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Alexis de Tocqueville | O Antigo Regime ea Revolucdo Pensamento Politico Com apresentacéo do Prof. Zevedei Barbu (UnB) UNICAMP BIBLIOTECA CENTRAL | CE eaters Uheinersitlde de Brastha | CAPITULO 1 Julgamentos contraditérios que sto enunciados sobre a Revolucdo ao seu nascimento NADA Mais 1NDICADO para recordar a necessidade da modéstia que a historia da nossa Revolucio pois nunca houve acontecimentos maiores, conduzidos de mais Jonge, melhor preparados ¢ menos previstos. 1 grande Frederico apesar de seu genio no a prevé. Toca-a sem vé-la. Eo que € a ainda, age amecipadarente confor seu epi seu preiror 6, por fla se mostra, afinal, os tracos novos © extraordiniros, que Wo caracterzar sua aos olhares La fora é objeto da curiosidade universal; por toda parte gera no espirto dos povos uma expécie de nocioindistinta de novos tempos em preparo, ¢vagas espe- Tancas de mudancas ¢ eformas, Contuclo ninguém adivinha ainda o que serd. Os Isis constituico de wodos os povos € propensae cujo unico efeto € abrir novos compos & politica seus vsinhos. Quando dizem por acaso a verdade sobre a Re- olucio é 4 sua reveia. E bem verdade que os principas soberanos da Alemanha Feunidos em Pllniz em 1791, proclamam que’ petiga ameacando a vealera na Brana € comusn a todos os antigos paiteres du Europa e que todos sofvem a mesma Cameaca. Os documentos sceretos da época revelam que para eles tudo ito no pas- paras muliddes ‘Quanto a cls, ttm a certera que a Revolucio Francesa no passa de um aciden te locale ranstério do qual x5 & precio trar partido. Com este pensamento com. ebem projetos, fazem preparativos, contratam alfancas seeretas, discstem entre st Honparso que aacontecer ; : 2 libefdade poltica dio mals lure experiéncia percebem, como atiavés de um véu Sspesio, a imagem de uma grande revolucto que svancs, mas nlo conseguem ds- Singuir sua forma, ea acdo que vai cxercer em breve sobre os estnos do mundo © Arthur Young, que percorre a Franca na hora re ence cies ees cds ee eee eee eee See ele re cect een eee Ree icocc ka eure e tea eine ausrnec nod erin ance Wate ee es 52 (© ANTIGO REGIME EA REVOLUGAO (© que dela augura primeiro é que a Franca ficard enervada ¢ como aniquilada "Ede crer”, diz ele, "que as faculdades guerreiras da Franca ficardo apagadas por ‘muito tempo ¢, quem sabe, talver até para sempre e que os homens da geracio que se seguird a esta poderdo dizer como aquele antigo: “Gallos quogue in bells floratsse ‘audivtmus”: “Ouvimos dizer que os proprios gauleses brilharam outrora pelas o julgam melhor os acontecimentos de perto que de longe. Na Franca, na véspera do dia em que a Revolucio vai explodit, no se tem ainda nenhurma kléia precisa sobre o que ela val lazer. Entre esta mulldo de cadernos existentes, 56 e Eontro dois que mostram uma certa apreensio do povo. O que se reccia € a ponderincia que deverd conservar 0 poder real, a corte como ainda o chamam. A fraquera c a-cuta duracio dos Estados-Gerais inquitam. Receia-se que 0s vio- zem alguns destes cadernos, "fario o juramento de nunca item armas contra 0: ci diaduog mesmo em easo de sedicao ou de revo” Que os Estados Geral sjamn Fores! Endo serd fall aabar com todos os abusost A relorma que est para fazer € imensa, massed fa! 1A Revoluclo segue, no entanto, seu curso: A medida que se v8 aparecer a cabe- cade monsro, que sua fisionomia singular eterivel vai-se descabrindo: que apés tara do governo, mexe nos fundamencos da sovcdade’e parece querer ag Deus quando esta mesina Revolucio expande-serapidarhente para fora ol das", como dizia Pitt, um poder espantoso que derruba as barreiras dos impérios, Gquebra as eoroas,esmaga os povos coisa etrana! —chegaao mesmo tempo a anh-los a sua Cuusas4 medida que todas eta coisas explodem, o ponto de vista fhuda. © que, primer, parecia aos principes da Europa e-aos estaistas um ac fcomteceu amtes-no munds ¢-no entanto tio gera, 130 monstruoso, to incom __ preensvel que a0 apercebé-lo exprito human fica como perdido. Uns pensar Mie ea ores deconhecida que aparememente nada consogu aimertar nem dr fbar, que no € possivel para que nio pode parar por st vai empurrar as socie- aces humanas até sua dissolucio completa e final. Alguns a constderam come Scio visiel do demanio na terra. "A Revoluclo Francesa tem unm carter Sa diz or. M. de Maistre, emt 1797, Outros, a0 contririo, nla descobrem um prop sito benfaejo de Deus querendo renovar no somente a face da Franca mas am bem do mundo e que vai car, de alguma mancia, uma nova humanidade. En ontramos em dversos escritores daquela epoca algo deste pavorteligioso resent {> por Salviano a0 ver os Barbaro. Retomando seu pensamento, Burke exclama "rlvada de seu antigo governo ou, mals exatamente, de qualquer governo, pare cia que a Franca cra mais um objeto de insultoe compaixio que o lagelo co terror do ginero humano. Mas do wimulo desta monarqulaassavemada salu Um se forme imenso, mais terrvel que qualquer daqueles que js acabrunharam e subj garam a imaginacio dos hontens’ Este ser hediondo e esranho marcha em linha Feta para seu alvo sem deixar-e apavorar pelo perigo ou detcr-se pelo Femorso: Contendor de todas as miximas herdadas ¢ de todos os meios habitats, derruba queles que nem podem compreender como chega a exist” Yo! 6 acontetimento realmente Wo cxtraonindrio quanto seus contempori- neds 0 Consideravam outrora? Tao incrive, do profundamiente perurbador e re LIVRO PRIMEIRO — CAPITULO 1 58 {) novador quanto o supunham? Qual foi o verdadeiro sentido, qual foi o verdadeiro faater, quais si os efeitos permanente dena entranha eterivel revolucao? O que Miata tamente que desruia’'© que foi que criou? Rascer gue chgot sors de perro io cdo equ nos encom mas hoje neste ponto exato de onte melhor se pode aperceberefulgar este grande todo: Basiante alastados da Revolucto para s sent racamenie Ss paixdee que turyaram a visio daqucles que a facram, mas bastante préximos park podertos entrar no esprit que a trouee para compreende-la. Em breve ser dif fz, poisassrantesrevolucdes vencedora, a0 fer desaparcecr ay causas que as prod, im, fornam-se incompreensiveis devido ao seus proprion éxtos

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