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FECOMÉRCIO
Presidente
Bruno Breithaupt
Diretor Regional
Rudney Raulino
Conteudista
Paulo Roberto Ramos
Coordenação Técnica
Setor de Educação a Distância
A ISO 9001:2008 é uma norma internacional que fornece requisitos para o Sistema de Gestão da
Qualidade (SGQ) das organizações.
Uma organização pode se empenhar por um longo período para implementar um Sistema da Qualidade,
mas os resultados alcançados em benefício da melhoria dos processos da empresa podem ser muito pequenos,
ou até não existirem, caso não se consiga manter o sistema funcionando.
Para o bom funcionamento dos Sistemas de Qualidade, os procedimentos contidos no manual da qualidade devem
ser executados; e os tipos de registros, determinados no planejamento do SGQ, devem ser feitos cotidianamente.
Afinal, a qualidade depende de procedimentos e técnicas operacionais que foquem o acompanhamento dos
processos com o objetivo de eliminar suas deficiências ou falhas (LOBO, 2010).
O Manual de Qualidade é o documento da empresa que reúne informações sobre o sistema de qualidade
executado por ela, contendo, entre outros itens, os processos a serem executados para o cumprimento
dos requisitos da norma de gestão da qualidade, a política de qualidade da empresa, a descrição dos
procedimentos e das instruções de trabalho para a execução dos processos da qualidade.
A auditoria interna do SGQ, chamada de Auditoria de Primeira Parte, é uma forma de verificar o cumprimento
dos seus requisitos ao longo do tempo. Dessa maneira, a empresa pode manter o sistema atuante e eficaz, seja
para controle interno da organização com vistas a uma autodeclaração de conformidade com a norma, seja com
o objetivo de preparação de auditorias externas de certificação ou recertificação do sistema, chamadas de
Auditorias de Terceira Parte. Há, também, um tipo de auditoria denominado Auditoria de Segunda Parte.
É o caso das auditorias do SGQ realizadas por uma empresa sobre outra com a qual mantém ou almeja
manter relações comerciais.
Podemos citar como exemplo uma organização que deseja comprovar se o SGQ de uma empresa que é sua
fornecedora atende aos requisitos estabelecidos para o fornecimento dos produtos ou serviços usados por
aquela. Os requisitos a serem analisados para verificar a conformidade podem ser os mesmos da norma ABNT
ISO 9001, ou outros requisitos do seu SGQ.
Reflita
Você consegue imaginar alguma empresa que realize esse tipo de auditoria sobre seus fornecedores?
Reflita um pouco sobre o assunto. Você notará que esse tipo de procedimento é perfeitamente possível e
depende do contrato estabelecido entre cliente e fornecedores.
Antes de dar sequências às abordagens aqui propostas, pense na seguinte questão: qual é a relação dessas auditorias
com a auditoria interna do SGQ?
Como se trata de uma auditoria interna, ou de Primeira Parte, são os colaboradores da empresa que a realizam.
Para tanto, é definida uma equipe de auditores internos cuja responsabilidade é a de auditar os processos da
organização, a qual deve possuir um número suficiente de colaboradores capazes de realizar a auditoria dos
processos de todos os setores da empresa. Considerando-se que um colaborador não pode auditar o seu próprio
processo, por razões éticas, é importante que todos os setores estejam representados na equipe capacitada
para realizar as auditorias internas do SGQ da empresa. Assim, representantes de um setor poderão auditar
processos de outros setores, sendo os processos do seu setor auditados por outros colegas.
Saiba mais
A ABNT ISO 19011 a fornece orientação sobre os princípios de auditoria, gestão de programas de auditoria,
realização de auditorias de sistema de gestão da qualidade e auditorias de sistema de gestão ambiental, assim
como orientação sobre a competência de auditores de sistemas de gestão da qualidade e ambiental.
• Cliente da auditoria: é quem solicitou a auditoria, seja uma organização ou uma pessoa. Neste ponto
é importante mencionar que a norma ABNT ISO 19011 estabelece que “[...] o cliente da auditoria
pode ser não apenas a própria organização auditada, mas também qualquer outra organização
que tem o direito regulamentar ou contratual para solicitar uma auditoria” (ABNT, 2012, p. 3).
• Auditado: é a organização objeto da auditoria.
• Auditor: é a pessoa que tem competência (entendida como capacidade e atributos pessoais
demonstrados) para realizar uma auditoria.
• Equipe de auditoria: é formada por um ou mais auditores, os quais podem ser apoiados por especialistas
para realizar a auditoria. A equipe deve ter um líder, e nela é possível incluir auditores em treinamento.
• Especialista: trata-se de uma pessoa que auxilia a equipe de auditoria fornecendo conhecimento
ou experiência específicos. Tal conhecimento ou experiência pode ser relativo tanto à organização
quanto ao processo ou atividade objeto da auditoria, ou, ainda, ao idioma ou cultura. É importante
salientar que um especialista não desempenha a função de auditor com a equipe de auditoria,
apenas a auxilia com o seu conhecimento ou experiência.
• Programa de auditoria: é o “[...] conjunto de uma ou mais auditorias, planejado para um período de
tempo específico e direcionado a um propósito específico” (ABNT, 2002, p. 3), devendo contemplar
as atividades que sejam necessárias para o planejamento, a organização e a realização das auditorias.
• Plano de auditoria: é o documento que descreve as atividades e arranjos para a realização de uma
auditoria. Cabe destacar aqui a diferença entre programa e plano de auditoria. Enquanto o programa
se refere a uma programação das auditorias da organização para um determinado período, por
exemplo, durante determinado ano, o plano diz respeito ao que será feito durante a auditoria
especificamente e como ela será realizada.
• Escopo de auditoria: é o conteúdo da auditoria, ou seja, sua abrangência e seus limites. Na descrição
do conteúdo da auditoria, geralmente as informações acerca do que será auditado incluem a descrição
sobre as localizações físicas, as unidades organizacionais, as atividades e os processos a serem auditados,
além do período de tempo coberto pela auditoria.
• Competências: são “[...] atributos pessoais demonstrados e capacidade demonstrada para aplicar
conhecimentos e habilidades” (ABNT, 2002, p. 4). São características exigidas do auditor para a
realização da auditoria.
Saiba mais
O ciclo PDCA é uma ferramenta para auxiliar no controle da qualidade da empresa, mantendo ou
melhorando o desempenho dos processos, o que significa aprimorar os seus padrões de uma maneira
contínua, correspondendo cada melhoria a um novo nível de controle, ou seja, ao estabelecimento de
novas metas de qualidade do processo (CAMPOS, 2004).
É importante que a alta direção da empresa, que estabelece um programa de auditoria, defina uma autoridade
específica para que tal programa possa ser gerenciado e melhorado continuamente. Esse gerenciamento é
realizado com o uso do PDCA, com base em estabelecimento (planejar), implementação (fazer), monitoramento,
análise crítica (checar) e melhoria do programa (agir). Ele acompanha o seguinte fluxograma.
Figura 1 - Fluxograma do processo de gestão de um programa de auditoria
Autoridade para o
programa de auditoria
(5.1)
Estabelecimento do programa
de auditoria
(5.2, 5.3) PLAN
• Objetivos e abrangência;
• Responsabilidades;
• Recursos;
• Procedimentos.
Competências e
Avaliação de
Implementação do programa
Auditores
de auditoria
(7)
Melhoria do (5.4, 5.5)
Programa de • Programação de auditorias;
ACT DO
Auditoria • Avaliação de auditorias;
(5.6) • Seleção de equipe de auditorias;
• Direção das atividades de auditoria; Atividades de
• Manutenção de registros. Auditoria
(6)
Como você pôde observar na Figura 1, que trata dos processo de gestão de um programa de auditoria (página 9),
um programa de auditoria pode se beneficiar da política de qualidade implementada pela organização, ou seja,
a empresa aplica princípios da gestão da qualidade em todos os seus processos, inclusive no processo de gestão
do programa de auditoria.
Talvez você esteja se perguntando em que tipos de casos a empresa pode utilizar esse processo de gestão, visto
que mencionamos que sua importância é maior quanto maior é a complexidade da organização. A norma
ABNT ISO 19011 exemplifica alguns tipos de programas de auditoria que as empresas podem ter e que
poderiam ser gerenciados de acordo com o processo mencionado:
a) Uma série de auditorias internas que cobrem o sistema de gestão da qualidade de toda uma organização
durante o ano em curso.
b) Auditorias de Segunda Parte de sistema de gestão de fornecedores potenciais de produtos críticos a serem
realizadas em um período de 6 meses.
c) Auditorias de certificação/registro e de acompanhamento realizadas por uma organização de certificação/
registro de Terceira Parte em um sistema de gestão ambiental, dentro de um período de tempo acordado
contratualmente entre a organização de certificação e o cliente (ABNT, 2002, p. 5-6).
O processo de gestão de um programa de auditoria segue a mesma lógica da gestão da qualidade. A seguir,
para um melhor entendimento do gerenciamento dos programas de auditoria, detalharemos as atividades
indicadas na Figura 1.
Importante
Veja que os objetivos para os quais está sendo implementado um programa de auditoria direcionarão
várias decisões sobre qual perfil terá tal programa, incluindo a sua abrangência, responsabilidades e
procedimentos, ou seja, o planejamento e a realização das auditorias.
Para o estabelecimento dos objetivos do programa de auditoria, pode-se levar em conta várias questões, por exemplo:
• as prioridades da direção da empresa;
• as intenções comerciais;
• os requisitos do SGQ;
• os requisitos de cliente.
A abrangência de um programa de auditoria pode ser estabelecida levando-se em consideração fatores
relacionados ao tipo de empresa, como tamanho, natureza e complexidade da organização. Além disso, questões
como escopo, objetivo, duração e frequência de cada auditoria podem também influenciar a abrangência
do programa.
Dica
Se você pretende ser um auditor, é importante que revise a unidade referente aos princípios de auditoria!
É importante que as pessoas cuja responsabilidade é a de gerenciar o programa de auditoria sejam as mesmas
responsáveis pelo estabelecimento dos objetivos e abrangência do programa, bem como das respectivas
responsabilidades e procedimentos, garantia de disponibilização dos recursos do programa, sua implementação,
manutenção de registros e melhoria do programa de auditoria. Dessa maneira, terão melhores condições de
gerenciar o programa em razão do conhecimento de seu planejamento.
Para o estabelecimento dos recursos necessários ao programa de auditoria, devem ser analisadas questões
importantes para o seu desenvolvimento, tais como:
• recursos financeiros que envolvem o desenvolvimento;
• implementação;
• gerenciamento e aperfeiçoamento das atividades de auditoria;
• técnicas de auditoria a serem utilizadas;
• processos necessários para obter a competência dos auditores;
• aperfeiçoamento do seu desempenho;
• disponibilidade de auditores especialistas, que atendam às especificidades dos objetivos do programa
em particular;
• abrangência do próprio programa de auditoria.
Dependendo do tipo de empresa e da sua complexidade na programação dos recursos, também pode ser
preciso considerar que poderá haver necessidade de viajar para realizar auditorias em unidades distanciadas
geograficamente.
Exemplo
Imagine, por exemplo, o estabelecimento de um programa de auditoria da qualidade que abranja várias
unidades de uma mesma empresa localizada em diferentes municípios de um estado. Haverá, neste caso,
necessidade de gastar com viagens, alimentação e hospedagem para que possam ser realizadas as auditorias
em todas as unidades. Dessa forma, é preciso programar a necessidade desses recursos!
Com relação aos procedimentos que devem fazer parte de um programa de auditoria, a norma ABNT ISO
19011 apresenta como sugestão as alternativas a seguir, salientando que, para o caso de organizações de
pequeno porte, as atividades podem compor um único procedimento:
a) planejar e programar auditorias.
b) assegurar a competência de auditores e líderes de equipe de auditoria.
c) selecionar equipes de auditoria apropriadas e designar suas funções e responsabilidades.
d) realizar auditorias.
e) realizar ações de acompanhamento de auditoria, se aplicável.
f ) manter registros do programa de auditoria.
g) monitorar o desempenho e a eficácia do programa de auditoria.
h) informar para a Alta Direção as realizações globais do programa de auditoria. (ABNT, 2002, p. 7).
Definidas todas essas questões relacionadas ao estabelecimento do programa de auditoria, que nada mais são
do que o próprio planejamento de como deverá funcionar o programa, passa-se para a próxima etapa, que é
a sua implementação propriamente dita.
Implementar um programa de auditoria significa “fazê-lo acontecer”. Agora que já definimos como deve ser
o programa, é preciso, primeiramente, informar às partes envolvidas que o programa de auditoria existe e o
que está planejado nele.
Em seguida, começa-se a realizar as auditorias e outras atividades do programa, de acordo com o planejado.
Com a execução das auditorias programadas, torna-se imprescindível o estabelecimento e a manutenção de um
processo para a avaliação dos auditores e o desenvolvimento profissional das pessoas que atuam nessa atividade.
A norma ABNT ISO 19011, na sua seção 7, descreve quais os processos necessários para avaliar os auditores.
Ainda na execução do programa de auditoria, é preciso fazer com que ocorra a seleção das equipes de auditoria
e o alinhamento da execução das auditorias ao que foi estabelecido no programa, assim como garantir a
disponibilização dos recursos previstos e necessários para as atividades dos auditores, de acordo com o planejado,
e fazer os registros das atividades de auditorias.
Como estamos em um processo de melhoria contínua, é importante que consigamos assegurar que os relatórios
elaborados sejam analisados criticamente e aprovados, e, do mesmo modo, que sejam distribuídos para as
partes interessadas, inclusive servindo como feedback para os clientes da auditoria.
Reflita
Se o seu superior hierárquico na empresa lhe solicitasse comprovar que o programa de auditorias está realmente
sendo implementado, o que você faria? Reflita um pouco sobre o assunto antes de ler o parágrafo seguinte.
Para comprovarmos alguma realização na empresa, normalmente recorremos a relatórios, números, gráficos,
estatísticas. Encontramos essas informações relativas às auditorias ou ao programa de auditoria nos registros
de auditoria.
A própria norma ABNT ISO 9001 (ABNT, 2008) possui um requisito referente ao controle de registros
do SGQ. Então, no que concerne às auditorias da qualidade, faz sentido valorizarmos a manutenção de
disponibilidade dos registros referentes ao programa de auditorias.
Uma forma de realizar o monitoramento acontece por meio de indicadores de desempenho, que podem
verificar as seguintes características:
- a habilidade da equipe de auditoria em implementar o plano de auditoria;
- a conformidade com o programa de auditoria e as programações; e
- a realimentação dos clientes de auditoria, auditados e auditores. (ABNT, 2012, p. 8).
Na intenção de aperfeiçoar o programa de auditoria, a sua análise crítica deve considerar questões relevantes
sobre o seu funcionamento, como as indicadas a seguir:
a) resultados e tendências do monitoramento;
b) conformidade com os procedimentos;
c) evolução de necessidades e expectativas de partes interessadas;
d) registros do programa de auditoria;
e) práticas alternativas ou novas de auditar; e
f ) consistência no desempenho entre equipes de auditoria em situações semelhantes. (ABNT, 2012, p. 8).
Observe que um programa de auditoria não possui um conteúdo definitivo porque é dinâmico, ou seja,
da mesma forma que procuramos melhorar continuamente os processos das empresas por meio da gestão
da qualidade, o mesmo foco pode ser dado para o programa de auditoria. Em outras palavras, por mais que
um programa de auditoria seja planejado, durante a sua execução, ao longo do tempo, podemos e devemos
monitorá-lo, analisá-lo, para que consigamos agir para a sua melhoria contínua.
Agora que você já conhece os detalhes do gerenciamento dos programas de auditoria, é o momento de estudar
as atividades de auditoria propriamente ditas. Estudaremos, a seguir, o funcionamento de uma auditoria da
qualidade, abrangendo desde as suas fases iniciais até a conclusão.
Iniciando a auditoria
(6.2)
• designando o líder da equipe da auditoria;
• definindo objetivos, escopo e critério da auditoria;
• determinando a viabilidade da auditoria;
• selecionando a equipe da auditoria;
• estabelecendo contato inicial com o auditado.
Concluindo a auditoria
(6.7)
Observando a organização sequencial das atividades de auditoria na Figura 2, é possível constatar uma série de
providências a serem tomadas antes de iniciar propriamente a auditoria. Elas são necessárias para a organização
do trabalho de auditoria e para que este possa ser realizado com eficácia e realmente contribua para a melhoria
contínua do SGQ.
Nessa organização sequencial são estabelecidos vários passos que vão levar à conclusão da auditoria, logo após
a distribuição do seu relatório.
Informação
Cabe observar que o item “Conduzindo ações de acompanhamento de auditoria” não faz mais parte da
auditoria propriamente dita, mas consta nessa organização porque é uma providência necessária, após o
seu término, para verificar o encaminhamento das questões apuradas durante o processo de auditoria.
Veja, a seguir, como acontece cada uma das etapas de sequenciamento das atividades de auditoria.
Importante
Imagine se os auditores realizassem uma auditoria com objetivo, escopo e critério diferentes daqueles que
interessam o cliente ou a empresa auditada. O resultado do trabalho teria pouca utilidade, não é mesmo?
Portanto, na etapa que antecede o início da auditoria, os objetivos devem ser definidos pelo cliente.
No caso de uma auditoria interna, a direção da empresa, por intermédio de seu representante, deve definir e
informar para a equipe quais os objetivos da auditoria, que podem incluir um ou mais dos seguintes objetivos:
a) determinação da extensão da conformidade do sistema de gestão do auditado, ou partes dele, com o
critério de auditoria;
b) avaliação da capacidade do sistema de gestão para assegurar a concordância com requisitos estatutários,
regulamentares e contratuais;
c) avaliação da eficácia do sistema de gestão em atingir seus objetivos especificados;
d) identificação de áreas do sistema de gestão para potencial melhoria. (ABNT, 2002, p. 10).
O estabelecimento do escopo da auditoria, que define sua abrangência, e o critério da auditoria, que é usado
como referência para comprovar se há conformidade do SGQ com o que estabelece a norma ABNT ISO 9001,
devem ser feitos de comum acordo entre a direção da empresa e o líder da equipe de auditoria, devendo seguir
o estabelecido no programa de auditoria da organização.
Mesmo a auditoria estando planejada de acordo com o programa de auditoria da empresa para determinado
período, no momento de realizá-la, nem sempre há viabilidade para sua execução. As questões que podem
inviabilizá-la podem estar relacionadas com:
• a insuficiência e/ou falta de informações apropriadas para a sua realização;
• falta de cooperação do auditado, seja de determinado setor da empresa, seja da organização integralmente;
• disponibilidade não adequada de tempo e recursos para a realização do processo.
A partir do momento em que se determina que a auditoria é viável, passa-se a definir a equipe de auditoria.
Para a sua composição, deverá ser levada em conta a competência necessária da equipe, de modo que possam
ser alcançados os objetivos propostos. Nesse sentido, a norma ABNT ISO 19011, na sua seção 7, descreve
como pode ser determinada a competência dos auditores e quais são os processos necessários para avaliá-los.
Se a sua empresa pretende implementar um Sistema de Gestão da Qualidade SGQ, provavelmente ela adquirirá
a ABNT ISO 19011. Então, você poderá utilizá-la para conhecer as informações relacionadas a esse assunto.
Ainda antes do início da auditoria, convém que o auditor líder da equipe (ou que seja responsável pelo gerenciamento
do programa de auditoria) entre em contato com o auditado para facilitar o processo de auditoria a ser realizado.
Esse contato inicial entre equipe de auditoria e o auditado pode ter como objetivos:
• confirmar que a equipe tem autoridade para realizar a condução do processo de auditoria;
• informar ao auditado sobre quem será a equipe auditora;
• comunicar qual a duração de todo o processo;
• solicitar acesso a documentos e registros da empresa relacionados ao SGQ;
• estabelecer arranjos para a realização da auditoria.
Você deve lembrar que a empresa que quer realizar uma auditoria interna da qualidade já deve possuir um
programa de auditoria estabelecido. Portanto, deve seguir o que está estabelecido na sua estrutura. As atividades
de cada auditoria deverão ser planejadas especificamente para cada situação.
Importante
Sendo assim, antes de chegar ao setor auditado e começar a solicitar aos funcionários os registros do SGQ
e uma série de informações, é fundamental preparar o seu plano de auditoria e comunicá-lo ao auditado.
Em outras palavras, é importante informar a quem será auditado como será realizada a auditoria.
O plano deve ser consistente e claro, para facilitar a coordenação das atividades da auditoria. Porém, não deve
ser rígido a ponto de não admitir modificações. É possível que seja necessário providenciar algumas adaptações
no plano previamente elaborado, em razão de particularidades ou necessidades do auditado.
A norma ABNT ISO 19011 relaciona uma série de itens que devem compor um plano de auditoria. Esses
itens podem servir como um roteiro para o auditor realizar as suas atividades e também para o auditado se
programar devidamente. O plano de auditoria pode conter:
a) os objetivos da auditoria;
b) o critério de auditoria e qualquer documento de referência;
c) o escopo da auditoria, inclusive com identificação das unidades organizacionais e funcionais e processos
a serem auditados;
d) as datas e lugares onde as atividades de auditoria no local serão realizadas;
e) o tempo esperado e duração de atividades de auditoria no local, inclusive reuniões com a direção do
auditado e reuniões da equipe de auditoria;
f ) as funções e responsabilidades dos membros da equipe da auditoria e das pessoas acompanhantes;
g) a alocação de recursos apropriados para áreas críticas da auditoria. (ABNT, 2002, p. 12).
Convém que o plano de auditoria também inclua o seguinte, se apropriado:
h) identificação do representante do auditado na auditoria;
i) o idioma de trabalho e do relatório da auditoria, se ele for diferente do idioma do auditor e/ou do auditado;
j) os principais pontos do relatório de auditoria;
k) arranjos de logística (viagem, instalações no local, etc.);
l) assuntos relacionados à confidencialidade;
m) quaisquer ações de acompanhamento de auditoria. (ABNT, 2002, p. 12).
Certamente esses itens são uma sugestão da norma mencionada. Você, na condição de auditor interno, deve
adaptar o plano de auditoria à realidade da empresa e às respectivas necessidades e particularidades.
No que diz respeito à equipe que realizará a auditoria, é essencial programar o trabalho de cada profissional
para que as atividades sejam otimizadas e todos saibam o que fazer durante a auditoria. Nesse sentido, o auditor
líder da equipe deve determinar o trabalho e as responsabilidades de cada profissional, levando em consideração
as especificidades da auditoria e a formação e experiência de cada participante da equipe.
Exemplo
A determinação de responsabilidades pode ser diferente, por exemplo, para auditores em treinamento e
especialistas que estejam fazendo parte da equipe.
Na preparação das atividades da auditoria, cada membro da equipe deve organizar adequadamente o seu
material de trabalho, de acordo com as responsabilidades designadas a cada um. Para o registro das atividades,
é importante que o auditor elabore formulários para registros de informações coletadas durante a auditoria.
Esse tipo de formulário deve prever campos para o registro de informações já previamente planejadas, mas
também deve ter espaço para o registro de outras informações apuradas durante o processo e que sejam
importantes, mas que não haviam sido programadas no planejamento.
Para o registro das informações da auditoria, é de grande auxílio organizar uma lista de verificação (checklist)
para facilitar o trabalho e evitar que algum item importante seja esquecido. Veja um exemplo:
Quadro 1 - Exemplo de Modelo de Checklist (Lista de Verificação) para Auditoria Interna do Sistema de Gestão da Qualidade
Auditor/auditores:
Auditado/auditados:
Situação Comentários/
Requisito
C NC NA evidências
Considerando-se que, durante a auditoria, é necessário reter alguns documentos de trabalho do auditado para
a verificação, você deve lembrar dos princípios que os auditores devem seguir:
• conduta ética;
• apresentação justa;
• devido cuidado profissional;
• independência;
• abordagem baseada em evidência.
Muitas vezes, durante a auditoria, o auditor tem acesso a documentos confidenciais da empresa e deve tomar
extremo cuidado tanto no que se refere à não divulgação das informações quanto a um possível extravio desses
documentos. Durante a auditoria, o auditor deve ser responsável pela proteção e guarda segura dos documentos
da empresa que estiverem sob seu poder para análise ou conferência.
empresa, devem participar da reunião de abertura a equipe de auditoria (o líder da equipe deve
presidir a reunião), a direção da empresa auditada ou o responsável pelo setor, unidades ou processos
a serem auditados.
Uma reunião formal de abertura pode ser bastante útil para a condução do trabalho de auditoria, pois é uma
oportunidade de:
• confirmar o plano de auditoria;
• explicar como as atividades serão realizadas (pode ser distribuído, por exemplo, um resumo aos auditados);
• confirmar os canais de comunicação (pode ser explicado, por exemplo, para quem direcionar as
dúvidas a respeito de processos e registros durante todo processo);
• solucionar eventuais dúvidas sobre o processo de auditoria.
É importante que se registre a reunião de abertura, o que pode ser feito por meio de ata ou relatório, além de
registro fotográfico, caso seja conveniente. Desse modo, já se iniciam as atividades de uma forma organizada,
auxiliando no seu controle.
Mas como deve ser realizado esse tipo de reunião? O que deve estar na pauta dessa atividade? A resposta
a essas perguntas também pode variar dependendo do tipo de empresa e da prática da equipe de auditoria.
As empresas que desenvolvem rotineiramente suas auditorias do SGQ já possuem uma padronização da
reunião de abertura, com um roteiro que deve ser seguido a cada início de auditoria.
A norma ABNT ISO 19011 (ABNT, 2002) apresenta uma sugestão de roteiro que pode ser utilizado para
a reunião de abertura. Todavia, a relação de procedimentos a serem executados durante a reunião deve ser
adaptada de acordo com o tipo de empresa, analisando-se a pertinência de cada situação. Veja, a seguir, uma
sugestão de roteiro.
Importante
Qualquer evidência da auditoria coletada durante a realização do trabalho que necessite de uma providência
urgente deve ser relatada logo que possível para o auditado e, se for o caso, para o cliente.
Durante uma auditoria, também podem surgir assuntos que estejam fora do escopo planejado originalmente.
Nesse caso, igualmente é recomendável a comunicação ao líder da auditoria e ao auditado, podendo, a partir
dessa comunicação, ser realizada alguma mudança nos objetivos ou no escopo da auditoria, ou, ainda, a auditoria
pode ser, inclusive, encerrada. Contudo, qualquer mudança tem de ser analisada e autorizada pelo cliente, ou,
se for o caso, pelo auditado.
b) organização de visitas para algum local ou unidade específica da empresa durante a auditoria;
Importante
Pelo fato de as evidências serem geradas com base em amostragens, é importante que as pessoas que
utilizarão as constatações da auditoria tenham em mente a incerteza do processo de amostragem e,
por consequência, da auditoria.
Para a geração de evidências da auditoria, é possível buscar informações de várias formas dentro da empresa,
no setor ou área auditada. Além de documentos que podem ser consultados para a verificação dos registros
do SGQ e observação in loco da realização das atividades auditadas, podem ser realizadas entrevistas com
pessoas ligadas ao escopo da auditoria. Tais entrevistas precisam ser apropriadas às pessoas entrevistadas, para
que as informações coletadas sejam representativas do processo ou das atividades auditadas.
A norma ABNT ISO 19011 apresenta uma relação de fontes possíveis de informação para a geração de evidências
da auditoria, bem como algumas orientações para a condução de entrevistas para a coleta de informações
durante a auditoria. Conheça a seguir a sugestão de fontes de informação e as dicas para as entrevistas:
Entrevistas são um dos meios importantes para coletar informações e convém que sejam conduzidas de maneira
adaptada à situação e à pessoa entrevistada. Porém, é importante que o auditor considere:
a) que as entrevistas sejam realizadas com pessoas de níveis e funções apropriadas e que executem
atividades ou tarefas dentro do escopo da auditoria;
b) que as entrevistas sejam conduzidas durante o horário normal de trabalho e, quando possível,
no local normal de trabalho da pessoa entrevistada;
c) que todo o possível seja feito para colocar a pessoa entrevistada à vontade, antes e durante a entrevista;
d) que as razões da entrevista e de qualquer anotação feita sejam explicadas;
e) as entrevistas podem ser iniciadas solicitando-se às pessoas que descrevam seu trabalho;
f ) que perguntas que influenciam as respostas (isto é, perguntas direcionadas) sejam evitadas;
g) que os resultados da entrevista sejam resumidos e analisados criticamente com a pessoa entrevistada;
h) que se agradeça às pessoas entrevistadas pela sua participação e cooperação.
Dica
Para reduzir essa possibilidade e para o aumento do grau de certeza das não conformidades detectadas,
é recomendável que a equipe de auditoria se reúna durante a realização da auditoria, quando julgar
necessário, com o objetivo de analisar criticamente as não conformidades detectadas. Nessa análise,
também se recomenda que sejam checadas e registradas não somente as não conformidades como também
as evidências de auditoria que as indicaram como tal.
As não conformidades podem ter diferentes graus. Portanto, é importante que elas sejam analisadas também
em conjunto com o auditado, para certificar que são necessárias e foram compreendidas. Sempre que houver
divergências a esse respeito, deve-se agir no sentido de solucioná-las, e, caso algum ponto não fique resolvido,
esse fato deve fazer parte do relatório.
Veja a seguir um modelo de relatório de não conformidade de auditoria interna do SGQ:
Quadro 2 - Exemplo de Modelo de Relatório de Não Conformidade para Auditoria Interna do Sistema de Gestão da Qualidade
Nº:
LOGOMARCA SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE
Relatório de Não Conformidade Elaborado por (nome):
As constatações da auditoria também podem indicar situações de conformidade, ou seja, que os requisitos
do SGQ estão sendo atendidos. Da mesma forma, as não conformidades das evidências que dão suporte às
constatações de conformidade devem ser registradas pelo auditor.
A equipe deve, também, levando em consideração a incerteza do processo de auditoria e assumindo que esse
processo é baseado em amostragens, decidir sobre as conclusões a serem feitas sobre a auditoria.
Considerando-se, ainda, os objetivos da auditoria, a equipe pode elaborar recomendações para o auditado e,
se constar do plano de auditoria a organização de ações de acompanhamento de auditoria, discutir sobre tais
ações a serem planejadas.
As conclusões da auditoria podem abranger pareceres da equipe de auditoria a respeito de quão, conforme
está o SGQ relativamente ao critério de auditoria, a eficácia da implementação do SGQ, sua manutenção e
melhoria, além da capacidade atual do processo de análise crítica pela direção da empresa, podem garantir
que o SGQ seja pertinente, adequado e sua melhoria seja eficaz de maneira contínua.
Caso os objetivos da auditoria tenham sido determinados, a equipe de auditoria pode fazer sugestões para a
empresa auditada, no sentido de melhorar o seu SGQ.
Após a devida programação, o líder da equipe de auditoria deve conduzir a reunião de encerramento da
auditoria, da qual podem participar, além dos demais auditores da equipe, o cliente e o auditado.
Nessa reunião, devem ser apresentadas as constatações e conclusões da auditoria. No entanto, o auditor deve
se empenhar em se certificar de que elas sejam compreendidas e reconhecidas pelo auditado, ressaltando o
caráter de amostragem e possíveis incertezas no que se refere às constatações, evidenciando alguma situação
ocorrida ou encontrada durante o processo que possa diminuir a confiabilidade das conclusões da auditoria.
Outro ponto que pode ser abordado nessa reunião é a determinação de um prazo para a apresentação de um
plano de ação corretiva e preventiva por parte do auditado, caso isso também esteja alinhado aos objetivos
da auditoria.
Como na reunião de abertura da auditoria, a reunião de encerramento também deve ser registrada, por exemplo,
por meio de uma ata. Se a auditoria for em uma pequena empresa, esse nível de formalidade pode não ser
necessário, bastando apenas comunicar ao auditado e ao cliente as conclusões da auditoria.
Faz parte das responsabilidades do auditor emitir o relatório da auditoria dentro do período estabelecido com
o cliente, sendo que esse documento deve ser datado.
O programa de auditoria estabelecido previamente orientará os procedimentos de análise crítica e aprovação
do relatório. Cabe, portanto, ao auditor seguir o que foi estabelecido no programa de auditoria.
Após a aprovação, o relatório da auditoria deverá ser distribuído às pessoas e aos setores determinados pelo
cliente da auditoria.
Importante
Lembre-se de que o relatório da auditoria pertence ao cliente. Portanto, os membros da equipe da auditoria
devem manter a confidencialidade desse documento.