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O professor Menezes Cordeiro diz que cit. “No Direito das sociedades, a ideia de lealdade
toma diversas configurações: dos accionistas entre si, designadamente da maioria
quanto à minoria — mas também inversamente —, dos accionistas para com a
sociedade e dos administradores para com a mesma sociedade”, e relativamente aos
administradores “tais deveres são complementados com a boa-fé”
Como ponto de partida, o objecto social de uma sociedade traduz de forma clara e específica
as atividades desenvolvidas pela sociedade (nº 2 do artigo 11º)
E.g. (Numa perspetiva Vertical) A sociedade dominante pode ter o mesmo objeto negocial
que uma ou mais sociedades subordinadas, ou (Numa perspetiva horizontal) podem várias
sociedades subordinadas coincidir entre si no mesmo objeto de negócio.
NOTA: A este respeito a Professora Ana Perestrelo de Oliveira. diz que cit. “não
haverá dúvidas, de que a oportunidade pertence à sociedade que manifestou
já interesse no negócio ou se envolveu em negociações ou (...) utilizou, para a
sua exploração, meios, informação ou pessoal” (...) assim como no caso do
administrador da sociedade “se a oferta lhe foi apresentada na sua qualidade de
órgão da sociedade”, mesmo que a oportunidade lhe tenha sido oferecida a título
pessoal ou que dela tenha conhecimento no âmbito do acesso privilegiado à
informação “um administrador está sempre ao serviço da sociedade”.
in: Grupos de sociedades e deveres de lealdade : por um critério unitário de solução do "conflito do
grupo"
A ideia de Corporate Governance é oriunda dos EUA e não existe uma definição juridica para
“corporate governance”, o professor Menezes Cordeiro refere que “abrange um conjunto
de máximas válidas para uma gestão de empresas responsável e criadora de riqueza
a longo prazo, para um controlo de empresas e para a transparência.” Que abrangem,
“regras jurídicas societárias (art 64º CSC), regras de gerais do código civil, e também
deveres acessórios, princípios e normas de gestão económica, e postulados morais e
de bom senso”
Entre sociedades
• Nos Grupos de Direito, o artigo 503º, não coloca obstáculos à sociedade com poder
de direção ou totalmente dominante a decisão de se apropriar da oportunidade ou
de a atribuir a qualquer subordinada, mesmo que essa oportunidade não lhe seja
diretamente aplicável pelo critério de funcionalidade. - trata-se de um desvio ao
principio da especialidade (consiste na pessoa colectiva ter os direitos necessários ou
convenientes à prossecução exclusivamente dos seus fins)
• Nos Grupos de Facto tal decisão depende do cumprimento dos requisitos para a
emissão de instruções desvantajosas ((i) sirvam os interesses da sociedade diretora ou
das outras sociedades do grupo, (ii) sejam licitas), e os deveres de lealdade exigem
apenas a sua compensação (cfr se pode extrair do nº 2 art 504º)
(definidos como aqueles em que um eventual poder de direção “a existir e a ser exercido, apenas
o poderá ser como um mero poder de facto, que vive sujeito e enquadrado pelos cânones
gerais do direito das sociedades” - JOSÉ ENGRÁCIA ANTUNES, Os Grupos de Sociedades..., cit., pág.
73.)
Relativamente ao administrador
NOTA: Diz a este respeito a professora Ana Perestrelo de Oliveira que “as
oportunidades de negócio da sociedade-filha estão conformes o interesse da
sociedade-mãe, a cuja prossecução o administrador está vinculado, não pode
este, em principio, aproveitar-se delas (...) correspondendo este a um dos
casos em que, excecionalmente, os deveres de lealdade dos administradores
existem diretamente para com a subsidiária”.
A oportunidade de negócio está relacionada com o desvio do exercício da função a que ele
estava adstrito, aproveitando-se de informações privilegiadas que dispõe em virtude do
cargo que ocupa.
Face a este conceito, podem-se destacar exceções, no que diz respeito ao dever de não
concorrência. Trata-se de uma limitação ao principio da liberdade de iniciativa económica.
A doutrina (onde se inclui a professora) tem entendido que a proibição de concorrência visa a
proteção dos sócios minoritários, com vista à tutela dos seus interesses - e.g. o art 21º
(no caso de sócio investidor o direito aos lucros , ou à previsão de manutenção da atividade da empresa
no caso de sócio-empresário)
STJ
a assembleia geral delibera por maioria dos votos emitidos, seja qual for a percentagem do capital social
nela representado, salvo disposição diversa da lei ou do contrato, nº 1art 386-
Nada obstará assim a que uma deliberação seja tomada apenas por um único sócio titular de uma
pequena quota minoritária, observados que sejam todos os restantes pressupostos de validade formal
ou substancial da mesma, formando-se as maiorias deliberativas tão-somente pelos votos emitidos e
validamente expressos
Da mesma forma que á própria sociedade existem limites, o mesmo deverá ser entendido
relativamente aos administradores. Deriva do principio do dever de boa-fé.
O administrador prossegue o objeto social da sociedade e atua com o dever de diligencia
(art 504º) relativamente ao grupo. Logo pode-se afirmar que a proibição de concorrência
também lhe seja aplicada, estendendo-se a todo o grupo.
Podemos dizer que o dever de não concorrência se aplica:
• Entre o administrador e a sociedade que administra,
• E ao administrador em relação às sociedades subordinadas.