ainda guardam este estilo de
vida e o objeto mesmo era resgatar os princípios da cidade tradicional. As superquadras
estão situadas ao longo do eixo rodoviário e os elementos básicos, tais como comércio
local, igreja, escolas, clube de vizinhança, posto policial, biblioteca e agência de correio
constituem o conjunto de quatro superquadras.
Vasques (2015) destaca que apenas as superquadras 107, 307, 108 e 308 Sul
atenderam aos requisitos propostos pelo urbanista pioneiro até então:
“(...) apenas uma Unidade de Vizinhança ficou completa, com todos os
equipamentos previstos no projeto original – o conjunto formado pelas
Superquadras 107, 307, 108 e 308 Sul, construídas nos primeiros momentos de
Brasília. As demais estão incompletas e não contam com os equipamentos
comunitários previstos, a não ser o comércio local, sendo frequentes também as
igrejas. Cinemas e Clubes de vizinhança, por exemplo, só existem na citada
Unidade da Asa Sul. Escolas-Classe são bem mais frequentes que Jardins de
Infância e Escolas-Parque” (p. 59).

Vale salientar que os terrenos destinados a compor as unidades de vizinhança,


muitos continuam vagos. Também integram as unidades de vizinhanças restaurantes que
não foram construídos. Os terrenos vagos entre as superquadras são elementos
polêmicos na ocupação do solo da cidade. Aqueles destinados aos RUVs (restaurantes
de unidade de vizinhança) já foram vendidos, assinala Vasques (op. cit.), alguns
edificados e outros ainda podem surgir.
Aspecto comum de quem visita Brasília é considerar que todas as quadras são
iguais. Além da diferença na topografia cujos desníveis são características de algumas
quadras há diferenças também nas modulações dos blocos. Em algumas quadras os

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desníveis são vencidos com desníveis com degraus no trajeto. Esse aspecto é perceptível
na SQS 308 onde foi edificada uma praça.
Em outras superquadras o piso térreo elevado do chão exigiu instalação de
rampas e guarda-corpo. Em outros o gradeamento foi permitido contra o risco de
acidentes nos vãos elevados sobre as garagens.
Na análise das diferenças existentes há de se de levar em conta que Lúcio Costa
não foi o único arquiteto a desenhar o plano urbanístico das superquadras. Outros
arquitetos de diversas gerações desenharam seus planos urbanísticos e deixaram suas
marcas (VASQUES, 2015)
À medida que foram surgindo novas superquadra as diferenças nas modulações
foram sendo notadas. Apenas as que foram construídas no começo da construção da
cidade, em 1960 e 1970, guardam semelhanças. As diferenças já eram previstas no
plano urbanístico, devendo ser respeitada a taxa de ocupação.3
No Relatório do Plano Piloto de 1957, Lúcio Costa sinaliza que em cada
superquadra os blocos poderiam dispor de modo diferente. Contudo, ao menos dois
princípios básicos teriam que ser mantidos: “gabarito máximo uniforme, talvez seis
pavimentos e pilotis, e separação do tráfego de veículos do trânsito de pedestres” (Lúcio
Costa, Relatório do Plano Piloto, 1957, apud.. VASQUES, 2015, p. 42). A figura 1
mostra um croqui da superquadra de Brasília.

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A taxa de ocupação é cerca de 15% em cada superquadra medindo cerca de 280 metros por 280
metros, circundada por um cinturão verde tendo blocos residenciais com três ou seis pavimentos sobre
pilotis livres. No lugar de lotes, projeções. “O restante seriam espaços livres com apenas pequenos
equipamentos comunitários, como os parquinhos, quadras de esporte, além de Jardins de Infância e
Escolas-Classe” (VASQUES, 2015, p.57).

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Figura 1 - Croqui da Superquadra de Brasília, elaborado por Lucio Costa e constante do
Relatório do Plano Piloto (Arquivo Público do Distrito Federal, apud. FERREIRA,
2008, p. 13.).

Em outro momento o urbanista não se opõe a intervenções arquitetônicas nas


superquadras dentro da pertinência e necessidade com ampla liberdade dos arquitetos.
E novamente reforça a necessidade de respeitar o controle do gabarito, taxa baixa de
ocupação, renque de árvores em volta da superquadra (Lúcio Costa, em Senado Federal,
1974, apud. VASQUES, 2015, p. 43) .
Na forma dos blocos residenciais são marcantes os cinco pontos da arquitetura
moderna de Le Corbusier, destacando as janelas em fita e pilotis. Contudo, as diferenças
vão se acentuando na medida da edificação de novas superquadras. As novas
modulações são compostas de sacadas e ganham volumes na cobertura. Isso é visível
em especial na Asa Norte.
As transformações ocorrem também no tráfego dentro das superquadras, onde é
perceptível maior circulação de veículos e superlotação nos estacionamentos no interior
de algumas superquadras. Tais mudanças mudam a configuração original da unidade de
vizinhança, interferindo também na paisagem.
A diversidade também é observada na percepção das pessoas que vivem ou
trabalham na quadra. Na experiência de conviver na unidade de vizinhança limites e
possibilidades são construídos a partir da história de cada sujeito e na sua relação com a
unidade de vizinhança, a seguir.

As configurações atuais
A unidade de vizinhança sobrevive desde a fundação de Brasília e já é palco de
três a quatro gerações desde os primeiros funcionários públicos que vieram transferidos
de suas cidades de origem. As superquadras edificadas e povoadas por pessoas, não só
as que habitam, mas também as que transitam, trabalham, estudam, passeiam ou visitam
segue construindo o seu devir.
Assim, limites e possibilidades integram a experiência de unidade de
vizinhança em Brasília na opinião de sujeitos que convivem na superquadra. Dentre os
limitadores destacam-se espaços vagos em dias de feriado e no final de semana,
violência, falta de estacionamento, grande barulho em decorrência dos bares próximos,
grande mobilidade de carros e pedestres em função dos eventos no eixo principal.

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Por outro lado, as escolas públicas, estação de metrô, proximidade de unidades
de saúde pública e particular, comércio, locomoção e oportunidade de trabalho
destacam-se como aspectos favoráveis. Ou, como sintetizou o urbanista Lúcio Costa,
“Brasília é, de fato, uma síntese do Brasil com seus aspectos positivos e
negativos, expressando assim, ao vivo, as contradições da sociedade brasileira.
E se lá o contraste avulta, isto decorre simplesmente da circunstância da cidade
ter nascido para ser a capital do país, ou seja, para ter a presença simbólica
não apenas agora, mas amanhã e sempre, já que a vida das capitais conta-se
por centúrias” (Depoimento registrado em texto de 1º de janeiro de 1990,
constante da folha nº 6 do processo de tombamento federal, Proc. nº 1.305-T-90,
apud.. VASQUES, 2015, p. 28).

A superquadra é diferente de um condomínio, assinala Maria Elisa Costa, filha


do urbanista Lúcio Costa, pois a quadra é pública e não pertence ao morador. Transitar
debaixo dos blocos não é pra ser motivo de constrangimento nem pra quem mora, nem
para quem está de passagem. A presença do porteiro, pilotis livres, ausência de cercas
são características comuns das superquadras como mostra a transcrição, a seguir:
“O chão é público – os moradores pertencem à quadra, mas a quadra não lhes
pertence – e é esta a grande diferença entre superquadra e condomínio. Não há
cercas, nem guardas, e, no entanto, a liberdade de ir e vir não constrange nem
inibe o morador de usufruir de seu território, e a visibilidade contínua
assegurada pelos pilotis contribui para a segurança” . (Maria Elisa Costa e
Adeildo Viegas de Lima, Brasília 57/85: do plano-piloto ao Plano Piloto, 1985,
apud VASQUES, 2015, p. 36).

No entanto, alguns aspectos da unidade de vizinhança já não se conservam,


dentro dos princípios constituintes defendidos por Lúcio Costa. Aspecto corriqueiro
hoje em dia são as barreiras criadas em torno dos blocos. O depoimento de uma
moradora da superquadra há mais de 40 anos reflete bem o significado do pilotis e os
desdobramentos das intervenções particulares na área residencial:
“(...) o pilotis sem barreiras propicia franco acesso visual e de pedestres no
térreo, assim permitindo associação de habitantes e forasteiros, condicionada à
continuidade do espaço público e fluidez do movimento de quaisquer passante”
(VASQUES, ibid. p., 63).

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A moradora questiona as barreiras que tiram a originalidade da unidade de
vizinhança e interferem na sua funcionalidade.:
“(...) há poucos ‘pilotis genuínos’ porque a maioria dos blocos residenciais se
isolou mediante desníveis, grades e cercas vivas construídas por condôminos
ciosos de suas propriedades. Como resultado, pouco se ‘dispõe do chão’ na
superquadra e as ‘faixas sombreadas para passeio e lazer”

Para Ferreira & Gorovitz (2008) “as transgressões”, cada vez mais recorrentes
no espaço de unidade de vizinhança, na área residencial ou comercial, estão vinculadas
às raízes do patriarcado brasileiro. O patrimonialismo tradicional continua em evidência
e a noção de domínio público e privado ainda gera muita confusão no imaginário social.
Desse modo, escrevem:
O desequilíbrio se revela nas transgressões cada vez mais frequentes a
integridade do projeto, a desconsideração e apropriação indevida dos espaços
públicos privatizando-os nas superquadras pelo fechamento e cerramento dos
pilotis e reformas que particularizam os blocos em detrimento da identidade e
unidade da quadra (FERREIRA e GOROVITZ, 2008, p. 28).

O desenho arquitetônico por se só não foi capaz de superar essas e tantas outras
dicotomias e surge o mito do “lugar fantasia”, utópico. Contudo, não analiso a unidade
de vizinhança por esse viés e sim pela boa arquitetura. Não creio que a forma impeça o
morador de rua ocupar as marquises vagas na área comercial ou posto policial
desativado. Tampouco limitar a sociabilização, atividades para suprir as necessidade
cotidianas ao local onde se habita. Quem habita, quem vive são pessoas dotadas de
intenções, sentimentos e por isso plasticidade.
Embora exista a crítica de que a generosidade da arquitetura de vizinhança fica
restrita ao Plano Piloto e não acolhe a expressiva população das demais localidades, as
superquadras não tem como ficar à margem da trama social. E aí me reporto a Michel
de Certeau (2005) com as maneiras de viver no cotidiano. O cotidiano é reinventado a
cada momento e isso se configura ”nas artes de fazer, morar e cozinhar”. O cotidiano
também é palco de lembranças, de relatos.
As superquadras tem essa característica de reinventar o cotidiano - os espaços
vagos geram desconforto e ao mesmo tempo possibilidades. No caso das superquadras

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sul 107, 307, 108, 308, enquanto a praça fica vazia, o encontro e a aglomeração de
pessoas acontecem ao longo do meio fio do estacionamento da Igrejinha.
Ali tem o cachorro-quente que está entre os sete melhores de Brasília. Concorre
um food trucs árabe na outra extrema da Igrejinha. Os dois pontos de lanches funcionam
à noite – horário variando das 18h à 1h e 30. Em dias alternados, ambulantes de
hortigranjeiros se instalam no gramado entre os blocos e no sábado, uma feira livre de
produtos orgânicos atrai moradores e pessoas que passam pela quadra, figura 2, a
seguir.

Figura 2 – Feira de hortigranjeiros da SQS 309 (Arquivo pessoal)

Conclusão
O artigo permitiu compreender com mais clareza o conceito de unidade de
vizinhança e sua relação com a cidade de Brasília, bem como serviu de incentivo para
continuar pesquisando a respeito do tema.
A política de desenvolvimento urbano que visa o bem-estar da população requer
cidades planejadas e alinhadas com a defesa do meio ambiente e da qualidade de vida
de seus habitantes.
Nos grandes centros a mobilidade tornou-se um problema que cresce a cada dia.
As unidades de vizinhança surgiram na tentativa de tornar a vida dos habitantes mais
independente e delimitaram os espaços de acordo com suas funções.

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Todo ordenamento urbano tem seus prós e contras, com as unidades de
vizinhança não poderia ser diferente. As cidades são feitas de pessoas e as necessidades
mudam. Assim, o projeto urbano de Lúcio Costa tem mostrado que não é estanque e
vem sofrendo adaptações, a exemplo das rampas e outros elementos para atender às
demandas de mobilidade.
Por outro lado, há as intervenções que se configuram como violações do
ordenamento urbano proposto, muitas vezes com o apoio da coletividade. A educação, a
mobilização social, a gestão responsável das competências são necessárias para
desenvolver o sentimento de co-responsabilidade com as questões do lugar onde vive.

Referências
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano – 1. Artes de fazer. São Paulo:
Editora Vozes, 2005.

KROLL, Andrew. Clássicos da Arquitetura: Unite d' Habitation /LeCorbusier.


(Tradução Eduardo Souza. Data de publicação 14 de março de 2016. Disponível em:
<https://www. archdaily.com.br/br/783522/classicos-da-arquitetura-unidade-de-Habita
ção- le-corbusier>. Acessado em: 5/11/2017.

FERREIRA, Marcílio Mendes e GOROVITZ, Matheus. A invenção da superquadra.


Brasília: Iphan, 2008.

REGO, Renato Leão. Unidade de vizinhança: um estudo de caso das transformações de


uma ideia urbanística. Urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal
of Urban Management), 2017 set./dez., 9(3), 401-413.

SCHERER, Rebeca. Apresentação. In.: Le Corbusier. A carta de Atenas: versão de Le


Corbusier [tradução de Rebeca Scherer]. São Paulo: Hucitec-EDUSP, 1993.

VASQUES, Claudia Marina et al. Superquadra de Brasília: preservando um lugar


de viver. IPHAN, Brasília, 2015.

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