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LONDRINA
2013
FÁBIO KISCHEL DURANTE
GERENTE BIM
Orientador:
Prof. Gerson Guariente Jr.
LONDRINA
2013
FÁBIO KISCHEL DURANTE
__________________________________________________________________
Prof. GERSON GUARIENTE JUNIOR (Orientador) – Departamento de Construção
Civil
__________________________________________________________________
Prof. ALEXANDRE ACHING – Departamento de Construção Civil
__________________________________________________________________
Prof.ª Dra. FERNANDA ARANHA SAFFARO – Departamento de Construção Civil
Quero agradecer em primeiro lugar aos meus pais, pelo apoio incondicional
durante toda minha vida. Em especial, durante os anos de faculdade, quando
mesmo a distância geográfica, não impediu que me sentisse seguro e confiante,
sabendo que meu porto seguro estaria sempre lá, de braços abertos.
Agradeço também a todos os professores que me ajudaram a chegar aqui,
trazendo preciosas informações e orientações, tanto no aspecto profissional, como
em algumas vezes no aspecto pessoal também.
Agradeço ao professor Gerson Guariente Junior, pela paciência, tempo e
dedicação despendidos durante a orientação deste trabalho.
Agradeço a todos os profissionais que me ajudaram a desenvolver este
trabalho, compartilhando conhecimento, dando dicas e sugerindo bibliografias.
Agradeço principalmente àqueles que gentilmente me forneceram as entrevistas,
parte essencial desta pesquisa.
Agradeço também profundamente todos meus amigos e colegas de
graduação. Pessoas muito especiais que conheci aqui em Londrina e espero poder
levar a amizade para toda a vida.
O tempo se encarrega de nos transformar em adultos.
O tempo se encarrega também de transformar velhos
templos em ruínas e de afundar no mar ilhas
mais velhas ainda.
Jostein Gaarder - O dia do Curinga
DURANTE, Fábio Kischel. O uso da metodologia BIM (Building Information
Modeling) para gerenciamento de projetos: Gerente BIM. 2013. 118 p. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Estadual
de Londrina. Londrina. 2013.
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Etapas do Processo de Projeto ............................................................... 14
Tabela 2 - Exemplos de benefícios atingidos com o uso de ES ............................... 28
Tabela 3 - Principais usos do BIM ............................................................................ 36
Tabela 4 – LOD x Deliverables ................................................................................. 46
Tabela 5 - Características do Gerente BIM ............................................................... 63
Tabela 6 - Competências requeridas para um Gerente BIM segundo anúncios de
emprego na América do Norte e segundo a literatura técnica especializada. ........... 64
LISTA DE SIGLAS
ES Engenharia Simultânea
TI Tecnologia da Informação
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1
1.1. Justificativa e Caracterização do Problema ........................................................ 1
1.2. Objetivos ................................................................................................................ 5
1.2.1. Objetivo Geral .................................................................................................................. 5
1.2.2. Objetivo Específico .......................................................................................................... 5
1.3. Contribuição Esperada.......................................................................................... 5
1.4. Condições de Contorno ........................................................................................ 6
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 7
2.1. Gerenciamento de Projetos .................................................................................. 7
2.1.1. Definindo Projeto e sua Importância: .............................................................................. 7
2.1.2. Processo de Desenvolvimento do Projeto .................................................................... 11
2.1.3. Coordenação do Processo de Projeto .......................................................................... 15
2.1.4. Problemas do Processo Sequencial ............................................................................. 16
2.1.5. Considerações Finais .................................................................................................... 21
2.2. Engenharia Simultânea ....................................................................................... 22
2.2.1. Definindo Engenharia Simultânea e seus Benefícios ................................................... 22
2.2.2. Desenvolvimento do Projeto Simultâneo e Implantação ............................................... 26
3. BIM ..................................................................................................................... 32
3.1. Definindo BIM ...................................................................................................... 32
3.2. Benefícios e Possibilidades ................................................................................ 34
3.3. Alguns Conceitos Importantes ........................................................................... 39
3.3.1. Lean Construction ou Construção Enxuta e Kanban .................................................... 40
3.3.2. Interoperabilidade e IFC ................................................................................................ 40
3.3.3. Cloud computing ou Computação na Nuvem ............................................................... 42
3.3.4. Múltiplas Dimensões ..................................................................................................... 42
3.3.5. Integrated Project Delivery (IPD) ................................................................................... 43
3.3.6. Nível de Desenvolvimento – LOD (Level of Development) ........................................... 45
3.3.7. Ambientes de Trabalho Interativos ................................................................................ 48
3.4. Adoção do BIM .................................................................................................... 48
3.5. Desafios e Dificuldades para implantar o BIM ................................................... 53
3.6. O BIM no Brasil .................................................................................................... 57
3.7. Gerente BIM ......................................................................................................... 60
3.8. Considerações Finais:......................................................................................... 65
4. METODOLOGIA ................................................................................................. 66
4.1. Questões de Pesquisa......................................................................................... 66
4.2. Método.................................................................................................................. 66
4.3. Recursos Necessários ........................................................................................ 67
5. ENTREVISTAS ................................................................................................... 69
5.1. Entrevistado A ..................................................................................................... 69
5.2. Entrevistado B ..................................................................................................... 71
5.3. Entrevistado C ..................................................................................................... 73
5.4. Entrevistados D e E ............................................................................................. 75
ii
6. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 79
7. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................. 85
ANEXO A - ROTEIRO DE ENTREVISTAS............................................................... 91
ANEXO B - ENTREVISTA “A” ................................................................................. 92
ANEXO C - ENTREVISTA “B” ................................................................................. 96
ANEXO D - ENTREVISTA “C” ................................................................................. 99
ANEXO E - ENTREVISTAS “D” E “E” .................................................................. 102
1
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos o setor da construção civil têm se caracterizado pelo forte
crescimento e pela expansão do mercado imobiliário, que se torna mais agressivo e
concorrido, trazendo novas demandas e a necessidade de novos produtos (CTE,
2012a).
A indústria da construção civil no Brasil atravessa uma fase de
extrema concorrência, originada, dentre outros fatores, pela
globalização da economia, entrada de novas empresas no setor e a
exigência crescente por preços competitivos e melhor qualidade dos
produtos (COELHO; NOVAES, 2005).
Em meio a esse crescimento, o governo e a sociedade como um todo, têm
pressionado o setor por melhorias em aspectos relacionados à sustentabilidade,
qualidade, durabilidade e por garantias em seus produtos. A introdução de novas
normas, em especial a ABNT NBR 15575:2013 – Desempenho de Edificações
Habitacionais que entrou em vigor em julho de 2013, pautadas nos aspectos citados
colocam em xeque os métodos e sistemas atualmente empregados no
desenvolvimento dos projetos.
Outro fator relevante, o desperdício de recursos sempre foi um dos maiores
problemas desse setor e, nesse novo cenário, diminuir os gastos com erros em obra
e atrasos devido à má qualidade de projeto, torna-se um diferencial na busca por
melhores preços e competitividade.
Para ser capaz de atender às novas demandas do país, no entanto, a
construção civil precisa buscar novas maneiras de pensar, construir e
gerir seus negócios, sendo fundamental inserir em sua agenda temas
como industrialização, inovação, desempenho e sustentabilidade
(CTE, 2012b).
Prática comum em muitas construtoras, a execução de protótipos físicos é
onerosa demais e pouco eficiente, na medida em que os problemas acabam sendo
identificados quando já é tarde, sendo necessário realizar manobras diversas para
solucionar esses problemas, em um momento já não adequado, visto que a fase de
execução da obra já está normalmente em andamento.
Para Luiz Henrique Ceotto (Diretor da Tishman Speyer), a construção
vive o melhor momento de mercado de sua história, mas não está
2
1.2. Objetivos
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O projeto de obras civis pode ser definido como o processo que por meio de
dados de entrada (a necessidade dos clientes), traduzidos em parâmetros que
balizam todo seu desenvolvimento, deve apresentar ao final um produto que traga
soluções para essas necessidades.
8
Melhado (1994, p. 185) afirma que o processo de projeto passa por etapas
progressivas, e que a liberdade de decisão entre alternativas vai sendo
gradativamente substituída pelo detalhamento das soluções adotadas. Dividindo e
descrevendo essas etapas da seguinte forma:
Idealização do produto: a formulação do empreendimento
ocorre a partir de uma primeira solução que atenda a uma série
de necessidades e restrições iniciais (Programa de
Necessidades);
Análise de viabilidade: a solução inicial é avaliada, segundo
critérios estabelecidos previamente, contemplando aspectos de
custo, tecnologia, adequação ao usuário e às restrições legais
correspondentes; o processo é iterativo até que seja
encontrada a solução definitiva, a qual será traduzida em um
Estudo Preliminar que servirá de ponto de partida para o
desenvolvimento do projeto;
Formalização: a solução adotada toma forma, resultando ao
final dessa etapa no nível de anteprojeto;
Detalhamento: são elaborados, conjunta e iterativamente, o
detalhamento final do produto (que resulta no Projeto
Executivo) e a análise das necessidades vinculadas aos
13
Muitos são os agentes que interveem durante todas essas fases do processo
de elaboração de projetos. Entre eles, pode-se elencar:
Profissionais de projeto das várias especialidades;
Profissionais das empresas construtoras (engenheiros de produção,
planejamento, suprimentos, etc.);
Agentes da promoção do empreendimento;
Órgãos públicos;
Incorporadoras;
Consultores;
Clientes;
Usuários.
Dada a dificuldade em se coordenar todos esses agentes, na construção civil
essa fase ainda se caracteriza pela ausência de procedimentos para controle da
qualidade e gerenciamento das interfaces entre os agentes, conforme afirma
Petrucci Jr. (2003).
Percebe-se que historicamente na construção civil no Brasil, o processo de
projeto não vem recebendo a atenção devida. Contudo, esse cenário vem se
alterando, devido principalmente as exigências cada vez maiores por qualidade.
Tornou-se evidente que um produto de qualidade necessita de um projeto de
qualidade.
Retroalimentar o processo;
Estar voltado às necessidades de informação de todos os clientes
internos do empreendimento;
Estabelecer regras de contratação dos projetos;
Definir o fluxograma do processo de projeto;
Desenvolver procedimentos de controle do projeto (por exemplo,
elaborar um check-list de recebimento de projetos);
Definir estratégias para a avaliação das alternativas de projeto
(inclusão de alternativa de referência, estabelecimento de critérios,
etc.);
Padronizar parâmetros para os projetos (dimensionamento de
ambientes, altura e largura de elementos estruturais, pé-direito,
detalhes construtivos, etc.) e suas interfaces;
Montar bancos de dados;
Registrar as falhas de projeto com a definição de quando será
resolvido e de quem depende a solução;
Buscar a eficiência na troca de informações com os outros setores da
empresa (formalização do fluxo de informação);
Manter a integração com o setor de assistência técnica;
Promover a qualificação dos profissionais de projeto e de serviços de
apoio;
Evitar a ocorrência de alterações no projeto durante a execução da
obra;
Agilizar a circulação de informações;
Utilizar indicadores de qualidade.
De acordo com Melhado (2002 apud PETRUCCI JR., 2003) esses novos
conceitos trazidos pela modernização do setor tem ganhado força, principalmente
graças à pressão dos contratantes públicos e privados, dada a importância da
qualidade e produtividade nos empreendimentos de obras civis.
O amadurecimento desses conceitos na indústria da construção deve dar
vazão à adoção bem fundamentada de inovações tecnológicas, diminuir o retrabalho
tanto na elaboração dos projetos como em sua execução, assim como fomentar a
concepção de produtos com funcionalidade, durabilidade e manutenibilidade
21
adequadas e que sejam ainda flexíveis em face de possíveis mudanças de uso das
construções.
Assim, Novaes (2001) afirma que em variados níveis de intensidade, os
profissionais de projeto devem participar, em conjunto com os demais agentes do
processo, nas etapas que antecedem ou sucedem a elaboração dos projetos, desde
o planejamento do empreendimento até as avaliações pós-ocupação, e eventuais
atividades de manutenção durante o uso.
É, portanto, conveniente, de acordo com Fabricio, Baía e Melhado (1998), que
o processo de projeto seja subdividido, além de suas etapas, de forma a criar
condições e prazos para a entrega de pacotes que representem parte essencial do
projeto de uma especialidade e que são necessários para o desenvolvimento do
projeto de outra especialidade. Dessa forma, as informações determinadas por
alguma atividade estariam disponíveis para serem utilizadas e criticadas por outras
especialidades de projeto sem que toda a etapa da primeira especialidade estivesse
definida e demandasse, para ser alterada, a realização de retrabalho e a redefinição
de soluções já desenvolvidas.
chefes atuais podem se sentir ameaçados pela perda de poder em favor das
equipes de projeto. (PETRUCCI JR., 2003)
Fatores como esse exigem que o processo seja gradual e que haja
treinamento dos recursos humanos, para sensibilização e adequação às novas
técnicas.
A Engenharia Simultânea é uma ferramenta poderosa para aumentar a
eficiência do processo de projeto, desde que o principal mecanismo, que gera esta
eficiência, seja bem realizado: a seleção e formação das equipes multifuncionais e o
livre intercâmbio de informações entre os seus integrantes. O gerenciamento pode
ser entendido como a “força motriz” por trás da implementação da Engenharia
Simultânea. (PETRUCCI JR., 2003)
A figura 7 sistematiza os passos sugeridos por Hartley (1990 apud
PETRUCCI JR., 2003, p. 48) para implantação da Engenharia Simultânea:
3. BIM
A evolução pela qual tem passado o processo de desenvolvimento de
projetos traz consigo, além das necessidades de mudanças culturais e gerenciais, a
necessidade de tecnologias condizentes com as características das novas formas de
se projetar, planejar e entregar.
Quando se passou da prancheta de desenhos para o CAD (Computer-Aided
Design) os ganhos foram imediatos, principalmente em relação ao tempo e custos
que envolviam o processo de desenho manual. No entanto, não tivemos melhorias
significativas em outros aspectos, visto que o processo em si não teve muitas
mudanças. Apenas passamos do desenho manuscrito para o digital.
Mediante a reformulação do processo de projeto, surgiu a ideia de modelar os
objetos, ao invés de apenas desenha-los em 2D. Esse foi o pontapé para a criação
do BIM (Building Information Modeling), que representa, na verdade, muito mais do
que simplesmente softwares de modelagem, mas uma filosofia de desenvolvimento
de projetos. Essa filosofia possui grande sinergia com os princípios da Engenharia
Simultânea. Neste capítulo será abordado o BIM e suas características.
Nos últimos anos no Brasil, se tem falado bastante sobre as ferramentas BIM.
Erroneamente muitos passaram a enxergar o BIM como simplesmente softwares
modeladores 3D, quando na verdade os conceitos em torno desse termo é que são
realmente importantes e inovadores.
BIM é uma filosofia de desenvolvimento de projetos que pretende integrar os
profissionais de AEC do inicio ao fim dessa fase, para a criação de um modelo
virtual que represente todas as características do produto final, incluindo
informações técnicas, de orçamento, de execução, de manutenção, entre outras,
apresentando também a relação delas em função do tempo. Espera-se alcançar isso
através da utilização de dados paramétricos (dados baseados em parâmetros) em
todos os elementos inseridos nas ferramentas de software.
Através da parametricidade os objetos podem incluir todo tipo de propriedade
que o programador desejar. Dessa forma, limita-se a utilização desses objetos
segundo o desejável, faz com que qualquer modificação seja transmitida a todos os
33
como EUA, França, Alemanha, Reino Unido, Finlândia, Noruega, Japão, Singapura,
fazendo com que esses se encontrem em estágios mais avançados de implantação
de acordo com Bottega (2012). Em Singapura, por exemplo, o governo estabeleceu
padrões de legislação baseados em BIM.
Underwood e Isikdag (2010 apud MANZIONE, 2013 p. 41) explicam que BIM
é:
[...] um processo baseado em modelos digitais, compartilhados,
integrados e interoperáveis denominados Building Information Models.
Assim, o Building Information Modeling pode ser definido como um
processo que permite a gestão da informação, enquanto o Building
Information Model é o conjunto de modelos compartilhados, digitais,
tridimensionais e semanticamente ricos, que formam a espinha dorsal
do processo do Building Information Modeling.
Addor et al. (2010, p. 108) define o BIM como uma simulação inteligente da
arquitetura e deve para tanto possuir seis características:
Digital: Não ser uma mera representação gráfica, ser
paramétrica, tridimensional.
Espacial: Ter três ou mais dimensões, para simular o processo.
Mensurável: Ser quantificável, dimensionável.
Abrangente: Conter o máximo de informações da edificação,
tais como comportamento dos sistemas, sequência executiva
no espaço e no tempo, custos do projeto.
Acessível: A toda a cadeia produtiva, projetistas, construtoras,
usuários, facilities, proprietários. Ser interoperável entre
plataformas de softwares e hardwares.
Durável: Que possa ser usada em todas as fases do
empreendimento, projeto e planejamento, fabricação e
construção, operação e manutenção.
Construtibilidade
Construção virtual
Segurança do trabalho
Especificações da construção
Execução
Projeto de sistemas construtivos
Tecnologias móveis para uso no canteiro
Construção
Planejamento e controle da produção
Licitações e contratações
Estruturas metálicas
Pré-fabricação
Estruturas em concreto pré-moldado
Coordenação dos suprimentos
Aquisição
Preparação de pacotes de compras
Rastreamento dos ativos
Manutenção dos ativos
Gerenciamento Monitoramento de ativos por GPS
Gerenciamento dos espaços
Operação Gerenciamento de reformas
Gestão dos sistemas
Planejamento para situações de emergência
Simulação
Análises do consumo energético
Rastreamento da ocupação
Lean construction
Gestão da cadeia de suprimentos
Otimização de processos Gestão do conhecimento
Análises de valor
Melhoria do processo de comunicação
Fonte: Retirado de Manzione (2013, p.46).
seja compatível com outro software. Essa comunicação entre modelos e softwares
se trata da interoperabilidade.
Para viabilizar a interoperação de modelos é necessário que exista um
formato de arquivos com regras universais. Esta é uma das questões mais
importantes para o sucesso do BIM e tem gerado muita discussão. Os fabricantes de
softwares promovem, em geral, a utilização de formatos proprietários (exclusivos de
determinado fabricante) para os modelos em BIM. É claro que isso só é interessante
para a empresa que desenvolve o software, pois diminui o poder de barganha dos
contratantes, que se veem obrigados a utilizar o software que tiver domínio de
mercado, limitando assim as possibilidades de colaboração.
Howell e Batcheler (2004 apud MANZIONE, 2013 p. 62) afirmam:
A interoperabilidade é crítica para o sucesso do BIM. O
desenvolvimento de padrões de dados abertos e o acesso “não-
proprietário” para os dados do BIM é uma prioridade urgente para a
indústria se quisermos evitar as ineficiências e os problemas
recorrentes de reentrada de dados. A interoperabilidade permitirá o
reuso de dados de projeto já desenvolvidos e assim garantindo
consistência entre cada um dos modelos para as diferentes
representações do mesmo edifício. Dados consistentes, acurados e
acessíveis por toda a equipe de projeto irão contribuir
significativamente para mitigar os atrasos e os custos adicionais.
Visando resolver esse problema, a empresa buildingSMART se tornou
responsável pelo desenvolvimento do IFC (Industry Foundation Classes) que é:
[...] um formato de arquivo de dados voltado para o objeto, baseado na
definição de classes que representam elementos, processos,
aparências, etc. utilizados pelos softwares aplicativos durante o
processo de construção de um modelo ou projeto.
O IFC é um formato não proprietário, de arquitetura aberta, uma
linguagem comum, utilizada para a troca entre modelos de diversos
fabricantes. (ADDOR et al., 2010, p. 111).
O IFC permite ainda “a criação de ‘vistas de informação’, ou subconjuntos de
dados, apenas com os dados necessários para determinado domínio, através do
processo de Model View Definitions (MVD)”. (MANZIONE, 2013, p. 50) Esse
processo permite que o modelo seja compartilhado de forma limitada, preservando a
integridade do modelo e dando segurança aos projetistas no que se refere a direitos
autorais e segredos industriais.
A buildingSMART levou anos para estabelecer os padrões IFC, que está em
constante processo de desenvolvimento e conta com a colaboração de diversas
42
autor, ainda, afirma que nessa fase as trocas ocorrem de maneira síncrona,
trazendo de forma natural a simultaneidade das fases de projeto.
BIM estágio quatro − IPD
O estágio final do processo de implantação do BIM é o atingimento da fase do
IPD, em que as relações contratuais passam a ser baseadas na colaboração efetiva
por todos os agentes envolvidos, conforme os princípios do IPD já apresentados.
Outros autores também sugerem que o BIM deve passar por fases antes de
atingir o pleno uso. Os conceitos de “little bim” X “BIG BIM” propostos por Jernigan
(2007 apud ANDRADE e RUSCHEL, 2009) colocam o BIM em duas fases distintas
de uso do BIM, em que inicialmente temos uma fase onde ocorre a adaptação e
aprendizado do processo, com uso restrito de todo potencial que uma plataforma
BIM pode oferecer e, posteriormente, o uso pleno.
É possível, então, com base em trabalhos como esses, identificar as
características que assemelham-se com um determinado mercado ou empresa e
avaliar quais os próximos passos a serem dados. Tobin (2008) classifica o BIM em
três gerações, e as chama de BIM 1.0, BIM 2.0 e BIM 3.0. A seguir será apresentada
uma breve descrição dessas gerações.
BIM 1.0 – “CAD com esteroides”. Esta era representa o surgimento de
softwares modeladores 3D, que evoluiram do próprio CAD e permitem em alguns
casos objetos paramétricos. As principais benefícios adquiridos nessa geração são:
capacidade de coordenação de documentos, adição de informações aos objetos e
rápida ou mesma automática produção de documentos. Dessa forma, graças a
susbstituição de modelos bidimensionais, passa-se a eliminar o tedioso trabalho de
fazer cortes e representações da edificação, que são gerados em tempo real nos
modelos tridimensionais.
Não podemos afirmar que nessa geração, o Information do BIM está
realmente presente. Temos um Building Model que ainda não é totalmente integrado
e com maiores detalhes. Isso traz à tona a principal característica dessa era,
segundo o autor, que é o fato do BIM ainda estar apenas na etapa de projeto e não
na etapa construtiva, ou seja, as etapas permanecem separadas. Dessa forma, os
projetistas podem ainda definir o nível de detalhe e precisão dos modelos a serem
utilizados em seu modelo ou empresa, de acordo com suas necessidades.
52
bibliotecas paramétricas por não haver clientes o suficiente que fariam uso e, por
outro lado, os projetistas alegam não adotar o BIM por esbarrar em dificuldades
como a falta de bibliotecas.
A incompatibilidade é outra questão relevante e que ainda gera muitos
problemas. A conversão de arquivos em formato proprietário para o IFC,
normalmente, ocorre com perda significativa de dados. A buildingSMART tem
trabalhado arduamente nesse sentido, porém a colaboração dos fabricantes de
software é essencial para que o problema seja sanado. O que acontece,
normalmente, é que as regras e códigos que norteiam um objeto em formato
proprietário são diferentes das utilizadas no IFC, dificultando a leitura e conversão
desses mesmos dados. Uma solução que vem sendo adotada é a utilização de
softwares de clash detection, que são softwares especializados em detectar
interferências e compatibilizar projetos para a leitura e união de modelos que, por
ventura, tenham sido desenvolvidos separadamente, já que essas ferramentas são
capazes de ler diferentes formatos. Contudo, não é uma solução definitiva, pois
nesse processo ainda perdem-se dados. (AU - ARQUITETURA E URBANISMO,
2011).
Outro problema, refere-se ao uso de tecnolgias em cloud computing. A
maioria concorda que seu uso é indispesável para o sucesso do BIM, mas a
discussão sobre as regras desse ambiente é que causam atritos. Muitas empresas
temem ter seus segredos revelados, ou mesmo temem perder dados e direitos sobre
as decisões de projeto que foram frutos do trabalho individual de uma dessas
empresas ou projetistas; visto que os demais projetistas podem ter acesso ao
mesmo modelo. Uma possível solução é a de que haja uma coordenação desses
arquivos, em que uma modificação ou atualização só é liberada aos demais agentes
após a aprovação do resposável pela coordenação.
É necessário, portanto, aumentar os investimentos em tecnologias que
tragam soluções para essas dificuldades encontradas em implantar o BIM e isso
deve acontecer, principalmente, a partir da iniciativa privada. O que o governo, no
entanto, tem feito em alguns países que, consequentemente, se encontram em
estágio mais avançado do uso de BIM, é exigir em suas licitações projetos em BIM.
Isso impulsiona a adoção generalizada do BIM e cria caminhos para que as grandes
empresas também passem a exigir o mesmo, potencializando ainda mais o uso da
tecnologia e avanços no setor.
56
A pesquisa também traz dados das áreas que, na opinião dos entrevistados,
devem ser foco de maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento de
soluções práticas, e estão reproduzidos na figura 13 apresentada na página
seguinte:
57
4. METODOLOGIA
4.2. Método
Fonte: Autor
69
5. ENTREVISTAS
5.1. Entrevistado A
5.2. Entrevistado B
5.3. Entrevistado C
5.4. Entrevistados D e E
Esta entrevista foi respondida por dois profissionais, que compõem uma
equipe responsável pelo BIM em uma empresa com participação em diversos
campos do setor imobiliário no Brasil, como na incorporação de edifícios residenciais
e comerciais e no desenvolvimento e administração de shoppings centers e hotéis.
6. CONCLUSÃO
7. BIBLIOGRAFIA
ADDOR, Miriam Roux A.; ALMEIDA CASTANHO, Miriam Dardes de; CAMBIAGHI,
Henrique; DELATORRE, Joyce Paula Martin; NARDELLI, Eduardo Sampaio;
OLIVEIRA, André Lompreta de. Colocando o "i" no BIM, Revista eletrônica de
Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, N.4, Segundo Semestre de 2010. Disponível
em: <http://www.usjt.br/arq.urb/numero_04/arqurb4_06_miriam.pdf>. Acesso em: 24
Mar. 2013.
ANDRADE, Max Lira Veras X. de; RUSCHEL, Regina Coeli. Bim: conceitos, cenário
das pesquisas publicadas no brasil e tendências. In: IX WORKSHOP BRASILEIRO
DE GESTÃO DO PROCESSO DE PROJETO NA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS, n.
4, 2009, São Paulo. Anais... São Paulo: Simpósio Brasileiro de Qualidade do Projeto
no Ambiente Construído, 2009. p. 602-613. Disponível em: <http://www.aptor.
com.br/sbqp/arquivos/sbqpcd/artigos/pdfs/602_613_ART5_166.pdf>. Acesso em: 03
Mar. 2013.
BOTTEGA, Bruna Sara. Avaliação dos efeitos do uso da tecnologia BIM sobre a
coordenação de projetistas. 2012. Trabalho de diplomação (Engenharia Civil) -
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2012.
COELHO, Sérgio Barbosa de Sales; NOVAES, Celso Carlos. O uso de software livre
na construção civil. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GESTÃO E ECONOMIA DA
CONSTRUÇÃO, n. 4; ENCONTRO LATINO-AMERICANO DE GESTÃO E
ECONOMIA DA CONSTRUÇÃO, n. 1, 2005, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre:
ANTAC, 2005. Disponível em: <http://issuu.com/sergiosalles/docs/coelho_novaes_
sibragec_2005>. Acesso em: 20 abr. 2013.
DELATORRE, Joyce. BIM na prática: Como uma empresa construtora pode fazer
uso da tecnologia BIM. Autodesk University, [sl], 2011. Disponível em:
<http://communities.autodesk.com/uploads/aubr-2011/AUBR_74-BIM-na-pratica-
Como-uma-empresa-construtora-pode-fazer-uso-da-tecnologia-BIM.pdf>. Acesso
em: 14 jul. 2013.
DISPENZA, Kristin. The Daily Life of Building Information Modeling (BIM). 2010.
Disponível em: <http://buildipedia.com/aec-pros/design-news/the-daily-life-of-
building-information-modeling-bim>. Acesso em: 15 jun. 2013.
ROCHA, Ana Paula. Gerente BIM. Revista Téchne, São Paulo: Pini, n. 191, Fev.
2013. Disponível em: <http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/191/
artigo277526-1.asp>. Acesso em: 20 Abr. 2013.
Introdução:
- Fale um pouco sobre você. Nome, formação, experiência profissional, onde
trabalha, qual sua função, que tipo de serviços a empresa presta.
- De maneira sucinta, o que é BIM no seu entendimento? O que muda em
relação à maneira tradicional que trabalhamos?
Perguntas Principais:
- Como deverá se dar a interação entre projetos em um cenário que faça uso
do BIM? Será necessário alguém especificamente para gerenciar essa interação?
Deverão ser formados núcleos de coordenação de projetos BIM nas empresas? O
que define o tamanho ou a necessidade desses núcleos? Como funcionarão?
- Qual modelo você acredita ser ideal, Coordenador/Gerente BIM interno
(funcionário da empresa) ou externo à empresa (consultor)? Quais vantagens e
desvantagens dos modelos?
- Em relação ao agente que vem sendo chamado de Gerente BIM ou BIM
Manager, como você avalia a necessidade desse “novo” cargo? O que você vê no
escopo de atividades desse profissional? Quais diferenças e semelhanças em
relação ao coordenador de projetos tradicional? Baseado nisso, qual o perfil desse
profissional, quais as habilidades específicas desse profissional? Com quais
disciplinas ele deve interagir?
- Como devem funcionar as reuniões em um ambiente de trabalho que faça
uso do BIM? Qual o papel do Gerente BIM nessas reuniões?
- Qual sua perspectiva quanto à disponibilidade de profissionais no mercado?
Como você avalia o papel das universidades na formação de profissionais aptos
para trabalhar com o BIM e atitude de profissionais já formados que sintam a
necessidade e venham buscar esses conhecimentos?
OBS: O roteiro pode sofrer ligeiras alterações entre uma entrevista e outra.
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Introdução:
- Fale um pouco sobre você. Formação, onde trabalha, qual sua função, que
tipo de serviços a empresa presta. E fale de maneira sucinta o que é BIM no seu
entendimento.
Graduada em arquitetura, Mestre em Educação pela UEL, estudante de
doutorado em Construção Civil na EPUSP. Professora de Desenho e Geometria na
UEL.
- O que é o BIM?
BIM é uma metodologia para processos de negócios, que envolve projeto,
construção, gerenciamento e manutenção de edificações. Esta metodologia tem por
base o modelo BIM que é uma representação digital 3D paramétrica da edificação.
Quando esta metodologia é bem implementada os agentes envolvidos podem
acessar, ao mesmo tempo, informações do escopo de projeto, cronogramas e
orçamentos.
- De forma resumida como você vê seu uso na prática, o que muda no
processo?
BIM está sendo mais amplamente utilizado e difundido nos Estados Unidos e
Europa. No Brasil BIM está sendo utilizado por algumas empresas. A maioria delas
utiliza BIM com a finalidade de produzir documentações e apresentações ao cliente.
O uso interdisciplinar de BIM está começando a ser implementado por algumas
construtoras e seus parceiros de projeto, porém restrito ao uso da mesma
plataforma BIM.
- Como deverá se dar a interação entre projetos?
As construtoras interessadas na implementação de BIM formam as suas
equipes de projeto, selecionam as ferramentas, programam os treinamentos,
desenvolvem os padrões e bibliotecas e implementam um projeto piloto.
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Perguntas principais:
- Já ouviu falar de Gerente BIM ou BIM Manager? O que você vê no escopo
de atividades desse profissional?
Sim, já ouvi falar. Suas funções e responsabilidades podem variar de acordo
com o tamanho e serviços prestados pela empresa. Assim, existe uma hierarquia de
funções, porém um mesmo profissional pode desempenhar várias delas. No primeiro
nível está o Gerente do Modelo, responsável pelo trabalho de modelagem. Nos
níveis acima estão o Gerente BIM do escritório e o Gerente BIM da companhia
responsáveis pela troca de informações, treinamentos, estabelecimento de padrões,
etc.
- Quais diferenças e semelhanças em relação ao coordenador de projetos
tradicional?
O coordenador de projetos tradicional gerencia o projeto enquanto o gerente
BIM gerencia o modelo. O primeiro pode desempenhar o papel do segundo desde
que adquira mais competências. Porém o segundo não pode tomar decisões sobre o
projeto em si, apenas sobre o trabalho de modelagem.
- Baseado nisso, qual o perfil desse profissional, quais as habilidades
especificas você julga necessárias para o desempenho dessa função?
O Gerente BIM deve ter quase todas as competências que já são requeridas
de um coordenador de projetos somando aquelas mais técnicas e específicas
relacionadas a conhecimentos e habilidades BIM.
Na resposta anterior, você disse que o coordenador pode vir a ser gerente
BIM, mas o contrário não. Se o gerente BIM deve reunir as competências do
coordenador de projetos somadas às relacionadas ao BIM, por que então o gerente
BIM não pode coordenar o projeto?
Várias competências de um Gerente BIM são também requeridas de um
coordenador de projetos, porém as funções de um Coordenador de Projetos são
mais ligadas ao planejamento do processo de projeto e do produto, sendo que este
profissional tem certas autonomias que não são do Gerente BIM.
Se possível, fale um pouco mais especificamente das habilidades necessárias
ao gerente BIM e funções.
Vou te encaminhar nosso artigo sobre este assunto. (Barison e Santos, 2010;
2011).
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Introdução:
- Fale um pouco sobre você. Nome, formação, experiência profissional, onde
trabalha, qual sua função, que tipo de serviços a empresa presta.
ENTREVISTADO B, Engenheiro Civil, 3 anos como estagiário em obras, uma
obra em cidade litorânea (sobrado), pesquisador da UFPR. Trabalho atualmente
como gestor na empresa C, desenvolvemos pesquisa e experimentação na área de
TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação para Construção Civil).
- De maneira sucinta, o que é BIM no seu entendimento? O que muda em
relação à maneira tradicional que trabalhamos?
a) BIM é um processo colaborativo de elaboração de projeto, gestão de obras
e gestão do ciclo de vida da edificação, viabilizado por tecnologia da informação e
comunicação entre os profissionais e stakeholders. Através de um contrato
elaborado para esse fim (IPD – Integrated Project Delivery), o BIM é viabilizado e
entregue como um produto (o Modelo da Informação da Construção).
b) A forma de trabalho passa a ser colaborativa desde o inicio do
empreendimento, sendo que os profissionais envolvidos assumem riscos e
benefícios juntos. Ao passo que a remuneração do profissional se torna
diferenciada, obrigando um custo maior nas fases iniciais, sendo recuperado ao
longo do empreendimento em qualidade e produtividade.
Perguntas Principais :
- Como deverá se dar a interação entre projetos em um cenário que faça uso
do BIM? Será necessário alguém especificamente para gerenciar essa interação?
Deverão ser formados núcleos de coordenação de projetos BIM nas empresas? O
que define o tamanho ou a necessidade desses núcleos? Como funcionarão?
A mesma figura do Gerente de Projetos (Design) deverá operar BIM processo
e produto. A fim de mapear e gerenciar o processo de projeto, garantindo que as
ferramentas e os profissionais interajam com informações e no momento certo.
- Qual modelo você acredita ser ideal, Coordenador/Gerente BIM interno
(funcionário da empresa) ou externo à empresa (consultor)? Quais vantagens e
desvantagens dos modelos?
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Introdução:
- Fale um pouco sobre você. Nome, formação, experiência profissional, onde
trabalha, qual sua função, que tipo de serviços a empresa presta.
ENTREVISTADO C, formado Eng. Civil pela UFPR em 2009. Responsável
pela C desde 2006 quando foi fundada a empresa, até 2010 prestamos serviços de
desenvolvimento de projetos e coordenação de projetos para a construção, no
âmbito público e privado. A partir de 2010, iniciamos o gerenciamento de obras, e
desde 2012 sou responsável técnico pela C, empresa incubada no CESEC da UFPR
realizando P&D para a tecnologia BIM.
- De maneira sucinta, o que é BIM no seu entendimento? O que muda em
relação à maneira tradicional que trabalhamos?
BIM, ou projeto integrado, como chamamos na UFPR, ao meu ver, é uma
ferramenta para um novo processo dentro da construção civil, focado em modelar
informações em um modelo virtual (banco de dados) a fim de melhorar a tomada de
decisão durante o projeto.
A execução de um projeto em BIM altera drasticamente a forma tradicional de
trabalho, exigindo mais conhecimento e tomadas de decisão dos profissionais
envolvidos, além de mudar a visão segmentada do empreendimento para uma visão
holística.
Perguntas Principais:
- Como deverá se dar a interação entre projetos em um cenário que faça uso
do BIM? Será necessário alguém especificamente para gerenciar essa interação?
Deverão ser formados núcleos de coordenação de projetos BIM nas empresas? O
que define o tamanho ou a necessidade desses núcleos? Como funcionarão?
A integração dos projetos se dará ainda na fase de concepção do projeto.
Todos os agentes envolvidos no projeto precisarão estar alinhados quanto às
necessidades daquele empreendimento (riscos, metas, padrões, prazos, qualidade,
custo). Estes precisarão trabalhar de forma colaborativamente para que as soluções
saiam, desde o início, compatibilizadas.
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Introdução
- Fale um pouco sobre você. Nome, formação, experiência profissional, onde
trabalha, qual sua função, que tipo de serviços a empresa presta.
Respondido por dois profissionais:
ENTREVISTADO D – Arquiteto (cursando engenharia civil), trabalha há 2
anos com ferramentas BIM. Ingressou na J como parte de um time ficado
exclusivamente no desenvolvimento deste processo dentro da empresa e junto com
fornecedores. Há 2 meses migrou para a área de orçamentos, onde está
aprimorando a integração com esta área.
ENTREVISTADO E – Engenheiro civil (dupla formação em arquitetura)
ingressou na J há 2,5 anos para o desenvolvimento de processos de forma geral.
Apesar de não ter trabalhado diretamente com a ferramenta, contribuiu para o
desenvolvimento e definição dos processos e orientação estratégica da implantação
do BIM para o desenvolvimento de projetos, orçamento e planejamento. Atualmente
trabalha na coordenação de projetos e engenharia com diversos projetos que
utilizam o BIM em diferentes maneiras.
J – Empresa de capital aberto, com diversas áreas de atuação. Há cerca de 3
anos criou o departamento de Engenharia Avançada com o objetivo de otimizar e
coordenar o desenvolvimento de projetos mais eficientes e com uma abordagem
mais focada na industrialização e construção racionalizada.
Palestras que fizemos sobre o tema em
http://www.cte.com.br/site/evento_visualizar.php?idEvento=35
http://www.cte.com.br/site/evento_visualizar.php?idEvento=32
- De maneira sucinta, o que é BIM no seu entendimento?
Não encaramos com uma ferramenta. BIM deve ser abordado como
processo. É uma metodologia completamente diferente de gestão e
desenvolvimento de projeto.
- O que muda em relação à maneira tradicional que trabalhamos?
De maneira geral, o processo é necessariamente integrado, pois não criamos
linhas que representam uma parede, por exemplo. Pensamos diretamente o próprio
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Perguntas Principais:
- Como deverá se dar a interação entre projetos em um cenário que faça uso
do BIM?
O primeiro ponto é nivelar o nível de informação (LOD por etapas) entre os
projetistas e, na sequência, é garantir e definir o fluxo de informações.
- Será necessário alguém especificamente para gerenciar essa interação?
Dependendo da escala sim. Para projetos menores o cliente ou o arquiteto
por desempenhar esta função. (o mesmo ocorre com processos que não sejam BIM
– para grandes obras precisa-se de um compatibilizador, gerenciador etc.).
- Deverão ser formados núcleos de coordenação de projetos BIM nas
empresas?
Depende do objetivo de cada empresa. Se ela quer ser um agente de
mudança e catalisar este processo, sim. Se ela quiser ‘navegar’ junto com o
mercado, basta capacitar algumas pessoas, mas não necessariamente formar um
‘núcleo’.
- O que define o tamanho ou a necessidade desses núcleos?
A escala do projeto, o grau de maturidade das empresas e colaboradores
envolvidos e, principalmente, o objetivo estratégico da empresa em relação ao BIM.
- Como funcionarão?
De maneira análoga ao convencional, com o diferencial que podem existir
pessoas à margem do processo de projeto, que se ocupam apenas da gestão do
uso e da capacitação da ferramenta. Ou seja, são pessoas que trabalham com a
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