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I- Introdução
tomar a iniciativa de lhe dar um beijo. Numa ocasião, ao fim de uma sessão,
surgiu nela um desejo semelhante a meu respeito. Ela ficou horrorizada com
isso, passou uma noite insone e, na sessão seguinte, embora não se
recusasse a ser tratada, ficou inteiramente inutilizada para o trabalho. Depois
de eu haver descoberto e removido o obstáculo, o trabalho prosseguiu e, o
desejo que tanto havia assustado a paciente surgiu como sua próxima
lembrança patogênica, aquela que era exigida pelo contexto lógico imediato.
O que aconteceu, portanto, foi isto: o conteúdo do desejo apareceu, antes de
tudo, na consciência da paciente, sem nenhuma lembrança das circunstâncias
contingentes que o teriam atribuído a uma época passada. O desejo assim
presente foi então, graças à compulsão a associar que era dominante na
consciência da paciente, ligado a minha pessoa, na qual a paciente estava
legitimamente interessada; e como resultado dessa mésalliance — que
descrevo como uma “falsa ligação” — provocou-se o mesmo afeto que forçara
a paciente, muito tempo antes, a repudiar esse desejo proibido. Desde que
descobri isso, tenho podido, todas as vezes que sou pessoalmente envolvido
de modo semelhante, presumir que uma transferência e uma falsa ligação
tornaram a ocorrer.
É impossível concluir qualquer análise a menos que saibamos como enfrentar
a resistência que surge por essas três maneiras. Mas podemos encontrar um
meio de fazê-lo se resolvermos que esse novo sintoma produzido com base no
modelo antigo, deve ser tratado da mesma forma que os sintomas antigos.
Nossa primeira tarefa é tornar o “obstáculo” consciente para o paciente.
A técnica da pressão jamais deixou de nos trazer de volta esse momento.
Quando o obstáculo era descoberto e demonstrado, a primeira dificuldade era
removida do caminho. Mas persistia outra maior, que estava em induzir a
paciente a produzir informações que dissessem respeito a relações
aparentemente pessoais e onde a terceira pessoa coincidisse com a figura do
médico.
A princípio, fiquei muito aborrecido com esse aumento de meu trabalho
psicológico, até que percebi que o processo inteiro obedecia a uma lei; e então
notei também que esse tipo de transferência não trazia nenhum aumento
significativo para o que eu tinha de fazer. Para a paciente, o trabalho
continuava a ser o mesmo: ela precisava superar o afeto aflitivo despertado por
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ter sido capaz de alimentar aquele desejo sequer por um momento; e parecia
não fazer nenhuma diferença para o êxito do tratamento que ela fizesse desse
repúdio psíquico o tema de seu trabalho no contexto histórico, ou na recente
situação relacionada comigo.
Aos poucos, também os pacientes aprenderam a compreender que nessas
transferências para a figura do médico tratava-se de uma compulsão e de uma
ilusão que se dissipavam com a conclusão da análise. Creio, porém, que se
lhes tivesse deixado de esclarecer a natureza do “obstáculo”, eu simplesmente
lhes teria dado um novo sintoma histérico — embora, é verdade, mais brando
— em troca de outro que fora espontaneamente gerado...
No “pós - escrito” deste trabalho o termo transferência é repetido pela segunda
vez, tendo sido conceituado como “novas edições revistas ou fac símiles de
impulsos e fantasias, passando a considerá-lo uma necessidade”.
Se o presente caso clínico parece tão privilegiado no que tange à utilização dos
sonhos, em outros aspectos se revelou mais precário do que eu teria
desejado... Este relato, que cobre apenas três meses, pôde ser rememorado e
revisto, mas seus resultados permanecem incompletos em mais de um
aspecto.
O tratamento não prosseguiu até alcançar a meta prevista, tendo sido
interrompido por vontade da própria paciente depois de chegar a certo ponto...
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tratamento, e que segue os mesmos processos que ele vira na formação dos
sonhos. Em função das resistências, o desejo retorna de modo mascarado,
transportando-se inteiramente para a relação atual do analisando com o
analista, levando-o a repetir em ato o que ele não pode pôr em palavras.
Somente o quadro do tratamento analítico possibilita ao sujeito entrar em
relação com seu próprio inconsciente ou com o do outro. A investigação do
inconsciente só pode ocorrer no seu interior, e sob as condições armadas pela
transferência, permitindo a verificação inteiramente experimental da hipótese
da existência de processos psíquicos inconscientes. Nestes artigos sobre
técnica Freud descreve a relação entre a transferência e a resistência; “
resistência ao surgimento da transferência” ou ainda “ a possibilidade que a
transferência funcione como uma forma de resistência”
Embora este artigo esteja incluído nos testudos sobre técnica, ele é mais um
exame teórico do fenômeno da transferência e da maneira pela qual esta opera
no tratamento analítico. Freud havia abordado o assunto em considerações ao
final da história clínica de ‘Dora’ (1905-[1901]).
Nesta obra Freud fala da transferência no singular. O termo transferência
passa a designar o modo pelo qual o sujeito estabelece laço com o
semelhante, bem como com o analista – colocado no lugar de objeto imaginário
– determinado pelo seu desejo. A transferência no singular designa, no
pensamento freudiano, a atualização do desejo inconsciente na situação
concreta e precisa da análise. Freud constatou, desde o período relativo ao
estudo dos sonhos, que o inconsciente insiste em se atualizar através de
diversas formações.
Deve-se compreender que cada indivíduo, através da ação combinada de sua
disposição inata e das influências sofridas durante os primeiros anos,
conseguiu um método específico próprio de conduzir-se na vida erótica — isto
é, nas precondições para enamorar-se que, estabelece nos instintos que
satisfaz e nos objetivos que determina a si mesmo no decurso daquela. Isso
produz o que se poderia descrever como um clichê estereotípico (ou diversos
deles), constantemente repetido — constantemente reimpresso — no decorrer
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(Freud 1914/1915)
X- Melanie Klein
XII- Winnicott
XIII- LACAN
XIV- BION
• EXTRATRANSFERÊNCIA
• NEUROSE DE TRANSFERÊNCIA
• TRANSFERÊNCIA PSICÓTICA
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• TRANSFERÊNCIA POSITIVA
• TRANSFERÊNCIA NEGATIVA
Como esse nome Freud referia aquelas transferências nas quais predominava
a existência de pulsões agressivas com os seus inúmeros derivados, sob a
forma de inveja, ciúme, rivalidade, voracidade, ambição desmedida, algumas
formas de destrutividade, as eróticas incluídas, etc.
Na atualidade, creio ser relevante fazer afirmações de que se uma análise não
transitou pela “transferência negativa” no mínimo ela ficou incompleta,
porquanto todo e qualquer analisando tem conflitos manifestos ou latentes
relacionados á agressividade. A propósito, é útil estabelecer uma diferença
entre agressão (sádico-destrutiva) e agressividade, a qual, tal como a sua
etimologia designa, represente um movimento (“gradior”) para frente (“ad”),
uma forma de proteger-se contra os predadores externos, além de também
indicar uma ambição sadia com metas possíveis de serem alcançadas.
Assim, a transferência pode ser “negativa” desde uma perspectiva adulta em
relação á educação de uma criança que quer romper com certas regras,
porém, ela não pode ser altamente “positiva” a partir de um vértice que permite
propiciar ao paciente a criação de um espaço, no qual ele pode reexperimentar
antigas experiências que foram mal-entendidas e mal solucionadas pelos pais
(por exemplo, que eles não tenham entendido os presentes-fezes, ou o direito
de o filho fazer um sadia contestação aos valores deles, etc.). Principalmente, o
terapeuta deve levar em conta que as manifestações agressivas possam estar
representando a construção de preciosos núcleos de confiança que o paciente
esteja desenvolvendo em relação e ele próprio, ao analista, e ao vínculo entre
ambos.
Talvez não exista experiência analítica mais importante do que aquela em que
o paciente se permita atacar o seu analista, pelas formas mais diversas, ás
vezes cruéis, e este sobrevive aos ataques, sem se intimidar, revidar, deprimir,
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• TRANSFERÊNCIA ESPECULAR
• TRANSFRÊNCIA IDEALIZADORA
“No que diz respeito a transferência erótica, Freud a define como uma
"inclinação amorosa" que, diferentemente da transferência positiva,
torna-se intensa, revelando sua origem localizada em uma
necessidade sexual direta, que inevitavelmente produz uma oposição
interna a si própria. Esta modalidade particular de vínculo
transferencial foi tratada de um modo mais pormenorizado por Freud
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• TRANSFERÊNCIA PERVERSA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Trabalho do módulo
Caro colega , seguem algumas questões a serem respondidas acerca do filme indicado
“Um Método Perigoso”, procurei eleger os conceitos abordados na ala: sexualidade,
inconsciente, repetição, transferência, contratransferência etc.
• Cena em que a paciente caminha junto ao médico e lhe diz que sua mãe
desconfia que seu pai (da paciente) não a ama. Responde a paciente que de certo
sua mãe está correta, expondo em seguida, o comentário do pai que a considera
(paciente) excepcional. Comente esta fala da paciente e argumente com uma
teoria possível de representar essa comunicação.
Atenciosamente
Eliana Luiz