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Aceitar os Pais como DOADORES do DOM DA VIDA – Bert Hellinger

Texto do livro: A Simetria oculta do Amor - Ed. Cultrix Pag 112

Aceitar os pais é realmente um processo interior.

Nossos pais nos dão a vida e são os únicos capazes de fazer isso. Outras pessoas
talvez nos dêem alguma coisa alem disso. Estritamente falando, não recebemos a vida
de nossos pais – ela nos vem de longe por intermédio deles. Os pais são a nossa
conexão com a fonte da Vida, com algo além das falhas que porventura tenham.
Ligados a eles, encontramos essa fonte mais profunda, que encerra muitas surpresas
e mistérios. Uma coisa bonita acontece quando as pessoas observam seus pais e
reconhecem neles a fonte da vida. O amor exige que quem recebe que reverencie o
DOM e o DOADOR. Quem ama e honra a vida, implicitamente glorifica e ama quem a
dispensa. Quem despreza ou desmerece a vida, não a respeitando amesquinha os que
a dão. Quando as pessoas recebem e reverenciam o DOM e os DOADORES erguem
bem alto o presente até que rebrilhe; e, embora esse presente passe por meio delas
àqueles que seguem, o doador continua banhado em sua LUZ.

....... Aceitar os pais não quer dizer negar as coisas negativas, mas permitir a nós
mesmos tocar as profundezas de seus corações, lá onde sofre mais amargamente ao
ver os filhos às voltas com o mesmo padrão em que estiveram enredados. Quando as
pessoas conseguem atingir as profundezas do coração dos pais, estão mudadas - e
mudam também os pais.
Hellinger fala da possibilidade de contemplar os pais à luz do contexto de seu destino.
Percebemos seus fracassos, seus sofrimentos e decepções, entregamo-los a seu fardo
para que lidem com ele como melhor entenderem e reconhecemos o nosso lugar na
hierarquia familiar. Para, além disso, atingimos o mistério mais amplo da vida, que fluí
através deles até nós.
Sem dúvida, tudo é mais fácil quando nosso pai ou mãe realmente demonstram algo
dessa bondade, e a maioria deles o faz. Em nossos grupos de terapia, os participantes
são convidados a fazer um experimento. Imaginam que o seu próprio filho ou filha já
está crescido e sofre com problemas familiares que lhes foram transmitidos. Essa é,
invariavelmente, uma imagem penosa, mesmo para quem não tem filhos. Os
participantes às vezes, em seguida estimulados a imaginar que o filho ou a filha já está
crescido procura aceitar o problema e superá-lo. Em seguida imagina que logra êxito
em acolher o que foi bom e deixar para trás aquilo que tem sido um peso. Ë um grande
alívio para os país e filhos.

Hellinger descreve um movimento concreto, de uma ação entre pessoas reais. Isso
significa aceitar o pai e a mãe reais e vê-los pelos olhos de um adulto postado na
Ordem do Amor, não pelos olhos de um filho afligido. Muitas pessoas têm
conseguido pôr em dia o relacionamento com os pais, fazendo o amor regressar ao
sistema familiar a despeito de coisas terríveis que tiveram de padecer. Quando elas
conseguem êxito, todos os membros do sistema o percebem: os pais, elas mesmas e
os seus filhos.

.....Tornar-se Pai ou Mãe e ser um Pai ou Mãe nada tem a ver com a maldade ou
bondade Ser pai ou mãe é um processo além do bem e do mal. Conceber um filho é
prestar um serviço à vida, e não depende de juízos morais para ser um ato digno de
reverência.
Aceitar os pais tem um efeito estranho: a separação. Não se trata de um mal de algo
que completa e aperfeiçoa o relacionamento com eles.
Aceitar os pais significa: ”Reconheço tudo o que eles me deram, Foi muito e foi
suficiente. O de que eu mais precisar, ganharei por mim mesmo ou de outros, de modo
que agora vou deixá-los em paz”. Significa ainda: ”Recebo o que ganhei e, se deixo
meus pais, continuo possuindo-os e eles a mim.”

Num grupo, um médico muito bem sucedido perguntou: ”Que devo fazer? Meus pais se
metem nos meus assuntos o tempo todo”. Eu lhe disse: Eles têm o direito de meter o
bedelho na sua vida quando quiserem! “E você tem o direito de ir em frente e fazer o
que achar melhor para você mesmo”.
Filhos que não aceitam os pais estão constantemente procurando compensar este
déficit. Freqüentemente a busca de autocompreensão e iluminação não passam de
busca de um pai ou mãe que ainda não foi aceito. A procura de Deus às vezes cessa
ou toma rumo diferente depois de se aceitar um pai ou mãe. Muitas pessoas têm
descoberto que sua “crise de meia idade“ resolveu-se logo que conseguiram tomar um
dos pais até aí rejeitado.
Bert Hellinger “É consistente com as ordens do amor quando os filhos dizem aos seus pais,
"vocês deram-me bastante, e é suficiente. Eu aceito isso de vós com apreciação e amor." Um
filho que sinta isso, sente-se cheio e próspero, não importa o que pode ter sido antes. Tal filho
poderia adicionar, "eu cuidarei do resto." Esta também é uma bonit...a experiência. E o filho
poderia adicionar, "agora deixo-os em paz." O efeito destas frases é muito profundo. Os filhos
têm os seus pais, e os pais têm os seus filhos. São simultaneamente separados e tornam-se
independentes. Os pais terminaram o seu trabalho, e os filhos são livres para viver as suas vidas
com respeito para com seus pais, sem serem dependentes deles.”

"O Sucesso é uma lei da vida. Toda vida é bem sucedida. O importante é se também Tomarmos a vida
como vida. Vida e mãe são intimamente o mesmo. Do mesmo modo que tomamos nossa mãe, assim
tomamos a vida. Quem rejeita a mãe rejeita a vida".
Bert Hellinger

Obs: Ao digitar este trecho fiz os meus grifos.


Segue um exercício que aprendemos durante o curso, mas não me recordo de qual professor a
autoria.

Exercício:
Aceitar os Pais como DOADORES o DOM DA VIDA

Objetivo: Proporcionar um momento de reflexão sobre a aceitação aos pais reais,


experienciar a possibilidade de reconciliação e possibilitar a troca de sentimentos da
experiência vivenciada. Promover a integração do grupo.

Duração: 30 minutos aproximadamente

Material: 3 folhas de papel em branco.

Procedimentos:
1-Distribuir para todos participantes 3 folhas de papel em branco e solicitar aos
participantes fazerem um símbolo ou desenho dos pais em cada uma das folhas:
1- pais idealizados; 2 - pais negativos; 3 - pais reais.
2- Solicitar aos participantes que fiquem de pé e coloquem no chão, na sua frente as 3
folhas separadamente: a primeira representa os pais idealizados, perfeitos, a segunda
os pais negativos e limitados e a terceira os pais reais do jeito que são.
Durante todo o processo do exercício os participantes deverão observar o contato com
os lugares diante das folhas e entrarem em contato com os sentimentos, emoções e
sensações corporais.
3- Antes de orientar o segundo passo, o facilitador pode se achar conveniente, e se
houve disponibilidade de tempo, contar alguma experiência de constelação ou ler o
texto acima para os participantes.
4- Diante das 3 folhas no chão:
- no primeiro momento os participantes se movimentam e ficam 5 minutos de frente
para a primeira folha dos pais idealizados conduzindo para que todos visualizem todos
os aspectos dos pais idealizados;
- no segundo momento passa para a segunda folha e repete durante mais 5 minutos a
visualização focalizando os aspectos limitadores, os pais negativos, e,
- no terceiro momento passa para a terceira folha diante dos pais reais onde ficarão
mais 5 minutos.
Após esse tempo, na frente da terceira folha, pegam as duas folhas anteriores e
coloquem as mesmas juntas em cima da terceira folha e dê mais um tempo,
aproximadamente 5 minutos.
Após este tempo, sugerir cinco minutos para compartilhar a vivencia com dois ou três
participantes.
No final, o facilitador deve monitorar reflexões sistêmicas e questionamentos, podendo
encerrar com o poema de Bert Hellinger – Ação de graças na Aurora da Vida – pag.
269 do Livro A simetria Oculta do Amor.- Ed. Cultrix

Ação de Graças na Aurora da Vida


Querida Mamãe/Mãe,
Aceito tudo o que vem de ti,
Tudo, com todas as conseqüências,
Pelo preço que te custa
E que me custa.
Disso farei algo positivo em tua memória,
Com gratidão e respeito.
O que fizeste não pode Ter sido em vão.
Está comigo, em meu coração,
E, se me for permitido, passá-lo-ei adiante,
Como fizeste.

Aceito-te como mãe.


E tu me terás por filha.
És Minha única mãe e seu sou teu/tua filho/filha.
És grande, eu sou pequeno (a).
Tu dás e eu recebo querida Mamãe.
Estou feliz por teres escolhido Papai por marido.
Sois ambos os pais que me convém.

Querido Papai/pai,
Aceito tudo o que vem de ti,
Tudo com todas as conseqüências.
Pelo preço que te custa
E que me custa.
Disso farei algo positivo em tua memória,
Com gratidão e respeito.
O que me fizeste não pode Ter sido em vão.
Está comigo, em meu coração,
E, se me for permitido, passá-lo-ei adiante,
Como fizeste.

Aceito-te como pai,


E tu me terás por filho/filha.
És meu único pai e eu sou teu/tua filha.
És grande, eu sou pequeno (a)
Tu dás e eu recebo querido Papai.
Estou feliz, por teres escolhido Mamãe por esposa.
Sois ambos, os pais que me convêm.

Miriam Coelho Braga


Brasília, 16/03/2010

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