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net/publication/321642309
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Monitoramento e avaliação de espaços coletivos para a construção social dos mercados pela agricultura familiar de Unaí - MG View project
All content following this page was uploaded by Adalgisa Chaib on 07 December 2017.
Introdução
Os recursos genéticos vegetais destacam-se pois se relacionam com necessidades
básicas do homem, e com a solução de graves problemas como a fome e a pobreza. Nas
plantas cultivadas, tanto as variedades antigas (landraces) como as variedades melhoradas,
representam uma forma de recurso genético que deve ser conservado e preservado, pois
poderá ser utilizado por melhoristas em programas de melhoramento. Especialmente visando
à geração de variedades mais produtivas, com qualidade específica, resistência a pragas e
doenças, adaptações específicas, entre outras. Entretanto para isso os pesquisadores precisam
conhecer amplamente o germoplasma que dispõem.
A variabilidade genética em mandioca no Brasil é muito grande, em razão do país ser
o centro de origem e domesticação da cultura (Olsen, 2004; Carvalho, 2005). Essa variação é
resultado da seleção natural e cultural durante a pré e pós-domesticação da espécie, nos
diversos ambientes (Fukuda, 1996).
Entretanto, para que toda essa variabilidade seja conservada e utilizada com eficiência
é necessário que o germoplasma esteja caracterizado. Uma vez que a caracterização do
germoplasma é o ponto de partida para que o pesquisador defina quais acessos serão incluídos
na etapa de avaliação agronômica. Portanto, primeiro o pesquisador faz uma caracterização
mais ampla e a partir daí define com maior objetividade os acessos que serão submetidos à
etapa de avaliação agronômica, etapa em que os acessos são estudados em experimentos mais
elaborados com delineamento experimental e que permitem um estudo do desempenho dos
genótipos em relação aos principais caracteres de interesse (Hidalgo, 2003). Para que com
base nos resultados de caracterização e avaliação o pesquisador defina quais as prioridades
para novas coletas e quais acessos devem ser utilizados no melhoramento genético.
Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi caracterizar o Banco Regional de
Germoplasma de Mandioca do Cerrado por meio de descritores morfológicos.
Material e Métodos
No ano de 2007, 421 acessos do Banco Regional de Germoplasma de Mandioca do
Cerrado (BGMC), que é mantido na Embrapa Cerrados em Planaltina-DF, foram
caracterizados por meio dos 33 descritores morfológicos de mandioca listados na Tabela 1. As
avaliações seguiram as recomendações de Fukuda e Guevara (1998). Além desses descritores
morfológicos, os acessos tiveram determinado o teor de HCN nas raízes, por meio do método
qualitativo descrito por Willians e Edwards (1980). A partir dos dados aferidos foram
calculadas as freqüências de cada fenótipo entre os acessos conservados no BGMC.
Resultados e Discussão
Por meio da análise dos resultados obtidos, podemos afirmar que os acessos
conservados no BGMC apresentam variabilidade genética, uma vez que apenas para os
caracteres hábito de crescimento do caule e comprimento das estípulas não foi detectada
variabilidade, uma vez que todos os acessos avaliados revelaram crescimento reto do caule e
estípulas curtas (Tabela 1). Esses resultados permitem o estabelecimento da hipótese de que
esses acessos possuem ampla base genética, o que pode ser explicada pelo fato de pequenos
agricultores, em especial, terem sempre mantido elevada variabilidade genética sob cultivo,
uma vez que eles normalmente cultivam grande número de genótipos de forma conjunta e
normalmente introduzem novos genótipos aos seus cultivos (Bellon, 1996; Sambatti et al.,
2000).
Apesar da elevada variabilidade fenotípica detectada para a grande maioria dos
caracteres aferidos, alguns fenótipos foram detectados em frequência muito baixa no BGMC
e devem portanto ser priorizados em futuras coletas como: i) forma do lóbulo central ovóide e
pandurada; ii) cor do córtex do caule amarelo; iii) cor externa do caule laranja; iv) cor externa
da raiz amarela; v) cor da polpa da raiz rosada; vi) cor da folha desenvolvida verde arroxeado
e roxa; vii) folhas com três e onze lóbulos; viii) cor da epiderme do caule laranja; ix) planta
sem ramificações; x) cor da nervura da folha vermelha; xi) pecíolo inclinado para cima, para
baixo ou irregular; xii) margem das estípulas inteiras; xiii) forma da raiz irregular; xiv) planta
aberta e cilíndrica; xv) diâmetro médio da raiz grosso; e xvi) conteúdo de ácido cianídrico nas
raízes acima de 100 ppm (Tabela 1). Dentre esses caracteres o mais importante
comercialmente atualmente para o mercado de mandioca para consumo in natura, é a
coloração da polpa da raiz rosada que esta associada à presença de licopeno nas raízes que é
uma substância antioxidante com possível importância na prevenção a doenças. Outro caráter
de importância e que ocorre em baixa frequência no BGMC e o teor de HCN acima de 100
ppm nas raízes, que está associado à toxicidade das raízes de mandioca e que determina se um
acesso pode ou não ser consumido na forma in natura. Sendo que acessos que apresentam
menos de 100 ppm de HCN nas raízes podem ter suas raízes tanto consumidas na forma in
natura (alimentação humana ou animal) como industrializada (farinha, fécula, entre outros).
Enquanto que os acessos que apresentam mais de 100 ppm de HCN nas raízes
necessariamente precisam ser processados, para eliminação do HCN, antes do consumo.
Tabela 1. Caracteres avaliados, classes fenotípicas e frequência de acessos em cada uma das
classes.
Conclusões
Os acessos de mandioca conservados no Banco de Regional de Germoplasma de
Mandioca do Cerrado evidenciam elevada variabilidade genética, passível de ser utilizada no
melhoramento genético da cultura.
Agradecimentos
Os autores agradecem a Embrapa, Fundação Banco do Brasil, CNPq, FAPDF e ao
Programa Biodiversidade Brasil-Itália pelo apoio financeiro.
Referência Bibliográficas
BELLON, M.R. The dymanics of crop intraspecifc diversity: a conceptual framework at the
farmer level. Economic Botany, v.50, p.26-39, 1996.
OLSEN, K.M. SNPs, SSRs and inferences on cassava’s origin. Plant Molecular Biology,
v.56, p.517-526, 2004.
WILLIAMS, H.J.; EDWARDS, T.G. Estimation of Cyanide with Alkaline Picrate. Journal
of the Science of Food and Agriculture, v.31, p.15-22, 1980.