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INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
LUCAS BALDONI
CAMPINAS
2015
NÚMERO: 272/2015
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
LUCAS BALDONI
CAMPINAS
2015
Agência de fomento: FAPESP
Nº processo: 2013/07702-0
Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca do Instituto de Geociências
Márcia A. Schenfel Baena - CRB 8/3655
EXAMINADORES:
Milton Santos
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Lucas Baldoni
ABSTRACT
Masters Degree
Lucas Baldoni
The aim of this Dissertation is to describe and analyze the entrepreneurial strategy of the "University
of Campinas" (UNICAMP) for the consolidation of "Unicamp Science and Technology Park". This
strategy is materialized, from 2008, when the UNICAMP takes the lead the implementation project of
the Science Park within its university campus, which focuses on gathering facilities dedicated to house
laboratories for carrying out R&D projects between research groups of UNICAMP and interested
companies. However, this Dissertation shows that the implementation of this innovation space, despite
having a much more explicit support from the University, faces major obstacles that must on the one
hand the lack of interest from Anchors Companies to invest significant resources in research
laboratories and on the other hand the lack of continuity of public policies encouraging the Science
and Technology Parks. It concludes that to achieve significant results in the long term and strengthen
relations between the University and Company a greater commitment of these actors is needed.
INITRODUÇÃO…...………………………………..………………………….....………...15
CONCLUSÕES.....................................................................................................................118
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................122
ANEXOS................................................................................................................................135
Anexo I: Resolução GR-051/2003, de 23/07/2003................................................................135
Anexo II: Deliberação CONSU-A-002/2010, de 23/04/2010................................................138
Anexo III: Exemplos de Questões das Entrevistas Realizadas .............................................139
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.2.1: Concentração dos Parques Científicos e Parques Tecnológicos no Brasil nos
Anos 1992, 2003 e 2013...........................................................................................................56
Figura 2.3.1: Municípios possuidores de Parques Tecnológicos conforme Status no Sistema
Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec) ..............................................................................63
Figura 2.4.1: Entorno do Parque Científico de Tecnológico da Unicamp ...............................73
Figura 2.4.2: Concentração das ICTs e dos Parques Científicos e Tecnológicos em Campinas
(SP) e a Localização das principais Rodovias ..........................................................................74
Figura 3.3.1: Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP no Campus Zeferino - Campinas
(SP) – Ano 2013 .......................................................................................................................97
Figura 3.3.2: Área do Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP no Ano 2005.............98
Figura 3.3.3: Projeto do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp...................................99
Figura 3.3.4: Área do Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP no Ano 2012...........100
Figura 3.3.5: Área do Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP no Ano 2015...........102
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 2.2.1: Distribuição da Área Física por Macrorregião do País (m²) .............................55
Gráfico 2.2.2: Número de Emprego nas Empresas por Nível de Qualificação.........................56
Gráfico 4.1.1: Quantidade Investimento conforme a Fonte de Recurso................................108
Gráfico 4.1.2: Destino dos Recursos para o Parque Científico..............................................109
LISTA DE QUADROS
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
GEOGRAFIA & INOVAÇÃO
Este Capítulo I apresenta o corpo teórico que embasa a Dissertação com o objetivo
contextualizar a Geografia da Inovação na ciência geográfica, além de caracterizar os modelos
de Parque Científico e de Parque Tecnológico como elementos de análise. Nesse sentido, têm-
se o aprofundamento sobre os principais temas e autores que estudam a dinâmica territorial do
desenvolvimento tecnológico. Também, este Capítulo I demonstra a caracterização dos
espaços de inovação, que inseridos na dinâmica urbana podem (ou não) atuar como
facilitadores para a inovação.
Sem dúvida, as geografias urbana e econômica são importantes, uma vez que
ambas se caracterizam como base para a Geografia da Inovação, pois considera-se que o
desenvolvimento tecnológico se materializa no espaço geográfico e, pode ser capaz de
gerar (ou não) desdobramentos tanto na dinâmica econômica, quanto urbana e social de
determinada localidade ou região, portanto, não se pode estudar a Geografia da Inovação sem
considerar os estudos em Geografia Urbana e Econômica. Também, não se pode estabelecer
análises em Geografia da Inovação sem a compreensão do fenômeno da globalização, uma
vez que se verifica a articulação entre as escalas de análise quando o assunto corresponde à
inovação tecnológica. Assim, embora o local possa nutrir de conteúdos outras escalas,
verifica-se que a Geografia da Inovação não prioriza apenas a escala local.
Nesse sentido, quando se observa o contexto global, a partir da segunda metade da
década de 1970, verifica-se que os geógrafos passaram a ter maior preocupação com a
problemática social, de vez que o desenvolvimento industrial passou a exercer grande impacto
sobre a natureza e a sociedade. Nesse sentido, os anos 1970 mudaram os eixos das
interpretações das questões urbanas e econômicas. Por exemplo, Castells (2008) e Harvey
(2004) que deram as formas iniciais às formulações críticas dos estudos urbanos e regionais
de cunho marxista, enquanto Lefebvre (2004, 2008) abordou a questão da transformação do
rural ao urbano, o direito à cidade, a vida cotidiana no mundo moderno, o capitalismo
burocrático de consumo dirigido e, sobretudo, buscou entender como o capitalismo sobrevivia
e materializava-se no espaço.
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Na dialética entre as escalas “global vs. local” Diniz e Gonçalves (2005), afirmam
que a ironia da globalização amplia e integra o mercado, mas, paralelamente, o processo de
inovação continua baseado nas regiões e localidades, as quais se tornam fator-chave e
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estratégico na competição. Para Vale (2009), é principalmente a partir da década de 1970, que
houve o aumento da importância da CT&I para a evolução dos sistemas econômicos e que a
troca de informação, a proximidade e o conhecimento, constituíram elementos centrais para
a competitividade das empresas e para o desenvolvimento das economias locais e regionais.
Nesse contexto, verifica-se que o surgimento dos clusters regionais e novos
distritos industriais da era pós-fordista observados nos estudos de Porter (1990) e Markusen
(1996). Tais análises, segundo Ashein e Gertler (2004) podem motivar inúmeros estudos em
geografia econômica afim de compreender o papel central das instituições e organizações na
promoção do crescimento regional em matéria de inovação.
Pode-se afirmar que houve o interesse ainda maior dos geógrafos pela
concentração espacial de atividades intensivas em conhecimento e inovação, embora a grande
parte das infraestruturas e espaços de CT&I tenham se intensificado no cenário urbano de
algumas cidades do Brasil e do mundo principalmente a partir da década de 1990, como
exemplo, a instalação de Parques Científicos e Parques Tecnológicos, que ancorados em
elementos tangíveis e intangíveis, tais como: proximidade geográfica; fontes de
conhecimento; canais de circulação de informação; cultura empreendedora; lógica de
interação; e, apoio político em CT&I, podem reduzir a incerteza e os riscos associados à
inovação tecnológica. Neste estudo, ressalta-se os elementos: proximidade geográfica e
cultura empreendedora, identificados como um dos mais importantes na consolidação de
Polos Tecnológicos.
Polenske (2007) reuniu pesquisadores nas áreas de geografia econômica, estudos
de inovação, planejamento e políticas de tecnologia para revelar que novos conceitos
ultrapassam as estimativas acerca da inovação e o conhecimento dentro e entre empresas,
regiões e nações, como exemplo, a cultura de algumas regiões. E, através desses novos
olhares, chegamos nas considerações de Storper (1997), onde afirma que cada vez mais,
grande parte da mudança tecnológica se desenvolve dentro de um contexto territorial e a
proximidade pode ser a causa e não resultado da mudança tecnológica.
No que tange à proximidade geográfica como fator relevante para inovação, Scott
e Storper (1986), consideram que a razão para que essas atividades se aproximem
geograficamente consiste no seu anseio de minimizar os custos, pois o contato com
fornecedores e clientes pode aumentar as chances de encontrar os insumos necessários e
escoar seus produtos finais com maior eficácia. Agrawal e Henderson (2002) e Colyvas et al
(2002) afirmam a importância dos canais de transferência de conhecimento, que são
beneficiados devido à proximidade geográfica. Esses canais, segundo, Cohen et al (1998,
32
2002) são as atividades que envolvem a estratégia de cooperação, por exemplo, entre o meio
acadêmico e o setor produtivo. Essas atividades, de acordo com Lester (2005) aumentam a
capacidade de desenvolver o espaço local e regional.
Segundo Boschma (2005) deve-se isolar analiticamente os efeitos da proximidade
geográfica a fim de determinar se ela realmente importa no processo de inovação. Nesse
sentido, Garcia et al (2014) consideram que a proximidade não é a condição necessária, pois
quando as empresas precisam de soluções mais específicas e complexas para seus processos
de inovação, elas procuram interagir, por exemplo, com os grupos de pesquisa de maior
qualidade acadêmica mesmo que tenham que percorrer distancias maiores.
Além da proximidade geográfica, vista por Boschma e Martin (2010) como
fundamental para a produção, transmissão e partilha de conhecimento tácito entre as
empresas, deve-se analisar também a presença intrínseca de outros componentes específicos
para que a inovação aconteça, como a cultura empreendedora de algumas regiões.
Nesse sentido, com um olhar para além da proximidade geográfica, Saxenian
(1994), elaborou um estudo para explicar por que a região do Silicon Valley foi capaz de
acompanhar o ritmo acelerado do progresso tecnológico na década de 1970, enquanto as
empresas verticalmente integradas da Route 128 não o acompanharam. Seus argumentos
indicam que a chave consistia na forma descentralizada de organização e a cultura
empreendedora de cooperação e competição através da partilha de informação do Silicon
Valley, elementos que foram os diferenciais para o avanço da região, especificamente, no
entorno da Universidade de Stanford. Essa cultura empreendedora é de importância no
processo de consolidação de um Parque Científico e Tecnológico, como será verificado no
decorrer desta Dissertação de Mestrado.
Sobre as diferenças na história e cultura das duas regiões no período após a 2ª
Guerra Mundial, destaca-se que a estratégia empreendedora da Universidade de Stanford, a
liderança corporativa e o capital de risco foram influências chave no processo. Ambas as
regiões, Route 128 (região de Boston) e Silicon Valley, tinham universidades com vocação
para pesquisa e formação de recursos humanos qualificados. Mas, em comparação com o
MIT, a Universidade de Stanford, incentivou o empreendedorismo de seus alunos e
professores. A liderança de capital de risco do Silicon Valley permitiu a transferência de
habilidades e conhecimentos da Universidade para as empresas, ao passo na Route 128 as
fontes mais tradicionais de financiamento tinham pouco conhecimento técnico sobre novos
empreendimentos tecnológicos. Assim, em síntese, a cultura corporativa no Silicon Valley
moveu compartilhamento de informações e conhecimentos, enquanto as empresas localizadas
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na Route 128 procuraram proteger a sua propriedade intelectual, provocando seu declínio.
(SAXENIAN, 1994)
Feldman (1994), demonstra, através da análise empírica sobre regiões com
potencial de CT&I, a relação entre a localização das novas inovações de produto e as fontes
de conhecimento. Aqui, a proximidade pode possibilitar a transferência de informações e
reduzir os riscos e os custos no desenvolvimento das atividades de inovação, pois o local
de inovação de produtos está relacionado com a infraestrutura tecnológica subjacente a ele e a
localização estratégica das fontes de conhecimento reforça as entradas (in puts) de
conhecimento que muitas vezes definem as vantagens competitivas de determinado local ou
região.
Ainda, a literatura econômica se concentra nos incentivos que motivam as
empresas a se envolverem em atividades inovadoras. Mas, Dosi (1988), Lundvall (1988) e
Thomas (1985) afirmam que a inovação pode ter uma forte dimensão geográfica e Jaffe
(1989) demonstra que a P&D industrial e a pesquisa de universidades estão geograficamente
correlacionados e que os spillovers de conhecimento podem influenciar a localização dos
produtos tecnológicos (outputs), por exemplo, as patentes. Por isso, destaca-se a importância
de uma análise geográfica acerca da inovação.
Geographers have long been concerned with issues related to the location of
innovative activity. Much of the prior work on the location of innovation has
implicitly taken the perspective of a company scanning the landscape to find
the optional site. This type of formulation does not recognize the capacity of
a region to facilitate and enhance industrial activity. (FELDMAN, 1994, p.4)
impactos territoriais, que sem dúvida devem ser exploradas pelos geógrafos brasileiros,
sobretudo, nos trabalhos em Geografia da Inovação.
Os temas e autores tratados neste item devem estar presentes na ciência
geográfica, uma vez que os determinantes da distribuição espacial dos setores mais intensivos
em tecnologia, no Brasil e no mundo, procuram espaços estratégicos para ativar o potencial
de inovação. Assim, o avanço tecnológico gera uma composição territorial constituída de
empreendimentos envoltos por determinada cultura empreendedora participante (ou não) de
sua lógica e dinâmica de funcionamento. Os Parques Científicos, os Parques Tecnológicos e
demais espaços de inovação são elementos constituintes dos Polos Tecnológicos e,
consequentemente, dos Sistemas de Inovação, que se materializam na dinâmica urbana de
algumas cidades como Campinas.
1
Empresa nova, embrionária ou ainda em fase de constituição, que conta com projetos promissores, ligados à
P&D de ideias inovadoras. No Collins Dictionaries corresponde “a business enterprise that has been launched
recently”.
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Negócios atua para alimentar o espírito empreendedor, dar suporte à criação, desenvolvimento
e consolidação das EBTs; auxiliar na transformação do conhecimento gerado em produtos,
processos e serviços; formar empresários vinculados à UNICAMP afim de fortalecer e
valorizar a interação UNICAMP-Empresa; e incentivar a aplicação do capital humano gerado
pela UNICAMP. Por fim, este espaço de inovação, localizado na UNICAMP, possui como
instituições de apoio o SEBRAE, FUNCAMP, FINEP, CNPq e FAPESP. Segundo Inova-
Unicamp (2014) esse espaço de inovação possui o histórico de 44 empresas já graduadas.
Ainda, destaca-se que a INCAMP está em processo de mudança para o prédio denominado de
“Centro de Inovação” localizado no “Parques Científico e Tecnológico da Unicamp”.
As Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs) também podem ser
caracterizadas como espaços de inovação visto que suas infraestruturas também permitem a
somatória entre aparatos técnicos e recursos humanos qualificados capazes de desempenhar
atividades inovativas. Em síntese, as ICTs são entidades cuja missão institucional consiste em
executar atividades de ensino, pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou
tecnológico. Entendidas como um espaço de inovação, as ICTs podem localizar-se dentro do
perímetro urbano e realizar ações via parcerias em projetos de P&D facilitados pela
proximidade geográfica com outras fontes de conhecimento.
As ICTs, assim como os centros de inovação privados, contribuem em atividades
de pesquisa básica ou aplicada. Estes espaços de inovação são mais participativos no processo
de definição de políticas públicas e conscientes sobre a importância da proteção das
tecnologias desenvolvidas. A Lei 10.973/2004 (Lei de Inovação), trouxe o reconhecimento da
participação das ICTs no processo de inovação e de proteção do conhecimento. Ainda, o
potencial para a participação das ICTs no desenvolvimento de inovações é significativo e são
consideráveis os avanços verificados até o momento, pois esses espaços de inovação passaram
a incorporar conceitos antes restritos ao meio privado e ampliaram os seus horizontes de
atuação. Desse modo, verifica-se que as interações entre as ICTs e o setor privado também se
tornaram mais frequentes e organizadas, com parcerias de médio e longo prazo.
Segundo o CNPq até o ano 2010 o Brasil consolidou o número de 452 ICTs, com
27.527 Grupos de Pesquisa e 128.892 Pesquisadores, 81.726 doutores, ou seja, 63 % do total
de Pesquisadores. A cidade de Campinas possui ICTs de renome, dentre elas destaca-se a
UNICAMP como um ator importante não apenas na produção e transferência tecnológica,
mas também, nas decisões no âmbito de políticas de CT&I. Por exemplo, o “Centro de
Tecnologia da Informação Renato Archer” (CTI Renato Archer), fundado em 1982 na cidade
de Campinas, realiza atividades de P&D em diversas áreas relacionadas à “Tecnologia da
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Informação” (TI). Com uma infraestrutura imersa no cenário urbano da cidade, o CTI possui
relações com os setores acadêmico e produtivo. Outro exemplo, ainda na cidade de Campinas
é o “Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais” (CNPEM), uma organização
Social desde 26 de novembro de 1997, instituída pelo “Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação” (MCTI). O histórico dessas ICTs será visto com mais detalhe no Capítulo II desta
Dissertação.
Por último, em especial, principalmente neste estudo, tem-se como principal
espaço de inovação os Parques Científicos e os Parques Tecnológicos que se caracterizam
como empreendimentos espontâneos ou planejados, em área pública ou privada, destinados à
instalação de grandes empresas (empresas âncoras) e, também, preparados para as médias
(startups) e pequenas empresas inseridas nas Incubadoras de EBTs. A região do Silicon
Valley é considerada, segundo Lalkaka e Bishop (1995), pioneira no que tange a consolidação
de Parques Tecnológicos e Parques Científicos, tendo como experiência o Parque da
Universidade de Stanford, que no início chamava-se “Stanford Industrial Park”, mas que a
partir da década de 1970 passou a ser chamado de “Stanford Research Park”, sendo esta
alteração na nomenclatura um avanço que distingue o modelo do Parque.
Esses modelos de Parque são espaços de inovação e, em geral, possuem a mesma
função, que segundo Oliveira (2009), consiste em oferecer condições favoráveis de
localização, além de fornecer o suporte técnico e científico visando alavancar o processo de
desenvolvimento e criar o ambiente inovador para que EBTs possam se instalar e se
desenvolver. Entretanto, embora a literatura neste tema utilize corriqueiramente o apenas
termo “Parque Tecnológico”, cabe, neste estudo, afirmar a diferença entre os modelos de
Parque Tecnológico e o Parque Científico, pois muitas vezes, os conceitos se confundem entre
as bibliografias e eventos sobre essa temática.
A literatura internacional refere-se aos modelos de “Parques Científicos” para
apontar a presença da Universidade como ator institucional importante para determinado
Parque. No Brasil, a literatura utiliza com maior frequência o termo de “Parque Tecnológico”.
Esse fato deve-se a construção de Parques com foco em empresas. Também, verifica-se a
existência de outros modelos de Parques, o Quadro 1.3.2 reúne e descreve cada um desses
tipos de Parques.
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CAPÍTULO II
PANORAMA DOS PARQUES CIENTÍFICOS E
PARQUES TECNOLÓGICOS
comerciais. Nesse território, tem-se uma série de benefícios, tais como baixo custo de vida,
serviços de utilidade, segurança e manutenção da infraestrutura. Em consequência desse
esforço, uma enxurrada de outras corporações faria do Stanford Industrial Park um dos
endereços mais respeitados na costa oeste, dando à região um conjunto de empresas de grande
nome capazes de rivalizar com qualquer outro aglomerado, por exemplo, a Route 128. Assim,
empresas inovadoras, tais como: General Electric, Eastman Kodak e Lockheed estavam entre
dezenas de outras grandes empresas que também aderiram aglomerado, como a Varian e HP,
transformando Silicon Valley em um espaço contemporâneo ultramoderno.
Silicons Valley’s origins are typically traced to the founding of the Hewlett-
Packard Company (HP) in 1937. The small Palo Alto garage were two
Stanford graduate students in electronics instrumentation business has
become a Silicon Valley landmark. The legend surrounding the company’s
origins captures the key elements of the region’s ascent, particularly the
distinctive role played by Stanford University and the value placed on
entrepreneurship. (SAXENIAN, 1994, p. 20)
Nos anos 2000, o Stanford Research Park agregou um conjunto 150 empresas
com 23.000 empregados. A área corresponde à 700 acres com aproximadamente 10 milhões
de m². Ainda, verificou-se neste estudo que, o Stanford Research Park possui espaço para
escritórios e instalações em 162 edifícios para empresas do setor de eletrônica, biotecnologia,
hardware e software de computador; além de escritórios de advocacia e empresas de
consultoria.
O modelo de Stanford foi replicado em varios territórios, inclusive no Brasil, cuja
realidade histórica e geográfica apresenta-se diversa do Silicon Valley. No Brasil, as relações
entre Universidades e Empresas desenvolveram-se tardiamente. De acordo com Righi (2009),
a trajetória histórica da base científica e industrial do Brasil evidencia a divergência entre os
interesses dessas duas comunidades. A distância entre universidades e empresas é explicada
pelas políticas contraditórias observadas ao longo da história, que fizeram com que não
houvesse a aproximação entre esses dois atores. Kunz (2003), também afirma que o contexto
histórico da relação universidade-empresa brasileiro se deve a construção tardia de um
Sistema Nacional de Inovação somada a falta de estabilidade política governamental. Desse
modo, o Brasil montou sua base institucional para também desenvolver-se no que tange a
interação Universidade e Empresas, e consequentemente, na consolidação de seu Sistema
Nacional de Inovação. Para tanto, houve a integração da política científica no planejamento
do Estado e uma série de mecanismos que visavam a implantação de infraestrutura (espaços
de inovação) para o desenvolvimento da CT&I.
No Brasil, a falta de investimentos acentuou o deslocamento dos recursos
destinados às universidades fazendo com que elas começassem a procurar outras fontes de
recursos. Somente a partir de 1985, em meio às constantes flutuações políticas do Estado foi
criado o “Ministério da Ciência e Tecnologia” (atual MCTI) para a expansão da infraestrutura
e desenvolvimento de recursos humanos. O acesso a uma ampla base científica e tecnológica
tornou-se uma necessidade vital para as empresas na busca de cooperação, seguindo uma
tendência internacional, entretanto, as multinacionais, não instalaram no Brasil seus centros
de P&D devido à incipiente capacidade de inovar.
Com base no modelo de Stanford, verifica-se segundo Steiner, Cassim e Robazzi
(2012) que é típico no Brasil e no mundo que os Parques se localizem próximos a
Universidades devido à presença maior de geradores de conhecimento e, principalmente, de
recursos humanos altamente qualificados. Tal proximidade geográfica pode gerar sinergias e
oportunidades de maneira mais veloz, visto que o país se despertou tardiamente para a
inovação. E, muitas vezes, nota-se que apesar de possuir locais com boa capacidade de gerar
50
conhecimento, não foi capaz de produzir, concomitantemente, uma política eficaz de uso do
conhecimento, sendo esta última afirmação correspondente à realidade de Campinas,
observada no presente estudo.
Assim como aconteceu em Campinas, verifica-se que no Brasil, principalmente a
partir da década de 1990, algumas ICTs surgiram como ator institucional importante na
constituição de Polos Tecnológicos. Neste momento, pode-se observar que algumas ICTs
deixaram de fechar-se em si e começaram a executar atividades ligadas ao setor produtivo,
sobretudo, aquelas ligados à produção de tecnologia. E, segundo Chaves (2009), como
aconteceu na região do Silicon Valley, um crescente número de acadêmicos tem participado
ativamente na criação de suas próprias empresas, assumindo funções de gestores na
elaboração dos seus planos de negócio e procura de capital através de parcerias com
empresas. Contudo, entende-se neste trabalho que os recursos privados não constituem na
solução dos problemas das ICTs, sobretudo das Universidades, no que tange a busca por
recursos financeiros.
De fato, inúmeras são as iniciativas para implantação de Parques como o de
Stanford, que se apoiam na proximidade geográfica para estreitar as relações entre
universidade e empresas, que atualmente deslocam seus esforços para estabelecer parcerias,
ou, no caso, do Brasil, alavancar este processo. Percebe-se que há uma estratégia de cunho
empreendedor de algumas universidades brasileiras como a UNICAMP, que objetivam cada
vez mais criar mecanismos cooperativos com o setor produtivo, mesmo que ainda não
consigam obter respostas rápidas aos desafios lançados.
Embora o caso Stanford seja virtuoso, sua realidade apresenta-se diferente do
Brasil, por isso, pode-se afirmar que a réplica do modelo de Stanford não obteve resultados
expressivos. Também, nota-se que os recursos de empresas não vão contribuir totalmente para
resolver os problemas das Universidades brasileiras, pois o cerne da questão está na cultura
empreendedora, que de fato, não é caraterística dos Polos Tecnológicos, como o caso de
Campinas. Assim, o “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” inserido no Campus
universitário pode vir a facilitar, mas, não criar as condições para inovação a curto e médio
prazo. Porém, torna-se valido perceber quais foram as lições deixadas pelo modelo de
Stanford, no que tange à sua estrutura institucional e territorial para aplica-las ao nosso
contexto, conforme nossa realidade.
51
2
No Brasil, geralmente são empresas de grande porte, nacionais ou extrangeiras, que são capazes de dinamizar o
Parque e funcionar como vetor para novas parcerias e novos negócios.
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Figura 2.2.1: Concentração dos Parques Científicos e Parques Tecnológicos no Brasil nos Anos 1992, 2003 e
2013. Fonte: Lahorgue (2004), MCTI, CDT/UnB (2013). Elaboração Própria.
(SPTec), sobre a qual muitos Parques instalados nos municípios do estado buscam
credenciamento, por exemplo, os cinco Parques da cidade de Campinas.
2.3. As Iniciativas do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec).
No ano 2002, com objetivo de ampliar sua capacidade em CT&I, o governo do
Estado de São Paulo, por meio de sua “Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,
Tecnologia e Inovação”, organizou um grupo de pesquisadores para estudar o funcionamento
dos Parques Tecnológicos. E, o resultado desses estudos trouxe, em fevereiro de 2006, o
“Sistema Paulista de Parques Tecnológicos” (SPTec), através do Decreto n° 50.504, que em
síntese consiste na ação de apoio e suporte ao desenvolvimento de Parques no Estado
objetivando atrair investimentos e gerar novas empresas intensivas em conhecimento.
No início o foco era apoiar cinco Parques nas cidades de Campinas, São Carlos,
São José dos campos, Ribeirão Preto e São Paulo. Em seguida, conforme Zouain et al (2013),
por meio do Decreto 54.196/09, foram redefinidos os critérios para o credenciamento de
outros Parques no SPTec, quer em caráter provisório, quer em caráter definitivo. Esse
credenciamento consiste em um reconhecimento institucional capaz de dar maior visibilidade
e credibilidade ao Parque. Também, nos termos do Decreto 58.768, de 20/12/2012, há
incentivos fiscais para empresas instaladas nos Parques Tecnológicos do SPTec.
Entende-se que o SPTec pode incentivar esses espaços de inovação que disponham
de centros geradores de conhecimento e potencial de empreendedorismo. Assim, o SPTec
procura promover o ambiente favorável para oferta e demanda de CT&I, impulsionando o
desenvolvimento e a competitividade de São Paulo nos mercados nacional e internacional.
De acordo com Steiner, Cassim e Robazzi (2012), o SPTec foi instituído pelo
governo paulista com o objetivo de estruturar uma política que incentive a criação e a
articulação de Parques no Estado de São Paulo. Para isso é necessário articular os três níveis
do poder público, os diversos setores da academia e o setor privado, tanto o industrial como o
de serviços e o imobiliário.
Para fazer parte do SPTec, o governo local, a Universidade, em geral, a entidade
gestora do Parque deve encaminhar um ofício à “Secretaria de Desenvolvimento Econômico,
Ciência, Tecnologia e Inovação” do Estado de São Paulo solicitando sua inclusão no SPTec,
em seguida, após a aprovação dos documentos, o credenciamento será efetuado por meio de
uma resolução válida por dois anos. A partir do credenciamento provisório, já se torna
possível a unidade de gestão do Parque pleitear recursos financeiros, principalmente para
realização de estudos necessários para implantação. Desde já, pode-se destacar que o
60
3
Entrevista Realizada em 10 de Fevereiro de 2015 com a Subsecretária de CT&I do Estado de São Paulo.
61
Figura 2.3.1: Municípios possuidores de Parques Tecnológicos conforme Status no Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec) Fonte: Secretária de Desenvolvimento
Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (2014).
64
Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo.
65
uma tradição em termos de pesquisa que a habilitava a ter um Parque Tecnológico. (SILVA,
2010)
A elaboração da política do Polo e Parque de Alta Tecnologia de Campinas
(PATC) remonta ao começo dos anos 1980 e esse processo procede até o
presente. O ator dominante nesse processo são os membros da comunidade
de pesquisa, sobretudo os da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). (SILVA, 2010, p.94)
principalmente movidos pelos Parques da “CIATEC Polos I e II” perderam seus objetivos
devido principalmente à troca de gestão do governo local.
A ação conjunta das ICTs de Campinas acontece com a participação e apoio da
referida FFC, que vêm trabalhando como meio de interlocução, integração e coordenação,
principalmente, segundo constatado em entrevista4 entre os Parques e o Governo. Desta
forma, entende-se que o olhar sobre a trajetória histórica de Campinas nos permite analisar
que o esforço inicial para a viabilização de diversas iniciativas voltadas para melhor
aproveitamento das capacidades locais não foi suficiente para estabelecer uma nova dinâmica
de atuação. Neste contexto, destacam-se as ICTs, como a UNICAMP, que resolveram assumir
este protagonismo no sentido de criar as bases necessárias para uma mudança de paradigma
em termos de relacionamento, integração e desenvolvimento.
Dentre os exemplos de ICTs que tentam consolidar seus próprios Parques, insere-
se o “Parque Tecnológico CTI-Tec”, criado pela Portaria n° 877 do MCTI em 2010, com
implantação estabelecida na sede do referido CTI, localizado da Rodovia D. Pedro I, km 143,
em Campinas. A criação do “CTI-Tec” decorreu da necessidade de viabilizar a sinergia entre
empresas, ICTs e organizações de direito privado sem fins lucrativos que atuam em setores
tecnológicos de interesse do País, por meio de compartilhamento de infraestrutura,
conhecimentos, tecnologias e serviços tecnológicos na área de TICs.
A possibilidade de criação de tantos Parques em Campinas é fruto da política do
Governo do estado de São Paulo através do SPTec. A atuação conjunta passou a ser
exercitada e facilitada pela necessidade imediata de integração para o desenvolvimento
efetivo dos Parques Tecnológicos da cidade, por exemplo, através do credenciamento no
referido SPTec. Com isto, a necessidade de cultivo de um ambiente interativo entre os agentes
que o compõe passa a ser compreendido e valorizado.
Conforme entrevista5, a efetiva consolidação de um Polo Tecnológico em
Campinas não se limita à presença de um bom aparato de CT&I, mas também no
estabelecimento de uma boa infraestrutura urbana e social, visando proporcionar alta
qualidade de vida para seus habitantes na escala regional. Isto se justifica em função de que o
elemento principal de uma região pautada na economia do conhecimento é o fator humano.
Ou seja, é preciso formar ou atrair e, sobretudo, manter recursos humanos altamente
capacitados.
4
Entrevista Realizada em 28 de Janeiro de 2014 com Diretor do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”
5
Entrevista Realizada em 28 de Janeiro de 2014 com o Diretor do “Parque Científico e Tecnológico da
Unicamp”
72
Figura 2.4.1: Entorno do Parque Científico de Tecnológico da Unicamp. Org. Baldoni (2014).
Figura 2.4.2: Concentração das ICTs e dos Parques Científicos e Tecnológicos em Campinas (SP) e a Localização das principais Rodovias. Org. Baldoni (2014)
75
Verifica-se nas Figuras 2.4.1 e 2.4.2 que a relação de proximidade geográfica pode
ser capaz de promover diversas ações entre os espaços de inovação. Neste caso, a proximidade
visa proporcionar a maior aproximação e integração entre atores inseridos no recorte espacial
utilizado neste estudo, uma vez que a justificativa de localização, verificada nas entrevistas,
destaca a proximidade geográfica como um fator importante no processo de consolidação do
“Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” bem como os outros inseridos no seu entorno.
Mais recentemente, pós o ano 2010, com a criação e efetiva estruturação dos Parques
em Campinas, foi possível de institucionalizar o relacionamento entre as partes, por meio dos
primeiros instrumentos jurídicos, na forma de “Acordos de Cooperação e Convênios”, por
exemplo, o “Programa Agropolis Campinas”, que estabelece uma plataforma de relacionamento
entre os espaços de inovação de Campinas afim de ampliar a competitividade dos membros e
parceiros que se incorporarem ao Programa através da participação em rede internacionais de
conhecimento. Esses Acordos podem constituir a base de diálogo e uma pauta bem definida e
focada de ações a serem realizadas. Nesse sentido, verifica-se que, com a possibilidade de criação
de seus próprios Parques, como no caso da UNICAMP, as ICTs passaram a ser elementos
protagonistas neste processo e tiveram uma importância cada vez maior em Campinas. Os
Parques, ao mesmo tempo em que são importantes instrumentos de atração de novas empresas e
investimento, auxiliam no exercício de integração, motivando a discussão de políticas públicas.
Porém, verificou-se em entrevista6 que os Parques de Campinas vêm buscando seu
credenciamento definitivo no “Sistema Paulista de Parques Tecnológicos” (SPTec) de forma
isolada, ou seja, apesar das estratégias para ação conjunta, por exemplo, o credenciamento
provisório no SPTec possibilitado pela FFC, ainda, nota-se que, a vaidade das unidades gestoras
consiste em um obstáculo a ser enfrentado. Tal obstáculo impossibilita o diálogo entre os atores,
fato que resulta em umas das dificuldades de se estabelecer um Polo Tecnológico.
O “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” consiste em mais uma inciativa,
porém, da própria UNICAMP, que busca, através de uma estratégia de caráter empreendedor,
estreitar as relações com as empresas e outras ICTs de Campinas e região. Destaca-se que a
iniciativa de se criar tantos Parques em Campinas, liderados por ICTs de renome, tem auxiliado a
superar as barreiras existentes até o momento para a integração dos atores e a promoção do
trabalho sinérgico afim de torna-los empreendimentos exitosos e, em função disto, estes
6
Entrevista Realizada em 28 de Janeiro de 2014 com o Diretor do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”
76
CAPÍTULO III
O PARQUE CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO DA UNICAMP
[...] ela foi fundada em 1966 com opção pela pesquisa aplicada, pela pós-
graduação e por uma vinculação com o setor privado. Ou seja, seu projeto
institucional contemplava explicitamente a disposição em contribuir para o
desenvolvimento industrial, interagir com a área empresarial e participar da
resolução das questões tecnológicas do país. (BRISOLLA ET AL, 1997, p. 192)
Sem dúvida, o marco legal da criação da INOVA-UNICAMP consiste no ponto importante para
este estudo, pois mostra que a estratégia da Universidade ultrapassa a consolidação do “ Parque
Científico e Tecnológico da Unicamp”.
pelo governo local na década de 1990. No estudo, foi realizado um levantamento de toda a
questão fundiária das fazendas que pertenciam à área com o objetivo de estabelecer uma parceria
com a Prefeitura Municipal, para que este Projeto do Parque fosse proveniente de uma parceria
também com o governo local. Mas, neste período não havia um diálogo efetivo com o governo
municipal, que resultou na perda desta parceria.
No entanto, nesta etapa em que se perdeu o diálogo com o governo local, surgiu a
ideia de construir um Parque Tecnológico da UNICAMP. Esse Parque seria externo ao Campus
da UNICAMP e a própria Universidade iria cuidar da gestão e, só a proximidade geográfica seria
o suficiente. Entretanto, com a impossibilidade de realizar um Parque com a Prefeitura, viu-se a
oportunidade que do Governo do Estado (mesmo antes do SPTec) financiar este tipo de
empreendimento.
Entende-se que a estrutura de gestão da INOVA-UNICAMP é de vital importância
para a resultado final, ou seja, o Parque Científico. Neste primeiro momento de criação da
Agência, verifica-se que a “Diretoria de Parques Tecnológicos e Incubadoras” buscou o
conhecimento de outros modelos de Parques através da participação em eventos, por exemplo, da
IASP e ANPROTEC. Assim, o conhecimento de outras realidades permitiu a formulação do atual
Modelo de Ocupação do Parque. A seguir, conforme Inova-Unicamp (2004), podem ser
observadas ações da Diretoria no ano 2004.
7
Entrevista Realizada em 6 de Janeiro de 2015 com Diretor do Núcleo SOFTEX Campinas.
84
empresários locais. Esse escritório possui um dos maiores e mais completos portfólios de ação do
SOFTEX, cujo foco consiste em EBTs na área de TIC. A atuação principal é na Região
Metropolitana de Campinas (RMC), mas também possui parcerias em todas as mesorregiões do
Estado de São Paulo.
8
Entrevista Realizada em 17 de Dezembro de 2014 com Docente do IC/UNICAMP com Projeto no INOVASOFT.
85
INOVASOFT surgiu com a cessão do espaço do piso térreo do prédio então ocupado unicamente
pelo “Núcleo SOFTEX Campinas”. O Professor Brito Cruz, então reitor da UNICAMP, cedeu o
espaço para a instalação de laboratórios de pesquisa do Instituto de Computação (IC) em
conjunto com empresas. A negociação foi difícil porque uma parte do piso térreo estava sendo
utilizada pela “Comissão de Vestibulares da Unicamp” (COMVEST) para armazenar provas
antigas, que por lei devem ser preservadas, e foi preciso encontrar espaço alternativo para
armazenar os documentos. A própria SOFTEX-Campinas, que ocupava outros andares, tinha
outros planos para o espaço (um auditório) e demorou para retirar o material acumulado no piso
térreo.
O INOVASOFT oferece: a) prédio de 793,73 m²; b) salas individuais para residência
de projetos de empresas em parceria; c) localização estratégica, pois está instalado em área
contígua ao Campus e insere-se no “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”; d) acesso
facilitado a alunos e professores; e) próximo a restaurantes, agências bancárias e outros serviços.
9
Entrevista Realizada em 17 de Dezembro de 2014 com Docente do IC/UNICAMP com Projeto no INOVASOFT.
86
10
Entevista realizada em 14 de Maio de 2014 com Ex-Diretor Executivo da INOVA-UNICAMP.
87
11
Entrevista Realizada em 8 de Maio de 2015 com o Atual Diretor Executivo da INOVA-UNICAMP.
95
de controlar o acesso às instalações de seus laboratórios. Desse modo, considera-se, neste estudo,
que a parceria entre a Empresa e UNICAMP deve ser bastante vantajosa para ambos os lados. Tal
relacionamento trará resultados efetivos se cumprir com os interesses das Empresas e da
Universidade, que são respectivamente, realizar atividades lucrativas de P&D e de propiciar
qualificação de alto nível para seus estudantes através de práticas de P&D com o setor produtivo.
Pode-se expressar a forma como uma estrutura revelada. Sendo mais visível, ela
é, aparentemente até certo ponto, mais fácil de analisar que a estrutura. As
formas ou artefatos são o resultado de processos passados ocorridos na estrutura
subjacente. Todavia, divorciada da estrutura, a forma conduzirá a uma falsa
análise: com efeito, formas semelhantes resultaram de situações passadas e
presentes extremadamente diversas. A refletir os diferentes tipos de estrutura, aí
estão as diferentes formas reveladas – naturais e artificiais. Ambas estão sujeitas
a evolução e, por esse meio, as formas naturais podem tornar-se sociais.
(SANTOS, 1997, p. 51)
Figura 3.3.1: Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP no Campus Zeferino - Campinas (SP) – Ano 2013.
Fonte: Imagem CNES/Astrium de 16 de Abril de 2013 obtida no Google Earth.
De início, o Parque não era concreto, ou seja, sua infraestrutura não estava
materializada no Campus da UNICAMP, conforme mostra a Figura 3.3.2, e, consequentemente,
não possuía a forma atual. Porém, coloca-se que as ações para a consolidação do Parque
tornaram-se cada vez fortes após o ano 2008, inclusive o argumento da proximidade geográfica
como ponto fundamental para fixação do Parque Científico no interior do Campus.
98
Figura 3.3.2: Área do Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP no Ano 2005. Fonte: Imagem DigitalGlobe de
22 de abril de 2005 obtida no Google Earth.
Após o momento de inflexão ocorrido no ano 2008, proposto por este estudo,
verifica-se que os anos seguintes também foram de grande importância no fortalecimento da
estrutura, na constituição da “forma” e na consolidação do “Parque Científico e Tecnológico da
Unicamp”.
No ano 2009, a UNICAMP tornou público os três projetos que compõem o esforço
inicial para a criação do Parque. Esses projetos foram assinados com o Governo do Estado, cujos
investimentos serão explorados com maior detalhe no Capítulo IV. Também, no mesmo ano, a
equipe de “Coordenadoria de Projetos e Obras da Unicamp” (CPO) trabalhou em um estudo
preliminar de apoio para a elaboração dos projetos, onde foi realizado o levantamento topográfico
da área. Em dezembro deste ano foi concluído o projeto executivo do edifício da Incubadora e
realizada grande parte das ações referentes ao projeto urbanístico. Em seguida, no ano de 2010,
coloca-se em destaque a institucionalização do Parque, onde o CONSU autoriza sua criação e
aprova as diretrizes e os objetivos para criação do Parque. A seguir, a Figura 3.3.3 demonstra o
Projeto elaborado pela CPO no que se refere à forma do Parque no futuro.
99
Figura 3.3.3: Projeto do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp. Fonte: Inova-Unicamp (2011).
Figura 3.3.4: Área do Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP no Ano 2012. Fonte: Imagem DigitalGlobe de
16 de Agosto de 2012 obtida no Google Earth.
101
Figura 3.3.5: Área do Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP no Ano 2015. Fonte: Imagem CNES/Astrium
de 16 de abril de 2015 obtida no Google Earth.
CAPÍTULO IV
ESTRATÉGIA DA UNICAMP PARA A CONSOLIDAÇÃO
DO PARQUE CIENTÍFICO
Neste Capítulo IV, pretende-se reunir o quadro empírico utilizado no estudo sobre o “Parque
Científico e Tecnológico da Unicamp”, bem como as ações que posicionam a estratégia adotada
pela UNICAMP para sua consolidação. Também, são demonstrados os resultados gerados nos
primeiros anos de atuação da Agência de Inovação INOVA-UNICAMP no que tange a
construção do referido Parque Científico. Por último, há uma análise acerca do grau de sucesso
do Parque Científico da UNICAMP no período entre os anos 2008 e 2015.
4.1. As ações adotadas pela UNICAMP e a Estratégia para implantação do seu Parque.
As atividades em andamento e àquelas já realizadas pela INOVA-UNICAMP
caminham no sentido de motivar ações que visam o estabelecimento de um ambiente mais
empreendedor e indutor de atividades de cunho científico e tecnológico no Campus através da
presença do Parque Científico nele inserido. Este item do Capítulo IV demarca um dos pontos
mais importantes desta Dissertação, que consiste na transformação da situação atual para o
avanço da futura situação, ou seja, o momento em que se busca, em geral, avaliar o grau de
sucesso do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp” até o ano 2015.
104
Ainda, este estudo verificou que o Parque Científico propõe a longo prazo a interação
no mesmo espaço físico de: Laboratórios dedicados a abrigar projetos de P&D em parceria com
empresas e outras instituições públicas e privadas; Incubadora de EBTs; e, ambientes para
projetos temporários de inovação. No caso da UNICAMP, o projeto urbanístico da primeira fase
do Parque conta com uma área de 100 mil m², onde já estão parcialmente construídos: “Centro de
Inovação”; “Laboratório de Inovação em Biocombustíveis” (LIB); e, Centro de Inovação em
Software – INOVASOFT.
A seguir, o Quadro 4.1.1, apresenta a síntese das principais ações empreendedoras da
UNICAMP para alavancar o potencial do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”. Essas
ações buscam construir o futuro ambiente inovador dentro das instalações do Parque Científico,
localizado dentro do “Campus Zeferino Vaz”. Também, coloca-se neste estudo que a somatória
das ações aqui elencadas representam a estratégia de cunho empreendedor da UNICAMP.
106
Elaborar o Estudo do Entorno da Unicamp com o Estabelecer parceria com a prefeitura para a construção
2004 auxílio do Estado e FINEP. efetiva de um Parque Tecnológico.
Participar nos Eventos IASP e ANPROTEC. Buscar e Estudar Modelos de implantação de Parques.
Regulamentar o INOVASOFT. Praticar o Modelo de Parceria de P&D com Empresas.
Estabelecer Parceria com a Fundação Fórum Ampliar o relacionamento com as demais ICTs de
Campinas. Campinas.
2006 Definir TICs como principal eixo de Atividade do
Elaborar Trabalho conjunto com o SPTec
Parque de Campinas.
Iniciar o Trabalho conjunto com SPTec, Fundação Viabilizar a vinda de grandes empresas para o Parque
Fórum Campinas e CIATEC. de Campinas.
Motivar o mapeamento de Competências em
Proposta de construção do LIB.
Pesquisa na área de Biocombustíveis da Unicamp.
2007
Inscrever o Parque nos Editais CT- INFRA 2006 e
Buscar recursos para o Parque da Unicamp.
2008
Implantar o “Polo de Pesquisa e Inovação da
2008 Implantar o Parque dentro do Campus Universitário.
Unicamp” dentro do Campus
Credenciamento no SPTec Buscar credibilidade e visibilidade ao Parque.
Estruturar o Polo de Pesquisa e Inovação da Fixar o Projeto Urbanístico, Estudo das Capacidades
2009
Unicamp. em CT&I de Campinas e construir a nova Incubadora.
Institucionalizar o Parque no Conselho Aprovação das Diretrizes e Objetivos do Parque pelo
2010
Universitário (CONSU). CONSU.
Construção do novo Prédio da INCAMP e Vinda da
2011 Fixar INCAMP e Atrair Empresas.
primeira empresa (âncora) ao Parque.
O Parque Científico e Tecnológico da Unicamp
2012 Modificar o Nome do Parque.
possibilita melhor atração de recursos.
Infraestrutura Urbanística, Ampliação com Samsung,
2013 Consolidar o Edital.
Auxílio FINEP, Fixar a Lenovo e INNOVA
Elaboração Própria.
Após essa síntese sobre as ações da unidade gestora, sobretudo, sua estratégia para
tornar o Parque uma realidade, cabe analisar, neste item do Capítulo IV, o investimento para a
implantação do ”Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”.
A seguir, o Quadro 4.1.2 mostra as três maiores ações realizadas pela INOVA-
UNICAMP para materializar o Parque: 1) Construção do LIB; 2) Construção do “Centro de
Inovação”; e, 3) Projeto de CT&I e Infraestrutura do Parque Científico. Ainda, o Quadro 4.1.2
demostra os e investimentos para a consolidação desse espaço de inovação, bem como a
finalidade e as Fontes de Recurso, tais como: “Financiadora de Estudos e Projetos” (FINEP),
107
1. Construção do
R$ 594.000,00 2ª Fase de Implantação do LIB FINEP
LIB
TOTAL: R$ 3.598.766,34
TOTAL: R$ 14.715.712,02
TOTAL do PARQUE: R$ 24.056.877,24
Fonte: INOVA-UNICAMP. Elaboração Própria.
em curso (Centro de Inovação) e estática (LIB). A seguir, os Gráfico 4.1.1 demonstra o valor
captado pela INOVA-UNICAMP relacionado a cada Fonte de Recurso.
12
Entrevista Realizada em 27 de Outubro de 2014 com o Repesentante do “Conselho Universitário” (CONSU)
109
no total utilizado até o ano 2015 em cada uma das três principais ações realizadas pela INOVA-
UNICAMP.
Neste Gráfico 4.1.2 verifica-se que, 15% (R$ 3.598.766,34) do valor total investido
foi destinado à construção do “Laboratório de Inovação em Biocombustíveis” (LIB) e foram
utilizados apenas recursos da FINEP para a construção do mesmo. O LIB, possui três andares e
área total disponível: 1.226,76 m², no térreo há uma área administrativa, salas para reuniões,
anfiteatro e “planta piloto” (espaço para pesquisas com equipamentos de grande porte) e os 1º e
2º pavimentos: laboratórios de pesquisa com planejamento de 5 salas por andar. Mas, verificou-se
na entrevista13 que o prédio do LIB não foi finalizado, ou seja, desde o ano 2007 até este ano
2015 são aproximadamente oito anos sem concluir a obra. Assim, o valor das três fases de
implantação do LIB não foi suficiente.
Assim, o Edital da FINEP possibilitou a construção parcial do prédio do LIB, mas até
os dias de hoje persiste uma dificuldade financeira para finaliza-lo. Também, nesse período
houve a mudança de docente responsável, que antes era o Prof. Dr. Rubens Maciel Filho, mas
que hoje está sob responsabilidade da Profa. Dra. Telma Teixeira Franco, ambos da “Faculdade
de Engenharia Química” da UNICAMP. Por fim, entende-se que o LIB corresponde ao primeiro
13
Entrevista Realizada em 8 de Maio de 2015 com o atual Diretor Executico da INOVA-UNICAMP.
110
14
Entrevista Realizada em 8 de Maio de 2015 com o atual Diretor Executivo da INOVA-UNICAMP.
111
conjunto que permitirão contribuir para a melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida.
Assim, conforme entrevista15, o Parque demonstra sua capacidade para catalisar a interação da
Universidade com as Empresas interessadas em desenvolvimento tecnológico conjunto.
Após o levantamento dessas ações, acompanhadas pelo demonstrativo dos recursos
obtidos para o início da construção do Parque, considera-se, a partir desta Dissertação, que a
estratégia da INOVA-UNICAMP permitiu estabelecer novas formas de cooperação e
colaboração. Espera-se que, no futuro, as parcerias se tornem mais sólidas e, sobretudo, que os
projetos com grupos de pesquisa tragam resultados exitosos não apenas para UNICAMP e seus
parceiros, mas também para a região de Campinas.
15
Entrevista Realizada em 28 de Janeiro de 2014 com Diretor do “Parque Científico e Tecnológico da Unciamp”
112
16
Entrevista da equipe da INOVA-UNICAMP em 18 de Novembro de 2013, com o vice-presidente e General
Manager do Enterprise Product Group da LENOVO.
113
17
Entrevista Realizada em 27 de Outubro de 2014 com membro do “Conselho da Unicamp” (CONSU)
18
Entrevistas Realizadas em 28 de Janeiro de 2014 com Diretor do “Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP”
e em 8 de Maio de 2015 com o Atual Diretor Executivo da INOVA-UNICAMP.
19
Entrevista Realizada em 28 de Janeiro de 2014 com Diretor do “Parque Científico e Tecnológico da UNICAMP”.
114
20
Entrevista para a Equipe da INOVA-UNICAMP em 20 de Março de 2015 com o Diretor da Empresa “INNOVA-
ENERGIAS RENOVÁVEIS”.
115
Outro ponto de sucesso ocorreu no ano 2014 quando houve aprovação pela FINEP,
onde o projeto do Parque Científico foi um dos oito contemplados na “linha B” no Edital, voltada
para Parques em implantação. Foram pré-aprovados R$ 4.3 milhões, que serão investidos na
construção de um novo prédio dentro do Parque, cuja localização pode ser verificada na Figura
3.3.5 do Capítulo III desta Dissertação, e tal recurso também será utilizado para o
desenvolvimento de uma metodologia de prospecção de EBTs. A aprovação da FINEP demonstra
a qualidade que o Parque pode alcançar no futuro, assim como o potencial de contribuição dessa
iniciativa para que a Universidade possa cumprir o objetivo de consolidação do Parque.
Verifica-se que o projeto inicial do Parque, estabelecido aproximadamente no período
entre os anos 2007 e 2010, previa um conjunto de ações que possibilitariam a sua materialização.
Entretanto, em função da deterioração da condição financeira da UNICAMP, principalmente após
o ano 2010, não houve capital suficiente para investir no Parque. Em função desse contexto, a
alternativa da INOVA-UNICAMP para a construção de novos prédios se apoiou na captação de
recursos de fontes externas como a FINEP. A outra alternativa consistiu em buscar atrair projetos
de construção de prédios financiados por Empresas, conforme a “Modalidade B” do Edital que
determina o modelo de ocupação da área.
O Parque Científico chegou ao ano 2015 com duas empresas âncoras: LENOVO e
INNOVA. A primeira irá ocupar o Parque conforme a “Modalidade A” do Edital e a segunda irá
ocupar o Parque conforme a “Modalidade B”. Entende-se que a parceria com essas Empresas seja
o resultado mais expressivo após a decisão de implantar o Parque no Campus da UNICAMP no
ano 2008 e motivar a sua institucionalização no ano 2010. Assim, os resultados expostos neste
item correspondem aos desdobramentos das primeiras ações da unidade gestora do Parque.
O anúncio do investimento dessas empresas âncoras e a aprovação do projeto junto à
FINEP são resultados satisfatórios obtidos pela INOVA-UNICAMP, que busca articular de
maneira mais ampla e sólida boas parcerias para a UNICAMP, mesmo que atualmente apenas
três prédios estejam materializados no Parque. Também, salienta-se a intenção de investimento
da Empresa INNOVA na construção de seu prédio no Parque para os próximos anos.
A seguir, o Quadro 4.2.1 demonstra uma síntese dos resultados obtidos conforme as
ações realizadas entre os anos 2008 e 2015 para a consolidação do Parque Científico. Também,
há a possibilidade de observar o andamento dessas ações no que concerne a materialização desse
espaço inovação da UNICAMP.
116
Conforme o Quadro 4.2.1, nota-se que a maior parte das ações realizadas pela
INOVA-UNICAMP entre os anos 2008 e 2015 foram aprovadas, mas não se concretizaram. A
construção do Parque Científico encontra-se em curso no ano 2015. Verifica-se, porém, que a
velocidade de construção dos prédios das obras caminha lentamente devido à pouca
disponibilidade de recursos financeiros que a unidade gestora do Parque enfrenta. Outro
obstáculo reside no Modelo de Ocupação, cujo cerne consiste também nos poucos prédios. As
empresas procuram por espaços já construídos pois não possuem interesse em construir prédios
conforme a Modalidade B do Edital. Em contrapartida a UNICAMP também não possui capital
para construção de prédios. Tal impasse é um dos pontos negativos encontrados neste estudo.
Com a construção do principal prédio, denominado de “Centro de Inovação”, houve a
possibilidade de reunir laboratórios de empresas interessadas em realizar P&D em parceria com a
Universidade. Parte do prédio será ocupado por empresas criadas pelos alunos e incubadas na
universidade pela INCAMP. Hoje, a UNICAMP tem 12 delas, mas, a ideia é chegar a cerca de 40
EBTs. Também, o restante do espaço construído (2 andares), conforme anteriormente descrito no
117
Capítulo III, serão ocupados pela empresa LENOVO, fato que diminui o espaço físico para as 40
empresas anteriormente previstas para o Parque.
Entende-se que para a construção do “Parque Científico e Tecnológico da Unicamp”
é necessária a busca por investimentos de diversas Fontes de Recurso, conforme observado no
item anterior deste Capítulo IV. Portanto, no decorrer desta Dissertação, constatou-se que, de
fato, há uma integração entre as escalas de análise geográfica no processo de construção do
referido Parque, mostrando que embora o Parque esteja materializado na escala local, as forças
para sua consolidação são provenientes de outras escalas através de instituições de fomento de
âmbito regional e nacional.
De fato, considera-se que houve a movimentação de um conjunto de Instituições de
fomento para concretizar as primeiras ações da INOVA-UNICAMP. Esses resultados são o
reflexo da estratégia empreendedora da UNICAMP para a consolidação de um Parque dentro do
seu Campus. Eles possibilitam analisar o grau de sucesso obtido no período de 2008 a 2015.
Ainda, cabe ressaltar que, o processo de estruturação do Parque encontra-se em curso. Portanto,
verifica-se que imprevistos financeiros motivaram a alteração de algumas ações para construção
do Parque.
118
CONCLUSÕES
A3: Uma das razões do atraso se deve a falta de recursos financeiros para a
construção da infraestrutura do Parque Científico por parte da UNICAMP, da “Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo” (SDECT) e da
“Financiadora de Estudos e Projetos” (FINEP);
B4: A proximidade geográfica não é uma condição suficiente porque deve somar-se a
outros elementos, como a cultura empreendedora local.
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135
pelo Edistec ficarão à disposição da Agência de Artigo 1º - O Conselho Superior deverá aprovar no
Inovação. prazo de 180 dias a contar da data da designação de
Artigo 10 - A Incubadora de Empresas de Base seus membros, o Regimento Interno da Agência de
Tecnológica da Unicamp - Incamp, criada Inovação da Unicamp.
pela Resolução GR-067/2001, junto ao Centro de Artigo 2º - Os servidores pertencentes ao quadro de
Tecnologia da Unicamp, fica transferida para a pessoal dos órgãos extintos por força desta Resolução,
Agência de Inovação. serão alocados neste ou em outros órgãos da
Parágrafo único - A transferência de que trata o caput Universidade, segundo suas qualificações.
deste Artigo, inclui também a transferência de pessoal,
móveis, máquinas e utensílios necessários à Publicada no DOE de 25/07/2003.
continuidade do seu funcionamento. Obs: Os artigos 1º a 8º e artigos 1º e 2º das Disposições
Artigo 11 - Esta Resolução entrará em vigor na data de Transitórias foram revogados pela Deliberação CAD-
sua publicação, revogadas as disposições em contrário, A-002/2004.
em especial a Portaria GR-125/1998 e a Resolução
GR-067/2001.
Disposições Transitórias:
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1. A INOVA-UNICAMP foi criada no ano 2003. Qual era o cenário naquele ano?
2. Quais foram as primeiras ações para estruturar as iniciativas de inovação e empreendedorismo na Universidade?
3. Em 2006, o governo estadual instituiu o SPTec. Quais são suas considerações sobre os convênios firmados entre
a Unicamp e o Governo Estadual para a implantação do Parque como também seu credenciamento no SPtec?
4. No ano 2008 surgiram as primeiras iniciativas para o Parque da Unicamp. Quais eram as expectativas da Inova
no Projeto de Criação e Implantação e Parque?
5. Porque houve a iniciativa de implantar um Parque Científico e Tecnológico dentro da Universidade?
6. Quais foram os desafios enfrentados na obtenção de recursos para o Plano Urbanistico e para as primeiras
instalações do Parque?
7.Nos primeiros anos de implantação do Parque, quais eram os atores participantes?
8. Havia diálogo entre os atores participantes do processo de implantação do Parque e como se dava esse diálogo?
9. Quais eram as estratégias para atrair Empresas para o Parque?
10. Quais eram as perspectivas para as empresas da Incamp serem transferidas para os Prédios do Parque?
11. O Inovasoft faz parte do Parque da Unicamp? De que forma?
12. Como se deu a negociação para a elaboração e aprovação do projeto do LIB?
13. Você atuou como Diretor de Parcerias e Projetos Colaborativos, e, em seguida, como Diretor Executivo da
Inova. É possível fazer um resumo sobre os desafios e resultados do Parque durante sua gestão?
14. Visto que as instalações do Parque estão dentro do campus da Unicamp, quais seriam suas relações com o
CIATEC II, um seria alternativo ao outro?
15. Qual seria o papel do Governo do Estado? Para ele o Parque da Unicamp é substituto ao CIATEC ou integrado
a ele?
16. Qual seria o papel, em termos de financiamento e desenvolvimento em Pesquisa e Inovação, das Empresas e da
Unicamp no Parque?
17. Em seu Projeto Inicial, foi discutida a possibilidade de uma infrestrutura em que a Empresa ficasse
permanentemente no Parque? Ou seria apenas temporário?
18. Entende-se que, desde sua criação a Unicamp buscou conter uma estrutura especial que desse ênfase à pesquisa
tecnológica e mantivesse forte vínculo com o setor produtivo. Então, olhando para a trajetória da Unicamp. Na sua
visão, quais foram as primeiras ações para estruturar as iniciativas de inovação e empreendedorismo na
Universidade?
19. A Inova-Unicamp foi criada por meio da Resolução GR-051 no ano 2003. Qual era o cenário naquele ano, e,
desde então, na sua opinião o que se espera da atuação da referida Agencia de Inovação?
20. Em 2006, o governo estadual instituiu o SPTec. Quais são suas considerações sobre os convênios firmados
entre a Unicamp e o Governo Estadual para a implantação do Parque como também seu credenciamento no SPtec?
21. No ano 2008 surgiram as primeiras iniciativas para o Parque da Unicamp. Quais eram as expectativas da
Universidade no Projeto de Criação e Parque e como isso se relaciona com a liberação de recursos para sua
implantação?
22. No ano 2010 houve a Deliberação CONSU-A-2010. Como Membro do Conselho, como você pode avaliar a
importância da aprovação do Parque?
23. Porque houve a iniciativa de implantar um Parque Científico e Tecnológico dentro da Universidade?
24. Quais foram os desafios enfrentados na obtenção de recursos para o Plano Urbanístico e os primeiros prédios e
para as instalações do Parque?
25. Nos primeiros anos de implantação do Parque da Unicamp, quais eram os atores participantes? Havia diálogo
entre esses atores participantes do processo de implantação do Parque e como se dava esse diálogo?
26. Na sua visão, quais seriam as estratégias mais efetivas para atrair Empresas para o Parque da Unicamp?
27. Como a Unicamp deve relacionar-se com as empresas incubadas, filhas e âncoras. Quais as perspectivas para
essas empresas serem transferidas para os Prédios do Parque?
28. Quais são suas considerações sobre o Inovasoft? De que forma a experiência do Inovasoft é benéfica para a
implantação do modelo do Parque?
29. Quais são suas considerações sobre a negociação para a elaboração e aprovação do projeto do LIB e a vinda de
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