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Ciências do Ambiente

Apresentação da Disciplina

Caro aluno, seja bem-vindo à disciplina Ciências do Ambiente!


Esta disciplina busca articular os conhecimentos das diferentes ciências
(humanas, exatas e biológicas) para que possamos compreender e encontrar
soluções para a crise não apenas ambiental, mas de toda a conjuntura da sociedade
atual que reflete a relação de dominação do homem sobre a natureza.
É importante que você compreenda que as problemáticas ambientais estão
diretamente ligadas aos fatores econômicos, políticos e sociais, não podendo
ser estudadas de forma isolada e descontextualizada. Por isso, o objetivo de
aprendizagem aqui é proporcionar a você a oportunidade de compreender conceitos
sobre os diferentes impactos ambientais causadas pela ação antrópica, no intuito de
diagnosticá-los e elaborar mecanismos de desenvolvimento econômico, científico
e tecnológico que respeitem o meio ambiente e a sociedade como um todo.
Com esta disciplina, você terá bases teóricas e metodológicas para elaborar
projetos e trabalhos científicos que contribuam para o desenvolvimento das
concepções científico-educacionais ou empresariais referentes às questões
ambientais. Além disso, você poderá identificar soluções para evitar ou mitigar
as degradações ambientais decorrentes das atividades humanas, por meio de
medidas preventivas ou corretivas, em diferentes contextos da vida cotidiana e
profissional; subsidiar o entendimento das avaliações, por meio do conhecimento
das questões ambientais, colaborando para a elaboração de relatórios de impactos
ambientais; despertar, fomentar, em diferentes grupos sociais e profissionais,
a consciência e atitudes que levem à preservação e à gestão sustentável dos
recursos naturais, relacionando as questões ambientais aos fatores econômicos
e sociais no contexto da sociedade atual. Você também possuirá os instrumentos
necessários para implementar projetos de educação ambiental na comunidade e
em sua área profissional, podendo, desta forma, contribuir para a superação da
crise socioambiental da sociedade contemporânea.
Abordaremos as seguintes temáticas: introdução à Ecologia; ciclos
biogeoquímicos; poluição ambiental; energia e meio ambiente; desenvolvimento
industrial e crise ambiental; crise socioambiental; mudança climática global e o
protocolo de Kyoto; desenvolvimento sustentável; educação ambiental; legislação
ambiental; gestão do meio ambiente; produção mais limpa e ecoeficiência;
consumidores conscientes e responsabilidade socioambiental e gestão ambiental.
Bons estudos!

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Ciências do Ambiente

Introdução | Semana 2

Caro aluno, seja bem-vindo à primeira Unidade de Aprendizagem!


Nela você terá o embasamento teórico sobre Ecologia, o qual subsidiará
seu entendimento das diferentes temáticas que serão abordadas no decorrer da
disciplina.
O objetivo desta unidade é trazer o aporte teórico para que você possa
compreender como o estudo da Ecologia auxilia no entendimento das relações
dos seres vivos entre si e deles com o ambiente, bem como subsidiar reflexões
sobre como o homem vem agindo em relação à natureza e como ela “responde”
a essas ações.
Você sabe por que é importante conhecermos o lugar onde vivemos? Desde
a Pré-História, a Ecologia é de interesse prático, pois para sobreviver no ambiente
hostil o homem primitivo buscava, de alguma maneira, compreender as forças da
natureza, conhecer os animais e vegetais a sua volta e criar ferramentas que o
auxiliavam nesta relação de interdependência. Mas será que esta relação ainda
existe nos dias atuais?
O grande paradoxo da sociedade industrial é a desvinculação do ser humano
da natureza, ou seja, ela passou a ser fonte de exploração de recursos para
o desenvolvimento econômico de alguns países, causando desastres ecológicos
imensuráveis e desigualdade social em vários países.
É neste sentido que explicitamos a importância de compreendermos o lugar
onde vivemos, para que possamos enxergar a humanidade como parte integrante
do meio ambiente e compreender as contradições existentes na sociedade atual.
Vamos lá?

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Semana 2 Ciências do Ambiente

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1 Introdução à ecologia

1.1 Conceitos básicos de Ecologia:


Habitat, nicho ecológico, fatores abióticos e bióticos,
espécie, população, comunidade, ecossistema, biosfera.

Você sabe o que significa Ecologia? Quais são os


fatores que interferem na vida dos seres vivos no ambiente?
Estas são apenas algumas questões que você será capaz de
responder ao término deste segmento.

1.1.1 Ecologia: um termo relativamente novo para


as Ciências

Desde a antiguidade, há registros de filósofos como


Hipócrates, Aristóteles, entre outros, que evidenciavam
temas ecológicos. No entanto, nenhum deles utilizava um
termo específico para expressar essa temática (ODUM,
2012). O termo “ecologia” foi utilizado pela primeira vez na
segunda metade do século XIX, mais precisamente em 1869,
pelo biólogo naturalista alemão Ernst Haeckel, em sua obra
Generelle Morphologie der Organismen (1866).
Saiba que a palavra Ecologia deriva do grego oikos, que
significa casa e logos, que significa estudo. No sentido literal,
Ecologia seria o estudo dos seres vivos em sua casa, no seu
ambiente, já que Haeckel partia do pressuposto de que o
conhecimento biológico nunca é completo quando o organismo é
estudado isoladamente (ODUM, 2012). Atualmente, a Ecologia é
entendida como a ciência que estuda a complexidade das relações
dos seres vivos entre si e desses com outros fatores ambientais,
ou seja, estuda o funcionamento da natureza como um todo,
considerando os seres humanos como parte integrante dela.

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Desse modo, superamos a ideia de humano como um ser
externo à natureza, adquirindo a concepção de um ser capaz
de modificar o ambiente e transformá-lo de acordo com suas
necessidades. Lembre-se sempre de que tais transformações
geram impactos que refletem direta e indiretamente no
funcionamento da natureza.
Entenda que juntamente com a criação dessa ciência,
vários termos foram cunhados e são utilizados para organizar
os estudos dentro da área. Nas próximas páginas, abordaremos
alguns desses termos e conceitos que embasam a Ecologia.
Temos então que a Ecologia é a ciência que estuda o
funcionamento da natureza como um todo, certo? É muito
comum haver confusão de significado entre os termos
habitat e nicho ecológico, por exemplo. Muitas pessoas os
utilizam como sinônimos, no entanto saiba que eles não o são.
Talvez esta confusão seja explicada pelo fato de utilizarmos
cotidianamente o termo nicho como um espaço para colocar
algum objeto, ou seja, um “lugar”. Em Ecologia, entretanto,
este termo tem um significado muito diferente. O termo que
melhor expressa “lugar” é habitat, que significa “o lugar onde
um ser vivo é encontrado, ou seja, o lugar onde ele vive”
(ODUM, 2012).
Já o conceito de nicho ecológico é mais amplo, ele está
relacionado com o papel funcional que o ser vivo desempenha no
ambiente (por exemplo: tipo de alimento, sua posição trófica,
como se reproduzem, espaço que ocupam em um ambiente,
período de atividade e outras condições que interferem em
sua existência). Como podemos observar, portanto, nicho
ecológico e habitat são termos bem diferentes. Daremos um
exemplo prático. Acompanhe!

Mesmo habitat com nichos diferentes

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O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e a onça-parda
(Puma concolor) são exemplos de mamíferos que habitam
o Cerrado brasileiro. O lobo-guará é um ser onívoro que se
alimenta de, principalmente, roedores, pequenos répteis, aves
e frutas, já a onça-parda é carnívora, podendo se alimentar de
animais de grande porte como veados.
No caso anterior, podemos concluir que o habitat dos dois
mamíferos citados é o Cerrado, ou seja, eles vivem o mesmo
local. Já quando falamos de seu hábito alimentar, estamos
falando de seu nicho ecológico, que neste caso são diferentes:
um é onívoro e outro é carnívoro.
Qual a importância de ter o conhecimento sobre o habitat
e o nicho ecológico dos seres vivos? Muitas espécies podem
ser extintas quando ocorre a destruição de seu habitat. Alguns
indivíduos morrem por serem adaptados apenas a um determinado
tipo de ambiente, como, por exemplo, o mico-leão-dourado que
é endêmico da Mata Atlântica, ou seja, só é encontrado neste
ambiente. Outros indivíduos, quando se deslocam para outros
ambientes, acabam morrendo devido à sobreposição de nicho
ecológico ao competirem com as espécies nativas pelos mesmos
recursos naturais ou podem levar as espécies nativas à extinção,
ao se adaptarem ao novo ambiente.
É por isso que, quando ocorre um empreendimento que
demanda o desmatamento de um ambiente natural, há uma
grande preocupação em saber quais são os seres vivos que
serão afetados por essa transformação artificial.

É importante não confundir os conceitos


habitat e nicho ecológico. Habitat diz respeito
ao espaço em que um ser vivo é encontrado, ao
passo que nicho ecológico está relacionado com
o papel funcional que o ser vivo desempenha no
ambiente.

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1.1.2 Fatores bióticos e abióticos do ambiente

A natureza é composta pela interação entre todos os seres


vivos que habitam o planeta e os fatores ambientais que agem
direta ou indiretamente sobre a vida desses organismos. Dessa
forma, chamamos de fatores bióticos todos os organismos
vivos presentes no ambiente e suas relações (a palavra bio em
grego significa vida).
Esses organismos dependem, no entanto, da matéria
inorgânica e de outros fatores ambientais que não apresentam
vida para a manutenção de sua existência no planeta, como
por exemplo, a água, o solo, os minerais, a energia solar,
a salinidade do ambiente aquático, o pH do solo e da água,
os gases atmosféricos, a temperatura ambiental, o relevo,
a pressão atmosférica etc. Esse conjunto de condições
ambientais são chamamos de fatores abióticos (o prefixo “a”
também vem do grego e significa negação, ausência). Portanto,
estamos falando aqui dos fatores que não apresentam vida no
ambiente, mas são essenciais para sua existência.

Consumidor
secundário (onça)

Precipitação

Consumidor Folhas Água


Produtores
primário (capivara) e galhos

Decompositores

Consumidor
terciário (jacaré) Produtor (fitoplâncton)
Consumidor
secundário (peixe) Consumidor
primário (zooplâncton)

Fatores bióticos e abióticos do ambiente


Fonte: BRAGA et al, 2005, p. 11.

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É importante entendermos a interdependência dos seres
vivos entre si e desses com o ambiente, pois qualquer alteração
na população de indivíduos que compõem determinado meio ou
modificações em fatores abióticos que mantém o equilíbrio
ambiental pode afetar toda a dinâmica de sobrevivência desses
indivíduos.

Fatores bióticos dizem respeito ao conjunto


de seres vivos e suas relações em um ambiente.
Fatores abióticos correspondem às influencias
de aspectos não vivos, físicos ou químicos, do
ambiente sobre os organismos.

1.1.3 Níveis hierárquicos de organização dos seres


vivos e ambiente: espécie, população, comunidade,
ecossistema e biosfera

Para delimitar e sistematizar o estudo em Ecologia é


utilizado o conceito de níveis de organização hierárquica dos
seres vivos e do ambiente. O termo hierarquia está relacionado
a um arranjo numa série graduada. Nesse sentido, os fatores
bióticos e abióticos do ambiente podem ser agrupados partindo
de sistemas mais simples, e ir aumentando sua complexidade
de acordo com as partes que estão sendo analisadas.
Dessa forma, apresentaremos a seguir cada um dos
níveis hierárquicos, desde o mais simples (espécie) até o
mais complexo (biosfera). É claro que existem outros níveis
hierárquicos abaixo de espécie (por exemplo: órgãos, células,
organelas, átomos etc.), no entanto, para nosso estudo em
Ecologia, tomaremos como organização mais simples a espécie.

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▪▪Espécie
Em geral, a definição mais utilizada para o termo espécie
é o seu conceito biológico, que define espécie como um
conjunto de indivíduos semelhantes ou não, que se cruzam ou
tem potencial para cruzar e produzem descendentes férteis.
A semelhança não é fator que caracteriza uma espécie, pois
existem indivíduos da mesma espécie que são fisicamente
diferentes, como algumas espécies de aves em que machos
e fêmeas são de colorações diferentes. No entanto, existem
indivíduos de espécies diferentes que são semelhantes, como é
o caso da égua e do jumento, os quais até conseguem realizar
o cruzamento, embora sua prole (mula ou burro) seja estéril.

▪▪População
O termo população está associado ao conjunto de indivíduos
da mesma espécie que vivem em uma determinada região.
Esses indivíduos se relacionam entre si e estão sob as mesmas
pressões ambientais. Dessa forma, cada população apresenta
características e propriedades inerentes ao grupo, como a
densidade populacional, a taxa de natalidade e mortalidade e
as relações intraespecíficas benéficas (exemplo: sociedade =
divisão de trabalho) ou não (exemplo: competição). Podemos
citar como exemplo de população o conjunto de jacarés-de-
papo-amarelo (Caiman latirostris) que vive no Pantanal.

▪▪Comunidade
A comunidade corresponde às diferentes populações que
coexistem em uma determinada região. Em outras palavras,
trata-se do conjunto de todos os seres vivos existentes em
uma localidade.
Esses seres vivos estabelecem entre si, direta ou
indiretamente, uma interdependência para a manutenção do
equilíbrio ecológico do ambiente local. Essas interações dão
origem ao que chamamos de cadeias alimentares e as grandes
teias alimentares existentes no ambiente, que nada mais são
do que a interdependência alimentar entre todos os seres
vivos que compõem um ambiente.

▪▪Ecossistema
O ecossistema é o conjunto dos fatores bióticos e fatores
abióticos de uma determinada localidade. Este nível hierárquico
é a unidade funcional básica na Ecologia, pois inclui tanto

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os seres vivos quanto os fatores não vivos do ambiente.
Como vimos anteriormente, quando Haeckel (1866) propôs o
termo Ecologia partiu do pressuposto de que o conhecimento
biológico nunca é completo quando o organismo é estudado
isoladamente. É neste nível de organização que ocorrem as
complexas relações dos seres vivos entre si e com a natureza.

▪▪Biosfera
A biosfera é o conjunto de todos os ecossistemas do
planeta Terra, ou seja, é a região do planeta onde podemos
encontrar a vida e todas as relações que mantém a dinâmica
das populações em equilíbrio na natureza.

Exemplo de hierarquia de níveis de organização desde a espécie até ecossistema

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Os níveis hierárquicos que organizam os seres
vivos e o ambiente que os cerca têm como objetivo
facilitar o estudo das relações dos seres vivos
entre si e com os fatores não vivos do ambiente.

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Semana 2 Ciências do Ambiente

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1.2 Ecossistemas e biomas brasileiros

Até aqui, vimos que ecossistema diz respeito às


interações entre todos os seres com os fatores químicos e
físicos do ambiente. Dessa forma, podemos pensar nas
seguintes indagações para prosseguir nosso estudo: o que
mantém os organismos vivos no ecossistema? Quais os
principais componentes de um ecossistema? Qual a relação
entre ecossistema e bioma?
Nos próximos segmentos, encontraremos respostas para
estas questões e aprofundaremos nossos estudos sobre a
temática.

▪▪Como funcionam os ecossistemas


Os componentes bióticos e abióticos de um ecossistema
mantém uma complexa interação por meio das transferências
de matéria e energia entre os organismos vivos e entre estes
e os demais elementos do ambiente.
Entenda que a vida em um ecossistema depende
basicamente de três fatores. O primeiro deles é o fluxo
unidirecional de energia de alta qualidade proveniente do
sol durante a cadeia alimentar. Essa energia é transformada
em trabalho nos organismos vivos e parte dela é dispersa para
o ambiente em energia de baixa qualidade, como a troca de
energia térmica entre organismo e ambiente. Essa energia
nunca volta ao sistema (ODUM, 2012; BRAGA et al, 2005).
O segundo fator importante para a manutenção da vida
é a ciclagem de nutrientes no ecossistema. O ciclo desses
elementos é mantido pela lei da conservação da matéria,
ou seja, a matéria sofre alterações na natureza, estando
disponível de diferentes formas e em diferentes lugares.
Entenda que tal processo pode demorar poucos dias ou até
séculos para ocorrer. O terceiro fator é a gravidade, que
mantém a atmosfera do planeta estável e auxilia na ciclagem
da matéria no ecossistema.

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A Lei da gravidade auxilia no ecossistema

O fluxo de energia e a ciclagem da matéria


são garantidos pelas complexas relações entre os
componentes do ecossistema, ou seja, os fatores
bióticos e abióticos

A interdependência alimentar entre os seres vivos é um


exemplo em que fica evidente a ciclagem de nutrientes e o
fluxo de energia. Neste tipo de relação, os organismos podem
ser classificados em níveis tróficos de acordo com a fonte de
alimento ou nutriente.

Dentre esses organismos encontramos os seres


produtores (autótrofos) - vegetais e algas - capazes de
produzir sua própria nutrição orgânica por meio da fotossíntese.
Este processo transforma a energia luminosa do Sol em
energia química que fica armazenada em moléculas orgânicas,
as quais servirão de alimento para esses organismos.

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Outros indivíduos dessa relação são os seres
consumidores (heterótrofos), que dependem de outros
seres para obter sua nutrição orgânica e, consequentemente,
da energia para sobreviverem (exemplo: animais). Para
fechar essa relação temos os seres decompositores (também
heterótrofos) que são responsáveis pela ciclagem da matéria
orgânica no ambiente (exemplo: bactérias e fungos). Em
outras palavras, eles decompõem os organismos mortos, ou
parte deles, devolvendo ao ambiente os nutrientes inorgânicos
que serão aproveitados novamente pelos produtores.

Energia
Nutrientes químicos solar
(dióxido de
Calor
carbono, oxigênio
nitrogênio, minerais)

Calor Calor

Decompositores
Produtos
(bactérias,
(plantas)
fungos)

Consumidores
(comedores de
Calor plantas e de Calor
animais)

Fluxo de energia e ciclagem da matéria no ambiente


Fonte: MILLER; SPOOLMAN, 2012, p. 63.

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A relação de interdependência alimentar
entre os seres vivos evidencia a ciclagem da
matéria e o fluxo de energia no ambiente.

▪▪Biomas brasileiros
A definição de bioma também está relacionada aos fatores
bióticos e abióticos de um determinado espaço geográfico,
no entanto, diferente do ecossistema, levamos em conta as
características peculiares do local e sua abrangência. Nesse
sentido, cada bioma tem por características a uniformidade de
um macroclima ou clima regional definido, de uma determinada
formação vegetal, de uma fauna e outros organismos vivos
associados, e de outras condições ambientais (como a
altitude, o solo, alagamentos, o fogo, a salinidade etc.) que
lhe conferem uma característica própria. Considere que por
macroclima devemos entender o clima médio ocorrente em
um território relativamente vasto (KOETZEL, 2000).
Existem diferentes classificações de biomas brasileiros,
além de divergências entre os cientistas sobre o que seria
considerado bioma ou não dentro dessas classificações. Neste
tópico, tomaremos como base a classificação apresentada pelo
Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2016), que segmenta
os biomas brasileiros em seis: Amazônia, Caatinga, Cerrado,
Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.

▪▪Amazônia
A Amazônia é o maior bioma do Brasil, abrangendo nove
estados do país (Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Roraima,
Rondônia, Mato Grosso, Maranhão e Tocantins). O clima
característico é quente e úmido com temperatura média de
25°C e chuvas bem distribuídas durante o ano.

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A vegetação é caracterizada pela floresta densa e
fechada, com árvores altas e bem próximas uma das outras.
Suas folhas são largas e grandes, adaptadas ao clima quente
e úmido. Este bioma também é caracterizado pela grande
biodiversidade e por abrigar a maior bacia hidrográfica do
mundo, a bacia Amazônica.

▪▪Caatinga
A Caatinga abrange 11% do território nacional. Engloba
os estados Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco,
Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas
Gerais. Há certo preconceito quando se fala deste bioma, devido
à falta de informação que leva muitas pessoas a pensar que
ele é pobre em biodiversidade. Embora o clima seja semiárido,
isto é, temperaturas elevadas com longos períodos de secas,
este bioma abriga uma grande biodiversidade. A vegetação
predominante possui adaptações contra perda de água, como
presença de espinhos nas cactáceas e reserva de água, como
ocorre no juazeiro. Além disso, neste bioma existem diversas
espécies de aves, mamíferos, répteis, anfíbios, insetos.

▪▪Cerrado
O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, abrange os
estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São
Paulo e Distrito Federal, além de pequenas partes no Amapá,
Roraima e Amazonas. Este bioma é considerado como um
dos hotspots mundiais de biodiversidade, a abrigando várias
espécies endêmicas. Além disso, no Cerrado encontram-se as
nascentes das três maiores bacias da América do Sul a bacia
Amazônica, a do São Francisco e a do Prata.
No Cerrado predominam formações da savana
caracterizadas por arbustos e árvores em densidades variáveis,
com adaptações ao fogo e seca, com galhos retorcidos, folhas
ásperas, casca do tronco grossa e com raízes profundas.
No entanto, existem várias outras fisionomias, indo desde
cerradão arbóreo, com árvores de grande porte a campos
limpos, caracterizados por gramíneas e arbustos. O clima
característico é o tropical quente subúmido, com uma estação
seca no inverno e uma chuvosa no verão, e temperatura média
é em torno de 25°C.
Saiba que o Cerrado é o segundo bioma que mais sofreu
alterações com a ocupação humana, sendo o mais impactado a
Mata Atlântica. Nas últimas décadas, a expansão agrícola sem
planejamento continua causando sérios problemas a este bioma.

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▪▪Mata Atlântica
A Mata Atlântica é formada por um conjunto de formações
florestais. Como foi dito anteriormente, este bioma foi o
mais impactado pela ação antrópica desde a colonização do
país. Atualmente, apenas 7% de sua cobertura original estão
conservados em fragmentos maiores localizados entre o Rio
Grande do Norte até a Região Sul, nas encostas das serras e
planícies litorâneas.
O clima característico é o tropical úmido com grande taxa
pluviométrica anual.
A vegetação é composta por uma floresta ombrófila
densa, formada por árvores altas e adaptadas ao um clima
quente e úmido. Embora tenha sofrido uma grande redução, a
Mata atlântica ainda é considerada um dos biomas mais ricos
em biodiversidade do mundo e habitat de várias espécies
endêmicas.

▪▪Pampa
O Pampa está localizado no Rio Grande do Sul. O clima
característico deste bioma é o subtropical, com as quatro
estações do ano bem definidas. A vegetação é composta
principalmente por gramíneas e arbustos. Existe uma
expressiva diversidade de animais, destacando algumas
espécies de aves como o jacu, o macuco e a jacutinga.

Mata densa e fechada da Amazônia

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A expansão das monoculturas e introdução de espécies
exóticas vem trazendo sérios problemas para o bioma,
descaracterizando as paisagens e comprometendo a
biodiversidade.

▪▪Pantanal
O Pantanal abrange os Estados do Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul, é caracterizado por uma vasta planície inundada
e apresenta um clima predominante tropical continental com
altas temperaturas. O período de chuvas se concentra no
verão e o inverno é seco.
A característica da vegetação do Pantanal é mista, sendo
as mais comuns a formação de Savana Estépica ou vegetação
de Chaco, caracterizada por vegetação arbustiva caducifólia,
com pequenas folhas e espinescente, geralmente associada
a solos salinos; formações pioneiras e áreas de ecótones, ou
seja, transição com outros biomas (Amazônia, Cerrado e Mata
Atlântica) (SILVA, et.al., 2000).
Embora seja o menor bioma em extensão territorial, o
Pantanal abriga várias espécies de animais (exemplo: jacaré-
do-papo-amarelo, onça pintada, tuiuiú) e vegetais.
O principal impacto causado pela ação antrópica na região
é a utilização de grandes áreas para a criação de gados em
pastos plantados e a monocultura de soja.

A exuberância da Floresta Amazônica esconde


sua grande fragilidade. A floresta vive a partir da
decomposição do seu próprio material orgânico,
pois o solo é pobre em nutrientes. Por isso seu
equilíbrio é extremamente sensível a quaisquer
interferências, os danos causados pela ação
antrópica, como o desmatamento e queimadas,
podem ser irreversíveis.

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1.3 Atividade humana e extinção de
espécies

Por meio dos exemplos de biomas apresentados


anteriormente, vimos que cada um deles é rico em
biodiversidade, no entanto, essa riqueza pode ser afetada por
questões naturais ou antrópicas que podem levar à extinção
de algumas espécies. Extinção biológica ocorre quando uma
espécie desaparece da natureza. O processo de extinção
é natural e é um dos fatores que garantem a evolução das
espécies.

As catástrofes naturais são eventos de extinção

As espécies podem sofrer aumentos


acentuados e comprometer a dinâmica dos
ecossistemas.

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Será que os seres humanos contribuem para acelerar
esse processo? Você já parou para pensar em como eram
as cidades antes de serem ocupadas pelos seres humanos?
O que tinha no lugar dos prédios, casas, asfaltos e outras
construções humanos? Feche os olhos e tente visualizar tudo
como paisagem natural.

Com o crescimento da população e da complexidade


das relações sociais, as paisagens naturais passaram a dar
lugar às paisagens urbanas. Além da construção das cidades,
transformamos muitos ecossistemas naturais em pastagens
para gados e campos para cultivo de alimentos.

Pesquisadores da biodiversidade como Edward O. Wilson


(2012) e Stuart Pimm et al (2014) estimam que até o final
desse século pelo menos um quarto das espécies de animais e
plantas, existentes atualmente, poderá ser extinto. Dentre os
diversos fatores que podem levar à extinção de espécies, esses
cientistas elencaram as mais importantes causas relacionadas
diretamente às atividades humanas. Acompanhe!

▪▪ A degradação e fragmentação de habitats (com o desmatamento para


construção de empreendimentos rurais, urbanos, energéticos e obtenção
de recursos para consumo).

▪▪ A introdução intencional ou acidental de espécies invasoras (espécies


invasoras competem com as espécies nativas, podendo exterminar estas
do ambiente).

▪▪ O aumento da população e do uso de recursos (somos mais de 7 bilhões


de indivíduos consumindo de forma descontrolada os recursos naturais).

▪▪ A poluição (as atividades humanas estão poluindo cada vez mais as águas,
solo e ar).

▪▪ A mudança climática - o aumento do efeito estufa, reflexo da queima de


combustíveis fósseis e desmatamento de áreas verdes, vem gerando o
aumento da temperatura global.

▪▪ A superexploração (nosso sistema de produção e a cultura do consumismo


e dos descartáveis vêm gerando a exploração cada vez maior de recursos
naturais e do homem pelo homem).

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O avanço na construção de empreendimentos e a extinção das espécies

Todos os seres vivos no ambiente estão de


uma forma ou de outra conectados, ou seja,
se relacionam entre si e com o meio, mantendo a
dinâmica do planeta funcionando.

Por que é preocupante o aumento da taxa de extinção de


espécies? Cada espécie fornece recurso ao ambiente e exerce
serviços ecológicos importantes.
A interdependência dos seres vivos, às vezes, é tão
grande que a extinção de algumas espécies que exercem
papéis principais no ambiente pode levar a extinção de várias
outras. Isso ocorre, por exemplo, quando espécies-chave são
retiradas de um ambiente. Espécies-chave são aquelas que têm
influência direta no número de indivíduos de outras populações.
Quer um exemplo? Pois bem, a polinização é um exemplo de
serviço ecológico promovido por algumas espécies-chave. Ou
ainda, predadores de topo também podem ser espécies-chave
ao controlarem o número de indivíduos de outras espécies.

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Neste sentido, é importante termos a consciência de que
algumas atividades humanas podem causar sérios problemas
para o ambiente, buscando criar mecanismos que amenizem
esses impactos e diminuam nossa pegada ecológica. Só assim
será possível vivermos em uma sociedade sustentável.

O avanço na construção de empreendimentos e a extinção das espécies

A pegada ecológica mede o quando de recursos


naturais são necessários para manter o estilo
de vida da população humana na Terra.

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Referências

BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental: o


Desafio do Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Record,
2005.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Biomas. Brasília, DF,
2016. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/biomas>.
Acesso em: 10 jan. 2016.
HAECKEL, E. Generelle Morphologie der Organismen:
Allgemeine Grundzüge der organischen Formen-Wissenschaft,
mechanisch begründet durch die von Charles Darwin reformierte
Descendenz-Theorie. Band 1: Allgemeine Anatomie. Band 2:
Allgemeine Entwicklungsgeschichte. Walter de Gruyter, 1866.
KLOETZEL, K. O que é meio ambiente. São Paulo: Brasiliense,
2000.
MILLER JUNIOR, G. T.; SPOOLMAN, S. E. Ecologia e
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Ltda., 2012.
ODUM, E. Ecologia. São Paulo: Guanabara Koogan, 2012.
PIMM, S. L. et al. The biodiversity of species and their rates
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6187, p. 1246752, 2014.
SILVA, M.P.; MAURO, R.; MOURAO, G.; COUTINHO, M.
Distribuição e quantificação de classes de vegetação do
Pantanal através de levantamento aéreo. Rev. bras. Bot.
[online]. vol.23, n.2, pp. 143-152. 2000.
WILSON, E.O. Diversidade da vida. São Paulo: Companhia
das Letras, 2012.

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Ciências do Ambiente

Introdução | Semana 3

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à segunda Unidade de Aprendizagem.


Nesta unidade, você compreenderá a importância dos elementos químicos na
natureza e como eles passam por todos os seres, vivos e não vivos. Além disso,
aprenderá sobre os principais ciclos biogeoquímicos existentes no meio ambiente
(água, carbono e nitrogênio) e como a ação antrópica pode comprometer esses ciclos.
Nosso objetivo é estudar como as partes vivas e não vivas do ambiente estão
conectadas e como os elementos químicos se mantêm para formar diferentes
substâncias e exercer funções variadas na natureza e nos organismos vivos.
Você sabia que a água que consumimos pode ter sido ingerida também
pelos dinossauros?
Ficou curioso? A seguir, vamos discutir esta e outras curiosidades sobre os
principais elementos químicos e as substâncias formadas por eles, que mantêm a
vida em nosso planeta. Vale a pena prosseguir!

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Semana 3 Ciências do Ambiente

1
Ciclos Biogeoquímicos

2.1 Introdução sobre a importância da ciclagem dos


elementos químicos no ambiente

Na aula anterior, vimos que um dos fatores que garantem a


vida no planeta é a ciclagem ou permuta da matéria (nutrientes)
na natureza. Pois bem, você sabe do que essa matéria é
formada? E de onde vieram as partículas que a formou?
Toda matéria existente é formada por elementos
químicos. Existem, aproximadamente, 118 elementos
químicos, sendo que 92 são naturais, que começaram a se
formar juntamente com o surgimento do Universo. Os outros
elementos são artificiais, ou seja, produzidos em laboratório
(MILLER JUNIOR; SPOOLMAN, 2012).
Esses elementos químicos se agrupam de diversas
maneiras e quantidades para formar as diferentes matérias
que compõem o Universo.
Matéria é tudo aquilo que apresenta massa e ocupa lugar no
espaço (apresenta volume). Portanto, podemos dizer que somos
matéria e, consequentemente, formados por elementos químicos.
Daí a importância da manutenção dos elementos químicos
naturais no ambiente, pois eles entram na constituição de
toda matéria viva (seres vivos como um todo) e não viva do
ambiente (água, rochas, solo, ar).
Os diferentes tipos de energia não são matéria, pois
não ocupam espaço e nem apresentam volume, mas têm a
capacidade de causar transformações na matéria e são essenciais
para o agrupamento e/ou segregação dos elementos químicos.

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Símbolos dos elementos químicos existentes

A maioria dos elementos químicos não é


encontrada sozinha na natureza. Eles estão
agrupados formando os diferentes tipos de
substâncias. Alguns elementos são eletricamente
estáveis e podem ser encontrados livres na
natureza, como os Gases Nobres

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2.1.1 Elementos químicos essenciais aos seres vivos

Existem elementos químicos que são essenciais para a


vida dos organismos, como o carbono (C), o hidrogênio (H),
o oxigênio (O), o nitrogênio (N) e o fósforo (BRAGA et al,
2005). Muitos desses elementos são incorporados em forma
de substâncias orgânicas, outros participam das várias reações
químicas que mantêm os organismos vivos.
Os elementos essenciais são chamados de nutrientes.
Normalmente, os seres vivos incorporam esses nutrientes por
meio da alimentação. Mas, esses elementos não são consumidos
de forma isolada, eles estão agrupados formando algum tipo
de substância, como aminoácidos, proteínas, carboidratos,
lipídios, vitaminas, sais minerais, ácidos nucléicos, gases,
água etc.

Aminoácidos são essenciais para a formação de proteínas

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Os nutrientes são substâncias essenciais
para manter os organismos vivos. Eles podem ser
classificados em macronutrientes – quando os
organismos necessitam em grande quantidade
(proteínas, lipídios e carboidratos) e micronutrientes
– quando os organismos precisam em pequenas
quantidades (vitaminas e sais minerais).

2.1.2 Ciclo biogeoquímico: o que é?

Como todo elemento químico, os elementos essenciais


também permutam de forma cíclica no meio ambiente, e esse
ciclo é conhecido por biogeoquímico (bio – relacionado aos
seres vivos que necessitam desses elementos; geo – porque
ocorre no planeta Terra; químico – refere-se aos elementos
químicos). Dessa forma, é função da biogeoquímica estudar a
troca de materiais entre os componentes vivos e não vivos da
biosfera (ODUM, 2012).
Sobre os diferentes tipos de ciclos biogeoquímicos,
podemos classificá-los em três grandes grupos, sendo que
dois deles se referem ao ciclo dos elementos vitais (macro e
micronutrientes) e outro se refere ao ciclo de um composto
vital: a água. Dessa forma, temos o ciclo hidrológico (da água),
os ciclos sedimentares (fósforo, cálcio, enxofre, magnésio,
potássio) e gasosos (oxigênio, nitrogênio, carbono) (BRAGA
et al, 2005).
A seguir, veremos os ciclos biogeoquímicos de alguns
compostos e como eles são importantes para os seres vivos.

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Permuta cíclica dos elementos químicos entre os seres vivos e o ambiente

O ciclo biogeoquímico está relacionado com


a ciclagem no ambiente de elementos químicos
e/ou substâncias que são essenciais para a vida
no planeta.

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Semana 3 Ciências do Ambiente

2 2.2 Principais ciclos biogeoquímicos na natureza: Ciclo


da Água, Ciclo do Carbono e Ciclo do Nitrogênio

Como vimos no tópico anterior, existem elementos


químicos que são essenciais para os seres vivos. Agora, nosso
desafio é entender como alguns desses elementos permutam
no ambiente, por onde eles passam e suas principais funções
nos organismos e na natureza como um todo. Pronto para
começar? Então, vamos prosseguir.

2.2.1 Ciclo da água

Você já deve ter percebido que quando os astrônomos


pesquisam a vida fora da Terra, a primeira coisa que eles
verificam é se existe água. Você saberia dizer por que ela é
tão importante para a vida?

A água é uma das substâncias mais importantes da


natureza, pois sem a presença dela seria impossível a vida no
planeta. Todos os seres vivos precisam dela para sobreviver.
Além de formar os habitats de várias espécies (mares, lagos,
rios etc.) e atuar como regulador térmico do ambiente, ela
é o meio no qual ocorrem as reações químicas de todos os
organismos vivos. Por isso, sem ela seria impossível ter o tipo
de vida como conhecemos hoje.

Os seres vivos podem obter a água ingerindo-a


diretamente, por meio dos alimentos ou, em alguns casos,
pela difusão pelo próprio tegumento, que é uma camada de
células contínuas que envolvem externamente os seres vivos,
sendo que pode ter função de proteção, produção e secreção
de substâncias (glândulas), em alguns casos, de absorção de
algumas substâncias, como ocorre em seres vivos de pequeno
porte, como os vermes.

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A molécula de água é formada por dois átomos de
hidrogênio (H) e um átomo de oxigênio (O) e sua fórmula
molecular é expressa por H2O. Uma das hipóteses mais aceitas
é que a água que temos, hoje, no planeta tenha vindo do
espaço, há milhões de anos, com os cometas que atingiam
nossa superfície. Desde então, a quantidade de água não se
altera, ela simplesmente vai permutando de forma cíclica nos
diferentes ecossistemas.
Na natureza, a água pode ser encontrada nos estados
sólido (gelo, geleiras, neve), líquido (rios, mares, aquíferos)
e gasoso (nuvens, atmosfera). A maior parte da água se
encontra nos oceanos (97%), ou seja, é água salgada. Dos 3%
de água doce, a maior parte se encontra nas geleiras, calotas
polares ou nos picos das montanhas (68,9%). O restante está
no subsolo (29,9%), na umidade do ar e em solos pantanosos
(0,9%) e a minoria está presente em rios e lagos (0,3%).
O ciclo da água é garantido pelo fenômeno de
evapotranspiração, que ocorre a partir da energia térmica do Sol
e aumenta o nível de agitação das moléculas de água no sistema.
A água dos oceanos, dos rios, dos lagos, da camada
superficial dos solos e dos seres vivos evapora por ação da
energia térmica do Sol. O vapor sobe para a atmosfera, compondo
a umidade do ar e/ou formam as nuvens que, em condições
adequadas, condensam-se e precipitam-se em forma de chuva,
neve ou granizo, dependendo da temperatura de condensação.

Condensação

Precipitação

Evaporação
Transpiração

Percolação
Lençol freático

Ciclo da água

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A água da chuva penetra no solo, abastecendo o lençol
freático, e outra parte escorre pela superfície até os cursos de
água, como rios, lagos e oceanos. A porção de água que se
infiltrou no solo permite o suprimento contínuo e lento dos rios.
Essa água na superfície é consumida pelos seres vivos e regressa
novamente à atmosfera pelo processo de evapotranspiração,
formando novas nuvens e dando continuidade ao ciclo.
Como acabamos de ver, a água está sempre permutando
no ambiente e não diminui seu volume total. Então, por que
dizemos que a água vai acabar? Por que os rios secam?
É preciso entender que a água do planeta nunca vai
acabar. O que acontece é que a quantidade de água disponível
para o consumo humano, a água doce superficial, é muito
pequena. Além disso, com a poluição e o desperdício, essa
água vai ficando cada vez mais escassa. A água retirada dos
rios para o consumo humano não vai voltar, necessariamente,
para o mesmo rio, pois, como vimos, essa água vai sofrer
o processo de evaporação e virar nuvens. Essas nuvens não
ficam paradas na atmosfera, elas se movimentam de acordo
com os ventos. Dessa forma, a água que evaporou de um
lugar pode se precipitar em outro local. Por exemplo, a água
evaporada de uma cidade no estado de São Paulo pode ser a
chuva em uma cidade de Minas Gerais ou no oceano. Por isso,
os rios podem baixar seu volume, podendo até mesmo secar,
em tempos nos quais ocorrem poucas chuvas em uma região.

A quantidade de água no planeta Terra não se


altera. O que se altera é a forma e o local onde
ela está disponível no ambiente. Á agua pode ser
encontrada nas geleiras, nos oceanos, nos rios,
nos lagos e no subsolo.

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2.2.2 Ciclo do carbono

O carbono (C) é o principal constituinte da matéria


orgânica, responsável por 49% do peso orgânico seco. Todo
ser vivo é formado por matéria orgânica e, consequentemente,
necessita de carbono para constituir seu organismo.
Além de entrar na constituição da matéria, esse elemento
entra na constituição de gases, como o dióxido de carbônico
(CO2), um dos gases essenciais para o efeito estufa, responsável
por manter parte do calor do Sol no planeta.
Um dos reservatórios naturais de carbono é a atmosfera,
justamente em forma de CO2. Esse gás é liberado por todos
os seres vivos que fazem respiração, como subproduto desse
processo bioquímico.
O ciclo do carbono é mantido no ambiente por quatro
processos: fotossíntese, respiração, combustão e decomposição.
Os únicos seres vivos que conseguem incorporar o CO2
atmosférico e convertê-lo em moléculas orgânicas são os
fotossintetizantes (algas e vegetais – seres produtores). A
fotossíntese é um processo bioquímico no qual esses seres
vivos promovem uma sequência de reações químicas, dentro
de suas células, utilizando como reagentes o CO2 e a água
(H2O). Para ocorrer essas reações, é necessária a energia
luminosa, naturalmente proveniente do Sol. Por isso, o nome
foto (luz) e síntese (produção).
Os produtos dessas reações são moléculas orgânicas: a
glicose (C6H12O6) e o gás oxigênio (O2). A glicose é utilizada
por esses seres vivos como fonte de matéria orgânica para
constituição de seu organismo e como fonte de energia no
processo de respiração celular. Já o gás oxigênio é liberado
para a atmosfera e consumido também no processo de
respiração celular.
O carbono incorporado na matéria orgânica dos
produtores é disponibilizado para os outros seres vivos
durante a alimentação e vai sendo transferido de organismo
para organismo na cadeia alimentar.
O carbono volta ao ambiente por meio da decomposição
da matéria orgânica, promovida pelas bactérias e fungos
decompositores. Esses organismos decompõem a matéria
orgânica liberando para a atmosfera o CO2.

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Outro processo que devolve o carbono para a atmosfera é
o processo de respiração celular. Todos os seres que necessitam
de O2 para obter energia (seres aeróbios) realizam um processo
bioquímico chamado respiração celular. Nesse processo, ocorre
a quebra de compostos orgânicos como a glicose, juntamente
com a participação de gás oxigênio, liberando energia para o
funcionamento do organismo e o CO2 que irá para a atmosfera.
A combustão de material orgânico (combustíveis fósseis
e fragmentos orgânicos) também libera monóxido de carbono
(CO) e CO2 para a atmosfera.
O gás carbônico também pode se dissolver nas águas dos
ambientes aquáticos, onde serão utilizados na fotossíntese
dos produtores desses ecossistemas.

Queima de combustíveis
CO2 na atmosfera fósseis e fragmentos orgâmicos
metano (CH4) e
monóxido de carbano (CO)
Respiração Fotossíntese
e decomposição

Fotossíntese Combustível fóssil para veículos,


(cadeias alimentares Tempo eletricidade e calor
marinhas)
Carvão
Restos vegetais
Tempo
CO2 Sedimentos
na água orgânicos Óleo e gás

Carvão mineral
Tempo
Sedimento calcário

Ciclo do carbono
Fonte: BRAGA et al, 2005.

Todo composto orgânico é formado por carbono.


Por isso, não há vida sem a existência de carbono.

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2.2.3 Ciclo do nitrogênio

O nitrogênio (N) é um elemento químico muito importante,


pois ele participa da constituição de várias substâncias essenciais
no organismo dos seres vivos, como proteínas, ácidos nucléicos,
vitaminas, enzimas e hormônios.

Assim como o carbono, o principal reservatório natural


de nitrogênio é a atmosfera, em forma de gás nitrogênio N2. O
nitrogênio molecular (N2) é o gás mais abundante da atmosfera.
Mas apenas um grupo seleto de seres vivos consegue assimilar
o nitrogênio gasoso.

O ciclo do nitrogênio é garantido por quatro mecanismos,


realizados por diferentes organismos vivos: fixação,
amonificação, nitrificação e desnitrificação.

A fixação do nitrogênio atmosférico ocorre por


microrganismos que vivem no solo e podem estar em
simbiose com vegetais, consumidores de vida livre ou alguns
quimiossintetizantes e fotossintetizantes.

Os microrganismos mais comuns, que fixam o nitrogênio


atmosférico, são as bactérias do gênero Rhizobium, que vivem
em simbiose com as raízes de plantas leguminosas (soja,
ervilha, lentilha, feijão). Eles assimilam o gás nitrogênio e o
transformam em nitrito (NO2-) e nitrato (NO3-), enriquecendo
o solo com esses nutrientes. As plantas absorvem esses
compostos por meio das raízes e os modificam em compostos
orgânicos que entrarão na composição do seu organismo,
como proteínas, ácidos nucléicos etc.

Muitos agricultores fazem a adubação verde, que consiste


em plantar, de tempos em tempos, culturas de leguminosas
no solo, enriquecendo-os com esses nutrientes nitrogenados.

Outros seres vivos vão adquirindo esse nutriente por meio


da alimentação, que segue de organismo para organismo na
cadeia alimentar.

A amonificação é a produção de compostos nitrogenados


[amônia (NH3) e amônio (NH4+)], que ocorre dentro dos
organismos dos seres vivos, devido ao metabolismo de proteínas
e aminoácidos. Esses compostos são lançados ao meio externo
através das excretas. Outra forma de amonificação ocorre quando
a matéria orgânica é decomposta pelos seres decompositores.
Esses organismos, ao decompor a matéria orgânica, liberam no
solo a amônia e o amônio, produtos dessa reação.

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Esses dois compostos nitrogenados podem voltar a
virar nitrito (NO2-) e nitrato (NO3-) pela ação de bactérias
quimiossintetizantes (nitrossomas), que vivem no solo, e
voltarem a ser assimilados pelos vegetais, ou são convertidos
em gás nitrogênio (N2) pela ação das pseudomonas, bactérias
desnitrificantes, dando continuidade ao ciclo.

N2
Nitrogênio

Atmosfera

Desnitrificação
Fixação de nitrogênio (Bactérias)
por bactérias

Plantas
Animais
Assimilação
Decompositores plantas

Ambiente Amonificação

Amônia (NH3) e Nitrificação Íons Íons


Íons de Amônia (NH4) (bactérias) Nitritos Nitritos
(NO-2) (NO-2)

Ciclo do nitrogênio
Fonte: BRAGA et al, 2005.

O nitrogênio é essencial para a formação das


moléculas de DNA e RNA, o material genético dos
seres vivos.

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Semana 3 Ciências do Ambiente

3
2.3 Atividade humana e alteração nos ciclos
biogeoquímicos

Os ciclos biogeoquímicos ocorrem naturalmente nos


ecossistemas. No entanto, o desequilíbrio causado pela
ação antrópica pode levar a um desarranjo nesses ciclos,
comprometendo a existência de toda vida no planeta. Você
sabia que o efeito estufa é benéfico para a manutenção da vida
na Terra? Então, por que tem se falado tanto nos problemas
que ele vem causando? A seguir, vamos entender o que está
acontecendo com o nosso planeta na atualidade.

2.3.1 Ação humana sobre o ciclo da água

As atividades humanas podem interferir de diferentes


maneiras sobre o ciclo da água, comprometendo o ecossistema
com um todo, inclusive a própria vida.

O desmatamento de grandes áreas verdes, como em


áreas florestais, faz com que a evapotranspiração vegetal
diminua. Dessa forma, acaba interferindo no microclima ou,
dependendo do tamanho da área afetada e da importância
da floresta, por exemplo, a floresta Amazônica, pode haver o
comprometimento do clima global.

Outro fator que pode gerar problemas ambientais e


transtornos econômicos é a pavimentação exacerbada das
áreas urbanas, que impedem a penetração de água no solo.
A pavimentação compromete ainda a recarga dos aquíferos
subterrâneos, gerando, com isso, enchentes nos cursos de
água que cortam os centros urbanos.

A poluição atmosférica também pode ser um problema


para o ciclo da água. A queima de combustíveis fósseis e de
outros compostos pelas indústrias libera para a atmosfera
gases que, ao entrarem em contato com a água atmosférica,
transformam-se em ácidos. Quando ocorre a precipitação,
temos as deposições ácidas (chuva, neve, orvalho, neblina)

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que contaminam o solo e os ecossistemas aquáticos, causando
danos materiais aos seres humanos, como corrosão de
monumentos e pintura dos carros.

Esses problemas poderiam ser amenizados com a


diminuição do desmatamento, a criação de áreas verdes
em centros urbanos para auxiliar na drenagem da água e a
diminuição da liberação de gases tóxicos no ambiente. São
soluções simples que demandam a consciência, o planejamento
e o engajamento de toda a população.

O desmatamento compromete o ciclo da água

Diminuir o impacto da ação entrópica sobre


o ambiente demanda o engajamento de toda
a população.

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2.3.2 Ação humana sobre o ciclo do carbono

A partir da revolução industrial, o ser humano passou a


fazer uso intenso de combustíveis fósseis para geração de energia
nas industriais e nos motores dos automóveis. Desde então, a
liberação de CO2 atmosférico vem aumentando a cada ano.
Nós passamos a devolver à atmosfera uma taxa
de CO2 superior à capacidade de assimilação pelos seres
fotossintetizantes. Além disso, o desmatamento de grandes
áreas florestais diminuiu o número desses organismos.
Esse desequilíbrio causou o acúmulo de CO2 na atmosfera,
intensificando, dessa forma, o efeito estufa.
O efeito estufa em si é benéfico para a natureza, pois os
gases que fazem parte desse processo, como o CO2 e o metano,
têm a capacidade de reter parte do calor do sol que irradia
sobre o planeta, não deixando que ele se dissipe para o espaço.
O problema é quando temos uma elevada concentração desses
gases pode ocorrer o que chamamos de aquecimento global.
O aquecimento global pode trazer grandes prejuízos para
o meio ambiente, causando a morte de várias espécies de
seres vivos pela destruição de habitats ou por não estarem
adaptados a alterações de temperatura. Também pode ocorrer
o derretimento das calotas polares, aumentando os níveis das
águas oceânicas e, consequentemente, destruindo habitats
gélidos e alagando áreas costeiras.
É possível amenizar esse problema investindo em novas
tecnologias de energia renovável e com menos agressão ao
ambiente. As populações urbanas também podem contribuir
adquirindo hábitos para diminuir a emissão desses gases,
utilizando meios de transporte coletivos e/ou que emitam
menos poluentes.

Destruição de habitat devido ao aquecimento global

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O efeito estufa é benéfico para o planeta.
O problema é quando ocorre o aumento desse
processo, ocasionando o aquecimento global.

2.2.3 Ação humana sobre o ciclo do nitrogênio

O desenvolvimento científico e tecnológico trouxe grandes


avanços para a humanidade, no entanto, acarretou também
alguns problemas ambientais, como é o caso da produção de
fertilizantes agrícolas.

Durante a primeira guerra mundial, o alemão Fritz


Habel conseguiu obter amônia a partir de N2 atmosférico.
Isso possibilitou o aparecimento dos fertilizantes sintéticos,
aumentando, dessa forma, a produção agrícola (BRAGA et al,
2005). Esse feito foi de grande importância, principalmente em
tempos de guerra, e até hoje nós os utilizamos. No entanto,
como vimos anteriormente, o ciclo do nitrogênio depende de
um conjunto de fatores bióticos e abióticos que promovem
as transformações de compostos. O excesso de compostos
lançados no ambiente via seres humanos não faz parte dessa
dinâmica, portanto, não são assimilados pelos seres vivos.
Esse excesso carregado para os lençóis freáticos, rios e lagos,
tem causado o fenômeno de eutrofização, comprometendo a
qualidade da água e a morte de seres vivos.

A eutrofização é um fenômeno causado pelo despejo


excessivo de compostos inorgânicos, ricos em nitrogênio e fósforo,
em corpos de água; podendo resultar na proliferação massiva de
algas e macrófitas aquáticas. Esse aumento da biomassa acarreta
a diminuição de oxigênio, podendo resultar no desenvolvimento
massivo e indesejado de algas e macrófitas aquáticas, causando,
assim, a mortandade de várias espécies aquáticas.

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Outro problema ambiental causado pelo uso excessivo de
fertilizantes é a liberação de óxido nitroso (N2O), gás de efeito
estufa de grande relevância. Este é lançado na atmosfera
pela ação de bactérias desnitrificantes, contribuindo para a
intensificação do efeito estufa. Além do mais, em todo processo
de combustão da matéria orgânica há geração de óxidos de
nitrogênio (NOx) que contribuem para formação de ácidos
inorgânicos fortes na atmosfera, como o ácido nítrico (HNO3).

A utilização de fertilizantes industriais pode ser


substituída pela utilização da adubação verde, que consiste
em plantar leguminosas que irão enriquecer o solo com
compostos nitrogenados, num sistema chamado de rotação de
cultura. Outra alternativa é a utilização de adubos orgânicos,
provenientes da decomposição de restos de seres vivos,
alimentos e fezes de animais (húmus).

Fertilizantes excedem a quantidade de compostos nitrogenados

Os fertilizantes sintéticos aumentam a


produtividade agrícola, mas trazem prejuízos ao
meio ambiente.

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Referências

BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental: o


desafio do desenvolvimento sustentável. São Paulo: Record,
2005.
ODUM, E. Ecologia. São Paulo: Guanabara Koogan, 2012.
MILLER JUNIOR, G. T.; SPOOLMAN, S. E. Ecologia e
sustentabilidade. São Paulo: Cengage Learning Edições
Ltda, 2012.

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Ciências do Ambiente

Introdução | Semana 4

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à terceira Unidade de Aprendizagem.


Nela, você aprenderá o que é poluição ambiental, como ela ocorre e como as
atividades humanas são responsáveis por intensificar esse problema. Além disso,
você conhecerá as principais formas de poluição ambiental (poluição da água, do
solo e do ar) e suas fontes poluidoras, bem como formas de diagnosticar esses
problemas e encontrar possíveis soluções.
O objetivo da presente unidade é que você compreenda que o ser humano
pode intensificar a poluição ambiental, mas também é capaz de criar mecanismos
para evitá-la e/ou corrigi-la.
Você sabia que o gás oxigênio já foi um poluente em nosso planeta?
Nesta unidade, aprenderemos mais sobre estas e outras questões relacionadas
à poluição ambiental.

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Semana 4 Ciências do Ambiente

1
Poluição Ambiental

3.1 Introdução ao estudo da poluição ambiental

Na unidade anterior, vimos que existem elementos químicos


que formam substâncias que são essenciais para os seres
vivos, e esses elementos participam dos ciclos biogeoquímicos,
passando por todos os fatores vivos e não vivos do ambiente.
No entanto, podemos encontrar no ambiente substâncias
que podem comprometer a vida dos seres vivos, causando
problemas ambientais que chamamos de poluição.
Definimos como poluição qualquer alteração nas
características físicas, químicas ou biológicas do ambiente que
cause ou possa causar prejuízos à saúde, à sobrevivência ou
às atividades dos seres vivos (BRAGA et al, 2005). A poluição
ambiental pode ser causada por fatores naturais, como
erupções vulcânicas e antrópicas, ou por atividades humanas.
As substâncias que causam esses problemas são chamadas
de agentes poluidores, substâncias poluidoras ou poluentes
(MILLER; SPOOLMAN, 2012). Como vimos na aula anterior, a
poluição é um dos principais fatores que contribui diretamente
para a extinção de espécies.
Quando os fenômenos naturais causam algum tipo de
poluição, muitas vezes, fogem do nosso controle, e não temos
muito o que fazer, como nos casos de incêndios florestais
naturais, erupções vulcânicas etc. (ODUM, 2012).
A seguir, apresentamos um exemplo de um fenômeno
natural que causou a poluição da atmosfera da Terra primitiva.

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Atividade vulcânica polui o meio ambiente

A poluição pode ser causada por fatores naturais


ou em consequência das atividades humanas.

3.1.1 O caso do oxigênio como agente poluidor do


ambiente

Um exemplo de fenômeno natural que causou sérios


problemas ao ambiente foi o aparecimento do gás oxigênio na
atmosfera terrestre há aproximadamente dois bilhões de anos,
sendo que a vida no planeta surgiu há 3,5 bilhões de anos.

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Os seres primitivos realizavam o processo de fermentação
para conseguir energia a partir de compostos orgânicos. Esse
processo, existente até hoje em algumas espécies de fungos e
bactérias, não necessita de oxigênio para ocorrer.
Há aproximadamente dois bilhões de anos surgiram
os seres fotossintetizantes, que aumentaram a eficiência
energética produzindo seus próprios compostos orgânicos,
que seriam utilizados para obter sua energia. No entanto,
um subproduto dessa reação foi o gás oxigênio (O2), uma
substância altamente oxidante e tóxica para os seres vivos
que não tinham adaptações para incorporar esse gás. Por isso,
o ambiente foi contaminado com uma grande quantidade de
O2 que estava sendo produzida pelos seres fotossintetizantes.
Esse problema ambiental causou a morte de vários
seres vivos, mas contribuiu para a evolução e o surgimento
de novas espécies.
Após 500 milhões de anos do surgimento do O2, por meio
de vários processos de mutações e seleção natural, surgiram os
primeiros seres aeróbios (aqueles que utilizam O2 para oxidar
compostos orgânicos e liberar energia para o funcionamento
do organismo, ou seja, aqueles que faziam a respiração
celular). Esses organismos tiveram um grande sucesso no
ambiente, pois, em termos energéticos, a respiração é mais
rentável do que a fermentação. Por isso, eles conseguiram se
adaptar melhor ao ambiente do que os fermentadores, sendo
ancestrais de todos os seres vivos que realizam respiração
celular existentes nos dias atuais.

O gás oxigênio já foi poluente

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Poluição é qualquer alteração nas
características físicas, químicas e biológicas
do ambiente que pode comprometer a vida dos
seres vivos.

3.1.2 Poluição antrópica

A poluição antrópica está relacionada ao lançamento de


resíduos originados pelas atividades humanas que causam um
impacto negativo no ambiente. Nesse caso, a poluição está
ligada à concentração desses poluentes nas águas, no solo e
no ar. Por questões legais e para tentar controlar a poluição
nesses ambientes, foram criados os padrões e indicadores de
qualidade do ar, da água e do solo.
Quanto à origem dos poluentes que produzimos, podemos
classificá-los em dois tipos: as fontes pontuais (fixas), que
são únicas e de fácil identificação, como esgoto doméstico
e industrial, fumaça de chaminés de indústrias, fumaça de
escapamento de automóveis, aterro sanitário etc.; e as fontes
difusas (móveis), que são dispersas e, muitas vezes, difíceis
de identificar a origem, como a aplicação de agrotóxicos que
são dispersos no ar e carregados pelas chuvas para rios e
lençóis freáticos, lixos que são jogados no solo e levados para
os rios e córregos etc.
Os efeitos da poluição podem ser classificados em local,
regional ou global, de acordo com sua abrangência. Os mais
conhecidos e de fácil monitoramento são os locais e os regionais.
Normalmente, estes ocorrem em áreas com grande densidade
populacional e intensa atividade industrial. Um exemplo disso é
a cidade de São Paulo, que sofre com a poluição do ar causada
pela grande quantidade de automóveis e indústrias e com a
poluição da água causada pelo despejo de esgoto urbano e
industrial nos rios. Além disso, há a poluição do solo causada
pela grande quantidade de lixo produzido pela população.

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Os efeitos globais são mais difíceis de serem mensurados e
controlados, como é o caso da intensificação do efeito estufa e da
redução da camada de ozônio. No entanto, podem trazer sérios
problemas para o clima e para o equilíbrio dos ecossistemas.
Os efeitos da poluição de caráter global são focos de
estudos de vários cientistas ambientais e despertam a atenção
de todas as nações. As discussões dessas problemáticas já
fazem parte das agendas de políticos de vários países, que
promovem encontros para discutir formas de amenizar os
impactos ambientais causados pelo modelo de desenvolvimento
econômico vigente.
Nesse sentido, já foram produzidos vários documentos de
comprometimento com a questão ambiental, como o Protocolo
de Kyoto e a Agenda 21. No entanto, nem todos os países
respeitam o que está sendo proposto nesses documentos.
Até pouco tempo, acreditava-se que a ciência e a
tecnologia resolveriam todos os problemas e que não haveria
limites para o crescimento econômico e para a utilização de
recursos naturais. No entanto, a conjuntura socioambiental
que presenciamos atualmente é bem diferente.

As atividades humanas geram vários tipos de poluição ambiental

Os efeitos da poluição global são de difícil


controle e podem causar sérios problemas para
todos os ecossistemas.

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Semana 4 Ciências do Ambiente

2
3.2 Principais tipos de poluição e fontes
poluidoras

No presente tópico, veremos os principais tipos de poluição


causados pela ação antrópica (água, solo e ar), bem como as
fontes poluidoras e suas consequências para o meio ambiente.

3.2.1 Poluição da água

A Alteração da qualidade da água não está necessariamente


ligada a sua aparência, já que a água de aspecto satisfatório
para um determinado uso pode conter microrganismos
patogênicos (causadores de doenças) ou substâncias tóxicas
para alguns seres vivos.
Às vezes, a água poluída pode ser ruim para alguns
organismos e para outros não vai fazer diferença. Por exemplo, a
água potável, que passa pela estação de tratamento, apresenta
cloro, que, em quantidades controladas, é importante para
matar microrganismos nocivos à saúde humana. No entanto,
essa água é prejudicial para a criação de peixes.
Os efeitos da poluição da água vão depender da fonte
poluidora e do tipo de poluente. Essas fontes podem ser pontuais
(lançamento de esgotos domésticos e industriais), podendo ser
identificadas mais facilmente, e seu controle é mais eficiente;
ou difusas (agrotóxicos provenientes da agricultura), pois sem
ter um ponto de lançamento específico, ele pode ocorrer ao
longo do curso de rios. Nesse caso, é mais difícil identificar os
focos da poluição e o controle dela (BRAGA et al, 2005).

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Principais poluentes aquáticos

Você sabia que os poluentes da água podem ser classificados


de acordo com sua natureza (composição) e com os impactos
causados pelo seu lançamento no meio aquático? Acompanhe!

▪▪ Poluentes orgânicos
A maioria dos poluentes orgânicos é proveniente dos
esgotos domésticos que são lançados nos corpos de água
sem o devido tratamento. A matéria orgânica na água servirá
de alimento para os microrganismos decompositores, que
aumentarão em número devido a essa grande disponibilidade
de alimento. E isso, consequentemente, aumentará o consumo
de oxigênio, que ficará escasso no ambiente aquático.
Dessa forma, vários organismos poderão morrer, como
peixes, algas, e bactérias decompositoras aeróbias, que
serão substituídas pelas bactérias anaeróbias, que decompõe
a matéria orgânica sem a necessidade de oxigênio. Nesse
processo de decomposição, essas bactérias produzem gases
como o metano e o gás sulfídrico.
Assim, o impacto causado pelo lançamento de esgotos
não tratados em corpos de água ocorre, principalmente, pela
diminuição da concentração de oxigênio dissolvido, e não pela
presença de substâncias tóxicas nesses despejos. Essa água
é imprópria para o consumo humano, pois os microrganismos
presentes nela são patogênicos (podem causar doenças) ao
homem e causam a morte de vários seres vivos que habitam
o ambiente aquático.

▪▪ Poluentes
refratários
orgânicos recalcitrantes ou

Esses tipos de poluentes são compostos por substâncias


que não sofrem decomposição ou demoram muito tempo para
serem biodegradados. Normalmente, estes são produtos criados
por processos tecnológicos, portanto, não são encontrados
naturalmente no ambiente, como é o caso dos defensivos
agrícolas, detergentes sintéticos e petróleo e seus derivados.
O impacto ao meio ambiente causado por esses poluentes
não está associado ao esgotamento do oxigênio, mas sim à
toxicidade de sua composição.
Os defensivos agrícolas podem ser bioacumulativos
(acúmulo de substâncias à medida que temos um nível trófico
mais elevado na cadeia alimentar), o que pode causar sérios
problemas à saúde dos seres vivos. Os detergentes sintéticos

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(utilizados nas residências e/ou indústrias) são mais tóxicos
para a vida aquática do que para os seres humanos, no entanto,
a qualidade da água para nosso consumo é prejudicada,
causando o encarecimento do seu tratamento para que se
torne potável. O petróleo e seus derivados, além de conterem
substâncias tóxicas que causam a mortalidade de várias
espécies aquáticas, também formam uma camada superficial
que impede a passagem de luz, dificultando o processo de
fotossíntese aquática, que, consequentemente, gera a queda na
concentração de O2 dissolvido. Esses componentes podem atingir
o meio aquático durante o processo de extração, transporte,
refugo do aproveitamento industrial, entre outras formas.

▪▪ Metais
Naturalmente, existem vários metais dissolvidos na água,
no entanto, dependendo da concentração e do tipo de metal,
este pode ter sérios problemas para a vida aquática e para os
seres humanos.
Os seres vivos necessitam de pequenas quantidades
de alguns metais como o cobalto, o cobre, o manganês, o
molibdênio, o zinco, o cromo e o ferro para a realização de
funções vitais no organismo. Contudo, níveis excessivos desses
elementos podem ser extremamente tóxicos. Existem alguns
metais que não apresentam funções em nosso organismo e sua
acumulação pode trazer sérios problemas à saúde, como é o
caso do mercúrio, do chumbo e do cádmio (CAMPOS et al, 2009).
Os metais podem ser bioacumulativos e trazer vários
problemas aos seres vivos, como câncer, mutação e má
formação fetal. Alguns exemplos de metais tóxicos são o
chumbo, o arsênio, o bário, o cádmio, o mercúrio, o cromo e
o manganês.
Esses metais podem ser lançados no ambiente aquático
pelas atividades industriais, agrícolas e de mineração.
Como exemplo de contaminação da água e do solo por
metais, podemos citar o acidente com a represa de refugo
de mineração em Mariana (MG). Essa barragem era utilizada
para o armazenamento do rejeito da mineração de ferro. Com
o seu rompimento, todo seu conteúdo foi carregado por uma
enxurrada de lama que contaminou o solo, os rios e as águas
oceânicas no estado do Espírito Santo, que fica a mais de 800
km do local do desastre.
Veja, agora, outro tipo de poluente.

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▪▪ Organismos Patogênicos
A água pode transmitir várias doenças caso esteja
contaminada com organismos causadores de doenças
(patogênicos). Esse tipo de contaminação, normalmente,
ocorre em regiões onde o sistema de saneamento básico é
muito precário ou inexistente. Nesse caso, não há tratamento
da água para o consumo humano, e o esgoto não é coletado e
nem descartado da forma correta no ambiente.
Os principais organismos patogênicos presentes em águas
contaminadas com esgoto são as bactérias (causadoras de
leptospirose, cólera, febre tifóide, tétano), vírus (causadores de
hepatite, poliomielite), protozoários (causadores de amebíase
e giardíase) e vermes (causadores de esquistossomose e
ascaridíase).
As doenças causadas por esses organismos podem
ocasionar incapacitação temporária ou mesmo a morte.

Dejetos humanos poluem a água

Os poluentes da água podem ser classificados


de acordo com sua composição e com os impactos
causados pelo seu lançamento no meio aquático.

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3.2.2 Poluição do Solo

Vamos analisar agora a poluição do solo a partir de duas


grandes fontes poluidoras, o meio rural e o meio urbano.

▪▪Poluição do solo no meio rural


O emprego de fertilizantes sintéticos e defensivos
agrícolas cresceu rapidamente e se estendeu por praticamente
todas as terras cultiváveis.
Os fertilizantes sintéticos são utilizados para atender à
demanda de nutrientes necessários para o cultivo de produtos
agrícolas no intuito de aumentar a produtividade. No entanto,
mesmo utilizando as melhores técnicas de aplicação desses
fertilizantes, a eficiência de absorção pelos vegetais nunca
será de 100%. Dessa forma, o excedente vai se incorporar
ao solo, fixando-se a sua porção sólida ou solubilizando e
movimentando-se em conjunto com sua porção líquida,
podendo contaminar os lençóis freáticos e o ambiente aquático.
Estudos indicam que apenas uma pequena porcentagem
de nitrogênio e fósforo aplicados por meio de fertilizantes
sintéticos é incorporada às plantas, de modo que o restante
fica no ambiente, podendo atingir níveis tóxicos aos seres
vivos (BRAGA et al 2005).
Outro problema é que quando o excedente de compostos
inorgânicos atinge o ambiente aquático, este pode ocasionar
a eutrofização, que é o despejo excessivo de compostos
inorgânicos, ricos em nitrogênio e fósforo, em corpos de água;
podendo resultar na proliferação massiva de algas e macrófitas
aquáticas. Essa alteração da biomassa acarreta a diminuição
de oxigênio dissolvido na água e o aumento de decomposição
da matéria morta, causando, assim, a mortandade de várias
espécies aquáticas.
Os defensivos agrícolas (praguicidas) também
apresentam os “dois lados da moeda”, visto que são utilizados
para combater os diferentes tipos de pragas, como os
insetos (inseticidas), fungos (fungicidas), vegetais parasitas
(herbicidas) e roedores (rodenticidas). No entanto, podem
causar sérios problemas ambientais.
O problema é que muitos desses defensivos agrícolas
apresentam o efeito residual, ou seja, mesmo depois de
vários anos de sua aplicação, as substâncias contidas nesses
produtos ainda continuam no ambiente.

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Isso permite que tais substâncias sejam carregas pelas
águas e pelo ar, atingindo regiões distantes de sua origem.
Um exemplo disso é o registro de defensivos agrícolas como
o Dicloro-difenil-tricloroetano, o DDT, primeiro inseticida
organoclorado com elevada resistência à decomposição, nas
calotas polares.
Esses defensivos podem ser incorporados pelos tecidos
vegetais e serem bioacumulativos, causando sérios problemas
à saúde dos seres vivos.
A toxicidade de alguns defensivos como os organoclorados
(DDT, aldrin, dieldrin, heptacloro) pode ser muito elevada e
sua persistência no ambiente pode durar mais de 10 anos.

▪▪Poluição do solo no urbano


A poluição do solo do meio urbano é proveniente de
resíduos originados pelas atividades industriais, comerciais e
residenciais. Normalmente, os resíduos sólidos e líquidos são
os que mais causam poluição do solo urbano.
Os resíduos sólidos são constituídos por elementos desde
aquilo que chamamos de lixo até resíduos especiais, provenientes
de processos industriais e de atividades médico-hospitalares.
O descarte irregular ou o tratamento inadequado desses
resíduos sólidos pode causar sérios problemas de proliferação
de insetos e roedores, além de trazer riscos à saúde pública e
causar incômodos estéticos e de mau cheiro.
A disposição irregular do lixo, além de contaminar o solo,
pode também contaminar o lençol freático, pois o chorume
(substância líquida resultante do processo de decomposição
da matéria orgânica encontrada no lixo), além de causar mau
cheiro, penetra no solo, podendo atingir o lençol freático.
A contaminação do solo urbano por resíduos líquidos é
proveniente do descarte irregular do esgoto doméstico e/ou
industrial. Esse esgoto pode conter substâncias tóxicas ou
agentes patogênicos que podem comprometer a saúde pública.
Esses problemas poderiam ser facilmente resolvidos
com investimento em programas de saneamento básico, que
prioriza o tratamento de água e esgoto, como também o
descarte e o tratamento correto do lixo urbano.

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Utilização de agrotóxicos causa poluição do solo

Tanto o meio urbano quanto o rural podem


causar poluição do solo. Além de causar sérios
problemas ao solo, esse tipo de poluição também
pode afetar a qualidade da água subterrânea e
de outros corpos de água, como rios e córregos
existentes nas áreas urbanas e rurais

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3.2.3 Poluição do ar

A poluição do ar ocorre quando existem substâncias


químicas em concentrações suficientes que podem causar
danos aos seres vivos ou a materiais. Os principais poluentes
atmosféricos são gases provenientes, principalmente, das
atividades humanas.
Esses poluentes são classificados em: primários e
secundários. Os primários são aqueles lançados diretamente
no ar, como é o caso do gás carbônico CO2, do dióxido de
enxofre SO2 e do monóxido de carbono CO. Os secundários
se formam na atmosfera por meio de reações químicas com
outras substâncias, como o SO3 (SO2 + O2) que reage também
com o vapor de água (H2O) formando o ácido sulfúrico (H2SO4),
originando um problema ambiental chamado deposição ácida
(chuva, neve, orvalho e neblina ácida).
Esses gases poluentes são produzidos principalmente pela
queima de combustíveis fósseis, subprodutos de refinarias,
pela mineração e por indústrias químicas.
As fontes de poluição do ar podem ser estacionárias,
como uma chaminé de indústria ou móveis, como os veículos.
Quanto à abrangência de seu impacto, esta pode ser local,
quando afeta uma região relativamente pequena, como uma
cidade, ou global, quando envolve toda a ecosfera.
Como problema local, destacamos o smog industrial,
que é uma expressão inglesa, híbrida, utilizada para descrever
a mistura de fumaça (smoke) e nevoeiro (fog) que envolve
algumas cidades, podendo ocorrer em regiões onde há intensa
atividade industrial. Nesse tipo de problema, os poluentes são
retidos numa camada mais baixa da atmosfera, causando
sérios problemas respiratórios aos seres humanos e a outros
organismos presentes nessas regiões.
Os problemas globais mais conhecidos são a intensificação
do efeito estufa, responsável pelo aquecimento global e o
buraco na camada de ozônio. A intensificação do efeito estufa
é ocasionado pela liberação dos chamados gases de efeito
estufa (CO2, metano, óxido nitroso e clorofluorcarbono - CFC).
Esses gases são provenientes da queima de combustíveis
fósseis e de atividades industriais.
O buraco na camada de ozônio é ocasionado pela liberação
de CFC na atmosfera. Tais gases reagem com o ozônio, fazendo
com que a camada que protege o planeta contra a radiação
ultravioleta do Sol fique rarefeita.

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Isso pode aumentar a incidência de câncer de pele,
reduzir as safras agrícolas, inibir o crescimento vegetal e causar
mutações nos seres vivos.
Esses gases são utilizados nas indústrias de aparelhos de
ar-condicionado e de refrigeração, de propelentes (aerossóis),
de equipamentos eletrônicos e plásticos.

Queima de combustíveis fósseis e poluição atmosférica

Os principais poluentes atmosféricos são gases


provenientes, principalmente, das atividades humanas.

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Semana 4 Ciências do Ambiente

3
3.3 Diagnóstico de poluição ambiental

Para cada tipo de poluição que vimos anteriormente, da


água, do solo e do ar, existem vários parâmetros indicadores
da qualidade desses ambientes. Tais parâmetros são baseados
nas quantidades de indicadores de poluição, cujos limites são
assegurados por padrões de qualidade instituídos por leis e
decretos ambientais.
O diagnóstico de poluição ambiental leva em consideração
os parâmetros indicadores de poluição da água, do solo, do
ar e sonora de uma determinada região. Esse diagnóstico
é necessário para que haja um manejo planejado de uma
região, no intuito de investigar o grau de poluição e quais
ações poderão ser tomadas caso haja algum problema.

Parâmetros de referências para avaliar a qualidade ambiental

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O diagnóstico de poluição ambiental leva
em consideração os parâmetros indicadores de
poluição da água, do solo, do ar e sonora de uma
determinada região.

3.3.1 Indicadores de Poluição da água

Existem vários parâmetros indicadores da qualidade da


água, o mais utilizado é a Demanda Biológica por Oxigênio
(DBO), que indica a quantidade de oxigênio necessária para
fazer a decomposição da matéria orgânica, pois quanto maior
for a DBO, maior será a poluição aquática. Além da DBO,
também são analisados o Oxigênio Dissolvido (OD) e o pH.
Outros indicadores são analisados quando se trata da água
para consumo humano. Nesse caso, são analisados padrões
microbiológicos (quantidade de Escherichia coli ou coliformes),
padrão de turbidez, padrão para substâncias químicas que
apresentam risco à saúde humana e padrão de radioatividade.

Análise da água

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A análise da água para o consumo humano
leva em consideração os indicadores que podem
comprometer a saúde humana, como a presença de
microrganismos patogênicos e substâncias tóxicas.

3.3.2 Indicadores de Poluição do solo

O principal indicador de poluição do solo utilizado nas


zonas urbanas é o manejo dos resíduos sólidos, que leva
em conta como ocorre a coleta, o transporte, o tratamento e a
disposição final desses resíduos sólidos em uma determinada
região. Outros parâmetros que podem ser analisados são: a
quantidade de metais, agrotóxicos, compostos inorgânicos
provenientes de fertilizantes, entre outros.

3.3.3 Indicadores de Poluição do ar

Os limites máximos (padrões) de alguns indicadores


de poluição do ar estão divididos em dois níveis: primário
e secundário. O primário inclui uma margem de segurança
adequada para proteger indivíduos mais sensíveis, como
idosos, crianças e pessoas com problemas respiratórios. O
secundário é fixado sem levar em conta a saúde humana, mas
sim outros fatores, como danos à agricultura, a materiais e à
vida de outros seres vivos, mudanças climáticas entre outros.
Os principais poluentes analisados são: monóxido de
carbono (CO), dióxido de enxofre (SO2), material particulado,
dióxido de nitrogênio (NO2) e dióxido de carbono (CO2) e
ozônio (O3).

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O diagnóstico de poluição ambiental é
necessário para que haja um manejo ambiental
planejado para uma região.

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Referências

CAMPOS, A. E. L. et al. Avaliação da contaminação do Igarapé


do Sabino (Bacia do Rio Tibiri) por metais pesados, originados
dos resíduos e efluentes do Aterro da Ribeira, em São Luís,
Maranhão. Quím. Nova,  São Paulo,  v. 32, n. 4, p. 960-964,  
2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/qn/v32n4/
v32n4a25.pdf>. Acesso em: 01 mar. 2016. 
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental: o
desafio do desenvolvimento sustentável. São Paulo: Record,
2005.
MILLER JUNIOR, G. T.; SPOOLMAN, S. E. Ecologia e
sustentabilidade. São Paulo: Cengage Learning Edições
Ltda, 2012.
ODUM, E. Ecologia. São Paulo: Guanabara Koogan, 2012.

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Ciências do Ambiente

Introdução | Semana 5

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à quarta Unidade de Aprendizagem.


Nela, você estudará os processos de obtenção de energia promovidos pelos seres
vivos para sustentarem a vida. Além disso, discutiremos a dependência dos seres
humanos de diferentes fontes e formas de energia a fim de desenvolverem suas
atividades não apenas vitais, mas também econômicas, científicas e tecnológicas.
Veremos como essa necessidade energética pode afetar o meio ambiente e quais
caminhos podemos tomar para que as fontes naturais de energia não se esgotem.
Você sabia que parte da energia que retiramos dos alimentos é proveniente do Sol?
Você sabia também que as fontes de energia podem ser classificadas em
renováveis e não renováveis? Na presente Unidade de Aprendizagem, aprenderemos
mais sobre estas e outras questões relacionadas à energia no meio ambiente.

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Semana 5 Ciências do Ambiente

1 4.1 Necessidade energética dos seres vivos

Para realizarmos qualquer atividade física, precisamos de


energia. Energia, portanto, é definida como a capacidade de
produzir trabalho, força realizada para movimentar e/ou modificar
algo, ou realizar uma atividade (ODUM, 2012; MILLER JUNIOR;
SPOOLMAN, 2012). Neste tópico, veremos a dependência
energética dos seres vivos para realizarem suas atividades vitais
básicas e como essa energia está disponível no ambiente.
É fácil pensarmos em necessidade energética quando
estamos correndo ou levantando algum objeto. Agora, imagine
uma planta que não sai do lugar. Será que ela precisa de energia?
Todos os seres vivos necessitam de energia para
sobreviver, pois até mesmo as atividades metabólicas
(metabolismo = conjunto de reações químicas que ocorrem
no organismo) que são realizadas dentro das células precisam
de energia para se desenvolverem.
Sabemos que a energia é muito importante para a
manutenção da vida no planeta. Mas de onde ela vem? Como
está disponível no meio ambiente? Como essa energia se
comporta na natureza e entre os seres vivos? Aprofundaremos
nossos conhecimentos nos itens a seguir. Vamos lá?

Todo ser vivo necessita de energia para realizar as atividades vitais

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As células utilizam a energia para realizarem
as diferentes reações químicas a fim de manterem
o organismo vivo.

4.1.2 O comportamento da energia no ambiente

O comportamento da energia na natureza é explicado


por duas leis da termodinâmica (área da Física que estuda
as transformações da energia), a primeira delas é a lei da
conservação da energia. “Segundo essa lei científica, sempre
que a energia é convertida de uma forma em outra por meio
de uma alteração física ou química, nenhuma energia é criada
ou destruída” (MILLER JUNIOR; SPOOLMAN, 2012, p. 48). Por
exemplo, a energia luminosa é convertida em energia química
durante o processo de fotossíntese.
A segunda lei da termodinâmica postula que quando
ocorre transformação de energia há uma perda da qualidade
energética, ou seja, uma energia mais útil (alta qualidade -
concentrada) é transformada em outra menos útil (de baixa
qualidade - dispersa) (MILLER JUNIOR; SPOOLMAN, 2012).
Nenhuma transformação espontânea de energia é 100%
eficiente, pois há a degradação da energia de uma forma
concentrada para uma forma dispersa (ODUM, 2012).
De modo que “Qualidade da energia é uma medida da
capacidade de um tipo de energia fazer trabalho útil.” Sendo
que a “energia de alta qualidade tem grande capacidade de
fazer trabalho útil, porque é concentrada.” Alguns exemplos
que podemos citar nesse sentido são: “luz solar concentrada,
vento de alta velocidade e a energia liberada quando queimamos
a gasolina e o carvão.” Por outro lado, “a energia de baixa
qualidade é tão dispersa, que tem pouca capacidade de fazer
trabalho útil.” Podemos dizer, por exemplo, que “o calor de
baixa temperatura gerado pelo enorme número de moléculas

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em movimento na atmosfera ou no oceano é de qualidade tão
baixa que não podemos usá-lo para aquecer coisas a altas
temperaturas” (MILLER JUNIOR; SPOOLMAN, 2012, p. 47).
Um exemplo prático de transformação de energia são as
lâmpadas incandescentes, sendo que grande parte da energia
elétrica (de alta qualidade) é transformada em energia de
menor qualidade (energia térmica - calor) que flui para o meio
ambiente, e outra parte dessa energia é convertida em luz.
Analisando as duas leis da termodinâmica, podemos
dizer que toda energia sofre transformações. E durante essas
transformações há perda na qualidade energética para a
realização de trabalho útil, ou seja, a energia produzida sempre
será menos utilizável do que a original. (MILLER JUNIOR;
SPOOLMAN, 2012).

Energia de alta qualidade: transformada em energia de baixa qualidade

A energia não é criada e nem destruída, ela


sofre transformações físicas e/ou químicas de
uma forma de alta qualidade para uma de baixa
qualidade.

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4.1.3 A energia e os seres vivos

Na seção anterior, vimos como a energia se comporta


na natureza, obedecendo a duas leis da termodinâmica.
Veremos, agora, como essa energia passa pelos seres vivos
e pelas transformações que são realizadas para que a vida no
planeta seja mantida.
Todo ser vivo adquire a energia para manter o
organismo funcionando por meio dos alimentos. Como vimos
anteriormente, a energia se transforma no ambiente, então
qual seria a fonte primária de energia para os seres vivos?
A fonte primária de energia é o Sol, sendo que a maior
parte da energia solar que atinge a Terra é degradada em
energia térmica. Uma pequena parte da energia luminosa é
transformada em energia potencial (energia latente, capaz
de originar trabalho), contida nas moléculas orgânicas
alimentares, pelos seres fotossintetizantes (vegetais e
algas). De modo que:

As plantas capturam a energia luminosa e a


transforma (sic) em energia química de ligação
nos carboidratos. A glicose e outros compostos
orgânicos (amido e óleos, por exemplo)
podem ser transportados através das plantas
ou armazenados convenientemente para
posterior liberação de energia pela respiração
[...] a fotossíntese une quimicamente dois
compostos inorgânicos comuns, o dióxido de
carbono (CO2) e a água (H2O), para formar
glicose (C6H12O6), com liberação de oxigênio
(O2). (RICKLEFIS, 1996, p. 87).

Os outros seres vivos (consumidores e decompositores)


obtêm a energia química potencial das substâncias orgânicas
produzidas pela fotossíntese por meio da alimentação.
Grande parte dessa energia química se converte em calor e
outra parte é utilizada para realizar as diferentes atividades
metabólicas do organismo.
Para utilizar a energia contida nos alimentos, os seres
vivos realizam basicamente dois processos bioquímicos, um
deles é a fermentação que não necessita de O2 e o outro é
a respiração, que necessita de O2 para ocorrer. Esses dois
processos transformam a energia contida nas moléculas
orgânicas em energia para serem utilizadas pelas células no
intuito de realizarem seu trabalho.

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No entanto, parte dessa energia é convertida em calor,
por isso, em animais com metabolismo elevado, podemos
perceber a manutenção da temperatura corpórea, como é o
caso dos mamíferos e aves.
O processo de respiração libera uma quantidade maior de
energia para o trabalho celular se comparada com a respiração.
Os reagentes dessa reação são a glicose (C6H12O6) e o gás oxigênio
(O2), que são degradados em gás carbônico (CO2) e água (H2O).
Além dessas substâncias produzidas durante o processo, ocorre
a liberação de energia em forma de calor e energia química que
será incorporada na forma de ATP (Adenosina Trifosfato), uma
molécula de reserva energética utilizada pelas células como
fonte de energia para suas atividades.
A cada passo da transferência de energia de um organismo
para outro na cadeia alimentar, há grande parte que se degrada
em calor. Dessa forma, a quantidade de energia disponível ao
longo de uma cadeia alimentar vai sendo diminuída. Nesse
caso, quanto maior for a proximidade do consumidor de um
organismo produtor, maior será a energia disponível, e quanto
mais distante, menor será a quantidade de energia disponível.
Sobre o comportamento da energia no ambiente, Odum
(2012, p. 57) diz que o “comportamento da energia nos
ecossistemas pode ser chamado de fluxo de energia, porque,
como já foi visto, as transformações energéticas são de
‘sentido único’, em contraste com o comportamento cíclico dos
materiais”.
Dessa forma, podemos entender que, diferentemente
da matéria que é cíclica no ambiente, a energia nunca voltará
a seu estágio anterior, já que ela sempre se transformará em
uma energia de menor qualidade. Nesse caso, ela tem um
sentido único no ambiente.

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CADEIA
TRÓFICA
SIMPLIFICADA

Disponibilidade
descrescente
de energia
PLANTA
PRODUTOR
VERDE

HERBÍVORO CONSUMIDOR
PRIMÁRIO

CONSUMIDOR
SECUDÁRIO

CARNÍVOROS CONSUMIDOR
TERCEÁRIO

CONSUMIDOR
QUATERNÁRIO

Transferência de energia de um organismo para outro

A fonte primária de energia contida nos


alimentos é proveniente da energia luminosa do
Sol.

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Semana 5 Ciências do Ambiente

2 4.2 Fontes renováveis e não renováveis de


energia

A maior parte da energia consumida no planeta é


proveniente do Sol, apenas uma pequena porcentagem é
obtida a partir de outras fontes presentes na natureza e que são
capazes de se transformar em outros tipos de energia (BRAGA
et al, 2005). Chamamos esses tipos de energia de fontes
primárias, e são estas as mais utilizadas pela humanidade
para realizar suas atividades.
As fontes de energia primária são aquelas provenientes da
natureza e que podem ser utilizadas de imediato na realização
de algum trabalho ou podem ser transformadas em outro tipo
de energia. Entre elas, podemos citar o petróleo, o carvão
mineral, a energia eólica, a energia solar, a hidroenergia etc.
Essas energias primárias são convertidas pelo homem
em outros tipos de energia de acordo com suas necessidades,
como a energia elétrica, a energia mecânica (para gerar
movimento) e a energia térmica (para esquentar algo).
Podemos classificar os recursos primários de energia em
renováveis e não renováveis.

Sol: fornece a maior parte da energia consumida no planeta

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A energia de fontes primárias é a mais utilizada
pela humanidade para realizar suas atividades.

4.2.1 Fontes de energia renováveis

As fontes renováveis de energia são aquelas que provêm


direta ou indiretamente da energia solar. Elas estão disponíveis
na natureza de forma ilimitada e/ou sua reposição no ambiente
ocorre em um tempo relativamente rápido. Entre as principais
fontes de energia renováveis, temos a energia proveniente
diretamente do Sol, a energia eólica (dos ventos), a energia
potencial da água e a energia da biomassa.

▪▪Energia solar
Atualmente, a radiação direta do Sol é utilizada
principalmente para o aquecimento da água, sendo que seu
uso para a geração de energia elétrica está aumentando,
principalmente em países em que há investimentos em
tecnologias de geração de energia a partir de fontes renováveis.
O investimento para produção de energia elétrica a partir
da radiação solar direta ainda é alto, por isso muitos países
relutam em utilizar essa fonte. A vantagem da energia solar
é que ela produz poucos impactos no meio ambiente, pois,
durante o processo de transformação de energia, não são
produzidos resíduos poluentes ao meio ambiente.

▪▪Hidroenergia
A energia potencial da água é muito utilizada no Brasil
para a geração de energia elétrica. Nas usinas hidrelétricas,
a energia da queda da água é utilizada para gerar energia
mecânica, fazendo a rotação de um gerador que converte essa
energia em energia elétrica.

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A grande vantagem das hidrelétricas é o altíssimo
rendimento energético, sendo um dos sistemas mais baratos
de produção de eletricidade. No entanto, o impacto ambiental
é muito alto desde sua construção, como na fase de operação,
com inundações de uma vasta área e destruição de habitats
de várias espécies aquáticas e terrestres.

▪▪Energia da biomassa
A biomassa corresponde aos recursos energéticos
provenientes da matéria orgânica (vegetal ou animal).
Normalmente, essa energia é extraída a partir da queima
desses materiais orgânicos para produção de energia elétrica
(termoelétricas), de energia mecânica (biocombustíveis
veiculares) e a própria energia térmica, como é o caso das madeiras
utilizadas nas lareiras, no fogão à lenha e na churrasqueira.
O etanol é o biocombustível mais utilizado no Brasil, mas,
além dele, também são utilizados outros biocombustíveis
desenvolvidos a partir da mamona, do girassol e de outras
sementes altamente energéticas.
O grande problema ambiental da queima da biomassa
é a liberação de CO e de material particulado na atmosfera,
como também os óxidos nitrosos.

▪▪Energia eólica
Energia eólica é a energia contida nas massas de ar em
movimento (vento). Esse tipo de energia é utilizado há muito
tempo pela humanidade para executar diferentes atividades,
como o bombeamento de água, a trituração de grãos e,
atualmente, para a geração de energia elétrica.
Nesse sentido, a energia cinética do vento é convertida em
energia mecânica para girar as pás dos moinhos. E essa energia
cinética de rotação pode gerar energia mecânica (bombeamento
de água, moagem de grãos) ou energia elétrica (aerogeradores).
No Brasil, há aproximadamente 130 usinas eólicas
em operação. Atualmente, o Rio Grande do Norte segue na
liderança em capacidade instalada da fonte, com 2.243 MW,
seguido por Ceará (1.233 MW), Rio Grande do Sul (1.300 MW)
e Bahia (959 MW), de acordo com o Portal Brasil (2015).
O potencial para produzir energia elétrica a partir do
vento no país é grande, no entanto, o custo de produção ainda
é mais caro se comparado às hidrelétricas. Contudo, o impacto
causado no ambiente é bem menor do que as hidrelétricas
ou termoelétricas. Dessa forma, a ampliação da fonte eólica

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pode contribuir para a diversificação da matriz de energia
elétrica brasileira, complementando as usinas hidrelétricas
em momentos de crise hídrica e/ou energética, com um custo
menor para o meio ambiente (BRAGA et al, 2005).
Em termos ambientais, as pás das turbinas eólicas podem
interferir no vôo das aves e morcegos. E, para a construção
de parques eólicos, é preciso desapropriar áreas de vegetação
nativa para não atrapalhar o movimento das turbinas.

Energia eólica e solar não produzem resíduos poluentes ao meio ambiente

As fontes renováveis não se esgotam e


produzem menos resíduos poluentes.

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4.2.2 Fontes de energia não renováveis

As fontes não renováveis correspondem aos recursos


naturais que não têm capacidade de se renovar ou que
demoram muito tempo para serem repostos no ambiente. Por
isso, essas fontes podem se esgotar, ou seja, são finitas. Entre
os recursos finitos, estão os combustíveis fósseis (petróleo,
carvão mineral, gás natural), elementos radioativos (energia
nuclear) e alguns minerais, como o xisto.

▪▪Combustíveis fósseis
Os combustíveis fósseis são os depósitos naturais de
petróleo, gás natural e carvão mineral. Essas fontes nada mais
são do que a energia solar armazenada em energia química, em
compostos orgânicos formados por processos de decomposição
de vegetais e animais submetidos a altas temperaturas e
pressões. Esse processo ocorreu há milhões de anos e, por
causa disso, esses recursos são considerados não renováveis.
Por serem compostos orgânicos, ao sofrerem a queima
para serem convertidos em outro tipo de energia, como
a mecânica, a térmica ou a elétrica, liberam uma grande
quantidade de gases poluentes para a atmosfera, por exemplo,
o CO, o CO2, o SO2 e os óxidos de nitrogênio.

▪▪Petróleo e seus derivados


O petróleo é utilizado para produzir diferentes tipos
de produtos e combustíveis. Entre os principais compostos
produzidos a partir do petróleo temos a gasolina, o óleo diesel,
o querosene e os polímeros. Esses produtos são utilizados
como combustíveis para os meios de transporte e também
nas indústrias e nos laboratórios petroquímicos.

▪▪Gás natural
O gás natural pode ser utilizado como fonte de energia
elétrica (termoelétricas) e como combustível automotivo e
doméstico. Esse gás é um dos mais utilizados no Brasil nas
termoelétricas. Nesse caso, a energia térmica da queima do
gás é utilizada para produzir vapor de água que movimenta as
turbinas ligadas a geradores.

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▪▪Carvão mineral
O carvão mineral também é utilizado para produzir
energia elétrica nas usinas termoelétricas. Outra aplicação é
nas indústrias siderúrgicas, como combustível dos altos-fornos,
nos quais são fundidos minérios de ferro para a produção das
ligas metálicas.

▪▪Elementos radioativos (energia nuclear)


A energia nuclear é produzida a partir da fissão nuclear
de elementos químicos radioativos, como o urânio. A energia
produzida no processo de fissão nuclear é utilizada para
produzir energia elétrica nas chamadas usinas nucleares.
O processo de fissão do urânio ocorre dentro de reatores,
sendo que a energia produzida é utilizada para o aquecimento
da água, que se transforma em vapor e ativa os geradores.
O mesmo princípio da fissão nuclear também é utilizado
para produzir as bombas atômicas. No entanto, a energia
liberada tem como finalidade a destruição de grandes áreas e
a contaminação por radiação com alta capacidade mutagênica
por penetrarem no material genético dos seres vivos.
As usinas nucleares geram menos poluentes do que
outras formas de produção de energia elétrica que utilizam
recursos não renováveis, como as termoelétricas. É preciso,
contudo, muita atenção a esse tipo de produção energética,
pois o vazamento do lixo nuclear produzido ou a ocorrência
de acidentes pode gerar graves impactos ambientais ao poluir
o meio ambiente com compostos radioativos, podendo, com
isso, causar a morte de vários organismos ou comprometer
sua saúde.

Combustíveis fósseis liberam gases de efeito estufa

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As fontes não renováveis correspondem aos
recursos naturais que não têm capacidade de se
renovar, ou que podem demorar muito tempo para
serem repostos no ambiente.

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Semana 5 Ciências do Ambiente

3
4.3 Necessidade energética da sociedade
contemporânea

O aumento populacional e o padrão de vida da humanidade


estão diretamente relacionados ao crescente consumo de
energia e materiais do ambiente. Esse processo teve início
com a revolução industrial, nos séculos XVIII e XIX, e se
intensificou ainda mais nos séculos XX e XXI (DIAS, 2011).
Embora a revolução industrial tenha ocorrido há
aproximadamente três séculos, foi somente a partir das
últimas décadas do século XX que se teve um grande
aumento do volume físico da produção industrial, devido aos
avanços tecnológicos e à cultura do consumismo da sociedade
contemporânea. Nesse período, foram empregados mais
recursos naturais na produção de bens para satisfazer às
necessidades individuais da população do que em toda a
história anterior da humanidade (DIAS, 2011).
Para a lógica do sistema econômico vigente, o consumismo
é, sem dúvida, importante para girar a economia mundial no
que diz respeito à geração de empregos e ao desenvolvimento
econômico, científico e tecnológico. No entanto, o custo
ambiental dessa lógica é alto, a demanda por recursos naturais
vem aumentando a cada ano, e as fontes não renováveis de
energia estão cada vez mais escassas. Além disso, a utilização
demasiada de energia e de materiais do ambiente vem gerando
resíduos que poluem os diferentes ecossistemas, levando à
extinção de várias espécies de seres vivos.

A industrialização intensificou a utilização de fontes energéticas não renováveis

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A demanda por recursos naturais vem
aumentando a cada ano, e as fontes não renováveis
de energia estão cada vez mais escassas.

4.3.1 A crise energética

A crise energética mundial é fruto do desenvolvimento


não planejado da humanidade. Estamos vivendo de maneira
insustentável, desperdiçando recursos e degradando o capital
natural da Terra em ritmo acelerado.
Em países desenvolvidos, as altas taxas de uso de
recursos naturais per capita e os consequentes altos níveis de
poluição individuais são os principais fatores que determinam
o impacto global no meio ambiente.
A combinação do aumento da utilização de recursos e o
aumento populacional, na ordem de 80 milhões de pessoas por
ano, está destruindo os recursos energéticos não renováveis e
degradando os renováveis.
De acordo com um relatório da ONU (Organização das
Nações Unidas) emitido em 2005, as atividades humanas têm
degradado aproximadamente 60% dos recursos energéticos
da Terra. Em resumo, o relatório alerta que a pressão exercida
pelas atividades humanas sobre o ambiente, atualmente,
comprometerá a capacidade do planeta de suportar as gerações
futuras (MILLER JUNIOR; SPOOLMAN, 2012).
A necessidade básica de energia do humano primitivo
era de aproximadamente 2.000 quilocalorias (kcal) per capita
por dia. Atualmente, o consumo mundial diário per capita é
de 125.000 kcal. Esse consumo também depende do padrão
de vida da população de cada país. Por exemplo, em países
desenvolvidos, o consumo é bem maior do que em países
subdesenvolvidos.

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Os Estados Unidos possuem 4,7% da população mundial
e consomem 25% da energia global, já a Índia possui 16% da
população e consome apenas 1,5% da energia global (BRAGA
et al, 2005).
O mais agravante para o meio ambiente é que as
fontes não renováveis são responsáveis por 86% da energia
consumida no mundo, e as renováveis por apenas 14%. Como
vimos anteriormente, as fontes não renováveis produzem mais
resíduos poluentes do que as renováveis. Além dos problemas
ambientais, a questão energética também vem agravando
problemas políticos e econômicos, de modo que podemos
destacar as guerras no Oriente Médio (maiores produtores
e exportadores de petróleo) e as especulações do preço do
petróleo no mundo. É importante ressaltar que qualquer crise
política nos países produtores de petróleo pode criar um caos
econômico global (BRAGA et al, 2005).
Nesse sentido, percebemos que o modelo energético
atual é muito vulnerável e destrutivo, por isso o grande desafio
da sociedade atual é modificar o padrão de superexploração
dos recursos naturais, principalmente de fontes energéticas
não renováveis, procurando formas alternativas de recursos
energéticos que sejam menos sujeitos às instabilidades políticas,
econômicas e que causem menos impactos no meio ambiente.

Mercado do petróleo: muito instável

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As fontes não renováveis são responsáveis
por 86% da energia consumida no mundo, e as
renováveis, por apenas 14%.

4.3.2 Alternativas para a crise energética

Uma alternativa para o padrão da sociedade atual é diminuir


a cultura do consumismo desnecessário, aumentar a eficiência
no uso da energia e investir em recursos energéticos solares
diretos e indiretos e em outras fontes renováveis de energia,
como o hidrogênio em reações de oxirredução catalisada em
células de hidrogênio, com alta liberação de energia, hidrelétricas
e ventos para geração de energia, entre outras. Esta seria a
lógica do desenvolvimento sustentável da humanidade.

Investir em fontes renováveis de energia: saída para a crise energética

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Para amenizar o problema da crise energética,
seria necessária a substituição das fontes não
renováveis por fontes renováveis de energia e a
diminuição do padrão de consumo.

Referências

BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental:


o Desafio do Desenvolvimento Sustentável. São Paulo:
Record, 2005.
DIAS, R. Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e
Sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2011.
MILLER JUNIOR, G. T.; SPOOLMAN, S. E. Ecologia e
sustentabilidade. São Paulo: Cengage Learning Edições
Ltda, 2012.
ODUM, E. Ecologia. São Paulo: Guanabara Koogan, 2012.
PORTAL BRASIL. Em 2015, Brasil duplica sua produção de
energia eólica. 2015. Disponível em: <http://www.brasil.
gov.br/infraestrutura/2015/08/em-2015-brasil-duplica-sua-
producao-de-energia-eolica>. Acesso em: 25 jan. 2016.
RICKLEFS, R. E. A economia da natureza: um livro-texto
em ecologia básica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1996.

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Ciências do Ambiente

Introdução | Semana 6

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à quinta Unidade de Aprendizagem.


Agora, abordaremos como o processo de industrialização influenciou o
desenvolvimento da humanidade desde o século XVIII até os dias atuais. Também
veremos os impactos no meio ambiente causados pela mudança de paradigma
de um mercado artesanal e local para um mercado industrializado e global. Além
disso, discutiremos como essas mudanças impactaram na vida humana e de
outros seres vivos do planeta.
Você sabia que as mudanças culturais pelas quais a humanidade passou
contribuíram para o aumento dos impactos no meio ambiente? Você sabe o que
pode ser feito para amenizar tais impactos?
Na presente Unidade de Aprendizagem, aprofundaremos nossas discussões
sobre estas e outras questões relacionadas ao processo de industrialização e as
modificações ocorridas na dinâmica cultural da humanidade.

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Semana 6 Ciências do Ambiente

1
5.1 Evolução histórica do desenvolvimento
industrial e a crise ambiental

Na unidade de ensino anterior, focalizamos a dependência


energética que temos para que possamos não só realizar
nossas atividades básicas vitais, mas também para atender
ao desenvolvimento industrial e econômico dos países.
Neste tópico, abordaremos as transformações ocorridas na
sociedade e no meio ambiente causadas pela industrialização,
desde seu início no século XVIII, com a Revolução Industrial,
até os dias atuais.

5.1.2 Industrialização e mudança no modo de


produção

A Revolução Industrial foi um conjunto de mudanças


que teve início na Inglaterra e se expandiu para outros países
europeus entre os séculos XVIII e XIX. Em pouco tempo, ela
se espalhou por todo o mundo.
O primeiro impacto desse processo foi a substituição
do trabalho artesanal (manufatura) pelo assalariado e com
uso de máquinas, sendo que isso aumentou a produção de
mercadorias e a concentração de renda nas mãos dos donos
das indústrias (DIAS, 2011).
E com esse novo sistema de produção, surgiu uma nova
classe trabalhadora, a operária. Contudo, a maioria dessa classe
era submetida a condições miseráveis de trabalho e a grandes
jornadas, chegando a trabalhar mais de doze horas por dia em
troca de um salário baixo. Além disso, era comum a exploração
da mão de obra de crianças e mulheres, que tinham a mesma
carga horária dos homens, mas com salários bem menores.

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Exploração da mão de obra infantil

O primeiro impacto social da Revolução


Industrial foi a substituição do trabalho artesanal
pelo assalariado e com uso de máquinas.

5.1.3 O êxodo rural e os impactos ambientais da


industrialização

Outro grande impacto social causado pela industrialização


foi o êxodo rural, que impulsionou a migração da população
do campo para a cidade, intensificando, assim, o processo de
urbanização não planejado na Europa.

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Sobre a urbanização gerada pela Revolução Industrial,
Dias (2011, p. 6) diz que:

A urbanização foi um dos mais importantes


subprodutos da Revolução Industrial e criou
um ambiente sem precedentes nas cidades. Por
volta de 1850, havia mais cidadãos britânicos
morando em cidades do que no campo, e quase
um terço da população total vivia em cidades
com mais de 50.000 habitantes. Essas cidades
eram cobertas pela fumaça e impregnadas
de imundície, e os serviços públicos básicos
- abastecimento de água, esgotos sanitários,
espaços abertos etc. – não acompanhavam a
migração maciça de pessoas.

O processo de industrialização e urbanização também


levou ao aumento excessivo da utilização de recursos
energéticos não renováveis, como o petróleo e o carvão
mineral, intensificando, com isso, a problemática da poluição
da água, do solo, do ar e o desflorestamento de grandes áreas
para ocupação humana e industrial.
Foi analisando esse novo quadro da sociedade que o
economista inglês Thomas Robert Malthus (1766 - 1834)
escreveu sua obra clássica Ensaio sobre a população:
como afeta o futuro progresso da humanidade, na qual
apontava que os recursos naturais poderiam ser esgotados
caso a população humana continuasse a crescer de forma
exponencial, trazendo sérios problemas ao meio ambiente e
ao crescimento econômico (DIAS, 2011).

A Revolução Industrial e a migração do campo para as cidades

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Esse novo sistema de produção de bens e a nova dinâmica
da sociedade alteraram a cultura ocidental da humanidade,
que estava acostumada a uma vida campesina à base da
produção artesanal para uma visão mercadológica, industrial
e exploratória dos bens de consumo e da mão de obra.
Assim, em menos de dois séculos, o processo de
industrialização tomou conta do sistema de produção do mundo
ocidental todo, fortalecendo o sistema econômico capitalista,
que provocou o agravamento dos problemas ambientais que
afetam todo o planeta até os dias atuais.

A Revolução Industrial alterou toda a cultura do


mundo ocidental, sendo o marco da intensificação
da ação humana sobre o meio ambiente.

5.1.4 Desenvolvimento tecnológico do século XX e a


expansão da industrialização

O desenvolvimento científico e tecnológico do século XX


alavancou o processo de industrialização pelo mundo e tomou
outras características, como a globalização da produção e a
comercialização dos produtos.
Sobre a expansão da industrialização, Dias (2011, p. 5-6)
diz que esta “surgiu inicialmente na Inglaterra, se espalhou e
dominou o cenário durante os séculos XIX e XX, provocando
profundas alterações no meio ambiente natural, que na
realidade apontou para a perspectiva de sua destruição”.

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Com isso, as indústrias e o mercado consumidor já
não se restringiam apenas à Europa, mas estavam em toda
parte do planeta, guiados pela produção em larga escala
pelas multinacionais. E foi justamente nesse período que as
indústrias consumiram mais recursos naturais do que em toda
história industrial da humanidade.
A visão de que os recursos naturais eram infinitos
perdurou até meados do século XX, quando os movimentos
ambientalistas e pesquisadores do meio ambiente começaram
a alertar de forma radical sobre os problemas que as atividades
industriais e o padrão de vida da população humana estavam
causando ao meio ambiente (DIAS, 2011).
A Revolução Industrial ainda perdura nos dias atuais no
que diz respeito aos desenvolvimentos científicos e tecnológicos
incorporados na produção de bens e serviços, como também
pelas lutas da classe operária por melhores condições de
trabalho. Outro fator importante inserido nesse processo,
atualmente, são as discussões sobre a crise ambiental,
denunciada em meados do século passado, sendo item
essencial para a elaboração de políticas de desenvolvimento
econômico de vários países desenvolvidos e emergentes.

A tecnologia e a globalização expandiram a produção e as vendas de produtos no


mundo todo

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As novas tecnologias e a globalização do
mercado e dos meios de comunicação contribuíram
para expandir o sistema industrial capitalista para
o mundo todo.

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Semana 6 Ciências do Ambiente

2
5.2 A contaminação industrial

Um dos maiores problemas ambientais causados pela


industrialização é a contaminação dos ecossistemas com
resíduos de qualquer tipo (sólido, líquido ou gasoso), que são
lançados como dejetos do processo produtivo industrial. Esses
materiais poluem o meio ambiente, causando sérios danos às
espécies selvagens e à saúde humana.
Durante todo o processo de industrialização, houve
vários casos de desastres ambientais que culminaram na
contaminação dos diferentes habitats e na morte de vários
seres vivos, inclusive de seres humanos.
Com certeza você já ouviu falar de algumas dessas
catástrofes ambientais, pois são manchetes de destaque nos
meios de comunicação de massa atualmente.
O século XX foi marcado por muitos desses desastres, já
que foi nesse período que o processo industrial aumentou sua
capacidade produtiva e alcançou o maior índice de exploração
dos recursos naturais e de poluição ambiental.

Espuma formada pela poluição no Rio Tietê, no Brasil, na altura da cidade de Salto.

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Entre as principais causas de poluição ocorridas durante
o processo de industrialização, podemos citar: a contaminação
do ar por gases emitidos na queima de combustíveis fósseis
para gerar energia às indústrias, como o petróleo e o carvão
mineral; o lançamento de dejetos químicos nos corpos de
água; os acidentes com compostos radioativos; o vazamento
de petróleo no oceano; entre outros.
A seguir, apresentaremos alguns exemplos de desastres
ambientais que chamaram a atenção de todo o mundo.

As atividades industriais contaminam os


ecossistemas com os resíduos (sólidos, líquidos e
gasosos) que são lançados no ambiente.

5.2.1 Os principais desastres ecológicos dos últimos


tempos

Veja, a seguir, alguns casos reais de desastres ecológi-


cos e suas drásticas consequências ao ambiente e aos seres
vivos.

▪▪Contaminação do ar por gases tóxicos


Entre as décadas de 1950 e 1960, a quantidade de
fábricas em Londres era tão grande que as fumaças lançadas
na atmosfera, além de deixarem as construções urbanas
e as árvores cobertas pelas cinzas, ocasionaram a morte
de aproximadamente 6.500 pessoas por complicações
respiratórias (BRAGA, et al, 2005).

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▪▪Lançamento de dejetos químicos na água
O mais famoso caso de contaminação da água por dejetos
de indústrias químicas foi a contaminação da baía de Minamata,
no Japão. Em 1939, foi instalada uma indústria química às
margens dessa baía, esta passou a lançar na água dejetos
contendo mercúrio. Contudo, foi somente na década de 1950
que começaram a aparecer os primeiros casos de mortes e
problemas neurológicos ocasionados pela alta concentração
de mercúrio na água e nos peixes que serviam de alimento
para a população. Vários organismos marinhos e outros seres
que se alimentavam da fauna marinha se contaminaram com
o mercúrio. A moléstia que afetou os seres humanos ficou
conhecida como o mal de Minamata (DIAS, 2011).

▪▪Acidentes com compostos radioativos


Um dos mais graves acidentes com elemento radioativo
ocorreu no final da década de 1980 em Chernobil, na antiga
União Soviética. Nessa ocasião, o sistema de refrigeração dos
reatores foi desligado, ocasionando um incêndio que durou
uma semana, lançando na atmosfera uma enorme quantidade
de compostos radioativos que se espalhou por vários países
europeus, chegando a atingir até mesmo o Japão. Milhares de
pessoas foram afetadas diretamente pela exposição à nuvem
de radiação, aumentando, com isso, a incidência de câncer e
de problemas neurológicos (DIAS, 2011).

Os desastres ecológicos trazem grandes prejuízos econômicos e ambientais

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▪▪Vazamento de petróleo
Em 1989, um navio-tanque (Exxon-Valdez) bateu em um
recife de corais na região costeira do Alasca, rompendo seu
casco, o que ocasionou o vazamento de 44 milhões de litros
de petróleo. Esse vazamento atingiu uma área de 260 km2,
poluindo águas, ilhas e praias e causando a morte de milhares
de peixes, algas, baleias, aves, leões marinhos, entre outros
seres vivos (DIAS, 2011).

Os desastres ecológicos podem ter impactos


de imediato ou podem ocorrer em um longo
prazo, como a contaminação química da baía de
Minamata, no Japão.

5.2.2 Contexto brasileiro

Na unidade anterior, abordamos o grande desastre que


ocorreu com o rompimento de uma barragem de rejeitos de
mineração em Mariana (MG). No entanto, a contaminação
das águas já vem ocorrendo há tempos no país. O relatório O
Estado Real das Águas no Brasil, desenvolvido entre os anos
de 2003 e 2004, revelou que a contaminação das águas havia
quintuplicado entre os dez anos anteriores à pesquisa. Além
disso, esse documento apontou como sendo as principais
fontes de contaminação da água o despejo de material tóxico
proveniente das atividades agroindustriais e industriais,
responsáveis por 90% do consumo das águas, devolvendo-a
à natureza completamente contaminada. Isso evidencia que
vinte mil áreas do território nacional estão com suas águas
contaminadas (DIAS, 2011).

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5.2.3 Como está o quadro mundial atual dos
impactos causados pela industrialização?

Não há como negar que os problemas ambientais se


intensificaram após a industrialização do meio de produção de
bens de consumo. No entanto, a crise ambiental foi responsável
pela deflagração de movimentos com o objetivo de salvar os
recursos naturais do planeta. Mas isso não quer dizer que o
quadro de destruição ambiental tenha mudado muito, porém,
atualmente, a problemática ambiental faz parte da pauta dos
encontros internacionais que discutem o crescimento econômico
mundial, bem como da política de desenvolvimento de empresas
que não querem ser tachadas de vilãs do meio ambiente.

A contaminação das águas: grande problema ambiental no Brasil

A preocupação com os desastres ambientais


vem despertando a deflagração de movimentos
com o objetivo de salvar os recursos naturais do
planeta.

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Semana 6 Ciências do Ambiente

3
5.3 A globalização do mercado e a cultura
do consumismo

A humanidade passou por três momentos históricos que


causaram grandes mudanças culturais na sociedade, sendo
que a primeira delas foi a revolução agrícola, que possibilitou a
fixação do homem na terra. A segunda foi a Revolução Industrial,
que mecanizou o processo produtivo, aumentando, com isso,
a capacidade de produção e de interferência no ambiente. E a
última, como reflexo da segunda, foi a globalização do mercado,
da informação e da cultura do consumismo, iniciada há cerca
de 50 anos, quando foram desenvolvidas novas tecnologias
para o acesso rápido à informação e para a facilidade de
intercâmbio comercial e cultural entre os diferentes países
(MILLER; SPOOLMAN, 2012).

Mudanças culturais na sociedade

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As grandes mudanças culturais da sociedade
causaram grandes impactos na relação do homem
com a natureza.

5.3.3 O consumismo da sociedade atual

O estilo de vida de muitos consumidores de países mais


ou menos desenvolvidos vem sendo construído sobre a ótica
de elevados níveis de consumo e desperdício desnecessário de
recursos ambientais.
O sistema de produção capitalista se fortaleceu
explorando a sociedade de massa (sociedade pautada
na produção em larga escala, expansão dos meios de
comunicação de massa e consumismo exacerbado), criando
necessidades e impondo valores aos indivíduos. A cultura
do consumismo é proveniente dessa massificação da
sociedade, que, por influência da publicidade, passou a crer
que a contínua compra de bens materiais traria satisfação e
felicidade (MILLER; SPOOLMAN, 2012).

O consumismo e a falsa ideia de felicidade

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O termo consumismo, portanto, não está ligado apenas
ao consumo de um produto, mas também ao valor social e
simbólico que está embutido nele. Além disso, a lógica do
sistema é que as pessoas precisam renovar constantemente
seus bens materiais, justamente para que não comprometam
a dinâmica do mercado.
Dessa forma, o indivíduo acaba comprando produtos muito
similares em um curto intervalo de tempo sem ter uma real
necessidade, como celulares e computadores, sendo que a cada
ano surgem modelos novos, porém com poucas modificações.
Nesse sentido, alguns especialistas evidenciaram que as
pessoas adquirem o vício de comprar e acumular cada vez
mais coisas que não necessitam apenas para desfrutarem de
um prazer momentâneo e ilusório, sem terem a consciência
dos impactos ambientais que seus estilos de vida, de alto
consumo e alta geração de resíduos, podem causar ao meio
ambiente (MILLER; SPOOLMAN, 2012).

Na sociedade consumista, os bens materiais


passam a ter o papel de provedores da felicidade
momentânea e ilusória.

5.3.4 Consumismo e lixo eletrônico

Um dos grandes problemas do consumismo exacerbado


na atualidade, além do aumento da exploração dos recursos
naturais, é o chamado lixo eletrônico (equipamentos eletrônicos
ou parte deles que são descartados por não apresentarem mais
utilidade). Na maioria das vezes, os equipamentos eletrônicos
são descartados por terem se tornado ultrapassados por novas
tecnologias que surgem em espaço de tempo cada vez menor.

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Essa problemática atinge o mundo todo, principalmente
os países desenvolvidos e em desenvolvimento, nos quais a
população tem facilidade financeira de adquirir os bens de
consumo, reduzindo o tempo de compra e substituição destes.
Com isso, a produção anual de lixo eletrônico mundial
é de aproximadamente 40 milhões de toneladas, sendo que
grande parte desse lixo é descartada de forma inapropriada.
Você sabia que o Brasil é o país emergente que mais produz lixo
tecnológico por ano? Em média são 1,4 milhão de toneladas
anualmente (ALMEIDA et al, 2015).
O problema é que os componentes desses equipamentos
eletrônicos apresentam várias substâncias tóxicas ao meio
ambiente, como metais pesados (cádmio, mercúrio, chumbo e
cromo) e outras substâncias que demoram muito tempo para
serem decompostas no ambiente, como plásticos e vidros.
Esses compostos, quando descartados de forma
inadequada, podem contaminar o solo, os lençóis freáticos
e atingir os corpos de água, trazendo sérios problemas
ambientais e para os seres humanos, podendo causar várias
moléstias, como câncer, problemas neurológicos e falência de
órgãos (ALMEIDA et al, 2015).
Uma alternativa para essa problemática é o consumo
consciente de produtos eletrônicos por parte da população
humana. Além disso, as empresas podem adotar programas de
reciclagem de equipamentos inutilizados pelos consumidores.

Lixo eletrônico: a nova problemática ambiental

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O rápido avanço tecnológico faz com que os
equipamentos eletrônicos se tornem obsoletos
em um curto espaço de tempo, gerando a falsa
necessidade do consumidor de sempre estar
trocando seus equipamentos.

Referências

ALMEIDA, M. A. et al. Destinação do lixo eletrônico: Impactos


ambientais causados pelos resíduos tecnológicos. Revista
Científica e-locução, v.1, n.7, 2015.
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental: o
desafio do desenvolvimento sustentável. São Paulo: Record,
2005.
DEFENSORIA DAS ÁGUAS. O Estado Real das Águas no Brasil
– 2003/2004. Disponível em: <http//www.defensoriadaagua.
org.br>. Acesso em: 02 fev. 2016.
DIAS, R. Gestão Ambiental: responsabilidade social e
sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2011.
MALTHUS, T. Ensaio sobre o princípio da população.
Lisboa: Europa-América, s/d.
MARCONDES, D. Belo Monte, uma usina de promessas. Carta
Capital, 2015. Disponível em: <http://www.cartacapital.
com.br/sustentabilidade/belo-monte-uma-usina-de-
promessas-8007.html>. Acesso em: 09 mar. 2016.
MILLER JUNIOR, G. T.; SPOOLMAN, S. E. Ecologia e
sustentabilidade. São Paulo: Cengage Learning Edições
Ltda, 2012.

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Ciências do Ambiente

Introdução | Semana 7

Olá,
Agora, na sexta Unidade de Aprendizagem, abordaremos os debates
sobre as questões ambientais que se tornaram mais comuns em meados
do século XX. Também discutiremos como o desenvolvimento econômico
dos países não está diretamente relacionado ao desenvolvimento social
da população. Além disso, veremos como a expansão da consciência
socioambiental tem influenciado a mudança de hábitos na população e na
adequação do mercado a essa nova demanda da sociedade. Você sabia
que 19% da população mundial utiliza cerca de 88% de todos os recursos
naturais?
Partindo dessa questão sobre a desigualdade de utilização de recursos
naturais, podemos pensar em outras questões que estão diretamente
relacionadas a ela, como: quem faz parte desses 19%? Por que existe essa
diferença? Quais são os impactos sociais e ambientais causados por essa
desigualdade?
Durante o decorrer da presente Unidade, explicaremos estas e outras
questões para que você tenha uma visão global das discussões ambientais
que se estendem até os dias de hoje. Acompanhe!

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Semana 7 Ciências do Ambiente

1 6. Crise Socioambiental em Foco

6.1 Histórico dos debates sobre a questão ambiental

Na Unidade de Aprendizagem anterior, vimos que o


processo de industrialização acelerou o impacto da ação humana
sobre a natureza. Os problemas ambientais causados durante
esses 200 anos de industrialização serviram para alertar sobre
o grande perigo que o planeta estava correndo com esse novo
padrão de vida da humanidade. No entanto, essa consciência
só ocorreu em meados do século XX, com movimentos globais
que começaram a discutir essas problemáticas em inúmeras
conferências, encontros, tratados e acordos, tornando-se uma
das questões prioritárias para que seja discutido o crescimento
econômico das nações.
Se o mundo estava acostumado a explorar os recursos
de forma descontrolada, como se deu essa mudança de visão
sobre a natureza e os impactos da ação antrópica sobre ela?
Vejamos.

Industrialização e aumento da poluição

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Até meados do século XX, o homem utilizava
de forma irracional os recursos naturais,
como se eles fossem inesgotáveis.

6.1.1 Primavera Silenciosa: o marco das discussões


ambientais

As reflexões sobre a crise ambiental começaram a ser


levantadas a partir da década de 1960, com a publicação do
livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, que denunciava
os efeitos nocivos dos agrotóxicos para o ambiente e para
a saúde humana. Esse trabalho alertava o público sobre a
utilização desenfreada do Dicloro-difenil-tricloroetano, o DDT,
e incentivava as pessoas a reagirem contra o uso abusivo de
pesticidas químicos na agricultura.
O DDT foi sintetizado no final do século XIX, no entanto,
sua ação como inseticida só foi descoberta em 1939. Com
essa descoberta, o produto foi amplamente utilizado como
agrotóxico pelos fazendeiros e pela população em geral em
suas casas, borrifando-o descontroladamente em todos os
ambientes, até mesmo em seus corpos (BONZI, 2013).
A repercussão mundial do livro foi um dos motivos para
que, em 1968, um grupo formado por cientistas, educadores,
industriais e funcionários públicos de dez países fosse reunido
em Roma para discutir os dilemas ambientais daquela época
e o futuro da humanidade. Desse encontro, nasceu o Clube de
Roma, tendo como finalidade discutir as questões ambientais
de forma holística, levando em conta os fatores políticos,
econômicos e sociais inerentes a essa problemática global
(DIAS, 2011; ANDRADE, 2013).

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Primavera Silenciosa: colocou em xeque o desenvolvimento econômico e a crise ambiental

Rachel Carson denunciou os impactos


causados pela utilização exacerbada de
agrotóxicos na agricultura, que atingiam a
população humana e o meio ambiente.

6.1.2 Os encontros e debates internacionais sobre a


questão ambiental

Foi na década de 1970 que começaram a surgir os debates


formais sobre a degradação ambiental mundial. Em 1972,
ocorreu a Primeira Conferência Mundial do Meio Ambiente
Humano, realizada em Estocolmo (Suécia), sob convocação da
Organização das Nações Unidas (ONU).

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Nesse evento, foi debatido o relatório Os Limites do
Crescimento, publicado pelo Clube de Roma. Nesse relatório,
era evidenciada a necessidade de um aproveitamento
mais adequado dos recursos naturais, já que o modelo
de desenvolvimento econômico adotado até o momento
poderia levar à escassez de recursos naturais e a um alto
índice de contaminação do meio ambiente (DIAS, 2011).
As discussões políticas, econômicas e sociais sobre as questões
ambientais continuaram ocorrendo nas décadas seguintes, com
destaque para as Conferências das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento; Comissão de Brundtland, na
Suiça em 1986; Rio-92, ou Eco-92, no Rio de Janeiro (1992);
Rio+10, em Johannesburgo (2002); e, mais recentemente,
em 2012, a Rio+20, no Rio de Janeiro.

Na Comissão de Brundtland (1986), foi produzido um


documento, intitulado Nosso Futuro Comum, que trouxe um
novo conceito difundido mundialmente, o “desenvolvimento
sustentável”, que, segundo o documento, “é aquele que
atende as (sic) necessidades do presente sem comprometer as
possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias
necessidades” (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE
E DESENVOLVIMENTO, 1988, p. 46). Outras questões
foram tratadas no documento, como controle de natalidade,
garantia de alimento para a população mundial, associação do
desenvolvimento econômico com a sustentabilidade ambiental,
diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de
tecnologias de uso de fontes renováveis (BARBOSA, 2008).

Dessa forma, o relatório chamou a atenção da sociedade


para a necessidade de se pensar em outra forma de
desenvolvimento econômico que respeitasse o meio ambiente
e a equidade social. Essa nova visão de desenvolvimento foi
firmada no Eco-92, no qual foi criado outro documento, a Agenda
21, que estabeleceu o comprometimento de cada país de criar
mecanismos para resolver os problemas socioambientais nos
âmbitos local e global. Outro documento criado nesse evento
foi a A Carta da Terra, que traz a seguinte reflexão sobre o
momento atual da civilização:

Estamos diante de um momento crítico na


história da Terra, numa época em que a
humanidade deve escolher o seu futuro. À
medida que o mundo torna-se cada vez mais
interdependente e frágil, o futuro enfrenta,
ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes
promessas. Para seguir adiante, devemos
reconhecer que, no meio de uma magnífica
diversidade de culturas e formas de vida,
somos uma família humana e uma comunidade

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terrestre com um destino comum. Devemos
somar forças para gerar uma sociedade
sustentável global baseada no respeito pela
natureza, nos direitos humanos universais,
na justiça econômica e numa cultura da paz.
Para chegar a este propósito, é imperativo
que nós, os povos da Terra, declaremos nossa
responsabilidade uns para com os outros,
com a grande comunidade da vida, e com
as futuras gerações (ORGANIZAÇÃO DAS
NAÇÕES UNIDAS, 2002, p. 1).

Na Conferência Rio+10, em Johannesburgo, no ano de


2002, foi realizado um balanço dos avanços e obstáculos que
impediram os países de promoverem a Agenda 21 de forma
efetiva. Nesse evento, os países assumiram o compromisso
de implementarem o desenvolvimento sustentável. Mais
recentemente, em 2012, na Rio+20, foi produzido um
documento intitulado O Futuro que Queremos, que além de
tratar novamente do desenvolvimento sustentável, trouxe
um novo termo, a “economia verde”, relacionada à crítica ao
consumismo e ao modo de produção não sustentável. Esse
documento também discute a erradicação da pobreza como
uma das principais problemáticas a serem superadas pela
sociedade atual (VIEIRA, 2012).

As Conferências internacionais vêm discutindo o futuro do planeta

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Além dos fatos históricos que traçamos até o momento,
atualmente, as questões ambientais estão sendo pensadas
nos diferentes setores industriais, que buscam os padrões de
qualidade estabelecidos pelas ISO 14.000 e pela ISO 9.000.
Tais especificações estabelecem que a produção industrial deve
obedecer a vários critérios que respeitam o meio ambiente e o
social (PHILIPPI JR. et al, 2000).

Mas, diante de tudo isso, nos deparamos com a seguinte


questão: como as Ciências do Ambiente se encaixariam nessa
conjuntura atual? E mais, você acredita que isso é possível? É
nesse contexto de debates da crise socioambiental e da nova
lógica de desenvolvimento econômico que vem se constituindo
o campo das Ciências do Ambiente, que visa contribuir para
a formação de profissionais que tenham os conhecimentos
necessários para a nova demanda da sociedade e do mercado
mundial, que prezam pelo respeito ao ambiente e ao ser
humano e buscam um desenvolvimento sustentável.

Desenvolvimento sustentável é o tipo de


desenvolvimento que atende às necessidades
atuais sem comprometer as gerações futuras.

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Semana 7 Ciências do Ambiente

2
6.2 Desenvolvimento econômico e desigualdade social,
econômica e de acesso aos recursos naturais

Na seção anterior, vimos que as discussões sobre as


questões ambientais ficaram mais acirradas a partir da década
de 1980. Vários documentos foram criados e assinados por
diferentes países, principalmente, pelos desenvolvidos, que
são os principais responsáveis pelo consumo de recursos
naturais até os dias de hoje.
Para você ter uma ideia dessa desigualdade de acesso
e consumo de recursos naturais, esses países apresentam
apenas 19% da população mundial, no entanto, utilizam
88% de todos os recursos naturais e produzem cerca de 75%
da poluição e dos resíduos poluentes do mundo (MILLER;
SPOOLMAN, 2012).

19% da população mundial consume mais recursos do que todo o resto do mundo

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A degradação ambiental nos países
desenvolvidos está relacionada ao alto
padrão de consumo e ao crescimento econômico
sem planejamento socioambiental.

6.2.1 Países pobres e países ricos: diferentes


olhares sobre os recursos naturais

Nos países menos desenvolvidos também ocorre


degradação ambiental. Na maioria deles, os principais fatores
do impacto ambiental são: o tamanho da população (que
corresponde a 81% da população mundial), a pobreza e a
degradação de recursos renováveis, que são utilizados para
garantir a sobrevivência de sua população. Esses países se
encontram na África, na Ásia e na América Latina. Alguns são
considerados de renda média ou em desenvolvimento, como
China, Índia, Brasil, Turquia, Tailândia e México.
Já os problemas ambientais e sociais causados pelos
países desenvolvidos, como Estados Unidos, Japão, Canadá,
Austrália, Nova Zelândia, Inglaterra e Alemanha, estão
relacionados ao desenvolvimento excessivo, à concentração
de renda e ao aumento da desigualdade social. Nesses países,
a alta taxa de uso de recursos per capita e os consequentes
altos níveis individuais de poluição são os principais fatores
que determinam o impacto ambiental global.

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Recursos naturais utilizados para garantir a vida nos países pobres

A degradação ambiental nos países


desenvolvidos está relacionada ao alto
padrão de consumo e ao crescimento econômico
sem planejamento socioambiental.

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6.2.2 Degradação socioambiental: uma realidade atual

Você pode notar que tanto nos países menos desenvolvidos


quanto nos desenvolvidos ocorrem problemas sociais e
ambientais, porém em escalas distintas e por motivos diferentes.
Vamos pensar: se os países desenvolvidos têm economia
forte, são industrializados e têm a capacidade de produzir
tecnologias para amenizar os impactos no meio ambiente, por
que ainda nos deparamos com problemas ambientais e com a
pobreza mundial?
Para responder a essa questão, temos que analisar como
o sistema econômico capitalista age nesses países distintos.
Diferentemente da poluição que se alastra por todo canto do
globo, o capital é restrito aos países que detêm a força do
mercado, ou seja, os desenvolvidos. Contudo, mesmo nesses
países, uma pequena minoria, os empresários, é que possui
a parcela maior do capital gerado pelo desenvolvimento
econômico do país. Resumindo, no sistema econômico vigente,
há uma concentração de renda nas mãos dos detentores do
meio de produção, sendo que a maioria vende sua força de
trabalho em troca de um salário para consumir produtos que
enriquecerão uma minoria.
O problema maior ocorre nos países menos desenvolvidos,
nos quais a utilização per capita de recursos ambientais é
bem menor se comparada com a dos países desenvolvidos.
Além disso, 1,4 bilhão de pessoas sobrevive abaixo da linha
de pobreza, ou seja, com menos de $1,25 por dia; e cerca
de metade das pessoas do mundo vive com o equivalente a
menos de $2,25 por dia (MILLER; SPOOLMAN, 2012). Nesses
países, a distribuição de renda é bem pior do que nos países
desenvolvidos. Você já se imaginou vivendo dessa forma?
Agora, vejamos outra situação. Enquanto alguns países
têm tecnologia para purificar o ar e a água, outros não possuem
instalações sanitárias adequadas e nem água potável. Mais de
2,6 bilhões de pessoas, ou seja, mais de 30% da população
mundial, não têm serviços de saneamento básico decentes,
tendo que utilizar água contaminada com fezes humanas e de
animais. A pobreza nesses países é uma das principais causas de
mortes prematuras de crianças, chegando à marca de 6 milhões
de crianças mortas por ano (MILLER; SPOOLMAN, 2012).
A busca por uma agenda comum de ataque à pobreza
e à crise ambiental entre os países desenvolvidos e menos
desenvolvidos é um dos principais objetivos dos fóruns

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internacionais. Embora esses países apresentem diferentes
propostas no enfrentamento do problema, eles concordam
que somente com a adoção de estratégias comuns poderão
enfrentar o duplo desafio que representa a pobreza e os riscos
ao meio ambiente (DIAS, 2011).

20% da população mundial está abaixo da linha de pobreza

Uma grande parte da população mundial é


desprovida de saneamento básico, o que
aumenta a chance de problemas ambientais,
sociais e de saúde pública.

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Semana 7 Ciências do Ambiente

3
6.3 A expansão da consciência ambiental e o
novo paradigma da sociedade atual

Os debates iniciados em meados do século XX resultaram


em um consenso mundial sobre os perigos que o planeta
corria, caso os países mantivessem o modelo de crescimento
insustentável que vinham realizando até o momento.
Mas será que houve mudanças na mentalidade dos
empresários frente a essas discussões? E quais foram os
posicionamentos tomados pela população como um todo?
Nesta seção, analisaremos como essas discussões modificaram
a dinâmica empresarial e social do mundo.
A primeira atitude tomada pelos países desenvolvidos foi
a criação de tecnologias que possibilitaram um melhor controle
dos poluentes, maior economia de energia e substituição
de alguns recursos naturais escassos por fontes renováveis
(BRAGA et al, 2005).
Durante esse período, também foram criadas várias
normas, regulamentos, leis ambientais e órgãos fiscalizadores
para acompanhar a aplicação desses instrumentos legais.

Criação de novas tecnologias para agredir menos a natureza

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Os países desenvolvidos criaram tecnologias
para controlar a poluição ambiental e
continuar crescendo economicamente.

6.3.1 Desenvolvimento sustentável: uma alternativa


para as empresas

Os ideais ambientalistas também atingiram a sociedade


civil, que começou a se reunir em Organizações não
Governamentais (ONG) para debater e atuar em questões
pontuais relacionadas ao meio ambiente. Dessa forma, as
discussões sobre o futuro do planeta não se restringem aos
representantes diplomáticos ou empresários, mas também
abrangem o cidadão comum (DIAS, 2011). O que isso trouxe
de novo para a questão ambiental?
A participação social impulsionou os debates sobre o
desenvolvimento sustentável. Nas últimas décadas, o conceito
de desenvolvimento sustentável vem sendo debatido em
vários encontros internacionais, na mídia e entre a população
em geral. Muitas pessoas passaram a adotar hábitos mais
ecológicos, visando a um modelo de desenvolvimento que
busca uma relação de equilíbrio, de modo a resgatar uma
nova ética na relação do homem com a natureza.
Essa nova realidade foi responsável pela mudança radical
de atitude por parte de organizações dos setores privado e
público da economia, que, desde então, têm levado em conta
os movimentos de organizações não governamentais que
defendem o meio ambiente.
Esses setores da economia passaram a enxergar a
questão ambiental de uma maneira bem diferente do que há
algumas décadas. Com isso, eles começaram a compreender a
perspectiva de que os problemas ambientais globais são, agora,
de responsabilidade não mais de unidades isoladas (instituições,
empresas, comunidades científicas ou governos), mas sim de
toda a sociedade (SOARES; NAVARRO; FERREIRA, 2004).

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Os problemas ambientais passaram a ser compromisso de toda a sociedade

Os ideias ambientalistas atingiram a


sociedade civil, que acabou pressionando
os setores público e privado a pensarem no
desenvolvimento econômico comprometido com a
qualidade.

6.3.2 As dimensões da sustentabilidade: econômica,


social e ambiental

As empresas, que até então mantinham uma relação com


a natureza de exploração sem levar em conta o esgotamento
dos recursos naturais, passaram a ter uma nova visão de
gerenciamento dos recursos naturais e de previsão de futuros
impactos que seus empreendimentos poderão proporcionar ao
meio ambiente (SOARES; NAVARRO; FERREIRA, 2009).
Além disso, os trabalhadores e a sociedade como um
todo passaram a compreender melhor as questões ambientais
e seus direitos trabalhistas.
É nesse quadro de sociedade que o desenvolvimento
sustentável passa a fazer sentido e pode ser a promessa de um
mundo menos desigual e com menor agressão ao meio ambiente.

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Dessa forma, para o desenvolvimento de uma sociedade
sustentável, é necessária a congruência de três dimensões:
econômica, social e ambiental.
Essas dimensões são guiadas por organizações distintas
que precisam estar em sintonia e em equilíbrio dinâmico para
que a sustentabilidade do sistema seja garantida.
As organizações empresariais, relacionadas à dimensão
econômica, devem buscar o lucro aceitável e investir em
tecnologias que agridam menos o ambiente. As organizações
sindicais, responsáveis pela dimensão social, devem reivindicar
melhores condições de trabalho e o respeito cultural da
sociedade em que a empresa atua. As entidades ambientais,
responsáveis pela dimensão ambiental, devem prezar pela
ecoeficiência do processo produtivo e adotar uma postura de
responsabilidade ambiental (DIAS, 2011).
Você já deve ter percebido que algumas empresas, hoje
em dia, não estão preocupadas apenas com os resultados
financeiros de sua produção. Mas já parou para pensar por
que isso ocorre?
Essa nova postura das empresas está relacionada ao
compromisso com a sustentabilidade, ou seja, com as três
dimensões. No âmbito empresarial, essas três dimensões são
conhecidas como o tripé da sustentabilidade, conhecido
com os “3 P”, que são: People (pessoas), Planet (planeta)
e Profit (lucro).

SOCIAL

DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL

ECONÔMICO AMBIENTAL

Equilíbrio entre as três dimensões da sustentabilidade


Fonte: DIAS (2011, p. 46).

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Nesse sentido, uma empresa sustentável é aquela que
não visa apenas ao lucro (Profit), mas leva em conta o bem-
estar dos trabalhadores e da sociedade local (People), bem
como adota modelos de produção que agridem o mínimo
possível o meio ambiente (Planet).

Atualmente, as empresas não estão apenas


se preocupando com a lucratividade da
produção, mas também estão levando em conta
as questões sociais e ambientais.

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Referências

ANDRADE, T. Y. A educação ambiental em Brotas (SP):


análise de concepções e ações no contexto do programa
município Verde Azul. 2013. 106 p. Dissertação (Mestrado em
Educação para a Ciência) – Faculdade de Ciências, Universidade
Estadual Paulista, Bauru, 2013.
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental: o
desafio do desenvolvimento sustentável. São Paulo: Record,
2005.
BARBOSA, G. S. O desafio do desenvolvimento sustentável.
Visões, v. 1, n. 4, 2008.
BONZI, R. S. Meio Século de Primavera silenciosa: um livro
que mudou o mundo. Desenvolvimento e Meio Ambiente,
v. 28. 2013.
CARSON, R. Primavera silenciosa. Tradução Raul de Polillo.
2. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1969.
COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E
DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum. 2. ed. Tradução
de Our common future. 1. ed. 1988. Rio de Janeiro: Editora da
Fundação Getúlio Vargas, CMMAD, 1991.
DIAS, R. Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e
Sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2011.
MILLER JUNIOR, G. T.; SPOOLMAN, S. E. Ecologia e
sustentabilidade. São Paulo: Cengage Learning Edições
Ltda, 2012.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. A Carta da Terra.
2002. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/
agenda21/_arquivos/carta_terra.pdf>. Acesso em: 05 fev.
2016.
PHILIPPI JR. A. et al. Interdisciplinaridade em Ciências
Ambientais. São Paulo: Signus Editora, 2000.
SOARES, B.E.C.; NAVARRO, M. A.; FERREIRA, A. P.
Desenvolvimento sustentado e consciência ambiental:
natureza, sociedade e racionalidade. Ciências & Cognição,
v. 2, 2009.
VIEIRA, R. S. Rio+ 20 - Conferência das Nações Unidas sobre
meio ambiente e desenvolvimento: contexto, principais temas
e expectativas em relação ao novo “direito da sustentabilidade”.
Novos Estudos Jurídicos, v. 17, n. 1, p. 48-69, 2012.

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Ciências do Ambiente

Introdução | Semana 8

Bem-vindo(a) à sétima Unidade de Aprendizagem. Agora, abordaremos


uma das maiores problemáticas ambientais da atualidade, o aquecimento
global. Para isso, iremos tratar de diversos assuntos.
Veremos como o efeito estufa e a ação antrópica estão influenciando
o aumento desse fenômeno. Também falaremos sobre os movimentos
ambientalistas e sobre as convenções internacionais que vêm discutindo os
mecanismos para amenizar a problemática do aquecimento global, como a
criação do Protocolo de Kyoto. Além disso, veremos a dinâmica mundial após
a assinatura desse documento e o posicionamento das diferentes nações
desenvolvidas e menos desenvolvidas diante desse quadro. Você sabia que
o efeito estufa é essencial para a vida no planeta? Então, por que ele é tão
debatido e mal visto na atualidade? Ficou curioso? A seguir, vamos discutir
estas e outras questões sobre o efeito estufa e o aquecimento global.

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Semana 8 Ciências do Ambiente

1
7 Mudança Climática Global e o Protocolo
De Kyoto

7.1 Efeito estufa e a mudança climática

Na Unidade de Aprendizagem anterior, vimos que as


discussões sobre as problemáticas ambientais começaram
a tomar proporções globais nas últimas décadas. Um dos
problemas mais debatidos nos encontros internacionais foram
as mudanças climáticas, mais precisamente o aquecimento
global, causado pelo aumento do efeito estufa.
O efeito estufa em si é um fenômeno natural muito
importante para a manutenção da temperatura amena da
Terra e, consequentemente, para garantir a vida no nosso
planeta.
Se esse fenômeno é importante para a vida, por que ele
também pode ser o causador da extinção dela?
Primeiramente, você tem que entender o que é o efeito
estufa para que fique mais claro como esse fenômeno pode
afetar a vida no planeta. Vamos lá?

Efeito estufa garante a vida no planeta

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O efeito estufa garante a vida no planeta, no
entanto, a intensificação desse processo pode ser
a causa de grandes problemas para ela.

7.1.2 Efeito estufa: vilão ou mocinho?

O Sol é a nossa fonte primária de energia. Essa estrela


libera uma quantidade enorme de energia para o espaço, e
parte dela chega ao nosso planeta em forma de luz visível,
radiação ultravioleta (UV) e calor (radiação infravermelha).
A energia solar que penetra no planeta Terra aquece o
ar, evapora e recicla a água pela biosfera, gera os ventos e é
utilizada por vegetais, algas e algumas bactérias para produzir
seus nutrientes orgânicos por meio da fotossíntese (MILLER;
SPOOLMAN, 2012).
Grande parte da radiação solar que atinge a superfície
terrestre e interage com o solo, com a água e com os seres
vivos é degradada em radiação infravermelha (calor) que
tende a ser refletida para fora do planeta. No entanto, na baixa
atmosfera existem gases conhecidos como gases de efeito
estufa, como (dióxido de carbônico (CO2), metano, vapor de
água, óxido nitroso e ozônio), que impedem essa radiação
de ser dissipada para fora do planeta, permitindo, assim, o
aquecimento natural da Terra.
Dessa forma, o efeito estufa natural é importante para
manter a temperatura do planeta numa média ideal para a
sobrevivência da maioria dos seres vivos. Sem ele, o planeta
ficaria muito frio, e isso impossibilitaria a vida como a
conhecemos hoje.
Já que o efeito estufa é benéfico, por que ele, atualmente,
é tratado como vilão? Acompanhe!

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O calor é aprisionado no planeta por gases do efeito estufa

O efeito estufa natural é responsável por


manter a temperatura do planeta ideal para a
existência da vida.

7.1.3 Aumento do efeito estufa e aquecimento global

O grande problema da atualidade é que as atividades


humanas estão intensificando o efeito estufa por liberarem
grande quantidade de gases na atmosfera, de modo que estes
intensificam esse fenômeno.

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A queima de combustíveis contendo carbono, tais como
carvão, gasolina e gás natural, libera enormes quantidades de
CO2 na atmosfera, sendo responsável por 60% do aumento
do efeito estufa. Além disso, o desmatamento florestal libera
o carbono armazenado pelas árvores. De acordo com Gomes
(2005, p.1), houve a intensificação da liberação de CO2 após
a industrialização, pois,

Segundo estudiosos, o nível deste gás variou


menos que 10% durante os 10 mil anos que
precederam o período de industrialização.
Já nos 200 anos que a sucederam, os níveis
deste gás ultrapassaram 30% de crescimento.
Mesmo com os oceanos e a vegetação
terrestre tendo absorvido metade das
emissões humanas de dióxido de carbono, o
nível da atmosfera continua a aumentar 10%
a cada 20 anos.

Além das atividades mencionadas, a agropecuária também


é uma das responsáveis pela liberação de grandes quantidades
de gases do efeito estufa, como o óxido nitroso e o metano.

Estudos mostram que essas entradas de gases, provocadas


pelas atividades humanas, estão intensificando o efeito estufa
natural e provocando o aquecimento da superfície da Terra.
E isso, consequentemente, poderá acarretar alterações
climáticas no planeta e trazer vários problemas ambientais,
econômicos e sociais (MILLER; SPOOLMAN, 2012).

Com o aumento da capacidade da atmosfera em absorver


a energia, por meio da ampliação da emissão dos gases do
efeito estufa, ocorre um distúrbio que tem como consequência
o aumento da temperatura da Terra de 1,4 a 5,8 graus
centígrados nos próximos cem anos (GOMES, 2005). É o que
chamamos de aquecimento global.

E você sabe quais são as consequências desse


aquecimento? Veja, a seguir, as principais.

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▪▪ Alterações regionais do volume de chuvas, que podem provocar
inundações em alguns lugares e secas em outras, além de gerar
problemas econômicos e sociais em diferentes regiões do planeta.

▪▪ Derretimento das calotas polares e da neve, que eleva o nível dos mares
e oceanos, podendo gerar o desaparecimento de cidades litorâneas.

▪▪ Ameaça aos ecossistemas e à biodiversidade, que são fontes de


valores ambientais, culturais e sociais.

▪▪ Globalização de doenças tropicais.

Aquecimento global: pode gerar perda de habitat e extinção de espécies

As atividades humanas são as responsáveis


por intensificar o efeito estufa e provocar o
aquecimento global.

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Semana 8 Ciências do Ambiente

2
7.2 Convenção das Nações Unidas sobre a
mudança Climática e o Protocolo de Kyoto

As alterações no processo do efeito estufa natural,


evidenciadas em meados do século XX, fizeram com que
cientistas do mundo todo pesquisassem sobre as possíveis
causas e efeitos das mudanças climáticas e como as atividades
humanas poderiam estar relacionadas a essa problemática.

As hipóteses científicas da interferência antrópica nas


mudanças climáticas evidenciaram um futuro catastrófico para o
planeta caso as atividades humanas continuem emitindo as mesmas
quantidades de gases do efeito estufa na atmosfera.

Apesar de ainda existirem controvérsias em torno dos


dados científicos sobre o aquecimento global, é inegável que
as mudanças climáticas representam uma enorme ameaça
socioambiental. Além disso, de acordo com dados do Banco
Mundial, os custos totais e os riscos das mudanças climáticas
poderão acarretar perdas anuais da ordem de 5% do PIB
mundial num contínuo insustentável, podendo chegar a mais
de 20% com o acúmulo dos impactos negativos (RODRIGUES;
PIRES, 2010).

Cientistas expuseram um quadro alarmante sobre o aquecimento global

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As hipóteses científicas sobre a influência
antrópica em relação às mudanças climáticas
despertaram o interesse internacional pela
temática, que começou a ter maior visibilidade nos
debates sobre problemas ambientais globais.

7.2.1 Os debates internacionais sobre o aquecimento global

Os dados apresentados por cientistas e outros órgãos


que pesquisaram sobre o aquecimento global despertaram
o interesse das lideranças internacionais e de grupos
ambientalistas, que viram a necessidade de mudanças na
agenda política internacional para que contemplassem tal
problemática de forma mais individualizada e atenta, devido
ao seu grau de abrangência e ao grande potencial de gerar
um caos global, tanto ambiental quanto econômico e social
(VIOLA, 2002; GOMES, 2005).
Foi nesse contexto que começaram a surgir os
debates internacionais em torno dos problemas ambientais,
econômicos, sociais e políticos que, possivelmente, poderiam
ser causados pelas mudanças climáticas. Dessa forma, os
representantes de diversos países criaram os organismos e
regimes internacionais sobre as mudanças climáticas, como os
dois maiores regimes internacionais criados pela Organização
das Nações Unidas (ONU), a Convenção das Nações Unidas
sobre Mudança Climática, também chamada de Convenção
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (CQNUMC),
assinada no Rio de Janeiro em junho de 1992 durante a ECO-
92, e o Protocolo de Kyoto, assinado em Kyoto, no Japão, em
dezembro de 1997.
Os regimes internacionais formam um sistema de
regras explicitadas num tratado internacional pactuado entre
governos, que regulam as ações dos diversos atores sobre o

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assunto (VIOLA, 2002). Nesse caso, o principal assunto em
pauta era a problemática do aquecimento global.
Mas quais eram as obrigações apresentadas nesses
regimes? Quais foram os países signatários e quais foram os
impactos causados por esses documentos?
Para responder a essas perguntas, vamos nos aprofundar
um pouco mais nesses dois regimes internacionais sobre as
mudanças climáticas.

Reuniões internacionais sobre o aquecimento global

Os regimes internacionais sobre as mudanças


climáticas marcaram a institucionalização das
discussões sobre o aquecimento global e o
compromisso dos países em levar em conta as
inter-relações ambientais, sociais, políticas e
econômicas em torno dessa problemática.

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7.2.2 Encontros internacionais e documentos sobre a
Mudança Climática

Como vimos anteriormente, as lideranças internacionais


assinalaram preocupações sobre as consequências de
uma possível alteração climática global. Dessa forma, elas
começaram a articular discussões em encontros internacionais
e documentos, como a Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima (CQNUMC) e o Protocolo de Kyoto.
Antes de ocorrer a ECO-92, foram realizados os Comitês
Preparatórios (PrepComs), nos quais os países participantes
expuseram suas opiniões sobre as questões ambientais e
apontavam os possíveis encaminhamentos que seriam levados
à Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento.
Nesses eventos, a posição norte-americana era contrária
ao estabelecimento de metas de redução de gases do efeito
estufa e defendia a ideia de que os países em desenvolvimento
deveriam assumir os mesmos compromissos ambientais que
os países desenvolvidos. Apenas os países escandinavos, a
Holanda e a Alemanha tinham posições definidas em favor
de estabelecer metas obrigatórias de redução desses gases
(VIOLA, 2002).
Durante a ECO-92, portanto, foi promulgado o primeiro
regime internacional sobre as mudanças climáticas, isto é,
a CQNUMC. De acordo com esta, todos os países deveriam
se responsabilizar pelos efeitos negativos causados pelas
mudanças climáticas e desenvolver mecanismos para
corrigi-los, como a estabilização da concentração de gases
de efeito estufa na atmosfera de maneira a tentar impedir
uma interferência perigosa da atividade humana no sistema
climático (VIOLA, 2002). De acordo com o Decreto Nº 2.652,
de 1º de Julho de 1998, que promulga a Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima,
O objetivo final desta Convenção e de
quaisquer instrumentos jurídicos com ela
relacionados que (sic) adote a Conferência das
Partes é o de alcançar, em conformidade com
as disposições pertinentes desta Convenção,
a estabilização das concentrações de gases
de efeito estufa na atmosfera num nível que
impeça uma interferência antrópica perigosa
no sistema climático. Esse nível deverá ser
alcançado num prazo suficiente que permita
aos ecossistemas adaptarem-se naturalmente à
mudança do clima que assegure que a produção

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de alimentos não seja ameaçada e que permita
ao desenvolvimento econômico prosseguir de
maneira sustentável (BRASIL, 1998).

No entanto, diferentemente da ideia norte-americana de que


os países em desenvolvimento deveriam ter as mesmas obrigações
que os países desenvolvidos, foram criados dois blocos de países:
o Anexo I, países desenvolvidos, possuidores de metas a serem
cumpridas; e o Anexo II, países em desenvolvimentos, sem
metas a cumprir (RODRIGUES; PIRES, 2010).
Nos anos posteriores à criação da CQNUMC, foram
realizadas algumas reuniões internacionais, chamadas
Conferências das Partes (COP), com o objetivo de discutir
a melhor forma de lidar com a problemática e com a
implementação de ações concretas para diminuir a liberação
de gases do efeito estufa. Foi durante uma dessas reuniões
que foi levantada a emergência de se propor um Protocolo
com metas obrigatórias de redução de emissão de gases do
efeito estufa por parte dos países pertencentes ao Anexo I.
Essas discussões acabaram dando origem ao Protocolo
de Kyoto, que foi acordado durante a maior reunião da
Convenção sobre Mudança Climática, realizada em Kyoto no
Japão em 1997.
Nesse documento, ficou estabelecido que os países do
Anexo I deveriam reduzir seus níveis médios de emissão de
gases do efeito estufa em 5,2% em relação aos valores da
década de 1990 até 2012 (VIOLA, 2002).
Vários países assinaram e ratificaram esse documento se
comprometendo a atender ao que estava sendo proposto. No
entanto, o senado americano se posicionou contra a ratificação
do protocolo assinado pelo presidente Clinton, alegando
que só o ratificariam se os países emergentes assumissem
compromissos de diminuir sua taxa de crescimento futuro
de emissão de gases. Assim como os Estados Unidos, outros
países demoraram a assinar e ratificar o Protocolo de Kyoto
(GOMES, 2005).
Para que esse protocolo pudesse entrar em vigor, era
necessário que determinado número de países responsáveis por
pelo menos 55% das emissões de gases poluentes ratificasse
o documento. Dessa forma, ele só começou a vigorar após
2005, com a ratificação feita pelo presidente Russo Vladimir
Putim, atingindo o número mínimo de países do Anexo I para
que o protocolo fosse aplicado (GOMES, 2005).
Como o mundo ficou após o Protocolo de Kyoto entrar
em vigor? Será que os países estão respeitando os níveis de
emissão de gases do efeito estufa?

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A seguir, veremos os impactos que esse protocolo causou
no mundo.

Criação de metas de diminuição de emissão de gases do efeito estufa

Embora o Protocolo de Kyoto tenha sido


aprovado em 1997, ele só entrou em vigor em
2005, pois muitos países resistiram em assinar e/
ou ratificar esse documento.

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Semana 8 Ciências do Ambiente

3
7.3 O mundo após a assinatura do Protocolo
de Kyoto

Para que os países pudessem cumprir as metas propostas


pelo Protocolo de Kyoto, foram criados três mecanismos de
flexibilização divididos em partes. Acompanhe!

1. Comércio de Emissões (CE), que é um regime de troca


de emissões no qual os países industrializados podem
comprar e vender créditos de emissões entre si.

2. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que


permite aos países em desenvolvimento atingirem o
desenvolvimento sustentável por meio de projetos
financiados por países desenvolvidos. Além disso, os
países em desenvolvimento podem adquirir créditos
de carbono ao desenvolverem práticas sustentáveis e
venderem esses créditos aos países desenvolvidos para
que estes cumpram a meta do Protocolo de Kyoto.

3. Implementação Conjunta (IC), que é a construção de


unidades de redução de emissões a partir do financiamento
de projetos feitos por países desenvolvidos e executados
em outros países desenvolvidos, nos quais os custos
das atividades de redução ou sequestro de CO2 sejam
menores (GOMES, 2005).

A participação dos países em desenvolvimento, contudo,


só era permitida no MDL, que se tratava de uma tentativa
de unir um mecanismo de mercado com a promoção
de desenvolvimento sustentável dos países emergentes
(RODRIGUES; PIRES, 2010).
De que forma os países operacionalizavam esses
mecanismos? Será que a redução da emissão de CO2 foi possível?
Qual é a situação do Protocolo de Kyoto após dez anos?
Está curioso para encontrar essas respostas? Então
acompanhe a seção a seguir, pois nela aprofundaremos as
discussões sobre estas e outras questões.

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Criação de mecanismos de flexibilização para cumprir as metas

Os países em desenvolvimento foram incluídos


em um dos mecanismos de flexibilização no intuito
de se desenvolverem de forma sustentável.

7.3.1 A organização dos países em alianças para


atender às metas do Protocolo de Kyoto

Antes do Protocolo de Kyoto entrar em vigor, tanto os


países desenvolvidos quanto aqueles em desenvolvimento
formaram diferentes blocos e alianças nas Conferências das
Partes (COP) para discutirem quais seriam as melhores formas
de equalizar e cumprir as metas do documento.
Em 2001, na COP 7, em Marrakesh (Marrocos), os Estados
Unidos, comandados pelo presidente George W. Bush, saíram
das negociações do Protocolo de Kyoto deixando ao cargo da
União Europeia o comando do processo de decisões.

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E, para obter o apoio de outras nações, a União Europeia
teve de ceder em vários pontos, como: reconhecer os créditos
por sequestro de carbono por meio do manejo das florestas
e do solo; não colocar restrições ao uso dos mecanismos
flexibilizadores; e aceitar um regime reduzido de sanções.
Dessa forma, houve uma grande proximidade com o que o
ex-presidente dos Estados Unidos havia proposto em reuniões
anteriores (VIOLA, 2002).

Além disso, a busca pelo enquadramento do


desenvolvimento econômico com as metas do Protocolo
de Kyoto foi marcada pela cooperação horizontal dos
países desenvolvidos entre si e destes com os países em
desenvolvimento por meio do MDL. Esse tipo de cooperação
poderia ser feita a partir de investimentos em tecnologias
ambientalmente seguras e de financiamento de projetos de
desenvolvimento sustentável (RODRIGUES; PIRES, 2010).

Essas adequações e alianças feitas no Protocolo e entre os


países fizeram com que a sua vigência se tornasse mais acessível
para os países que ainda não haviam assinado o documento.

Após o Protocolo de Kyoto entrar em vigor, em 2005,


ocorreu a COP 11, em Montreal (Canadá). Nessa ocasião,
iniciaram-se os debates sobre as emissões geradas a
partir do desmatamento de florestas, mudanças no uso da
terra e financiamento de projetos de adaptação dos países
em desenvolvimento. Além disso, foi debatida a criação de
um mecanismo que promoveria efetivamente a redução
das emissões de gases do efeito estufa proveniente do
desmatamento em países em desenvolvimento (FERNANDES;
MACHADO; SOARES, 2012).

Essas discussões faziam parte do MDL, que viria a ser


o “carro chefe” para que os países desenvolvidos pudessem
atingir as metas de redução de emissões de gases, uma vez
que eram apoiados pelos países em desenvolvimento, que
viam nesse mecanismo uma forma de atrair investimentos
para empregar em seu crescimento econômico.

Os países mais engajados na efetivação do Protocolo foram


os membros da União Europeia, sendo aqueles que mais emitiram
certificados de redução de emissão de carbono. Já os países em
desenvolvimento que mais ganharam com o mercado de carbono
foram a China, a Índia e o Brasil, tendo vários projetos que já
emitiram certificados de carbono para serem comercializados.
Estes também foram os países emergentes que mais cresceram
nas últimas décadas (RODRIGUES; PIRES, 2010).

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Durante a vigência do Protocolo, 37 países, a maioria
da União Europeia, superaram a meta de reduzir em 5% sua
emissão até 2012 (TUFFANI, 2015).
Após dez anos do Protocolo de Kyoto, como os países se
comportaram frente à redução de emissões de gases do efeito
estufa? A vigência do Protocolo era até 2012, será que ele foi
extinto ou ainda está vigente?
Está pronto para encontrar essas explicações? Então,
vamos lá!

Alianças entre os países para cumprir as metas do Protocolo

O MDL foi importante para que os países


pudessem cumprir as metas de redução de
emissões de gases do efeito estufa, como também
uma forma de os países em desenvolvimento
atraírem investimentos para seu crescimento
econômico.

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7.3.2 Contexto atual do Protocolo de Kyoto

Durante a vigência do Protocolo de Kyoto, foram


realizadas várias COP para discutir o cumprimento das metas
e os impasses que aconteciam entre os países desenvolvidos
e os países em desenvolvimento, bem como uma possível
continuidade do Protocolo após 2012.
Na COP 15, que aconteceu em 2009, em Copenhague
(Dinamarca), era para ser discutido um novo documento
para substituir o Protocolo de Kyoto, que findava em 2012.
No entanto, essa reunião foi marcada pelo impasse entre os
países desenvolvidos e os países em desenvolvimento. De
um lado, a China e outros países emergentes afirmavam
que os países desenvolvidos devem investir mais e se
comprometer com cortes maiores nas emissões de CO2
devido ao seu processo de industrialização pioneiro e por
serem responsáveis por uma parcela maior da poluição
causadora do problema. Estes, por sua vez, afirmam que a
China era a maior poluidora do mundo e que o estilo de vida
à moda ocidental não é sustentável para uma população de
1,3 bilhão de pessoas (RODRIGUES; PIRES, 2010).
Em 2012, na COP 18, realizada no Catar, foi decidido
que o protocolo se estenderia até 2020, com a sua possível
substituição no intuito de corrigir algumas pendências,
como a inexistência de metas vinculantes para os países
em desenvolvimento, sem contar, porém, com a assinatura
de países como Japão, Rússia, Canadá, Nova Zelândia e,
novamente, EUA.
Mas, afinal, até 2012 houve diminuição das emissões de
gases do efeito estufa?
Infelizmente, apenas alguns países conseguiram atingir a
meta de diminuição na emissão desses gases, como havíamos
comentado anteriormente, apenas 37. Por incrível que pareça,
durante a primeira etapa de vigência do Protocolo (2005 a
2012) a emissão mundial de gases do efeito estufa, em vez de
diminuir, aumentou em 16,2%.
Muito desse aumento se deve ao crescimento econômico
e industrial de países emergentes como China, Índia e Brasil,
que não tinham a obrigação de cumprir metas de diminuição
de emissões de gases do efeito estufa.
Atualmente, a China e os Estados Unidos correspondem
juntos a aproximadamente 45% da emissão global de carbono
(TUFFANI, 2015). Já os países emergentes e não desenvolvidos,

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como um todo, correspondem a 60% da emissão global de
carbono (TUFFANI, 2015).
Embora em termos numéricos o Protocolo tenha falhado,
ele foi de suma importância para os avanços nas discussões
sobre a problemática do aquecimento global e das mudanças
climáticas. Sem ele, muitos países da União Europeia não teriam
diminuído as emissões de gases, nem criado tecnologias para
aperfeiçoar a utilização de fontes renováveis de energia. Além
disso, muitos países em desenvolvimento foram beneficiados
pelo MDL, fazendo com que sua economia progredisse.
No final de 2015, foi realizado em Paris (França) a COP
21, na qual um novo pacto foi assinado, o chamado Acordo
de Paris, que obriga, pela primeira vez, todos os 190 países
signatários da Convenção do Clima (1992), incluindo os
desenvolvidos e os em desenvolvimento, a diminuírem as
emissões de gases do efeito estufa. O acordo passará a valer a
partir de 2020, quando finda a vigência do Protocolo de Kyoto
(LEITE; COLON, 2015).
De acordo com esse novo documento, os países devem
manter o aquecimento global abaixo dos 2ºC, com vistas a
1,5ºC, diminuindo as emissões de gases do efeito estufa. Além
disso, o documento determina o investimento de cem bilhões
de dólares anuais dos países ricos nos mais pobres para
combater a pobreza e as emissões de gases do efeito estufa e
o desenvolvimento resistente ao clima (LEITE; COLON, 2015).
Talvez não consigamos acompanhar todo o processo
desse novo acordo, mas, pelo menos, saberemos que o mundo
poderá estar melhor para as próximas gerações.

Embora a quantidade de emissões de gases


do efeito estufa tenha aumentado, a criação do
Protocolo de Kyoto foi importante para evidenciar a
problemática das mudanças climáticas e incentivar
alguns países a desenvolverem tecnologias de
desenvolvimento econômico mais sustentável.

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Referências

BRASIL. Decreto Nº 2.652, de 1º de Julho de 1998.


Promulga a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima, assinada em Nova York, em 9 de maio de
1992. Brasília, DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
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FERNANDEZ, V; MACHADO, C. J. S.; SOARES, M. L. G. O
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Ciências do Ambiente

Introdução | Semana 11

Seja bem-vindo(a) à oitava Unidade de Aprendizagem. Nesta unidade, iremos


explorar o termo “desenvolvimento sustentável”, inclusive seu contexto histórico,
as dimensões da sustentabilidade e a situação atual da economia mundial.
Veremos também que esse tema tem se mostrado um paradigma na
sociedade contemporânea. Mas, afinal, o que é desenvolvimento sustentável? E
ecodesenvolvimento? Você acredita que esses conceitos têm o mesmo significado?
Nesta unidade, entenderemos melhor estas e outras questões. Bom estudo!

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Semana 11 Ciências do Ambiente

1
8 Desenvolvimento sustentável: o novo
paradigma da sociedade contemporânea

8.1 Desenvolvimento Sustentável: Contextualização


histórica do termo

A Revolução Verde modernizou a agricultura

A noção de sustentabilidade permeia períodos distintos,


antigos e segmentados em diversas culturas. De acordo com
Engelman (2013, p. 5), “os iroqueses da América do Norte
expressavam preocupação com as consequências que suas
decisões poderiam ter até a sétima geração de descendentes”.
O mesmo autor cita um provérbio atribuído aos nativos norte-
americanos: “Não herdamos a terra de nossos pais, nós a
tomamos emprestada de nossos filhos” (ENGELMAN, 2013, p. 5).
Entretanto, para esse autor, a ideia de sustentabilidade se
constituiu a partir dos escritos do naturalista, e por três vezes
congressista americano, George Perkins Marsh, nas décadas

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de 1860 e 1870, que já acenava para os riscos em longo prazo
da intervenção dos seres humanos nas forças naturais que
regem o planeta.
Podemos ainda relembrar a célebre frase de Theodore
Roosevelt, em sua primeira Mensagem ao Congresso, em
1901: “O que fazemos agora afetará não apenas o presente,
mas as gerações futuras” (ENGELMAN, 2013, p. 5).
De fato, pouco tempo depois, começaram a surgir os
efeitos e os sinais de que seria necessário intervir na forma
como se construía o progresso.
Nesse contexto, um dos primeiros instrumentos que
contribuiu para o surgimento de um pensamento sustentável
veio da bióloga marinha Rachel Carson, com o seu livro
Primavera Silenciosa, lançado em setembro de 1962. No livro,
são denunciados os males a que todos, direta e indiretamente,
estavam submetidos por conta da precariedade dos testes
das indústrias químicas de inseticidas e derivados sintéticos.
Naquela época, a indústria química estava acelerada em face
do movimento da Revolução Verde, que teve início no século
XX por meio do convite do governo mexicano à Fundação
Rockefeller, dos EUA, para realizar estudos sobre a fragilidade
de sua agricultura, que resultou no uso de fertilizantes,
agrotóxicos e afins.

A Revolução Verde está para a agricultura


como a Revolução industrial está para a indústria e,
como tal, trouxe efeitos diversos. O mais importante
deles foi o despertar para um movimento verde, que
embora não tenha uma data definida, demonstra o
nascer de uma nova consciência ambiental.

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8.1.2 Surge um novo conceito

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

Um pouco depois, na década de 1970, o filósofo norueguês


Arne Naess, influenciado por estudiosos como Rousseau,
Gandhi, Thoreau, Aldo Leopoldo e diversos outros, criou a
expressão “Ecologia Profunda” para se opor ao que era chamado
de “Ecologia Superficial”, que representava justamente a visão
convencional de que o meio ambiente deveria ser preservado
apenas devido a sua importância para o ser humano. Já do
ponto de vista da ecologia profunda, o interesse em preservar
os rios, os oceanos, as matas e os solos não deveria se orientar
apenas pelo próprio bem-estar humano, e sim pela compreensão
solidária e consciente de que a humanidade faz parte dessa
unidade chamada meio ambiente.
Ainda nos anos de 1970, foi lançado pelo Massachusetts
Instituteof Technology (MIT), sob a condução do professor
Dennis Meadows, o informe Limites do Crescimento, a pedido
do Clube de Roma. Em síntese, o informe era um alerta de que,
em algum momento dentro dos próximos cem anos, o planeta
atingiria seu limite de crescimento em face das tendências
de aumento populacional e de todos os fatores implicados,
tais como intensificação da industrialização, de poluentes, de
desmatamento e exploração dos recursos.

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É possível supor que a noção de preservação
e sustentabilidade sempre esteve enraizada no
ser humano, que apenas se distanciou de sua
verdadeira condição inata de dependência dos
recursos da natureza, mas que, por instinto de
preservação, vem estabelecendo essa reconexão.

8.1.3 O contexto histórico do desenvolvimento


sustentável

Desafio global e coletivo de promover a sustentabilidade

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Com o lançamento do relatório da Comissão Mundial sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1987, intitulado Nosso
Futuro Comum, o adjetivo original da palavra “sustentável”
(ser capaz de manter sua existência sem interrupção ou
diminuição) foi usado pela primeira vez.
Esse documento definiu desenvolvimento sustentável
como “um modelo de desenvolvimento capaz de satisfazer as
necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade
das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades”
(ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1991, p. 9).
Em 1973, Maurice Strong, Secretário da Conferência
de Estocolmo, lançou o conceito de ecodesenvolvimento,
que foi difundido por lgnacy Sachs, a partir de 1974, como
tentativa de dar uma abordagem mais profunda ao significado
do desenvolvimento sustentável por meio da definição de seis
princípios: satisfação das necessidades básicas; solidariedade
para com as gerações futuras; participação da população
envolvida; preservação dos recursos naturais e do meio
ambiente; elaboração de um sistema social que garanta
emprego, segurança social e respeito a outras culturas; e
programas de educação (RAYNAUT; ZANONI, 1993).

Ecodesenvolvimento, de acordo com Sachs (1986 apud


RAYMOND; ZANONI 1993, p. 7, tradução nossa), significa o
“desenvolvimento endógeno e dependente de suas próprias
forças, tendo por objetivo responder à problemática da
harmonização dos objetivos sociais e econômicos do
desenvolvimento com uma gestão ecologicamente prudente
dos recursos e do meio”.

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O conceito de desenvolvimento sustentável foi
amplamente fortalecido e divulgado, ganhando ainda mais
força por ocasião da Conferência das Nações Unidas para o
Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), de 1992, no
Rio de Janeiro, também conhecida como Eco-92. Na ocasião,
foram assumidos compromissos globais e locais em prol do
futuro do planeta, por meio de importantes instrumentos,
como: A Carta da Terra; Três convenções: Biodiversidade,
Desertificação e Mudanças Climáticas; Declaração do Rio sobre
Ambiente e Desenvolvimento; e Agenda 21.
Acompanhe o quadro-resumo a seguir com os principais
acontecimentos relevantes em relação à divulgação e ao
fortalecimento do conceito de desenvolvimento sustentável:

1ª Conferência Internacional sobre Cidades e Vilas Sustentáveis na cidade dinamarquesa de Aalborg.


1994 Nessa conferência, foi lançada a Campanha Europeia das Cidades e Vilas Sustentáveis (CECVS) e
aprovada a Carta de Aalborg, que marca o início da Campanha global das Cidades e Vilas Sustentáveis.

1996 2ª CECVS, na cidade de Lisboa, em que foi aprovado o documento Plano de Ação de Lisboa: da Carta à Ação.

3ª CECVS em Hanôver, na Alemanha, em que foi aprovada a Declaração de Hanôver com o objetivo de
2000
reforçar a importância das autoridades locais na promoção do desenvolvimento sustentável.

Realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável, em Joanesburgo, na África do Sul, que ficou conhecida como Rio+10 ou Cúpula da Terra
2002
II. O objetivo principal foi discutir os avanços obtidos com os compromissos da Agenda 21, entre outros
acordos assumidos na Eco92.

4ª CECVS, dez anos após a assinatura da Carta Aalborg, conhecida como Aalborg +10 Inspirando o
2004 Futuro. Nessa conferência, os compromissos assumidos em 1994 foram ratificados em conjunto
com novos objetivos.

Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, realizada em junho, no Rio de
Janeiro, visando discutir um conjunto de metas para as próximas décadas, a partir de dois temas principais:
2012 economia verde e cooperação global. Como resultado, os países renovaram seus compromissos com o
desenvolvimento sustentável, reafirmando princípios enunciados na Eco-92 e em diversas conferências
subsequentes, estabelecendo, entre outras metas, eliminar a pobreza extrema até 2030.

Contexto histórico do termo desenvolvimento sustentável


Fonte: elaborado pela autora, 2016.

Os acontecimentos mencionados no quadro acima marcaram a


história do conceito de desenvolvimento sustentável.

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O conceito de sustentabilidade vai além da
visão de promover unicamente a conservação dos
recursos naturais. O desafio converge no interesse
de promover o acesso e o uso racional dos recursos
naturais, de modo durável e seguro para o bem-
estar e a qualidade de vida de todos, no presente
e no futuro.

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Semana 11 Ciências do Ambiente

2
8. 2 As dimensões da sustentabilidade:
econômica, social e ambiental

Quem nunca ouviu a expressão “tripé da sustentabilidade”?


O conceito de sustentabilidade comporta distintas dimensões,
contudo, no Relatório Nosso Futuro Comum, são destacados
três componentes fundamentais para o desenvolvimento
sustentável: proteção ambiental, crescimento econômico e
equidade social (ONU, 1991).
Sobretudo, é crucial internalizar que as dimensões da
sustentabilidade envolvem a promoção do “pensamento social”,
da equidade social, no tocante à minimização dos interesses
individuais em prol dos interesses coletivos da sociedade, o
que, por sua vez, implica outros fatores.
Para Sachs (2004), o conceito de sustentabilidade envolve
sete dimensões, com o propósito de transcender o significado
puramente econômico da noção de desenvolvimento,
sendo elas: ecológica, econômica, social, espacial, cultural,
psicológica, política nacional e internacional. Mas você sabe
do que trata cada uma destas? Acompanhe!
Por sustentabilidade social, entende-se a preocupação
com a melhoria da qualidade de vida da população e com
a diminuição da desigualdade social, tendo em vista a
necessidade de equidade na distribuição de renda, de gerar
inclusão social e diminuir as diferenças sociais, de maneira
que todos tenham acesso aos recursos e serviços sociais. Além
disso, essa dimensão é significativa no tocante à promoção da
participação social nos processos decisórios e na intensificação
de canais efetivos de participação social e cidadã, a fim de
alcançar a legitimação dos problemas e das soluções.
A sustentabilidade econômica, por sua vez, refere-
se à promoção da alocação e gestão efetivas e eficazes dos
recursos públicos e privados, promovendo eficiência econômica,
equilíbrio e regularização no fluxo de investimentos, promoção
e acesso à ciência e tecnologia, à segurança alimentar, à
capacidade de modernização dos instrumentos de produção
num contexto de produção mais limpa, à manutenção de um
ritmo de produção e consumo adequados às funções naturais
do planeta e à participação na economia internacional.

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Já a sustentabilidade ecológica reflete o uso racional
dos recursos naturais, considerando a necessidade de
preservação do potencial do capital natural e de exploração
e produção de sistemas de sustentação da vida, com vistas a
reduzir resíduos tóxicos e poluentes e promover reciclagem de
materiais e energia de forma ecoeficiente.
Em relação à sustentabilidade psicológica, esta se
refere à noção da necessidade de partilhar pacificamente o
mesmo meio ambiente com outros indivíduos. Algo que é
possível por meio do estado emocional de cada indivíduo, uma
vez que é individual o caminho que leva cada um a tomar
conhecimento da realidade que o cerca.
Quanto à sustentabilidade cultural, podemos dizer
que ela se relaciona ao equilíbrio entre respeito à tradição e
inovação, de modo a incentivar processos de mudança que
acolham os valores e as características específicas de cada
local; promovendo autoconfiança associada à abertura para o
que acontece no resto do mundo.
E a sustentabilidade espacial ou territorial
compreende o equilíbrio entre as configurações existentes
nos espaços rural e urbano, considerando a necessidade de
equilibrar processos migratórios, adotar práticas agrícolas
mais ambientalmente seguras e investir no manejo sustentável
das florestas, preservando áreas ecologicamente frágeis, e em
estratégias de industrialização descentralizada.

Dimensões da Sustentabilidade

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Já sustentabilidade política, de modo global, relaciona-
se à eficácia do sistema de prevenção de guerras da ONU, da
promoção da paz e da cooperação internacional (com base no
princípio da igualdade), da aplicação do Princípio da Precaução
na gestão do meio ambiente e dos recursos naturais, da
prevenção e mitigação das mudanças globais negativas, da
proteção da biodiversidade, da gestão do patrimônio global
e da cooperação científica e tecnológica internacional e
do controle institucional efetivo do sistema internacional
financeiro e de negócios. De modo local, vislumbrando o Brasil,
pode-se dizer que esse tipo de sustentabilidade também se
relaciona à necessidade de continuar evoluindo no processo da
democracia representativa por meio de canais descentralizados
e participativos (consultivos e deliberativos), de sistemas de
maior autonomia aos governos locais, inclusive na gestão de
recursos, e, fundamentalmente, no combate à corrupção a
partir da intensificação da política de transparência.
Por fim, há a sustentabilidade ambiental, que trata
do respeito às leis naturais que regem o equilíbrio dinâmico e
a capacidade de suporte e de regeneração dos ecossistemas
naturais, de modo a garantir a conservação dos espaços naturais
e o respeito aos direitos humanos e a todas as formas de vida.

A proposta das dimensões da sustentabilidade


compreendem a busca por uma visão holística para
a interpretação do desenvolvimento sustentável, a
fim de incluir e valorizar as pessoas, seus costumes
e saberes.

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8.2.1 Princípios da sustentabilidade

A sustentabilidade vai além do ambiental, abrange também o social

É provável que Sachs (2004) tenha sido influenciado pelo


raciocínio de Naess (1993), que já havia definido os pilares
fundamentais da Ecologia Profunda (Sabedoria ecológica ou
Ecosofia, Justiça social, Democracia de base e Não violência).
Conforme Naess e Sessions (2010), o Manifesto da Ecologia
Profunda apresenta oitos princípios, que estão basicamente
apoiados na ideia de que o crescimento da população humana
é incompatível com a qualidade do meio ambiente e de
que o modo de produção vigente, que visa ao acúmulo de
riquezas materiais, também é incompatível com a riqueza da
biodiversidade. E para mudar esse quadro, era necessária uma
mudança de ideologia, tomando a consciência de que há uma
profunda diferença entre crescimento material e crescimento
pessoal, independentemente do acúmulo de bens.
Por isso, quando falamos em sustentabilidade, não
levamos em conta apenas as questões ambientais, mas
também os fatores políticos, ideológicos, econômicos e sociais
que são inerentes ao modo de produção capitalista vigente, o
qual é pautado no acúmulo de capital, na desigualdade social
e na degradação ambiental.

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Fica claro que a proposta da sustentabilidade
não trata apenas da conservação e gestão dos
recursos naturais. É um pensamento muito mais
profundo, que visa a uma verdadeira transformação
no modo de civilização estabelecido. E isso indica
o quanto esse desafio é difícil.

8.2.2 O desafio da sustentabilidade

O desafio da sustentabilidade

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Para Miller Junior e Spoolman (2012), esse desafio
se relaciona a cinco passos, que são: compreender os
componentes e a relevância do capital natural; reconhecer
que diversas atividades humanas destroem o capital natural
ao utilizarem recursos renováveis mais rapidamente do que a
sua reposição na natureza; admitir que a procura por soluções
normalmente envolve conflitos, sendo que resolvê-los envolve
compromissos e ajustes; integrar as informações e as ideias
das ciências físicas com aquelas das ciências sociais; e,
finalmente, o quinto passo envolve proteger o capital natural,
de modo a viver da renda oferecida por ele.
Em uma analogia, os autores citados dizem que se uma
pessoa ganhasse um US$ 1 milhão na loteria e investisse essa
quantia, de modo a obter 10% de juros ao ano, ela teria uma
“renda anual sustentável de US$ 100 mil sem exaurir seu capital.”
Contudo, se essa pessoa gastasse “US$ 200 mil por ano, seu
US$ 1 milhão terá acabado no início do sétimo ano. E mesmo
que o indivíduo gaste apenas US$ 110 mil por ano, estará falido
em 18 anos” (MILLER JUNIOR; SPOOLMAN, 2012, p. 3).
Esse exemplo espelha exatamente o estilo de
vida insustentável estabelecido no modo civilizatório e
de desenvolvimento econômico atual. Mas, como dito
anteriormente, não se trata de manter os recursos em
conservação total e intocável, e sim de atingir o equilíbrio
entre retirada, reinserção e compensação. Isso se relaciona
com uma das bases fundamentais da Ecosofia, que é a rejeição
a tudo o que é excedente.

Crescimento contínuo da população

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Mas a realidade é que já somos uma população excedente
de 7,1 bilhões de pessoas demandando energia proveniente
dos recursos naturais, pois a sobrevivência de tudo que
conhecemos depende da energia do Sol e dos recursos e
serviços naturais da Terra (capital natural).
No entanto, o estilo de vida insustentável está mais do
que comprometendo, está exaurindo e degradando o que nos
sustenta e nossas economias. E a principal causa disso já é
dita há tempos: uma população continuamente crescente,
que permite a coexistência de desperdício entre uns e pobreza
extrema entre outros, e que desconhece e desvaloriza como o
planeta funciona e tem se autossustentado por bilhões de anos.
Dessa forma, enquanto houver fome no mundo, é sinal de
que estamos longe de resolver nossos problemas. Enquanto o
consumismo e o desperdício forem resultados diretos do nosso
estilo de vida, ainda seremos repetentes nessa matéria, pois
o caminho para o desenvolvimento sustentável requer que
empresas, governo e indivíduos priorizem seu comportamento
de consumo e produção e modifiquem algumas práticas e
políticas que regem seu dia a dia e afazeres. Assim, podemos
dizer que um dos principais desafios globais é passar de uma
cultura de consumismo para uma cultura de sustentabilidade.

O desafio da sustentabilidade requer dissolver


os problemas de uma população continuamente
crescente que permite a coexistência de
desperdício entre uns e pobreza extrema entre
outros; o que exige mais do que um pensamento
sistêmico e holístico, como também solidariedade
para com humanos e não humanos.

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3
8.3 Situação atual da economia mundial e o
desenvolvimento sustentável

Agora, reflita sobre as seguintes questões: é possível


que o conceito de desenvolvimento sustentável, ao ser criado,
tivesse o mesmo significado que é dado a ele no cenário político
social atual? E, afinal, é possível conquistar uma economia
saudável e justa diante dos recursos naturais e ecossistemas
cada vez mais empobrecidos? Vejamos.
Entre 1950 e 2005, a população mundial aumentou de 2,5
bilhões para 6,5 bilhões. Atualmente, já somos 7,1 bilhões e, de
acordo com Miller Junior e Spoolman (2012, p. 1), “a menos que
as taxas de mortalidade aumentem consideravelmente, cerca de 8
a 10 bilhões de pessoas habitarão a Terra até o fim deste século”.
No cenário político social atual, ainda há um apelo
para um desenvolvimento sustentável muito próximo do
entendimento do significado de crescimento econômico. Um
exemplo disso “é a aplicação da medição do desenvolvimento
com base no Produto Interno Bruto per capita do país, onde
o desenvolvimento é visto como uma decorrência natural do
crescimento econômico” (SACHS, 2004, p. 26, grifo nosso).

Desenvolvimento e crescimento econômico durável

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Para Miller Junior e Spoolman (2012, p. 6) “crescimento
econômico é um aumento da capacidade de um país em
fornecer bens e serviços às pessoas”.
Esse crescimento econômico é medido pelo percentual do
Produto Interno Bruto (PIB) de um país, que, de acordo com
os autores citados, refere-se “ao valor de mercado anual de
todos os bens e serviços produzidos por todas as empresas e
organizações, nacionais e estrangeiras, que operam dentro de
um país” (MILLER JUNIOR; SPOOLMAN, 2012, p. 6).
De acordo com os referidos autores, o que faz com que
esse percentual aumente são as mudanças no crescimento
econômico de um país por pessoa, medidas pelo PIB per
capita: o PIB dividido pela população total no meio do ano.
E esse aumento pode ser adquirido por meio do
crescimento populacional, visto que assim é possível equacionar
mais produtores e mais consumidores, resultando em maior
produção e em maior consumo por pessoa.
Essa lógica faz com que muitos não acreditem na
possibilidade de uma economia com crescimento sustentável
com base no pressuposto de que a sustentabilidade prescinde
de uma economia com crescimento nulo (DALY, 2004).
A interpretação que se tem de desenvolvimento
econômico “é a melhoria dos padrões de vida dos seres
humanos proporcionada pelo crescimento econômico” (MILLER
JUNIOR; SPOOLMAN, 2012, p. 6), sendo que o método de
classificação da ONU para os países desenvolvidos ou em
desenvolvimento econômico se baseia principalmente em seu
grau de industrialização e em seu PIB per capita.

A dominância do PIB já ultrapassou sua


legitimidade, e percebe-se a necessidade de que
seja criado um painel de controle mais adequado
à jornada do século XXI, considerando todos os
desafios em prol da sustentabilidade.

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8.3.1 Economia ecológica e economia ambiental

A globalização mudando a forma de visualizar o planeta

Os seres humanos mudaram o modo como o planeta


funciona. E agora é hora de mudar também o modo como
o planeta é concebido por eles. Vive-se não mais em uma
era desenvolvimentista, e sim em uma era globalizada. Nesse
contexto, não há ecossistemas sem pessoas, e não há pessoas
que não dependam do funcionamento dos ecossistemas. Com
isso, surge uma proposta de economia ecológica, defendida por
economistas internacionais, como Kenneth Eward Boulding,
Karl-William Kapp, Nicholas Georgescu-Roegen, Herman E.
Daly, Robert Costanza e Juan Martínez-Alier, e economistas
brasileiros, como Clóvis Cavalcanti, José Eli da Veiga e Ladislau
Dowbor, além do teólogo John Cobb Jr., do ecologista Crawford
Stanley Holling e do ambientalista Lester Brown.
A economia ecológica propõe uma visão multidisciplinar
para a gestão do meio ambiente, não mais focada em
crescimento quantitativo, e sim num desenvolvimento
qualitativo e fundamentada nas leis da termodinâmica.
A primeira lei da termodinâmica (princípio da conservação
de energia) ensina que a energia (ou matéria) não pode ser
criada ou destruída, e sim transformada em outra forma.

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Já o primeiro enunciado da segunda lei da termodinâmica
ensina que, durante o processo de transformação da energia,
parte não é aproveitada e se degrada. E o segundo enunciado
dessa lei trata do princípio da irreversibilidade baseado
na relação de ordem e desordem da matéria-energia. Em
processos espontâneos, a ordem tende a se transformar em
alta ou baixa desordem (entropia), sendo muito improvável
reverter tal processo.

Economias pautadas na sustentabilidade

Em relação a essa lei da termodinâmica, Daly (2004)


explica que existe uma diferença qualitativa entre a matéria-
energia retirada para satisfazer as necessidades humanas, que
gera baixa entropia (desordem), daquela reinserida pelo homem
sob a forma de resíduos, que é de alta entropia (desordem).
Na interpretação da economia ecológica, Daly (1991)
explica que o desequilíbrio da matéria e da energia no ambiente
pode trazer sérios problemas aos ecossistemas.
Tendo em vista esses conceitos e para evitar esses
problemas, os economistas ecológicos, de acordo com Daly
(1991), definem quatro princípios para a sustentabilidade.
Veja, abaixo, quais são estes.

▪▪ A necessária limitação escalar da economia humana, respeitando os limites de


suporte natural.

▪▪ O avanço técnico deve ser direcionado à maximização da eficiência, e não da


degradação do ambiente natural.

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▪▪ Os recursos naturais renováveis não devem ser levados à extinção pela
maximização produtiva, buscando vincular as colheitas ao ritmo de regeneração
e a emissão de resíduos à assimilação do ambiente.

▪▪ Os recursos renováveis devem ser criados para substituir no mesmo ritmo os da


exploração dos não renováveis.

Contudo, a economia ecológica representa uma


perspectiva interdisciplinar de compreensão da relação entre
economia e ecologia. E, apesar de seus fundamentos, não é
uma teoria absoluta e claramente definida.
Em outra margem, está a proposta da economia (sócio)
ambiental, representada pelos economistas internacionais
Ignacy Sachs, Salah El Serafy e Jeffrey Sachs, além do brasileiro
Paulo Henrique Freire Vieira e do ambientalista Maurice
Strong. Essa corrente se fundamenta nos debates promovidos
pela ONU e tem por objetivo alcançar a sustentabilidade dos
recursos naturais por meio da tecnologia.
Os economistas ambientais apostam que é possível
investir em tecnologias sustentáveis capazes de corrigir os
graves problemas ambientais, de modo a garantir o crescimento
econômico, uma vez que este é necessário para ajustar
as extremas disparidades entre os países desenvolvidos e
subdesenvolvidos.
O pressuposto é que para cada dimensão da
sustentabilidade há uma necessidade tecnológica básica
que deve ser privilegiada em investimentos para estudo e
desenvolvimento.
Nesse sentido, a teoria da economia ambiental contribui
fortemente para o argumento de promoção das estratégias de
desenvolvimento local, uma vez que privilegia a aplicabilidade
das dimensões da sustentabilidade.

Seja com enfoque ambientalista, seja com


enfoque ecológico, é imprescindível avançar em
abordagens econômicas pautadas numa visão
sistêmica da sustentabilidade.

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8.3.2 Reforma Política rumo à sustentabilidade

Formulação de novas políticas e modelos econômicos com enfoque ambientalista ou ecológico

Nessa lógica de formulação de novas políticas e modelos


econômicos, entende-se que o papel das métricas para avaliar
a jornada rumo à sustentabilidade e ao desenvolvimento justo
é fundamental.
De acordo com Raworth (2012), para termos um melhor
painel de controle do progresso econômico e social, algumas
mudanças são necessárias, e com base nas recomendações da
Comissão sobre a Mensuração do Desempenho Econômico e
Progresso Social do governo francês, vale destacar as seguintes:

▪▪ inserir na equação do PIB o que é comercializado e o que é doado;

▪▪ monitorar o fluxo de bens e serviços e também as mudanças nas reservas que o alimentam;

▪▪ monitorar a distribuição da renda, riqueza e demais resultados sociais;

▪▪ complementar o uso exclusivo de métricas monetárias com métricas naturais e sociais.

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Além disso, o autor citado ainda fala de deixar de medir
apenas o que é comercializado e passar a fazê-lo também sobre
o que é dado de graça, pois muitos dos bens e serviços que
são essenciais para o bem-estar provêm de trabalho voluntário
ou são fornecidos por pais, doadores e pela natureza. Isso
significa que o valor embutido do trabalho não remunerado e/
ou de serviços voluntários elevaria o valor do PIB de um país.
Outro ponto é a necessidade de ampliar o foco apenas no
fluxo de bens e serviços e monitorar as mudanças nas reservas
que o alimentam. Isto porque, na própria visão administrativa,
o fluxo de bens e serviços é apenas uma parte da conjuntura
econômica, é preciso saber o que ocorre com os ativos e
passivos de uma empresa. Sendo assim, essa lógica deve ser
seguida no gerenciamento do capital ambiental das nações.
Também é necessário o monitoramento da distribuição
da renda, riqueza e demais resultados sociais. E deve-se
considerar que assim como há desigualdades de renda, há
também grandes desigualdades no uso de recursos, e tudo
isso deve ser monitorado.

Desigualdade social

A última mudança sugerida para criar um melhor painel


de controle do progresso econômico e social é complementar o
uso exclusivo de métricas monetárias com métricas naturais e
sociais. São exemplos de métricas sociais as horas de trabalho
voluntário ou de cuidado realizado por mulheres e homens. E
as métricas naturais, como os cálculos de pegadas per capita
de carbono, água, nitrogênio e uso do solo, devem receber

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mais peso e visibilidade nas avaliações de políticas, visto que
algumas são relativamente novas, mas estão se aperfeiçoando
rapidamente e se mostram essenciais.
Na prática, seria algo como avaliar o grau de desprendimento
entre o crescimento do PIB e o uso de recursos naturais, sendo
possível tanto avaliar em termos relativos (se o PIB está
crescendo mais rapidamente do que o uso de recursos), quanto
em termos absolutos (se o PIB está crescendo enquanto o uso
total de recursos cai) (RAWORTH, 2012).

Um melhor painel de controle do progresso


econômico e social é complementar o uso exclusivo
de métricas monetárias com métricas naturais e
sociais.

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Referências

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Ciências do Ambiente

Introdução | Semana 12

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à nona Unidade de Aprendizagem.


Agora, aprenderemos um pouco mais sobre a Educação Ambiental e como
ela pode contribuir para uma sociedade sustentável.
Para entendermos melhor o assunto, em primeiro plano, é importante
conhecer o histórico da Educação Ambiental, as políticas e a legislação sobre
ela no Brasil e seu o papel para o desenvolvimento sustentável da sociedade.
Como surgiu a Educação Ambiental? Para que ela serve? Em quais
dimensões da sustentabilidade você a relacionaria? Quais são as principais
políticas que norteiam a Educação Ambiental?
Na presente Unidade de Aprendizagem, aprofundaremos nossas
discussões sobre estas e outras questões relacionadas à Educação
Ambiental. Acompanhe!

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Semana 12 Ciências do Ambiente

1
9. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO
INSTRUMENTO PARA UMA SOCIEDADE

9.1 Histórico da Educação Ambiental

Educação Ambiental como instrumento de transformação

Ainda não se falava em Educação Ambiental (EA) quando


os problemas ambientais deram sinais claros da irracionalidade
do modelo de desenvolvimento estabelecido.
Ao mesmo tempo, surgiram descobertas no meio
científico que trouxeram a noção da globalização dos problemas
ambientais, incitando a construção de uma ciência internacional
que vem se consolidando desde as décadas de 1960 e 1970.
À medida que progredia o conhecimento científico ecológico
e de outras ciências afins, tornava-se mais nítido que grande
parte do conhecimento existente sobre o meio ambiente era
insuficiente para embasar as tomadas de decisões em prol da
prosperidade ambiental.
Com vistas a buscar respostas para as questões
ambientais, em 1972, foi realizada a Conferência de Estocolmo,

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na qual a Educação Ambiental passou a ser considerada
como campo da ação pedagógica responsável pelo estímulo
a novas descobertas que pudessem conciliar as decisões e
soluções sustentáveis. Isso fez com que a EA ganhasse status
e relevância nos debates internacionais.
No quadro que segue, são apresentados os principais
eventos que contribuíram para delinear a natureza da EA.

Ano Marco Resultado


Conferência de Educação da Universidade É usada pela primeira vez a expressão Environmental Education
1965
de Keele, na Grã-Bretanha. (Educação Ambiental).

Foi a primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio


Conferência de Estocolmo, realizada
Ambiente. Desde então, a Educação Ambiental passa a ser
1972 pela ONU entre os dias 5 a 16 de junho
considerada como campo da ação pedagógica, adquirindo
de 1972, em Estocolmo na Suécia.
relevância e vigência internacionais.

Programa das Nações Unidas para o Meio Destacou como alta prioridade os temas referentes ao meio
1973
ambiente (PNUMA). ambiente e ao desenvolvimento.

Foram estabelecidos os princípios da Educação Ambiental. Esse


seminário considerou que a EA permite alcançar os objetivos de
Comissão Nacional Finlandesa para a
1974 proteção ambiental e que não se trata de um ramo da ciência
UNESCO, seminário realizado em Tammi.
ou uma matéria de estudos separada, mas de uma educação
integral permanente.

Foram registrados os primeiros programas de EA nos Estados


1974 Estados Unidos da América.
Unidos da América.

Seminário internacional realizado em Seminário sobre os princípios norteadores para um programa


1975
Belgrado, na Sérvia. internacional de Educação Ambiental.

Programa Internacional de Educação


Em resposta à recomendação 96 da Conferência de Estocolmo,
Ambiental (PIEA), com colaboração da
1975 foi criado o PIEA para promover a reflexão, a ação e a cooperação
UNESCO, e Programa das Nações Unidas
internacional.
para o Meio ambiente (PNUMA).

Foram definidos os objetivos e as estratégias pertinentes em


Conferência Intergovernamental sobre nível nacional e internacional do Programa Internacional de
1977 Educação Ambiental em Tbilisi, Geórgia, Educação Ambiental. A EA teve seus princípios estabelecidos
ex-URSS, de 14 a 26 de outubro de 1977. e foi caracterizada como interdisciplinar, transformadora, ética
e crítica.

Propiciou a realização simultânea do Fórum Global das


Organizações Não Governamentais, em que foram ratificados
Conferência das Nações Unidas sobre o 32 tratados, entre eles, o  Tratado de Educação Ambiental
1992 Meio Ambiente e Desenvolvimento, no para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global,
Rio de Janeiro, em 1992. documento que se constitui um marco referencial da EA.
Também se tornou a Carta de Princípios da Rede Brasileira de
Educação Ambiental e das demais redes a ela entrelaçadas. 
Quadro 1 - Breve histórico da EA

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Os Princípios de Educação Ambiental,
estabelecidos pela Comissão Nacional Finlandesa
para a UNESCO, 1974, delineiam a Educação
Ambiental como sendo um componente de todo
pensamento e de toda atividade da cultura no mais
amplo sentido da palavra.

Estes foram alguns dos marcos que serviram de base


para a consolidação da EA, cabendo destacar que a finalidade
de uma educação para o ambiente foi determinada pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura (UNESCO) como sendo capaz de formar “uma
população mundial consciente e preocupada com o ambiente e
com os problemas com ele relacionados”. Além do mais, esse
tipo de população deve ser formada para ter “conhecimento,
competências, estado de espírito, motivações e sentido de
empenhamento que lhe permitam trabalhar individualmente
e coletivamente para resolver os problemas atuais, e para
impedir que eles se repitam.” (INSTITUTO NACIONAL DO
MEIO AMBIENTE, 1994, p. 4). E no Brasil, como a Educação
Ambiental se desenvolveu? Acompanhe!

9.1.2 A Educação Ambiental no Brasil

Esse cenário de consolidação da Educação Ambiental


também incitou educadores do mundo todo. No Brasil, passou-
se a exigir do Ministério da Educação um posicionamento claro
em relação à inserção da Educação Ambiental no ensino formal.
A resposta do Ministério da Educação sobre esse assunto
veio por meio da aprovação dos novos Parâmetros Curriculares
Nacionais, que incluem a Educação Ambiental como tema
transversal presente em todas as disciplinas, em todas as séries do

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ensino básico, não devendo ser uma disciplina específica (BRASIL,
1998, p. 197). Além disso, foi desenvolvido um programa de
multiplicadores em Educação Ambiental em todo o país.

Educação Ambiental como tema transversal

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Brasileiro


do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
também desenvolveram diversas ações para contribuir com
a consolidação da Educação Ambiental no Brasil. Na década
de 1990, o MMA criou a Coordenação de Educação Ambiental
para desenvolvimento de políticas e sistematização das ações
nessa área; e o IBAMA criou, consolidou e capacitou os Núcleos
de Educação Ambiental (NEA) nos estados, o que permitiu
desenvolver Programas Integrados de Educação Ambiental
voltados para a Gestão Ambiental.

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O Brasil avançou no tema com os Parâmetros
Curriculares Nacionais, o Programa de
multiplicadores Ambientais, a criação da
Coordenação de Educação Ambiental para
desenvolvimento de políticas e sistematização
das ações que permitiu a integração de diversos
Programas de Educação Ambiental voltados à
Gestão Ambiental.

9.1.3 Educação de “confetos”

Correntes da Educação Ambiental

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Para Sato (2004), a educação ambiental é uma educação
que se faz com “confetos” (conceitos + afetos), pois deve ser
pautada no amor, na harmonia, na cumplicidade entre todos
os seres, agregando conhecimentos, sentido e sentimentos.
Isto permite associar a Educação Ambiental à dimensão
psicológica da sustentabilidade, visto que esta tem a pretensão
de promover a noção da necessidade de partilhar pacificamente
o mesmo meio ambiente com outros indivíduos, acionando o
estado emocional de cada um a fim de tomar conhecimento
da realidade que o cerca. Mas também é possível associá-la
à dimensão ambiental, social, ecológica e demais. Por isso,
a Educação Ambiental é entendida como transversal, pois
dialoga com as diversas áreas do conhecimento, respeitando
as organizações, os objetos e as necessidades das múltiplas
relações (SATO, 2004).
E, de fato, somente uma educação estimuladora, pautada
na realidade concreta, nos desafios e conflitos coletivizados,
é que poderia avançar no vocabulário, na reflexão e no
conhecimento em favor de uma intervenção positiva dos
rumos insustentáveis de nossa sociedade.
Contudo, é preciso admitir que a educação ambiental não
é uma receita mágica que vai resolver as consequências do
modelo civilizatório, de modo que não seria justo forçar esse
status salvador.
Essa distinção é fundamental, pois muitas correntes já
emergiram, como uma tentativa de aprimorar seus resultados.
Algumas são nomeadas por Sato (2004) e apresentadas
no quadro abaixo.

Correntes mais antigas Correntes mais recentes


Considera as múltiplas dimensões da
Enfoque cognitivo, pautado na realidade socioambiental, incluindo
Naturalista Holística
relação com a natureza. a totalidade do ser no mundo
globalizado e complexo.

Denuncia as relações de poder


Privilegia a conservação dos
dentro dos grupos sociais num
Conservacionista recursos e o que pode ser obtido Feminista
paralelo entre a dominação da
por meio deles.
natureza e da mulher.

Lida com o sentimento de


Focada na mudança de
identidade entre as comunidades
Resolutiva comportamento para solucionar Biorregionalista
humanas e a valorização da
os problemas ambientais.
comunidade natural.

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Correntes mais antigas Correntes mais recentes
Procura perceber os componentes
Pautada na perspectiva educacional
Sistêmica do sistema e suas relações com o Ecoeducação
da Educação Ambiental.
todo.

Direcionada ao desenvolvimento
de conhecimento e habilidades
Dá ênfase ao caráter cultural da
Científica com o rigor científico, com base na Etnográfica
relação com o meio ambiente.
observação e na experimentação
da realidade.

Baseada na pesquisa-ação,
Dá ênfase à dimensão humana do
Humanista Práxica intenciona operar a mudança no
meio ambiente.
meio de forma participativa.

Descreve um código de Analisa as dinâmicas sociais e as


Moral/ética comportamentos socialmente Crítica social decisões e ações para protagonizar
desejáveis. mudanças.

Baseada na reforma da educação


- - Sustentabilidade para promover o desenvolvimento
sustentável.

Quadro 2 - Correntes da Educação Ambiental


Fonte: adaptado de Sato, 2004, p. 18-19.

As correntes acima citadas visam à propagação da


Educação Ambiental em busca de soluções para os impactos
causados no meio ambiente.

Muitas correntes surgiram na tentativa de


encontrar soluções para os problemas ambientais.

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Semana 12 Ciências do Ambiente

2
9.2 Políticas e legislação sobre a
Educação Ambiental no Brasil

Política de Educação Ambiental Brasileira

A Política Nacional do Meio Ambiente(PNMA), no Brasil, é


definida pela Lei nº 6.983/1981. E esta cita, no art. 2º, a Educação
Ambiental como um dos princípios que garantem “preservação,
melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à
vida”, tendo como objetivo “assegurar no país condições ao
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana”.
A referida Lei propõe que, dessa forma, seja possível
atender a seus princípios, a exemplo do inciso X: “A Educação
Ambiental para todos os níveis de ensino, inclusive a educação
da comunidade, objetivando capacitá-la, para participação
ativa na defesa do meio ambiente” (BRASIL, 1981).
Contudo, foi somente em 1994 que foi aprovado pelo
presidente da república o Programa Nacional de Educação
Ambiental (ProNEA), resultante de um esforço conjunto dos
Ministérios da Educação e do Desporto, do Meio Ambiente, Recursos
Hídricos e Amazônia Legal, Cultura e Ciência e Tecnologia.

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O ProNEA foi estruturado a partir do Tratado de Educação
Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade
Global, resultado da Rio92, e previu três componentes: (i)
capacitação de gestores e educadores, (ii) desenvolvimento
de ações educativas e (iii) desenvolvimento de instrumentos e
metodologias, contemplando as sete linhas de ação apontadas
abaixo, conforme o ProNEA (2005, p. 25).

▪▪ Educação ambiental por meio do ensino formal.

▪▪ Educação no processo de gestão ambiental.

▪▪ Campanhas de educação ambiental para


usuários de recursos naturais.

▪▪ Cooperação com meios de comunicação e


comunicadores sociais.

▪▪ Articulação e integração comunitária.

▪▪ Articulação intra e interinstitucional.

▪▪ Rede de centros especializados em educação


ambiental em todos os estados.

Somente em 27 de abril de 1999 foi aprovada, no Brasil,


a Lei n° 9.795, que instituiu a Política Nacional de Educação
Ambiental (PNEA). De acordo com art. 1° dessa Lei, entende-
se por educação ambiental “os processos por meio dos
quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas
para a conservação do meio ambiente”.

Educação ambiental corresponde às experiências


pelas quais se formam valores, procedimentos e
conceitos relacionados a conservação do meio ambiente,
bem de uso comum e essencial à sadia qualidade de vida
e sustentabilidade dos povos.

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9.2.2 Princípios e objetivos da PNEA

E o art. 4º da Lei n° 9.795 define os princípios básicos da


Educação Ambiental, que são:
I - o enfoque humanista, holístico, democrático
e participativo;
II - a concepção do meio ambiente em sua
totalidade, considerando a interdependência
entre o meio natural, o socioeconômico e o
cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III - o pluralismo de ideias e concepções
pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e
transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o
trabalho e as práticas sociais;
V - a garantia de continuidade e permanência
do processo educativo;
VI - a permanente avaliação crítica do
processo educativo;
VII - a abordagem articulada das questões
ambientais locais, regionais, nacionais e globais;
VIII - o reconhecimento e o respeito à
pluralidade e à diversidade individual e cultural.

Princípios e objetivos da Educação Ambiental

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Em seu art. 5, essa lei define os objetivos fundamentais
da educação ambiental, entre eles estão: “o desenvolvimento
de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas
múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos,
psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos,
culturais e éticos”, além do “incentivo à participação individual e
coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio
do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade
ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania”.

O respeito à concepção do meio ambiente em


sua totalidade, ao pluralismo de ideias, o vínculo entre
a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais,
de modo geral, sintetizam princípios que norteiam a
promoção da educação ambiental brasileira.

9.2.3 Educação Ambiental formal e informal

No art. 9, seção II, e no art. 13, seção III, a referida lei expõe
a atenção quanto aos meios e espaços de promoção da Educação
Ambiental no ensino formal e informal, respectivamente.
De acordo com o art.9, entende-se por educação
ambiental formal a “educação escolar desenvolvida no âmbito
dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas”.
E, de acordo com o art. 13, entendem-se por “educação
ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à
sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua
organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente”.
Além disso, no parágrafo único do art. 13, o legislador
ainda destaca que, no contexto da educação não formal, o Poder
Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará:

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Educação formal e informal

I - a difusão, por intermédio dos meios de


comunicação de massa, em espaços nobres,
de programas e campanhas educativas e de
informações acerca de temas relacionados ao
meio ambiente;
II - a ampla participação da escola, da
universidade e de organizações não
governamentais na formulação e execução de
programas e atividades vinculadas à educação
ambiental não formal;
III - a participação de empresas públicas e privadas
no desenvolvimento de programas de educação
ambiental em parceria com a escola, a universidade
e as organizações não governamentais;
IV - a sensibilização da sociedade para a
importância das unidades de conservação;
V - a sensibilização ambiental das populações
tradicionais ligadas às unidades de conservação;
VI - a sensibilização ambiental dos agricultores;
VII - o ecoturismo.

De acordo com Milaré (2013), o legislador preocupado


também com a transmissão do conhecimento ambiental para
aqueles docentes mais antigos, inseriu no parágrafo único do
art. 11 da Lei n° 9.795 a recomendação de que os “professores
em atividade devem receber formação complementar em suas
áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente
ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional
de Educação Ambiental”.

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O tratamento da Educação Ambiental nas leis
brasileiras é uma forma de legitimar a importância
dessa questão tanto na educação formal quanto
na informal e não formal.

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Semana 12 Ciências do Ambiente

3
9.3 O papel da Educação Ambiental para o
desenvolvimento sustentável da sociedade

Representações ambientais

A EA no ensino formal tem enfrentado inúmeros desafios,


entre eles, a dificuldade de se destacar sob a condição transversal
nas práticas e vivências escolares, tal como proposto nos
Parâmetros Curriculares Nacionais. De acordo com Sato (2004,
p. 61), a temática transversal impõe por si só “o desafio de
estar inserida em todos os lugares” e, ao mesmo tempo, de não
pertencer “a nenhum lugar da estrutura curricular já estabelecida”.
Por outro lado, cabe lembrar que está nos princípios da
educação ambiental, o “ideal da interdisciplinaridade e uma nova
forma de organização do conhecimento” (SATO, 2004, p. 61).
Além do desafio do saber como e por onde começar a
reconstrução da educação voltada à promoção da educação
ambiental, ainda há outro desafio: a formação dos professores.
Esta transcende os moldes dos cursos e metodologias
pragmáticas de capacitação e busca promover com significância
uma identidade pessoal e profissional pronta para dialogar
com a vida, com as condições e expectativas sociais, além
das experiências e dos projetos de vida que, ainda por cima,
cruzam-se com as dificuldades intrínsecas aos compromissos
de um professor em exercício no Brasil.
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Nessa tarefa, alguns autores, como Sato (2004), sugerem
que nesse caminho é necessário conhecer as representações
como cada indivíduo ou grupo aceita o “ambiente” para que se
avance em práticas transformadoras da realidade.
Sauvé (1998-1999 apud SATO, 2004), sugere uma
classificação dessas representações ambientais em sete
categorias: natureza, recursos, problemas, sistema, meio de
vida, biosfera e projeto de vida.
Mas você sabe como a Educação Ambiental pode atuar
nesses campos?

A EA atua em diversos campos

Na natureza, a EA visa à renovação dos laços do homem com


a natureza, tornando-se parte dela, de modo a desenvolver um
sentimento de pertencimento ao meio natural.
No que se refere aos recursos, a EA visa à gestão ambiental
para que o ser humano utilize os recursos naturais de forma
consciente e racional, objetivando um futuro sustentável. Para
isso, algumas medidas são relevantes, como economia de
energia e reciclagem do lixo.
Quanto aos problemas que devemos solucionar,
percebemos que, infelizmente, o ser humano causa efeitos
nocivos ao meio ambiente, como desmatamento e contaminação
do solo, sendo que tais ações causam graves danos que
podem até mesmo ameaçar a nossa sobrevivência. Por isso,

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a Educação Ambiental busca desenvolver competências e
ações para a resolução dos problemas ambientais por meio
de comportamentos responsáveis. Já em relação ao sistema,
é importante compreender o ecossistema de modo global, e
não como algo fragmentado. O objetivo é tomar decisões mais
conscientes e assertivas.
Também é extremamente importante redescobrir
a natureza como nosso meio de vida, ou seja, despertar o
sentido de pertencimento a ela.
Já em relação à biosfera, a EA busca desenvolver uma
visão global do ambiente, de modo a considerar as inter-
relações nos âmbitos local e global, entre passado, presente e
futuro, por meio de um pensamento cósmico.
E, por fim, o projeto de vida não deve ser feito apenas
de forma individual, mas deve visar à coletividade. Por isso, A
Educação Ambiental busca desenvolver a reflexão e a ação por
meio do espírito crítico, de modo a valorizar o exercício do trabalho
coletivo e da democracia (SATO, 2001).

Diversos são os desafios da sustentabilidade,


mas todos começam com a reconexão de cada
indivíduo com o espaço natural a que pertence. As
representações ambientais surgem como um meio
de facilitar a comunicação e a cooperação entre
os indivíduos nesse processo de ressignificação
com a natureza.

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9.3.1 O papel da Educação Ambiental

Papel da Educação Ambiental

Alguns desafios surgem no caminho da EA na promoção


do desenvolvimento sustentável. Quanto a isso, Milaré (2004,
p. 612) diz que “a tarefa de educar não compete somente à
família e à escola: cabe a toda sociedade, representada por
seus diversos seguimentos”. Isso é muito importante, pois,
ao mesmo tempo em que não interessa fazer da educação
ambiental uma receita salvadora dos problemas, não se deve
transferir toda a responsabilidade para esse instrumento, por
mais importante e relevante que ele seja.
Além disso, cabe a cada um cumprir com sua função social.
A exemplo das universidades, que na condição de centros de
pesquisa, de ensino e de formação devem dar importância
cada vez maior à pesquisa sobre educação ambiental, a fim de
formar profissionais qualificados e capazes de atuar direta ou
indiretamente nos espaços de educação formal e não formal.
Também cabe destacar o papel do Poder Público
na promoção de todas as diretrizes preconizadas na Lei
n°9.795/1999. Nesse caso, serve de exemplo a Rede Lusófona
de Educação Ambiental (REDELUSO), que completou 10 anos
em 2015, sendo resultante de uma iniciativa dos governos
de Portugal e do Brasil de reunir países falantes da língua
portuguesa e Galiza (espanhol), a fim de debater e contribuir
para a formulação de políticas públicas que ajudem no
fortalecimento da educação ambiental.

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Sobretudo, cabe à UNESCO o papel de agência líder da
Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável
(DEDS), que visa estabelecer padrões de qualidade para a
educação voltada ao desenvolvimento sustentável.
De acordo com a UNESCO (2016), o principal
objetivo é integrar os princípios, os valores e as práticas
do desenvolvimento sustentável em todos os aspectos da
educação e da aprendizagem.
Nesse contexto, é possível afirmar que a educação para
o futuro sustentável compreende:

▪▪ incluir questões do momento no ensino e na aprendizagem, a


exemplo da pobreza, do consumismo, do quadro de mudanças
climáticas, da biodiversidade etc.;

▪▪ introduzir métodos participativos de ensino e aprendizagem


para motivar e empoderar alunos, a fim de que estes mudem
comportamentos e atitudes em favor do desenvolvimento sustentável;

▪▪ promover competências, como pensamento crítico, reflexão sobre


cenários futuros e tomadas de decisão de forma colaborativa.

Isso tudo sugere mudanças nas práticas educativas


atuais. Contudo, o esforço é válido, uma vez que, em se
tratando de um processo educativo, irá gerar mudanças
positivas de comportamento num futuro mais sustentável,
inclusive economicamente viável e justo para as gerações
presentes e futuras.

Uma sociedade deve ser educada em todas as


suas dimensões para que seja possível promover
algum nível de desenvolvimento sustentável,
alcançar a erradicação da pobreza e propiciar a
equidade e a inclusão social.

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9.3.3 Dos objetivos do Milênio para a Agenda 2030 

Pessoas
Erradicar a probeza e a fome
de todas as maneiras e garantir
a dignidade e a igualdade

Planeta
Proteger os recursos
naturais e o clima Prosperidade
do nosso planeta Desenvolvimento Garantir vidas
para gerações prósperas e plenas,
futuras Sustentável em harmonia com
a natureza

Parcerias Paz
Implementar a agenda
por meio de uma Promover sociedades pacíficas,
parceria global sólida justas e inclusivas

Figura 10 - Os cinco P´s da Agenda 2030


Fonte: PNUD, [201-?].

Em setembro de 2000, uma reunião de líderes mundiais


na sede das Nações Unidas, em Nova York, resultou na
Declaração do Milênio da ONU. O documento se baseia em
oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que
são: redução da pobreza; atingir o ensino básico universal;
igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres;
reduzir a mortalidade na infância; melhorar a saúde materna;
combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças; garantir
a sustentabilidade ambiental; e estabelecer uma parceria
mundial para o desenvolvimento (PNUD, [201?]).
Na Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento
Sustentável, de 25 de setembro de 2015, foi aprovada a Agenda
2030 para o Desenvolvimento Sustentável, contemplando,
dessa vez, 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS) relacionados a 169 metas. Veja, no quadro abaixo,
quais são esses objetivos.

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1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.

2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover


a agricultura sustentável.

3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.

4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades


de aprendizagem ao longo da vida para todos.

5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.

6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos.

7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia


para todos.

8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego


pleno e produtivo e trabalho decente para todos.

9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável


e fomentar a inovação.

10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.

11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes


e sustentáveis.

12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.

13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos.

14. Conservar e usar sustentavelmente os oceanos, os mares e os recursos marinhos para


o desenvolvimento sustentável.

15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de
forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação
da terra e deter a perda de biodiversidade.

16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável,


proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis
e inclusivas em todos os níveis.

17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o


desenvolvimento sustentável.

Quadro 3 - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável


Fonte: adaptado de PNUD, 2016, p. 15.

Tais objetivos e metas deverão estimular a ação em


áreas de importância crucial para a humanidade e para o
planeta nos próximos 15 anos, organizadas em 5 P: pessoas,
prosperidade, paz, parcerias e planeta.

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Os ODS foram construídos sobre as bases dos
ODM, de maneira a completar o trabalho e responder
aos novos desafios rumo ao desenvolvimento
sustentável, cabendo aos processos educativos se
orientarem por esse caminho.

Conexão

A Educação Ambiental (EA) tem fundamental papel tanto


na formulação de políticas para o meio ambiente e os meios
natural, social e cultural quanto na formação da sociedade
em relação a um meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Embora apresente o caráter educacional em seu termo, ela não
está restrita ao ambiente escolar e a educadores ambientais. A
EA deve passar pelos diferentes setores da sociedade, como a
educação, a economia e a política. As empresas devem adotar
políticas de EA para atender de forma consciente ao mercado e
seus empregados; as escolas devem instruir seus alunos para
uma educação emancipatória e transformadora da realidade;
e os políticos devem formular leis que busquem a construção
de uma sociedade sustentável.

Aplicação

Na região pantaneira do Mato Grosso do Sul, foi criado um


projeto que visa à Educação Ambiental da população ribeirinha.
Esse projeto prevê cursos de curta duração que acrescentam à
educação o caráter transformador e emancipatório, debatendo
com a população ribeirinha os conceitos técnicos da questão
ambiental, bem como os fatores econômicos, sociais e políticos
relacionados a essa temática.

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Referências

BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de Abril de 1999.Dispõe


sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de
Educação Ambiental e dá outras providências. Brasília, DF,
1999. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l9795.htm>. Acesso em: 01 fev. 2016.
______. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria
de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental:
introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília:
MEC/SEF, 1998.
______. Programa Nacional de Educação Ambiental
– ProNEA. Ministério do Meio Ambiente. Diretoria de Educação
Ambiental. Ministério da Educação. Coordenação Geral de
Educação Ambiental. 3. ed. Brasília: Ministério do Meio
Ambiente, 2005. Disponível em: <portal.mec.gov.br/secad/
arquivos/pdf/educacaoambiental/pronea3.pdf>. Acesso em:
29 jan. 2016.
INSTITUTO NACIONAL DO AMBIENTE. A CARTA DE
BELGRADO. Coleção Educação Ambiental – Textos Básicos,
Editor Instituto Nacional do Ambiente. 1994. Disponível em:
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Acesso em: 09 abr. 2016.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Conferência
Intergovernamental Sobre Educação Ambiental. Tbilisi,
Geórgia, ex-URSS, de 14 a 26 de outubro de 1977. Disponível
em:<www.ambiente.sp.gov.br/wp-content/uploads/cea/
Tbilisicompleto.pdf>. Acesso em: 01 fev. 2016.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO,
A CIÊNCIA E A CULTURA - UNESCO. Sobre a Representação
da UNESCO no Brasil. [201-?]. Disponível em:<www.
unesco.org/new/pt/brasilia/natural-sciences/education-for-
sustainable-development/>. Acesso em: 01 fev. 2016.
PNUD. Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
[201?]. Disponível em: <www.pnud.org.br/odm.aspx>.
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______. Os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável: Dos ODM aos ODS. [201?]. Disponível em:<http://
www.pnud.org.br/ODS.aspx>. Acesso em: 02 fev. 2016.

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______. Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável. 2016. Disponível em: <www.pnud.org.
br/Docs/TransformandoNossoMundo.pdf>. Acesso em: 02 fev. 2016.
SATO, M. Apaixonadamente pesquisadora em educação
ambiental. Educação Teoria e Prática, Rio Claro, v. 9, n.
16/17, 2001. Disponível em:<www.revistaea.org/artigo.
php?idartigo=108>. Acesso em: 01 jan. 2016.
______. Educação Ambiental. 3. ed. v. 1. São Carlos:
Rima, 2004.

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Ciências do Ambiente

Introdução | Semana 13

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à décima Unidade de Aprendizagem.


Nela, você aprenderá o que é legislação ambiental, o histórico dessa legislação no
mundo, quais são as leis ambientais no Brasil, bem como a adequação dos setores
públicos e privados a essa legislação.
O objetivo da presente unidade é que você compreenda o motivo de se
criar a legislação ambiental no mundo, como ela foi criada e como hoje em dia
é aplicada no Brasil, tanto pelos setores públicos quanto pelos privados. Você já
ouviu falar em legislação da Educação Ambiental? Como ela pode ser aplicada na
prática? Estas e outras questões serão respondidas nesta unidade. Acompanhe!

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Semana 13 Ciências do Ambiente

1 10. Legislação Ambiental

10.1 Histórico da Legislação Ambiental no Mundo

Legislação Ambiental em busca da qualidade ambiental

Antes de falarmos sobre essa legislação e seu histórico


no mundo, convém entendermos o que significa o termo
legislação ambiental. Legislação pode ser: um conjunto de
leis acerca de determinado assunto; a ciência que estuda as
leis; e a totalidade de leis de um Estado, ou de determinado
ramo de direito. Já a Legislação Ambiental é conjunto de leis
especificamente dirigidas às atividades que afetam a qualidade
do meio ambiente.
Agora que temos a definição desses termos, fica mais
fácil entendermos do que trata esta unidade.

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Legislação Ambiental é um conjunto de leis
especificamente dirigidas às atividades que afe-
tam a qualidade do meio ambiente.

10.1.1 A Revolução Industrial e a intensificação dos


problemas ambientais

A Revolução Industrial causou mudanças para o meio ambiente

Vimos em aulas anteriores que a Revolução Industrial,


ocorrida no século XVIII, causou grandes mudanças de
paradigmas na humanidade. A relação entre humanos e
natureza e deles entre si passou a ser uma relação de exploração
e de geração de riquezas a um seleto grupo da sociedade, os

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capitalistas, detentores do meio de produção. Essa ideia se
espalhou rapidamente pelo mundo, intensificando a agressão
ao meio ambiente e os problemas sociais. As indústrias
utilizavam os recursos naturais como se eles não fossem se
esgotar, poluíam os rios, o ar e o solo, além de explorarem a
mão de obra dos operários que viviam em condições insalubres
de trabalho e moradia.
Foi apenas a partir da década de 1960 que a humanidade
começou a perceber que suas ações estavam causando sérios
problemas ao meio ambiente e a sua própria espécie.
A figura no início desta seção é um exemplo das mudanças
causadas ao meio ambiente devido à revolução industrial, que
tem reflexos até os dias atuais. Com o avanço das tecnologias
e o uso dos recursos naturais, algumas paisagens foram
substituídas por construções de prédios e indústrias. Mas
quando começaram a surgir as preocupações com o meio
ambiente? Acompanhe!

A legislação ambiental surgiu da necessidade


de regulamentar o uso dos recursos naturais
e de diminuir a poluição causada principalmente
pelas indústrias.

10.1.2 Histórico das preocupações com o meio am-


biente e o surgimento das Legislações Ambientais

Embora os problemas ambientais tenham se intensificado


a partir da Revolução Industrial, foi apenas em 1962 que a
questão das atividades industriais e o prejuízo para o meio
ambiente foram levados em consideração. E isso foi resultado
da publicação do livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson,
que denunciava o desaparecimento de pássaros devido ao uso

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do inseticida DDT (Dicloro difenilcloroetano) na agricultura.
Como consequência da repercussão desse livro, o uso desse
inseticida foi proibido primeiramente nos Estados Unidos e,
logo, em diversos países (MARTINI JUNIOR, 2003; MILARÉ,
2013; THOME, 2014).

Figura 3 - Recursos Naturais: fauna (animais), flora (vegetais), água e minérios

Após esse acontecimento, diversos acidentes ambientais


marcaram as décadas de 1970 e 1980, gerando pressões
sociais que impulsionaram a ampliação de uma legislação
ambiental para regular a exploração dos recursos naturais
e diminuir a poluição do ambiente e suas consequências
causadas principalmente pelas indústrias. Veja alguns desses
acidentes a seguir.

▪▪ Londres (Inglaterra – 1952): acidente causado pela poluição


do ar provoca a morte de 1600 pessoas.

▪▪ Sevezo (Itália – 1976): 220.000 feridos por vazamento de


tetracloro-dibenzeno-dioxina.

▪▪ Bhopal (Índia – 1984): 3.800 mortos e 200.000 feridos em


vazamento de metil isocianato.

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▪▪ Cidade do México (1984): 490 mortos e 7.000 feridos em
explosão de GLP (gás contido em botijão para uso doméstico).

▪▪ Cubatão (Brasil - 1984): 500 mortos em incêndio provocado


por vazamento de hidrocarbonetos líquidos.

▪▪ Exxon Valdez (1989): 44 milhões de litros de óleo vazaram no


Golfo do Alaska devido ao navio petroleiro encalhado em rocha
submersa. (MARTINI JUNIOR, 2003; MILARÉ, 2013; THOME,
2014).
Para que fosse criada a legislação ambiental atual,
foram realizados encontros em diversos países para que
estes pudessem definir determinados conceitos, tais como a
educação ambiental, o desenvolvimento sustentável e também
estabelecer as principais causas e consequências relacionadas
aos problemas ambientais. Esses eventos estão apresentados
no quadro a seguir, desde o início do século XIX até o ano de
2003.

Ano Evento
Ernst Haeckel propõe o vocábulo “ecologia” para definir os estudos das relações entre as espécies e seu
1869
ambiente.

1872 Criação do primeiro parque nacional do mundo - “Yellowstone”, Estados Unidos.

1947 Fundação da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Suíça.

1962 Publicação do livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson.

A expressão “Educação Ambiental” é utilizada pela primeira vez na Conferência de Educação, da


1965
Universidade de Keele, Grã-Bretanha.

Fundação do Clube de Roma (encontro para discussão sobre meio ambiente e desenvolvimento
1968
sustentável).

1972 Publicação do Relatório Os limites do crescimento durante o Clube de Roma.

1972 Conferência de Estocolmo: discute o desenvolvimento e o ambiente e o conceito de ecodesenvolvimento.

Seminário de Educação Ambiental, Finlândia: reconhece a Educação Ambiental como educação integral
1974
e permanente.

1975 Congresso de Belgrado: estabelece as metas e os princípios da Educação Ambiental.

1976 Congresso de Educação Ambiental na África: reconhece que a pobreza é o maior problema ambiental.

Congresso Internacional da UNESCO sobre Educação e Formação Ambiental em Moscou: reafirma os


1987 princípios da Educação Ambiental e assinala a importância e a necessidade da pesquisa e da formação
nessa área.

Declaração de Caracas: discute sobre gestão ambiental na América e denuncia a necessidade de mudar
1988
o modelo de desenvolvimento.

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Ano Evento
1990 Ano Internacional do Meio Ambiente.

Conferência sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio/1992: Criação da Agenda 21 (tratado de


1992
Educação Ambiental para sociedades sustentáveis).

1995 Conferência Mundial do Clima.

Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Conscientização Pública para
1997
Sustentabilidade, na Grécia.

Assembleia Geral das Nações Unidas: estabelece a resolução nº 254, declarando o ano de 2005 como
2002 sendo o início da Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, depositando na UNESCO a
responsabilidade pela implementação da iniciativa.

XIV Reunião do Foro de Ministros de Meio Ambiente da América Latina e Caribe, no Panamá: é oficializado
2003
o PLACEA, o Programa Latino-americano e Caribenho de Educação Ambiental.

Quadro 1 - Encontros para discutir o meio ambiente


Fonte: adaptado de Portal Brasil, [201-?].

Como podemos verificar no quadro acima, as discussões


sobre os problemas ambientais se intensificaram em meados
do século XX e continuam sendo discutidos no século atual.

A legislação ambiental tem o objetivo de regu-


lamentar o uso dos recursos naturais e a poluição
do meio ambiente e proteger a fauna e a flora.

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Semana 13 Ciências do Ambiente

2
10.2 As políticas ambientais e a legislação
ambiental no Brasil

No decorrer da história do Brasil, a proteção do meio


ambiente era efetuada por dispositivos jurídicos brasileiros e
portugueses. Foi somente na década de 1980 que começaram
a ser promulgadas, efetivamente, leis de proteção ao meio
ambiente, dando início ao Direito Ambiental como um ramo da
Ciência Jurídica no país.
Três fases caracterizam a evolução da legislação ambiental
brasileira, que são: a fase de exploração desregrada, a fase
fragmentária e a fase holística (FARIAS, 2007). Você sabe
do que trata cada uma dessas fases? Acompanhe!

10.2.1 1ª Fase: exploração desregrada

Desmatamento provocado pelo corte ilegal de madeira

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A 1ª fase corresponde ao período entre o descobrimento
até a década de 1930, ou seja, ela durou mais de quatro
séculos. Dessa forma, os períodos colonial, imperial e
republicano foram marcados pela despreocupação com o
meio ambiente. Nesses períodos, os crimes ditos ambientais
só eram penalizados quando as atividades dos infratores iam
contra a Coroa Portuguesa, no período colonial, ou contra os
grandes latifundiários e comerciantes, nos períodos imperial
e republicano. Tais constatações demonstram o descaso com
o meio ambiente, já que as leis ambientais serviam para
beneficiar as classes dominantes, e não a natureza.
Como mostra a figura do início desta seção, o corte ilegal
de madeira, os incêndios criminosos e os desmatamentos
podem prejudicar o meio ambiente.

Na fase de exploração desregrada no Brasil,


não existia preocupação com o meio ambiente. Em
1830, foi criado o primeiro Código Criminal, que
tipificou como crime o corte ilegal de madeira.

10.2.2 2ª Fase: fragmentária

A fase fragmentária teve início no final da década de 1920 e


correspondeu ao início das preocupações com o meio ambiente
no Brasil. Durante essa época, as atividades exploratórias
começaram a ser fiscalizadas e ficava estabelecido o controle
federal sobre o uso e a ocupação de territórios e recursos
naturais. No entanto, foi somente após a década de 1930 que
os recursos ambientais passaram a ser regidos por legislação
diferenciada (FARIAS, 2007; MILARÉ, 2013).

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Corte ilegal de madeira

Dessa forma, foram criadas leis específicas para proteger


diferentes recursos do meio ambiente, como o Código das
Águas ou Decreto-lei nº 852/1938, relacionado aos recursos
hídricos; o Código de Pesca ou Decreto-lei nº 794/1938,
relacionado aos pescados; o Código de Caça ou Decreto-lei
nº 5.894/1943, relacionado à fauna; e o Código Florestal ou
Decreto nº 23.793/1934, específico para a flora (FARIAS,
2007; MILARÉ, 2013).
A segunda etapa dessa fase foi marcada por normas
com ênfase em questões ambientais propriamente ditas. Ela
teve início a partir da década de 1960 com destaque para o
Estatuto da Terra ou Lei nº 4.504/1964; o Código Florestal
ou Lei nº 4.771/1965; a Lei de Proteção à Fauna ou Lei nº
5.197/1967; o Código de Pesca ou Decreto-lei nº 221/1967; e
o Código de Mineração ou Decreto-lei nº 227/1967 (FARIAS,
2007; MILARÉ, 2013).

A fase fragmentária se caracterizou pela im-


posição do controle legal às atividades ex-
ploratórias: corte ilegal de madeira, incêndios
criminosos, extração de minérios, tráficos de ani-
mais, entre outros.

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10.2.3 3ª Fase: holística

Cuidado e importância do meio ambiente

Essa fase caracteriza o surgimento do Direito Ambiental


propriamente dito e ocorre a partir da década de 1980. Nessa
época, a legislação começou a se preocupar com o meio
ambiente de uma forma global e integrada. De acordo com
Farias (2007) e Thome (2014), podemos destacar quatro
grandes marcos nessa fase. Veja!

▪▪Lei nº 6.938/1981: reconhece a importância do meio


ambiente para a vida e para a qualidade desta e dispõe
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente.

▪▪Lei da Ação Civil Pública ou Lei nº 7.347/1985:


estabelece que os danos ao meio ambiente sejam
efetivamente levados ao Poder Judiciário.

▪▪Constituição Federal de 1988: dispõe de um capítulo


dedicado inteiramente ao meio ambiente, tornando-o um
bem protegido constitucionalmente.

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▪▪Lei de Crimes Ambientais ou Lei nº 9.605/1998: aplica
as sanções penais e administrativas às condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente.

A fase holística foi marcada pelo surgimento


do Direito Ambiental propriamente dito,
caracterizando a aplicação das leis de forma
global e integrada.

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Semana 13 Ciências do Ambiente

3
10.3 Adequação dos setores públicos e
privados às novas exigências ambientais

Educação ambiental para consciência ambiental plena

A Educação Ambiental (EA) no Brasil começou a ter um


caráter legal no Brasil na década de 1980 com a Constituição
Federal de 1988, que instituiu a EA como sendo obrigatória
em todos os níveis de ensino para que a população fosse
conscientizada sobre a preservação do meio ambiente.
Com isso, na década de 1990, essa temática foi inserida
nos Parâmetros Curriculares Nacionais de 1998 como tema
transversal, ou seja, que deveria ser abordado em todas as
disciplinas, e teve seu fortalecimento como política pública
com a Política Nacional de Educação Ambiental, promulgada
na Lei nº 9.795/1999, regulamentada em 2002.

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Essa lei foi extremamente relevante para a EA, pois
destacou a sua amplitude de contribuir de forma global com
as questões não apenas ambientais, mas também sociais,
econômicas e políticas inerentes ao sistema, em todos os
âmbitos, tanto públicos quanto privados. Assim, podemos
verificar que:
A referida lei instituiu também, como um
dos objetivos da EA, o desenvolvimento
de uma compreensão integrada do meio
ambiente, salientando que devem ser
consideradas as suas múltiplas e complexas
relações, envolvendo os aspectos ecológicos,
psicológicos, legais, políticos, sociais,
econômicos, científicos, culturais e éticos
(ANDRADE, 2013, p.12).

Nesse sentido, a EA pode ser entendida como um campo


promissor para a discussão e a gestão de políticas públicas
e de respeito às legislações, visando à discussão da crise
socioambiental em escala local, regional e nacional. Embora
a EA sozinha não seja capaz de mudar o modelo de sociedade
em que vivemos, ela pode ser uma das ferramentas para
instrumentalizar a população com conhecimentos críticos
sobre a degradação não apenas do meio ambiente, mas de
toda sociedade.
Enquanto houver resistência na modificação dos moldes
da Educação Ambiental atual, sem adequação à política
nacional vigente, a população incorrerá em atitudes que não
respeitam o meio ambiente. Por isso, essa modificação deve
ocorrer e ser aplicada desde o nível mais básico de educação
do cidadão até os níveis mais avançados de escolaridade, a
fim de que este desenvolva uma consciência ambiental plena
(MARQUES, 2012).

A Educação Ambiental é necessária para de-


senvolver na população uma consciência ambi-
ental plena e, por isso, deve ser aplicada desde o
nível mais básico de educação do cidadão até o
mais avançado.

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10.3.1 Atuação das Instituições públicas na proteção do
Meio Ambiente

Para auxiliar a Administração Pública no que diz respeito


às leis ambientais, existem órgãos especiais encarregados
da fiscalização e aplicação dessas leis, conforme disposto na
Política Nacional do Meio Ambiente.
Em âmbito federal, há o Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA), que assessora, estuda e propõe as
diretrizes da política nacional. Este é um órgão federal
consultivo e deliberativo. O Conselho Estadual do Meio
Ambiente (CONSEMA), por sua vez, atua em âmbito estadual
e tem atribuições semelhantes ao CONAMA. Já o Conselho
Municipal de Defesa do Meio Ambiente (CODEMA), assessora
o Poder Executivo do município nas questões ambientais.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA),
pertencente ao Ministério do Meio Ambiente, é o órgão que
comanda todos os assuntos legais relacionados ao meio
ambiente em âmbito nacional. Dessa forma, os estados e
municípios possuem seus órgãos de política e de gestão, e o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA), que ajuda a fortalecer os sistemas
estaduais e municipais.
Para o desempenho de suas funções, o IBAMA pode
atuar com os órgãos e as entidades da administração pública
federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA)
e com a sociedade civil organizada, para a consecução de
seus objetivos, em consonância com as diretrizes da política
nacional de meio ambiente. Esse órgão tem como principais
atribuições: exercer o poder de polícia ambiental, executar
ações das políticas nacionais de meio ambiente, controlar a
qualidade ambiental, autorizar o uso dos recursos naturais e
fiscalizá-los, conforme Lei nº 11.516, de 28 de agosto de 2007
(IBAMA, [201-?]; MARQUES, 2012).
Além dos órgãos mencionados, várias instituições atuam
na ocorrência de acidentes ambientais, seja no atendimento,
seja no acompanhamento e monitoramento das ações
desencadeadas.

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Quantitativo da atuação de instituições e Empresas no atendimento aos acidentes
registrados no ano de 2014

Em 2013, a participação dos Órgãos de Meio Ambiente


ocupou primeiro lugar no item instituição atuante no
atendimento a acidentes ambientais, totalizando participação
em 281 acidentes. E ano de 2014, essa tendência se manteve,
pois dos 1220 acidentes ambientais registrados, 260 foram
atendidos por Órgãos Estaduais de Meio Ambiente (OEMA); 39
pelo IBAMA; 243 pelos bombeiros e 315 por outras instituições.
Já no campo “outros”, há diversas instituições, cujos nomes
não estão listados pelo fato de não estarem diretamente
relacionadas ao atendimento aos acidentes ambientais (VALLE;
OLIVEIRA, 2014).
Além disso, o IBAMA, em 2013, atuou no atendimento ou
monitoramento de acidentes ambientais em 62 ocorrências,
sendo que em 2014 esse número diminuiu para 39. É importante
destacar que tais dados são flutuantes e não apresentam um
comportamento padrão a cada ano. Cabe ressaltar, ainda, o
fato de que o IBAMA, mesmo sendo um órgão federal, não age
em todos os eventos que causam danos ao meio ambiente,
por isso há a participação e a atuação de órgãos estaduais.

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O IBAMA pode atuar na ocorrência de aci-
dentes ambientais, seja no atendimento, seja no
acompanhamento e monitoramento das ações
desencadeadas, além de exercer função de polícia
ambiental e executar ações de políticas nacionais
do meio ambiente.

10.3.2 Aplicação das novas exigências de proteção


ambiental

Os setores públicos e privados devem se adequar às


novas exigências ambientais não somente por cumprirem
a legislação, mas também para melhor aproveitamento do
ambiente sem provocar muitos danos a ele.
Essa adequação vai muito além da análise de documentação
básica para construção/operação, como licenças/autorizações,
e abrange alguns pontos relevantes.
É importante verificar se determinado empreendimento
não vai ser construído em área que não tenha sido utilizada
anteriormente, possuindo, basicamente, vegetação; ou em
locais que, no passado, abrigaram indústrias; ou, ainda, em
área que teve algum tipo de contaminação, mas que já esteja
remediada.
Esses locais podem ter algo que precise ser investigado
antes da construção, e, para isso, é necessário uma análise
ambiental. No entanto, essa investigação não deve ocorrer
apenas em locais novos, mas também em imóveis já
construídos, por exemplo, e que já estejam operando como
indústria, hotel, algum prédio de setor público, entre outros,
evitando, assim, uma punição futura por contaminação do
ambiente (BRAGA et al, 2005).

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Construção de um empreendimento de acordo com a legislação ambiental

Algumas empresas podem optar por empreendimentos


sustentáveis, respeitando as leis ambientais, além de
reduzirem a utilização de recursos naturais, aplicando hábitos
de eficiência energética, reutilização de materiais, valorização
dos funcionários e investimento em EA, não só de seus
trabalhadores, mas da comunidade local.
Tanto o setor público quanto o setor privado são
pressionados pelas leis ambientais a se adequarem à proteção
do meio ambiente, tendo de criar mecanismos para agredir
o mínimo possível a natureza, já que toda atividade humana
pode gerar, de alguma forma, resíduos que prejudicam a
qualidade ambiental.
Um exemplo disso é a crise hídrica atual, que afetou
diversas atividades tanto nos setores públicos quanto nos
privados, sendo que estes tiveram de adotar algumas medidas
estruturais para economizar e reutilizar esse recurso.
O gerenciamento de resíduos sólidos, ou seja, os
materiais descartados no estado sólido por empresas e pelo
setor público, também merecem uma grande atenção, pois
existem legislações locais rigorosas, como a Lei da Política
Nacional de Resíduos Sólidos, de aplicação em todo território
nacional e que acarreta penalidades ambientais de natureza
administrativa, civil e penal quando não são cumpridas.

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Portanto, a melhor forma de os setores públicos e
privados evitarem problemas legais é por conhecerem suas
responsabilidades e obrigações e evitarem não apenas o
prejuízo financeiro, mas, principalmente, o prejuízo ambiental,
que é o mais importante.

A análise ambiental é imprescindível antes


de construir um empreendimento para evitar uma
punição futura por contaminação do ambiente.

Conexão

A intensificação da degradação do meio ambiente, que teve


início no século XVIII e perdura até os dias atuais, demandou
a criação de legislação para tentar reverter esse quadro.
Dessa forma, desde a criação da legislação até a aplicação
das leis, estão envolvidas diversas áreas do conhecimento.
Para a criação de uma lei, é necessário que o poder legislativo
tenha consultorias por parte de advogados especializados
em meio ambiente. Para análise de um acidente ambiental
e a elaboração de relatórios, é necessário um biólogo, um
engenheiro ambiental ou ecólogo, entre outros profissionais
que tenham conhecimento sobre o assunto. Para aplicação das
leis, é necessária a fiscalização por meio do IBAMA e/ou de
outros órgãos fiscalizadores que apresentem conhecimentos
técnicos de diferentes áreas.

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Aplicação

O IBAMA possui uma ferramenta informatizada para


registrar acidentes ambientais. Para a atuação do IBAMA diante
desses registros, há outra ferramenta que auxilia na preparação
e no atendimento aos acidentes e emergências ambientais. Os
acidentes ambientais podem ser: derramamento de óleo em
mares, rompimento de barragens, acidentes rodoviários com
derramamento de substâncias tóxicas, entre outros.

Referências

ANDRADE, T. Y. A educação ambiental em Brotas (SP): análise


de concepções e ações no contexto do programa município
Verde Azul. 2013. 106 p. Dissertação (Mestrado em Educação
para a Ciência) – Faculdade de Ciências, Universidade Estadual
Paulista, Bauru, 2013.
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental: o
Desafio do Desenvolvimento Sustentável. São Paulo; Record,
2005.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil:
promulgada em 5 de outubro de 1988. Obra coletiva de
autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz
de Toledo Pinto, Marcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia
Céspdes.   33. ed. atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 2004.
FARIAS, T. Q. Evolução histórica da legislação ambiental.
Âmbito Jurídico, Rio Grande, n. 39, mar. 2007. Disponível
em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_
link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3845>. Acesso em:
24 mar. 2016.
IBAMA. Atribuições. [201-?]. Disponível em <http://www.
ibama.gov.br/acesso-a-informacao/atribuicoes>. Acesso em:
24 mar. 2016.
LOUREIRO, C. F. B. Corpo, Ambiente e Educação em uma
Sociedade em Transformação. In: RODRIGUES, S. C. da C.
et al (Orgs.). Educação, Ambiente e Sociedade: idéias
práticas em debate. 1. ed. Serra: Companhia Siderúrgica de
Tubarão, 2004. p. 149.

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MARQUES, C. A. M. O meio ambiente e a atuação da
Administração Pública no Brasil. Revista Jus Navigandi,
Teresina, ano 17, n. 3132, jan. 2012. Disponível em: <https://
jus.com.br/artigos/20949>. Acesso em: 26 mar. 2016.
MARTINI JUNIOR, L. C. DE. Gestão Ambiental na Indústria.
Rio de Janeiro: Destaque, 2003.
MILARÉ, E. Direito do ambiente. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2013.
PORTAL BRASIL. Histórico Mundial. [201-?]. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/educacao-ambiental/politica-de-
educacao-ambiental/historico-mundial>. Acesso em: 26 mar.
2016.
THOME, R. Manual do Direito Ambiental. 4. ed. São Paulo:
Juspodivm, 2014.
VALLE, A. L.; OLIVEIRA, C. (Org.) Relatório de acidentes
ambientais 2013. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, 2014.
VALLE, A. L.; KOSOSKI. R. M. (Org.) Relatório de acidentes
ambientais 2014. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, 2015.

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Ciências do Ambiente

Introdução | Semana 14

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à décima primeira Unidade de


Aprendizagem. Nela, você aprenderá sobre gestão ambiental, bem como sobre
o plano de gestão ambiental para análise e avaliação de impactos ambientais
e como são elaborados os relatórios para avaliação desses impactos.
Mas o que é gestão ambiental? Como ela funciona nas organizações?
Quais são os benefícios de aplicar esse tipo de gestão? Estas e outras
questões serão respondidas ao longo desta unidade.
Nosso objetivo é que você compreenda a relação da gestão ambiental
e a atitude das empresas para com o meio ambiente e sua importância
para avaliar os impactos ambientais causados. Vamos lá?

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Semana 14 Ciências do Ambiente

1 11 GESTÃO DO MEIO AMBIENTE

11.1 O que é gestão ambiental

Gestão ambiental

Entende-se por gestão ambiental o conjunto de medidas


para assegurar que um empreendimento seja implantado,
operado e desativado de acordo com a legislação ambiental
para que riscos e impactos ambientais sejam minimizados e,
assim, os efeitos benéficos sejam maximizados.
E para que essas medidas sejam aplicadas adequadamente,
é importante que haja planos de gestão, equipe especializada
e prazos para que se cumpra um determinado cronograma de
metas compatíveis com o empreendimento.

A gestão ambiental auxilia na implantação


e na operação de um empreendimento e garante
que a legislação ambiental seja cumprida.

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11.1.1 Componentes de um plano de gestão

Construindo o Plano de Gestão Ambiental

O plano de gestão ambiental é importante para um


empreendimento, pois é uma ferramenta que contribui para
o desenvolvimento sustentável e tem como objetivo reduzir
os impactos negativos desse empreendimento. Para isso, é
necessário avaliar previamente quais serão esses principais
impactos, buscando alternativas para evitar que eles ocorram. As
medidas para redução dos impactos negativos são denominadas
de medidas mitigadoras. A fim de verificar se a empresa está
atuando dentro dos critérios estabelecidos pelo plano de gestão,
há o plano de monitoramento, o qual também monitora se o
empreendimento está atendendo a padrões legais, dentro das
condições estabelecidas em sua licença ambiental.
Além disso, existem outras medidas que incluem um plano
de gestão: medidas compensatórias e medidas de valorização
dos impactos benéficos. As medidas compensatórias têm o
objetivo de compensar os danos causados por impactos
ambientais que não puderam ser reduzidos ou que tiveram
magnitude muito elevada. As medidas de valorização
de impactos benéficos se manifestam mais no campo
socioeconômico (SOUZA, 2010).

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Veja alguns exemplos das medidas citadas no quadro a seguir.

Medidas Exemplos
Sistema de redução da emissão de poluentes.
Mitigadoras
Tratamento de efluentes líquidos.

Controle do desempenho ambiental do empreendimento.


De monitoramento
Inclui verificar indicadores de impactos sociais e econômicos.

Minimizar perda de habitats devido à perda de porção vegetativa nativa em rodovias


Compensatórias ou barragens.

Redução de altura de barragens para diminuir a área de inundação.

De valorização dos Criação de emprego.


impactos benéficos Dinamização da economia local.

Quadro 1 - Exemplo de medidas mitigadoras, de monitoramento, compensatórias e


de valorização dos impactos benéficos

Embora o plano de ação seja realizado previamente, toda


ação de proteção ao meio ambiente deve ser realizada durante
todo o processo de produção da empresa.

Os planos de gestão ambiental contribuem


com o desenvolvimento sustentável e incluem
avaliações dos impactos negativos e positivos de
um empreendedorismo, trazendo-lhe benefícios.

11.1.2 Gestão ambiental nas organizações

A gestão ambiental vem sendo cada vez mais implementada


nas empresas devido à grande cobrança em relação à proteção
do meio ambiente e à satisfação dos clientes.

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A gestão ambiental: redução de custos para a empresa

Uma das preocupações nesse sentido é referente ao


aspecto financeiro. No entanto, se a gestão for implantada
da maneira correta e com a colaboração de todos, a empresa
poderá ter redução dos custos e possíveis lucros ao trabalhar
em prol do meio ambiente.
Além disso, o desenvolvimento sustentável é uma
das principais atividades das organizações efetivamente
comprometidas com a gestão ambiental, pois não agridem o
meio ambiente ao longo do ciclo de produção (DONAIRE, 2010).
Dessa forma, essas atitudes podem trazer inúmeros
benefícios para a empresa, tais como:

▪▪ maior qualidade ambiental com custo reduzido;

▪▪ vantagem competitiva em relação aos concorrentes;

▪▪ melhoria contínua e racionalização de projetos, processos e


produtos/serviços quando verificada a real necessidade de
seus clientes;

▪▪ entrada de novos mercados;

▪▪ assegurar a sobrevivência da empresa pela manutenção de


uma imagem ambiental.

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O desenvolvimento sustentável faz parte
da gestão ambiental, permitindo às empresas a
redução dos custos ao mesmo tempo em que há
preocupação com o meio ambiente.

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Semana 14 Ciências do Ambiente

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11.2 Análise de impactos ambientais: conceitos,
metodologias de análise e bioindicadores

Poluição de corpos de água: exemplo de impacto ambiental causado pela população


e pelas indústrias

O termo Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) passou


a ser utilizado por meio da determinação da lei de política
nacional do meio ambiente dos Estados Unidos, a NEPA
(National Environmental Policy Act), aprovada em 1969
(SÁNCHEZ, 2008).
São diversos os significados de AIA, dependendo da
perspectiva, do ponto de vista e do propósito de avaliar
impactos. Normalmente, eles estão ligados ao levantamento
de possíveis impactos no meio ambiente, bem como ao
desenvolvimento de mecanismos de redução desses impactos.
Dessa forma, esses conceitos diferem pouco em sua
essência, uma vez que o propósito da avaliação de impacto
ambiental é antever as consequências de uma decisão.
No entanto, eles possuem características comuns, como:
caráter prévio e vínculo com o processo decisório, bem como
envolvimento público nesse processo (SÁNCHEZ, 2008).
Mas você sabe para que serve a avaliação de impacto ambiental?

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A AIA é um instrumento de política pública ambiental que tem
como objetivos: planejar, programar e avaliar estrategicamente
os impactos de um empreendimento, visando à sustentabilidade.
Por isso, funciona como um método de previsão e antecipação
de possíveis danos ao meio ambiente.
A AIA pressupõe a racionalidade das decisões públicas para
manter a impessoalidade e a moralidade sem que atendam às
pressões e aos interesses privados sobre a questão ambiental.
Todavia, para que a AIA seja eficaz, quatro funções
são essenciais: a ajuda à decisão; a ajuda à concepção e
ao planejamento de projetos; o instrumento de negociação
social; e o instrumento de gestão ambiental.

A AIA visa prever danos ao meio ambiente e


prevenir impactos ambientais negativos causados
por ações de algum empreendimento.

11.2.1 Metodologias de análise

O processo de AIA pode ser dividido em três principais


etapas, as quais englobam diferentes atividades. A primeira é
a etapa inicial, que inclui apresentação da proposta, triagem
e determinação do escopo para análise do impacto ambiental. A
proposta de uma política, plano e programa (PPP) é apresentada
para aprovação por uma empresa privada, organismo financeiro
ou órgão governamental. Para isso, essa proposta deve conter
informações gerais sobre a iniciativa, informando a localização
de um projeto ou a abrangência de um PPP.
Após a apresentação da proposta, é feita a triagem para
selecionar as ações humanas com potencial para provocar
alterações significativas. Como existem ações que não causam
impactos relevantes e outras em que não são claras as

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consequências, a triagem possui três categorias para avaliar essas
ações: uma delas está associada aos projetos que necessitam
de estudos aprofundados; a outra envolve projetos que não
necessitam de estudos detalhados, e há aquela em que não se
sabe ao certo o potencial de causar impactos significativos.

Etapas para avaliação de impactos ambientais


Fonte: adaptada de Sanchéz, 2008, p. 96.

Após a separação dessas categorias, o escopo para o


Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é elaborado. Esse estudo
depende dos impactos que podem ser gerados por cada
empreendimento e mostra como serão manifestados esses
impactos, a magnitude e a intensidade deles e apresenta
quais atitudes poderiam reduzir ou compensar os impactos
causados. Por exemplo, em um projeto de geração de

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eletricidade por meio de combustíveis fósseis, o EIA deve ser
voltado principalmente aos problemas de qualidade do ar.

Geração de energia: combustíveis fósseis

A segunda é a etapa de análise detalhada, em que


são realizadas a elaboração do estudo e a análise técnica do
Estudo de Impacto Ambiental e a decisão. O estudo para EIA
é a fase que consome mais tempo e recursos, pois estabelece
as bases da viabilidade ambiental do empreendimento e é
realizado por profissionais da área. Esses profissionais podem
propor modificação do projeto para minimizar ou eliminar os
impactos negativos por meio de relatórios que descrevem os
resultados desse estudo. No Brasil, é obrigatória a preparação
desse documento, denominado relatório de impacto ambiental
(RIMA), visto que ele possui linguagem simplificada para
comunicar as principais características do empreendimento e
seus impactos a todos os interessados.
A análise técnica verifica a conformidade dos termos de
referências, da regulamentação e dos procedimentos aplicáveis
e, por fim, a decisão para autorizar ou não o empreendimento,
dependendo dos resultados das análises. São responsáveis por
essa decisão: autoridade ambiental, autoridade da área de tutela
no qual se encontra o empreendimento e o governo. E estes podem
apresentar três tipos de decisões: autorizar o empreendimento,
aprová-lo incondicionalmente e aprová-lo com algumas condições.
Após a decisão para implantação do empreendimento,
segue a etapa de pós-aprovação, que envolve monitoramento
e acompanhamento. A fase de monitoramento é parte
essencial das atividades de gestão ambiental e visa observar
se o empreendimento está cumprindo as medidas buscando
reduzir, eliminar ou compensar os impactos negativos, ou
potencializar os positivos.

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Essas medidas devem ser observadas também durante o
funcionamento e a desativação do empreendimento.
A fase de acompanhamento visa fiscalizar e supervisionar
(auditoria, caso seja necessário). A supervisão é necessária
para assegurar que sejam cumpridas as condições dispostas
na autorização (licença ambiental, no caso do Brasil) e é
realizada pelo empreendedor. Já a fiscalização é função de
agentes governamentais, e a auditoria pode ter caráter público
ou privado (SANCHÉZ, 2008).
Todas essas etapas citadas devem ser expostas em
documentação, preparada de acordo com as atividades necessárias.
O quadro a seguir indica alguns desses documentos, baseados nas
exigências brasileiras de licenciamento ambiental. Confira!

Documentos de entrada Etapa Documentos resultantes


Define o nível de avaliação ambiental e o tipo de
Memorial descritivo do projeto Apresentação da proposta
estudo ambiental necessário.

Avaliação ambiental inicial ou Parecer técnico sobre o nível de avaliação


Triagem
estudo preliminar ambiental e o tipo de estudo necessário.

EIA Análise técnica Parecer técnico

EIA, RIMA, parecer técnico Decisão Licença prévia

Quadro 2 - Documentos necessários para o processo de avaliação de impacto ambiental


Fonte: adaptado de Sanchéz, 2008, p.102.

Esses documentos são obrigatórios para que as


empresas possam validar suas práticas de gestão ambiental.
Caso contrário, a empresa não recebe o licenciamento
ambiental do empreendimento.

O processo de Avaliação de Impacto Ambiental


é necessário para que o empreendimento
possa atuar de acordo com as políticas ambientais,
agindo de forma a preservar o meio ambiente.

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11.2.2 Bioindicadores

Bioindicador utilizado para avaliação de impactos ambientais

Os bioindicadores são indicadores bióticos ambientais


utilizados para indicar modificações ocorridas em ecossistemas,
mostrando se estão contaminados ou sendo destruídos devido
a contaminantes de solo, água e ar. Tanto os animais quanto
os vegetais podem ser bioindicadores.
Para utilizar algum bioindicador na identificação de
impactos ambientais, é necessário conhecer sua taxonomia,
ciclo e biologia (OLIVEIRA; FREIRE; AQUINO, 2004).
As aves são importantes bioindicadores, pois estão no elo
final da cadeia alimentar. Por meio delas é possível identificar
a presença de metais pesados, adquiridos pela alimentação,
contaminação por agrotóxicos e para identificação de poluentes
químicos que não deixam resíduos (DONAIRE, 2010).
Além das aves, outros vertebrados e as plantas superiores
são grupos importantes de bioindicadores. Os invertebrados
respondem a diferenças mais sutis tanto de habitats quanto de
intensidade de impacto, apresentam respostas mais rápidas
se comparados aos organismos com ciclos de vida longos,
são mais fáceis de amostrar e em melhor escala e, por isso,
estão sendo cada vez mais utilizados para avaliar diferentes
processos de perturbação do meio ambiente (DONAIRE, 2010).

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Os bioindicadores são importantes, pois
auxiliam em diversos aspectos na avaliação de
impactos ambientais.

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Semana 14 Ciências do Ambiente

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11.3 Importância da Análise de Impactos
Ambientais (AIA) e do Relatório de Impactos ao
Meio Ambiente (RIMA) para a gestão ambiental

A AIA pode auxiliar na redução de impactos ambientais

A AIA auxilia no projeto de gestão ambiental a ser implantado


na empresa com o objetivo de analisar possíveis impactos
ambientais e assegurar que tais impactos sejam considerados
no processo de aprovação e licença do empreendimento. Dessa
forma, ela proporciona melhoria para as empresas no sentido
de auxiliar a reduzir os impactos negativos causados no meio
ambiente, bem como enfatizar os impactos benéficos, podendo
incluir o desenvolvimento sustentável e gerar vantagem na
capacitação e competitividade do empreendedorismo.

A Avaliação de Impactos Ambientais auxilia no


projeto de gestão ambiental nas empresas, visando à
redução dos custos de produção e ao aumento dos lucros.

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11.3.1 AIA no Brasil

A AIA no Brasil difere da de outros países

No Brasil, a Resolução do Conama nº 001/1986 foi a


primeira regra para avaliação de impacto ambiental e estabelece
a orientação básica para preparar um estudo de impactos
causados ao meio ambiente. Algumas características da AIA
no Brasil são semelhantes a de outros países. No entanto,
existem alguns aspectos que a diferencia. (SANCHÉZ, 2008).
Veja, abaixo, algumas particularidades da AIA no Brasil.

▪▪aplicação
Triagem: realização de uma lista positiva devido a sua facilidade de
e objetividade, além de poder ser adaptada às condições
locais. Nessa lista, são definidos os tipos de empreendimentos
sujeitos à apresentação e aprovação prévia do EIA.

▪▪Elaboração do escopo: o órgão licenciador define instruções


adicionais para preparação do EIA.

▪▪eElaboração do EIA e do RIMA: os custos são do empreendedor,


a resolução estabelece as diretrizes e o conteúdo mínimo.

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▪▪dentro
Análise técnica do EIA: o órgão licenciador deve se manifestar
de um prazo mínimo.

▪▪Decisão: deve haver compatibilidade entre as etapas de


licenciamento e os processos de planejamento e implantação
do projeto. Esse licenciamento é de responsabilidade dos órgãos
ambientais competentes, os quais também determinam a
apresentação do RIMA

▪▪legislação
Acompanhamento e monitoramento: de acordo com a
brasileira, esses itens são obrigatórios para o estudo
de impacto ambiental. Vale ressaltar que o EIA não é obrigatório
para toda atividade que necessite de uma licença ambiental para
funcionar, mas somente para aquelas com potencial de causar
impacto ambiental significativo.

O Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de


Impactos no Meio Ambiente fazem parte da Avaliação
de Impactos Ambientais no Brasil e, portanto, esta é
diferente em relação à avaliação de outros países.

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11.3.2 Importância do Relatório de Impactos ao
Meio Ambiente (RIMA)

O RIMA facilita o acesso às informações

O Relatório de Impactos ao Meio Ambiente (RIMA) é um


documento que visa informar toda a população interessada em
saber sobre determinado empreendimento. Portanto, os resultados
e as conclusões obtidos por meio do EIA devem ser escritos em
linguagem não técnica. É importante destacar que esse documento
é obrigatório na regulamentação ambiental brasileira.
Além disso, esse relatório facilita a aproximação do
empreendedorismo com alguns clientes, por exemplo, e gera
vantagem na competitividade com outras empresas, fazendo
com que estas desempenhem a gestão do meio ambiente.

O RIMA permite que a população em geral tenha


acesso aos resultados do EIA, uma vez que possui
linguagem simplificada.

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Conexão

A gestão ambiental, assim como a avaliação ambiental


e tudo que está incluído para realizá-la, exige profissionais
de diversas áreas do conhecimento. Para avaliar impactos
ambientais negativos, seja em água, seja em solo ou ar, um
biólogo, um ecólogo, um engenheiro ambiental, um geólogo
ou um químico podem fazer análises desses componentes
de um ecossistema. Para a criação das leis, é necessário um
profissional da área com conhecimento em meio ambiente. E
também inclui o empreendedor, uma vez que este deve estar
ciente dessas avaliações. Sendo assim, diversas áreas do
conhecimento estão conectadas para desenvolver tais ações.

Aplicação

A gestão ambiental, a AIA e as ações que estão incluídas


vêm sendo cada vez mais empregadas por empresas em diversos
empreendimentos para reduzir os impactos ambientais negativos,
produzir produtos que provoquem o mínimo de impacto possível
e utilizar de maneira sustentável os recursos naturais. Por
exemplo, em uma construção de barragem, é necessário avaliar
a qualidade das águas, observar a vegetação nativa na área
de inundação e a presença de população e atividades humanas
na área para evitar prejuízos tanto para o empreendedorismo
quanto para o meio ambiente e para a população local.

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Referências

DONAIRE, D. Gestão Ambiental na Empresa. São Paulo:


Atlas, 2010.
OLIVEIRA, F. N. S.; FREIRE, F. C. O.; AQUINO, A. R. L de.
Bioindicadores de impacto ambiental em sistemas
agrícolas orgânicos. Fortaleza: EMBRAPA - Agroindústria
Tropical, 2004.
SANCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos
e métodos. São Paulo: Oficina dos textos, 2008.

SOUZA, D. C. O meio ambiente das cidades. São


Paulo: Atlas, 2010.

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Ciências do Ambiente

Introdução | Semana 15

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à décima segunda Unidade de


Aprendizagem. Nela, você aprenderá sobre produção mais limpa e ecoeficência,
além de tecnologias a favor do meio ambiente. Você irá estudar também a
certificação ISO 14.000 e sua importância para a gestão ambiental.
Você já ouviu falar da ISO 14.000? Sabe como ela é funciona?
Nesta unidade, encontraremos respostas para estas e outras questões.
O objetivo é que você compreenda a importância de tecnologias a favor do
meio ambiente, bem como a relação da produção mais limpa e da ecoeficiência
com a proteção do meio ambiente e com a gestão ambiental. Vamos lá?

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Semana 15 Ciências do Ambiente

1 12 Produção mais limpa e ecoeficência

12.1 Conceito de produção mais limpa e ecoeficiência

A produção mais limpa (P+L) é uma estratégia da gestão


ambiental e surgiu em 1989 como uma abordagem para
conservação de recursos. Esse termo foi introduzido pela UNEP
(United Nations Environment Programme) com o objetivo
de conscientizar as empresas sobre o conceito de produção
e inseri-lo nas indústrias. Desde o seu surgimento até os
dias atuais, tem sido amplamente utilizada para melhorar o
desempenho industrial e proteger o meio ambiente.

Etapas da P+L

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A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB,
[201-/], p.1) define a P+L da seguinte maneira:
É a aplicação contínua de uma estratégia am-
biental preventiva integrada, aplicada a pro-
cessos, produtos e serviços, para aumentar a
eficiência global e reduzir riscos para a saú-
de humana e o meio ambiente. A Produção
e Consumo Sustentáveis pode ser aplicada
a processos usados em qualquer indústria, a
produtos em si e a vários serviços providos na
sociedade.

A P+L permite diferentes resultados dependendo da


atividade realizada. Nos processos de produção, tem como
objetivos a eficiência energética; a utilização consciente de
recursos naturais e controla na produção de resíduos. Para
os produtos, visa reduzir os impactos ambientais. E, para os
serviços, envolve a prestação de serviços e a incorporação de
preocupações ambientais.
Para incentivar a criação de centros de produção mais
limpa, principalmente em países em desenvolvimento, a UNEP
criou o programa Centro Nacional de Produção Mais Limpa
(CNPML) em 1994. Esses centros têm como função promover
a estratégia da P+L nas organizações públicas e privadas e
capacitar mão de obra local para atender às demandas das
regiões em que estão presentes.
Esse programa visa aumentar a capacidade de produção
e competitividade da indústria (com foco para pequenas e
médias empresas), implementando a P+L e tecnologias a favor
do meio ambiente. Em 2007, abrangeu 37 países, sendo que
nos países com maior controle da poluição, há maior incentivo
para implantação desse programa (CALAIA, 2007).
Para facilitar a introdução desse programa nas empresas,
foram estabelecidas as quatro etapas apresentadas a seguir.

▪▪ Planejamento e organização: necessita do comprometimento da direção da empresa


para gerar a motivação necessária para desenvolvimento do programa. Envolve definição
de equipe, elaboração de declaração de intenções, estabelecimento de prioridades,
objetivos e metas e cronograma de atividades.

▪▪ Avaliação dos processos e geração das oportunidades P+L: engloba levantamento de


dados, definição de indicadores de desempenho, identificação das causas e geração
das opções P+L.

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▪▪ Análise da viabilidade das oportunidades: envolve avaliação técnica, ambiental e
econômica e seleção das medidas de P+L.

▪▪ Implementação e monitoramento: engloba implementação das medidas, avaliação dos


resultados, plano de monitoramento e continuidade.

E apesar de essas medidas para aplicação de produção


mais limpa terem gerado resultados significativos, ainda há
obstáculos a serem vencidos para uma disseminação mais
ampla da P+L. Alguns desses obstáculos são:

▪▪ falta de pesquisa sobre o ambiente social de diferentes regiões (determinante regional);

▪▪ falta de informação e apoio a especialistas locais para implementação da prática;

▪▪ falta de capacitação para implementação de P+L;

▪▪ resistência à mudança;

▪▪ falta de inclusão de P+L no ensino de graduação.

Dessa forma, é necessário vencer os obstáculos e que


as empresas assumam o compromisso de aplicar a P+L para
que essas medidas sejam ampliadas e efetivadas em macro e
microempresas por todo o mundo.

A produção mais limpa é um conjunto de


estratégias ambientais, tecnológicas e econômicas
para aumentar a eficiência do uso de matérias-
primas, água e energia, reciclando e diminuindo
os resíduos gerados.

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12.1.2 Ecoeficiência

Ecoeficiência é uma estratégia de gestão para aumentar o


desempenho financeiro e, ao mesmo tempo, reduzir impactos
ambientais. É um termo criado em 1991 pela World Business
Council for Sustainable Development (WBCSD) no âmbito da
poluição ambiental e defende que um sistema ecoeficiente
é aquele que consegue produzir mais e melhor, com menos
recursos e resíduos.
Os termos ecoeficiência e produção mais limpa parecem
sinônimos. No entanto, o primeiro parte de assuntos que
tenham eficiência econômica e benefícios ambientais positivos.
E produção mais limpa parte de assuntos com maior eficiência
ambiental, que tenham benefícios econômicos positivos
(SANCHES, 2011).

Conceito de Ecoeficiência

A ecoeficiência visa reduzir o consumo de materiais e


energia, diminuir emissão de substâncias tóxicas, aumentar
a reciclagem de materiais, utilizar recursos renováveis e
prolongar a durabilidade dos produtos. Como exemplos de
ecoeficiência, podemos citar: a substituição de lâmpadas
incandescentes por lâmpadas fluorescentes ou de LED (diodo
emissor de luz – DEL, também conhecido pela sigla em inglês
LED - Light Emitting Diode), que gastam menos energia
elétrica; a utilização de aquecimento solar ou a geração de
energia elétrica a partir de células solares; o reaproveitamento

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de materiais que seriam descartados; e o desenvolvimento
de projetos sociais de educação ambiental que envolvam a
comunidade local.

O termo ecoeficiência foi criado em 1991


visando gerar produtos com maior eficiência
econômica e ambiental, utilizando menos recursos
e produzindo mais.

12.1.3 P+L e Ecoeficiência no Brasil

No Brasil, a P+L foi implementada na década de 1990,


mais precisamente no ano de 1995. Os estados pioneiros
na introdução da P+L foram São Paulo, com a organização
de prevenção à poluição pela CETESB, e Rio Grande do Sul
(Porto Alegre), no qual foi inaugurado o Centro Nacional
de Tecnologias Limpas (CNTL). Na realidade, esse órgão é
parte de um programa da Organização das Nações Unidas
(ONU), e o Brasil foi um dos 22 países escolhidos para
prestar consultoria e estimular outros países em relação
à implementação de programas de P+L. Dessa forma, as
medidas propostas foram propagadas para empresas de todo
país e também de outros países da América do Sul e da África,
obtendo resultados satisfatórios quando sua metodologia se
transfere para prática.

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P+L e ecoeficiência no Brasil e no mundo

Em relação à ecoeficiência, o Conselho Empresarial


Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) engloba
grandes grupos empresariais, que faturam cerca de 40% do PIB
nacional. Em 1999, esse conselho se uniu a órgãos e parceiros
da ONU para formar a Rede Brasileira de Produção Mais Limpa,
responsável por desenvolver a ecoeficiência em macro e
microempresas no país a fim de aumentar a produtividade, a
competitividade, a inovação e a responsabilidade ambiental no
setor de produção (SANCHES, 2011).

A P+L no Brasil foi propagada rapidamente


por todo país e também para outros países da
África e da América do Sul após a implementação
dos programas para prevenção da poluição pela
CETESB e pelo CNTL.

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Semana 15 Ciências do Ambiente

2
12.2 Desenvolvimento de tecnologias que
agridem menos o meio ambiente

Nesta seção, iremos tratar do desenvolvimento de


tecnologias que são a favor do meio ambiente, ou seja, aquelas
que causam menos impactos ambientais. Você sabe quais são
estas? Acompanhe!
As questões ambientais foram tratadas com mais
importância a partir das décadas de 1970 e 1980 com
preocupação a respeito da poluição e descartes de resíduos
pelas organizações. A partir da década de 1990, a preocupação
se deu em relação à prevenção da poluição. Nessa época,
as empresas começaram a seguir de maneira mais eficaz
as normas de proteção ao meio ambiente, com ênfase no
tratamento dos poluentes gerados pelo processo produtivo.
Para isso, foram adotadas metodologias a fim de avaliar o
impacto ambiental ao longo do ciclo de vida de um produto.

As tecnologias podem ajudar o meio ambiente

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Com isso, muitas empresas acabaram investindo em
tecnologias para diminuir o impacto no meio ambiente e
aumentar a lucratividade do empreendimento. Algumas delas
só tiveram essa consciência após sofrerem processos judiciais
por negligência ambiental, como foi o caso da empresa Apple,
em 2007. Após essa acusação, a empresa passou a investir
em tecnologias de reutilização de materiais e/ou utilização de
materiais recicláveis. Outras tecnologias empregadas pelas
empresas estão associadas à diminuição de consumo de água, à
liberação controlada de gases poluentes e à eficiência energética.

As tecnologias a favor do ambiente visam re-


duzir a poluição e o descarte de resíduos e
procuram um caminho sustentável para a realiza-
ção de seus produtos e serviços.

12.2.1 Tecnologias a favor do meio ambiente no Brasil

No Brasil, as inovações tecnológicas têm sido usadas a


favor do meio ambiente. Avanços obtidos na área de óptica, de
nanotecnologia, de monitoramento de alta definição realizada
a distância estão sendo propostos para utilização no combate
ao desmatamento ilegal.
Pesquisas também têm sido realizadas para a obtenção
de grafeno a partir do reaproveitamento de pilhas. O grafeno
é uma substância cristalina formada pela ligação de vários
átomos de carbono, assim como o diamante e o grafite.
Desse modo, ele é considerado mais uma forma alotrópica
do carbono. Esse composto foi isolado de uma fina camada
de grafite. Pesquisadores descobriram que esse material é
mais resistente do que o aço e pode produzir estruturas muito
finas, leves, maleáveis e com alta capacidade de conduzir
energia elétrica. Com isso, ele pode ser o substituto do silício
na produção de microchips e outros componentes eletrônicos.

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Pesquisadores brasileiros conseguiram obter óxido de
grafeno a partir de cilindro de grafite encontrado em pilhas.
Além de reduzir a poluição, essa medida também diminui os
custos de produção do grafeno, enquanto que, pelos métodos
tradicionais, o custo desse produto gira em torno de milhares
de dólares. Já com o método desenvolvido por pesquisadores
brasileiros, o custo é de apenas dez reais para confeccionar o
óxido de grafeno (GARCIA et al, 2004).

Grafeno produzido pela reciclagem de pilhas

Além do grafeno, alguns empresários estão investindo


em reciclagem de pilhas e baterias para obtenção de corantes
utilizados em pisos cerâmicos, tintas, vidros e refratários.
Na agricultura, temos o emprego de tecnologias para
diminuir o consumo de água, de agrotóxicos e de energia
elétrica. Os agricultores estão investindo em tecnologia de
irrigação por gotejamento, que diminui o desperdício de água.
Para diminuir a utilização de agrotóxicos, eles promovem
algumas técnicas de adubação verde, rotação de cultura,
controle biológico e manejo integrado de pragas. Além disso,
constroem biodigestores anaeróbios que utilizam os dejetos
dos animais para produzir gás metano, o qual é utilizado em
fogões ou para gerar energia elétrica.
Muitas empresas estão investindo em tecnologias de
tratamento de esgoto para diminuir a carga de resíduos que são
lançados nos corpos de água. Com isso, além de contribuírem
para a diminuição do impacto no meio ambiente, essas empresas
garantem uma maior credibilidade junto à população.

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Empresas de saneamento básico descobriram que os
resíduos produzidos no tratamento de esgoto, o chamado
lodo, possuíam um grande potencial energético. Esse material
normalmente é descartado em aterros sanitários, no entanto,
com essa nova visão, tal material começou a ser utilizado
como combustível em geradores elétricos.

No Brasil, as pesquisas têm auxiliado no


desenvolvimento de novas tecnologias que
visam menor impacto para o meio ambiente.

12.2.2 Exemplos de tecnologias a favor do meio ambiente

Como foi dito no tópico anterior, muitas empresas vem


investindo em tecnologias para diminuir os impactos no meio
ambiente. Essas tecnologias podem ser simples ou demandar
maiores investimentos, como é o caso das células solares
para produção de energia elétrica. Essa gama de opções de
tecnologias contribui para que empresas de diversos tamanhos
possam aderir a programas de P+L.
É nesse cenário que se destacam as indústrias sustentáveis,
as quais propõem que todo produto industrial deve ser pensado
desde o início de maneira sustentável, evitando desperdícios e
reaproveitando os resíduos da produção de um produto para
confecção de outro. Esse sistema é bem desenvolvido pelas
indústrias de exportação e, além de aperfeiçoar o processo
industrial, a iniciativa reduz a contaminação ambiental.
As indústrias automobilísticas estão adotando uma
postura de sustentabilidade, adotando políticas para reciclarem
o máximo que podem dos componentes de seus carros e/ou
utilizarem materiais reciclados em seus automóveis. Na União
Europeia existe uma lei (Lei de reciclagem de veículos) que
obriga as montadoras a reciclarem ou recuperarem 95% dos

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carros. No Brasil, a construção de carros recicláveis é iniciativa
de cada montadora, não há uma legislação que obrigue as
montadoras a terem essa prática. Um exemplo de carro que
utiliza peças recicláveis é o EcoSport que apresenta cerca de
300 peças feitas com materiais reciclados.
Além disso, existem empresas que utilizam os dejetos
produzidos pelas indústrias ou pela população para gerar
outros materiais pelo processo de reciclagem. Um exemplo
disso são as empresas que reciclam o isopor (poliestireno).
Esse material, quando descartado de forma incorreta acaba
ocupando muito espaço nos aterros sanitários, além de
demorar vários anos para se decompor no meio ambiente.
As empresas de reciclagem de isopor utilizam tecnologias
que convertem esse material em substâncias que podem
ser utilizadas para produzir outros materiais, como isolantes
térmicos na construção civil, acabamentos para decoração de
casas, como rodapés e acabamento de tetos, que comumente
são feitos de madeira.
Também existem tecnologias nacionais que conseguem
extrair a matéria-prima do próprio isopor, o poliestireno,
permitindo produzir novamente outros materiais além do
isopor, que também são fabricados a partir desse componente,
sem precisar utilizar o petróleo.
Dessa forma, essas tecnologias de reciclagem diminuem
os impactos ambientais causados pelo descarte incorreto de
isopor, bem como da utilização de petróleo para sua produção.
Além disso, geram novos mercados de trabalho e economia no
processo de produção de materiais.
Outra prática ecologicamente sustentável é a geração de
energia elétrica por meio de placas solares.

Placas solares para obtenção de energia elétrica

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Esse recurso tem sido utilizado mundialmente como uma
das formas mais limpas de produção de energia elétrica. Além
da produção de energia elétrica, a energia solar também é
utilizada para o aquecimento de água por meio de placas
solares. Essas placas são muito utilizadas em casas e empresas
para poder aquecer a água sem precisar utilizar energia elétrica
e/ou gás.

Algumas invenções permitem a produção sem


alterar a produtividade e sem prejudicar o meio
ambiente. Produtos que eram descartados ou pou-
co recicláveis podem ser utilizados para produção
de novos, evitando, assim, a poluição e a contami-
nação do ambiente, entre outros impactos.

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Semana 15 Ciências do Ambiente

3
12.3 Certificação da série ISO 14.000 –
estratégia de marketing ou compromisso
socioambiental?

Antes de entrarmos de fato nessa estratégia, precisamos


entender o que é ISO 14.000.
ISO é uma sigla inglesa que significa International
Organization Standartization (Organização Internacional de
Normalização), fundada em 1947, e que reúne organizações de
normalização de mais de 100 países a fim de estabelecer uma
padronização de medidas, métodos, materiais e seu uso na área
ambiental de empresas. No Brasil, essa organização é representado
pela Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT).

A ISO 14.000 estabelece normas para empresas

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A série ISO 14.000 foi criada em 1992 e inclui normas para
gestão ambiental que são reconhecidas internacionalmente
e conferem credibilidade às empresas. Essa série normaliza
processos produtivos, criando padrões e procedimentos que
contribuam para a diminuição da poluição e serve como guia
para que as empresas invistam na melhoria do seu desempenho
ambiental.
Tais normas representam uma evolução dos sistemas
produtivos em relação ao meio ambiente, no entanto, elas não
ditam para as empresas qual desempenho devem alcançar, mas
oferecem condições para que essas organizações implementem
medidas para alcançar as próprias metas, controlando e
reduzindo os impactos no meio ambiente (SANCHES, 2011).

ISO 14.000 corresponde a um conjunto de


normas que visam estabelecer um padrão de
métodos e medidas para que as empresas atuem
colaborando com o meio ambiente.

12.3.1 Estratégia de marketing e ISO 14.000

Como consequências do surgimento das questões


ambientais, o consumidor começou a optar por pagar mais
em produtos ecologicamente corretos, ou seja, aqueles em
que no momento de sua produção mostram preocupação com
o meio ambiente, como os que não utilizam embalagens em
excesso, apresentam embalagem reciclável, biodegradáveis,
entre outros (DIAS, 2011).
Com o surgimento do consumidor verde, o marketing
verde foi abordado para criar e colocar no mercado produtos
e serviços responsáveis com relação ao meio ambiente e, com
isso, tem tido abordagem cada vez mais ampla (DIAS, 2011).

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Marketing verde para divulgação de produtos ecológicos

A ISO 14.000 possibilitou que as empresas gerenciassem


a produção de maneira ecológica, e ao empregarem o
marketing ambiental, elas podem aumentar sua credibilidade
e legitimidade, definir sua personalidade, área de atuação e
imagem e agregar valor a sua marca (DIAS, 2011).
Dessa forma, a união da procura do consumidor verde com
a proposta da ISO 14.000 e, consequentemente, do marketing
verde, possibilitou o gerenciamento ambiental e o investimento
em projetos que não prejudiquem o meio ambiente e a criação
de uma nova cultura empresarial (DIAS, 2011).

O marketing verde auxilia na propagação de


produtos ecologicamente corretos pelas empre-
sas, as quais utilizam as normas ISO 14.000 para
confecção dos seus produtos.

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12.3.2 Compromisso socioambiental e ISO 14.000

As empresas que possuem certificação ISO 14.000 e que


seguem suas normas mostram que estão comprometidas com
a questão ambiental para ter um planeta mais limpo. Isso
não é apenas um diferencial de mercado, mas também uma
responsabilidade socioambiental das empresas, uma vez que
se esforçam para reduzir ou eliminar os impactos ambientais
causados por sua produtividade, assim como racionalizar o uso
de recursos naturais e conscientizar os colaboradores diretos
e indiretos.
E, além de colaborarem com o meio ambiente, as
organizações também podem colaborar com o desenvolvimento
socioeconômico da região onde estão localizadas e promover
projetos socioambientais (DIAS, 2011).

Responsabilidade socioambiental e ISO 14.000

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A responsabilidade socioambiental se
relaciona com a ISO 14.000 no sentido de ajudar
as empresas a reduzirem os impactos ambientais
e promoverem o desenvolvimento da região em
que se localizam.

Conexão

A produção mais limpa, a ecoeficiência e a ISO 14.000


são temas abrangentes em várias áreas do conhecimento.
Para atuação desses temas, é necessário especialização em:
leis (para fiscalização e aplicação da legislação), biologia,
engenharia ambiental, química, ecologia (para avaliação dos
impactos), entre outros. Dessa forma, pode-se dizer que essas
áreas do conhecimento interagem entre si para um melhor
desempenho e aplicação desses temas.

Aplicação

Esses temas podem ser aplicados em diversos aspectos


ambientais. Desde empresas que querem ampliar o mercado
com produtos ecológicos até aquelas que querem agir de
maneira adequada com o meio ambiente. Utilizando a
produção mais limpa, a ecoeficência, o marketing verde e
a responsabilidade socioambiental, as empresas têm maior
chance de ampliar a produção e, assim, colaborar com o meio
ambiente.

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Referências

CÁLIA, R. C. A difusão da produção mais limpa: o impacto


do seis sigma no desempenho ambiental sob o recorte analítico
de redes. 2007. 164 p. Tese (Doutorado em Engenharia de
Produção) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade
de São Paulo, São Carlos, 2007.
CAPPARELLI, H. F. Sistema de gestão ambiental e
produção mais limpa: análise de práticas e interação dos
sistemas. 2010. 239 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Ambiental) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade
de São Paulo, São Carlos, 2010.
COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. CETESB.
Secretaria do Meio Ambiente. Apresentamos algumas das
principais definições relativas à prática de PCS. [201-?].
Disponível em: <http://consumosustentavel.cetesb.sp.gov.
br/definicoes/>. Acesso em: 05 abr. 2016.
DIAS, R. Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e
Sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2011.
DONAIRE, D. Gestão Ambiental na Empresa. São Paulo:
Atlas, 2010.
GARCIA, R. J. et al. Preparation and characterization of
graphene oxide and reduced graphene oxide with alternative
carbon waste source by electrochemical exfoliation. In: XIII
BRAZIL MRS MEETING, 2014, João Pessoa. Abstract Book of
the XIII Brazil MRS Meeting. Anais…João Pessoa, Brasil, 2014.
v. 1. p. 1-3.
SANCHES, R. A. Avaliação do impacto ambiental e as
normas de gestão ambiental da série ISO 14000:
características técnicas, comparações e subsídios à integração.
270 p. 2011. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental)
- Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São
Paulo, São Carlos, 2011.

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Introdução | Semana 16

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à décima terceira Unidade de


Aprendizagem. Nela, você aprenderá sobre os consumidores conscientes, a
geração de empregos verdes e produtos sustentáveis e as maneiras como as
empresas se organizam para atender às novas tendências do consumo consciente.

Você sabe o que é um produto verde? E marketing ecológico?


O objetivo da presente unidade é que você compreenda o que é consumo
consciente, como ele foi adotado pelos consumidores e a ação das empresas
para atender a essa nova demanda, além dos empregos que podem ser gerados.

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Semana 16 Ciências do Ambiente

1
13.1 Quem são esses consumidores
conscientes?

Antes de respondermos a essa pergunta, vamos analisar


o modelo de produção mais comum existente e sua influência
nos consumidores.
O modelo tradicional de produção se baseia na economia
de escala e na produção em massa, ou seja, quanto maior o
consumo, melhor. Isso faz com que a compra de produtos seja
além da necessidade do consumidor. Esse modelo também se
baseia na quantidade de bens e ascensão social e na cultura
do descartável, dessa forma, os produtos são trocados em um
curto espaço de tempo, fazendo com que a economia gire por
meio da exploração dos recursos ambientais.
Além disso, a mídia é uma grande ferramenta para que as
empresas consigam atrair mais compradores que são ludibriados
pela ideia da felicidade momentânea ao adquirirem um produto
que, muitas vezes, se torna obsoleto em pouco tempo.

CIDADE VERDE
PRODUÇÃO ENERGIA CONSUMO ESTILO DE VIDA UTILIDADE TRANSPORTE

Consumidor consciente: preocupado com todos os produtos disponíveis para


consumo

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Esta não é uma maneira sustentável de produção, e são
necessárias formas alternativas para gerenciar a produção e
serviços visando garantir um bem-estar ambiental e social.
Dessa forma, nas últimas décadas, com o aumento das
discussões sobre as crises ambientais e a participação cada
vez maior da opinião pública sobre as decisões relacionadas
ao meio ambiente, surgiu o termo consumidor sustentável,
ou consumidor consciente. Esses consumidores têm
o hábito de comprar apenas os produtos que atendem a
suas necessidades e que são produzidos por empresas
ecologicamente responsáveis. Dessa forma, a demanda por
produtos sustentáveis por parte desses consumidores faz com
que as empresas se importem com a maneira de produzir sem
alterar seus lucros.
A imagem de uma empresa perante o mercado consumidor
se faz pelos produtos e serviços que ela pode oferecer, bem
como pela maneira como é feita a produção. Sendo assim, a
empresa que deseja obter sucesso com esse novo público deve
oferecer produtos e serviços que agreguem mais valores do
que aqueles oferecidos pela concorrência, isto é, não apenas
financeiros, mas também valores ambientais.
Os consumidores sustentáveis ou consumidores
conscientes estão cada vez mais sensíveis em relação ao
consumo, preocupando-se com aspectos ambientais e sociais
adotados pelos empreendimentos para produção e serviços.
Esses consumidores adotam algumas medidas relacionadas ao
consumo de produtos, que são:

▪▪ abstinência: consumir menos ou não consumir;

▪▪ atitude: considerar nocivo o consumo exagerado;

▪▪ conscientização: escolher produtos de acordo com as


qualidades ambientais;

▪▪ alternativa: substituir
sustentáveis.
os produtos tradicionais pelos

Vale destacar que o consumo sustentável difere do


consumo verde. Este se restringe ao consumo de produtos
ambientalmente corretos, enquanto aquele se refere também
aos aspectos sociais envolvidos na sua produção e na
quantidade de produtos consumidos (PIMENTA, 2010).

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Consumidor sustentável se preocupa com a
maneira de produção e com aspectos socioambi-
entais durante o processo de produção.

13.1.1 Produtos sustentáveis

Consumidores conscientes e produtos sustentáveis

Os produtos sustentáveis começaram a ser desenvolvidos


a partir da necessidade de alternativas aos produtos tradicionais
do mercado, ou seja, aqueles em que a maneira de produção
não engloba práticas para proteção do meio ambiente.
O consumo de produtos sustentáveis gera desafios aos
projetistas do modelo tradicional e engloba um repensar em
como os produtos são concebidos e em como a necessidade do

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consumidor pode ser satisfeita. Para isso, há estratégias, as
quais se referem ao reaproveitamento do que já é consumido,
criando maneiras de reprojetar o que é consumido, reorganizar
a maneira de consumo do produto (consumo diferente) e
redescobrir as necessidades e a satisfação dos consumidores
(consumo apropriado).
No entanto, para que a qualidade do produto seja mantida
e haja um equilíbrio com a quantidade a ser produzida, essas
estratégias devem focar na fabricação de produtos mais
eficientes, obtendo os mesmos resultados de uma forma
sustentável e questionando a necessidade satisfeita pelo
objeto. Dessa forma, os departamentos de uma organização
devem estar coordenados adequadamente para que os
produtos gerados tenham repercussão e consigam competir
com outros produtos semelhantes.

Os produtos sustentáveis acompanham as


necessidades do consumidor consciente, e as
organizações devem estar preparadas para atender
às expectativas de consumo.

13.1.2 Geração de empregos verdes

Para atender à necessidade de produtos sustentáveis


e seguir as legislações ambientais, algumas medidas vêm
sendo tomadas para reduzir os impactos ambientais causados
pelas organizações. Entre estas, a redução de emissão de
gases do efeito estufa tem alterado a rota de fabricação das
organizações.

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Empregos verdes: uma crescente tendência do mercado de trabalho

Por exemplo, no Brasil, a isenção do IPI (imposto sobre


produtos industrializados) para equipamentos de geração
de energia eólica e para produtos fabricados com materiais
reciclados estimula a utilização de energias alternativas e
renováveis, além de contribuir para a mitigação das mudanças
climáticas. Essas medidas abrem novas e promissoras
perspectivas para a geração de empregos verdes no país.
Um exemplo foi a empresa Alstom, que instalou na Bahia
uma fábrica de equipamentos para a geração de energia eólica,
gerando novos empregos, além de contribuir para a produção
de energia mais limpa.
Além disso, a redução de IPI de produtos fabricados
com material reciclado vai aumentar o interesse e a compra
desses produtos pelas empresas e, consequentemente, vai
contribuir para a criação de empregos em postos de trabalho
de coletas desses materiais, de tratamento, transporte e
reaproveitamento.
Dessa forma, com o consumo consciente e as exigências
do consumidor, as empresas passam a adotar medidas para
contribuir com o meio ambiente, podendo gerar produtos
sustentáveis e, consequentemente, novos empregos, diretos
ou indiretos, que utilizam alternativas para fabricação e
atendem às expectativas do mercado consumidor cada vez
mais exigente.

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Os empregos verdes são consequências da
demanda de produtos sustentáveis por parte do
consumidor.

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Semana 16 Ciências do Ambiente

2
13.2 Reduzir, reciclar, reutilizar, repensar
e recusar: a cultura dos 5 R na sociedade
sustentável
A política dos 5 R surgiu devido aos problemas ambientais
causados pelo modo de produção e do consumo em excesso
caraterístico de uma sociedade capitalista. Essa política é
importante para mudanças de atitudes individuais no consumo
de um produto e visa priorizar a redução do consumo e o
reaproveitamento dos materiais. Mas você sabe a que se
referem os 5 R?

Os 5 R

Veja, abaixo, o que eles significam.

▪▪ Reduzir o consumo desnecessário, evitando o desperdício, por exemplo,


ao escolher produtos com menos embalagens, embalagens econômicas e
retornáveis.

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▪▪ Reduzir o consumo desnecessário, evitando o desperdício, por exemplo,
ao escolher produtos com menos embalagens, embalagens econômicas e
retornáveis.

▪▪ Repensar os atos, o que é consumido, se há necessidade desse consumo.


Por exemplo, refletir sobre a necessidade de usar o carro todos os dias para
ir trabalhar em vez de utilizar um transporte público ou carona com colegas
de trabalho.

▪▪ Reaproveitar, ou seja, ampliar a vida útil dos produtos, aumentando a sua


durabilidade, como a reutilização de embalagens e papéis para rascunhos.

▪▪ Reciclar, com isso, o material utilizado volta ao ciclo de produção, reduzindo


o uso de recursos naturais, economizando água, energia e gerando trabalho
e renda para milhares de pessoas.

▪▪ Recusar, não consumir produtos que gerem impactos socioambientais


significativos (BRASIL, [201-?]).

Dessa forma, o objetivo da política dos 5 R é tornar


o cidadão mais consciente, levando-o a reduzir o consumo
exagerado e incentivando mudanças de hábitos. É um processo
educativo e, como tal, demanda tempo e paciência para que
todos a pratiquem.

A política dos 5 R tem como função amenizar


a quantidade de produtos descartados, diminuindo
a poluição e os danos causados ao meio ambiente.

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13.2.1 Os 5 R nas empresas

Muitas empresas adotam a política dos 5 R em seus projetos


de gestão ambiental. Elas repensam seu modo de produção
para se adequarem à legislação ambiental, garantindo, assim,
a qualidade ambiental e social de seus produtos. Além disso,
tais empresas estabelecem uma política de redução de
impactos ambientais e de utilização consciente de recursos
naturais, investindo em tecnologias de ecoeficiência.

Reutilização e reciclagem de materiais

Para diminuírem a utilização de recursos naturais, essas


empresas reutilizam e reciclam os materiais que antes
seriam descartados como resíduos da produção. Dessa forma,
elas substituem parte da matéria-prima por sucata (produtos já
utilizados), ou seja, papel, vidro, plástico ou metal, entre outros.
Essas práticas ajudam a reduzir a extração de recursos
naturais, como também diminuem a produção de lixos que
seriam descartados em aterros sanitários. Com isso, há uma
diminuição de gastos não apenas dessas empresas, mas

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também do poder público, com logística e tratamento desses
materiais (BRASIL, [201-?]).
Além disso, as empresas que adotam o sistema de gestão
ambiental recusam matérias-primas de origem duvidosa,
isto é, aquelas que não tenham certificações de respeito ao
meio ambiente.
Dessa forma, as empresas ecologicamente responsáveis
passam a ter maior credibilidade perante os investidores e os
consumidores, que estão cada vez mais exigentes quando o
assunto é respeito ao bem-estar social e ambiental.

As empresas ecologicamente responsáveis


adotam a política dos 5 R como forma de gerenciar
ambientalmente seus empreendimentos e garantir
a qualidade de seus serviços.

13.2.2 5 R e o consumidor consciente

O consumidor consciente tem o objetivo de consumir


produtos que causem o mínimo ou nenhum dano ao ambiente
em sua produção. A prática do 5 R é uma das maneiras de agir
a favor do meio ambiente, uma vez que leva o consumidor a
repensar os hábitos de consumo e a necessidade de comprar
ou não determinados materiais, ou seja, é um estilo de vida
contrário ao estilo consumista da sociedade tradicional.
Antes de comprar um produto, esse consumidor pensa na
real necessidade da compra. Preferindo produtos de empresas
que prezam pelo gerenciamento ambiental da produção.

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Consumidor ecologicamente consciente

Uma vez que consumiu o produto e/ou ele se tornou


inutilizável, há a preocupação com o seu descarte correto,
ou com a reutilização para outro propósito. Com isso, muitos
consumidores adotam o hábito de separação de lixos recicláveis
para a coleta seletiva e o descarte correto de outros produtos,
como lixos eletrônicos, óleos e remédios. Assim, eles jogam
no lixo apenas o que não for reutilizável ou reciclável.
Esses consumidores também têm o hábito de adquirir
produtos recicláveis ou produzidos com matéria-prima
reciclada ou de reutilização, diminuindo, com isso, a utilização
de recursos naturais.
Desse modo, essas mudanças de hábitos evitam o
consumo desnecessário de produtos e, consequentemente,
de recursos naturais. Além disso, elas forçam as empresas a
repensarem seu modo de produção para atenderem à demanda
do consumo consciente.

O consumidor consciente repensa os hábitos


de consumo e descarte para utilizar com consciên-
cia os produtos adquiridos.

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Semana 16 Ciências do Ambiente

3
13.3 Adequação das empresas à nova
tendência mundial de consumidores

Empresas se adéquam à nova tendência do mercado

Nos últimos anos, a demanda por produtos ecologicamente


corretos aumentou, evidenciando a mudança da consciência
dos consumidores que estão cada vez mais exigentes quanto
à procedência dos produtos que estão adquirindo. Além das
pressões impostas pelas leis ambientais, essa nova tendência
de consumidores ecologicamente conscientes também fez com
que muitas empresas adotassem modelos de gestão ambiental
em seus empreendimentos para que pudessem se tornar mais
competitivas nesse contexto mercadológico.
A competitividade de uma empresa está relacionada
a diversos fatores que de uma forma ou de outra estão
relacionados. Entre eles, podemos destacar os custos da
produção, a qualidade dos produtos e serviços, o capital
humano, a tecnologia e a capacidade de inovação. No entanto,
devido à nova demanda do mercado, que está mais exigente
em relação às questões ambientais, a gestão ambiental
tem adquirido uma posição de destaque, em termos da

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competitividade, devido aos benefícios que vem trazendo ao
processo produtivo.

As novas tecnologias são utilizadas na produção sustentável

Entre os benefícios da gestão ambiental, podemos


destacar: a redução de consumo energético; a redução de
matéria-prima com a reutilização de materiais; a menor
produção de resíduos; a diminuição de custos operacionais
e de manutenção; a isenção de multas ambientais; e os
menores riscos a funcionários e ao meio ambiente. Todos esses
benefícios refletem vantagens competitivas para a empresa
que adota essas medidas, uma vez que acaba ocorrendo a
diminuição de custos de produção e a melhoria da imagem
junto aos clientes e à sociedade.

A nova tendência dos consumidores mais


conscientes sobre as questões ambientais
vem fazendo com que as empresas se adequem
às exigências ambientais para se tornarem mais
competitivas.

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13.3.1 Gestão ambiental de processos e produtos de
uma empresa

Quando se trata da adequação das empresas às demandas


ecológicas, é necessário levar em conta duas variáveis
importantes: a gestão ambiental de processo e a de produtos.
Na gestão ambiental de processos, são aplicadas
tecnologias ambientais, com destaque para a produção mais
limpa, que garante certificações ambientais e traz melhores
resultados competitivos para a empresa. Nesse sentido, os
setores ambientais e de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)
de uma empresa devem estar conectados para desenvolverem
projetos que visem à aplicação de tecnologias que contribuam
para diminuir os impactos no meio ambiente e garantir o
sucesso ambiental e econômico do empreendimento.
Sobre o papel do setor de P&D, Donaire (2012, p. 98)
diz que:
O objetivo fundamental da área de P&D é
adaptar os bens e serviços oferecidos pela
empresa às necessidades do mercado. As
necessidades do mercado incluem não só a
avaliação de performance técnica do processo
e do produto, mas também seu desempenho
em termos ambientais, sobretudo para aqueles
produtos sujeitos à legislação ambiental.

Entre as tecnologias aplicadas na gestão ambiental de


processos, podemos citar o tratamento físico-químico de
efluentes, a utilização de fontes renováveis e menos agressivas
de energia elétrica, as técnicas de reutilização e reciclagem de
resíduos, o desenvolvimento de produtos biodegradáveis etc.
Quando levamos em conta a gestão ambiental de produtos,
são aplicadas análises do ciclo de produção, certificação dos
produtos e o ecodesign (fabricação de produtos visando à
utilização consciente de recursos naturais). Nesse sentido, o
foco é o produto, por isso, após os ajustes no processo de
produção, as empresas passam a se preocupar com projetos
de adequação ambiental de seus produtos. Nessa fase, a
preocupação é com todo o ciclo do produto, desde a matéria-
prima utilizada até a forma como ele é descartado pelos
consumidos.

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Por isso, o trabalho conjunto dos diferentes setores de
uma empresa no gerenciamento ambiental dos processos e
produtos é importante para garantir a eficiência ambiental e
econômica do empreendimento.

As áreas de P&D e de meio ambiente de uma


empresa devem estar conectadas para pensarem
em conjunto sobre a gestão ambiental de
processos e produtos visando garantir o sucesso
do empreendimento.

13.3.2 Marketing verde, ecológico ou ambiental

Muitos consumidores estão mais exigentes ao selecio-


narem os produtos e serviços oferecidos pelas empresas,
incorporando em suas escolhas a variável ecológica. Nesse
contexto, as empresas vêm lançando mão de estratégias de
marketing voltadas para a utilização do meio ambiente como
variável competitiva.
Essa vertente é conhecida como marketing verde,
ecológico ou ambiental. Mas, afinal, do que trata esse tipo de
marketing?
O marketing verde agrega em si não apenas a divulgação
do produto, mas é responsável por apresentar a toda a
comunidade o compromisso que a empresa tem com os fatores
sociais e ambientais inerentes ao processo de fabricação, como
também sobre todo o ciclo de vida do produto.

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Certificação ambiental como estratégia de marketing

Nesse sentido, no excerto a seguir, Dias (2011, p. 162)


explicita o compromisso assumido pelas empresas que adotam
o marketing ecológico. Ele diz que:
[..] ao adotar uma filosofia de marketing
ecológico, deve-se ter em mente essa
concepção macro do processo, onde a
compreensão da importância da preservação
do meio ambiente esteja impregnada em toda
a organização, incluindo o comportamento
cotidiano das pessoas que as integram.

Qualquer descuido que a empresa tiver no processo de


produção ou no ciclo de vida do produto pode resultar numa
perda de confiança por parte do consumidor e arruinar todo
o empreendimento. Por isso, quando uma empresa assume
um posicionamento no mercado como marca ecologicamente
responsável, ela deve estar ciente do compromisso que está
assumindo perante toda a sociedade.
Dessa forma, o marketing verde não visa apenas atingir os
consumidores, embora este seja o público principal para garantir
o faturamento da empresa, mas também são considerados
outros setores da sociedade que são formadores de opiniões
e que, direta ou indiretamente, influenciam na apreciação
do produto, como é o caso dos grupos ambientalistas, dos

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fornecedores, dos distribuidores, da comunidade local e dos
órgãos governamentais.
Para isso, as empresas têm que mostrar que a aquisição
de seus produtos e serviços com um valor ecológico agregado é
mais vantajosa social e ambientalmente do que outros produtos
semelhantes que não levam em conta as variáveis ambientais.
Os consumidores ecologicamente conscientes estão
dispostos a pagar um preço mais elevado por produtos que
comprovadamente respeitam o meio ambiente. Dessa forma,
as empresas vêm investindo na certificação dos produtos como
estratégia de marketing.
A certificação ambiental de produtos, popularmente
chamados de produtos verdes, é uma forma de garantir a
idoneidade tanto dos processos produtivos quanto do próprio
produto de uma empresa.
Há diferentes formas de certificações e rotulagem de
produtos, muitas vezes, são específicos para cada tipo de
produção, como os produtos orgânicos, as madeiras de
reflorestamento, o papel reciclado, entre outros. Também
existem aqueles que levam em conta toda a cadeia produtiva
da empresa, como é o caso do Sistema de Gestão Ambiental
da série ISO 14.000.
Dessa forma, essas certificações ambientais contribuem
para o aumento da competitividade entre as empresas e
garantem o posicionamento de uma marca como sendo
ambientalmente correta e socialmente responsável.

O marketing verde deve ser feito de forma


responsável, pois não está voltado apenas a
garantir a venda do produto, mas explicita todo
o compromisso que a empresa tem com o meio
ambiente e com a sociedade.

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Conexão

O aumento da consciência ambiental vem fazendo com


que as empresas adotem medidas de gerenciamento e de
produção de produtos que agridam menos o meio ambiente.
Dessa forma, os diferentes setores de uma empresa, como a
área de meio ambiente, P&D e marketing, devem trabalhar
em conjunto para atender socialmente e ambientalmente a
essa demanda do mercado. Já a educação crítica da sociedade
é importante para que a população possa ter o verdadeiro
poder de escolha desses produtos para não ser ludibriada por
falsas propagandas de empresas que se dizem sustentáveis.

Aplicação

Em 1987, a empresa de produtos orgânicos Native


quebrou o paradigma vigente da queima da cana-de-açúcar
antes da colheita. A opção pela colheita da cana crua reduziu o
consumo de água, que era utilizada para lavar a cana queimada,
e da emissão de gases poluentes. Dessa forma, tornou-se
uma das primeiras empresas do setor a ser ambientalmente
responsável, inserindo-se num mercado que paga até 60% a
mais pelo açúcar produzido de forma sustentável.

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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, F. O Bom Negócio da Sustentabilidade. Rio de


Janeiro: Fronteira, 2002.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. A política dos 5
R´s. [201-?]. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/
comunicacao/item/9410-a-pol%C3%ADtica-dos-5-r-s>.
Acesso em: 11 mai. 2016.
DIAS, R. Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e
Sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2011.
DONAIRE, D. Gestão Ambiental na Empresa. São Paulo:
Atlas, 2012.
PIMENTA, H. C. D. Sustentabilidade empresarial: Práticas
em cadeias produtivas. Natal: IFRN Editora, 2010.

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Ciências do Ambiente

Introdução | Semana 17

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à décima quarta Unidade de


Aprendizagem. Nela, você aprenderá sobre a responsabilidade ambiental tanto
das empresas quanto dos órgãos públicos. Também discutiremos como a
participação popular em questões sociais e ambientais tem influenciado a mudança
de paradigmas das empresas e dos serviços públicos. Além disso, falaremos da
importância da formação dos profissionais para lidar com as novas demandas
sociais, ambientais e econômicas da sociedade atual.
Você sabia que a formação crítica da população está influenciando a mudança
de postura das empresas e dos serviços públicos?
Nesta unidade, encontraremos respostas para esta e outras questões.
O objetivo é que você compreenda a importância da adequação dos diferentes
setores da sociedade quanto à responsabilidade social e ambiental para que
possamos alcançar uma sociedade sustentável. Vamos lá?

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Semana 17 Ciências do Ambiente

1
14. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
E GESTÃO AMBIENTAL

14.1 Conceito de responsabilidade social e ambiental

Os constantes debates sobre a questão ambiental


refletiram em diversas mudanças no modo de pensar da
população, das empresas e do setor público. Nos últimos
anos, além da questão ambiental, outro aspecto, inerente à
relação do homem entre si e dele com o ambiente, começou
a ganhar destaque nessas discussões, estamos falando da
responsabilidade social tanto de indivíduos quanto de
organizações empresariais e do setor público.
A responsabilidade social de indivíduos não está
relacionada apenas a atender aos direitos e deveres como
cidadão, mas sim pensar a sociedade de forma coletiva,
como se a ação de cada um interferisse na vida do grupo
e no ambiente ao seu redor. Dessa forma, esta passa a ser
uma visão mais coletiva e humanizada das inter-relações que
ocorrem na sociedade.

Responsabilidade social e ambiental

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Quando transpomos essa ideia para o setor empresarial,
a responsabilidade social e ambiental, que também podemos
chamar de socioambiental, vai além das responsabilidades
legais e econômicas, as quais as empresas têm obrigação de
cumprir, ou seja, uma empresa que cumpre as normas e leis
do seu setor em relação ao meio ambiente e à sociedade não
está exercendo sua responsabilidade socioambiental, mas
está exercendo o papel como pessoa jurídica, obedecendo às
leis que lhe são impostas.
Uma empresa exerce a responsabilidade socioambiental
de forma voluntária para contribuir com uma sociedade mais
justa e com um ambiente mais limpo, adotando posturas,
comportamentos e ações que visem ao bem-estar do público
interno e externo. Mas você sabe a que se referem esses públicos?
O público interno se refere aos trabalhadores e às
partes afetadas pela empresa. O público externo se refere às
consequências das ações sobre o meio ambiente e a sociedade.
Nesse sentido, a responsabilidade social e ambiental é
tanto de indivíduos quanto de empresas e do setor público.
E não se trata apenas de cumprimento de obrigações, mas
sim de fazer parte da cultura de todos que compõem essas
diferentes estruturas da sociedade.

A responsabilidade socioambiental é uma forma


voluntária das empresas promoverem o bem-estar da
sociedade e manterem um ambiente mais limpo.

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14.1.1 Responsabilidade Social Empresarial e
Responsabilidade Social Corporativa

Qualidade de Saúde e
vida na empresa bem-estar

Proteção ao Relação com a


meio ambiente comunidade

Responsabilidade Social Corporativa e Empresarial

Existem diferentes definições de Responsabilidade Social


Empresarial (RSE) ou Responsabilidade Social Corporativa
(RSC) entre os especialistas da área.
Embora muitos tratem RSE e RSC como sinônimos, existem
pontos diferentes em seus significados. O conceito de RSC está
associado às empresas de grande porte que têm preocupações
sociais voltadas ao seu ambiente de negócios ou ao seu quadro
de funcionários. Já o conceito de RSE é mais amplo, sai da esfera
apenas da empresa e engloba outros fatores (ambientais e
sociais) ou agentes (stakeholders - público interno, fornecedores,
consumidores, credores, governo e a sociedade em geral), que
fazem parte de toda a conjuntura do empreendimento.
Em síntese, podemos estabelecer que a RSE e a RSC
criam uma nova concepção de empresa. Conforme afirma Dias
(2011, p. 175):
Na nova concepção de empresa, esta
compreende que a atividade econômica não
deve orientar-se somente por uma lógica de
resultados, mas também pelo significado que
esta adquire na sociedade como um todo.
Cada vez mais a empresa é compreendida
menos como uma unidade de produção, e
mais como uma organização. E como tal, é
um sistema social, formado por um conjunto
de pessoas que para ela convergem para
alcançar determinados fins.

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Essa nova visão de empresa beneficia a sociedade e
as corporações que fazem parte de um empreendimento.
Para isso, é importante considerar alguns fatores, como: a
economia, a educação, o meio ambiente, a saúde, o transporte
e a moradia, bem como as atividades locais e o governo. Dessa
forma, são criados programas sociais, gerando benefícios para
empresa e comunidade e melhorando a qualidade de vida dos
funcionários e da população.
A relação entre a RSE e a RSC permite que as empresas se
beneficiem tanto interna quanto externamente, considerando
a qualidade de vida dos funcionários e da comunidade,
protegendo o meio ambiente e resultando em parcerias que
propiciam o lucro (ALMEIDA, 2002).

A RSC e a RSE criam uma concepção de


empresa que vai além das responsabilidades
ambientais e filantrópicas. Nessa nova concepção,
a cultura empresarial trata de estabelecer um
bem-estar social e ambiental de todas as partes
envolvidas no empreendimento.

14.1.2 Responsabilidade socioambiental


empresarial e sustentabilidade

A preocupação ambiental gerou a ideia de sustentabilidade,


ou desenvolvimento sustentável, envolvendo a economia e
a sociedade. A partir dos anos 1990, ela passou a incluir a
responsabilidade social empresarial.
O termo responsabilidade social empresarial surgiu apenas
com foco em autonomia e poder dos negócios na sociedade,

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sem a devida preocupação com o meio ambiente e com as
consequências negativas das atividades das organizações.
Dessa forma, a fim de reparar os impactos negativos,
empresários realizaram atividades sociais para beneficiar a
comunidade, sem relação com os negócios das empresas,
como uma obrigação moral. Essas atividades também foram
denominadas de investimento social, ação social empresarial,
participação social ou desenvolvimento social (BORGER, 2001).

Econômico
Ambiental Econômico
Social
x Social
Ambiental
Econômico Ambiental
Ético

Limites do Desenvolvimento (Além)


crescimento Sustentável Economia Verde

Legislação Responsavidade das


Obrigação Empresas Estratégia empresarial

Reputação das Inovação


Origem da RSE Empresas

Questionar a ética Gestão de Riscos Oportunidade


dos negócios
Responsabilidade Sustentabilidade
Filantropia Social Empresarial
Empresarial

RSE e sustentabilidade

No entanto, há questionamentos em relação a essas


atividades sociais, se elas afetam a competitividade das
empresas, aumentado seus gastos e diminuindo o lucro.
É nesse contexto que o termo desenvolvimento
sustentável está relacionado ao conceito de responsabilidade
social, ou seja, não haverá crescimento econômico em longo
prazo sem progresso social e cuidado ambiental.
Sendo assim, a união da sustentabilidade com a
responsabilidade social é uma nova forma de fazer negócios,
permitindo, com isso, a perspectiva em longo prazo, bem como
a inclusão da visão e das demandas das partes interessadas
e a transição para um modelo no qual os princípios, a ética e
a transparência antecedem a implementação de processos,
produtos e serviços (BORGER, 2001).

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A responsabilidade socioambiental e a
sustentabilidade são formas de as empresas
agirem em benefício da sociedade, do meio
ambiente e dos negócios.

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Semana 17 Ciências do Ambiente

2
14.2 O papel do setor privado e do setor
público sobre a questão socioambiental

Atrelar à marca da empresa uma imagem ética e


socioambientalmente responsável é uma forma estratégica
de competitividade no contexto mercadológico globalizado
atual. Isso faz com que as empresas repensem seu papel
na sociedade, bem como determinam seus objetivos, ações,
propósitos e metas para legitimar suas estratégias perante o
mercado e a sociedade como um todo. Sobre essa mudança de
postura das empresas, Aligleri, Aligleri e Kruglianskas (2009,
p. 10) afirmam que:
O mundo corporativo percebeu que as
empresas, enquanto agentes sociais, fazem
parte da sociedade que as abriga e condiciona
sua existência. Portanto, não existem por si
mesmas uma vez que dependem de uma teia
de conexões presentes no mercado.

Dessa forma, muitas empresas têm tratado os problemas


sociais e ambientais de forma holística, e não de forma
isolada, ou seja, não se fecham em melhorias apenas dos seus
processos internos. Essas organizações estão cada vez mais
abertas, criando políticas de relacionamento e compromissos
que extrapolam as fronteiras do meio interno da empresa.
Dessa forma, essas empresas se envolvem em ações que
extrapolam a sua área de atuação, garantindo, assim, maior
credibilidade, respeitabilidade e competitividade.
As empresas socioambientalmente responsáveis, além
de respeitarem a legislação ambiental, mantêm uma política
socioambiental compartilhada, tendo como foco o meio
ambiente, a ética social, práticas justas de operação e o
desenvolvimento da comunidade, com o envolvimento dos
stakeholders para que seja possível pensar em ações que serão
realizadas nos empreendimentos. Essas medidas garantem a
credibilidade e ganhos competitivos de toda a cadeia produtiva.

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A figura, a seguir, representa o novo contexto das empre-
sas que leva a uma cadeia socioambientalmente responsável.

GLOBALIZAÇÃO INCREMENTO DA COMPETITIVIDADE

DESFRONTEIRIZAÇÃO ORGANIZACIONAL

NOVA CADEIA COORDENAÇÃO, NOVA CADEIA


DE PRODUÇÃO COOPERAÇÃO E PARCEIRA DE PRODUÇÃO

GESTÃO ESTRATÉGICA

Direitos
Público
Meio Ética humanos Práticas
interno
ambiente de trabalho
CADEIA LOGÍSTICA

Insumos Fornecedores Fabricante Distribuidor Varejista Consumidores

Governança Questões dos


Práticas justas Envolvimento e consumidores
organizacional
de operação desenvolvimento
da comunidade

CADEIA SOCIALMENTE RESPONSÁVEL

Contexto empresarial socialmente responsável


Fonte: adaptado de Aligleri, Aligleri e Kruglianskas, 2009, p. 32.

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As empresas socioambientalmente
responsáveis mantêm uma proximidade com
os diferentes setores sociais e mercadológicos
envolvidos no contexto produtivo, garantindo,
assim, maior competitividade e credibilidade
social e ambiental.

14.2.1 O setor público e a responsabilidade socioambiental

As organizações de serviço público estão atreladas a


órgãos da administração direta (federal, estadual e municipal)
e a órgãos da administração indireta, bem como a empresas
públicas, sociedade de economia mista, autarquias, fundações,
entre outras.
Os órgãos públicos podem agir de diferentes maneiras
para atender às demandas sociambientais no contexto da
sociedade atual e podem ter o papel de fiscalizar o cumprimento
das leis trabalhistas e ambientais junto aos empreendimentos
públicos e privados. Além disso, tais órgãos são responsáveis
por garantir o bem-estar socioambiental de seus funcionários
e da população como um todo.
Existe uma diversidade de serviços oferecidos pelos
órgãos públicos em diferentes setores, como saúde, educação,
transporte, energia, segurança, saneamento básico, entre
outros. A lógica do compromisso socioambiental deve passar por
todos esses setores para garantir o bem-estar social e ambiental,
não apenas de cada setor isolado, mas de toda a sociedade que
depende desses serviços, bem como do meio ambiente.

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Setor público e compromisso socioambiental

Muitos desses serviços são realizados em parceria


com empresas privadas em sistema de licitação ou de
economia mista. Dessa forma, para garantir o compromisso
socioambiental, é muito importante que as empresas
contratadas tenham credibilidade e responsabilidade social e
ambiental. No entanto, esse sistema de escolha de empresa
ainda não é muito utilizado pelos órgãos públicos, o que, muitas
vezes, compromete a qualidade dos serviços, bem como seus
impactos positivos para a sociedade e para o meio ambiente.

O setor público pode agir de forma fiscalizadora


para fazer com que os diferentes empreendimentos
cumpram as demandas socioambientais. Ele
também tem que promover ações que visem ao
bem-estar social e ambiental de toda a sociedade.

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14.2.2 A participação do cidadão na questão ambiental

A influência de agentes sociais, associados ou não a


movimentos ambientalistas e/ou sociais, sobre as decisões de
empresas e do setor público está se tornando cada vez maior.
Esse quadro é reflexo do desenvolvimento de uma
consciência crítica em relação à questão social e ambiental,
que foi desencadeado pelas discussões internacionais sobre a
crise socioambiental do modo de produção vigente que surgiu
nas últimas décadas.
O desenvolvimento da cidadania começou a ser entendido
como algo coletivo, e não apenas o cumprimento de leis e
deveres individuais. Dessa forma, os cidadãos começaram a
analisar de forma global a questão social e ambiental, exigindo
o cumprimento dos direitos visando a uma sociedade mais
igualitária e ecologicamente equilibrada e aos deveres por parte
dos diferentes setores para garantir uma sociedade sustentável.
Nesse contexto, exercer a cidadania de forma consciente
e crítica impõe novas exigências na implementação de políticas,
nas empresas e no setor público, que possam colocar em risco
as condições ambientais e sociais. “Se antes o peso do cidadão
era menor, agora a tendência é de que a cidadania ativa tenha
maior importância nas decisões, particularmente naquelas que
podem afetar o meio ambiente” (DIAS, 2011, p. 206).

Participação crítica do cidadão

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Por isso, é imprescindível formar uma população crítica
e consciente sobre as contradições existentes na sociedade
a fim de que se possa pensar de forma coletiva e holística
sobre os caminhos para se chegar a uma sociedade mais justa
e ecologicamente saudável. Cabe, então, ao poder público
promover uma educação de qualidade à população para que
ela possa ter essa visão diferenciada de mundo.

A participação crítica da população vem


influenciando cada vez mais as tomadas
de decisões por parte das empresas e do setor
público no que diz respeito a empreendimentos
que podem causar algum impacto no ambiente ou
na comunidade.

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Semana 17 Ciências do Ambiente

3
14.3 Adequação profissional às novas
exigências do mercado sustentável

Quando uma empresa opta por implementar a gestão


ambiental em seus empreendimentos, buscando atender às
propostas de responsabilidade ambiental e social, ela deve
ter em mente que a qualidade de seus recursos humanos é
o alicerce para que o empreendimento tenha sucesso, caso
contrário, podem se transformar em uma ameaça aos negócios.
Mas como a empresa pode ter credibilidade se o pessoal
interno não estiver convencido e preparado para a proposta
socioambiental da empresa?
Por isso, é de estrema importância que as áreas de
Recursos Humanos e de Meio Ambiente de uma empresa
estejam em sintonia para elaborar programas de conscien-
tização e de formação, a fim de que toda a equipe possa ter
um mesmo ideal de comprometimento social e ambiental.
Já que faz parte da cultura de uma empresa socioambien-
talmente responsável o envolvimento de toda a equipe. E
você sabe o que as empresas podem fazer para incentivar
seus funcionários a participarem de programas ambientais?

Formação dos recursos humanos

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Além da instrução formal e técnica, para incentivar os
empregados, podem ser criados bônus salariais que propiciem
a melhora da qualidade ambiental. Assim, poderão ser
atribuídas vantagens financeiras para as sugestões, ações e
comportamentos que impliquem eficiência energética, menor
desperdício de materiais, redução de resíduos e efluentes,
tornando-se a longo prazo um hábito comum entre todos os
indivíduos da empresa.
As empresas também podem investir de forma indireta
na mudança de hábitos dos funcionários, como construção de
áreas de descanso arborizadas, espaço de leitura de livros e
revistas com temáticas ambientais, alimentação integral nos
refeitórios, horários flexíveis para diminuir o tráfico no trânsito,
dispor de transporte coletivo para os funcionários, locais com
ventilação e iluminação adequadas etc.
Outro investimento importante é o treinamento técnico
para a gestão ambiental como um todo, que possibilite a
mudança de atitude por parte dos gerentes e subordinados.
Por isso, é importante que a empresa integre a questão
socioambiental em seus programas de treinamento de gerentes
e demais funcionários, para que eles possam considerar as
variáveis sociais e ambientais importantes. Entre as temáticas
que poderiam ser incluídas nesses treinamentos, destacamos:
“Auditoria Ambiental; Auditoria energética; Marketing verde;
Administração de resíduos e reciclagem; Responsabilidade
social da empresa; Comunicação e participação nas questões
ambientais; Tecnologia limpa; etc.” (DONAIRE, 2012, p 104,
grifo nosso).
É importante ressaltar que as orientações desses
treinamentos não devem se restringir a informações
técnicas para que estes não se tornem enfadonhos e pouco
eficientes. Assim, é necessário a prática do conhecimento,
visitando empreendimentos que apresentam a proposta de
gestão ambiental, bem como a participação de organizações
não governamentais e dos diversos setores da sociedade
nos esquemas de treinamentos para compreender todas
as variáveis que integram o contexto da questão social e
ambiental da organização empresarial.
Esses aspectos são importantes, já que a qualidade
ambiental e a mudança de atitudes e o enquadramento dos
recursos humanos às demandas socioambientais só poderão
evoluir com investimentos massivos em sua formação e
conscientização.

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O investimento no treinamento dos recursos
humanos para as questões sociais e ambientais
é muito importante, pois são eles que poderão
propiciar sucesso para a empresa.

14.3.1 O papel das Instituições de Ensino Superior para a


formação de profissionais socioambientalmente responsáveis

É um grande desafio e compromisso das Instituições de


Ensino Superior (IES) preparar profissionais que respondam
às demandas socioambientais e econômicas no contexto da
sociedade atual.

As IES e a formação dos gestores ambientais

Essas instituições têm um grande papel de instrumentalizar


os futuros profissionais a fim de que estes elevem o nível de
conhecimento, tenham responsabilidade em relação ao meio

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ambiente e aos fatores sociais, preocupem-se com as questões
éticas e pensem de forma crítica, holística e coletiva sobre as
contradições da sociedade.
A educação dos futuros gestores ambientais de uma
empresa é extremamente relevante para que as organizações
propiciem um modo de agir diferenciado, que demonstre
preocupação com as pessoas e com as gerações futuras.
De acordo com Aligleri, Aligleri e Kruglianskas (2009, p.
190), os gestores ambientais têm quatro desafios-chave que
devem estar preparados para enfrentar, como: “pensar e agir
num contexto global, ampliar o propósito da empresa para além
dos resultados econômico-financeiros, colocar a ética como
atributo central e reestruturar a educação dos executivos”,
o objetivo de tais medidas é “inserir transversalmente nos
currículos a responsabilidade social empresarial”.
Dessa forma, o papel das IES compreende a formação de
profissionais capazes de enfrentar esses desafios impostos pelo
mundo globalizado. Para isso, tais instituições devem investir
em produção de conhecimentos técnicos e científicos e no
desenvolvimento de modelos de aprendizados mais comprometidos
com o bem-estar social e ambiental do planeta. Assim, os
projetos pedagógicos dos cursos devem ser alicerçados por ideais
que valorizem a educação de novos valores, comportamentos e
condutas pessoais e organizacionais, incorporando as dimensões
sociais e ambientais nas diferentes disciplinas dos cursos de
formação desses profissionais, visto que:
São elas que formam os dirigentes
intelectuais e políticos, os futuros diretores
empresariais, assim como grande parte do
corpo docente. No âmbito de seu papel social
as universidades podem pôr a sua autonomia
a serviço do debate das grandes questões
éticas e científicas com as quais se confrontará
a sociedade de amanhã e fazer a ligação com
o resto do sistema educativo, oferecendo
aos adultos a possibilidade de retomar os
estudos e desempenhando a função de centro
de estudo, enriquecimento a preservação da
cultura (DELORS, 2004, p. 141).

Dessa forma, um dos grandes desafios das IES


formadoras de futuros gestores ambientais é capacitá-los para
entender a inter-relação entre o crescimento econômico e a
responsabilidade social e ambiental. Para isso, elas devem
superar a fragmentação do conhecimento e reintegrar o saber
em espaços criativos, valorizando a conexão entre as pessoas
e os diferentes saberes.

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Além disso, é importante promover debates sobre a
sustentabilidade, propiciando aos estudantes conhecimentos
para que eles sejam capazes de refletir as ações de uma empresa
e instituir novas práticas gerenciais. Essas são medidas que
fazem com que as IES reencontrem o verdadeiro sentido de
contribuição social e ambiental de seus serviços à comunidade.

As IES têm um papel fundamental na formação


de gestores socioambientais para atender às
demandas da globalização da economia e dos
consumidores e investidores cada vez mais exigentes
e críticos quanto às questões sociais e ambientais.

14.3.2 Os conhecimentos necessários para um


gestor ambiental de sucesso

É cada vez mais importante a necessidade das empresas


em manter uma postura ética de seus empreendimentos com
os stakeholders, atendendo às leis, respeitando a natureza e
as demandas da sociedade.
A responsabilidade socioambiental deve estar na cultura
da empresa, e os gestores ambientais são os responsáveis por
pensar em ações que façam com que essa ideia se torne parte
da cultura operacional de todos os trabalhadores da empresa.
Nesse sentido, qualquer gerente deve ser capaz de
compreender e lidar com as novas questões impostas pela crise
socioambiental e pelo aumento significativo de consumidores
e investidores mais exigentes.

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Conexão de diferentes saberes

Isso faz com que o gestor de uma empresa tenha uma


visão não apenas para a produtividade e lucratividade do
empreendimento, ele deve ir além, uma vez que a produtividade
e a lucratividade só serão alcançadas se forem atendidas às
questões éticas, ambientais e sociais, pois:
O novo gestor deverá preocupar-se com
os princípios, transparência, diálogo
constante com públicos diversos, além de
gerar valor em três dimensões: econômica,
social e ambiental. A nova lógica impacta
decisivamente na percepção sobre a empresa
e nos critérios para a tomada de decisão,
pois o gestor passa a ser solucionador de
problemas socioambientais ao invés de
gerador de impactos adversos. (ALIGLERI;
ALIGLERI; KRUGLIANSKAS, 2009, p. 193).

Nesse sentido, o gestor socioambiental precisa ter


conhecimentos para poder antecipar os problemas, ter visão
holística das atividades organizacionais e conectar diferentes
variáveis que podem interferir na dinâmica ambiental, social
e econômica da empresa e de todos que estão ligados a ela.
Por isso, esse novo paradigma de profissional demanda a
mudança de paradigmas da educação tradicional, que, muitas
vezes, está pautada em conhecimentos fragmentados que
não dão suporte a uma visão global e de interligações entre
diferentes variáveis.
O quadro, a seguir, mostra algumas características que
um gestor socioambiental precisa ter durante sua formação
inicial e continuada para induzir a sustentabilidade na
empresa e na sociedade.

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Conhecimento Habilidades Atitudes Valores
Compreender a complexidade
do tema, sua transversalidade Identificar oportunidade e Coragem para romper Elevado senso de
e suas conexões em toda a criar soluções novas. barreiras à mudança. justiça.
cadeia produtiva.

Visão ampla e de longo


Entender que sustentabilidade Crença firme;
prazo do propósito Apego à liberdade.
é inovação. coerência nas atitudes.
da empresa.

Saber dialogar, envolver


Cultura geral e ampla visão Prazer em educar e
colaboradores e Senso de humanidade.
de mundo. servir.
identificar sinergias.

Compreender o conceito de Respeitar a


Saber escutar. Solidariedade
interdependência. diversidade.

Considerar os dilemas atuais Saber comunicar Inserir o tema na


Tolerância.
nas estratégias de negócio. estratégias. cultura da empresa.

Entender o tripé
Interagir com stakeholders Perseverar. Transparência.
da sustentabilidade.

Saber como mudar modelos Planejar de modo


Paixão pelo que faz. Ética.
de gestão. sistêmico.

Analisar riscos e
Dominar as variáveis do
oportunidades sob vários Proatividade. Fé no futuro.
sistema
ângulos.

Construir redes de
Visão coletivista.
relacionamento.

Acreditar nas pessoas.

Criar pontes com os


setores públicos e da
sociedade civil.
Quadro 1 - Perfil do líder em sustentabilidade
Fonte: adaptado de Aligleri, Aligleri e Kruglianskas, 2009, p. 194.

Uma formação inicial sólida, comprometida com as


questões socioambientais é muito importante, no entanto, ela
sozinha não dá conta de atender a toda complexidade existente
no mundo dos negócios. “Além da sólida formação, as empresas
buscam profissionais que não sejam apenas solucionadores
de problemas, mas capazes de encontrar respostas a partir
do relacionamento com diferentes públicos de interesse”
(ALIGLERI; ALIGLERI; KRUGLIANSKAS, 2009, p. 199).
É por isso que as experiências acumuladas durante
o tempo, o engajamento do aluno e/ou profissional em se

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especializar cada vez mais sobre o assunto e as conexões
que fazem com outros conhecimentos e pessoas são fatores
que fazem a diferença na sua vida pessoal e, principalmente,
profissional.
Dessa forma, podemos entender que para ser um gestor
socioambiental de sucesso, é necessário estar em constante
formação, aprendendo novos conhecimentos e habilidades
conceituais, humanas e técnicas. Além de ter a habilidade
de estabelecer conexões de ideias e o inter-relacionamento
com os diferentes públicos que estão ligados à empresa.
Possibilitando, dessa forma, uma nova forma de gerir uma
empresa e conduzi-la ao desenvolvimento sustentável.

É importante que os gestores ambientais


tenham conhecimentos de áreas distintas para que
possam conectar as diferentes variáveis inerentes
ao desenvolvimento sustentável.

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Conexão

A formação de profissionais que estão de acordo com as


novas demandas socioambientais da sociedade e do mercado
globalizado é muito importante para o desenvolvimento
socioambiental das empresas e da comunidade. Por isso, as
contribuições vindas das diferentes áreas do conhecimento
como a sociologia, a economia, a antropologia, a educação, a
filosofia, a ecologia, entre outras, diminuirão o reducionismo
do conhecimento e ampliarão a visão de mundo, possibilitando,
assim, estabelecer as conexões necessárias para entender as
contradições existentes na sociedade.

Aplicação

As exigências legais e da população cada vez mais


crítica para as questões socioambientais estão fazendo com
que muitas empresas adotem políticas de responsabilidade
socioambiental. Um exemplo disso foi o esforço unificado
de 1.250 indústrias, localizadas ao longo do rio Tietê, com
o objetivo de desenvolver práticas de despoluição de suas
águas. O resultado, hoje, é que a poluição desse rio está mais
ligada a esgotos domésticos, invertendo-se uma situação na
qual as empresas eram as principais responsáveis.

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REFERÊNCIAS

ALIGLERI, L.; ALIGLERI, L. A.; KRUGLIANSKAS, I. Gestão


socioambiental: responsabilidade e sustentabilidade do
negócio. São Paulo: Atlas, 2009.
ALMEIDA, F. O Bom Negócio da Sustentabilidade. Rio de
Janeiro: Nova fronteira, 2002.
BORGER, F. G. Responsabilidade Social: Efeitos da
Atuação Social na Dinâmica Empresarial. Tese (Doutorado em
Administração) - Departamento de Administração. São Paulo:
USP, 2001.
______. Responsabilidade social empresarial e sustentabilidade
para a gestão empresarial. Instituto Ethos, 2013.
Disponível em:<www3.ethos.org.br/cedoc/responsabilidade-
social-empresarial-e-sustentabilidade-para-a-gestao-
empresarial/#.VykQCvkrJdh>. Acesso em: 02 mai. 2016.
DELORS, J. (Coord.). Educação: um tesouro a descobrir:
relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre
Educação para o Século XXI. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2004.
DIAS, R. Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e
Sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2011.
DONAIRE, D. Gestão Ambiental na Empresa. São Paulo:
Atlas, 2012.

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