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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

LUCAS BALDONI

A ESTRATÉGIA EMPREENDEDORA DA UNICAMP PARA A CONSOLIDAÇÃO


DO PARQUE CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO

CAMPINAS
2015
NÚMERO: 272/2015
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

LUCAS BALDONI

A ESTRATÉGIA EMPREENDEDORA DA UNICAMP PARA A CONSOLIDAÇÃO


DO PARQUE CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO

ORIENTADOR: PROF. DR. ANDRÉ TOSI FURTADO

DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO INSTITUTO DE


GEOCIÊNCIAS DA UNICAMP PARA OBTENÇÃO DO
TÍTULO DE MESTRE EM GEOGRAFIA NA ÁREA DE
ANÁLISE AMBIENTAL E DINÂMICA TERRITORIAL

O ARQUIVO DIGITAL CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA


DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO LUCAS BALDONI
E ORIENTADA PELO PROF. DR. ANDRÉ TOSI FURTADO.

CAMPINAS
2015
Agência de fomento: FAPESP
Nº processo: 2013/07702-0

Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca do Instituto de Geociências
Márcia A. Schenfel Baena - CRB 8/3655

Baldoni, Lucas, 1988-


B193e BalA estratégia empreendedora da Unicamp para a consolidação do Parque
Científico e Tecnológico. / Lucas Baldoni. – Campinas, SP : [s.n.], 2015.

BalOrientador: André Tosi Furtado.


BalDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de
Geociências.

Bal1. Universidade Estadual de Campinas. 2. Geografia - Inovações


tecnológicas. 3. Pólos de desenvolvimento. 4. Universidade e indústria. 5.
Empreendedorismo. I. Furtado, André Tosi,1954-. II. Universidade Estadual de
Campinas. Instituto de Geociências. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: The Unicamp entrepreneurial strategy to consolidation of the


Science and Technology Park
Palavras-chave em inglês:
State University of Campinas
Geography - Technological innovations
Development poles
Industry and university
Entrepreneurship
Área de concentração: Análise Ambiental e Dinâmica Territorial
Titulação: Mestre em Geografia
Banca examinadora:
André Tosi Furtado [Orientador]
Renato de Castro Garcia
Maria Mónica Arroyo
Data de defesa: 11-08-2015
Programa de Pós-Graduação: Geografia

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

AUTOR: Lucas Baldoni

A Estratégia Empreendedora da UNICAMP para a Consolidação do


Parque Científico e Tecnológico.

ORIENTADOR: Prof. Dr. André Tosi Furtado

Aprovado em: 11 / 08 / 2015

EXAMINADORES:

Prof. Dr. André Tosi Furtado – Presidente

Prof. Dr. Renato de Castro Garcia

Profa. Dra. María Mónica Arroyo

Campinas, 11 de agosto de 2015.


Aos meus pais, Vera e Carlos, que
estiveram sempre do meu lado, dedico
essa conquista com o mais profundo
amor, admiração e respeito.
AGRADECIMENTOS

À Deus, que me iluminou durante a caminhada.


Ao Prof. Dr. André Tosi Furtado, pelo privilégio de ter sua orientação, pelo incentivo, a
confiança e a amizade construída ao longo deste trabalho.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP, pelo auxílio
concedido a esta pesquisa.
Ao Programa de Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Geociências, em especial as
funcionárias Val e Gorete, professores e colegas pela acolhida e conhecimentos adquiridos.
Аоs meus pais Vera e Carlos que, com muito carinho е apoio, não mediram esforços para que
eu chegasse até esta etapa de minha vida.
À Karlise, pessoa com quem amo partilhar а vida. Obrigado pelo carinho, paciência,
conselhos е por sua capacidade de me trazer paz.
À minha irmã Bruna, cunhado Uilians, afilhado Matias e Maria Fernanda, pelo carinho, amor
e as alegrias compartilhadas.
Aos meus avós paternos e maternos, Cláudio, In Memoriam e Áurea, Aparecido In Memoriam
e Lazara, pois, sem eles muitos dos meus sonhos não se realizariam.
À minha família, tios Lu, Li, Tata, Valdir, Valter, Rose, Nilton e Neiva, meus primos e primas
pelo apoio e incentivo.
À Cleonir, Thiago e Pâmella que me acolheram com muito carinho como parte da família.
Aos meus amigos Giba, Tatu, Danilo, Cadu, Rapha, Toke, Silas, Fernando e Rodolfo pela
alegria e apoio cotidiano nos desafios que enfrentei na cidade de Campinas.
À Agência de Inovação da Unicamp, em especial, ao Gurgel que me apoiou, aconselhou e
motivou durante todo o curso deste trabalho.
Aos membros da Banca do Exame de Qualificação, Prof. Dr. Renato Garcia e Profa. Dra.
Monica Arroyo, que me acompanharam e contribuíram imensamente.
A todos que diretamente ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.
A compreensão da organização espacial, bem como sua
evolução, só se torna possível mediante a acurada interpretação do
processo dialético entre formas, estrutura e funções através do tempo.

Milton Santos
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

“A ESTRATÉGIA EMPREENDEDORA DA UNICAMP PARA A CONSOLIDAÇÃO


DO PARQUE CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO”

RESUMO

Dissertação de Mestrado
Lucas Baldoni

O objetivo desta Dissertação consiste em descrever e analisar a estratégia empreendedora da


“Universidade Estadual de Campinas” (UNICAMP) para a consolidação do “Parque Científico e
Tecnológico da Unicamp”. Essa estratégia se materializa, a partir de 2008, quando a UNICAMP
assume a liderança do projeto de implantação deste Parque Científico dentro do seu Campus
Universitário, cujo foco é reunir instalações dedicadas a abrigar laboratórios para a execução de
projetos de P&D entre Grupos de Pesquisas da UNICAMP e Empresas interessadas. Entretanto, esta
Dissertação demonstra que a implantação deste espaço de inovação, apesar de contar com um apoio
muito mais explícito por parte da Universidade, enfrenta obstáculos importantes que se devem por um
lado à falta de interesse por parte de Empresas Âncoras em investir recursos importantes em
laboratórios de pesquisa e por outro lado à falta de continuidade das políticas públicas de incentivo aos
Parques Científicos e Tecnológicos. Conclui-se que para alcançar resultados expressivos no longo
prazo e estreitar as relações entre a Universidade e Empresa seja necessário um maior
comprometimento desses atores.

Palavras chaves: Geografia da Inovação; Parque Científico; Relação Universidade-Empresa;


Unicamp.
UNIVERSITY OF CAMPINAS
INSTITUTE OF GEOSCIENCE

THE UNICAMP ENTREPRENEURIAL STRATEGY TO CONSOLIDATION OF


THE SCIENCE AND TECHNOLOGY PARK

ABSTRACT

Masters Degree
Lucas Baldoni

The aim of this Dissertation is to describe and analyze the entrepreneurial strategy of the "University
of Campinas" (UNICAMP) for the consolidation of "Unicamp Science and Technology Park". This
strategy is materialized, from 2008, when the UNICAMP takes the lead the implementation project of
the Science Park within its university campus, which focuses on gathering facilities dedicated to house
laboratories for carrying out R&D projects between research groups of UNICAMP and interested
companies. However, this Dissertation shows that the implementation of this innovation space, despite
having a much more explicit support from the University, faces major obstacles that must on the one
hand the lack of interest from Anchors Companies to invest significant resources in research
laboratories and on the other hand the lack of continuity of public policies encouraging the Science
and Technology Parks. It concludes that to achieve significant results in the long term and strengthen
relations between the University and Company a greater commitment of these actors is needed.

Keyword: Geography of Innovation; Science Park; University-Firm Relationship; Unicamp.


SUMÁRIO

INITRODUÇÃO…...………………………………..………………………….....………...15

CAPÍTULO I Geografia & Inovação.


1.1. A Geografia da Inovação nos estudos Geográficos...........................................................22
1.2. Geografia da Inovação: Temas, Autores e Objeto de Estudo............................................28
1.3. Espaços de Inovação: Em especial, Parques Científicos e Parques Tecnológicos............36

CAPÍTULO II Panorama dos Parques Científicos e Parques Tecnológicos.


2.1. Estratégia empreendedora da Universidade para Estruturar um Parque Científico e
Tecnológico: O caso do Stanford Research Park.....................................................................45
2.2. A Geografia dos Parques Científicos e Parques Tecnológicos do Brasil...........................51
2.3. As Iniciativas do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec) .............................59
2.4. Processo Histórico de Campinas (SP) e sua Função como protagonista na consolidação do
Polo Tecnológico......................................................................................................................65

CAPÍTULO III O Parque Científico e Tecnológico da Unicamp.


3.1. Background do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”: As Primeiras Ações....77
3.2. O Modelo de Ocupação do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”....................89
3.3. A Forma do Parque: Análise do aspecto visível do “Parque Científico e Tecnológico da
Unicamp”..................................................................................................................................95

CAPÍTULO IV Estratégia da Unicamp para a Consolidação do Parque Científico.


4.1. As ações adotadas pela Unicamp e a Estratégia para implantação do seu Parque...........103
4.2. O Grau de Sucesso do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” no período entre os
Anos 2008 e 2015...................................................................................................................111

CONCLUSÕES.....................................................................................................................118

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................122
ANEXOS................................................................................................................................135
Anexo I: Resolução GR-051/2003, de 23/07/2003................................................................135
Anexo II: Deliberação CONSU-A-002/2010, de 23/04/2010................................................138
Anexo III: Exemplos de Questões das Entrevistas Realizadas .............................................139
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.2.1: Concentração dos Parques Científicos e Parques Tecnológicos no Brasil nos
Anos 1992, 2003 e 2013...........................................................................................................56
Figura 2.3.1: Municípios possuidores de Parques Tecnológicos conforme Status no Sistema
Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec) ..............................................................................63
Figura 2.4.1: Entorno do Parque Científico de Tecnológico da Unicamp ...............................73
Figura 2.4.2: Concentração das ICTs e dos Parques Científicos e Tecnológicos em Campinas
(SP) e a Localização das principais Rodovias ..........................................................................74
Figura 3.3.1: Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP no Campus Zeferino - Campinas
(SP) – Ano 2013 .......................................................................................................................97
Figura 3.3.2: Área do Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP no Ano 2005.............98
Figura 3.3.3: Projeto do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp...................................99
Figura 3.3.4: Área do Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP no Ano 2012...........100
Figura 3.3.5: Área do Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP no Ano 2015...........102
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 2.2.1: Distribuição da Área Física por Macrorregião do País (m²) .............................55
Gráfico 2.2.2: Número de Emprego nas Empresas por Nível de Qualificação.........................56
Gráfico 4.1.1: Quantidade Investimento conforme a Fonte de Recurso................................108
Gráfico 4.1.2: Destino dos Recursos para o Parque Científico..............................................109
LISTA DE QUADROS

Quadro 1.3.1: Caracterização dos Espaços de Inovação...........................................................38


Quadro 1.3.2: Caracterização dos Parques, Centros e Incubadoras..........................................42
Quadro 1.3.3: Diferenças entre Parques Tecnológicos e Parques Científicos..........................44
Quadro 2.2.1: Parques Científicos e Parques Tecnológicos do Brasil......................................53
Quadro 2.3.1: Parques Científicos e Parques Tecnológicos do SPTec – Ano 2015.................64
Quadro 2.4.1: ICTs que compõem a Fundação Fórum Campinas............................................69
Quadro 3.1.1: Áreas de Atuação do SOFTEX-NACIONAL ...................................................83
Quadro 3.1.2: Escritórios do Sistema SOFTEX-NACIONAL.................................................84
Quadro 3.2.1: Modos de Ocupação no “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” ........90
Quadro 3.2.2: Caracterização do Modelo de Ocupação do “Parque Científico e Tecnológico
da Unicamp”.............................................................................................................................92
Quadro 4.1.1: Ações da UNICAMP para consolidação do Parque Científico........................106
Quadro 4.1.2: Investimentos para consolidação do Parque Científico...................................107
Quadro 4.2.1: Avaliação das Ações do Parque da UNICAMP no período 2008-2015..........116
15

INTRODUÇÃO

Principalmente após a década de 1960, a cidade de Campinas recebeu uma


quantidade considerável de empreendimentos que abrigam atividades de CT&I, denominados
neste trabalho como espaços de inovação, tais como: Parques Tecnológicos, Parques
Científicos e Incubadoras de Empresas. Muitos desses espaços de inovação foram motivados,
dentre outros fatores locacionais, pela posição estratégica da cidade de Campinas e de sua
infraestrutura de CT&I, fato que despertou a vinda e a criação de Empresas de Base
Tecnológica (EBTs), as quais buscam beneficiar-se da proximidade geográfica para
desenvolver parcerias em atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Em meio à infraestrutura de CT&I de Campinas, destaca-se a presença das
Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs) de renome, como a UNICAMP, que foi criada
conforme a Lei Estadual nº7655, de 28 de dezembro de 1962 e somente após o Decreto nº
45.220, de 9 de setembro de 1965, iniciou sua implantação efetiva na cidade com o objetivo
principal, segundo Castro (2006), de conter uma nova ênfase ligada à pesquisa tecnológica
que mantivesse forte vínculo com o setor produtivo local e regional.
Na década de 1970, concomitantemente à consolidação da UNICAMP, surge o
projeto Municipal do “Parque de Alta Tecnologia de Campinas” (PATC). Nele, segundo Silva
(2010), estava presente a ideia de transformar Campinas no Silicon Valley brasileiro. Para
tanto, foi estabelecido o “Plano Preliminar de Desenvolvimento Integrado” (PPDI), pelo
Prefeito Orestes Quércia, a partir de uma iniciativa do Governo Federal, com o intuito de
iniciar a implantação do empreendimento. Para os profissionais que defendiam o PACT como
uma proposta inovadora, tal idealização indicava que Campinas poderia se tornar no futuro
um Polo Tecnológico.
Os Polos Tecnológicos, segundo Benko (1996), são interpretados como centros
industriais de alta tecnologia que contém estruturas e instituições voltadas à P&D. Formam
uma aglomeração de atividades de inovação e de produção que estão inseridas dentro de um
território e que passam a ser reconhecidas por suas funções de polarização regional. Os Polos
Tecnológicos resultam de estratégias de desenvolvimento que se apoiam na valorização do
seu potencial de CT&I. Em outras palavras, o Polo Tecnológico é uma forma de polarização
que se inscreve em determinado território com intuito de desenvolvimento. Nos espaços
metropolitanos, como Campinas, eles oferecem economias de aglomeração, forte
concentração dos setores de técnica elevada e transição entre as antigas e novas tecnologias.
16

No primeiro momento de implantação do PACT na década de 1970, houve amplo


apoio do poder público federal e de alguns membros da comunidade de pesquisa,
especialmente da UNICAMP. Os membros da comunidade acadêmica participaram
ativamente do processo de elaboração da política pública que deveria assentar o potencial de
CT&I a serviço da produção industrial de Campinas. Em destaque, o Físico e Professor da
UNICAMP, Rogério Cezar Cerqueira Leite, foi um dos criadores e Presidente da “Companhia
de Desenvolvimento Tecnológico” (CODETEC). O Professor Cerqueira Leite vislumbrava a
possibilidade de replicar no município de Campinas as experiências norte-americanas do
Silicon Valley. (SILVA, 2010)
Entretanto, na década de 1980, as circunstâncias econômicas foram muito mais
adversas daquelas que prevaleceram nas décadas de 1960 e 1970. Por isso, verifica-se,
segundo Brisolla et al (1997), que nos anos 1980, para enfrentar a escassez de recursos, as
Universidades redefiniram suas estratégias de atuação, introduzindo novas estruturas
organizacionais voltadas para o fortalecimento e atuação através de redes de cooperação.
Nota-se que a partir da década de 1980 a UNICAMP intensificou sua estratégia de atuação
externa, principalmente através do maior envolvimento na formulação de políticas públicas
locais, tornando-se ainda mais participativa nas decisões sobre Campinas.
No ano 1983, a Prefeitura Municipal, na gestão de Magalhães Teixeira, em
parceria com a UNICAMP criou o “Centro de Indústrias de Alta Tecnologia” (CIATEC) com
o objetivo institucional de prover as condições de infraestrutura que favorecessem a
proximidade e a integração das atividades dos setores da indústria, comércio, educação e
serviços com as de pesquisa da Universidade. Em 1986, o Decreto Municipal n° 8847
designou uma área de 682 mil m² de propriedade da “Ferrovia Paulista” (FEPASA) para a
implantação de EBTs. A área passou a ser denominada de “Parque Tecnológico CIATEC-
Polo I”. Neste local, conforme a Lei Municipal n° 5700, de 11 de julho de 1986, as EBTs
foram isentas do pagamento de ISS e IPTU até 31 de dezembro de 1990. Em seguida, tem-se
a instituição formal das estruturas do “Parque Tecnológico CIATEC- Polo II”, situado em
uma área de aproximadamente 7 milhões m², composta por várias propriedades particulares e
inserida nas proximidades da UNICAMP.
Segundo Gomes (1995), existe desde os anos 1980 uma tendência de
fortalecimento de iniciativas locais por meio da criação de Parques Tecnológicos e Parques
Científicos, que são empreendimentos voltados para a promoção da interação Universidade-
Empresa. O exemplo precursor é o do Stanford Research Park, que possui até hoje renome
como um dos mais bem-sucedidos Parques, oferecendo às empresas um conjunto particular de
17

benefícios, além de localizar-se no Campus da Universidade de Stanford na região do Silicon


Valley.
Em Campinas, no cenário pós década de 1990 e início dos anos 2000, verifica-se a
maior preocupação da UNICAMP em estabelecer elos cada vez mais estreitos com o setor
produtivo. Nesse sentido, a UNICAMP assumiu novas estratégias locacionais dentro e fora
das delimitações do seu Campus Universitário “Zeferino Vaz” localizado no Distrito de Barão
Geraldo. Mais recentemente, no ano 2003, segundo Castro (2006), a UNICAMP estabeleceu
mecanismos institucionais mais efetivos de ação através da criação de sua Agência de
Inovação, denominada INOVA-UNICAMP, com o objetivo de fortalecer parcerias entre a
UNICAMP, empresas e órgãos do governo, além de incentivar a cultura e o ambiente
inovador e empreendedor na Universidade.
A INOVA-UNICAMP possui a missão de identificar oportunidades e promover
atividades de estímulo à inovação e ao empreendedorismo, ampliando o impacto do ensino, da
pesquisa e da extensão em favor do desenvolvimento socioeconômico. A Diretoria da
INOVA-UNICAMP é composta por um “Diretor Executivo” e outros três Diretores, dentre
eles, o “Diretor de Parques Tecnológicos e de Programas de Incubadora de Empresas de Base
Tecnológica”, responsável pela implantação do Parque, Incubadora e fortalecimento de EBTs.
Essa Diretoria concentrou seus esforços na implantação do “Polo de Pesquisa e Inovação da
Unicamp” que recentemente passou a ser denominado de “Parque Científico e Tecnológico da
Unicamp” pela Deliberação CONSU-A-028/2012, de 27/11/2012.
Com base na nomenclatura do Parque criado pela UNICAMP, cabe destacar a
existência de definições que distinguem os modelos de “Parques Tecnológicos” e os “Parques
Científicos”, pois, embora a finalidade seja a mesma, tais definições devem ser levadas em
consideração, uma vez que elas caracterizam os respectivos modelos de ocupação e gestão,
como também sua localização no espaço geográfico. Ambos podem facilitar o fluxo de
conhecimento, possibilitar a geração de empregos, a cultura empreendedora e favorecer a
formação de clusters de inovação e a competitividade na região onde estão localizados. Aqui,
a caracterização desses espaços de inovação se dá através de três atributos, o primeiro consiste
na unidade gestora, o segundo, no objetivo principal do Parque e o terceiro refere-se ao
componente espacial, ou seja, sua localização, o ponto de maior destaque nesta Dissertação.
A “Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos
Inovadores” (ANPROTEC) define o Parque Tecnológico como um complexo produtivo
industrial e de serviços, planejado, de caráter formal, concentrado e cooperativo, que agrega
empresas cuja produção se baseia em P&D. Trata-se de um empreendimento urbanístico
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promotor da cultura da inovação, da competitividade, do aumento da capacitação empresarial,


fundamentado na transferência de conhecimento e tecnologia. Verifica-se que foco do
Parques Tecnológicos são as empresas neles instaladas e a unidade gestora é geralmente um
órgão público. No caso de Campinas, os exemplos são os “Parques Tecnológico da CIATEC
– Polos I e II” geridos pela Prefeitura Municipal. Também, a unidade gestora de um Parque
Tecnológico pode ser proveniente da iniciativa privada, como o “Techno Park Campinas”.
O Parque Científico é um modelo utilizado pela “International Association of
Science Parks and Areas of Innovation” (IASP), que se destaca devido o compartilhamento
das infraestruturas entre Universidades e Empresas para elaboração e execução de projetos
por tempo determinado. Atualmente, esse modelo pode assumir dois eixos, o primeiro voltado
para projetos entre universidade e grandes empresas e o segundo voltado à incubação de
novos negócios, por exemplo, incubadora de empresas para viabilização de novos negócios
em áreas de interesse. O foco desse Parque consiste na formação de recursos humanos através
da parceria com empresas. Nos Parques Científicos as unidades gestoras são as ICTs e muitas
vezes o empreendimento está localizado dentro de suas áreas ou nas suas proximidades.
(INOVA-UNICAMP, 2010).
O “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”, alvo desta Dissertação, teve
sua gênese a partir de uma proposta apresentada à “Secretaria de Desenvolvimento do
Governo do Estado de São Paulo” no ano 2008 e, atualmente, encontra-se em curso a
instalação das infraestruturas que fazem limite com as áreas do Campus da UNICAMP.
Também, encontra-se em curso a prospecção de empresas através do Edital Público que
descreve o Modelo de Ocupação do Parque.
Neste trabalho, considera-se que o ano de 2008 foi o ponto de inflexão para o
surgimento de um projeto próprio de “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”. No
referido ano, constatou-se a escolha da UNICAMP em implantar o Parque Científico dentro
do seu Campus Universitário “Zeferino Vaz”. Também, entende-se que tal decisão é
consequência dos incipientes resultados das políticas de desenvolvimento em CT&I no âmbito
municipal, somada a possibilidade de ocupação de uma área no Campus que antes pertenceria
a Reitoria da UNICAMP.
A decisão de implantação do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” no
ano 2008 foi sustentada pela sua institucionalização no ano 2010 pelo “Conselho
Universitário da UNICAMP” (CONSU). O argumento para a implantação do Parque dentro
do Campus Universitário provém da proximidade geográfica entre a UNICAMP e as
empresas que serão instaladas no referido Parque. Esse argumento caracteriza a estratégia
19

empreendedora da UNICAMP e estabelece oportunidades para a execução dos objetivos da


INOVA-UNICAMP.
Assim, o presente estudo teve como objetivo principal caracterizar e analisar a
atual estratégia da UNICAMP para a consolidação de um Parque Científico em seu seio.
Desse modo, tal objetivo permitiu caracterizar essa inflexão ocorrida em 2008 e levantar
indícios sobre o grau de sucesso do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” até o ano
2015. E, para que o estudo fosse possível, cumpriu-se os seguintes objetivos específicos:
identificação das ações empreendedoras do corpo docente; análise as ações da INOVA-
UNICAMP; acompanhamento das Deliberações relativas ao referido Parque; mapeamento dos
Laboratórios e Centros de Pesquisa de empresas associadas à UNICAMP localizados no
interior do Campus “Zeferino Vaz”; e, por último, mapeamento dos empreendimentos ligados
à indústria de alta tecnologia que circundam o campus da UNICAMP.
No que tange à metodologia utilizada, coloca-se que o ponto de partida desta
Dissertação iniciou-se com a observação direta da realidade acadêmica da UNICAMP. Tal
observação da realidade detectou a existência de uma série de ações que permitem estreitar as
relações entre a Universidade e seu entorno, como também sua relação com outras ICTs de
Campinas e região. Em seguida, para alimentar a leitura da realidade, tornou-se
imprescindível o levantamento bibliográfico sobre obras a respeito da temática proposta, ou
seja, a leitura correlacionada à Geografia da Inovação, Polos Tecnológicos, relação
Universidade-Empresa, Parques Científicos e Parques Tecnológicos.
Também, foi feito o acompanhamento das Deliberações relativas à implantação do
“Parque Cientifico e Tecnológico da Unicamp”, sobretudo das ações da INOVA-UNICAMP,
através da leitura dos “Relatórios Anuais”, e das movimentações da Direção do Campus e
Prefeitura Municipal por meio da análise de documentos oficiais, bem como dos projetos
aprovados e/ou em construção e perspectivas para as áreas da “Fazenda Argentina”, cujas
propriedades fazem limite com o Campus da UNICAMP e estão localizadas na área do
“Parque Tecnológico da CIATEC- Polo II”.
Outro procedimento aplicado neste estudo, além da coleta de dados disponíveis
junto a órgãos públicos e privados, foi a aplicação de entrevistas a um conjunto de atores
importantes que explicassem as ações da UNICAMP e seus resultados. Sem dúvida, esse
contato com os tomadores de decisão foi o ponto fundamental para o entendimento de
inúmeras indagações que ocorreram no curso desta pesquisa. Vale destacar que no decorrer da
pesquisa houve conversas informais com outras pessoas, como funcionários, acadêmicos e
empresários, que também contribuíram para o estudo realizado.
20

Alguns dos entrevistados e as respectivas datas de entrevista foram: Dr. Eduardo


Gurgel, atual Diretor do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”, em 28/01/2014;
Prof. Dr. Roberto Lotufo, Ex-Diretor da “INOVA-UNICAMP”, em 14/05/2014; Prof. Dr.
Alvaro Crosta, “Coordenador Geral” da UNICAMP e Membro do “Conselho Universitário”
(CONSU), em 27/10/2014; Edvar Pera, Coordenador do “Núcleo SOFTEX Campinas”, em
06/01/2015; Prof. Dr. Ricardo Anido, Docente do “Instituto de Computação” (IC) em
17/12/2014; Empresário César Gon, da “CI&T” do Grupo “Filhas da Unicamp”, em
27/02/2015; Margareth Lopes Leal, Subsecretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e
Coordenadora do” Sistema Paulista de Parques Tecnológicos” (SPTec), em 10/02/2015; e,
Prof. Dr. Milton Mori, atual Diretor Executivo da “INOVA-UNICAMP”, em 08/05/2015.
Nesta Dissertação, buscou-se introduzir o geoprocessamento na subárea do
conhecimento geográfico denominada Geografia da Inovação por meio da abordagem
cartográfica do processo de formação do “Parque Cientifico e Tecnológico da Unicamp”. A
escala de análise adotada foi do espaço urbano de Campinas, principalmente do Campus da
UNICAMP e o seu entorno. Assim, para a viabilização da pesquisa tornou-se importante o
uso do software para representação cartográfica, que no momento de sistematização dos
resultados permitiu o mapeamento dos espaços de inovação externos à UNICAMP, como
também dos prédios do Parque.
Também, a aplicação desta metodologia permitiu estabelecer a análise inspirada
nos conceitos sobre “formas”, “funções”, “estruturas” e “processos” estabelecidos por Santos
(1997). Nesse sentido, o “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” é entendido por meio
de sua “forma”, ou seja, o aspecto visível do Parque; sua “função”, correlacionada aos
objetivos do Parque; a “estrutura”, formada pelo modelo de ocupação e gestão previstos para
seu funcionamento no Campus Universitário; e, o “processo”, compreendido através das
ações contínuas (estratégia) para sua consolidação.
Em síntese, o levantamento bibliográfico, a compreensão das deliberações e
documentos oficiais e as entrevistas realizadas com os principais atores para a implantação do
Parque possibilitaram estabelecer certas análises apoiadas no uso dos mapas que atingiram o
objetivo de caracterizar a ocupação interna e externa ao Campus “Zeferino Vaz”. Esse
conjunto de elementos nos permitem caracterizar a atual estratégia da UNICAMP para
consolidação do seu Parque, além de levantar os indícios acerca do se grau de sucesso após o
momento de inflexão no ano 2008. Ainda, deve-se destacar a adequação deste estudo à
subárea de Geografia da Inovação, uma vez que os Parques devem ser entendidos pelos
geógrafos como elementos constituintes da nova dinâmica urbana. Por isso, a composição
21

espacial e políticas de consolidação de Parques (em especial, os brasileiros), deve ser


analisada pela Geografia.
Esta Dissertação de Mestrado está dividida em quatro Capítulos. O Capítulo I,
apoiando-se em levantamento bibliográfico busca, primeiramente, definir os contornos de um
novo campo da ciência geográfica formado pela Geografia da Inovação. Em seguida,
caracterizam-se o Parque Científico e o Parque Tecnológico como espaços de inovação e
elementos de análise dessa ciência. Apresenta-se os principais autores que enfocam em seus
estudos os novos espaços da indústria de alta tecnologia e de inovação inseridos nas múltiplas
escalas de análise da geografia.
O Capítulo II aborda especificamente os Parques Científicos e Tecnológicos,
destacando a importância da Universidade para a consolidação deste espaço de inovação.
Ainda, há o estudo do caso Stanford nos EUA seguido da análise e panorama acerca da
geografia dos Parques Científicos e Parques Tecnológicos no Brasil, em específico, as
iniciativas do “Sistema Paulista de Parques Tecnológicos” (SPTec). Também, tem-se o
processo de formação da cidade Campinas e das distintas políticas públicas buscando
constituir um Polo Tecnológico.
Em seguida, o Capítulo III refere-se especificamente às iniciativas e planejamento
do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”, cuja análise permite compreender seu
processo de formação e, consequentemente, as estratégias para sua implantação no interior do
Campus “Zeferino Vaz” da UNICAMP, no Distrito de Barão Geraldo, em Campinas. Há
também a reflexão acerca da sua “forma” no espaço geográfico e de seu Modelo de Ocupação
previsto para a captação de empresas.
O Capítulo IV, resume o quadro empírico e teórico utilizado no estudo do “Parque
Científico e Tecnológico da Unicamp”, bem como as ações, que posicionam a estratégia
adotada pela UNICAMP para sua consolidação entre os anos 2008 e 2015, e os resultados
gerados nos primeiros anos de atuação da Agência de Inovação, INOVA-UNICAMP, no que
tange a construção do referido Parque Científico. Para finalizar o estudo, tem-se a análise do
grau de sucesso das ações para a construção dos primeiros prédios do “Parque Científico e
Tecnológico da Unicamp”. Por último, tem-se as conclusões finais sobre o referido Parque
Científico inserido no Polo Tecnológico de Campinas à luz dos conceitos estabelecidos em
Geografia da Inovação.
22

CAPÍTULO I
GEOGRAFIA & INOVAÇÃO

Este Capítulo I apresenta o corpo teórico que embasa a Dissertação com o objetivo
contextualizar a Geografia da Inovação na ciência geográfica, além de caracterizar os modelos
de Parque Científico e de Parque Tecnológico como elementos de análise. Nesse sentido, têm-
se o aprofundamento sobre os principais temas e autores que estudam a dinâmica territorial do
desenvolvimento tecnológico. Também, este Capítulo I demonstra a caracterização dos
espaços de inovação, que inseridos na dinâmica urbana podem (ou não) atuar como
facilitadores para a inovação.

1.1. A Geografia da Inovação nos estudos Geográficos.


Pode-se afirmar que não é fácil definir, com certa precisão, o que é a Geografia.
Porém sabe-se que ela consiste em uma ciência única que para facilitar seu estudo foi
subdividida em áreas específicas, por exemplo: Geomorfologia, Climatologia e Pedologia
(Área Física); e, Geografia Política, Urbana e Econômica (Área Humana). Essa divisão é fruto
de sua amplitude quanto conhecimento científico, porém, verifica-se que tais subdivisões
trazem consigo desdobramentos positivos e negativos, que em síntese correspondem,
respectivamente, ao aprofundamento de conteúdo específico e, ao distanciamento entre os
geógrafos movido muitas vezes pelo pré-conceito perante outra subárea, que resulta na falta
de diálogo e provoca limitações no desenvolvimento da ciência geográfica.
23

Contudo, embora existam tais disparidades na ciência geográfica, tomaremos


neste estudo a visão de uma ciência única, interdisciplinar e movida por diversos olhares,
em que suas subáreas são capazes de dialogar com intuito de gerar análises cada vez mais
completas sobre os fenômenos que ocorrem no espaço geográfico, sendo um deles em
específico, o desenvolvimento tecnológico.
De fato, muitos geógrafos contribuíram para o desenvolvimento da ciência
geográfica, principalmente através do conhecimento do território. Nesse sentido, entende-se
que a situação econômica, urbana, social e cultural se diverge em cada região ou localidade.
E, a partir dessa fragmentação enraizada nos elementos característicos de cada localidade,
pode-se observar com mais clareza as preocupações e especificidades nos estudos geográficos
de cada país ou região. Por exemplo, nota-se a forte influência da “Escola de Geografia
Alemã” e “Escola de Geografia Francesa” sobre as demais, principalmente porque nelas têm-
se o que se pode chamar de berço da geografia científica moderna. Contudo, após a 2ª Guerra
Mundial houve maior importância no papel da indústria e da cidade na produção e
reorganização do espaço, principalmente nas questões de planejamento e desenvolvimento
regional.
Neste estudo, destaca-se a “Escola Norte Americana” de Geografia, identificada
como a base dos principais estudos em Geografia da Inovação. Desde sua origem, a “Escola
Norte Americana” propiciou o aprofundamento nos estudos regionais, além das grandes
contribuições na área de geomorfologia e as preocupações epistemológicas sobre a natureza
da geografia como ciência. Assim, pode-se apontar os trabalhos de W. M. Davis, Huntington e
Richard Hartshorne como obras importantes. Em seguida, afirma-se a Geografia Humana
presente nas Escolas Regionais de Chicago e Berkeley. Nessas Escolas Regionais,
principalmente em Berkeley e, atualmente, em Los Angeles, pode-se visualizar a grande
ênfase dos estudos urbanos, econômicos e regionais preocupados com o desenvolvimento
tecnológico e seu rebatimento no espaço geográfico, por exemplo, nos trabalhos de M.
Storper, A. Scott e A. Saxenian.
Nesse contexto, verifica-se que a ciência geográfica procurou cada vez mais
indicar como as atividades econômicas e a população se distribuíam pelo espaço dos vários
países e regiões, assim como as possibilidades de se estimular melhor essa distribuição
através de uma re-localização das indústrias e das comunicações. Para tanto, houve a maior
utilização de pesquisas baseadas em dados estatísticos e cartografia, técnicas as quais os
estudos em Geografia da Inovação também podem fazer uso.
24

Ainda, pode-se verificar que as pesquisas em geografia urbana e econômica se


intensificaram e ganharam cada vez mais importância, uma vez que, parte-se do princípio,
segundo Moreira (2008), que o estudo da indústria inicia o estudo da geografia econômica,
neste contexto, verifica-se que houve uma nova concepção de geografia econômica, que
considerava a indústria e os sistemas políticos. Portanto, ressalta-se principalmente neste
estudo, a forte ligação que há entre as três subáreas do conhecimento geográfico: Geografia
Econômica, Geografia Urbana e, sobretudo, a Geografia da Inovação.
A Geografia Econômica tem por objeto o estudo das formas de produção e
localização do consumo dos diferentes produtos no âmbito mundial. Por sua
essência, é uma ciência humana ou, mais precisamente, uma ciência social,
no sentido de que os processos de produção, de transporte e trocas, de
transformação e de consumo dos produtos são resultantes de iniciativas
humanas e as suas características, a sua eficiência, são devidas às formas de
organização decorrentes do passado próprio a cada grupo humano.
(GEORGE, 1991, p.1)

Sem dúvida, as geografias urbana e econômica são importantes, uma vez que
ambas se caracterizam como base para a Geografia da Inovação, pois considera-se que o
desenvolvimento tecnológico se materializa no espaço geográfico e, pode ser capaz de
gerar (ou não) desdobramentos tanto na dinâmica econômica, quanto urbana e social de
determinada localidade ou região, portanto, não se pode estudar a Geografia da Inovação sem
considerar os estudos em Geografia Urbana e Econômica. Também, não se pode estabelecer
análises em Geografia da Inovação sem a compreensão do fenômeno da globalização, uma
vez que se verifica a articulação entre as escalas de análise quando o assunto corresponde à
inovação tecnológica. Assim, embora o local possa nutrir de conteúdos outras escalas,
verifica-se que a Geografia da Inovação não prioriza apenas a escala local.
Nesse sentido, quando se observa o contexto global, a partir da segunda metade da
década de 1970, verifica-se que os geógrafos passaram a ter maior preocupação com a
problemática social, de vez que o desenvolvimento industrial passou a exercer grande impacto
sobre a natureza e a sociedade. Nesse sentido, os anos 1970 mudaram os eixos das
interpretações das questões urbanas e econômicas. Por exemplo, Castells (2008) e Harvey
(2004) que deram as formas iniciais às formulações críticas dos estudos urbanos e regionais
de cunho marxista, enquanto Lefebvre (2004, 2008) abordou a questão da transformação do
rural ao urbano, o direito à cidade, a vida cotidiana no mundo moderno, o capitalismo
burocrático de consumo dirigido e, sobretudo, buscou entender como o capitalismo sobrevivia
e materializava-se no espaço.
25

No que tange a compreensão das metrópoles, Sassen (1991) sistematizou o


paradigma das cidades globais e definiu que estas são os centros de comando dessa nova
economia globalizada e fragmentada, pois articulam-se em uma dinâmica mais cooperativa
que competitiva. Aqui, pode-se abrir um parêntese para reforçar que atualmente são as
metrópoles e as cidades globais que são capazes de consolidar empreendimentos de cunho
científico e tecnológico de destaque, como por exemplo, os Parques Científicos e os Parques
Tecnológicos, que surgem como espaços inseridos na dinâmica urbana, desse modo, são
passíveis de serem estudados por geógrafos interessados nos estudos em Geografia da
Inovação.
Afirma Méndez (1997), que o surgimento do novo paradigma flexível, movido
pela globalização, em detrimento de uma situação de reestruturação econômica bastante
acelerada levou empresas, territórios e, sobretudo, pessoas a trabalharem dentro de um cenário
de competitividade movido por uma lógica empreendedora. Assim, o espaço global torna-se
repleto de interdependências de mobilidade e de produção, que atualmente são baseados no
conhecimento e inovação. Para Singer (1996), inserida nesse cenário, a globalização acarretou
o aumento da produtividade do trabalho tanto na indústria como o setor de serviços, sobretudo
dos que recolhem, processam, transmitem e arquivam informações, portanto, verifica-se a
presença de um novo sistema tecnológico global mais dinâmico.
Para tanto, Atkinson (2004), considera que a globalização e o novo sistema
tecnológico remodelaram a estruturação e funcionamento dos negócios e dos mercados,
tornando-os mais dinâmicos e competitivos, que apoiados nas “Tecnologias da Informação e
Comunicação” (TICs) criaram condições para um novo ciclo de desenvolvimento. Por último,
além de possibilitarem a rápida comunicação de informações a nível global, essas novas
tecnologias, segundo Lastres et al (1998), inauguraram uma nova dinâmica tecnológica e
econômica, onde o conhecimento consiste em um ativo importante que promove novas
formas de organização e interação entre as empresas, e entre empresas e outras instituições.
Nesse contexto, os Geógrafos Econômicos, segundo Feldman (1994), têm
estudado a localização das atividades inovativas e da indústria de alta tecnologia, enquanto
outros, estudam a dinâmica dos complexos regionais inovadores, por exemplo, Markusen
(1996). Alguns geógrafos debruçam seus olhares enfatizando a importância de economias de
aglomeração com base nas concentrações de recursos e redes, como DeBresson (1991).
Também, há estudos de caso como a Route 128 por Dorfman (1983), o Silicon
Valley realizado por Saxenian (1994) e Orange Country, por Scott (1988). Assim, verifica-se,
segundo Boschma (2005) e Boschma e Martin (2010), que a inovação é um processo
26

geográfico complexo, com múltiplos determinantes espaciais, dentre eles, a proximidade


geográfica e cultura empreendedora que sem dúvida devem ser investigados, pois são
elementos cuja presença pode ser (ou não) o insumo de maior valor para que a inovação de
fato aconteça em determinado espaço geográfico.
Também, pode-se considerar que os primeiros estudos sobre Geografia da
Inovação tiveram maior ênfase com base nas preocupações dos geógrafos Norte Americanos,
uma vez que os estudos nesta área se deram através da análise dos locais e regiões onde se
localizavam as concentrações de indústrias. Por exemplo, o estudo de Saxenian (1994) sobre a
Route 128 e Silicon Valley, duas regiões caracterizadas como pioneiras na consolidação de
Polos Tecnológicos. Nesse contexto, também se destacam os estudos sobre as relações
cidade-região de Storper (1997) Scott (1994, 1996) da “Escola Californiana”, que buscam
entender a atual economia urbana e como os desdobramentos gerados por esse novo
paradigma tecnológico podem ser caracterizados pela sociedade do conhecimento na qual
vivemos.
Ainda, destaca-se que, os atuais estudos em Geografia da Inovação se apoiam na
geografia econômica evolucionária, ou seja, autores como Boschma e Martin (2010) que
utilizam como base teórica o estudo evolucionário de Nelson e Winter (1992), cuja base
teórica fortalece o arcabouço para o presente estudo acerca do “Parque Científico e
Tecnológico da Unicamp”, em especial, para a análise acerca da atual realidade de Campinas
como um possível Polo Tecnológico, pois percebe-se que o desenvolvimento de algumas
regiões passa por sua organização interna e pela mobilização dos seus atores locais
preocupados com o desenvolvimento, uma vez que para promove-lo é preciso, antes, que as
ações permitam a criação de unidades inovadoras vinculadas com a realidade regional.
Posteriormente, com o passar do tempo, é de se esperar que a presença de uma rede local de
atividades industriais fortemente conectadas entre si, seja capaz de atrair unidades maiores,
produzindo para os mercados nacional e internacional.
Neste instante, torna-se possível acrescentar que o fenômeno da globalização
propiciou a chegada de novas ferramentas de análise para serem utilizadas nos estudos
geográficos, pois principalmente após os anos 1970, pode-se apontar que o avanço das
ferramentas em “Sistema de Informação Geográfica” (SIG) influenciaram um avanço na
ciência geográfica tanto nas técnicas de mapeamento, quanto no auxílio à intepretação das
atuais dinâmicas populacionais, urbanas e econômicas nas mais variadas escalas.
Por exemplo, após os anos 1990, o uso dessas ferramentas de SIG possibilitaram a
aplicação dos estudos em Geomarketing, que em resumo, consiste na somatória de técnicas
27

para manipulação de dados geográficos no apoio a estratégias de marketing, como também


suas aplicações em diversos domínios, como, considerações sobre o perfil e comportamento
do consumidor e a localização de pontos de vendas. Assim como neste estudo, essas
ferramentas também podem auxiliar os estudos em Geografia da Inovação, uma vez que é de
grande importância o mapeamento do avanço tecnológico e dos espaços de inovação, bem
como as relações de proximidade geográfica e a localização das fontes de conhecimento.
De fato, saímos de uma sociedade industrial e avançamos, segundo Spolidoro
(1997), para uma sociedade do conhecimento, em que o avanço tecnológico torna-se cada vez
mais presente no nosso cotidiano. As transformações são velozes e modificam não apenas os
produtos e técnicas, mas também, o cotidiano das pessoas. Tendo em vista que a geografia,
segundo Santos (1997), consiste na ciência que estuda o espaço geográfico, torna-se
justificável o entendimento da sociedade do conhecimento, visto que ela é movida por
diversas características técnicas e humanas que devem ser compreendidas por aqueles que se
inserem.
Cazarotto (2011), ressalta que a inovação não se dissemina de forma homogênea
no território, mas em aglomerados produtivos, os quais se apresentam como uma espécie de
motor do desenvolvimento de determinado local ou região. Nesse sentido, Polenske (2007),
Feldman (1994), Hall e Preston (1988), Hepworth (1989), Storper (1997), Scott (1994, 1996),
Méndez (1997) e Saxenian (1994), são alguns dos autores que estabelecem as bases para a
Geografia da Inovação e que passam a abordar análises a partir das relações entre inovação,
território e sistema produtivo, porém, ancorados nas fontes e fluxos de conhecimento, a
cultura empreendedora e a proximidade geográfica como elementos facilitadores (ou não)
para a inovação.
Desse modo, verifica-se que a ciência geográfica evoluiu, não só em outros países,
mas também no Brasil. Para tanto, quando se olha para a trajetória do pensamento geográfico
é possível perceber que a geografia segue um caminho sustentado pelas perguntas, “onde? ”,
“por quê? ” e “como? ”, determinado fenômeno manifesta-se no espaço geográfico. E,
atualmente, embora sobrevivam as disparidades de pensamento dentro da ciência geográfica,
torna-se possível identificar a infinidade de possibilidades instrumentais e teóricas que os
geógrafos podem usufruir em suas análises.
A Geografia da Inovação contempla o estudo do espaço geográfico e sua relação
com o desenvolvimento tecnológico, o que a difere das outras subáreas da ciência geográfica,
principalmente neste estudo, onde elementos como as fontes de inovação e fluxos de
conhecimento se materializam e geram desdobramentos, somados (ou não) a determinada
28

cultura empreendedora ou proximidade geográfica que favoreça as condições necessárias de


relação entre esses elementos. Após o entendimento sobre da inserção da Geografia da
Inovação nos estudos geográficos, a seguir, o próximo item desta Dissertação, retoma e faz
uma análise mais detalhada acerca dos principais temas e autores que se inserem na referida
subárea do conhecimento geográfico afim de compreender seu objeto de estudo e, sobretudo,
o ponto focal deste trabalho, que corresponde ao “Parque Científico e Tecnológico da
Unicamp”.

1.2. A Geografia da Inovação: Temas, Autores e Objeto de Estudo.


A Geografia da Inovação nos apresenta uma quantidade de assuntos passíveis de
serem analisados individualmente e/ou em conjunto. E, o presente item destaca alguns dos
principais autores que estudam a dinâmica e a composição espacial do desenvolvimento
tecnológico, bem como outros dos principais temas por eles abordados.
De fato, houve uma evolução no pensamento geográfico até os dias atuais e,
consequentemente, houve também uma evolução na preocupação do geógrafo perante o
surgimento de novas dinâmicas, modelos, atores, processos e novos espaços, muitas vezes
provenientes da sequência de paradigmas pelos quais a sociedade percorreu. Assim, no
presente estudo, parte-se do princípio de que a geografia, conforme Santos (1997), consiste na
ciência que estuda o espaço geográfico através de suas inúmeras escalas de interpretação.
Nesse contexto, toma-se aqui a noção de que a inovação, sobretudo, as atividades de CT&I e
seus desdobramentos no espaço geográfico consistem no componente de maior destaque dos
estudos em Geografia da Inovação.
Verifica-se que o espaço geográfico consiste em um fator importante para a
materialização da inovação tecnológica. Assim, afirma Ondategui (2006), que a distribuição
geográfica do desenvolvimento tecnológico deve ser analisada, visto que a tecnologia atual
gera redes de informação que se configuram espacialmente através da articulação entre as
escalas local, regional e global, embora o lugar (categoria de análise da ciência geográfica)
possa nutrir de conteúdo as outras escalas. Também, verifica-se que os estudos em Geografia
da Inovação caminham em conjunto com a literatura das ciências econômicas, sociais e
políticas. E, conforme o item anterior deste Capítulo I, pode-se destacar a aproximação destes
estudos sobre a relação entre o território e inovação com as bases teóricas oriundas das
geografias econômica e urbana, principalmente a partir do estudo da composição espacial da
indústria. Porém, coloca-se que o ponto focal se refere à indústria de alta tecnológica, em
especial, àquela inserida nos Parques Científicos e/ou Parques Tecnológicos.
29

Assim, do ponto de vista específico da geografia econômica e sua correlação com


a inovação tecnológica, três tipos de temáticas complementares entre si podem ser elencadas
segundo Méndez (1997): 1) Os fatores territoriais que influênciam o desenvolvimento da
inovação podem justificar o aparecimento de meios favoráveis para inovação em
determinadas áreas; 2) Os efeitos territoriais de inovação tecnológica podem ser organizados
como redes em diferentes escalas; e 3) A análise das políticas tecnológicas e seus efeitos
sobre o desenvolvimento regional e local podem auxiliar no entendimento do avanço de
algumas regiões. Esse último nos chama atenção para a compreenção do Polo Tecnológico de
Campinas.
Conforme Castells (2008), a nova economia informacional, gerada
principalmente após a década de 1970, movimenta constantes transformações. E, a
organização do novo espaço industrial (Indústria de Alta Tecnologia) caracteriza-se pela sua
capacidade, a um nível internacional, de separar as etapas do processo produtivo em
diferentes locais, ao mesmo tempo em que estabelece sua unidade por meio de conexões
gerando a nova morfologia constituída por redes, que de fato, voltam-se para a inovação,
transformam o mercado, os trabalhadores e as empresas.
Benko (1996) inicia sua análise com a leitura socioeconômica do final do século
XX, sobretudo, o avanço do processo de globalização e os resultados da nova organização
econômica do território. Aqui, observa-se a presença de um novo ator: o território, como uma
entidade própria com capacidade de inovar. Entende-se que, no processo de globalização há
um aumento da competição entre os territórios. Os resultados dessa competição mostram a
nova forma de organização industrial, principalmente no que tange a localização das
empresas. Nesse sentido, verifica-se também a capacidade de determinado território
endogeneizar o desenvolvimento através de estruturas cooperativas, por exemplo: 1) entre
empresas; 2) entre governo e empresas; e 3) entre universidades e empresas. Assim sendo,
nota-se que o sistema produtivo flexível revitalizou o papel do território.
Benko (1996) promove definições acerca dos novos espaços produtivos
capacitados em conhecimento e inovação, por exemplo, na constituição de Polos
Tecnológicos em regiões específicas. Esses Polos de alta tecnologia, também denominados de
Tecnopolos, são interpretados como centros de atividades industriais de alta tecnologia
constituídos de estruturas e instituições voltadas à P&D, que passam a ser reconhecidos por
suas funções de polarização regional, com objetivos maiores de alcance, caso o
desenvolvimento realmente possa ocorrer.
30

Como desdobramento dessas transformações globais, em seu estudo, Méndez


(1997), ressalta que o desenvolvimento tecnológico traz consigo quatro características: 1) A
modificação nas relações espaço/tempo, a partir da melhora das comunicações, que
permitem operar em tempo real e de forma simultânea em inúmeros locais, o que equivale a
uma contração das distâncias imediata tanto em tempo como em custo; 2) Grande densidade
de redes e fluxos tangíveis e intangíveis que interconectam as empresas e os territórios,
facilitando um funcionamento sistêmico em escalas espaciais cada vez mais amplas, que
ocasiona uma importante estratégia ao nível de conexão/desconexão a essas redes frente ao
simples efeito da proximidade e acessibilidade a outros centros de atividade; 3) Crescente
presença de atuações que promovem a inovação tecnológica e sua difusão no tecido
produtivo e social, dentro das políticas de desenvolvimento e ordenação territorial; e 4) Nova
divisão espacial do trabalho, em função da desigual capacidade mostrada por cada território
para produzir e incorporar inovações tecnológicas, origem de novos contrastes espaciais de
características mais qualitativas que quantitativas, que exige uma busca por indicadores
adequados para sua medição.
Fache (2002), expõe a organização do espaço internacional e mostra que as
empresas de alta tecnologia estão colocando seus funcionários, seus produtos e serviços
inseridos em seu sistema interno, juntamente com a capacidade de se concentrar as mais altas
qualificações em locais estratégicos e, em seguida, inserem suas produções locais,
principalmente, nos países em desenvolvimento. Nesse cenário, torna-se possível abrir um
parentese e observar que, de fato, existe uma conexão entre as escalas e, ainda, estabelecer
uma crítica baseada na globalização como uma pervesidade, que, segundo Santos (2008),
impõe mazelas à humanidade, onde o crescente desemprego torna-se um problema crônico, a
pobreza aumenta, as classes médias perdem qualidade de vida, o salario médio tende a baixar,
a fome e o desabrigo generalizam-se e aprofundam-se os males espirituais e morais, como os
egoísmos, os cinismos e a corrupção.

A pervesidade sistêmica que está na raiz dessa evolução negativa da


humanidade tem relação com a adesão desenfreada aos comportamentos
competitivos que atualmente caracterizam as ações hegemônicas. Todas
essas mazelas são direta ou indiretamente imputáveis ao presente processo
de globalização. ( SANTOS, 2008, p. 20)

Na dialética entre as escalas “global vs. local” Diniz e Gonçalves (2005), afirmam
que a ironia da globalização amplia e integra o mercado, mas, paralelamente, o processo de
inovação continua baseado nas regiões e localidades, as quais se tornam fator-chave e
31

estratégico na competição. Para Vale (2009), é principalmente a partir da década de 1970, que
houve o aumento da importância da CT&I para a evolução dos sistemas econômicos e que a
troca de informação, a proximidade e o conhecimento, constituíram elementos centrais para
a competitividade das empresas e para o desenvolvimento das economias locais e regionais.
Nesse contexto, verifica-se que o surgimento dos clusters regionais e novos
distritos industriais da era pós-fordista observados nos estudos de Porter (1990) e Markusen
(1996). Tais análises, segundo Ashein e Gertler (2004) podem motivar inúmeros estudos em
geografia econômica afim de compreender o papel central das instituições e organizações na
promoção do crescimento regional em matéria de inovação.
Pode-se afirmar que houve o interesse ainda maior dos geógrafos pela
concentração espacial de atividades intensivas em conhecimento e inovação, embora a grande
parte das infraestruturas e espaços de CT&I tenham se intensificado no cenário urbano de
algumas cidades do Brasil e do mundo principalmente a partir da década de 1990, como
exemplo, a instalação de Parques Científicos e Parques Tecnológicos, que ancorados em
elementos tangíveis e intangíveis, tais como: proximidade geográfica; fontes de
conhecimento; canais de circulação de informação; cultura empreendedora; lógica de
interação; e, apoio político em CT&I, podem reduzir a incerteza e os riscos associados à
inovação tecnológica. Neste estudo, ressalta-se os elementos: proximidade geográfica e
cultura empreendedora, identificados como um dos mais importantes na consolidação de
Polos Tecnológicos.
Polenske (2007) reuniu pesquisadores nas áreas de geografia econômica, estudos
de inovação, planejamento e políticas de tecnologia para revelar que novos conceitos
ultrapassam as estimativas acerca da inovação e o conhecimento dentro e entre empresas,
regiões e nações, como exemplo, a cultura de algumas regiões. E, através desses novos
olhares, chegamos nas considerações de Storper (1997), onde afirma que cada vez mais,
grande parte da mudança tecnológica se desenvolve dentro de um contexto territorial e a
proximidade pode ser a causa e não resultado da mudança tecnológica.
No que tange à proximidade geográfica como fator relevante para inovação, Scott
e Storper (1986), consideram que a razão para que essas atividades se aproximem
geograficamente consiste no seu anseio de minimizar os custos, pois o contato com
fornecedores e clientes pode aumentar as chances de encontrar os insumos necessários e
escoar seus produtos finais com maior eficácia. Agrawal e Henderson (2002) e Colyvas et al
(2002) afirmam a importância dos canais de transferência de conhecimento, que são
beneficiados devido à proximidade geográfica. Esses canais, segundo, Cohen et al (1998,
32

2002) são as atividades que envolvem a estratégia de cooperação, por exemplo, entre o meio
acadêmico e o setor produtivo. Essas atividades, de acordo com Lester (2005) aumentam a
capacidade de desenvolver o espaço local e regional.
Segundo Boschma (2005) deve-se isolar analiticamente os efeitos da proximidade
geográfica a fim de determinar se ela realmente importa no processo de inovação. Nesse
sentido, Garcia et al (2014) consideram que a proximidade não é a condição necessária, pois
quando as empresas precisam de soluções mais específicas e complexas para seus processos
de inovação, elas procuram interagir, por exemplo, com os grupos de pesquisa de maior
qualidade acadêmica mesmo que tenham que percorrer distancias maiores.
Além da proximidade geográfica, vista por Boschma e Martin (2010) como
fundamental para a produção, transmissão e partilha de conhecimento tácito entre as
empresas, deve-se analisar também a presença intrínseca de outros componentes específicos
para que a inovação aconteça, como a cultura empreendedora de algumas regiões.
Nesse sentido, com um olhar para além da proximidade geográfica, Saxenian
(1994), elaborou um estudo para explicar por que a região do Silicon Valley foi capaz de
acompanhar o ritmo acelerado do progresso tecnológico na década de 1970, enquanto as
empresas verticalmente integradas da Route 128 não o acompanharam. Seus argumentos
indicam que a chave consistia na forma descentralizada de organização e a cultura
empreendedora de cooperação e competição através da partilha de informação do Silicon
Valley, elementos que foram os diferenciais para o avanço da região, especificamente, no
entorno da Universidade de Stanford. Essa cultura empreendedora é de importância no
processo de consolidação de um Parque Científico e Tecnológico, como será verificado no
decorrer desta Dissertação de Mestrado.
Sobre as diferenças na história e cultura das duas regiões no período após a 2ª
Guerra Mundial, destaca-se que a estratégia empreendedora da Universidade de Stanford, a
liderança corporativa e o capital de risco foram influências chave no processo. Ambas as
regiões, Route 128 (região de Boston) e Silicon Valley, tinham universidades com vocação
para pesquisa e formação de recursos humanos qualificados. Mas, em comparação com o
MIT, a Universidade de Stanford, incentivou o empreendedorismo de seus alunos e
professores. A liderança de capital de risco do Silicon Valley permitiu a transferência de
habilidades e conhecimentos da Universidade para as empresas, ao passo na Route 128 as
fontes mais tradicionais de financiamento tinham pouco conhecimento técnico sobre novos
empreendimentos tecnológicos. Assim, em síntese, a cultura corporativa no Silicon Valley
moveu compartilhamento de informações e conhecimentos, enquanto as empresas localizadas
33

na Route 128 procuraram proteger a sua propriedade intelectual, provocando seu declínio.
(SAXENIAN, 1994)
Feldman (1994), demonstra, através da análise empírica sobre regiões com
potencial de CT&I, a relação entre a localização das novas inovações de produto e as fontes
de conhecimento. Aqui, a proximidade pode possibilitar a transferência de informações e
reduzir os riscos e os custos no desenvolvimento das atividades de inovação, pois o local
de inovação de produtos está relacionado com a infraestrutura tecnológica subjacente a ele e a
localização estratégica das fontes de conhecimento reforça as entradas (in puts) de
conhecimento que muitas vezes definem as vantagens competitivas de determinado local ou
região.
Ainda, a literatura econômica se concentra nos incentivos que motivam as
empresas a se envolverem em atividades inovadoras. Mas, Dosi (1988), Lundvall (1988) e
Thomas (1985) afirmam que a inovação pode ter uma forte dimensão geográfica e Jaffe
(1989) demonstra que a P&D industrial e a pesquisa de universidades estão geograficamente
correlacionados e que os spillovers de conhecimento podem influenciar a localização dos
produtos tecnológicos (outputs), por exemplo, as patentes. Por isso, destaca-se a importância
de uma análise geográfica acerca da inovação.
Geographers have long been concerned with issues related to the location of
innovative activity. Much of the prior work on the location of innovation has
implicitly taken the perspective of a company scanning the landscape to find
the optional site. This type of formulation does not recognize the capacity of
a region to facilitate and enhance industrial activity. (FELDMAN, 1994, p.4)

Portanto, a preocupação do geógrafo deve-se às questões relacionadas com a


localização e demais questões sociais, políticas e culturais da atividade inovadora. Assim, há
de se reconhecer a capacidade de uma região ou uma localidade para facilitar e melhorar a
atividade da indústria de alta tecnologia, como também o entendimento acerca da interlocução
e interesse dos principais atores motivam tais atividades.
Nesse sentido, Storper (2013), afirma a presença de outros componentes, sendo
eles: comunicação e códigos; canais; agrupamento ou aglomerados; comunidades; contexto;
coordenação e competição. Dentro desse contexto, a diversificação se faz necessária, pois
permite o fenômeno chamado cross- fertilization, que justifica a preferência dos setores de
alta tecnologia em localizar-se em regiões diversificadas onde a quantidade de fontes de
conhecimento se torna crucial. Por isso, acrescenta-se a presença de outros elementos para o
desenvolvimento econômico regional baseado na inovação. Por exemplo, Saxenian (1994),
34

que demonstrou a importância da história e a cultura através do estudo comparativo de duas


regiões, Route 128 e Silicon Valley.
Alguns estudos testemunham o rebatimento espacial do avanço tecnológico e os
desdobramentos por ele gerados, como as forças de aglomeração de empresas em
determinados locais. Glaeser et al (1992), que se apoiaram nas Teorias recentes de
crescimento econômico e no papel dos spillovers tecnológicos em gerar crescimento. A
investigação consistiu no questionamento acerca de que tais spillovers de conhecimento
poderiam ser mais eficazes nas cidades onde a comunicação entre as pessoas era mais intensa.
Para tanto, os dados sobre o crescimento de grandes indústrias de 170 cidades dos EUA entre
os anos 1956 e 1987 permitiram testar algumas dessas teorias e considerar que existe uma
concorrência local e a diversidade urbana pode sugerir que, spillovers de conhecimento
importantes podem ocorrer não apenas dentro, mas também entre as indústrias, que confirma
a capacidade local de gerar inovação. Outro exemplo consiste no trabalho de Storper e
Venables (2001), ao acrescentar que os modelos existentes em concentrações urbanas se
tornam incompletos se fundamentados apenas no aspecto mais fundamental da proximidade,
ou seja, o contato face-a-face.
No Brasil, os estudos em Geografia da Inovação avançaram principalmente a
partir de 1992, com a publicação do volume IX da “Revista Terra Livre”. Nele, destaca-se os
textos de Santos (1992), cujo título é “A Revolução Tecnológica e o Território: Realidades e
Perspectivas”, Lima (1992) com o “Tecnopolo: uma Forma de Produzir na Modernidade
Atual” e “As Metamorfoses Tecnológicas do Capitalismo no Período Atual” de Pires (1992).
Nesse momento verifica-se a maior preocupação do geógrafo brasileiro em entender o
processo de industrialização, o avanço tecnológico e suas relações com o espaço geográfico.
Desde então, outros estudos brasileiros em Geografia da Inovação avançaram na
medida em que se ampliou a busca pelo conhecimento sobre a inovação tecnológica por
outras ciências, como a economia, política e sociologia. Aqui, destaca-se o uso dos dados da
“Pesquisa de Inovação (PINTEC) ” no Brasil, que é realizada pelo IBGE. O objetivo da
PINTEC consiste na construção de indicadores acerca das atividades de inovação das
empresas brasileiras, comparáveis com as informações de outros países. Através dos dados da
PINTEC pode-se observar as disparidades regionais do país no que tange às atividades
inovativas das empresas, sendo um elemento favorável para abordagens geográficas.
Atualmente têm-se a presença de outros estudos brasileiros mais específicos sobre
a temática de Geografia e Inovação, por exemplo, os trabalhos de Miglino (2003), que
elaborou uma leitura comparativa entre autores selecionados (alguns da Escola Californiana
35

de Geografia) com a finalidade de compreender os nexos entre espaço e inovação. Os autores


Souza e Garcia (1999a, 1999b) e Garcia et al (2014), que fizeram um interessante estudo
sobre os Sistemas Locais de Inovação no estado de São Paulo. E, Melo (2012), que buscou a
compreensão das políticas voltadas à criação de Parques Tecnológicos no Brasil analisando
especificamente os municípios de Campinas, São Carlos e São José dos Campos, onde
atualmente se localizam alguns dos Parques Tecnológicos em operação. Tunes (2013),
estudou a Geografia da Inovação Industrial através da análise da relação entre o espaço
geográfico e a indústria inovadora no Brasil. Por último, Silva (2010), que estudou o
processo de constituição do Polo de Alta Tecnologia de Campinas. Destaca-se que este último
é de grande relevância para o presente trabalho.
Conforme Aracri (2011), as políticas públicas brasileiras de CT&I assumem cada
vez mais abertamente sua ligação à perspectiva dos sistemas de inovação, para tanto, torna-se
necessário o seu entendimento. Por exemplo, a “Lei de Inovação” (Lei nº 10.973, de
02/12/2004), teve como objetivo estabelecer as medidas de incentivo à inovação e à pesquisa
tecnológica nos sistemas produtivos afim de estimular a construção de ambientes
especializados e cooperativos de inovação, ou seja, os espaços de inovação. Mais
recentemente, têm-se a discussão sobre a PEC 290/2013, uma proposta de Emenda à
Constituição, onde o objetivo consiste em alterar e adicionar novos dispositivos na
Constituição Federal para atualizar o tratamento das atividades de CT&I afim de organizar o
Sistema Nacional de Inovação.
Freeman (1987) realizou seu sobre o conceito de Sistemas de Inovação em sua
análise sobre o Japão, aproximadamente ao mesmo tempo em que o conceito do Sistema
Nacional de Inovação foi desenvolvido por Lundvall (1992). Assim, o Sistema Nacional de
Inovação pode ser entendido como o conjunto de instituições e organizações responsáveis
pela criação e adoção de inovações, neste caso, no território brasileiro.
Pacheco e Corder (2010), consideram que o desenho do Sistema Nacional de
Inovação do Brasil se consolidou a partir de três etapas: nos anos 1950, quando o sistema de
CT&I obteve expressão institucional inspirado nas reformas dos sistemas de C&T dos EUA e
da França; nos anos 1970, em que a política de CT&I foi condicionada pela forte presença do
Estado na economia e pelas estratégias de desenvolvimento; e ao final dos anos 1990, quando
os órgãos, o marco regulatório e os instrumentos adaptaram-se ao contexto de uma economia
aberta e mais competitiva. O estudo dessas ações entre suas instituições permite o
entendimento dos insumos, efeitos e o surgimento das infraestruturas de CT&I, além dos
36

impactos territoriais, que sem dúvida devem ser exploradas pelos geógrafos brasileiros,
sobretudo, nos trabalhos em Geografia da Inovação.
Os temas e autores tratados neste item devem estar presentes na ciência
geográfica, uma vez que os determinantes da distribuição espacial dos setores mais intensivos
em tecnologia, no Brasil e no mundo, procuram espaços estratégicos para ativar o potencial
de inovação. Assim, o avanço tecnológico gera uma composição territorial constituída de
empreendimentos envoltos por determinada cultura empreendedora participante (ou não) de
sua lógica e dinâmica de funcionamento. Os Parques Científicos, os Parques Tecnológicos e
demais espaços de inovação são elementos constituintes dos Polos Tecnológicos e,
consequentemente, dos Sistemas de Inovação, que se materializam na dinâmica urbana de
algumas cidades como Campinas.

1.3. Espaços de Inovação: Em especial, Parques Científicos e Parques Tecnológicos.


O propósito principal deste item provém da necessidade de (re) afirmar os estudos
brasileiros em Geografia da Inovação. No primeiro momento há a caracterização dos espaços
de inovação com base na realidade da infraestrutura brasileira de CT&I. Em seguida, há uma
abordagem mais específica sobre os Parques Científicos e Parques Tecnológicos.
Conforme Aracri (2011), o interesse pela Geografia da Inovação não é gratuito e
não se relaciona com modismos acadêmicos, visto que a tecnologia é um fato na sociedade
contemporânea. Por isso, a ciência geográfica não escapou da tecnologia, pois essa permite
modificar a paisagem, criar novas condições de acesso, novos usos do espaço, incluir e excluir
locais, reconfigurar as divisões social e territorial do trabalho, e, ainda, alterar nossas relações
com o ambiente. Nesse contexto, Santos (2008), afirma que no atual mundo globalizado, o
espaço geográfico adquire novos contornos, novas características, novas definições,
sobretudo, uma nova importância.
O espaço é a totalidade verdadeira, porque dinâmica, resultado da
geografização da sociedade sobre a configuração territorial. Podem as
formas, durante muito tempo, permanecer as mesmas, mas como a sociedade
está sempre em movimento, a mesma paisagem, a mesma configuração
territorial, nos oferecem, no transcurso histórico, espaços diferentes.
(SANTOS, 1988, p.77)

Considera-se que tais “espaços diferentes” são produto do momento histórico em


que se vive. Nesse contexto, vive-se um momento em que a CT&I são muitas vezes
consideradas como o motor do desenvolvimento de determinado território. Tal contexto,
mostra que o esforço intelectual ganha cada vez mais uma importância prioritária e as
37

informações em massa se processam gerando, conforme Castells (2008) os fluxos de


conhecimento. Entretanto, ressalta Santos (2008), que a informação gerada e compartilhada
não é em sua síntese livre, mas sim, mediada, elaborada e difundida pelos atores
hegemônicos.
Nesta perspectiva, Santos (1997, 2008) provoca uma formulação teórica e
metodológica para o entendimento do espaço, propondo a visão do novo paradigma movido
pela ótica do “meio técnico-científico-informacional”, ocasionado pelo processo de
globalização, e, principalmente para esta Dissertação, a consolidação de infraestruturas
específicas para a inovação, ou seja, os espaços de inovação. Portanto, entende-se neste
estudo que, os espaços de inovação constituem parte de nossa atual realidade, pois referem-se
a uma área delimitada onde a inovação se materializa, mas que pode se inter-relacionar com
as demais escalas geográficas. Assim, pode-se caracterizar o espaço de inovação como uma
certa área delimitada ou um empreendimento inserido na dinâmica urbana, que possui
equipamentos e recursos humanos qualificados capazes de realizar atividades inovativas, por
exemplo, Parques Científicos, Parques Tecnológicos, Incubadoras ou ICTs.
De acordo com Méndez (1997), nos últimos anos houve estudos dedicados a
compreender o que permite o surgimento e o desenvolvimento destes espaços de inovação,
seus padrões de localização e os diferentes tipos de estruturas produtivas e espaciais. Esses
espaços de inovação possuem elementos materiais e humanos que são fundamentais para
gerar o produto final, ou seja, a inovação. Os espaços de inovação estão inseridos no cenário
urbano de algumas cidades e/ou regiões. Dentro deste conceito, pode-se colocar que o espaço
de inovação não apenas se insere, mas também participa da dinâmica urbana. Portanto, torna-
se possível estabelecer discussões relevantes acerca desses empreendimentos de cunho
tecnológico, pois imersos no ambiente urbano, possuem possibilidades de participar da
dinâmica local e, muitas vezes, atingir os níveis nacional e internacional.
Contudo, verifica-se que a definição dos espaços de inovação ainda se apresenta
bastante confusa, o que dificulta estabelecimento de critérios mais precisos para se estabelecer
uma tipologia sobre esses espaços. Dessa forma, tendo em vista a importância dos termos
“espaço” e “inovação” para o campo de estudo da Geografia da Inovação e, em geral, para a
ciência geográfica, toma-se, no presente estudo, a tarefa de estabelecer algumas definições
acerca do que podemos chamar de espaços de inovação.
Também, destaca-se o aspecto hibrido desses espaços de inovação. Tal aspecto
consiste na possibilidade de um determinado espaço de inovação possuir dentro de sua área
um outro espaço de inovação. Por exemplo, no caso da UNICAMP, que por se tratar de um
38

espaço de inovação (ICTs), viu a possibilidade da materialização de um novo espaço de


inovação dentro de sua área, denominado “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”. A
seguir, o Quadro 1.3.1 apresenta as principais definições e, posteriormente, a descrição das
especificidades de cada espaço de inovação tratados neste estudo.

Quadro 1.3.1: Caracterização dos Espaços de Inovação.

Espaços de Inovação Características Principais


Áreas Públicas ou Privadas sujeitas ao zoneamento definido pelo Plano
Diretor, que possibilitam a instalação física permanente de laboratórios e
Parques Tecnológicos
a produção científica com alto conteúdo tecnológico, além do
desenvolvimento de produtos e processos inovadores.
Área pertencente à determinadas ICTs e sob sua gestão, com ocupação
temporária via projetos em parceria ou incubação de empresas. As
Parques Científicos
instalações de laboratórios são de uso temporário e/ou compartilhado e as
tecnologias apresentam-se em fase de pesquisa exploratória.
Prédios destinados a amparar o estágio inicial de empresas nascentes que
se enquadram em determinadas áreas de negócios. Presença de ambiente
Incubadora de
empreendedor no qual são oferecidas facilidades para o crescimento de
Empresas de Base
novas empresas além de assessoria na gestão técnica e empresarial e a
Tecnológica - EBTs
possibilidade de serviços compartilhados. São mantidas por entidades
governamentais, privadas, ICTs ou grupos comunitários.
Entidades cuja missão institucional, dentre outras, consiste em executar
Instituições Científicas e
atividades de pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou
Tecnológicas - ICTs
tecnológico.
Elaboração Própria.

O Quadro 1.3.1 descreve os espaços de inovação selecionados neste estudo, mas,


há a necessidade de uma explanação mais detalhada sobre esses espaços de inovação
selecionados. De início, a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (EBTs), as
Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs), e, por último, os modelos de Parque Científico
e Parque Tecnológico.
A Incubadora de Empresas de Empresas de Base Tecnológica, consiste em
um espaço de inovação entendido como berço de iniciativas voltadas à proteção do
conhecimento e sua maturação para inserção no mercado. Lalkaka e Bishop (1995) e Baêta
(1999) consideram a importância da incubadora de empresas devido sua dimensão
institucional para o processo de inovação através das relações com Universidades e o
município, por exemplo, sua participação para a consolidação de um Polo Tecnológico devido
suas relações com centros de P&D.
39

Segundo Lahorgue (2004), as Incubadoras são espaços planejados para receber


empresas start-ups1 (ou não) e, pelo uso compartilhado de área física e infraestrutura técnica e
administrativa por período pré-determinado. Neste trabalho, utiliza-se como base para
caraterização como espaço de inovação a “Incubadora de Empresas de Base Tecnológicas”,
pois entende-se que existem outras três classificações de Incubadoras, por exemplo, a
Incubadora de Empresas de Setores Tradicionais e as Incubadoras Mistas.
Neste espaço de inovação destaca-se a transferência de tecnologia, ou seja, a
transferência de conhecimento, por exemplo, através de resultados de P&D. O objetivo
consiste em assegurar que o desenvolvimento científico e tecnológico seja acessível para uma
gama maior de usuários que podem desenvolver e explorar a tecnologia em novos produtos,
processos aplicações, materiais e serviços. Nesse contexto, surge o termo spin-off para
descrever uma nova empresa que nasceu a partir de um grupo de pesquisa de empresas ou
ICTs afim de explorar um novo produto ou serviço de alta tecnologia. Assim, torna-se comum
que essas se estabeleçam em Incubadoras. Quando a empresa spin-off nasce a partir de uma
empresa, ela é denominada de “spin-off corporativa”, e quando a spin-off nasce em ICTs, ela é
denominada “spin-off acadêmica”.
No Brasil as Incubadoras começaram a ser criadas a partir de uma iniciativa do
“Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico” (CNPq) na década de
1980. Desde o início, as incubadoras estiveram focadas nos setores intensivos em
conhecimentos científico-tecnológicos, por exemplo, informática, biotecnologia e automação
industrial, além do objetivo inicial de contribuir para o desenvolvimento local e setorial.
De acordo com a ANPROTEC e MCTI (2012), são 384 Incubadoras em operação
no Brasil com mais de 2.500 empresas graduadas com faturamento aproximado de 4,1 bilhões
de reais e cerca de 30 mil postos de trabalho gerados. Também, nota-se que grande parte das
Incubadoras brasileiras se concentram em terreno de ICTs, portanto, estas são as principais
instituições de vinculação. Assim sendo, no cenário brasileiro, quando analisada a Incubadora
como um espaço de inovação, infere-se que neste microambiente há presença atividades que
geram esforços conjuntos para levar uma ideia inovativa ao mercado.
Neste estudo, destaca-se a Incubadora de EBTs instalada no Campus da
UNICAMP, denominada “Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp”
(INCAMP) fundada em 2001, cuja atual gestora é a INOVA-UNICAMP. O Plano de

1
Empresa nova, embrionária ou ainda em fase de constituição, que conta com projetos promissores, ligados à
P&D de ideias inovadoras. No Collins Dictionaries corresponde “a business enterprise that has been launched
recently”.
40

Negócios atua para alimentar o espírito empreendedor, dar suporte à criação, desenvolvimento
e consolidação das EBTs; auxiliar na transformação do conhecimento gerado em produtos,
processos e serviços; formar empresários vinculados à UNICAMP afim de fortalecer e
valorizar a interação UNICAMP-Empresa; e incentivar a aplicação do capital humano gerado
pela UNICAMP. Por fim, este espaço de inovação, localizado na UNICAMP, possui como
instituições de apoio o SEBRAE, FUNCAMP, FINEP, CNPq e FAPESP. Segundo Inova-
Unicamp (2014) esse espaço de inovação possui o histórico de 44 empresas já graduadas.
Ainda, destaca-se que a INCAMP está em processo de mudança para o prédio denominado de
“Centro de Inovação” localizado no “Parques Científico e Tecnológico da Unicamp”.
As Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs) também podem ser
caracterizadas como espaços de inovação visto que suas infraestruturas também permitem a
somatória entre aparatos técnicos e recursos humanos qualificados capazes de desempenhar
atividades inovativas. Em síntese, as ICTs são entidades cuja missão institucional consiste em
executar atividades de ensino, pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou
tecnológico. Entendidas como um espaço de inovação, as ICTs podem localizar-se dentro do
perímetro urbano e realizar ações via parcerias em projetos de P&D facilitados pela
proximidade geográfica com outras fontes de conhecimento.
As ICTs, assim como os centros de inovação privados, contribuem em atividades
de pesquisa básica ou aplicada. Estes espaços de inovação são mais participativos no processo
de definição de políticas públicas e conscientes sobre a importância da proteção das
tecnologias desenvolvidas. A Lei 10.973/2004 (Lei de Inovação), trouxe o reconhecimento da
participação das ICTs no processo de inovação e de proteção do conhecimento. Ainda, o
potencial para a participação das ICTs no desenvolvimento de inovações é significativo e são
consideráveis os avanços verificados até o momento, pois esses espaços de inovação passaram
a incorporar conceitos antes restritos ao meio privado e ampliaram os seus horizontes de
atuação. Desse modo, verifica-se que as interações entre as ICTs e o setor privado também se
tornaram mais frequentes e organizadas, com parcerias de médio e longo prazo.
Segundo o CNPq até o ano 2010 o Brasil consolidou o número de 452 ICTs, com
27.527 Grupos de Pesquisa e 128.892 Pesquisadores, 81.726 doutores, ou seja, 63 % do total
de Pesquisadores. A cidade de Campinas possui ICTs de renome, dentre elas destaca-se a
UNICAMP como um ator importante não apenas na produção e transferência tecnológica,
mas também, nas decisões no âmbito de políticas de CT&I. Por exemplo, o “Centro de
Tecnologia da Informação Renato Archer” (CTI Renato Archer), fundado em 1982 na cidade
de Campinas, realiza atividades de P&D em diversas áreas relacionadas à “Tecnologia da
41

Informação” (TI). Com uma infraestrutura imersa no cenário urbano da cidade, o CTI possui
relações com os setores acadêmico e produtivo. Outro exemplo, ainda na cidade de Campinas
é o “Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais” (CNPEM), uma organização
Social desde 26 de novembro de 1997, instituída pelo “Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação” (MCTI). O histórico dessas ICTs será visto com mais detalhe no Capítulo II desta
Dissertação.
Por último, em especial, principalmente neste estudo, tem-se como principal
espaço de inovação os Parques Científicos e os Parques Tecnológicos que se caracterizam
como empreendimentos espontâneos ou planejados, em área pública ou privada, destinados à
instalação de grandes empresas (empresas âncoras) e, também, preparados para as médias
(startups) e pequenas empresas inseridas nas Incubadoras de EBTs. A região do Silicon
Valley é considerada, segundo Lalkaka e Bishop (1995), pioneira no que tange a consolidação
de Parques Tecnológicos e Parques Científicos, tendo como experiência o Parque da
Universidade de Stanford, que no início chamava-se “Stanford Industrial Park”, mas que a
partir da década de 1970 passou a ser chamado de “Stanford Research Park”, sendo esta
alteração na nomenclatura um avanço que distingue o modelo do Parque.
Esses modelos de Parque são espaços de inovação e, em geral, possuem a mesma
função, que segundo Oliveira (2009), consiste em oferecer condições favoráveis de
localização, além de fornecer o suporte técnico e científico visando alavancar o processo de
desenvolvimento e criar o ambiente inovador para que EBTs possam se instalar e se
desenvolver. Entretanto, embora a literatura neste tema utilize corriqueiramente o apenas
termo “Parque Tecnológico”, cabe, neste estudo, afirmar a diferença entre os modelos de
Parque Tecnológico e o Parque Científico, pois muitas vezes, os conceitos se confundem entre
as bibliografias e eventos sobre essa temática.
A literatura internacional refere-se aos modelos de “Parques Científicos” para
apontar a presença da Universidade como ator institucional importante para determinado
Parque. No Brasil, a literatura utiliza com maior frequência o termo de “Parque Tecnológico”.
Esse fato deve-se a construção de Parques com foco em empresas. Também, verifica-se a
existência de outros modelos de Parques, o Quadro 1.3.2 reúne e descreve cada um desses
tipos de Parques.
42

Quadro 1.3.2: Caracterização dos Parques, Centros e Incubadoras.


Tipologia Descrição
Iniciativa de base territorial ligada às ICTs e não vinculada às atividades
manufatureiras. Destina-se ao estímulo, à criação e ao crescimento econômico
baseado no conhecimento, promovendo a transferência de tecnologia das ICTs
Parques Científicos
para a sociedade e empresas. A P&D realizada pelas Empresas no âmbito do
(Science Park)
Parque é limitada à elaboração de protótipos e a fabricação é realizada em outro
local, mesmo que em alguns casos as empresas compreendidas neles manejem
alguma produção de equipamentos ou sistemas de alta tecnologia.
Podem ser de médio ou grande porte, e têm como característica a disponibilidade
de terras para venda e aluguel e a produção. Também, são caracterizados pela
integração de negócios, centros educacionais, áreas residenciais e de serviços em
Parques
uma unidade espacial. Diferencia-se de um parque Científico ou de Pesquisa pela
Tecnológicos
maior importância atribuída à atividade de produção, enquanto que a participação
(Technology Park)
de ICTs não possui importância essencial. Compreende empresas empenhadas na
aplicação comercial de alta tecnologia com atividades compreendidas entre a
P&D, a produção, a venda, a assistência e manutenção
Relacionados com ICTs, promovem P&D por meio da parceria entre universidade
Parques de
e indústria. Localizado no entorno de ICTs, as atividades desenvolvidas são
Pesquisa
principalmente de busca e pesquisa de vanguarda cientifica e tecnológica, não
(Research Park)
sendo seu foco o desenvolvimento em si.
Estrutura destinada a satisfazer a exigências e necessidades de empresas
geralmente novas, empenhadas em desenvolver e comercializar novos produtos e
Centro de Inovação processos tecnológicos, com alto risco de mercado. O objetivo é promover a
criação de EBTs, e, às vezes são incluídos em projetos mais amplos, como os
Parques científicos ou Tecnológicos.
Ambientes gama de atividades de produção limpa, montagem, venda, exposição e
Parques
outras atividades administrativas. Alguns Parques Tecnológicos e Científicos que
Empresariais ou
não alcançam êxito em atrair uma verdadeira e própria clientela científica tornam-
Comerciais
se Parques Empresariais.
Fonte: Magacho (2010). Elaboração Própria.

Após caracterização proposta no Quadro 1.3.2, entende-se que os Parques


Tecnológicos e Parques Científicos podem ser considerados espaços de inovação que
usufruem da vantagem (ou não) da proximidade geográfica e cultura empreendedora local.
Conforme Quince, Lobley e Acha (1994) que os Parques devem promover a criação e o
crescimento de novas empresas, atrair instituições de pesquisas através de projetos de
investimento mais amplos e realizar a transferência de tecnologia para a indústria local.
Medeiros (1997) elenca as pré-condições para a implantação desses espaços de
inovação: a) existência de instituições de ensino e pesquisa que possuam densidade
tecnológica em algumas áreas; b) apoio governamental, sendo da União, Estado e/ou
Município; c) existência de Empresas que se interessem pelas novas tecnologias; d) parcerias
e projetos conjuntos entre academia e empresas; e) estruturas organizacionais
convenientemente organizadas. Tendo isto, os objetivos do empreendimento permitem: 1)
Orientar a gestão do processo de inovação tecnológica; 2) Facilitar a transferência de
43

tecnologia; 3) Aumentar as parcerias empresa-universidade-governo; 4) Facilitar a definição


de linhas de fomento financeiro apropriadas; 5) Aumentar a parceria entre empresas; 6)
Facilitar a criação e consolidação de micro e pequenas empresas; 7) Oferecer espaços
condominiais e promover ações associativas; 8) Oferecer infraestrutura adequada às
empresas; 9) Fortalecer o espírito empreendedor; 10) Facilitar a troca de informações técnicas
e gerenciais; 11) Estimular o aumento da qualidade e competividade; 12) Apoiar o
desenvolvimento de áreas tecnológicas prioritárias; 13) Facilitar a criação de novos postos de
trabalho; e, por último, 14) Alterar a dinâmica urbana de uma cidade ou região.
Conforme Courson (1997), tal espaço trata-se de uma organização complexa,
evolutiva e dinâmica. Por isso, em sua origem, o Parque pode possuir duas vertentes: i) a
associação, no mesmo lugar ou no entorno de outros espaços de inovação: universidades,
laboratórios de pesquisa, empresas de alta tecnologia; e, ii) as ligações, fluxos e relações entre
esses diversos espaços de inovação. Esses fluxos são parcialmente intensos; permanentes ou
periódicos; constantes ou até mesmo, raros. Os tipos de fluxos variam, pois, as relações
podem ser apenas físicas ou basear-se na troca de informações, na busca de financiamentos
e/ou empréstimos, nos atos de transferências, na tomada decisões e na realização de trocas
científicas. Para existir e garantir sua permanência, esse espaço de inovação deve buscar a
sinergia entre seus componentes. Essa sinergia deve gerar efeitos econômicos e científicos.
Contudo, para atingir tais propósitos, o empreendimento precisa se desenvolver de modo
progressivo, tanto no plano interno como no externo. Conforme Castells e Hall (1994),
existem alguns fatores críticos que são essenciais para o sucesso de um Parque e seu entorno,
por exemplo, o suporte das autoridades locais, regionais ou nacionais, a disponibilidade de
terrenos destinados aos empreendimentos tecnológicos, infraestrutura, qualidade urbanística e
ambiental.
Neste estudo, será utilizada a diferenciação entre o conceito de Parque Científico e
de Parque Tecnológico elaborada pela INOVA-UNICAMP. As principais diferenças entre
estes dois modelos de espaço de inovação se dão através de quatro fatores, conforme o
Quadro 1.3.3.
44

Quadro 1.3.3: Diferenças entre Parques Tecnológicos e Parques Científicos.

Fatores Parque Tecnológico Parque Científico


Áreas Públicas ou Particulares Inserido no Campus da Universidade
1.Localização sujeitas às normas do Governo ou demais ICTs sujeito às Normas
Local através do Plano Diretor. elaboradas pela Instituição.
Ocupação Temporária nos
Instalação física e permanente de
2. Presença de Empresas laboratórios de P&D e de Startups.
Laboratórios de P&D conforme
parceria entre a Instituição e a Empresa.
Empreendimentos Privados e Instalação de Laboratório de uso
3. Infraestrutura intervenções públicas. compartilhado e/ou Temporário.
Desenvolvimento de Produtos e Tecnologias em Fase de Pesquisa
4. Tipo de P&D Processos inovadores. Exploratória.
Fonte: Inova-Unicamp (2010) adaptado.

Com base na distinção proposta no Quadro 1.3.3, o “Parque Científico e


Tecnológico da Unicamp” se caracteriza conforme Parque Científico, pois seu foco consiste
na formação de recursos humanos através da possibilidade dos grupos de pesquisas da
UNICAMP realizarem projetos em parceria com as empresas. Ainda, nota-se que a unidade
gestora deste espaço é a INOVA-UNICAMP e o Parque está localizado dentro da área do
Campus Universitário. Esse espaço de inovação, visto como um Parque Científico será
detalhado no Capítulo III desta Dissertação quando se analisa o seu Modelo de Ocupação.
Por fim, entende-se que os espaços de inovação podem favorecer a dinâmica
urbana na medida em que eles provoquem a interação entre todos os elementos que os
compõe, e resulte na melhoria das condições técnicas, materiais, científicas e culturais
daquele ambiente em que estão inseridos. Por isso, não se pode estudar os espaços de
inovação de forma isolada, mas sim, suas relações com o entorno. E, acima de tudo, os
estudos devem identificar quais as possibilidades para que esses espaços de inovação atuem
em conjunto na consolidação de Polos Tecnológicos.
45

CAPÍTULO II
PANORAMA DOS PARQUES CIENTÍFICOS E
PARQUES TECNOLÓGICOS

O objetivo deste Capítulo II consiste em contribuir para o entendimento dos Parques


Científicos e Parques Tecnológicos, em especial, o papel da Universidade como ator principal
na consolidação desses espaços de inovação. O primeiro item, consiste no estudo do caso
Stanford nos EUA, cujo modelo foi replicado em vários países. Em seguida, o segundo item
refere-se a geografia dos Parques no Brasil. E, o item três, demonstra as iniciativas do
“Sistema Paulista de Parques Tecnológicos” (SPTec). Por último, o quarto item descreve o
processo histórico de Campinas e sua função como protagonista na consolidação de um Polo
Tecnológico.

2.1. Estratégia empreendedora da Universidade para Estruturar um Parque Científico:


O caso do Stanford Research Park.
No passado, as Universidades destinavam-se apenas ao ensino e a pesquisa básica,
entretranto, o novo contexto faz com que a mesma desempenhe novas funções. A
materialização dessa nova função da Universidade é o resultado de estratégias para o
desenvolvimento não apenas da própria Universidade, mas também do seu entorno, para que o
sucesso desse entorno amplie-se não somente na escala local, mas que alcance outras escalas,
como no caso verificado em Stanford na California (EUA).
Em detrimento das mudanças no ambiente global, segundo por Benko (1996),
Spolidoro (1997) e Castells (2008), as relações entre os três principais operadores dos
46

Sistemas Nacionais de Inovação, ou seja, a tríade proposta por Etzkowitz e Leydesdorff


(2000) composta pelos atores: universidade, empresa e governo, mostra que, atualmente as
universidades têm assumido uma terceira missão, contribuir para o desenvolvimento
econômico e social. E, a materialização dessa terceira missão no espaço geográfico deve-se a
consolidação de espaços de inovação.
Esse perfil empreendedor da Universidade, mais especificamente, por quem cuida
de sua gestão, provém particularmente da necessidade de expandir suas capacidades
científicas e ampliar seu orçamento. Dessa forma, para contribuir com o desenvolvimento
econômico e social do seu entorno, a Universidade assume estratégias ancoradas no
empreendedorismo e, ao mesmo tempo, busca garantir seu orçamento, por isso passam a
realizar uma série de atividades que, no passado, não faziam parte do seu cotidiano.
Nesse sentido, a universidade empreendedora está orientada para a inovação e o
desenvolvimento de uma cultura empreendedora. Ela possui uma governança, liderança e
planejamento, que inclui uma maior responsabilidade do corpo docente para acessar fontes
externas de financiamento. Essa nova postura pode acontecer de três modos: a própria
universidade, como uma organização, torna-se empreendedora; os membros da universidade
se tornam de alguma forma empreendedores; e a interação da universidade com o meio em
que se insere segue um padrão ou uma cultura empreendedora baseada em seu contexto
histório local e regional. (CLARK, 1998; RÖPKE, 1998; KIRBY ET AL, 2011).
O caso de Stanford é o retrato de uma universidade empreendedora, cuja iniciativa
serviu de modelo a nível global. Tal iniciativa deve sua gênese ao Químico e Engenheiro
Elétrico Docente da Univerisdade de Stanford, o Prof. Frederick Terman, que em sua atuação
começou a considerar que Stanford poderia promover uma colaboração entre a academia e a
indústria, que beneficiaria ambos. Assim, durante a década de 1950, o referido Professor
desempenhou o papel fundamental no incentivo às parcerias empresariais com a Universidade
de Stanford que desencadeou um processo de transformação mundialmente famoso. De início,
foi criado o espaço de inovação chamado de Stanford Industrial Park, e que se tornaria a
motivação do que veio a ser conhecido como Silicon Valley somado a presença da cultura
empreendedora local.
O Stanford Industrial Park, está localizado na cidade de Palo Alto, no Campus da
Universidade de Stanford. Essa localização do Park oferece fácil acesso à vasta gama de
negócios, oportunidades educacionais e culturais disponíveis em Stanford. Palo Alto e seus
vizinhos são comunidades que oferecem uma impressionante variedade de serviços públicos,
bibliotecas e teatros, restaurantes, escolas de qualidade superior, habitação e centros
47

comerciais. Nesse território, tem-se uma série de benefícios, tais como baixo custo de vida,
serviços de utilidade, segurança e manutenção da infraestrutura. Em consequência desse
esforço, uma enxurrada de outras corporações faria do Stanford Industrial Park um dos
endereços mais respeitados na costa oeste, dando à região um conjunto de empresas de grande
nome capazes de rivalizar com qualquer outro aglomerado, por exemplo, a Route 128. Assim,
empresas inovadoras, tais como: General Electric, Eastman Kodak e Lockheed estavam entre
dezenas de outras grandes empresas que também aderiram aglomerado, como a Varian e HP,
transformando Silicon Valley em um espaço contemporâneo ultramoderno.
Silicons Valley’s origins are typically traced to the founding of the Hewlett-
Packard Company (HP) in 1937. The small Palo Alto garage were two
Stanford graduate students in electronics instrumentation business has
become a Silicon Valley landmark. The legend surrounding the company’s
origins captures the key elements of the region’s ascent, particularly the
distinctive role played by Stanford University and the value placed on
entrepreneurship. (SAXENIAN, 1994, p. 20)

Na figura de Terman, a Universidade de Stanford promoveu ações, tais quais


correspondem à estratégia para a construção do Stanford Industrial Park. No primeiro
momento houve a criação do Stanford Research Institute (SRI) para realizar pesquisas
relacionadas com a defesa e para ajudar as empresas da Costa Oeste. No segundo momento,
Stanford abriu suas salas de aula para as empresas locais através do Honors Cooperative
Program. Nele, a Universidade incentivou os engenheiros que trabalhavam nas empresas de
eletrônicos para se inscreverem nos cursos de pós-graduação, direta ou parcialmente por meio
de uma rede de ensino televisionado. Por último, no terceiro momento houve a construção
efetiva das infraestruturas do seu Parque.
Terman promoted the development of the Stanford Industrial Park, one of
the first such parks in the country. While initially a source of income to
support the rapid growth of the land-rich but cash-poor university, the
industrial park helped to reinforce the emerging pattern of cooperation
between the university and electronic firms in the area. (SAXENIAN, 1994,
p. 23)

A mudança de nome em 1970 para Stanford Research Park destacou o foco da


cooperação entre a Universidade e Empresas de alta tecnologia. A visão de coparceira
acadêmico e empresarial e um endereço no Stanford Research Park constituem um bom
cartão de visita. Dessa forma, ao longo dos anos, esse espaço de inovação continuou a atrair
algumas das EBTs mais bem-sucedidas e respeitadas no mundo.
O Modelo de Ocupação do Parque caracteriza-se pela disponibilidade de espaço e
infraestrutura para as EBTs, como também a oferta de recursos humanos de alta qualificação
proveniente de Stanford. Também, destaca-se que o aglomerado das EBTs se deve aos
48

investimentos da Universidade, bem como do poder público através de incentivos à região do


Silicon Valley. O Stanford Research Park desenvolveu-se quase espontaneamente devido os
fatores como proximidade geográfica e cultura empreendedora presente no entorno de
Stanford.
Magacho (2010) afirma que entre os atrativos para as empresas que pretendem se
instalar no Stanford Research Park estão as relações formais e informais que podem
estabelecer com toda a comunidade universitária. Nesse contexto, afirma Saxenian (1994),
que a figura do pesquisador/empresário tem tomado forma e suas novas atitudes entram em
choque com o antigo sistema tradicional acadêmico. Portanto, é possível notar que a estratégia
da Universidade e a cultura empreendedora do Silicon Valley, inspirou outras regiões como
uma alternativa de desenvolvimento local.
Segundo Saxenian (1994), as estratégias que precederam e motivaram a
consolidação do Stanford Research Park foram: o perfil empreendedor do Professor Terman;
a necessidade de aumento no orçamento da Universidade; e, por último, a cultura
empreendedora da região; visto que os hábitos de cooperação informal entre os engenheiros
do Silicon Valley são anteriores à indústria de semicondutores. Em síntese, a combinação
entre as iniciativas da Univerisidade, somadas aos gastos militares no período pós guerra, e, o
risco empresarial, movido pela cultura empreendora local, estimularam a dinâmica de auto-
reforço de um desenvolvimento industrial localizado. Após da década de 1990, Stanford
desenvolveu uma série de ligações informais e formais com as empresas, por exemplo,
patrocinar projetos conjuntos de pesquisa com professores e alunos de Stanford; realizar
seminários e workshops que incentivam a troca de informações técnicas; oferta de estágios
para estudantes; recrutar graduados Stanford; manter professores como consultores; gerir o
escritório de licenciamento de tecnologia da universidade e disponibilizar o acesso aos
sistemas da Biblioteca Universitária.
Há também dois mecanismos bem sucedidos e bem estabelecidos que estimulam a
interação Universidade-Empresa: i) Centro de Stanford para o desenvolvimento profissional,
que conecta profissionais que trabalham em todo o mundo para a pesquisa e ensino do corpo
docente da Universidade de Stanford, na Escola de Engenharia e departamentos acadêmicos
relacionados. Assim, indivíduos qualificados podem estudar pós-graduação em regime de
tempo parcial, realizar cursos profissionais, participar em workshops , seminários e visualizar
on-line gratuitos; e ii) Programas de Afiliados de Stanford , que oferecem comunicação entre
professores e cientistas com engenheiros do Stanford Research Park. (SAXENIAN, 1994)
49

Nos anos 2000, o Stanford Research Park agregou um conjunto 150 empresas
com 23.000 empregados. A área corresponde à 700 acres com aproximadamente 10 milhões
de m². Ainda, verificou-se neste estudo que, o Stanford Research Park possui espaço para
escritórios e instalações em 162 edifícios para empresas do setor de eletrônica, biotecnologia,
hardware e software de computador; além de escritórios de advocacia e empresas de
consultoria.
O modelo de Stanford foi replicado em varios territórios, inclusive no Brasil, cuja
realidade histórica e geográfica apresenta-se diversa do Silicon Valley. No Brasil, as relações
entre Universidades e Empresas desenvolveram-se tardiamente. De acordo com Righi (2009),
a trajetória histórica da base científica e industrial do Brasil evidencia a divergência entre os
interesses dessas duas comunidades. A distância entre universidades e empresas é explicada
pelas políticas contraditórias observadas ao longo da história, que fizeram com que não
houvesse a aproximação entre esses dois atores. Kunz (2003), também afirma que o contexto
histórico da relação universidade-empresa brasileiro se deve a construção tardia de um
Sistema Nacional de Inovação somada a falta de estabilidade política governamental. Desse
modo, o Brasil montou sua base institucional para também desenvolver-se no que tange a
interação Universidade e Empresas, e consequentemente, na consolidação de seu Sistema
Nacional de Inovação. Para tanto, houve a integração da política científica no planejamento
do Estado e uma série de mecanismos que visavam a implantação de infraestrutura (espaços
de inovação) para o desenvolvimento da CT&I.
No Brasil, a falta de investimentos acentuou o deslocamento dos recursos
destinados às universidades fazendo com que elas começassem a procurar outras fontes de
recursos. Somente a partir de 1985, em meio às constantes flutuações políticas do Estado foi
criado o “Ministério da Ciência e Tecnologia” (atual MCTI) para a expansão da infraestrutura
e desenvolvimento de recursos humanos. O acesso a uma ampla base científica e tecnológica
tornou-se uma necessidade vital para as empresas na busca de cooperação, seguindo uma
tendência internacional, entretanto, as multinacionais, não instalaram no Brasil seus centros
de P&D devido à incipiente capacidade de inovar.
Com base no modelo de Stanford, verifica-se segundo Steiner, Cassim e Robazzi
(2012) que é típico no Brasil e no mundo que os Parques se localizem próximos a
Universidades devido à presença maior de geradores de conhecimento e, principalmente, de
recursos humanos altamente qualificados. Tal proximidade geográfica pode gerar sinergias e
oportunidades de maneira mais veloz, visto que o país se despertou tardiamente para a
inovação. E, muitas vezes, nota-se que apesar de possuir locais com boa capacidade de gerar
50

conhecimento, não foi capaz de produzir, concomitantemente, uma política eficaz de uso do
conhecimento, sendo esta última afirmação correspondente à realidade de Campinas,
observada no presente estudo.
Assim como aconteceu em Campinas, verifica-se que no Brasil, principalmente a
partir da década de 1990, algumas ICTs surgiram como ator institucional importante na
constituição de Polos Tecnológicos. Neste momento, pode-se observar que algumas ICTs
deixaram de fechar-se em si e começaram a executar atividades ligadas ao setor produtivo,
sobretudo, aquelas ligados à produção de tecnologia. E, segundo Chaves (2009), como
aconteceu na região do Silicon Valley, um crescente número de acadêmicos tem participado
ativamente na criação de suas próprias empresas, assumindo funções de gestores na
elaboração dos seus planos de negócio e procura de capital através de parcerias com
empresas. Contudo, entende-se neste trabalho que os recursos privados não constituem na
solução dos problemas das ICTs, sobretudo das Universidades, no que tange a busca por
recursos financeiros.
De fato, inúmeras são as iniciativas para implantação de Parques como o de
Stanford, que se apoiam na proximidade geográfica para estreitar as relações entre
universidade e empresas, que atualmente deslocam seus esforços para estabelecer parcerias,
ou, no caso, do Brasil, alavancar este processo. Percebe-se que há uma estratégia de cunho
empreendedor de algumas universidades brasileiras como a UNICAMP, que objetivam cada
vez mais criar mecanismos cooperativos com o setor produtivo, mesmo que ainda não
consigam obter respostas rápidas aos desafios lançados.
Embora o caso Stanford seja virtuoso, sua realidade apresenta-se diferente do
Brasil, por isso, pode-se afirmar que a réplica do modelo de Stanford não obteve resultados
expressivos. Também, nota-se que os recursos de empresas não vão contribuir totalmente para
resolver os problemas das Universidades brasileiras, pois o cerne da questão está na cultura
empreendedora, que de fato, não é caraterística dos Polos Tecnológicos, como o caso de
Campinas. Assim, o “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” inserido no Campus
universitário pode vir a facilitar, mas, não criar as condições para inovação a curto e médio
prazo. Porém, torna-se valido perceber quais foram as lições deixadas pelo modelo de
Stanford, no que tange à sua estrutura institucional e territorial para aplica-las ao nosso
contexto, conforme nossa realidade.
51

2.2. A Geografia dos Parques Científicos e Parques Tecnológicos do Brasil.


Tanto os Parques Científicos quanto os Parques Tecnológicos constituem um
interessante recorte espacial para os estudos em Geografia da Inovação. Esses espaços de
inovação possuem dinâmicas internas e externas bastante peculiares. Assim, coloca-se neste
estudo a relevância de uma abordagem geográfica para além de uma análise apenas visual
acerca da forma do Parque, mas também, as ações que levam ao surgimento desses espaços de
inovação.
Inspirados no modelo de Stanford, muitos Parques Científicos e Parques
Tecnológicos surgiram em outras partes do mundo por meio de iniciativas do governo local,
privadas ou de ICTs. Tais espaços oferecem oportunidades para as empresas e universidades
transformarem P&D em novos produtos ou processos. Esses espaços de inovação são capazes
de manter em um mesmo lugar os centros de conhecimento e o setor produtivo (empresas
incubadas ou âncoras2).
Conforme o Capitulo I deste trabalho, entende-se que há diferença entre os
modelos de Parque Científico e Parque Tecnológico. Em síntese, o foco do Parque
Tecnológico são as EBTs, enquanto o foco do Parque Científico são os projetos em P&D
estabelecidos através de EBTs e ICTs. Em especial, verificou-se nesta pesquisa que, o
“Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” caracteriza-se segundo o modelo de Parque
Científico.
De acordo com Lahorgue (2004), a concepção de que os Parques são elementos
importantes dos Polos Tecnológicos está presente no contexto global há, pelo menos, três
décadas. Como todo fenômeno novo, os Parques têm seus pioneiros, ou seja, os primeiros
seguidores e protagonistas da fase de aceleração desse movimento. Neste estudo, destacou-se
o caso do Stanford Research Park. Após Stanford, a geografia dos Parques se ampliou,
havendo uma expansão para o sul da Europa e para alguns países emergentes. Nos anos 1980,
verificou-se o crescimento desses espaços de inovação na escala global, principalmente nos
países desenvolvidos. As razões apontadas para esse crescimento no número de Parques,
segundo Lacave e Foresti (1997) aconteceram devido: a) reestruturação produtiva; b)
incipiente apoio aos governos locais; c) abertura dos mercados; e, d) reconhecimento da
inovação como um elemento de competitividade. A expansão geográfica dos Parques
acentuou-se nos anos 1990. E, outros Parques também ganharam destaque em outras partes do

2
No Brasil, geralmente são empresas de grande porte, nacionais ou extrangeiras, que são capazes de dinamizar o
Parque e funcionar como vetor para novas parcerias e novos negócios.
52

mundo, por exemplo, o Cambridge Science Park, no Reino Unido, Sophia-Antinopolis na


França e Daedok, na Coréia do Sul.
Hoje, praticamente todos os países têm pelo menos um projeto de Parque
Tecnológico instalado. Importante parcela do crescimento se dá em países
emergentes, principalmente na Ásia e na América Latina. Na China, por
exemplo, existiam, em 2003, mais de 70 parques tecnológicos. Esses partes
têm, inclusive, funcionado como intrumento de atração e de fixação dos
estudantes chineses que estão no exterior. (LAHORGUE, 2004, p. 56)

No Brasil, os primeiros incentivos para fomentar tal desenvolvimento tiveram


início na década de 1980 com a criação do “Programa Brasileiro de Parques Tecnológicos”
pelo “Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico” (CNPq), segundo
Plonski (2010), com objetivo de alavancar uma nova realidade econômica no país. A criação
da “Lei da Inovação”, gerou um novo impulso ao desenvolvimento desses espaços de
inovação no país. Paralela à iniciativa do CNPq tem-se a instituição do “Programa Nacional
de Apoio às Incubadoras de Empresas e aos Parques Tecnológicos” (PNI), cujo objetivo
consistiu em fomentar e consolidar as incubadoras de empresas e Parques.
Lahorgue (2004), afirma que a gestação das condições para a implantação de
Parques no Brasil vai estender-se ao longo da década de 1990. A relativa demora na
efetivação de projetos concretos deveu-se, de um lado, ao fato de que a pressão por
alternativas de localização das EBTs não se fazia sentir mais fortemente e, de outro lado, pela
escassez de recursos para a implantação de infraestrutura requerida. Conforme ANPROTEC
(1992) verifica-se a existência de apenas 20 Parques no país. Em 2003, o mesmo panorama
identificou 33 espaços em operação, onde já se observava a presença de 130 empresas, porém,
somente 6 desses Parques localizavam-se fora das regiões Sul e Sudeste. No ano 2013 a
pesquisa do MCTI em parceria com o “Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico”
(CDT), da “Universidade de Brasília” (UnB) identificou 94 iniciativas de Parques no país. A
seguir, o Quadro 2.2.1 elenca alguns dos Parques e suas respectivas localizações no território
nacional.
53

Quadro 2.2.1: Parques Científicos e Parques Tecnológicos do Brasil.


Parques Cidade Estado
Citpar Curitiba PR
Parque Tecnológico Agroindustrial do Oeste Cascavel PR
Tecnocentro Londrina Tecnopólis Londrina PR
Certi Florianópolis SC
ParqTec Joinvile SC
Parque Tecnológico Alfa Florianópolis SC
Sapiens Parque Florianópolis SC
Polo de Informática Porto Alegre RS
ParqTec Santa Maria RS
Parque Tecnológico da PUC – RS Porto Alegre RS
Parque Tecnológico Urbano do IV Distrito Porto Alegre RS
Parque Tecnológico da Região Metropolitana Cachoeirinha RS
Ciatec Campinas SP
ParqTec São Carlos SP
São José do Campos São José dos Campos SP
CINET/ Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos São Carlos SP
Parque Tecnológico UNIVAP São José dos Campos SP
Parque Tecnológico de São Paulo São Paulo SP
Riotec Rio de Janeiro RJ
Coppetec Rio de Janeiro RJ
Funpat Petrópolis RJ
Parque do Rio Rio de Janeiro RJ
Parque Fundação Bio Rio Rio de Janeiro RJ
Parque para Inovação tecnológica e Cultural da Gavea Rio de Janeiro RJ
Parque Tecnológico de Xerém Duque de Caixias RJ
Santa Rita do Sapucaí Sta Rita do Sapacucai MG
Parque Tecnológico de Uberaba Uberaba MG
Parque Tecnológico de Itabira Itabiara MG
Parque Científico e Tecnológico de Itajubá Itajubá MG
Parque Tecnológico de Juiz de Fora Juiz de Fora MG
Parque Tecnológico regional de Montes Claros Montes Claros MG
Parque de Ciência e Tecnologia de Uberlândia Uberlândia MG
Parque Tecnológico de Viçosa Viçosa MG
Parque Tecnológico de Belo Horizonte Belo Horizonte MG
Parque Tecnológico de Lavras Lavras MG
Pílo do Espírito Santo Vitória ES
CDT Brasília DF
Parque Tecnológico de Sucupira Brasília DF
Fucapi Manaus AM
Parque Tecnológico do Estado do Pará Belém PA
Parque Tecnológico de Salvador Salvador BA
ITEP Recife PE
Porto Digital Recife PE
Fadetec Fortaleza CE
Parque Tecnológico da Universidade Estadual do Ceará Fortaleza CE
Parque Universidade de Fortaleza Fortaleza CE
ParqTec Campina Grande PB
Elaboração Própria.
54

Também, considerando os valores informados pelos respondentes da pesquisa


realizada pelo MCTI e CDT/UnB no ano 2013, haviam no Brasil 939 empresas instaladas nos
Parques que geravam 29.909 empregos. Constatou-se a concentração desses espaços de
inovação nas regiões Sul e Sudeste, tanto os Parques nas fases de projeto, implantação e
operação. Em contrapartida, embora o Norte, Nordeste e Centro-Oeste, possuam
consideráveis unidades geradoras de conhecimento, verifica-se a necessidade de ações mais
dirigidas para a implantação de Parques.
O cenário brasileiro indica que em suas diferentes fases de desenvolvimento, os
Parques enfrentam desafios muitas vezes devido à complexidade dos seus projetos, visto que
envolvem elevado grau de incerteza, uma vez que se torna essencial o apoio do governo,
principalmente para impulsionar Parques em projeto ou em implantação, enquanto os Parques
em operação possuem maior facilidade de captação de recursos privados e atração de EBTs.
Foram registrados investimentos na ordem de 5,8 bilhões de reais, sendo
22% oriundos de recursos federais, 42% estaduais ou municipais e 36%
privados. Para cada real investido pelo governo federal, os parques
alavancaram cerca de quatro reais de financiamento de outras fontes, com a
clara demonstração de que os governos têm atuado como catalisadores e
apoiadores destes investimentos na sua fase de maior risco. (MCTI,
CDT/UNB, 2013, p. 32)

Além dos benefícios científicos e tecnológicos, os Parques têm uma participação


socioeconômica importante com reflexos altamente positivos na geração de empregos de alta
qualificação e na atração de empresas inovadoras para as regiões onde estão inseridos. As
maiores áreas de atuação dos Parques brasileiros envolvem: tecnologia da informação e
comunicação, energia, biotecnologia, saúde, petróleo e gás natural. Também, observa-se que a
disponibilidade de espaço físico não representa obstáculo para o desenvolvimento dos
Parques. Entretanto, é importante destacar que existem diversos desafios a serem enfrentados
para a consolidação desses espaços de inovação, por exemplo, a falta de diálogo entre os
governos locais, estaduais e federais. (MCTI; CDT/UNB, 2013).
O crescimento de iniciativas para consolidação desses espaços tanto pelo seu
potencial a longo prazo, quanto pela amplitude de seus resultados quando se objetiva fazer
marketing de determinada região ou governo. Contudo, verifica-se que o Brasil conseguiu
construir alguns Parques com potencial para impactar dinâmica local e regional. No que tange
a área física, os Parques brasileiros totalizam aproximadamente 74 milhões de m² segundo o
MCTI e CDT/UnB (2013), com 805 mil metros quadrados de área construída e o restante com
disponibilidade para futuras ampliações e instalação de empresas.
55

Na região Sudeste, conforme o Gráfico 2.2.1, concentra-se a maior área física.


Também, acrescenta-se, segundo MCTI/ CDT/UnB (2013), que menos de 1% da área total
destes espaços de inovação está construída, evidenciando o grande potencial de crescimento.
Quando se consideram os dados sobre empresas e empregos, a possibilidade de expansão da
área construída dos Parques, bem como da infraestrutura necessária para a instalação de novas
empresas, verifica-se que esse processo irá contribuir significativamente para a melhoria dos
benefícios sociais e econômicos da macrorregião.

Gráfico 2.2.1: Distribuição da Área Física por Macrorregião do País (m²).

Fonte: Adaptado de CDT/UnB (2013)

Também, nota-se que os Parques brasileiros têm gerado empregos qualificados,


contando com profissionais de elevada formação. A seguir, o Gráfico 2.2.2 revela o
desenvolvimento desses espaços de inovação como geradores de empregos e renda. Verifica-
se que dos 29.909 empregos gerados pelas empresas instaladas estes espaços de inovação,
aproximadamente 80,3% possuem diploma de ensino superior, enquanto 19,6% concluíram o
ensino médio, evidenciando também o caráter inclusivo dos Parques. Desse modo, no
contexto brasileiro nota-se que os Parques empregam não somente pessoal altamente
qualificado, como também pessoal com formação básica. (MCTI; CDT/UNB, 2013).
56

Gráfico 2.2.2: Número de Emprego nas Empresas por Nível de Qualificação.

Fonte: Adaptado de CDT/UnB (2013)


As Regiões Sul de Sudeste, em especial, o estado de São Paulo, destacam-se
perante os outros estados. Desse modo, o conjunto de fatores positivos posicionam as Regiões
Sul Sudeste como o maior polo de atração de EBTs e de profissionais qualificados. Identifica-
se que a partir dos anos 2000 a concentração de Parques nessas regiões tornou-se maior. A
Figura 2.2.1 demonstra a evolução dos Parques no território nacional nos anos 1992, 2003 e
2013.

Figura 2.2.1: Concentração dos Parques Científicos e Parques Tecnológicos no Brasil nos Anos 1992, 2003 e
2013. Fonte: Lahorgue (2004), MCTI, CDT/UnB (2013). Elaboração Própria.

A Figura 2.2.1 mostra a necessidade de ações dirigidas às regiões Norte, Nordeste


e Centro-Oeste, que possuem ICTs e EBTs, mas poucas iniciativas para a implantação desses
espaços de inovação. Também, nota-se que os Parques têm gerado não somente benefícios na
57

forma de geração de empregos de alta qualificação, mas também, na consolidação de EBTs a


partir de ações para o desenvolvimento local e regional, transformando algumas cidades em
Polos Tecnológicos de destaque, por exemplo, Campinas (SP), Santa Rita do Sapucaí (MG) e
Porto Alegre (RS), principalmente devido a existência de Parques de abrangência nacional.
Neste estudo, em especial, coloca-se a necessidade de demonstrar o caso
específico do Parque da “Pontifícia Universidade Católica” (PUC) do Rio Grande do Sul,
localizado na cidade de Porto Alegre, cujo nome é “TECNOPUC”. O detalhamento sobre as
características desse Parque consiste no seu desenvolvimento enquanto modelo de Parque
Científico, cujo ator principal para sua consolidação foi a referida Universidade. Também, o
TECNOPUC será comparado ao “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” no Capítulo
III desta Dissertação.
Conforme Audy et al (2003), o TECNOPUC é parte integrante do Campus
Central da PUC-RS, com 57 ha de área total. O referido Parque situa-se em local privilegiado
da capital do estado do Rio Grande do Sul com bela urbanização que acolhe
aproximadamente 2.8000 estudantes, 1.650 professores e 1.200 funcionários. O TECNOPUC
consiste na resposta a uma demanda crescente do setor empresarial que buscou na
Universidade a possibilidade de estabelecer parcerias que permitissem um crescimento mútuo.
A simbiose proposta no seu Modelo de Ocupação e Gestão inicia-se com o envolvimento de
empresas e desenvolve-se na busca de relacionamento entre outros atores para a consolidação
de uma rede de cooperação que contribua na promoção do desenvolvimento científico e
tecnológico da cidade de Porto Alegre, no âmbito do “Projeto Porto Alegre Tecnópole”.
O TECNOPUC busca a exploração dos fatores de mudança na relação entre os
componentes da Triple Helix: Universidade, Industria e Governo. Nesse sentido, o modelo de
gestão proposto para o TECNOPUC está a cargo da “Agência de Gestão Tecnológica e
Propriedade Intelectual da PUCRS”, responsável pela execução das políticas definidas pelo
seu Comitê Gestor, do qual fazem parte os pró-reitores de Pesquisa e Pós-Graduação,
Extensão e Administração, o assessor jurídico da Universidade e a direção da Agência de
Gestão Tecnológica e Propriedade, que atua no desenvolvimento. (AUDY; FRANCO, 2001)
Segundo Audy et al (2003), os atores do TECNOPUC são empresas de vários
portes, incluindo as empresas-âncora das áreas de Tecnologia da Informação e Biotecnologia,
a incubadora “RAIAR”, que abrigar projetos spin-off oriundos dos projetos de P&D da
PUCRS, organizações públicas e privadas de desenvolvimento científico, tecnológico e
econômico (FINEP, CNPq, FAERGS, etc.), o “Laboratório de Gestão Empresarial” e o
“Centro de Design” (em parceria com o SEBRAE-RS), Institutos e Unidades Acadêmicas de
58

Pesquisa da PUC-RS e a AGT. Talvez, a maior expectativa em termos de organização do


TECNOPUC esteja relacionada com a criação, interligação e consolidação de redes de
cooperação.
Para atrair as grandes empresas multinacionais o Modelo de Ocupação do
TECNOPUC enfatizou atividades cooperadas de P&D. A confiança gerada por tais
experiências de sucesso permitiu unir oportunidade com a conveniência das empresas que já
desenvolviam projetos com a Universidade. A oportunidade caracterizou-se pela
disponibilidade do espaço físico oferecido pela Universidade no Parque e, especificamente
para empresas da área de TI, pelo apoio da “Lei de Informática”. A conveniência para as
empresas caracterizou-se pela associação de fatores diversos entre os quais destacam-se os
ambientes privilegiados do Campus Universitário, a disponibilidade farta de recursos
humanos capacitados e a excepcional infraestrutura complementar disponível nas instalações
da Universidade. (AUDY ET AL, 2003)
Afirmam Zen e Hauser (2005), que o TECNOPUC iniciou o processo de
instalação de empresas em 2001, com empresas multinacionais no setor de informática, como
HP, DELL e Microsoft e empresas de menor porte também na área de informática. O ator
principal deste empreendimento é a Universidade e as áreas de atuação do parque são:
informática, energia e física aplicada, biotecnologia. No ano 2004, segundo os autores, o
Parque conseguiu abranger 25 empresas e associações instaladas, cerca de 1.000 pessoas
trabalhando e aproximadamente, 80 projetos de P&D. Em síntese, constata-se que o foco do
TECNOPUC é a interação universidade-empresa, por meio de projetos de pesquisa aplicada
desenvolvidos por alunos de pós-graduação e graduação, que recebem bolsas de estudos das
empresas.
Por último, pode-se considerar que esses espaços de inovação são instrumentos
implantados em países desenvolvidos e em desenvolvimento como o Brasil para dinamizar
economias regionais e nacionais, agregando-lhes conteúdo e infraestrutura de CT&I. O olhar
para a geografia dos Parques Científicos e Parques Tecnológicos brasileiros provoca reflexões
sobre cidades e regiões capazes de promover a cultura da inovação, da competitividade e do
aumento da capacitação empresarial fundamentados na transferência de conhecimento e
tecnologia por meio da interação entre seus atores, sendo um deles a Universidade.
O próximo item deste Capítulo II refere-se a uma iniciativa específica do governo
do estado de São Paulo na implementação da política pública voltada a esses espaços de
inovação. Tal iniciativa é denominada de “Sistema Paulista de Parques Tecnológicos”
59

(SPTec), sobre a qual muitos Parques instalados nos municípios do estado buscam
credenciamento, por exemplo, os cinco Parques da cidade de Campinas.
2.3. As Iniciativas do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec).
No ano 2002, com objetivo de ampliar sua capacidade em CT&I, o governo do
Estado de São Paulo, por meio de sua “Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,
Tecnologia e Inovação”, organizou um grupo de pesquisadores para estudar o funcionamento
dos Parques Tecnológicos. E, o resultado desses estudos trouxe, em fevereiro de 2006, o
“Sistema Paulista de Parques Tecnológicos” (SPTec), através do Decreto n° 50.504, que em
síntese consiste na ação de apoio e suporte ao desenvolvimento de Parques no Estado
objetivando atrair investimentos e gerar novas empresas intensivas em conhecimento.
No início o foco era apoiar cinco Parques nas cidades de Campinas, São Carlos,
São José dos campos, Ribeirão Preto e São Paulo. Em seguida, conforme Zouain et al (2013),
por meio do Decreto 54.196/09, foram redefinidos os critérios para o credenciamento de
outros Parques no SPTec, quer em caráter provisório, quer em caráter definitivo. Esse
credenciamento consiste em um reconhecimento institucional capaz de dar maior visibilidade
e credibilidade ao Parque. Também, nos termos do Decreto 58.768, de 20/12/2012, há
incentivos fiscais para empresas instaladas nos Parques Tecnológicos do SPTec.
Entende-se que o SPTec pode incentivar esses espaços de inovação que disponham
de centros geradores de conhecimento e potencial de empreendedorismo. Assim, o SPTec
procura promover o ambiente favorável para oferta e demanda de CT&I, impulsionando o
desenvolvimento e a competitividade de São Paulo nos mercados nacional e internacional.
De acordo com Steiner, Cassim e Robazzi (2012), o SPTec foi instituído pelo
governo paulista com o objetivo de estruturar uma política que incentive a criação e a
articulação de Parques no Estado de São Paulo. Para isso é necessário articular os três níveis
do poder público, os diversos setores da academia e o setor privado, tanto o industrial como o
de serviços e o imobiliário.
Para fazer parte do SPTec, o governo local, a Universidade, em geral, a entidade
gestora do Parque deve encaminhar um ofício à “Secretaria de Desenvolvimento Econômico,
Ciência, Tecnologia e Inovação” do Estado de São Paulo solicitando sua inclusão no SPTec,
em seguida, após a aprovação dos documentos, o credenciamento será efetuado por meio de
uma resolução válida por dois anos. A partir do credenciamento provisório, já se torna
possível a unidade de gestão do Parque pleitear recursos financeiros, principalmente para
realização de estudos necessários para implantação. Desde já, pode-se destacar que o
60

credenciamento no SPTec consiste em uma estratégia dos gestores de um Parque, como o


caso do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”.
Conforme entrevista3 realizada neste estudo, verificou-se a publicação do “Manual
de apoio ao processo de credenciamento de um Parque Tecnológico no Sistema Paulista de
Parques Tecnológicos (SPTec) ” elaborado pela referida Secretaria do Estado de São Paulo,
para as Unidades Gestoras interessadas no credenciamento provisório e/ou definitivo no
SPTec.
Para obter o credenciamento provisório, a entidade gestora interessada deve
comprovar a propriedade de uma área de no mínimo 200.000 m², enviar documento
manifestando apoio à implantação do parque subscrito por empresas e ICTs locais, também
deve-se enviar o projeto básico do empreendimento, contendo o projeto urbanístico e estudos
prévios de viabilidade econômica, financeira e técnico-científica.
Para o credenciamento definitivo no SPTec, deve-se definir a pessoa jurídica
encarregada da gestão do Parque. Essa pessoa deve apresentar o ato constitutivo que
demonstre características obrigatórias para ser tratado como de entidade sem fins lucrativos.
O Parque deve ter os objetivos compatíveis com os preconizados pela regulamentação do
SPTec, tais como: estímulo à competitividade e ao desenvolvimento e o aumento da
produtividade de empresas fundadas no conhecimento e na inovação tecnológica; incentivo à
interação entre ICTs; apoio a atividades de pesquisa, desenvolvimento e engenharia não-
rotineira no âmbito estadual; dentre outros.
No credenciamento definitivo a unidade gestora deve apresentar os seguintes
documentos: 1). Capacidade técnica e idoneidade financeira para gerir o Parque; 2). Projeto
urbanístico-imobiliário básico de ocupação da área, devidamente aprovado pelo órgão
colegiado superior da gestora; 3). Projeto de ciência, tecnologia e inovação; 4). Estudo de
viabilidade econômica, financeira e ambiental do empreendimento; 5). Legislação municipal
de incentivo às entidades que venham a se instalar no Parques Tecnológico; 6). Instrumento
jurídico de cooperação que assegure a cooperação técnica entre a Gestora, centros de pesquisa
reconhecidos pela comunidade científica e por órgãos de fomento e instituições de ensino e
pesquisa credenciadas para ministrar cursos de pós-graduação; e, 7). Demonstrativo de
compatibilidade do Parque Tecnológico e de seus objetivos com as políticas definidas pelo
Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia.

3
Entrevista Realizada em 10 de Fevereiro de 2015 com a Subsecretária de CT&I do Estado de São Paulo.
61

De acordo com o referido Manual, entende-se que a unidade gestora proponente


deve possuir um Plano Urbanístico adequado à operação e garantir a sua eficiência enquanto
Parque, na medida em que aumenta sua capacidade em receber, edificar e multiplicar o capital
investido. Para tanto, essa eficiência depende também da criação de um ambiente saudável,
agradável e estimulante para que os empresários e pesquisadores possam se dedicar
adequadamente às atividades de ciência, tecnologia e inovação. Assim, o Parque deve
estimular a integração entre seus componentes, por exemplo, através de atividades de lazer e
criação de grupos colaborativos seja em ações comunitárias como também de projetos de
pesquisa comuns e ou integrados.
Para credenciamento no SPTec, faz necessária sua adequação ao “Índice de
Sustentabilidade Urbanística de Parques Tecnológicos” (ISUTec), de modo que o Parque
possa se basear em conceitos e práticas já estabelecidas pelo urbanismo contemporâneo. O
referido ISUTec é composto por cinco categorias, sobre as quais estão expostas dezoito
diretrizes de sustentabilidade a serem avaliadas e pontuadas pela Secretaria no processo de
credenciamento definitivo. As categorias que compõem o ISUTec são: sustentabilidade,
implantação, mobilidade, espaços abertos e inovação.
A primeira categoria corresponde a Sustentabilidade, momento em que se
identifica que foram priorizados, na escolha do sítio para o Parque, os aspectos ecológicos e
econômicos adequados a operação de empresas de base tecnológica. Para se reduzir os custos
em implantação de infraestrutura (vias, energia, água e etc.) e ao mesmo tempo evitar o
espraiamento urbano, recomenda-se situar o Parque nas proximidades da mancha urbana. As
diretrizes são: Greenfield Tipo A terrenos descontínuos à mancha urbana; Greenfield Tipo B,
terrenos adjacentes à cidade que expandem a mancha urbana; Greenfield Tipo C, terrenos em
áreas adjacentes à cidade que aproveitam vazios; e, Brownfield, terrenos inseridos na mancha
urbana.
A segunda categoria de Implantação do Parque deve ser flexível e adaptativa a
uma sociedade com demandas cada vez mais complexas. Para tanto, utiliza-se ferramentas
que acompanhem as necessidades locais de expansão do Parque. Nesse sentido, a
flexibilidade no tamanho dos lotes também acompanha a demanda por novos edifícios
especiais que exigem lotes de tamanhos específicos. Ainda, deve-se permitir o uso misto,
aproximando habitação, trabalho e consumo. O uso misto é fundamental para garantia do
sucesso do Parque. Os critérios são: a) Flexibilidade de mudança no tamanho do lote e no uso
do solo; b) Uso misto – aproximação de diferentes usos; e, c) Fase da construção de modo a
garantir novos investimentos.
62

Na terceira categoria sobre Mobilidade, prioriza-se o uso de transporte coletivo


em relação ao individual e a integração entre uso do solo e sistema viário mostram-se
essenciais para a melhoria da qualidade do ar e a redução da emissão de gases. Nesse sentido,
avalia-se o entorno de um Parque por meio de acesso e mobilidade. Para tanto, conforme o
ISUTec, têm-se os seguintes critérios. a) Hierarquização das vias e priorização do transporte
de massa e não motorizado; b) Articulação do parque ao sistema viário urbano; c)
Adensamento estratégico nas vias de maior acessibilidade do Parque; d) Acessibilidade do
espaço de pedestres.
A quarta categoria refere-se aos Espaços Abertos, que são os elementos urbanos
que mais adicionam qualidade à paisagem urbanizada, assim, o Parque que consegue
preservar seus espaços abertos terá melhor qualidade para aqueles que fazem uso de suas
infraestruturas. Por exemplo, o incentivo arborização dos espaços abertos com utilização de
árvores nativas. Outro aspecto importante é a permeabilidade do solo, praças e preservação
das áreas verdes tornando o Parques em lugar prazeroso. a) Conectividade natural entre áreas
verdes; b) Espécies compatíveis com as especificidades do local; c) Espaço público; d) Áreas
verdes permeáveis.
A quinta categoria, denominada de Inovação consiste na aplicação dos seguintes
critérios: conceitos de smartcities; e, coerência com o arranjo produtivo local. Por último,
ainda no que tange o Manual, verifica-se a importância da viabilidade econômico-financeira
do Parque, que possibilita análises quantitativas de rendimento que por sua vez desembocam
nas variáveis qualitativas e na visão macro dos benefícios que um Parque trará para sua cidade
e região.
São José dos Campos foi a primeira cidade a ter um Parque com o status
definitivo no Sistema. Desde então, outras cinco cidades receberam Parques com
credenciamento definitivo: Sorocaba; Ribeirão Preto; Piracicaba; Santos e São Carlos. Hoje,
existem outras iniciativas com credenciamento provisório em Araçatuba; Barretos; Botucatu;
Campinas; Santo André; São José do Rio Preto e São Paulo. A Figura 2.3.1 demonstra a
demanda municipal frente à política do SPTec. Aqui, pode-se observar as cidades que
possuem Parques com credenciamento provisório e/ou definitivo no SPTec.
A seguir, a Tabela 2.3.1 elenca os Parques Científicos e Parques Tecnológicos
conforme a situação no SPTec.
63

Figura 2.3.1: Municípios possuidores de Parques Tecnológicos conforme Status no Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec) Fonte: Secretária de Desenvolvimento
Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (2014).
64

Quadro 2.3.1: Parques Científicos e Parques Tecnológicos do SPTec – Ano 2015.


Parques Científicos e Parques Tecnológicos Situação
Parques com Credenciamento Definitivo
Parque Tecnológico de São José dos Campos Operação
Parque Tecnológico de Sorocaba Operação
Parque Tecnológico de Ribeirão Preto Operação
Parque Tecnológico de Santos Obras
Parque Tecnológico de Piracicaba Operação
Fundação Parque Tecnológico de São Carlos – ParqTec Operação
Parques em Processo de Credenciamento Definitivo
Parque Tecnológico de São José do Rio Preto Obras
Parque Tecnológico de Botucatu Inauguração
Parque Tecnológico de Santo André Projeto
Parque Científico e Tecnológico da Unicamp Operação
Parque Tecnológico Polis do CPqD Operação
Parque Tecnológico do CTI Renato Archer Campinas Obras
Techno Park Campinas Operação
Parques com Credenciamento Provisório
Parque EcoTecnológico Damha - São Carlos Obras
Parque Tecnológico de Barretos Obras
Parque Tecnológico de São Paulo Obras
Parque Tecnológico de São Paulo – Zona Leste Projeto
Parque Tecnológico de Araçatuba Projeto
Parque Tecnológico da UNIVAP-São José dos Campos Operação
Parque Tecnológico de Campinas – CIATEC I e II Projeto
Parques em Negociação
Parque Tecnológico de Rio Claro Discussão
Parque Tecnológico de Americana Discussão
Parque Tecnológico de Santa Bárbara D’Oeste Discussão
Parque Tecnológico do Grande ABC Discussão
Parque Tecnológico de Guarulhos (Centro de Inovação Tecnológica) Discussão
Parque Tecnológico de Jundiaí (Centro de Inovação Tecnológica) Discussão
Parque Tecnológico de Pirassununga Discussão
Parque Tecnológico de Bauru Discussão
Parques Descredenciados
Parque Tecnológico Mackenzie Tamboré - Barueri Inativo
Parque Tecnológico de Ilha Solteira Inativo

Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo.
65

Em específico, a cidade de Campinas já possui cinco iniciativas de Parques, fato


que a destaca de outras cidades do estado de São Paulo, pois é o único município com mais de
duas iniciativas. Os Parques são: “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”, “Polis de
Tecnologia do CPqD” do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações,
“CTI-Tec do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer”, o “ Parques da CIATEC –
Polos I e II “da Prefeitura Municipal e o “Techno Park Campinas” que é privado. Estas
inciativas entraram no SPTec por meio de credenciamento provisório, respectivamente nos
anos 2008, 2010, 2011 e os dois últimos em 2013. Atualmente, ano 2015, esses Parques
encontram-se em processo de credenciamento definitivo junto ao SPTec.

2.4. Processo Histórico de Campinas (SP) e sua Função como protagonista na


consolidação do Polo Tecnológico.
Campinas possui um território singular no que tange a infraestrutura de CT&I.
Assim, no decorrer de sua trajetória observa-se a ocorrência de um número considerável de
iniciativas para consolidar um Polo Tecnológico. Essas iniciativas foram materializadas no
espaço da cidade e trouxeram como resultado uma organização territorial diferenciada,
através da implantação de espaços de inovação.
No início, a economia de Campinas estava baseada no plantio da cana de açúcar.
Em seguida, a economia cafeeira propiciou o surgimento e a integração, através das ferrovias,
da maior parte dos núcleos que dariam origem aos atuais municípios da Região
Metropolitana. Porém, a crise cafeeira na década de 1930 provocou fortes mudanças políticas
no país, que resultaram em grandes transformações na economia urbana e industrial em
inúmeros municípios. (AGEMCAMP, 2011)
Conforme Castro (2006), nos anos 1960, houve o movimento de expansão da
indústria na região, com forte reflexo no incremento populacional de Campinas. Para Cano
(2002), o dinamismo, embora apresente alta concentração na cidade, conforma uma teia de
relações mercantis e não mercantis que crescentemente se adensa, gerando territórios
limítrofes que formam conjuntos conexos, com forte integração física e econômica entre os
diferentes municípios, com enorme fluxo de mercadorias e pessoas. A localização de
indústrias, comércio e serviços ao longo dos eixos rodoviários, fora dos centros urbanos, em
espaços intermunicipais, interligou mais estreitamente a economia, impulsionando a
unificação do mercado de trabalho local e estimulando os fluxos de pessoas e produtos,
configurando simultaneamente a modernização da função de centralidade de Campinas.
66

A década 1960 promoveu a definição das funções urbanas dos diferentes


municípios que se localizavam no entorno de Campinas, a dinâmica regional provocou o
avanço populacional, que se destacou no estado de São Paulo. Mendonça e Pinho (1999)
afirmam que Campinas apresenta vantagens locacionais distintas perante outras do País.
Dentre as vantagens pode-se destacar a proximidade do mercado interno; a disponibilidade de
mão de obra qualificada; a infraestrutura de transporte e a infraestrutura urbana e de
comunicações.
Na década de 1970, surgiu a concepção de “Parque de Alta Tecnologia de
Campinas” (PACT) enquanto política pública local. Para tanto, foi estabelecido o “Plano
Preliminar de Desenvolvimento Integrado” (PPDI) pelo Prefeito Orestes Quércia, a partir de
uma iniciativa do Governo Federal com o intuito de iniciar a implantação do
empreendimento. Para os profissionais que defendiam o PACT como uma proposta
inovadora, tal idealização indicava que Campinas poderia se tornar no futuro um Polo
Tecnológico devido à existência de infraestruturas de CT&I de excelente qualidade, como a
UNICAMP, a PUC-CAMPINAS e o “Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Telebrás”
(CPqD). (SILVA, 2010)
Em especial, o CPqD, foi criado em 1976 como uma empresa estatal que detinha
o monopólio dos serviços públicos de telecomunicações do território nacional. No ano 1998
houve a privatização do sistema Telebrás, deste modo, o CPqD tornou-se uma fundação de
direito privado.
Destaque deve ser dispensado ao CPqD/Telebrás, já que esse organismo foi
um elemento decisivo para a decisão de algumas empresas de
estabelecimento de planta industrial na região. A presença do CPqD revela
que, em certos casos, as interações com os organismos de pesquisa podem se
configurar em um fator bastante importante na geração e difusão de
inovações com bases locais. (SOUZA; GARCIA, 1999, p. 417)

Ainda no contexto da década de 1970, e, consequentemente, no primeiro


momento de implantação do PATC, há forte presença do poder público federal e de alguns
membros da comunidade de pesquisa da UNICAMP. Os membros desta comunidade
acadêmica da UNICAMP participaram ativamente do processo de elaboração da política
pública que deveria assentar o potencial de CT&I de Campinas. Em destaque, o Físico e
Professor da UNICAMP, Rogério Cezar Cerqueira Leite, foi um dos criadores e Presidente da
“Companhia de Desenvolvimento Tecnológico” (CODETEC). O Professor Cerqueira Leite
vislumbrava a possibilidade de replicar no município de Campinas as experiências norte-
americanas do Silicon Valley e Route 128 (EUA), pois, de acordo com ele, Campinas tinha
67

uma tradição em termos de pesquisa que a habilitava a ter um Parque Tecnológico. (SILVA,
2010)
A elaboração da política do Polo e Parque de Alta Tecnologia de Campinas
(PATC) remonta ao começo dos anos 1980 e esse processo procede até o
presente. O ator dominante nesse processo são os membros da comunidade
de pesquisa, sobretudo os da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). (SILVA, 2010, p.94)

Conforme Gomes (1995), a proposta de criação do PACT encontrou um ambiente


favorável junto ao poder público municipal e ao governo do estado de São Paulo. Assim
sendo, em 1983 foi criado o “Centro de Indústrias de Alta Tecnologia” (CIATEC) pela
Prefeitura Municipal, na gestão do prefeito Magalhães Teixeira, com o objetivo institucional
de prover as condições de infraestrutura que favorecessem a proximidade e a integração das
atividades dos setores de indústria, comércio, educação, serviços, tecnologia e P&D.
Na verdade, a criação do CIATEC foi a primeira tentativa de
institucionalização das relações entre as empresas e os organismos locais de
ciência e tecnologia, baseado explicitamente nas experiências do Silicon
Valley e a Route 128, ambos nos Estados Unidos. Partia-se do pressuposto
de que as pré-condições básicas para a criação de um parque tecnológico na
cidade já estavam dadas, principalmente em virtude da vasta infraestrutura
de pesquisa científica e tecnológica da região. (SOUZA; GARCIA, 1998.
p.11)

Também, ressalta-se que no percurso histórico do município, observa-se a


instalação de um considerável número de ICTs, ou seja, espaços de inovação, principalmente
a partir da década de 1980. Nesse contexto, torna-se possível visualizar as bases para
composição de um Polo Tecnológico mais dinâmico, em especial a partir de estratégias de
interação entre essas ICTs consolidadas no município.
No ano 1986, o Decreto Municipal n° 8847 designou uma área de 682 mil m², de
propriedade da FEPASA (Ferrovia Paulista), para a implantação de Empresas de Base
Tecnológica (EBTs). A área passou a ser denominada de “Parque Tecnológico CIATEC Polo
– I”, local em que, conforme a Lei Municipal n° 5700, de 11 de julho de 1986, as EBTs que
viessem a se instalar eram isentas do pagamento de ISS e IPTU, até 31 de dezembro de 1990.

Em seguida, na década de 1990, por iniciativa da empresa “UNIMOVEL” ligada


ao “Grupo DPaschoal” surgiu o “Techno Park Campinas”, apontado com um dos pioneiros a
concretizar o modelo de Condomínios Empresariais no Brasil, forma de organização do
espaço industrial que é realidade em países como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.
Contudo, são poucos os que, como o “Techno Park Campinas”, podem ser ajustados ao
conceito de Parque Tecnológico. Isso se deve à infraestrutura bem organizada do
68

empreendimento e à iniciativa também pioneira em atrair e estimular atividade de CT&I entre


as empresas já instaladas.
No ano 1992 foi inaugurado outro importante espaço de inovação em Campinas
denominado “Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer” (CTI), uma unidade de
pesquisa do MCTI que atua em P&D na área de tecnologia da informação (TI), cujos
principais focos de atuação são: microeletrônica, componentes eletrônicos, sistemas,
mostradores de informação, software, aplicações de TI, robótica, visão computacional,
tecnologias de impressão 3D para indústria e medicina, e softwares de suporte à decisão. Com
o objetivo de estabelecer a integração entre a academia e o setor produtivo, o CTI tornou-se
um espaço capaz de atender demandas da indústria, tornando-as temas de pesquisas, de forma
a estimular um ciclo de P&D diversificado no território de Campinas.
No ano 1999, inspirado na realidade de Parques Tecnológicos, o CPqD criou o
“Centro Empresarial Tecnológico de Campinas” denominado “Polis de Tecnologia” como
uma nova alternativa para empresas que desejam se instalar na região. O “Polis de
Tecnologia” se localiza no entorno do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”, um
empreendimento de alta tecnologia que também usufrui da proximidade geográfica com o
CNPEM, CPqD e a UNICAMP.
Em 2002, os dirigentes das ICTs presentes no município instituíram a “Fundação
Fórum Campinas” (FFC) com a missão principal de criar ações para promover, ampliar e
intensificar a utilização de CT&I para potencializar o desenvolvimento socioeconômico. O
objetivo principal era criar elos mais fortes para que ICTs, empresas, governo e demais
integrantes do possível atuem conjuntamente e de forma sistêmica. Por esta razão, os
dirigentes das principais ICTs, através da FFC, passaram a se reunir para discutir ações
conjuntas que pudessem superar as dificuldades encontradas neste processo histórico de
Campinas. O Quadro 2.4.1, elenca as principais ICTs que compõem a FFC.
69

Quadro 2.4.1: ICTs que compõem a Fundação Fórum Campinas.


Instituição Fundação
IAC - Instituto Agronômico 1887
IZ – Instituto de Zootecnia 1905
IB – Instituto Biológico 1937
PUC-Campinas – Pontifícia Universidade Católica de Campinas 1941
ITAL – Instituto de Tecnologia de Alimentos 1963
UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas 1965
CATI - Coordenadoria de Assistência Técnica Integral 1967
CPqD - Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações 1976
CTI – Centro de Tecnologia da Informação - Renato Archer 1982
Embrapa Meio Ambiente 1982
Embrapa Informática Agropecuária 1985
Embrapa Monitoramento por Satélite 1989
FITec Inovações Tecnológicas 1994
Venturus Centro de Inovação Tecnológica 1995
CNPEM Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM)
LNLS — Laboratório Nacional de Luz Síncrotron
CTBE - Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol 1997
LNBio - Laboratório Nacional de Biociências
LNNano - Brazilian Nanotechnology National Laboratory
Centro de Pesquisas Avançadas Wernher von Braun 1997
Instituto de Pesquisas Eldorado 1999
Fonte: Baldoni, Amaral e Furtado (2014).

Na sequência, ano 2006, o governo do Estado de São Paulo instituiu o SPTec,


através do Decreto n° 50.504, apresentado no item anterior deste Capítulo II, que consiste
numa ação de apoio e suporte ao desenvolvimento de Parques objetivando atrair
investimentos e gerar novas empresas intensivas em conhecimento. No mesmo ano, foi
instituído formalmente as estruturas do “Parque Tecnológico CIATEC – Polo II” em
Campinas, situado em uma área de aproximadamente 8 milhões m², composta por várias
propriedades particulares, e situada ao lado da UNICAMP e da PUC-Campinas.
Porém, verifica-se segundo Souza e Garcia (1998), Porto et al (2000) e Diegues e
Roselino (2006), que a CIATEC não conseguiu desempenhar plenamente suas funções de
articulação entre empresas e demais instituições tecnológicas. Porém, sua criação demonstrou
aos possíveis entrantes a existência de um comprometimento do governo local para com o
fomento do Polo.
No período recente, o CIATEC tem a responsabilidade formal do
planejamento e execução da política científica e tecnológica da cidade de
Campinas, além de coordenar e organizar a instalação de empresas no Polo
de Alta Tecnologia, os chamados Parque I e Parque II. O CIATEC é
responsável ainda pela manutenção de um programa local de incubadora de
70

empresas de alta tecnologia. Todavia, a própria criação da Secretaria de


Cooperação Internacional demonstra que o CIATEC não vem cumprindo seu
papel principal, qual seja a formulação e implementação de uma política
local de ciência e tecnologia, limitando sua atuação à administração das
áreas do Polo de Alta Tecnologia. (SOUZA; GARCIA, 1998. p.11)

A área do CIATEC (Parques I e II) concentra outros empreendimentos de alta


tecnologia, ou melhor, espaços de inovação, do território de Campinas cujo objetivo segundo
o “Plano Diretor” é consolidar nesta “Macrozona 3” um ambiente de inovação. Por exemplo,
o “Laboratório Nacional de Luz Sincrotron” (LNLS), atualmente chamado “Centro Nacional
de Pesquisa em Energia e Materiais” (CNPEM) que opera a fonte de Luz Sincrotron e um
conjunto de instrumentações científicas para análise dos mais diversos tipos de materiais,
orgânicos e inorgânicos. Tal espaço de inovação encontra-se localizado na área destinada ao
“CIATEC- Polo II” e, portanto, está localizado no entorno do “Parque Científico e
Tecnológico da Unicamp”.
O “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”, objeto alvo desta Dissertação,
foi estabelecido no ano 2008. Esse espaço de inovação trata-se da afirmação da UNICAMP
como um ator importante para consolidação do Polo Tecnológico de Campinas. Sem dúvida,
o ano 2008 pode ser entendido como o momento de inflexão proposto neste estudo, pois
consiste na decisão de construir o referido Parque dentro do Campus Universitário da
UNICAMP, tendo sua Agência de Inovação INOVA-UNICAMP, como entidade gestora do
Parque.
O referido momento de inflexão merece destaque pois demonstra que o Parque em
questão se caracteriza conforme o modelo de Parque Científico, uma vez que seu foco
consiste no estabelecimento de parcerias em P&D entre a UNICAMP e as empresas que
venham se instalar nesse espaço de inovação. A decisão de construir o “Parque Científico e
Tecnológico da Unicamp” dentro do Campus também demonstra os incipientes resultados dos
outros Parques anteriormente instalados em Campinas, por exemplo, os Parques da “CIATEC
– Polos I e II”. Também, verifica-se que tal inflexão é decorrente da pouca interação entre os
gestores dos espaços de inovação presentes em Campinas, sendo esse um ponto negativo para
torna-la um Polo Tecnológico de maior destaque nacional e internacional.
De fato, são muitas as iniciativas e razões para a ausência de resultados
expressivos a partir destas iniciativas em termos de políticas públicas locais, entre essas
iniciativas existem fatores econômicos, legais, institucionais, políticos, entre outros. A falta de
diálogo, e consequentemente de entendimento do processo, impossibilitou a continuidade das
ações, principalmente por parte do poder público local. A concentração dos empreendimentos,
71

principalmente movidos pelos Parques da “CIATEC Polos I e II” perderam seus objetivos
devido principalmente à troca de gestão do governo local.
A ação conjunta das ICTs de Campinas acontece com a participação e apoio da
referida FFC, que vêm trabalhando como meio de interlocução, integração e coordenação,
principalmente, segundo constatado em entrevista4 entre os Parques e o Governo. Desta
forma, entende-se que o olhar sobre a trajetória histórica de Campinas nos permite analisar
que o esforço inicial para a viabilização de diversas iniciativas voltadas para melhor
aproveitamento das capacidades locais não foi suficiente para estabelecer uma nova dinâmica
de atuação. Neste contexto, destacam-se as ICTs, como a UNICAMP, que resolveram assumir
este protagonismo no sentido de criar as bases necessárias para uma mudança de paradigma
em termos de relacionamento, integração e desenvolvimento.
Dentre os exemplos de ICTs que tentam consolidar seus próprios Parques, insere-
se o “Parque Tecnológico CTI-Tec”, criado pela Portaria n° 877 do MCTI em 2010, com
implantação estabelecida na sede do referido CTI, localizado da Rodovia D. Pedro I, km 143,
em Campinas. A criação do “CTI-Tec” decorreu da necessidade de viabilizar a sinergia entre
empresas, ICTs e organizações de direito privado sem fins lucrativos que atuam em setores
tecnológicos de interesse do País, por meio de compartilhamento de infraestrutura,
conhecimentos, tecnologias e serviços tecnológicos na área de TICs.
A possibilidade de criação de tantos Parques em Campinas é fruto da política do
Governo do estado de São Paulo através do SPTec. A atuação conjunta passou a ser
exercitada e facilitada pela necessidade imediata de integração para o desenvolvimento
efetivo dos Parques Tecnológicos da cidade, por exemplo, através do credenciamento no
referido SPTec. Com isto, a necessidade de cultivo de um ambiente interativo entre os agentes
que o compõe passa a ser compreendido e valorizado.
Conforme entrevista5, a efetiva consolidação de um Polo Tecnológico em
Campinas não se limita à presença de um bom aparato de CT&I, mas também no
estabelecimento de uma boa infraestrutura urbana e social, visando proporcionar alta
qualidade de vida para seus habitantes na escala regional. Isto se justifica em função de que o
elemento principal de uma região pautada na economia do conhecimento é o fator humano.
Ou seja, é preciso formar ou atrair e, sobretudo, manter recursos humanos altamente
capacitados.

4
Entrevista Realizada em 28 de Janeiro de 2014 com Diretor do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”
5
Entrevista Realizada em 28 de Janeiro de 2014 com o Diretor do “Parque Científico e Tecnológico da
Unicamp”
72

A concentração de empreendimentos de alta tecnologia, ou melhor, espaços de


inovação, se localiza especificamente no Distrito de Barão Geraldo, formado por
Universidades como a UNICAMP, PUC- Campinas e a FACAMP; centros de pesquisa
estatais como o CPqD e o CNPEM; centros hospitalares de pesquisa médica como o HC da
UNICAMP, e o “Centro Infantil Boldrini”; além de grandes indústrias ligadas ao ramo de alta
tecnologia notadamente nos ramos de informática e de telecomunicações.
Destaca-se nesta Dissertação que a cidade de Campinas possui cinco iniciativas de
Parques, sendo eles:
1). “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”;
2). “Polis de Tecnologia do CPqD”;
3). “CTI-Tec”;
4) “CIATEC – Polos I e II”; e,
5) “Techno Park Campinas”.
Tais espaços de inovação credenciaram-se no SPTec e atualmente encontram-se
em processo de credenciamento definitivo. Ambos estão inseridos na Macrozona 3 do
território de Campinas, como também, na aérea do “CIATEC – Polo II”. Esses Parques
possuem distintos modelos de gestão, e, consequentemente, de ocupação.
A seguir, a Figura 2.4.1 mostra o “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”,
sendo ele o recorte espacial da cidade de Campinas utilizado para o presente estudo. Também,
a Figura 2.4.1 demonstra o entorno do referido Parque Científico, composto por outros
Parques e ICTs, caracterizados nesta Dissertação como espaços de inovação.
73

Figura 2.4.1: Entorno do Parque Científico de Tecnológico da Unicamp. Org. Baldoni (2014).

Na Figura 2.4.1, a proximidade geográfica entre as ICTs e os Parques (por elas


criados) e localizados próximos às principais Rodovias do território de Campinas, possibilita a
sinergia entre esses espaços de inovação, uma vez que ocorra o diálogo entre os gestores dos
mesmos, sendo esse dialogo a condição para o sucesso econômico e social, algo que de fato
não ocorreu de forma efetiva nas últimas décadas.
Para obter uma visão mais ampla sobre a proximidade geográfica, a Figura 2.4.2
demonstra os principais espaços de inovação presentes em Campinas. Além das ICTs de
destaque, nesta Figura 2.4.2 estão presentes os 4 Parques Tecnológicos e o Parque Científico
da UNICAMP.
74

Figura 2.4.2: Concentração das ICTs e dos Parques Científicos e Tecnológicos em Campinas (SP) e a Localização das principais Rodovias. Org. Baldoni (2014)
75

Verifica-se nas Figuras 2.4.1 e 2.4.2 que a relação de proximidade geográfica pode
ser capaz de promover diversas ações entre os espaços de inovação. Neste caso, a proximidade
visa proporcionar a maior aproximação e integração entre atores inseridos no recorte espacial
utilizado neste estudo, uma vez que a justificativa de localização, verificada nas entrevistas,
destaca a proximidade geográfica como um fator importante no processo de consolidação do
“Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” bem como os outros inseridos no seu entorno.
Mais recentemente, pós o ano 2010, com a criação e efetiva estruturação dos Parques
em Campinas, foi possível de institucionalizar o relacionamento entre as partes, por meio dos
primeiros instrumentos jurídicos, na forma de “Acordos de Cooperação e Convênios”, por
exemplo, o “Programa Agropolis Campinas”, que estabelece uma plataforma de relacionamento
entre os espaços de inovação de Campinas afim de ampliar a competitividade dos membros e
parceiros que se incorporarem ao Programa através da participação em rede internacionais de
conhecimento. Esses Acordos podem constituir a base de diálogo e uma pauta bem definida e
focada de ações a serem realizadas. Nesse sentido, verifica-se que, com a possibilidade de criação
de seus próprios Parques, como no caso da UNICAMP, as ICTs passaram a ser elementos
protagonistas neste processo e tiveram uma importância cada vez maior em Campinas. Os
Parques, ao mesmo tempo em que são importantes instrumentos de atração de novas empresas e
investimento, auxiliam no exercício de integração, motivando a discussão de políticas públicas.
Porém, verificou-se em entrevista6 que os Parques de Campinas vêm buscando seu
credenciamento definitivo no “Sistema Paulista de Parques Tecnológicos” (SPTec) de forma
isolada, ou seja, apesar das estratégias para ação conjunta, por exemplo, o credenciamento
provisório no SPTec possibilitado pela FFC, ainda, nota-se que, a vaidade das unidades gestoras
consiste em um obstáculo a ser enfrentado. Tal obstáculo impossibilita o diálogo entre os atores,
fato que resulta em umas das dificuldades de se estabelecer um Polo Tecnológico.
O “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” consiste em mais uma inciativa,
porém, da própria UNICAMP, que busca, através de uma estratégia de caráter empreendedor,
estreitar as relações com as empresas e outras ICTs de Campinas e região. Destaca-se que a
iniciativa de se criar tantos Parques em Campinas, liderados por ICTs de renome, tem auxiliado a
superar as barreiras existentes até o momento para a integração dos atores e a promoção do
trabalho sinérgico afim de torna-los empreendimentos exitosos e, em função disto, estes

6
Entrevista Realizada em 28 de Janeiro de 2014 com o Diretor do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”
76

empreendimentos têm exercido importante papel na função de protagonista para a composição de


um Polo Tecnológico.
Verificou-se neste estudo, que apesar das muitas iniciativas ao longo de sua trajetória
histórica, a cidade de Campinas não consolidou a necessária aproximação entre governo,
empresas e universidades de forma suficientemente efetiva para resultar em um impacto
significativo na consolidação de um Polo Tecnológico. Porém, este território pode ser
considerado, ao nível regional, um protagonista devido às iniciativas que no primeiro momento
tiveram sua gênese junto ao governo federal e local.
O arcabouço teórico utilizado em Geografia da Inovação observado no Capítulo I
desta Dissertação, prevê que, o desenvolvimento de algumas regiões passa por sua organização
interna e pela mobilização dos seus atores locais preocupados com o desenvolvimento, uma vez
que para promove-lo é preciso, antes, que as ações permitam a criação de espaços de inovação
vinculados com a realidade regional. Nesse sentido, embora o arranjo consolidado no Polo
Tecnológico possa possuir os mesmos ativos tangíveis e intangíveis, os mesmos podem ser
acionados, ou não, no processo de desenvolvimento pautado em CT&I de determinada região.
Campinas vista como a protagonista de um possível Polo Tecnológico permite uma análise
geográfica criteriosa para verificar o seu poder de realização na escala regional. Esse olhar
permitiria analisar a realidade de Campinas para identificar os principais impasses e encontrar
possíveis alternativas.
Por ser um processo complexo, os resultados alcançados ainda não foram suficientes
para a efetiva consolidação de um Polo Tecnológico, mas quando analisadas as perspectivas das
ICTs, em específico, a UNICAMP, quanto ao potencial regional, pode-se afirmar que o processo
a longo prazo é promissor. E, dentro desta lógica, demonstra-se que os espaços de inovação
instalados em Campinas podem agir como instrumentos facilitadores para a consolidação do Polo
Tecnológico, visto que um dos objetivos desses espaços, em geral, é aproximar Universidades,
indústrias e governo, ou seja, é um elemento de convergência que, de fato, torna as ações para
inovação mais concretas, constituindo um bom indicador para verificar as relações entre os
atores.
77

CAPÍTULO III
O PARQUE CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO DA UNICAMP

Este Capítulo III analisa a formação do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” e,


consequentemente, as ações implementadas para a sua implantação no interior do Campus
“Zeferino Vaz” da UNICAMP, no Distrito de Barão Geraldo, em Campinas. O primeiro item
estabelece o background, ou seja, a trajetória que precede a vinda desse espaço de inovação ao
Campus da UNICAMP. Em seguida, o segundo item deste Capítulo III consiste no entendimento
da “Forma” do referido Parque no espaço geográfico, ou melhor, seu aspecto visível. Por último,
o terceiro item corresponde à análise sobre o Modelo de Ocupação do “Parque Científico e
Tecnológico da Unicamp”.

3.1. Background do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”: As Primeiras Ações.


A UNICAMP foi criada conforme a Lei Estadual nº7655, de 28 de dezembro de
1962. Porém a sua implantação efetiva na cidade de Campinas somente ocorreu após o Decreto nº
45.220, de 9 de setembro de 1965. O seu objetivo principal era, segundo Castro (2006), de
abrigar uma nova estrutura organizacional com ênfase especial para a pesquisa tecnológica, que
mantivesse forte vínculo com o setor produtivo. Tal ênfase permitiu que desde sua criação, as
ideias de grande parte de seus gestores e docentes estivessem ligadas aos objetivos de
movimentar projetos para alavancar sua produção científica.
78

[...] ela foi fundada em 1966 com opção pela pesquisa aplicada, pela pós-
graduação e por uma vinculação com o setor privado. Ou seja, seu projeto
institucional contemplava explicitamente a disposição em contribuir para o
desenvolvimento industrial, interagir com a área empresarial e participar da
resolução das questões tecnológicas do país. (BRISOLLA ET AL, 1997, p. 192)

A UNICAMP consolidou-se paralela à criação do “Parque de Alta Tecnologia de


Campinas” (PACT), descrito no Capítulo II desta Dissertação. Assim, desde o início os membros
da comunidade acadêmica da UNICAMP participaram ativamente do processo de elaboração de
políticas públicas para assentar o potencial de CT&I a serviço da produção industrial de
Campinas. Portanto, desde sua criação a UNICAMP estabeleceu estratégias para manter vínculos
com o governo e empresas locais.
Nascido 1908, o Professor Zeferino Vaz foi médico, professor e diretor da “Escola de
Medicina Veterinária” da USP entre 1936 e 1947. Em seguida, foi diretor-fundador da
“Faculdade de Medicina” de Ribeirão Preto e Secretário Estadual de Saúde Pública. De 1964 a
1965 foi o presidente do “Conselho de Educação” do Estado de São Paulo e reitor da UnB. No
entanto, em 1965 Zeferino foi designado, pelo governador Ademar Pereira de Barros para a
construção da UNICAMP.
Zeferino assumiu o cargo de reitor em 1966 e conduziu a construção do Campus da
Universidade, que hoje leva seu nome. Lutou para reunir alguns dos melhores cientistas
brasileiros para formar uma instituição de pesquisa. Assim, Zeferino Vaz pediu carta branca para
contratar, no Brasil e no exterior, quantos pesquisadores precisasse para o projeto do Campus
Universitário localizado no Distrito de Barão Geraldo, em gleba doada ao estado pela família
Almeida Prado.
A gleba doada pela família Almeida Prado foi ocupada pelos prédios da UNICAMP.
O Campus da UNICAMP possui o perfil traçado por seu idealizador, quem orientou a elaboração
do Plano Diretor da Universidade para que sua lógica urbanística representasse seus objetivos de
ensino e P&D, o caráter e as limitações do terreno e os estágios de crescimento necessários.
Assim, pretendeu-se, na sua forma, conjugar a filosofia da Universidade. Essa condição foi
determinante para que as três áreas do conhecimento fossem alocadas em três grandes setores,
que teriam ligações com outras extensões, por exemplo, o Hospital.
Ainda, destaca-se que no decorrer da construção do Campus da UNICAMP não
apenas os aspectos de infraestrutura interna foram estudados, mas também, pensou-se na
perspectiva de evolução urbana de Campinas, considerando-se a localização de indústrias e as
79

possibilidades de acesso à Universidade. Nesse sentido, as Rodovias poderiam facilitar a vinda de


pessoas de outras cidades, que influenciou também na escolha a possibilidade da construção
estratégica dos edifícios de pesquisa, ou melhor, dos espaços de inovação, no entorno da
UNICAMP, considerando-se que o seu desenvolvimento fosse para além das atividades de
graduação, mas sim, um formato que orienta a maioria dos projetos em construção da
Universidade.
Desde então, a UNICAMP se desenvolveu e chegou nos anos 2000 como uma
Universidade de destaque nacional, principalmente em termos de pesquisa científica. No ano
2002, o físico Carlos Henrique de Brito Cruz assumiu como reitor da UNICAMP e, neste mesmo
ano aconteceram alguns eventos internos e externos à Universidade que constatam a motivação
em consolidar uma Agência de Inovação na Universidade, por exemplo, o “Seminário Campinas
Inova” que discutiu as relações entre a universidade e a indústria. Também, a UNICAMP
participou, em São Paulo, do “Salão de Inovação Tecnológica” e os pesquisadores do “Instituto
de Física Gleb Wataghin” integraram o consórcio que instalou o “Observatório de Raios
Cósmicos Pierre Auger”, na Argentina. No mesmo ano, a Universidade e a EMBRAER firmaram
parceria no curso de extensão em engenharia de software para a indústria aeronáutica.
Assim, conforme Castro (2006), verifica-se que desde sua inauguração a UNICAMP
estabeleceu mecanismos ativos para fortalecer parcerias com empresas e órgãos do governo, além
de incentivar a cultura e ambiente empreendedor na Universidade. E, por consequência desse
destaque, no ano 2003 criou sua Agência de Inovação, a “INOVA-UNICAMP”.
A INOVA-UNICAMP foi criada por meio da Resolução GR-051/2003, de
23/07/2003, junto ao Gabinete do Reitor com os seguintes objetivos: a) Estimular parcerias com
empresas e órgãos públicos, dar apoio técnico na preparação de projetos cooperativos e em
acordos entre a Universidade e seus parceiros e atuar na divulgação e difusão do conhecimento;
b) Estabelecer parcerias estratégicas com empresas e entidades públicas e privadas; c) Estimular a
ação conjunta da UNICAMP com outras entidades na área de formação de recursos humanos; d)
Coordenar as ações da UNICAMP e atuar em conjunto com órgãos municipais, estaduais e
nacionais, com o objetivo de desenvolver e implantar o então “Parque Tecnológico de
Campinas”; e) Apoiar e estimular novas EBTs e aprimorar o papel da Incubadora de EBTs da
UNICAMP; e f) Implementar a política de propriedade intelectual da UNICAMP, apoiando o
registro, licenciamento e comercialização de resultados de pesquisas geradas na Universidade.
80

Sem dúvida, o marco legal da criação da INOVA-UNICAMP consiste no ponto importante para
este estudo, pois mostra que a estratégia da Universidade ultrapassa a consolidação do “ Parque
Científico e Tecnológico da Unicamp”.

Fica criada a Agência de Inovação da UNICAMP-Inova-Unicamp-junto ao


Gabinete do Reitor, com a missão de fortalecer as parcerias da UNICAMP com
empresas, órgãos de governo e demais organizações da sociedade, criando
oportunidades para que as atividades de ensino e pesquisa se beneficiem dessas
interações e contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do País.
(UNICAMP. 2004, p.1)

Conforme o Artigo 8° Resolução GR-051/2003 a Diretoria da INOVA-UNICAMP é


composta por um Diretor Executivo e outros três Diretores, com as seguintes atribuições: 1)
“Diretor Executivo”, responsável pelas ações executivas da Agência, responsabilizando-se pelas
relações no âmbito da Universidade e externamente, com os setores público e privado; 2)
“Diretor de Desenvolvimento de Parcerias e Projetos Cooperativos”, responsável pelo
desenvolvimento de ações e relacionamento com empresas, órgãos públicos, oferecendo apoio à
elaboração de projetos; 3) “Diretor de Propriedade Intelectual”, responsável pelo registro de
propriedade intelectual, abertura e acompanhamento de processos de licenciamento e demais
questões referentes à propriedade intelectual; 4) “Diretor de Parques Tecnológicos e de
Programas de Incubadora de Empresas de Base Tecnológica”, responsável pela implantação de
Parques, incubadoras e fortalecimento de EBTs.
No início de sua atividade, a INOVA-UNICAMP promove estratégias mais concretas
no que tange a organização de patentes. Assim, no ano 2004 lança o projeto “Diligência da
Inovação”, que tinha como objetivo analisar viabilidade de patentes, ano em que a referida
Agência de Inovação, e, consequentemente, a Universidade, bateu recorde em licenciamento de
patentes. Também, neste mesmo ano, a UNICAMP é escolhida pela FINEP como a instituição de
pesquisa que melhor fez inovação tecnológica na região Sudeste. No mesmo ano, o reitor Brito
Cruz foi indicado pelo governador Geraldo Alckmin para a diretoria científica da “Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo” (FAPESP), cargo chave na definição da política
científica no Estado.
Entre os anos 2003 e 2004 foi feito um convênio entre a UNICAMP, FINEP e
Governo do Estado de São Paulo para realização de um estudo da área do entorno da UNICAMP,
que também corresponde ao terreno anteriormente destinado ao “Parque da CIATEC- Polo II”
81

pelo governo local na década de 1990. No estudo, foi realizado um levantamento de toda a
questão fundiária das fazendas que pertenciam à área com o objetivo de estabelecer uma parceria
com a Prefeitura Municipal, para que este Projeto do Parque fosse proveniente de uma parceria
também com o governo local. Mas, neste período não havia um diálogo efetivo com o governo
municipal, que resultou na perda desta parceria.
No entanto, nesta etapa em que se perdeu o diálogo com o governo local, surgiu a
ideia de construir um Parque Tecnológico da UNICAMP. Esse Parque seria externo ao Campus
da UNICAMP e a própria Universidade iria cuidar da gestão e, só a proximidade geográfica seria
o suficiente. Entretanto, com a impossibilidade de realizar um Parque com a Prefeitura, viu-se a
oportunidade que do Governo do Estado (mesmo antes do SPTec) financiar este tipo de
empreendimento.
Entende-se que a estrutura de gestão da INOVA-UNICAMP é de vital importância
para a resultado final, ou seja, o Parque Científico. Neste primeiro momento de criação da
Agência, verifica-se que a “Diretoria de Parques Tecnológicos e Incubadoras” buscou o
conhecimento de outros modelos de Parques através da participação em eventos, por exemplo, da
IASP e ANPROTEC. Assim, o conhecimento de outras realidades permitiu a formulação do atual
Modelo de Ocupação do Parque. A seguir, conforme Inova-Unicamp (2004), podem ser
observadas ações da Diretoria no ano 2004.

• Participação no Congresso da IASP, International Association of Science


Parks, e visita a parques científicos e tecnológicos na Itália (Milão, Torino e
Bérgamo) e Espanha (Região Basca, Zamúdio e Alava, Região de Andaluzia,
Málaga), de 18/09 a 02/10.
• Participação no evento anual do IBEROEKA, evento Agrosoft 2004 e visita ao
Tagus Park, em Lisboa, Portugal, de 18 a 22/10 de 2004.
• Reunião com o Secretário Municipal de Indústria e Comércio de Paulínia, Dr.
Mário Maroca Furlan sobre apoio para Incubadora de Produtos Fitoterápicos do
CPQBA e implantação de um parque tecnológico em química fina. Local:
Paulínia, SP, em 24/11/2004.
• Reunião com Vagner Borim, da MV Incorporações interessado em empreender
negócios imobiliários no Parque Tecnológico de Campinas. Data: 07/10/2004.
• Reunião com a empresa PROMON que tem projeto de construção de um
Conjunto Empresarial no Parque Tecnológico de Campinas. Data: 29/11/2004.
• Reunião com Sr. Júlio Alberto da Silva D’Ágostini da empresa Garcia
D'Agostini Imóveis Industriais, interessado em instalar uma Incubadora no
Parque Tecnológico de Campinas. Data: 16/12/2004.
• Elaboração do Plano Estratégico da Diretoria de Incubadoras e Parques
Tecnológicos da Inova. [...] (INOVA-UNICAMP, 2004, p.45)
82

No ano 2005 pode-se destacar que, as ações da “Diretoria de Incubadoras e Parques


Tecnológico” priorizaram o trabalho conjunto com a sociedade, o governo local e estadual para
concretização do “Parque Tecnológico de Campinas” (Projeto anterior ao Parque da Unicamp),
sendo ele ainda uma proposta externa ao Campus da UNICAMP, ou seja, fora da área da
UNICAMP, mas inserida no seu entorno (área do “Parque da CIATEC- Polo II”). Assim, ao
longo de 2005, a equipe da INOVA-UNICAMP trabalhou no estudo em conjunto com a
Secretaria do Estado através do “Sistema Paulista de Parques Tecnológicos” (SPTec), descrito no
Capítulo II, para definir a área de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) como
principal eixo de atividade do Parque.
O Parque Tecnológico de Campinas ganhou força e consistência em 2005. O
projeto foi elaborado pelo NESUR - Núcleo de Economia Social, Urbana e
Regional, do Instituto de Economia da Unicamp e Inova Unicamp, com apoio
dos governos municipal, estadual e federal. A aproximação da Inova Unicamp
com o CIATEC - Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia
de Campinas e com a Prefeitura Municipal de Campinas trouxe para o projeto a
expectativa de sua real concretização, integrando-o aos planos de governo
municipal. (INOVA-UNICAMP, 2005, p. 21)

No ano 2006, a INOVA-UNICAMP participou de um Comitê Técnico em conjunto


com a CIATEC e “Fundação Fórum Campinas” (FFC) com o objetivo de encaminhar propostas e
formular projetos que visavam a implantação do Parque. E, grandes empresas e instituições de
pesquisa como a “Natura Cosméticos”, “Instituto Eldorado”, “Exército Brasileiro” e o “Centro de
Pesquisas Avançadas Wener Von Braun” se interessaram em instalar laboratórios no Parque.
Porém, verifica-se que tais parcerias não deram certo devido ao incipiente controle sobre a área
externa ao Campus da UNICAMP, ou seja, o “Parque da CIATEC-Polo II”. A INOVA-
UNICAMP também se relacionou com o SPTec através da participação de discussões técnicas e
seminários afim de estruturar a implantação do referido Parque.
O conhecimento acumulado pela Unicamp e sua competência no
desenvolvimento no estudo de viabilidade de implantação do Parque
Tecnológico de Campinas tem sido referência para o desenvolvimento de outros
Parques, assim como tem motivado outras regiões interessadas na implantação
de parques tecnológicos a consultar a Unicamp para estudos de viabilidade de
seus projetos. (INOVA-UNICAMP, 2006, p. 28)

Externo ao “Campus Zeferino Vaz”, porém pertencente à UNICAMP está localizado


o prédio que abriga a “Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro”
(SOFTEX-NACIONAL) que atua no apoio, desenvolvimento, promoção e fomento para
impulsionar a Indústria Brasileira de Software.
83

A SOFTEX-NACIONAL foi designada pelo MCTI para atuar como gestora do


“Programa para Promoção da Excelência do Software Brasileiro”, denominado “Programa
SOFTEX” vinculado ao CNPq no ano 1993. No ano 1996 tornou-se uma instituição privada sem
fins lucrativos criada com a participação do governo, academia e iniciativa privada e, desde o
mês de maio de 2001 atua como uma “Organização da Sociedade Civil de Interesse Público”
(OSCIP), responsável pela Gestão do “Programa Prioritário SOFTEX - MCTI”.
O Sistema SOFTEX é uma rede dedicada ao apoio às empresas da Indústria Brasileira
de Software e Serviços, baseada nas diretrizes do “Programa SOFTEX”. Com abrangência
nacional, é composto por: a) Associação SOFTEX; Agentes SOFTEX; Empresas Associadas; e,
Parceiros. A seguir, o Quadro 3.1.1 demonstra as áreas de atuação do SOFTEX-NACIONAL.

Quadro 3.1.1: Áreas de Atuação do SOFTEX-NACIONAL.


Área de Atuação Descrição
As empresas que desejam expandir sua presença no exterior podem contar
Internacional com o projeto de promoção de exportação do setor de software e serviços de
TI, o Projeto Setorial, fruto da parceria da Softex com a Apex-Brasil.

Incentivos para a alavancagem de empresas da indústria brasileira de TI como


o Prosoft e a Lei do Bem são extremamente fomentados pela Softex. A
Investimentos entidade auxilia as companhias no desenvolvimento de Planos de Negócios e
acompanha todos os processos.
O Observatório Softex, unidade de estudos e pesquisas da entidade, fornece
informações estratégicas e inúmeros dados sobre aspectos relevantes do
Inteligência e Observatório mercado brasileiro de TI, de modo a guiar e instigar discussões entre o
governo, a indústria e a academia sobre o setor.
Uma série de iniciativas será conduzida pela Softex para alavancar a geração
de softwares e serviços de TI inovadores, que sejam competitivos em escala
Inovação e
global. Com foco na estimulação do P&D na indústria nacional e no
Empreendedorismo fomentando de cooperações, as ações contribuirão para o crescimento e a
consolidação das empresas do setor
Fonte: Escritório SOFTEX- CAMPINAS.

No território nacional o SOFTEX possui 20 escritórios regionais, dentre eles o


“NUCLEO SOFTEX-CAMPINAS”, sendo esse um dos escritórios de maior destaque dentro do
“Programa SOFTEX”. A seguir, o Quadro 3.1.2 elenca os escritórios do SOFTEX-NACIONAL.
Segundo entrevista7, “Núcleo SOFTEX Campinas” é um agente do “Programa
SOFTEX” fundado em 1993 através da ação conjunta da Prefeitura de Campinas, UNICAMP e

7
Entrevista Realizada em 6 de Janeiro de 2015 com Diretor do Núcleo SOFTEX Campinas.
84

empresários locais. Esse escritório possui um dos maiores e mais completos portfólios de ação do
SOFTEX, cujo foco consiste em EBTs na área de TIC. A atuação principal é na Região
Metropolitana de Campinas (RMC), mas também possui parcerias em todas as mesorregiões do
Estado de São Paulo.

Quadro 3.1.2: Escritórios do Sistema SOFTEX-NACIONAL.


Escritórios Localização
C.E.S.A.R / Recife BEAT Recife – PE
SOFTEX RECIFE Recife – PE
ITIC Fortaleza – CE
Núcleo SOFTEX Salvador Salvador – BA
PaqTcPB Campina Grande – PB
TECSOFT Brasília – DF
TECVITORIA Vitória - ES
FUMSOFT Belo Horizonte – MG
RIOSOFT Rio de Janeiro – RJ
APETI São José do Rio Preto – SP
ITS São Paulo – SP
Núcleo SOFTEX Campinas Campinas – SP
PARQTEC São Carlos – SP
CITS Curitiba – PR
ACATE Florianópolis – SC
SOFTVILLE Joinville – SC
GENE Blumenau Blumenau – SC
AEPOLO Caxias do Sul – RS
CEI Porto Alegre – RS
SOFTSUL Porto Alegre – RS
Fonte: Escritório SOFTEX- CAMPINAS.

No ano 2006 foi regulamentado o “INOVASOFT” através da Resolução GR nº 06, de


1 de fevereiro de 2006, e está fisicamente instalado no prédio que antes pertencia somente ao
“Núcleo SOFTEX Campinas”. Conforme Castro (2006), o INOVASOFT foi estabelecido para
atender aos projetos de pesquisa e desenvolvimento de TI em parceria com a recém-criada
INOVA-UNICAMP e Unidades da UNICAMP.
Segundo entrevista8 o INOVASOFT é uma iniciativa da UNICAMP, sem associação
com a “Núcleo SOFTEX Campinas”, fora o fato de que compartilham o mesmo prédio. O

8
Entrevista Realizada em 17 de Dezembro de 2014 com Docente do IC/UNICAMP com Projeto no INOVASOFT.
85

INOVASOFT surgiu com a cessão do espaço do piso térreo do prédio então ocupado unicamente
pelo “Núcleo SOFTEX Campinas”. O Professor Brito Cruz, então reitor da UNICAMP, cedeu o
espaço para a instalação de laboratórios de pesquisa do Instituto de Computação (IC) em
conjunto com empresas. A negociação foi difícil porque uma parte do piso térreo estava sendo
utilizada pela “Comissão de Vestibulares da Unicamp” (COMVEST) para armazenar provas
antigas, que por lei devem ser preservadas, e foi preciso encontrar espaço alternativo para
armazenar os documentos. A própria SOFTEX-Campinas, que ocupava outros andares, tinha
outros planos para o espaço (um auditório) e demorou para retirar o material acumulado no piso
térreo.
O INOVASOFT oferece: a) prédio de 793,73 m²; b) salas individuais para residência
de projetos de empresas em parceria; c) localização estratégica, pois está instalado em área
contígua ao Campus e insere-se no “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”; d) acesso
facilitado a alunos e professores; e) próximo a restaurantes, agências bancárias e outros serviços.

[...] Inova Unicamp iniciou a estruturação da Inovasoft – Centro de Inovação em


Software, localizado ao lado do campus e dentro do Parque Tecnológico de
Campinas. Este centro abrigará ambientes de projetos com empresas, de pré-
incubação em software e de incubação de empresas, incluindo o Núcleo do
Softex de Campinas e sua incubadora de Software e o Softex Nacional e seu
núcleo Observatório de Pesquisa Digital. (INOVA-UNICAMP, 2005, p.21)

Em entrevista9 para este estudo, verificou-se que um grupo de empresas/projetos


investiu inicialmente na reforma do INOVASOFT, sob a promessa de usar o espaço por um
período inicial (dois anos), empresas como: “IBM”, “ITAUTEC”, “COMPERA”, “INTEL” e
“CI&T”. No final dessa reforma não houve dinheiro para o ar condicionado, e a INOVA-
UNICAMP conseguiu recursos com a Reitoria para terminar a adequação de espaço. Apesar de
todos os projetos inicialmente serem do Instituto de Computação, desde o início existiu o
entendimento de que, quando o INOVASOFT se institucionalizasse, qualquer projeto na área de
Computação poderia pleitear espaço, desde que o projeto envolvesse pesquisa (e não apenas
desenvolvimento) e fosse financiado por empresa. Como a energia e água eram administradas e
pagas pelo grupo SOFTEX, ocupante dos outros andares, ficou decidido que o mesmo geriria a
divisão das despesas, cabendo às empresas o pagamento. Depois de alguns anos, e alguns atritos,
a INOVA-UNICAMP passou a gerir as despesas de utilidades.

9
Entrevista Realizada em 17 de Dezembro de 2014 com Docente do IC/UNICAMP com Projeto no INOVASOFT.
86

Desde o ano 2006, o INOVASOFT é coordenado por um “Conselho de Orientação”


composto por: Diretor-Executivo da Agência de Inovação da UNICAMP; seis representantes
indicados pelo Reitor, sendo um do “Instituto de Computação” (IC); um da “Faculdade de
Engenharia Elétrica e de Computação” (FEEC); um da Área de Ciências Exatas; um da Área
Tecnológica; um integrante do “Núcleo do SOFTEX de Campinas”; e um empresário local.
Segundo entrevista10, o INOVASOFT consiste em um projeto anterior ao “Parque
Científico e Tecnológico da Unicamp”, mas seu Modelo de Ocupação é considerado a semente
do que seria o Parque da UNICAMP. Embora sua área esteja externa ao Campus da UNICAMP,
desde seu início, o INOVASOFT pertence a Universidade. Pode-se se dizer que o modelo de
ocupação do Parque surgiu no INOVASOFT, no qual a empresa aluga o espaço para realizar suas
atividades de P&D em conjunto com grupos de pesquisa da UNICAMP. Destaca-se que o
processo de entendimento de que as empresas instaladas no INOVASOFT não eram proprietárias
do prédio, mas sim a UNICAMP, levou alguns anos, mesmo assim atualmente muitos o
consideram externo à UNICAMP.
Na sequência de fatos que precedem o “Parque Científico e Tecnológico da
Unicamp”, constata-se que, no ano 2007, em busca de conhecimentos acerca da demanda de
novos produtos, houve o mapeamento de competências na área de biocombustíveis da
UNICAMP. Nesse sentido, um grupo de 25 docentes em conjunto com a INOVA-UNICAMP
discutiram a proposta de construção do “Laboratório de Inovação em Biocombustíveis” (LIB).
Tal projeto tem a coordenação do Prof. Dr. Rubens Maciel Filho, docente da Faculdade de
Engenharia Química (FEQ) e conta com a participação de outras nove Unidades da UNICAMP,
sendo elas: “Instituto de Biologia”; “Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética”;
“Faculdade de Engenharia Agrícola”; “Faculdade de Engenharia de Alimentos”; “Faculdade de
Engenharia Elétrica e de Computação”; “Faculdade de Engenharia Mecânica”; “Instituto de
Química”; e, “Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético”.

O LIB será um ambiente de desenvolvimento de projetos colaborativos com


empresas e outras organizações, de incubação de empresas nascentes e de oferta
de ambiente de pré incubação envolvendo alunos da graduação e de pós-
graduação. São esperados como resultados a ampliação de parcerias com
empresas, contribuição para a formação de pós-graduandos, novas empresas e
novos produtos (INOVA-UNICAMP, 2007, p. 21)

10
Entevista realizada em 14 de Maio de 2014 com Ex-Diretor Executivo da INOVA-UNICAMP.
87

Conforme Inova-Unicamp (2008), o LIB foi aprovado no Edital CT-INFRA 2006 e


funcionará em um prédio de aproximadamente 1000 m², dos quais 650 m² serão dedicados à
infraestrutura de laboratórios de P&D e os 350 m² restantes serão usados para um anfiteatro e
área de apoio aos pesquisadores. Ainda, destaca-se que a infraestrutura do mesmo poderá ser
utilizada por outros pesquisadores da UNICAMP devido o formato multiusuário. Porém, para
obter recursos necessários à edificação do LIB, uma nova proposta foi submetida ao edital CT-
INFRA 2007 - que também foi aprovada. O processo de construção do LIB foi iniciado em 2008
e uma nova proposta de financiamento foi submetida ao edital CT-INFRA 01/2008 com vistas à
finalização do projeto.
Paralelo a este processo de construção do LIB, a “Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo”, com base na constituição
do “Sistema Paulista de Parques Tecnológicos” (SPTec), lançou o “Programa de incentivo para a
estruturação de Parques Tecnológicos no estado de São Paulo” (Pró-Parques). Aproveitando-se
dessa oportunidade, a UNICAMP decidiu submeter sua proposta para credenciamento provisório
junto ao SPTec. Assim, no ano 2008, por meio da INOVA-UNICAMP, deu início à elaboração
de uma proposta para a criação e implantação do “Polo de Pesquisa e Inovação da Unicamp”
dentro do seu Campus Universitário.
O objetivo do projeto de criação do “Polo de Pesquisa e Inovação da Unicamp”
consistiu na ideia de criar novos estímulos e maior apoio institucional, visando não só à
transferência de tecnologia e a ampliação da colaboração com os setores públicos e privados, mas
também o aumento das oportunidades de atuação de seus professores e alunos no campo de
CT&I. Assim, em 2008 a UNICAMP obteve seu pré credenciamento junto ao SPTec e já em
dezembro firmou três convênios com o governo do estado, dentro do “Programa Pró-Parques,”
com recursos superiores a R$ 6,2 milhões.
O Polo de Pesquisa e Inovação da Unicamp será desenvolvido dentro de uma
área interna ao campus, onde serão construídos laboratórios para abrigar projetos
de pesquisa colaborativa em parceria com empresas, ou outras instituições
públicas ou privadas e uma incubadora com capacidade para mais de 50
empresas. Ainda entre as atividades de estímulo, fortalecimento e consolidação
do Sistema Local de Inovação, outra ação que merece ser destacada é a proposta
de Construção de um Pacto Regional para o estabelecimento de uma Agenda
Comum Pró Desenvolvimento Econômico e Humano Sustentável da Região
Metropolitana de Campinas. (INOVA-UNICAMP, 2008, p. 48)
88

Assim, a “Diretoria de Parque Tecnológicos” da INOVA-UNICAMP desloca seus


esforços para a implantação do “Polo de Pesquisa e Inovação da Unicamp” que recentemente
passou a ser denominado de “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” pela Deliberação
CONSU-A-028/2012, de 27/11/2012. A proximidade entre a UNICAMP e as empresas que serão
instaladas no referido Parque constrói a base para a estratégia empreendedora da Universidade e
estabelece maiores oportunidades para a execução dos objetivos principais da referida Agência de
Inovação.
Neste instante, abre-se um parêntese para reforçar que o ano 2008 consiste no ponto
de inflexão proposto neste estudo, uma vez que foi o ano em que a UNICAMP opta por construir
o “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” imerso em seu Campus Universitário. Desse
modo, coloca-se que a partir desse momento torna-se possível avaliar o grau de sucesso desse
espaço de inovação e, sobretudo, analisar a estratégia empreendedora da UNICAMP para sua
consolidação.
Para o entendimento deste processo, cabe ressaltar a importância da “Fundação
Fórum Campinas” (FFC) que em parceria com a “Agência Metropolitana” motivou a participação
e envolvimento dos principais agentes do desenvolvimento socioeconômico na escala regional.
Para tanto, foi estabelecido um “Termo de Adesão” com o objetivo de firmar o compromisso
entre as ICTs orientado por uma Agenda Comum de atuação com estratégias voltadas para
consolidar a competitividade econômica e o desenvolvimento de Campinas. Também, a decisão
de implantação do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” no ano 2008 foi sustentada
pela sua institucionalização no ano 2010 pelo “Conselho Universitário da UNICAMP” (CONSU)
conforme a Deliberação CONSU-A-002/2010.
Assim, o planejamento da UNICAMP prevê as seguintes metas para o Parque: 1)
expandir as ações de pesquisa colaborativa; 2) implementar ações que facilitem o
desenvolvimento e a transferência de tecnologias e conhecimento; 3) incentivar e apoiar
institucionalmente os grupos existentes através do fomento às iniciativas inovadoras de pesquisas
e à implantação de programas; 4) criar infraestrutura de apoio que facilite a obtenção de
informações, a elaboração de projetos e a gestão dos mesmos; 5) estimular o desenvolvimento de
atividades interdisciplinares e técnico-científicas interinstitucionais; 6) ampliar o fomento à
pesquisa e as linhas de apoio à pesquisa e, consolidar estruturas qualificadas de suporte e de
apoio administrativo às atividades de P&D; 7) articular a criatividade científica da UNICAMP
89

com o dinamismo empreendedor; 8) destinar espaço para a instalação, em áreas da Universidade,


de laboratórios de inovação e outras facilidades, adequadas à pesquisa colaborativa financiada
por parceiros externos, de modo a apoiar a colaboração e a parceria entre a UNICAMP, empresas
e outras organizações nas atividades de pesquisa e capacitação inovadora.
Por fim, destaca-se que o “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” se encontra
em processo de construção. O seu diferencial, com relação aos outros espaços de inovação de
Campinas, consiste em ser uma iniciativa da UNICAMP que está localizada dentro do seu
Campus Universitário. Assim, tendo em vista as metas descritas e considerando a complexidade
do Parque, após o entendimento dos momentos que precedem a criação do Parque, torna-se
necessário o entendimento acerca do “Modelo de Ocupação” da área destinada à implantação
desse espaço de inovação.

3.2. O Modelo de Ocupação do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”.


No ano 2008 foi proposta a implantação do “Parque Científico e Tecnológico da
Unicamp” no Campus “Zeferino Vaz” da UNICAMP. Desde então, a referida Universidade
executou uma série de ações para consolidar seu Parque. Entende-se, neste sentido, que a
somatória dessas ações resulta na estratégia empreendedora da UNICAMP.
O Modelo de Ocupação do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” possui seu
início com o lançamento do Edital Público, o qual permitirá a ocupação da área destinada ao
Parque no interior do Campus Universitário. O Edital tem como finalidade a seleção de propostas
de empresas e instituições interessadas em ingressar e, durante a sua permanência manter
convênios de pesquisa colaborativa com a UNICAMP. Assim, a empresa proponente apresentará
uma proposta de instalação ou construção de laboratórios objetivando o desenvolvimento de
projetos de parcerias em P&D.
Embora a negociação com empresas tenha ocorrido desde a criação da INOVA-
UNICAMP, no mês de abril de 2014, houve a abertura do Edital de seleção de propostas para o
ingresso no Parque. Esse Edital Público que, em síntese, direciona o Modelo de Ocupação
previsto para o “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” descreve duas modalidades
(Modalidades A e B) para a instalação de empresas no interior deste espaço de inovação. No
Quadro 3.2.1 é possível observar a caraterística de cada uma das modalidades.
90

Quadro 3.2.1: Modos de Ocupação no “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”


Modalidades Descrição
A UNICAMP disponibiliza espaço físico já construído para implantação de
Modalidade A laboratórios de P&D. A Empresa permanece no prédio durante período pré-
determinado e atua em conjunto com Grupos de Pesquisa da UNICAMP.
A Empresa constrói um espaço customizado para desenvolver seus projetos
de P&D com Grupos de Pesquisa da UNICAMP. Essa Empresa é responsável
Modalidade B pelos custos de construção e terá permissão de uso do prédio pelo período em
que tiver projetos em parceria com a UNICAMP com isenção da taxa de
ocupação pelo período de amortização do investimento realizado.
Fonte: Edital do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp – Ano 2014.

As propostas devem ser entregues para a INOVA-UNICAMP com a identificação do


proponente e a identificação da Modalidade A ou B, que deverá conter: 1) o plano de trabalho do
projeto de pesquisa colaborativa em andamento ou ainda a ser desenvolvida com a UNICAMP,
por meio de suas unidades de ensino e pesquisa; 2) contrato social e última alteração, estatuto ou
equivalente, com os dados do representante legal; 3) identificação dos coordenadores
responsáveis pelo projeto de pesquisa, tanto por parte da UNICAMP quanto por parte da
Empresa, se houver projeto em andamento, ou a identificação dos potencias coordenadores de
projeto tanto por parte da UNICAMP quanto por parte da Empresa, caso os projetos ainda
estejam em fase de identificação e prospecção; 4) detalhamento dos recursos financeiros
previstos na infraestrutura e P&D com a UNICAMP, recursos humanos que serão utilizados; 5)
proposta de infraestrutura esperada com croqui básico especificando a adequação da área a ser
ocupada no caso da “Modalidade A” ou para construção de Laboratório, no caso de opção pela
“Modalidade B”, com a especificação da área total em metros quadrados da infraestrutura e
implantação pretendidas incluindo a minuta de convênio.
O processo de seleção de Empresas para instalação no “Parque Científico e
Tecnológico da Unicamp” é conduzido por uma “Comissão de Avaliação”, composta por cinco
membros indicados pelo Diretor Executivo da INOVA-UNICAMP. Essa Comissão terá o prazo
de noventa dias, após a inscrição para se pronunciar sobre a avaliação. E, poderá solicitar
pareceres de técnicos e especialistas, a fim de dirimir eventuais dúvidas na avaliação. Caso a
solicitação do ingresso no Parque seja indeferida pela Comissão de Avaliação, a empresa poderá
recorrer ao Conselho do Parque. Mas, caso a solicitação de ingresso no Parque seja deferida, a
empresa deverá solicitar o agendamento de reunião para tratar das condições de instalação, da
91

localização do empreendimento no Parque, dos valores a serem pagos, do prazo de permissão de


uso, a serem definidos por meio da elaboração da minuta de Convênio.
Para o julgamento das propostas serão levados em consideração os seguintes
parâmetros: 1) aderência aos objetivos do Edital (indicação das Modalidades A ou B); 2)
viabilidade técnica e Econômica do projeto de pesquisa(s) colaborativa(s), nas áreas do
conhecimento científico e tecnológico, bem com potencial de crescimento; 3) diferencial
tecnológico que represente avanço do conhecimento, inovação e desenvolvimento tecnológico na
área; 4) capacidade e recursos próprios, tanto financeiros quanto humanos, para desenvolvimento
dos projetos em colaboração com a UNICAMP; 5) capacidade financeira para implantação e
construção da infraestrutura necessária à instalação do laboratório de pesquisa da empresa no
Parque.
A Admissão será somente após a assinatura de convênio, a empresa estará apta a
instalar-se no Parque conforme a Modalidade A ou B. A Empresa arcará pelo: a) Pagamento da
permissão em caráter temporário e, ou, provisório, do direito de uso área edificada ou dos lotes,
conforme a Modalidade A ou B em que foi aprovada, de acordo com a disponibilidade do Parque;
b) Pagamento referente à taxa de manutenção será apurado com base no número de metros
quadrados ocupados pela empresa e especialmente pelo rateio das despesas e será reajustado de
acordo com a inflação adotando-se para tanto o IPCA, a exceção dos valores de tarifas públicas
que serão reajustados de acordo com a variação das taxas dos fornecedores dos serviços.
Segundo o Edital, o valor a ser pago referente ao uso das instalações físicas de uso
exclusivo da empresa, será apurado com base no número de metros quadrados ocupados e será
denominado permissão de uso remunerada, estimado em R$ 60,00 que terá como critério de
reajuste a inflação adotando-se para tanto o IPCA. No entanto, o valor poderá ser avaliado e
julgado pelo Conselho do Parque podendo sofrer adequações, considerando os investimentos e
aporte de recursos que serão realizados pela Empresa. Por último, o prazo de permanência da
empresa levará em consideração o projeto e o investimento por ela realizado. Cumprido o prazo
de permanência da empresa e havendo interesse mútuo de sua permanência no Parque, poderá
haver prorrogação.
Sem dúvida, após a descrição do Edital Público que prevê o Modelo de Ocupação do
“Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”, pode-se considerar que o referido espaço de
inovação deve ser caracterizado conforme o modelo de Parque Científico. O Quadro 3.2.2 ilustra
92

a adequação do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” ao referido modelo de Parque


Científico. Os parâmetros com item (1) referem-se ao Modelo de Ocupação de Parque
Tecnológico, enquanto o os parâmetros com item (2) referem-se ao Modelo de Ocupação
característico de um Parque Científico, o qual o referido Parque está melhor adequado.

Quadro 3.2.2: Caracterização do Modelo do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”


Fatores Parâmetros SIM NÃO
(1) Áreas Públicas ou Particulares sujeitas às normas
X
do Governo Local através do Plano Diretor.
1. Localização
(2) Inserido no Campus da Universidade ou demais
X
ICTs sujeito às Normas elaboradas pela Instituição.
(1) Instalação física e permanente de laboratórios de
X
P&D e de Startups.
2.Presença de Empresas
(2) Ocupação Temporária nos Laboratórios de P&D
X
conforme parceria entre a Instituição e a Empresa.
(1) Empreendimentos Privados e intervenções públicas. X
3. Infraestrutura (2) Instalação de Laboratório de uso compartilhado
X
e/ou Temporário.
(1) Desenvolvimento de Produtos e Processos
X
4. Tipo de P&D inovadores.
(2) Tecnologias em Fase de Pesquisa Exploratória. X
Fonte: Inova-Unicamp (2010) adaptado.

No Quadro 3.2.2 pode-se observar que o “Parque Científico e Tecnológico da


Unicamp” se enquadra no modelo de Parque Científico, uma vez que, quando analisado seu
Modelo de Gestão e de Ocupação nota-se que esse espaço de inovação está inserido no território
de uma ICT para instalação de Laboratórios de P&D através de ocupação temporária dentre
outros fatores que o caracterizam como Parque Científico. Também, constata-se que no “Parque
Científico e Tecnológico da Unicamp” os itens (2) obtiveram maior quantidade de repostas
“SIM”, caracterizando-o conforme Parque Científico. Entretanto, destaca-se que tal
caracterização não extingue seu viés tecnológico, uma vez que a nomenclatura o sugere.
Após o entendimento do modelo previsto para a ocupação do Parque Científico da
UNICAMP, torna-se possível compará-lo a outro Parque brasileiro com Modelo de Ocupação
semelhante. Também, no decorrer das entrevistas realizadas neste estudo, os entrevistados (em
vários momentos) sugeriram que houvesse o levantamento acerca da experiência do TECNOPUC
93

como um caso interessante de análise passível de comparação com o processo de consolidação do


“Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”.
O TECNOPUC, cuja apresentação foi feita no Capítulo II desta Dissertação,
apresenta Modelo de Ocupação semelhante ao proposto para o “Parque da Científico da
Unicamp”. No entanto, o TECNOPUC encontra-se em operação e apresenta um estágio de
desenvolvimento bem mais adiantado que o Parque Científico da UNICAMP.
O TECNOPUC também se caracteriza conforme o Modelo de Ocupação de um
Parque Científico, uma vez que a unidade gestora é a própria Universidade. Apesar de ter sido
idealizado para ser único, o TECNOPUC comporta adequações que permitem sua integral
aplicação a todos os portes e tipos de Empresas.
Segundo Audy et al (2003), a consciência de que uma multiplicidade de empresas e
organizações precisavam ter espaço reservado no referido Parque determinou que o seu Modelo
de Ocupação levasse em conta o porte, maturidade em atividades de P&D e capacidade dessas
Empresas. Para tanto, o TECNOPUC possibilitou, por exemplo, que o tamanho e a abrangência
do projeto de P&D fosse compatível com o tamanho da área ocupada pela empresa no
empreendimento. Em comparação, verificou-se neste estudo que o “Parque Científico da
Unicamp” não prioriza o porte e maturidade em atividades de P&D das Empresas para definir o
tamanho da área ocupada, pois a UNICAMP não possui mais que 100.000 m² de área para o
Parque e, sobretudo, não possui prédios finalizados e disponíveis para a instalação de Empresas.
No TECNOPUC, as grandes empresas funcionaram como motivadoras de novos
empreendimentos para o Parque, a ponto de serem caracterizadas como empresas-âncora. Por
exemplo, confirmadas as presenças da “DELL COMPUTERS” e da “HP BRASIL”, dezenas de
empresas da área de TI manifestaram interesse em participar do empreendimento no
TECNOPUC. Além disso, para dar maior transparência ao processo de seleção atribuiu-se a
escolha das empresas às entidades de classe representativas da categoria, por exemplo a
“ASSESPRO-RS” e “SOFTSUL”, que se uniram a Universidade. Essa parceria com entidades
permitiu também que a Universidade encaminhasse o projeto à FINEP para financiar obras de
infraestrutura do próprio Parque. A sinergia prevista pela presença de tais instituições no Parque
materializou-se muito rapidamente com a seleção do projeto pela FINEP. Os recursos de fomento
puderam ser obtidos pela compreensão de que o modelo adotado favorecia a constituição de
habitat adequado. (AUDY ET AL, 2003)
94

Segundo entrevista11, constatou-se que o TECNOPUC usufruiu de um período


oportuno e favorável para investimentos em Parques brasileiros, o qual a UNICAMP não
conseguiu usufruir. Esse período favorável (em termos de investimentos) ocorreu entre os anos
2000 e 2010. Devido ao tempo levado para resolver barreiras burocráticas na elaboração da
proposta do Parque Científico da UNICAMP, não foi possível aproveitar dessa “onda” favorável
de incentivos para construção de Parques. Se o Parque da Unicamp tivesse aproveitado melhor
esse momento, talvez hoje (ano 2015) ele se equiparasse ao TECNOPUC. Ainda, foi prevista a
instalação de uma incubadora tecnológica no TECNOPUC, outro fator semelhante ao Parque
Científico da UNICAMP. A Incubadora localizada no interior do TECNOPUC atua como suporte
a iniciativas de spin off de projetos idealizados por qualquer outra empresa participante do
Parque, algo que a UNICAMP busca nos próximos anos. Entende-se que a amplitude e a coesão
do Modelo de Ocupação utilizado pelo TECNOPUC para atrair empresas tem sido bem-sucedido,
o que pode ser constatado pela ocupação integral das edificações disponíveis.
Ao contrário, no Parque Científico da UNICAMP a atração de empresas no referido
espaço de inovação é bem menor porque os investimentos realizados em infraestrutura física e
laboratorial pertencem à Universidade, sendo esse um fator crítico para a decisão empresarial.
O Edital lançado para a ocupação do Parque Científico da UNICAMP possui como
foco a ampliação das oportunidades de formação de alunos afim de estimular, escolher e acolher
projetos de Empresas em parceria com grupos de pesquisa da Universidade. Espera-se que os
projetos em residência temporária estimulem negócios inovadores.
As entrevistas realizadas no presente estudo levam à uma crítica face ao Modelo de
Ocupação proposto pela UNICAMP, pois há dúvida quanto se o mesmo irá atrair empresas, uma
vez que as “Modalidades A e B” podem não agradar as empresas interessadas em instalar ou
construir prédios para abrigar seus laboratórios de P&D. Também, o fato do projeto de P&D ser
temporário e o prédio não pertencer à Empresa pode dificultar sua inserção, pois o retorno deste
investimento deve ser bastante elevado para que o mesmo compense os seus custos e atenue os
seus riscos. Já no TECNOPUC, as instalações pertencem à instituição privada, o que talvez
amenize tal problemática.
Por último, verifica-se que o Modelo de Parque Científico da UNICAMP de prédios
multiusuários entra em conflito com a cultura dos pesquisadores, uma vez que os mesmos gostam

11
Entrevista Realizada em 8 de Maio de 2015 com o Atual Diretor Executivo da INOVA-UNICAMP.
95

de controlar o acesso às instalações de seus laboratórios. Desse modo, considera-se, neste estudo,
que a parceria entre a Empresa e UNICAMP deve ser bastante vantajosa para ambos os lados. Tal
relacionamento trará resultados efetivos se cumprir com os interesses das Empresas e da
Universidade, que são respectivamente, realizar atividades lucrativas de P&D e de propiciar
qualificação de alto nível para seus estudantes através de práticas de P&D com o setor produtivo.

3.3. A Forma do Parque: Análise do aspecto visível do “Parque Científico e Tecnológico da


Unicamp”.
A UNICAMP possui três Campi nas cidades de Campinas, Piracicaba e Limeira,
sendo a primeiro o ponto alvo desta Dissertação. A referida Universidade possui 24 unidades de
ensino e pesquisa, 23 núcleos interdisciplinares, 2 colégios técnicos e 2 unidades hospitalares em
Campinas. No entanto, o assunto principal deste item refere-se à forma do “Parque Científico e
Tecnológico da Unicamp”, localizado dentro do “Campus Zeferino Vaz” no Distrito de Barão
Geraldo em Campinas.
Entende-se o conceito de forma, segundo Santos (1980 e 1997) como o aspecto
visível de um objeto, ou também, uma estrutura técnica responsável pela execução de
determinada função. Porém, não se pode entender a forma como algo isolado, pois seria apenas
uma descrição de fenômenos ou de seus aspectos num dado instante do tempo. Assim, coloca-se
que a análise da forma deve ser entendida em conjunto com a sua função (tarefa ou atividade
esperada de uma forma), sua estrutura (correlação entre as partes integrantes de um todo) e o seu
processo (ação temporal que implica em resultado/mudança).

Pode-se expressar a forma como uma estrutura revelada. Sendo mais visível, ela
é, aparentemente até certo ponto, mais fácil de analisar que a estrutura. As
formas ou artefatos são o resultado de processos passados ocorridos na estrutura
subjacente. Todavia, divorciada da estrutura, a forma conduzirá a uma falsa
análise: com efeito, formas semelhantes resultaram de situações passadas e
presentes extremadamente diversas. A refletir os diferentes tipos de estrutura, aí
estão as diferentes formas reveladas – naturais e artificiais. Ambas estão sujeitas
a evolução e, por esse meio, as formas naturais podem tornar-se sociais.
(SANTOS, 1997, p. 51)

Dentro do conceito exposto, coloca-se neste estudo a tarefa de estabelecer uma


análise do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” a partir de sua forma, porém,
acompanhada do entendimento de seu processo, sua estrutura e sua função tanto para a própria
Universidade quanto para a cidade e a região Campinas.
96

As imagens de satélites utilizadas neste estudo podem contribuir na visualização


das etapas do processo de ocupação do referido Parque, cuja construção encontra-se em curso.
Essas imagens permitem a compreensão deste espaço de inovação através de uma análise Multi-
temporal correlacionada aos anos 2002 a 2015, que abrangem desde a criação da INOVA-
UNICAMP até a chegada das empresas âncoras do Parque e a construção dos primeiros prédios.
Assim, o uso da ferramenta em SIG proposta no Capítulo I desta Dissertação,
permitirá a melhor compreensão não apenas da atual paisagem reservada ao Parque imerso no
Campus da UNICAMP, como também, o entendimento acerca do Modelo de Ocupação de
empresas interessas em manter vínculos de P&D com a referida UNICAMP.

[...] a paisagem é formada pelos fatos do passado e do presente. A compreensão


da organização espacial, bem como sua evolução, só se torna possível mediante
a acurada interpretação do processo dialético entre formas, estrutura e funções
através do tempo. (SANTOS, 1977, p. 50)

Destaca-se a proximidade geográfica como um elemento importante na concepção do


Parque, uma vez que o principal argumento para sua construção é a presença das Empresas e
Grupos de Pesquisa no mesmo espaço de inovação, ou seja, o Campus da Universidade, em
específico, no “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”. Para tanto, torna-se possível
estabelecer vínculos entre o aspecto visível do referido Parque e as estratégias adotadas pela
UNICAMP. O uso das imagens da última década possibilita compreender a lógica da
Universidade no preparo de prédios. Na Figura 3.3.1 observa-se a localização desse espaço de
inovação no Campus da UNICAMP.
97

Figura 3.3.1: Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP no Campus Zeferino - Campinas (SP) – Ano 2013.
Fonte: Imagem CNES/Astrium de 16 de Abril de 2013 obtida no Google Earth.

De início, o Parque não era concreto, ou seja, sua infraestrutura não estava
materializada no Campus da UNICAMP, conforme mostra a Figura 3.3.2, e, consequentemente,
não possuía a forma atual. Porém, coloca-se que as ações para a consolidação do Parque
tornaram-se cada vez fortes após o ano 2008, inclusive o argumento da proximidade geográfica
como ponto fundamental para fixação do Parque Científico no interior do Campus.
98

Figura 3.3.2: Área do Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP no Ano 2005. Fonte: Imagem DigitalGlobe de
22 de abril de 2005 obtida no Google Earth.

Após o momento de inflexão ocorrido no ano 2008, proposto por este estudo,
verifica-se que os anos seguintes também foram de grande importância no fortalecimento da
estrutura, na constituição da “forma” e na consolidação do “Parque Científico e Tecnológico da
Unicamp”.
No ano 2009, a UNICAMP tornou público os três projetos que compõem o esforço
inicial para a criação do Parque. Esses projetos foram assinados com o Governo do Estado, cujos
investimentos serão explorados com maior detalhe no Capítulo IV. Também, no mesmo ano, a
equipe de “Coordenadoria de Projetos e Obras da Unicamp” (CPO) trabalhou em um estudo
preliminar de apoio para a elaboração dos projetos, onde foi realizado o levantamento topográfico
da área. Em dezembro deste ano foi concluído o projeto executivo do edifício da Incubadora e
realizada grande parte das ações referentes ao projeto urbanístico. Em seguida, no ano de 2010,
coloca-se em destaque a institucionalização do Parque, onde o CONSU autoriza sua criação e
aprova as diretrizes e os objetivos para criação do Parque. A seguir, a Figura 3.3.3 demonstra o
Projeto elaborado pela CPO no que se refere à forma do Parque no futuro.
99

Figura 3.3.3: Projeto do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp. Fonte: Inova-Unicamp (2011).

Em 2011, destaca-se a negociação com a Empresa “CAMERON DO BRASIL”,


fabricante de equipamentos para exploração de óleo e gás, sendo a primeira empresa com
proposta de laboratório de P&D. A previsão era que o prédio da CAMERON ficasse pronto até o
ano 2013. Segundo Marques (2013), a empresa propôs investir recursos próprios na construção
desse prédio e obteve a oferta da UNICAMP de isenção por dez anos de pagamento da taxa de
ocupação. Porém, verificou-se no decorrer desta Dissertação que a CAMERON adiou o acordo
devido à retração dos investimentos da PETROBRAS.
Também, no ano 2011, dentre os prédios que foram divulgados haveria a “Unidade
Mista de Pesquisa” chamada de “EMBRAPA-UNICAMP” que trabalharia com genômica
aplicada às mudanças climáticas. E, no ano 2012 houve a aprovação do Projeto com a empresa
TECNOMETAL e a “Faculdade de Engenharia Mecânica” (FEM). Porém, verificou-se que a
parceria com a TECNOMETAL e EMBRAPA não foram efetivadas. Tal fato pode ter ocorrido
devido não apenas à retração de investimentos, mas também, devido o Modelo de Ocupação do
Parque, pois o fato deste espaço localizar-se em área pública, o prédio não é de posse da empresa.
100

Ainda em 2012 pode-se verificar dois prédios em construção, o primeiro consiste na


nova incubadora da INCAMP, com 2.659,91 m² e financiado pelo SPTec, e o segundo no prédio
do LIB de 1.656,79 m², com recursos da FINEP por meio do Edital CT-Infra. Aqui, verifica-se
que a proposta da UNICAMP de estabelecer um ambiente para sua aproximação com empresas
dentro do Campus torna-se material. Assim, houve a elaboração do Plano Urbanístico, também
financiado pelo SPTec, que prevê uma distribuição dos prédios tendo como base as suas
dimensões. Na Figura 3.3.4 é possível ver as ruas, calçadas e quadras definidas no espaço de 100
mil m² destinados a abrigar os prédios.

Figura 3.3.4: Área do Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP no Ano 2012. Fonte: Imagem DigitalGlobe de
16 de Agosto de 2012 obtida no Google Earth.
101

Em 2013, pode-se destacar a aprovação de três projetos que trarão novos


desdobramentos no que tange a forma do Parque Científico UNICAMP: 1) Projeto junto à FINEP
para a construção de um novo prédio no Parque; 2) Ampliação da parceria com a empresa
SAMSUNG; 3) Estruturação da parceria com a empresa LENOVO.
O primeiro, se refere ao investimento da FINEP em que o projeto do Parque
Científico da UNICAMP foi um dos contemplados na Linha B do Edital, voltada para Parques
em implantação. O segundo, consiste na expansão dos projetos colaborativos com a SAMSUNG
instalada no INOVASOFT. A parceria possui um diferencial, uma vez que inclui a provisão de
equipe dentro da Universidade para gestão administrativa dos projetos. O terceiro, compreende a
vinda da Empresa LENOVO ao Parque.
A empresa LENOVO concretizou parceria com a UNICAMP para instalar um centro
de P&D. Esse Centro de P&D será hospedado inicialmente no prédio do “Centro de Inovação”
em conjunto com as empresas da INCAMP. Portanto, no que tange o aspecto visível do Parque,
os prédios são: o “Centro de Inovação”, que irá abrigar a Incubadora INCAMP e a LENOVO, a
estrutura não concluída do prédio LIB e o prédio do INOVASOFT. Conforme apontado no item
anterior deste Capítulo III, no ano 2014 houve a abertura do Edital de seleção de propostas para o
ingresso no Parque de empresas que tenham interesse em desenvolver projetos de P&D em
parceria com a UNICAMP, que resulta no Modelo de Ocupação do Parque, caracterizado neste
estudo conforme Parque Científico. No Edital, as empresas com projetos de pesquisa
colaborativos com a UNICAMP podem se instalar no Parque Científico de duas maneiras
(Modalidades A e B). Verifica-se que a LENOVO optou pela Modalidade A.
Por último, no ano 2015 foi divulgada a chegada da Empresa “INNOVA-ENERGIAS
RENOVÁVEIS”, que diferente da LENOVO irá instalar sua unidade de pesquisa no Parque
Científico da UNICAMP conforme a Modalidade B do Edital. A seguir, na Figura 3.3.5, pode-se
verificar o atual arranjo dos prédios do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”. Aqui,
observa-se a atual forma, ou melhor, o aspecto visível desse espaço de inovação no ano 2015.
102

Figura 3.3.5: Área do Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP no Ano 2015. Fonte: Imagem CNES/Astrium
de 16 de abril de 2015 obtida no Google Earth.

O aspecto visível do Parque reforça os conteúdos abordados nos estudos em


Geografia da Inovação. Constata-se que a paisagem, sobretudo, as formas que o Parque adquire
em sua trajetória permite a compreensão das ações da UNICAMP a fim de apontar perspectivas
futuras para sua consolidação.
[...] a paisagem consiste em camadas de formas provenientes de seus tempos
pregressos, embora estes apareçam integrados ao tempo social presente, pelas
funções e valores que podem ter sofrido mudanças drásticas. Desse modo, as
formas devem ser “lidas” horizontalmente, como um sistema que representa e
serve às atuais estruturas e funções. Além disso, cumpre efetuar uma leitura
vertical para datar cada forma pela sua origem e delinear na paisagem as
diversas acumulações ao longo da história. (SANTOS, 1997, p. 55)

Quando se faz uma reflexão sobre a forma do Parque Científico da UNICAMP é


possível vê-la como um resultado dinâmico provido de um fator social. Assim, uma vez criada e
usada na execução de uma função que lhe foi designada, essa forma frequentemente permanece
aguardando o próximo movimento dinâmico, quando terá toda a probabilidade de ser chamada a
cumprir uma nova função.
103

CAPÍTULO IV
ESTRATÉGIA DA UNICAMP PARA A CONSOLIDAÇÃO
DO PARQUE CIENTÍFICO

Neste Capítulo IV, pretende-se reunir o quadro empírico utilizado no estudo sobre o “Parque
Científico e Tecnológico da Unicamp”, bem como as ações que posicionam a estratégia adotada
pela UNICAMP para sua consolidação. Também, são demonstrados os resultados gerados nos
primeiros anos de atuação da Agência de Inovação INOVA-UNICAMP no que tange a
construção do referido Parque Científico. Por último, há uma análise acerca do grau de sucesso
do Parque Científico da UNICAMP no período entre os anos 2008 e 2015.

4.1. As ações adotadas pela UNICAMP e a Estratégia para implantação do seu Parque.
As atividades em andamento e àquelas já realizadas pela INOVA-UNICAMP
caminham no sentido de motivar ações que visam o estabelecimento de um ambiente mais
empreendedor e indutor de atividades de cunho científico e tecnológico no Campus através da
presença do Parque Científico nele inserido. Este item do Capítulo IV demarca um dos pontos
mais importantes desta Dissertação, que consiste na transformação da situação atual para o
avanço da futura situação, ou seja, o momento em que se busca, em geral, avaliar o grau de
sucesso do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” até o ano 2015.
104

Aqui, tem-se a demonstrativo das ações e dos investimentos já realizados que


objetivam o avanço e ampliação do potencial da UNICAMP no âmbito de um Parque Científico,
inclusive, credenciado no “Sistema Paulista de Parques Tecnológicos” (SPTec), em especial,
através do incentivo do ambiente de relacionamento entre as empresas através de parcerias de
P&D com grupos de pesquisa da UNICAMP.
Desse modo, uma vez concluída a fase de credenciamento definitivo do
empreendimento, a unidade gestora, a INOVA-UNICAMP, complementará as ações para apoiar
as empresas que já possuem acordos e desenvolverá outras ações afim de atrair novos empresas e
laboratórios de P&D conforme a lógica de preenchimento do Parque.
Uma vez que o desenvolvimento do conhecimento e inovação tecnológica requer o
estabelecimento de redes de contato, o desafio do “Parque Científico e Tecnológico da
Unicamp”, em especial, da INOVA-UNICAMP é incentivar a interação entre as empresas do
Parque através, por exemplo, dos vínculos de P&D com grupos de pesquisa da Universidade.
Nesse sentido, a INOVA-UNICAMP é o órgão responsável por orientar as ações no
Parque Científico. Sua atuação parte de um necessário fomento à articulação entre as empresas e
os acadêmicos para então consolidar as linhas de comunicação entre eles e amadurecer os
projetos por meio dos termos de parceria, conforme o Modelo de Ocupação previsto no Edital
analisado no Capítulo III desta Dissertação.
O histórico do Parque mostra sua evolução a partir de ações que resultam na
estratégia empreendedora da referida Universidade. Segundo o “Collins Dictionaries”, o termo
“strategy” corresponde “a particular long-term plan for success, especially in business or
politics”. Neste estudo, entende-se a estratégia empreendedora da UNICAMP como um plano
geral movido por um conjunto de ações destinadas a consolidar o Parque Científico no interior do
seu Campus Universitário.
Conforme apontado no Capítulo III desta Dissertação, nota-se que após a criação da
INOVA-UNICAMP no ano 2003, algumas ações foram fundamentais para a construção do
Parque. Por exemplo, o ponto de inflexão ocorrido no ano 2008, o momento em que foi
apresentado o projeto de criação e implantação do inicialmente denominado “Polo de Pesquisa e
Inovação da Unicamp” à “Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do
Governo do Estado de São Paulo” (SDECT) para o pré-credenciamento no SPTec.
105

Ainda, este estudo verificou que o Parque Científico propõe a longo prazo a interação
no mesmo espaço físico de: Laboratórios dedicados a abrigar projetos de P&D em parceria com
empresas e outras instituições públicas e privadas; Incubadora de EBTs; e, ambientes para
projetos temporários de inovação. No caso da UNICAMP, o projeto urbanístico da primeira fase
do Parque conta com uma área de 100 mil m², onde já estão parcialmente construídos: “Centro de
Inovação”; “Laboratório de Inovação em Biocombustíveis” (LIB); e, Centro de Inovação em
Software – INOVASOFT.
A seguir, o Quadro 4.1.1, apresenta a síntese das principais ações empreendedoras da
UNICAMP para alavancar o potencial do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”. Essas
ações buscam construir o futuro ambiente inovador dentro das instalações do Parque Científico,
localizado dentro do “Campus Zeferino Vaz”. Também, coloca-se neste estudo que a somatória
das ações aqui elencadas representam a estratégia de cunho empreendedor da UNICAMP.
106

Quadro 4.1.1: Ações da UNICAMP para consolidação do Parque Científico.


Ano Ação Objetivos
Criação da Agência de Inovação “Inova-Unicamp” Desenvolver as capacidades de P&D, implantar e
2003
e a Diretoria de Parques e Incubadoras. fortalecer Empresas Incubadas e Filhas da Unicamp.

Elaborar o Estudo do Entorno da Unicamp com o Estabelecer parceria com a prefeitura para a construção
2004 auxílio do Estado e FINEP. efetiva de um Parque Tecnológico.
Participar nos Eventos IASP e ANPROTEC. Buscar e Estudar Modelos de implantação de Parques.
Regulamentar o INOVASOFT. Praticar o Modelo de Parceria de P&D com Empresas.
Estabelecer Parceria com a Fundação Fórum Ampliar o relacionamento com as demais ICTs de
Campinas. Campinas.
2006 Definir TICs como principal eixo de Atividade do
Elaborar Trabalho conjunto com o SPTec
Parque de Campinas.
Iniciar o Trabalho conjunto com SPTec, Fundação Viabilizar a vinda de grandes empresas para o Parque
Fórum Campinas e CIATEC. de Campinas.
Motivar o mapeamento de Competências em
Proposta de construção do LIB.
Pesquisa na área de Biocombustíveis da Unicamp.
2007
Inscrever o Parque nos Editais CT- INFRA 2006 e
Buscar recursos para o Parque da Unicamp.
2008
Implantar o “Polo de Pesquisa e Inovação da
2008 Implantar o Parque dentro do Campus Universitário.
Unicamp” dentro do Campus
Credenciamento no SPTec Buscar credibilidade e visibilidade ao Parque.
Estruturar o Polo de Pesquisa e Inovação da Fixar o Projeto Urbanístico, Estudo das Capacidades
2009
Unicamp. em CT&I de Campinas e construir a nova Incubadora.
Institucionalizar o Parque no Conselho Aprovação das Diretrizes e Objetivos do Parque pelo
2010
Universitário (CONSU). CONSU.
Construção do novo Prédio da INCAMP e Vinda da
2011 Fixar INCAMP e Atrair Empresas.
primeira empresa (âncora) ao Parque.
O Parque Científico e Tecnológico da Unicamp
2012 Modificar o Nome do Parque.
possibilita melhor atração de recursos.
Infraestrutura Urbanística, Ampliação com Samsung,
2013 Consolidar o Edital.
Auxílio FINEP, Fixar a Lenovo e INNOVA
Elaboração Própria.

Após essa síntese sobre as ações da unidade gestora, sobretudo, sua estratégia para
tornar o Parque uma realidade, cabe analisar, neste item do Capítulo IV, o investimento para a
implantação do ”Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”.
A seguir, o Quadro 4.1.2 mostra as três maiores ações realizadas pela INOVA-
UNICAMP para materializar o Parque: 1) Construção do LIB; 2) Construção do “Centro de
Inovação”; e, 3) Projeto de CT&I e Infraestrutura do Parque Científico. Ainda, o Quadro 4.1.2
demostra os e investimentos para a consolidação desse espaço de inovação, bem como a
finalidade e as Fontes de Recurso, tais como: “Financiadora de Estudos e Projetos” (FINEP),
107

“Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São


Paulo” (SDECT) e a UNICAMP.

Quadro 4.1.2: Investimentos para consolidação do Parque Científico.


Fonte de
Ação Investimento Finalidade
Recurso
R$ 1.031.620,77 1ª Fase de Implantação do LIB

1. Construção do
R$ 594.000,00 2ª Fase de Implantação do LIB FINEP
LIB

R$ 1.973.145,57 3ª Fase de Implantação do LIB

TOTAL: R$ 3.598.766,34

R$ 5.218.220,85 Valor investido para a construção do Prédio


SDECT
2. Construção do
R$ 417.324,32 Complementação do valor investido pela SDCT
Centro de Inovação
Complementação da Universidade para a
R$ 106.853,71 construção da primeira etapa
UNICAMP
TOTAL: R$ 5.742.398,88

R$ 643.705,00 Projetos CT&I

R$ 416.090,91 Projeto do Plano Urbanístico SDECT


3. Projeto de CT&I e
Infraestrutura do R$ 971.880,00 Estudos prévios de Implantação em 2003
Parque Científico
R$ 11.948.536,11 Infraestrutura e Urbanização
UNICAMP
R$ 735.500,00 Infraestrutura Elétrica

TOTAL: R$ 14.715.712,02
TOTAL do PARQUE: R$ 24.056.877,24
Fonte: INOVA-UNICAMP. Elaboração Própria.

Os prédios que compõem o ambiente interno do “Parque Científico e Tecnológico da


Unicamp” consistem na tentativa de materializar as ações e os respectivos objetivos estabelecidos
durante o processo de consolidação do referido espaço inovação. Cabe ressaltar que o Quadro
4.1.2 demonstra a finalidade de cada uma das três ações buscadas pela INOVA-UNICAMP nas
primeiras etapas de construção do Parque, por exemplo, o Projeto de CT&I do Parque para seu
credenciamento no SPTec, a infraestrutura urbanística e os prédios cuja construção encontra-se
108

em curso (Centro de Inovação) e estática (LIB). A seguir, os Gráfico 4.1.1 demonstra o valor
captado pela INOVA-UNICAMP relacionado a cada Fonte de Recurso.

Gráfico 4.1.1: Quantidade Investimento conforme a Fonte de Recurso.

Fonte: INOVA-UNICAMP. Elaboração Própria.

Conforme o Gráfico 4.1.1, nota-se que do valor total de R$ 24.056.877,24 captados


até o ano 2015 para a materialização do Parque no interior do Campus, 15% (R$ 3.598.766,34)
foram provenientes da “Financiadora de Estudos e Projetos” (FINEP), 33% (R$7.667.221,08)
foram obtidos através da “Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e
Inovação do Estado de São Paulo” (SDECT) e 53% (R$ 12.790.889,82) foram provenientes da
Universidade, ou seja, até o momento, a UNICAMP foi a instituição que mais investiu em seu
Parque Científico.
Segundo entrevista12, verificou-se que esse capital investido pela UNICAMP para a
construção do Parque refere-se ao valor que a referida Universidade tinha disponível.
Atualmente, no ano 2015, a UNICAMP não dispõe de capital para investir no Parque. Desse
modo, verifica-se que a alternativa consiste em captar investimentos de Instituições como FINEP,
SDECT e das empresas âncoras em fase de negociação com a INOVA-UNICAMP para
instalação no Parque conforme o Edital que prevê o Modelo de Ocupação detalhado no Capítulo
III desta Dissertação. A seguir o Gráfico 4.1.2 mostra o percentual destinado ao Parque com base

12
Entrevista Realizada em 27 de Outubro de 2014 com o Repesentante do “Conselho Universitário” (CONSU)
109

no total utilizado até o ano 2015 em cada uma das três principais ações realizadas pela INOVA-
UNICAMP.

Gráfico 4.1.2: Destino dos Recursos para o Parque Científico.

Fonte: INOVA-UNICAMP. Elaboração Própria.

Neste Gráfico 4.1.2 verifica-se que, 15% (R$ 3.598.766,34) do valor total investido
foi destinado à construção do “Laboratório de Inovação em Biocombustíveis” (LIB) e foram
utilizados apenas recursos da FINEP para a construção do mesmo. O LIB, possui três andares e
área total disponível: 1.226,76 m², no térreo há uma área administrativa, salas para reuniões,
anfiteatro e “planta piloto” (espaço para pesquisas com equipamentos de grande porte) e os 1º e
2º pavimentos: laboratórios de pesquisa com planejamento de 5 salas por andar. Mas, verificou-se
na entrevista13 que o prédio do LIB não foi finalizado, ou seja, desde o ano 2007 até este ano
2015 são aproximadamente oito anos sem concluir a obra. Assim, o valor das três fases de
implantação do LIB não foi suficiente.
Assim, o Edital da FINEP possibilitou a construção parcial do prédio do LIB, mas até
os dias de hoje persiste uma dificuldade financeira para finaliza-lo. Também, nesse período
houve a mudança de docente responsável, que antes era o Prof. Dr. Rubens Maciel Filho, mas
que hoje está sob responsabilidade da Profa. Dra. Telma Teixeira Franco, ambos da “Faculdade
de Engenharia Química” da UNICAMP. Por fim, entende-se que o LIB corresponde ao primeiro

13
Entrevista Realizada em 8 de Maio de 2015 com o atual Diretor Executico da INOVA-UNICAMP.
110

gap no processo de consolidação do Parque Científico e Tecnológico após a perda da parceria


com a empresa CAMERON BRASIL.
Também, o Gráfico 4.1.2 indica que 24% (R$ 5.742.398,88) dos recursos devem-se à
construção do prédio do “Centro de Inovação” que no primeiro momento iria abrigar as empresas
incubadas pela INCAMP e os Laboratórios de P&D da empresa LENOVO. Para a construção do
“Centro de Inovação” foram utilizados 98,14% dos recursos provenientes da SDECT e 1,86% de
recursos provenientes da UNICAMP. Atualmente, o “Centro de Inovação” abriga em dois
andares a empresa LENOVO e nos outros dois andares, algumas empresas incubadas.
Por último, conforme o Gráfico 4.1.2, nota-se que para a elaboração do Projeto de
CT&I utilizado para o credenciamento provisório no SPTec e a construção da Infraestrutura
Urbanística do Parque, visualizada na Figura 3.3.4 do Capítulo III desta Dissertação, foram
utilizados 61% (R$ 14.715.712,02) dos recursos captados, dos quais 13,81% foram provenientes
da SDECT e 86,19% da UNICAMP.
O prédio do INOVASOFT, embora não esteja localizado na área do Parque também é
um elemento desse espaço de inovação. Destaca-se a sua relevância, uma vez que abriga o
projeto da UNICAMP com a empresa SANSUNG. Aqui, abre-se um parêntese para salientar que
essa parceria deve, de fato, ser ampliada devido à importância dessa empresa e ao tempo em que
desenvolve tal parceria em P&D no prédio do INOVASOFT.
Conforme entrevista14, pontuou-se que o prédio do INOVASOFT se encontra
bastante deteriorado. Por isso, cogita-se a possibilidade da construção de um prédio dentro da
área do Parque Científico, pois o “Instituto Eldorado” (vizinho do INOVASOFT) busca expandir
sua área e estuda a compra do terreno que hoje é utilizado pelo INOVASOFT e, nesse processo, o
INOVASOFT mudar-se-ia para o Parque.
Por último, haverá um novo prédio no “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”
devido entrada da empresa “INNOVA-ENERGIAS RENOVÁVEIS” conforme a “Modalidade
B” prevista no Edital que corresponde ao Modelo de Ocupação de um Parque Científico. A
chegada da empresa INNOVA demonstra a vocação do Parque para uma outra área, na área de
química e energia. Esse tipo de tecnologia impacta não somente na geração de conhecimento,
como também no direcionamento de políticas públicas. Essa é a primeira empresa com proposta
aprovada por meio do Edital. A INNOVA, no Parque, fortalece os esforços e pesquisas em

14
Entrevista Realizada em 8 de Maio de 2015 com o atual Diretor Executivo da INOVA-UNICAMP.
111

conjunto que permitirão contribuir para a melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida.
Assim, conforme entrevista15, o Parque demonstra sua capacidade para catalisar a interação da
Universidade com as Empresas interessadas em desenvolvimento tecnológico conjunto.
Após o levantamento dessas ações, acompanhadas pelo demonstrativo dos recursos
obtidos para o início da construção do Parque, considera-se, a partir desta Dissertação, que a
estratégia da INOVA-UNICAMP permitiu estabelecer novas formas de cooperação e
colaboração. Espera-se que, no futuro, as parcerias se tornem mais sólidas e, sobretudo, que os
projetos com grupos de pesquisa tragam resultados exitosos não apenas para UNICAMP e seus
parceiros, mas também para a região de Campinas.

4.2. O Grau de Sucesso do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” no período entre


os Anos 2008 e 2015.
O objetivo deste item é descrever os resultados da análise sobre o grau de sucesso do
“Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” entre os anos 2008 a 2015. Aqui, destaca-se os
resultados mais importantes que correspondem especificamente a vinda de empresas âncoras, a
disponibilidade de prédios e os projetos concretizados via Acordos de Cooperação.
Após a decisão de inserir o Parque Científico no Campus da UNICAMP no ano 2008
a INOVA-UNICAMP atuou na estruturação desse espaço de inovação através da finalização da
infraestrutura urbanística e construção de prédios, que sem dúvida são os pontos mais críticos
para a materialização do referido Parque. Também, o estudo das capacidades em CT&I da
UNICAMP e, consequentemente, da região de Campinas possibilitou uma visão mais ampla
sobre as potenciais áreas de expansão do Parque.
De início, pode-se constatar o congelamento de alguns projetos anunciados. No ano
2011, dentre os prédios que foram divulgados haveria a “Unidade Mista de Pesquisa” chamada de
“EMBRAPA-UNICAMP” que trabalharia com genômica aplicada às mudanças climáticas. Em
seguida, no ano 2012 foi divulgada a aprovação do Projeto entre o BNDES/FUNTEC com a
Empresa TECNOMETAL em parceria com Grupos de Pesquisa da “Faculdade de Engenharia
Mecânica” (FEM/UNICAMP). Até a finalização desta Dissertação, constata-se que ambos estão
inseridos em uma longa fase de aprovação, cuja demora é capaz de resultar na perda da parceria
ou até mesmo no estacionamento do projeto como aconteceu com o LIB.

15
Entrevista Realizada em 28 de Janeiro de 2014 com Diretor do “Parque Científico e Tecnológico da Unciamp”
112

A parceria entre a UNICAMP e a SAMSUNG iniciou-se em setembro de 2012 e


possui um diferencial, já que inclui a provisão de equipe dentro da Universidade para gestão
administrativa dos projetos. Localizada no INOVASOFT, a parceria com pesquisadores do
“Instituto de Computação” (IC) e da “Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação” conta
com todo o apoio e intermediação da INOVA-UNICAMP na formatação dos projetos. Devido
aos bons resultados, tal parceria foi ampliada com o objetivo de desenvolver novas pesquisas e
produtos nos próximos anos além de manter a parceria entre a Universidade e a empresa.
Em 2013 se tornou pública a vinda da empresa LENOVO, que pretende investir
aproximadamente US$100 milhões em um centro de P&D de software de última geração. A
instalação representa o primeiro centro de P&D da LENOVO voltado para o desenvolvimento de
software para o “Enterprise Product Group” (EPG). O projeto recebeu o apoio da Investe São
Paulo, a agência de fomento a investimentos do Estado, subordinada à “Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação”.
Em entrevista16, a LENOVO considerou que o estado de São Paulo representa a sua
mais recente implantação no diversificado portfólio global de centros de projetos da empresa,
localizados nos Estados Unidos, Taiwan e China. Também, afirmou que a LENOVO está
comprometida com o desenvolvimento de uma organização de P&D de primeira linha em
Enterprise e a estratégia de investir em bancos de talentos locais é essencial para este
compromisso, além de ser a abordagem certa para melhorar a inovação. Esse centro de P&D
consiste no primeiro que e irá focar em inovação de soluções de software de empresas e
tecnologia de servidores high-end, armazenamento de dados e tecnologias em nuvem. Nos
próximos anos, estima-se que a instalação terá a possibilidade de gerar aproximadamente 220
empregos para desenvolvimento de alto nível.
O apoio oferecido pelo governo através da “Investe São Paulo”, e de outras entidades
voltadas para o financiamento de P&D foram fatores preponderantes para a decisão da LENOVO
de investir na região de Campinas. Aqui, verifica-se que o processo passa por todas as escalas de
análise da ciência geográfica, conforme explicado no Capítulo I desta Dissertação. Assim,
embora o local seja o lugar em que será materializado este espaço de inovação, a sua estruturação
envolve forças e ações provenientes da escala regional e global. Assim, para a concretização do

16
Entrevista da equipe da INOVA-UNICAMP em 18 de Novembro de 2013, com o vice-presidente e General
Manager do Enterprise Product Group da LENOVO.
113

projeto entre a LENOVO e a UNICAMP houve a participação ativa da Reitoria, da INOVA-


UNICAMP, e, também, da Prefeitura de Campinas e do Governo Estadual, por meio da “Investe
São Paulo” e da “Agência Paulista de Investimentos e Competitividade”. Cabe ressaltar que a
participação de vários atores pode ser benéfica para sucesso dos empreendimentos, mas se os
interesses forem divergentes ou houver falta de diálogo, podem surgir impedimentos para a vinda
de grandes projetos ao Parque.
Verificou-se neste estudo que a LENOVO pretende oferecer bolsas de estudo para
equipes de pesquisa da UNICAMP, o que permitirá angariar novos talentos em P&D para
ampliação do centro. Em entrevista17, constata-se que essa parceria demonstra a oportunidade de
conferir mais qualidade à formação de recursos humanos.
Com a vinda da LENOVO para o Parque, foi formada a equipe de trabalho reunindo a
UNICAMP e universidades parceiras, liderada pelo Professor Nelson Fonseca. Esse grupo está
elaborando um projeto para ser submetido à FAPESP, que alinhado ao programa TI do Governo
Federal, poderá trazer recursos complementares para bolsas de pesquisa, de mestrado e
doutorado, no escopo da parceria. Ainda, nas entrevistas18, constata-se que o projeto de pesquisa
em parceria ficará, por enquanto, sediado em dois andares do “Centro de Inovação” do Parque,
onde também serão hospedadas as empresas incubadas na INCAMP. Esse prédio foi construído
com recursos da SDECT e da UNICAMP conforme descrito no item anterior deste Capítulo IV.
Futuramente, o “Centro de Inovação” também hospedará a sede administrativa do
Parque Científico e da INOVA-UNICAMP. Desse modo, a formalização da parceria com a
LENOVO é um importante passo para a atração de outras empresas para o Parque. Porém,
verificou-se a construção de poucos prédios no Parque, sendo este um ponto em que a
UNICAMP não obteve sucesso, uma vez que a incipiente disponibilidade de capital e a
dependência fomento externo, impossibilitam a construção de novos prédios. Segundo
entrevista19, a falta de espaço, ou melhor, a falta de prédios construídos consiste na principal
limitação, uma vez que os Parques bem-sucedidos como o TECNOPUC, começam com uma
metragem mínima edificada que garante a vinda imediata dos projetos colaborativos.

17
Entrevista Realizada em 27 de Outubro de 2014 com membro do “Conselho da Unicamp” (CONSU)
18
Entrevistas Realizadas em 28 de Janeiro de 2014 com Diretor do “Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP”
e em 8 de Maio de 2015 com o Atual Diretor Executivo da INOVA-UNICAMP.
19
Entrevista Realizada em 28 de Janeiro de 2014 com Diretor do “Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP”.
114

No ano 2014 o Parque Científico obteve um resultado satisfatório através da


celebração do Convênio com a segunda empresa âncora denominada “INNOVA-ENERGIAS
RENOVÁVEIS”. Em entrevista20, a referida Empresa relatou que há o interesse em estar
próximo à UNICAMP, além do fato de Campinas possuir demandas claras nesse setor. Para
tanto, alinhada com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a tecnologia da INNOVA pode ser
vista como uma das opções disponíveis para enfrentar o problema de maneira mais sustentável,
pois consiste em um reator de pirólise (processo em que a matéria orgânica é decomposta após
ser submetida a condições de altas temperaturas, cerca de 450º C, em ambiente desprovido de
oxigênio) que é composto por um tambor rotativo aquecido externamente. Em síntese, a
INNOVA converte materiais orgânicos em gás e mantém os inorgânicos com suas propriedades
físicas inalteradas, devido à baixa temperatura de operação.
Uma usina da INNOVA tem vida útil estimada em 45 anos. Retomando o exemplo,
para uma cidade do tamanho de Campinas, seria necessária a instalação de ao menos sete usinas
com capacidade para processar 150 toneladas/dia, para dar conta da demanda. No Parque, a usina
será em escala laboratorial, apenas para fins de pesquisa e desenvolvimento da tecnologia. Sob a
execução do Prof. Dr. Edson Tomaz, da “Faculdade de Engenharia Química”, o projeto pretende
validar os resultados ambientalmente favoráveis da tecnologia e promover a ampliação da
aplicação da mesma. Uma das linhas de estudo é, por exemplo, a produção de carvão ativado para
utilização em filtros.
A tecnologia da INNOVA se aplica a resíduos urbano, industrial, hospitalar,
medicamentos vencidos, entre outros. No entanto, para fins de pesquisa no Parque da Unicamp, o
resíduo será proveniente da Universidade. O transporte se dará por meio de containers lacrados
para impedir a contaminação. A pirólise pode ser uma alternativa de menor impacto ambiental e
poderá ser uma alternativa para o futuro tratamento dos resíduos da Universidade. Para o
desenvolvimento deste projeto, a INNOVA contará com a parceria da empresa ELECTRA
Energy, proprietária de unidades de geração de energia, e do grupo GSN, que possui experiência
na estruturação de empreendimentos. A “Pirólise Lenta a Tambor Rotativo”, apresenta inúmeros
ganhos em termos de sustentabilidade, uma vez que possibilita o aproveitamento ou o tratamento
de resíduos, como o lixo urbano e resíduos hospitalares e industriais.

20
Entrevista para a Equipe da INOVA-UNICAMP em 20 de Março de 2015 com o Diretor da Empresa “INNOVA-
ENERGIAS RENOVÁVEIS”.
115

Outro ponto de sucesso ocorreu no ano 2014 quando houve aprovação pela FINEP,
onde o projeto do Parque Científico foi um dos oito contemplados na “linha B” no Edital, voltada
para Parques em implantação. Foram pré-aprovados R$ 4.3 milhões, que serão investidos na
construção de um novo prédio dentro do Parque, cuja localização pode ser verificada na Figura
3.3.5 do Capítulo III desta Dissertação, e tal recurso também será utilizado para o
desenvolvimento de uma metodologia de prospecção de EBTs. A aprovação da FINEP demonstra
a qualidade que o Parque pode alcançar no futuro, assim como o potencial de contribuição dessa
iniciativa para que a Universidade possa cumprir o objetivo de consolidação do Parque.
Verifica-se que o projeto inicial do Parque, estabelecido aproximadamente no período
entre os anos 2007 e 2010, previa um conjunto de ações que possibilitariam a sua materialização.
Entretanto, em função da deterioração da condição financeira da UNICAMP, principalmente após
o ano 2010, não houve capital suficiente para investir no Parque. Em função desse contexto, a
alternativa da INOVA-UNICAMP para a construção de novos prédios se apoiou na captação de
recursos de fontes externas como a FINEP. A outra alternativa consistiu em buscar atrair projetos
de construção de prédios financiados por Empresas, conforme a “Modalidade B” do Edital que
determina o modelo de ocupação da área.
O Parque Científico chegou ao ano 2015 com duas empresas âncoras: LENOVO e
INNOVA. A primeira irá ocupar o Parque conforme a “Modalidade A” do Edital e a segunda irá
ocupar o Parque conforme a “Modalidade B”. Entende-se que a parceria com essas Empresas seja
o resultado mais expressivo após a decisão de implantar o Parque no Campus da UNICAMP no
ano 2008 e motivar a sua institucionalização no ano 2010. Assim, os resultados expostos neste
item correspondem aos desdobramentos das primeiras ações da unidade gestora do Parque.
O anúncio do investimento dessas empresas âncoras e a aprovação do projeto junto à
FINEP são resultados satisfatórios obtidos pela INOVA-UNICAMP, que busca articular de
maneira mais ampla e sólida boas parcerias para a UNICAMP, mesmo que atualmente apenas
três prédios estejam materializados no Parque. Também, salienta-se a intenção de investimento
da Empresa INNOVA na construção de seu prédio no Parque para os próximos anos.
A seguir, o Quadro 4.2.1 demonstra uma síntese dos resultados obtidos conforme as
ações realizadas entre os anos 2008 e 2015 para a consolidação do Parque Científico. Também,
há a possibilidade de observar o andamento dessas ações no que concerne a materialização desse
espaço inovação da UNICAMP.
116

Quadro 4.2.1: Avaliação das Ações do Parque da UNICAMP no período 2008-2015


Situação
Ano Ação
Aprovado Abandono Andamento Concluída
Implantar Parque dentro do Campus X
2008
Credenciamento no SPTec X
Infraestrutura Urbanística X
2009 Estudo das Capacidades em CT&I X
Construção da nova Incubadora X
2010 Institucionalização no CONSU X
Prédio da "EMBRAPA-UNICAMP" X
2011 Projeto com TECNOMETAL X
Projeto com CAMERON X
Alteração do Nome do Parque X
2012 Projeto com TECNOMETAL X
Ampliação com a SAMSUNG X
2013 Projeto com a LENOVO X
Projeto com a INNOVA X
2014 Novo Prédio: Recurso FINEP-02/2013-Linha B X
Metodologia para Atração de Empresas X
Elaboração Própria.

Conforme o Quadro 4.2.1, nota-se que a maior parte das ações realizadas pela
INOVA-UNICAMP entre os anos 2008 e 2015 foram aprovadas, mas não se concretizaram. A
construção do Parque Científico encontra-se em curso no ano 2015. Verifica-se, porém, que a
velocidade de construção dos prédios das obras caminha lentamente devido à pouca
disponibilidade de recursos financeiros que a unidade gestora do Parque enfrenta. Outro
obstáculo reside no Modelo de Ocupação, cujo cerne consiste também nos poucos prédios. As
empresas procuram por espaços já construídos pois não possuem interesse em construir prédios
conforme a Modalidade B do Edital. Em contrapartida a UNICAMP também não possui capital
para construção de prédios. Tal impasse é um dos pontos negativos encontrados neste estudo.
Com a construção do principal prédio, denominado de “Centro de Inovação”, houve a
possibilidade de reunir laboratórios de empresas interessadas em realizar P&D em parceria com a
Universidade. Parte do prédio será ocupado por empresas criadas pelos alunos e incubadas na
universidade pela INCAMP. Hoje, a UNICAMP tem 12 delas, mas, a ideia é chegar a cerca de 40
EBTs. Também, o restante do espaço construído (2 andares), conforme anteriormente descrito no
117

Capítulo III, serão ocupados pela empresa LENOVO, fato que diminui o espaço físico para as 40
empresas anteriormente previstas para o Parque.
Entende-se que para a construção do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”
é necessária a busca por investimentos de diversas Fontes de Recurso, conforme observado no
item anterior deste Capítulo IV. Portanto, no decorrer desta Dissertação, constatou-se que, de
fato, há uma integração entre as escalas de análise geográfica no processo de construção do
referido Parque, mostrando que embora o Parque esteja materializado na escala local, as forças
para sua consolidação são provenientes de outras escalas através de instituições de fomento de
âmbito regional e nacional.
De fato, considera-se que houve a movimentação de um conjunto de Instituições de
fomento para concretizar as primeiras ações da INOVA-UNICAMP. Esses resultados são o
reflexo da estratégia empreendedora da UNICAMP para a consolidação de um Parque dentro do
seu Campus. Eles possibilitam analisar o grau de sucesso obtido no período de 2008 a 2015.
Ainda, cabe ressaltar que, o processo de estruturação do Parque encontra-se em curso. Portanto,
verifica-se que imprevistos financeiros motivaram a alteração de algumas ações para construção
do Parque.
118

CONCLUSÕES

Esta Dissertação analisou desde a perspectiva geográfica a estratégia empreendedora


da UNICAMP para consolidar seu Parque Científico dentro do Campus Universitário. A
abordagem utilizada é a da Geografia da Inovação, que busca caracterizar a constituição dos
espaços de inovação tais como Parques Científicos e Parques Tecnológicos.
Constatou-se que a trajetória histórica de formação do Parque Científico da
UNICAMP em Campinas seguiu três etapas. A primeira, ocorreu na década de 1970, quando os
atores relevantes perceberam o potencial de Campinas para a implantação de um Polo
Tecnológico, devido aos laços precoces existentes entre pesquisa acadêmica e o setor produtivo
nas áreas de alta tecnologia. A segunda, ocorre na década de 1980, com a criação de órgãos
capazes de implementar projetos relacionados à geração e transferência de tecnologia da
Universidade para Empresa. E, a terceira etapa, que se desenrola no período atual com início
especialmente a partir do ano 2008, quando a UNICAMP assume a função de trabalhar
ativamente no processo de implantação de um Parque Científico dentro do seu Campus
Universitário.
O “Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP” consiste no esforço mais
deliberado da UNICAMP até o momento para concretizar o seu potencial e suas ações de cunho
inovador. Portanto, ressalta-se neste estudo a capacidade deste espaço de inovação de
transformar-se futuramente em um êxito a longo prazo, ao menos que supere os atuais obstáculos,
uma vez exploradas suas capacidades em CT&I, com ações mais concretas para incentivar o
ambiente de relacionamento e a cultura empreendedora nas suas instalações e seus
transbordamentos em atividades inovativas na forma de parcerias em conjunto com Empresas e
demais ICTs de Campinas e região.
Os resultados obtidos permitem estruturar a conclusão desta Dissertação em três
conjuntos de conclusões que sintetizam a análise da atual estratégia empreendedora da
UNICAMP. O primeiro reúne as conclusões sobre o processo de construção do “Parque
Científico e Tecnológico da UNICAMP”. Em seguida, o segundo contém o posicionamento do
Parque dentro do Polo Tecnológico de Campinas. Por último, o terceiro sintetiza os achados
sobre a inserção do “Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP” no Polo Tecnológico de
Campinas à luz dos conceitos estabelecidos pela Geografia da Inovação.
119

GRUPO A: O Parque Científico da UNICAMP:

A1: O “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” se assemelha ao modelo de


Parque Científico, uma vez que a UNICAMP é a gestora e o principal ator no seu processo de
consolidação dentro do Campus;

A2: Os resultados das ações da estratégia empreendedora da UNICAMP permitem


observar que a consolidação do seu Parque Científico está na sua etapa inicial e não evoluiu
como o esperado;

A3: Uma das razões do atraso se deve a falta de recursos financeiros para a
construção da infraestrutura do Parque Científico por parte da UNICAMP, da “Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo” (SDECT) e da
“Financiadora de Estudos e Projetos” (FINEP);

A4: O “Laboratório de Inovação em Biocombustíveis” (LIB) não foi finalizado. Os


recursos captados não foram suficientes para a conclusão desta obra e este projeto encontra-se
parado há aproximadamente setes anos.

A5: A captação de recursos próprios e de outras instituições, como a SDECT e


FINEP, promovida pela UNICAMP para a construção de prédios no seu Parque (Modalidade A)
exige um esforço maior por parte da Universidade comparado à possibilidade de construção de
prédios pelas Empresas interessas (Modalidade B);

A6: As formas de parceria com as Empresas definidas pela Modalidade A e a


Modalidade B estão condicionadas, pelo Parque estar localizado dentro do Campus, às regras que
regem a pesquisa acadêmica e que são limitantes do ponto de vista da autonomia gerencial das
Empresas;

A7: As Empresas interessadas em estabelecer parcerias com Grupos de Pesquisa da


UNICAMP dentro do Parque, inclusive as grandes empresas, preferem ocupar prédios já
finalizados (Modalidade A).
120

GRUPO B: O Parque da UNICAMP e sua inserção no Polo Tecnológico de Campinas:

B1: A UNICAMP move esforços para ampliação da competitividade do Polo


Tecnológico de Campinas desde a década de 1960, principalmente na busca de atrair maiores
investimentos das Empresas em P&D e formação de recursos humanos. Contudo, com a
implantação do Parque, esse engajamento se tornou ainda maior e mais explícito.

B2: A inserção geográfica do Parque no Campus da UNICAMP, embora consista no


principal atrativo para o estabelecimento de parcerias, não foi suficiente para tornar o projeto um
sucesso. Os poucos projetos de P&D em implantação criam obstáculos para ações conjuntas na
escala local;

B3: O maior diálogo entre os atores do Polo Tecnológico poderia movimentar a


elaboração de políticas mais direcionadas na área de CT&I;

B4: A proximidade geográfica não é uma condição suficiente porque deve somar-se a
outros elementos, como a cultura empreendedora local.

B5: As expectativas dos principais gestores do Parques apontam que a inserção do


Parque da UNICAMP possibilitará a ampliação de parcerias com os demais Parques e ICTs
presentes no Polo Tecnológico de Campinas.

GRUPO C: O Parque da UNICAMP e o Polo Tecnológico de Campinas à luz dos conceitos


estabelecidos em Geografia da Inovação:

C1: A Geografia da Inovação mostra que o avanço tecnológico permite a construção


de espaços de inovação em cidades e regiões com potencial em CT&I. No caso de Campinas, os
espaços de inovação são: os Parques Científicos, os Parques Tecnológicos, as Instituições
Científicas e Tecnológicas (ICTs) e Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica;

C2: A proximidade geográfica entre os espaços de inovação de Campinas passa a ser


um dos fatores relevantes principalmente após os anos 2000. Imerso nesse cenário, o Parque
Científico da UNICAMP pôde usufruir dessa proximidade para estabelecer parcerias em P&D
com outros espaços de inovação;
121

C3: A proximidade geográfica entre a UNICAMP e demais espaços de inovação cria


um ambiente propício para atrair atividades inovativas de Empresas e, dessa forma, reter na
região uma mão de obra altamente qualificada e possibilitar o aumento de oportunidades para
atuação dos acadêmicos.
122

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135

ANEXO I: Resolução GR-051/2003, de 23/07/2003


Reitor: Carlos Henrique de Brito Cruz - Estimular a ação conjunta da Unicamp com entidades
Cria a Agência de Inovação da Unicamp públicas e privadas na área de formação de recursos
humanos, nas suas diversas modalidades, fortalecendo
O Reitor da Universidade Estadual de Campinas, os laços da Universidade com seus parceiros;
considerando a necessidade de: - Coordenar as ações da Unicamp e atuar em conjunto
Organizar e fortalecer as ações de parceria da Unicamp com órgãos municipais, estaduais e nacionais, com o
com os setores público e privado; objetivo de desenvolver e implantar o Parque
Aprimorar a política, as estratégias e as ações Tecnológico de Campinas;
relacionadas a propriedade intelectual nos âmbitos - Apoiar e estimular novas empresas de base
interno e externo à Universidade; tecnológica e aprimorar o papel da Incubadora de
Oferecer oportunidades para o nascimento e/ou Empresas de Base Tecnológicas da Unicamp;
expansão de empresas de base tecnológica ou outros - Implementar a política de propriedade intelectual da
meios; Unicamp, aprovada pelos órgãos superiores, apoiando
Integrar todas as ações relacionadas à inovação, o registro, licenciamento e comercialização de
originadas de convênios e contratos celebrados entre resultados de pesquisas e difusão de conhecimento
Unicamp e outras instituições públicas e privadas, gerado na Universidade.
resolve: Artigo 3º - A Agência de Inovação da Unicamp será
Artigo 1º - Fica criada a Agência de Inovação da constituída por um Conselho Superior, por uma
Unicamp, junto ao Gabinete do Reitor, com a seguinte Câmara de Acompanhamento e por uma Diretoria.
missão: Fortalecer as parcerias da Unicamp com Artigo 4º - Comporão o Conselho Superior da Agência
empresas, órgãos de governo e demais organizações da de Inovação da Unicamp:
sociedade civil, criando oportunidades para que as I - Reitor, que presidirá o Conselho;
atividades de ensino e pesquisa se beneficiem dessas II - Pró-reitor de Pesquisa;
interações e contribuindo para o desenvolvimento III - Pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários;
econômico e social do País. IV - Diretor de Unidade da área de Ciências Exatas;
Artigo 2º - São objetivos da Agência de Inovação da V - Diretor de Unidade da área de Humanidades e
Unicamp: Artes;
- Estimular parcerias com empresas e órgãos públicos, VI - Diretor de Unidade da área de Ciências
dar apoio técnico na preparação de projetos Biomédicas;
cooperativos e em acordos entre a Universidade e seus VII - Diretor de Unidade da área de Tecnologia;
parceiros e atuar na divulgação e difusão do VIII - Diretor Presidente da Funcamp;
conhecimento gerado na Unicamp; IX - 10 Membros com notória contribuição ao
- Estabelecer parcerias estratégicas, orientadas para o desenvolvimento científico e tecnológico do País,
médio e longo prazo, com empresas e entidades convidados pelo Reitor.
públicas e privadas intensivas em inovação e
conhecimento;
136

§ 1º - O Conselho Superior se reunirá ordinariamente a II - Facilitar as parcerias público-privadas a serem


cada ano e extraordinariamente, quando necessário, por desenvolvidas;
convocação de seu Presidente. III - Estabelecer sistemática de acompanhamento e
§ 2º - O Diretor Executivo da Agência de Inovação da fiscalização dos recursos orçamentários executados
Unicamp será o Secretário Executivo do Conselho pela Diretoria, zelando pelo fiel cumprimento dos
Superior. objetos ali fixados;
§ 3º - A Diretoria da Agência será convidada IV - Propor ao Conselho Superior da Agência
permanente do Conselho Superior. mecanismos que viabilizem a captação de recursos que
Artigo 5º - Compete ao Conselho Superior, em possam ser destinados a projetos de interesse social.
consonância com a legislação superior da Unicamp: Artigo 8º - A Diretoria será composta por um Diretor
I - Estabelecer políticas e objetivos, traçar as Executivo e até três Diretores, com as seguintes
estratégias de trabalho e aprovar os programas de ação atribuições:
da Agência; I - Diretor Executivo será responsável pelas ações
II - Elaborar, aprovar e modificar o Regimento Interno executivas da Agência, responsabilizando-se pelas
da Agência, definindo seus objetivos e estratégias; relações no âmbito da Universidade e externamente,
III - Avaliar o desempenho da Agência de Inovação da com os setores público e privado;
Unicamp. II - Diretor de Desenvolvimento de Parcerias e
Artigo 6º - Comporão a Câmara de Acompanhamento Projetos Cooperativos, responsável pelo
da Agência de Inovação da Unicamp: desenvolvimento de ações e relacionamento com
I - Um representante do Reitor, que presidirá esta empresas, órgãos públicos, oferecendo apoio à
Câmara; elaboração de projetos;
II - Os quatro Diretores de Unidades da Unicamp, II - Diretor de Propriedade Intelectual, responsável
membros do Conselho Superior; pelo registro de propriedade intelectual, abertura e
§ 1º- A Câmara de Acompanhamento se reunirá acompanhamento de processos de licenciamento e
ordinariamente a cada dois meses e demais questões referentes a propriedade intelectual;
extraordinariamente, quando necessário, por IV - Diretor de Parques Tecnológicos e de Programas
convocação de seu Presidente. de Incubadora de Empresas de Base Tecnológica,
§ 2º - O Diretor Executivo da Agência de Inovação da responsável pela implantação de parques, incubadoras
Unicamp será o Secretário Executivo da Câmara de e fortalecimento de empresas de base tecnológica.
Acompanhamento. Parágrafo único - a Diretoria Executiva e cada uma
§ 3º - A Diretoria da Agência será convidada das Diretorias descritas nos incisos I, II e III deste
permanente da Câmara de Acompanhamento. artigo terão como responsáveis profissionais
Artigo 7º - Compete à Câmara de Acompanhamento especializados, contratados em comissão.
da Agência de Inovação da Unicamp: Artigo 9º - Fica extinto o Escritório de Difusão e
I - Acompanhar as ações da Agência zelando pela Serviços Tecnológicos - Edistec.
compatibilização das mesmas com as orientações Parágrafo único - O quadro de servidores, a dotação
superiores e propor ao conselho superior novas ações; orçamentária, a cota de almoxarifado bem como os
instrumentos, equipamentos e bens móveis utilizados
137

pelo Edistec ficarão à disposição da Agência de Artigo 1º - O Conselho Superior deverá aprovar no
Inovação. prazo de 180 dias a contar da data da designação de
Artigo 10 - A Incubadora de Empresas de Base seus membros, o Regimento Interno da Agência de
Tecnológica da Unicamp - Incamp, criada Inovação da Unicamp.
pela Resolução GR-067/2001, junto ao Centro de Artigo 2º - Os servidores pertencentes ao quadro de
Tecnologia da Unicamp, fica transferida para a pessoal dos órgãos extintos por força desta Resolução,
Agência de Inovação. serão alocados neste ou em outros órgãos da
Parágrafo único - A transferência de que trata o caput Universidade, segundo suas qualificações.
deste Artigo, inclui também a transferência de pessoal,
móveis, máquinas e utensílios necessários à Publicada no DOE de 25/07/2003.
continuidade do seu funcionamento. Obs: Os artigos 1º a 8º e artigos 1º e 2º das Disposições
Artigo 11 - Esta Resolução entrará em vigor na data de Transitórias foram revogados pela Deliberação CAD-
sua publicação, revogadas as disposições em contrário, A-002/2004.
em especial a Portaria GR-125/1998 e a Resolução
GR-067/2001.
Disposições Transitórias:
138

ANEXO II: Deliberação CONSU-A-002/2010, de 23/04/2010


Reitor: Fernando Ferreira Costa realização de pesquisa colaborativa e multidisciplinar, com
Secretária Geral: Lêda Santos Ramos Fernandes organizações públicas e privadas, voltadas ao
Aprova as diretrizes e objetivos para a criação do Polo de desenvolvimento científico e tecnológico e na promoção da
Pesquisa e Inovação da UNICAMP, autoriza sua criação e inovação.
dá outras providências 3. Objetivos
I – Ampliar as oportunidades de formação de alunos,
O Reitor da Universidade Estadual de Campinas, na através da valorização da pesquisa e de empreendimentos
qualidade de Presidente do Conselho Universitário, tendo nascentes inovadoras;
em vista o decidido na continuação da 116ª Sessão II – Estimular, selecionar e acolher projetos inovadores em
Ordinária realizada em 13.04.10, baixa a seguinte parceria com grupos de pesquisa e pesquisadores da
Deliberação: UNICAMP;
Artigo 1º - Fica autorizada a criação do Polo de Pesquisa e III – propiciar a infraestrutura adequada para a residência
Inovação da UNICAMP de acordo com as considerações, temporária de projetos inovadores, em suas instalações;
finalidades e estratégias constantes do Anexo I, que integra IV – Apoiar projetos de alunos e pesquisadores da
esta deliberação. Universidade pré-incubados, com potencial de gerar
Artigo 2º - O Polo de Pesquisa e Inovação da UNICAMP negócios inovadores.
será criado por meio de Deliberação da Câmara de 4. Estratégias
Administração, com base em proposta elaborada pelo O Polo terá, de acordo com o Planejamento Estratégico da
Grupo de Trabalho constituído pela Portaria GR-97/2009. UNICAMP, as seguintes estratégias:
Artigo 3º - Esta Deliberação entrará em vigor na data de sua I – Expandir as ações de pesquisa colaborativa, garantindo a
publicação, revogadas as disposições em contrário. relação da Universidade com a sociedade na solução de
(PROC.Nº 01-P-5903/10). problemas regionais e nacionais, colocando à disposição da
sociedade tecnologias e serviços alinhados à necessidade de
Polo de Pesquisa e Inovação da UNICAMP redução das desigualdades sociais.
1. Histórico II – Implementar ações que facilitem o desenvolvimento e a
Em 2008 foi elaborado e proposto o Projeto de Criação e transferência de tecnologias e conhecimento;
Implantação do Polo de Pesquisa e Inovação da UNICAMP, III – Incentivar e apoiar institucionalmente os grupos
objeto de Convênios firmados entre a UNICAMP e o existentes através do fomento às iniciativas inovadoras de
Governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria de pesquisas e à implantação de programas inter-unidades e
Desenvolvimento, que tem como objetivos: ampliar as inter-instituições;
oportunidades de formação de alunos; valorizar a pesquisa; IV – Criar infraestrutura de apoio que facilite a obtenção de
criar projetos de empresas inovadoras e contribuir na informações, a elaboração de projetos e a gestão dos
produção e transferência de conhecimentos, tecnologias e mesmos, permitindo uma maior agilidade e um melhor
inovação aos setores público e privado, na perspectiva de aproveitamento de oportunidades de financiamento à
apoiar o desenvolvimento sócio-econômico da região de pesquisa.
Campinas e do Estado de São Paulo. V – Estimular o desenvolvimento de atividades
A UNICAMP conta com um conjunto de estruturas e interdisciplinares e técnico-científicas interinstitucionais;
projetos, incluindo importantes áreas e grupos de pesquisa, ampliar o fomento à pesquisa e as linhas de apoio à
bem como inúmeros projetos de parcerias na produção de pesquisa e, consolidar estruturas qualificadas de suporte e
conhecimentos, tecnologias e inovação em de apoio administrativo às atividades de pesquisa e de
desenvolvimento, que lhe propicia o alcance destes desenvolvimento tecnológico;
objetivos. VI – Articular a criatividade científica da Universidade com
Entretanto, é necessário criar novos estímulos e maior apoio o dinamismo empreendedor, para que os conhecimentos
institucional visando não só a transferência de tecnologia e voltados para a criação de novos produtos, processos e
a colaboração dos setores público e privado, mas também o serviços sejam desenvolvidos de modo a permitir e
aumento de oportunidades de atuação de seus professores e estimular a inovação e o investimento produtivo na região e
alunos no campo da ciência, tecnologia e inovação. É com no país;
esta motivação que o Polo de Pesquisa e Inovação da VII – destinar espaço para a instalação, em áreas da
UNICAMP foi proposto e será viabilizado, devendo se Universidade, de laboratórios de inovação e outras
tornar um importante mecanismo de indução do facilidades, adequadas à pesquisa colaborativa financiada
desenvolvimento acadêmico e social. Este desenvolvimento por parceiros externos, de modo a apoiar a colaboração e a
será pautado pelo compromisso de preservar o equilíbrio parceria entre a Universidade, empresas e outras
entre as diversas áreas do conhecimento, bem como a organizações nas atividades de pesquisa e capacitação
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. inovadora.
2. Finalidade
O Polo de Pesquisa e Inovação da UNICAMP tem como Publicada no DOE em 23/04/2010. Obs.: Alterada a
finalidade ampliar a interação com os Sistemas Nacional e denominação do atual Polo de Pesquisa e Inovação da
Regional de Ciência, Tecnologia e Inovação através da UNICAMP, pela Deliberação CONSU-A-028/2012.
ANEXO III: Exemplos de Questões das Entrevistas Realizadas.
139

1. A INOVA-UNICAMP foi criada no ano 2003. Qual era o cenário naquele ano?
2. Quais foram as primeiras ações para estruturar as iniciativas de inovação e empreendedorismo na Universidade?
3. Em 2006, o governo estadual instituiu o SPTec. Quais são suas considerações sobre os convênios firmados entre
a Unicamp e o Governo Estadual para a implantação do Parque como também seu credenciamento no SPtec?
4. No ano 2008 surgiram as primeiras iniciativas para o Parque da Unicamp. Quais eram as expectativas da Inova
no Projeto de Criação e Implantação e Parque?
5. Porque houve a iniciativa de implantar um Parque Científico e Tecnológico dentro da Universidade?
6. Quais foram os desafios enfrentados na obtenção de recursos para o Plano Urbanistico e para as primeiras
instalações do Parque?
7.Nos primeiros anos de implantação do Parque, quais eram os atores participantes?
8. Havia diálogo entre os atores participantes do processo de implantação do Parque e como se dava esse diálogo?
9. Quais eram as estratégias para atrair Empresas para o Parque?
10. Quais eram as perspectivas para as empresas da Incamp serem transferidas para os Prédios do Parque?
11. O Inovasoft faz parte do Parque da Unicamp? De que forma?
12. Como se deu a negociação para a elaboração e aprovação do projeto do LIB?
13. Você atuou como Diretor de Parcerias e Projetos Colaborativos, e, em seguida, como Diretor Executivo da
Inova. É possível fazer um resumo sobre os desafios e resultados do Parque durante sua gestão?
14. Visto que as instalações do Parque estão dentro do campus da Unicamp, quais seriam suas relações com o
CIATEC II, um seria alternativo ao outro?
15. Qual seria o papel do Governo do Estado? Para ele o Parque da Unicamp é substituto ao CIATEC ou integrado
a ele?
16. Qual seria o papel, em termos de financiamento e desenvolvimento em Pesquisa e Inovação, das Empresas e da
Unicamp no Parque?
17. Em seu Projeto Inicial, foi discutida a possibilidade de uma infrestrutura em que a Empresa ficasse
permanentemente no Parque? Ou seria apenas temporário?
18. Entende-se que, desde sua criação a Unicamp buscou conter uma estrutura especial que desse ênfase à pesquisa
tecnológica e mantivesse forte vínculo com o setor produtivo. Então, olhando para a trajetória da Unicamp. Na sua
visão, quais foram as primeiras ações para estruturar as iniciativas de inovação e empreendedorismo na
Universidade?
19. A Inova-Unicamp foi criada por meio da Resolução GR-051 no ano 2003. Qual era o cenário naquele ano, e,
desde então, na sua opinião o que se espera da atuação da referida Agencia de Inovação?
20. Em 2006, o governo estadual instituiu o SPTec. Quais são suas considerações sobre os convênios firmados
entre a Unicamp e o Governo Estadual para a implantação do Parque como também seu credenciamento no SPtec?
21. No ano 2008 surgiram as primeiras iniciativas para o Parque da Unicamp. Quais eram as expectativas da
Universidade no Projeto de Criação e Parque e como isso se relaciona com a liberação de recursos para sua
implantação?
22. No ano 2010 houve a Deliberação CONSU-A-2010. Como Membro do Conselho, como você pode avaliar a
importância da aprovação do Parque?
23. Porque houve a iniciativa de implantar um Parque Científico e Tecnológico dentro da Universidade?
24. Quais foram os desafios enfrentados na obtenção de recursos para o Plano Urbanístico e os primeiros prédios e
para as instalações do Parque?
25. Nos primeiros anos de implantação do Parque da Unicamp, quais eram os atores participantes? Havia diálogo
entre esses atores participantes do processo de implantação do Parque e como se dava esse diálogo?
26. Na sua visão, quais seriam as estratégias mais efetivas para atrair Empresas para o Parque da Unicamp?
27. Como a Unicamp deve relacionar-se com as empresas incubadas, filhas e âncoras. Quais as perspectivas para
essas empresas serem transferidas para os Prédios do Parque?
28. Quais são suas considerações sobre o Inovasoft? De que forma a experiência do Inovasoft é benéfica para a
implantação do modelo do Parque?
29. Quais são suas considerações sobre a negociação para a elaboração e aprovação do projeto do LIB e a vinda de
140

empresas como a Lenovo?


30. Visto que as instalações do Parque estão dentro do campus da Unicamp, quais seriam suas relações com o
CIATEC II, um seria alternativo ao outro?
31. Qual seria o papel, em termos de financiamento e desenvolvimento em Pesquisa e Inovação, das Empresas e da
Unicamp no Parque?
32. O SOFTEX Campinas participa do esforço conjunto da comunidade SOFTEX para a excelência do software
brasileiro. Comente sua carreira na Softex, se possível os principais desafios enfrentados.
33. Qual sua visão sobre a indústria de software de Campinas?
34. Você considera Campinas como um Polo Tecnológico? Na sua opinião, quais os elementos principais para
tornar a cidade uma referência em CT&I?
35. A SOFTEX oferece serviços especializados, viabiliza recursos e incentivos para que suas empresas se tornem
competitivas no mercado de software. Quais as estratégias do Softex para essas empresas?
36. Hoje, a SOFTEX promove a excelência da tecnologia nacional visando atender à demanda local e,
consequentemente, atingir o mercado global. Quais são suas considerações sobre a demanda local?
37. Em 1997 a Incubadora teve suas primeiras empresas incubadas. O Núcleo Softex Campinas desde a sua criação
até junho de 1999 estava instalado dentro do Instituto de Computação da UNICAMP. Como você descreve essa
parceria com a Unicamp?
38. Com o apoio da UNICAMP e o SEBRAE a Incubadora Softex oferece meios para que os projetos apresentados
possam transformar-se em protótipos, produtos e novos empreendimentos, na área de software, e assim criar
condições favoráveis para o desenvolvimento de empresas de base tecnológica. Na sua visão, quais as
potencialidades e desafios que a Incubadora enfrenta?
39. A Incubadora também oferece formas de acesso aos recursos nas entidades de fomentos, como Finep, CNPq,
Fapesp, Sebrae e etc. Quais as dificuldades enfrentadas para captar recursos?
40. No ambiente para a transformação de uma ideia em projeto, a Incubadora abriga novos negócios por um
período de três anos e oferece condições para que, depois de graduada, a empresa possa ser consolidada no
mercado. Quais suas considerações sobre o Modelo de Funcionamento da SOFTEX Campinas?
41. A Proximidade Geográfica com a Unicamp favorece o andamento do SOFTEX Campinas? De que forma?
42. Qual sua Visão sobre os Parques Científicos e Tecnológicos presentes na cidade de Campinas numa perspectiva
de relacionamento entre Universidade, Industria e Governo
43. Governo do Estado realizou um conjunto de ações afim de incrementar a cooperação entre o setor produtivo e
universidades. Quais são os desafios enfrentados nos momentos que precedem a instituição do SPTec no Decreto
50.504/06?
44. Em síntese, o Parque Tecnológico deve concentrar áreas específicas para a localização de empresas, instituições
de pesquisa e serviços de apoio. Atualmente, qual a importância para gestora do Parque em buscar seu
credenciamento no SPTec?
45. O Decreto 54.196 de 2009 regula os mecanismos para credenciamento dos Parques tecnológicos, e destina a
governança do SPTec à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia. Como foi esse processo?
46. No credenciamento provisório é demonstrada a existência de elementos adequados para a implantação do
Parque Tecnológico. No credenciamento definitivo o Parque é inserido no SPTec após demonstrar a adequação aos
requisitos do Decreto 54.196/09.nPor que o processo de credenciamento no SPTec ocorre em duas fases?
47. Hoje, o estado de São Paulo possui quantos Parques Tecnológicos credenciados em status provisório e quantos
Parques credenciados em status definitivo no SPTec?
48. Foi idealizado um manual para suportar o processo de credenciamento de parques tecnológicos junto ao SPTec,
o qual inclui quatro temas principais. Como são avaliados os pedidos de credenciamento?
49. Tanto no credenciamento provisório quanto no credenciamento definitivo, o que deve conter o documento
enviado a secretaria que será avaliado no Parecer?
50. Quais foram as suas primeiras ações, enquanto Diretor da Inova, para estruturar as iniciativas de inovação e
empreendedorismo na Unicamp?

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