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ATIVIDADE AVALIATIVA I DA DISCIPLINA DE LIBRAS

Leia o texto sobre “Estudos Sobre Educação Bilíngue e Escolarização em Contextos


de Minorias Linguísticas no Brasil” e responda as questões:

1) Explique o que compromete dizer que o Brasil é um país que acredita no mito do
monolinguismo.

Este mito é poderoso o suficiente para tornar as minorias invisíveis


quando se trata da fala de indígenas, imigrantes, surdos, caipiras e demais
populações cuja língua é desprestigiada. É comum considerar que o bilinguismo
esteja relacionado apenas às línguas de prestígio já que as línguas faladas pelas
populações mencionadas são de tradição oral e acabam por serem estigmatizadas,
dando uma falsa impressão de que no Brasil o que existe é um genuíno
monolinguismo.
O monolinguismo brasileiro é um mito uma vez que o país é composto de
comunidades indígenas que habitam por quase todo o território nacional bem como
comunidades alemãs, italianas, japonesas, polonesas, ucranianas e outras que se
espalham por regiões dentro do território. Ainda acrescenta-se a esta variedade de
povos, os descendentes de imigrantes, os que vivem em fronteiras e fazem uso de
línguas e dialetos dos países hispano-falantes vizinhos nossos e a grande
comunidade de surdos que se comunicam em língua própria, Libras, seu principal
idioma.
Existem variedades do português que fazem do Brasil um país multilíngue.
A própria raiz do País está nos índios, portugueses e africanos, sendo que a
população afro-brasileira chega a constituir maioria em algumas regiões. Essa
variação do idioma oficial fortalece a característica multilíngue do brasileiro.
As variações regionais, sociais e estilísticas também permeiam este
contexto. As comunidades rurbanas trazem consigo uma forma de comunicação
também peculiar e neste caldeirão multilíngüe da nossa nação, o mito do
monolinguismo acaba prevalecendo já que o idioma influencia profundamente as
relações de poder. Assim sendo, esta nova língua é vista como “fala errada do
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português”. A Língua dos Sinais “falada” pelos surdos é questionada enquanto


língua, que precisa ser entendida desta forma e não traduzida como supõe
muitos. Na zona rural existe algum incentivo ao bilinguismo enquanto que nas
cidades ainda é mantido o mito do monolinguismo. “A política linguística de
monolinguismo no Brasil é uma questão naturalizada”, diz a autora do texto. O
próprio português escrito se torna uma nova língua(gem) para as crianças
dessas comunidades quando frequentam as escolas.
Este mito é alimentado pela escassez de pesquisas em educação escolar
indígena, trabalhos voltados tão somente para descrições sociolinguísticas junto
a comunidades imigrantes e regiões de fronteira, bem como poucos estudos
sobre a sala de aula com alunos surdos. Além disso, podemos considerar a
pobre formação ou ausência de capacitação de docentes nessa área devido ao
foco estar mantido na Língua Portuguesa.
O preconceito com as demais línguas faladas no Brasil só será vencido
quando a população compreender o conceito de país multilíngue e aceitar que o
País é heterogêneo e diversificado neste sentido. Aí o mito cai.

2) Comente sobre as divisões linguísticas existentes no Brasil.

No Brasil existem várias comunidades que falam uma língua além do


português. Fazem parte das divisões linguísticas as comunidades indígenas com
seu idioma próprio, que varia de uma comunidade a outra, mas também que
possuem professores da língua portuguesa. As comunidades de imigrantes
formadas por estrangeiros na maioria vindos da Alemanha, Itália, Japão, Polônia
e Ucrânia, cuja língua mãe é falada na comunidade ou nos lares, entretanto se
deparam com o português na escola. Ainda há os descendentes de imigrantes
que, além de dominarem a língua pátria, aprendem e usam a língua de origem
dos pais. As regiões de fronteira que, na maioria, são formadas por países
hispano-falantes formam estas divisões e também a grande comunidade de
surdos que se utilizam da Libras para sua comunicação. Pode-se ainda
acrescentar a estas divisões o linguajar caipira e o das comunidades rurbanas,
que são comunidades urbanas de origem rural.
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Todos estes contextos também são “bidialetais” uma vez que contemplam
alguma variedade de baixo prestígio do português ou de outra língua
paralelamente à língua tida como padrão.
3) Relate a realidade indígena brasileira, de acordo com Cavalcanti (1999).

Quanto à língua das comunidades indígenas, existe um direito assegurado


pela Constituição de 88 para a educação bilíngue, entretanto apenas em 1991
isto se tornou responsabilidade do governo. Em 1998 foi publicado o Referencial
Curricular Nacional para Escolas Indígenas. Estas escolas são reconhecidas
como escolas bilíngües.
Para Cavalcanti, tais escolas são alheias à educação tradicional dentro da
cultura local, porém, dependendo do contato que a comunidade tem com a
sociedade, pode haver uma proximidade entre as culturas.

4) Qual diferença entre ser bilíngue ouvinte com relação a ser bilíngue surdo?
Reflita.

O bilíngue ouvinte tem mais possibilidade de desenvolver a língua


portuguesa devido à formação dos professores estar voltada para esta realidade.
O bilíngue surdo enfrenta a grande dificuldade de se fazer compreendido, e
comunicar-se.
Devido à ausência de profissionais que dominam a Libras e a maioria da
população surda desconhecer a Língua de Sinais, a aprendizagem destes tem
sido dificultosa. Pouco se tem pesquisado a respeito da Libras e pouco se tem
feito por este público que se vê forçado a verbalizar o português para se
comunicar.
A maioria dos pais de surdos não sabem usar a Língua de Sinais,
portanto ao bilíngue surdo cabe se expressar pobremente em gestos que nem
sempre fazem sentido para os ouvintes e buscar a compreensão pela leitura
labial.
Na realidade, esta comunidade é desprezada pelos órgãos
governamentais, não tem direito à educação adequada e vivencia um processo
de inclusão medíocre, despreparado e com poucos recursos.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Texto “Estudos Sobre Educação Bilíngue e Escolarização em Contextos de Minorias


Linguísticas no Brasil” de Marilda C. Cavalcanti.

CAVALCANTI, M. C. (1999a) A prática como fonte de projetos de pesquisa para a


formação de professores. In: J. C. P. ALMEIDA Fº (org.) Professores de Língua
Estrangeira em Formação. Campinas, SP: Editora Pontes.
________________ (1999b) Representaciones sociales en una práctica de lengua
escrita: interacción transcultural en un curso para formación de maestros para
escuelas de la región occidental de la selva amazónica en Brasil. In: A.M. MEJÍA &
L.TÓVAR (orgs.) Perspectivas Recientes del Bilingüismo y de la Educación Bilíngue
en Colombia. Editora da Universidad del Valle, Cali, Colômbia.
________________ (1999c) Vozes na Escola: Cultura e Identidade em Cenários
Sociolingüisticamente Complexos (Implicações para a formação de professores em
contextos bilíngües e/ou bidialetais). Projeto CNPq 520616/95-2, Modalidade Auxílio
Integrado à Pesquisa.
________________ (1999d) Entrecruzamento de Vozes e Representações: o
professor e a escola na comunidade (Bilingüismo e/ou bidaletalismo em contextos
de tradição oral, minoritários ou majoritários com tratamento de minorias). Plano de
trabalho/projeto de pesquisa apresentado ao CNPq na modalidade Bolsa
Produtividade (Auxílio Integrado à Pesquisa).

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