Professional Documents
Culture Documents
Poço Iniciático
Torre da Regaleira
Gruta de Leda
GRUTA DE LEDA
TORRE DA REGALEIRA
POÇO INICIÁTICO
@
Universidade Independente
Cinquenta anos mais tarde, já com as características actuais, a quinta foi vendida
a Waldemar D'Orey que, sem ter desvirtualizado o que tinha sido concebido com
tanto método, procedeu a pequenas obras que lhe permitissem acolher a grande
família que tinha. Em 1987 a Quinta da Regaleira passa a ser propriedade da
empresa japonesa Aoki Corporation, entrando num pe-ríodo de dez anos de plena
inactividade.
Em 1997, dois anos depois de Sintra ter sido classificada Pa-trimónio Mundial, a
Câmara Municipal adquire este valioso património, iniciando pouco depois um
exaustivo trabalho de recuperação do património edificado e dos jardins. Uma vez
concluídas as obras, a quinta foi finalmente aberta ao público como centro de
actividades culturais.
O início das obras deu-se em 1898 com a adaptação da Casa da Renascença (actual
sede da Fundação CulturSintra) para residência do casal Carvalho Monteiro.
Seguiu-se a remodelação das cocheiras, depois a construção da capela e,
finalmente, a edificação do palácio. Durante todas estas obras, até 1910, o trabalho
dos artífices de Coimbra foi exclusivamente dedicado a Carvalho Monteiro, sendo a
maioria das peças artísticas trabalhada na oficina de João Machado e depois
enviada para Lisboa por comboio.
A visita a todo este universo começa junto ao chamado Patamar dos Deuses,
terraço onde estátuas de vários seres divinos estão alinhadas ao longo do caminho.
Daqui parte-se para uma visita ao interior dos jardins onde a cada momento o
visitante é surpreendido por lagos, fontes, torres, terraços, grutas e muitos
elementos simbólicos.
A certa altura do percurso surge, num dos lugares mais bonitos da mata, um
aglomerado de pedras que esconde uma disfarçada porta de pedra. Essa porta
transporta-nos para um dos locais mais impressionantes da quinta - o fantástico
poço iniciático, que, como se fosse uma torre invertida, nos leva ao interior da
terra. De quinze em quinze degraus descem-se os nove patamares circulares do
poço, recriando o ritual em que se descia ao abismo da terra ou se subia em
direcção ao céu, consoante a natureza do percurso iniciático escolhido. Os nove
patamares aludem aos nove círculos do Inferno, às nove secções do Purgatório e
aos nove céus do Paraíso, que Dante consagrou na Divina Comédia. Lá no fundo, a
carga dramática acentua-se. Gravada em embutidos de mármore em tons rosa,
sobressai a grande cruz dos Templários, aliada a uma estrela de oito pontas, afinal
o emblema heráldico de Carvalho Monteiro. É neste último patamar que entramos
num conjunto de grutas que nos conduzem ao exterior, em autênticos labirintos,
pelo mundo subterrâneo, aqui e além porventura povoado de morcegos. De
construção artificial, na sua maioria, estas galerias aproveitam, no entanto, as
características geológicas da mancha granítica da Serra de Sintra. Uma vez cá
fora, espera-nos a luz e um cenário habitado por animais fantásticos, cascatas de
água e passagens de pedra que parecem flutuar à superfície dos lagos.
Aculminar a visita à Quinta da Relageira, há que invocar a aventura dos Cavaleiros Templários, ou os ideais dos mestres da
Maçonaria, para descer ao monumental poço iniciático por uma imensa escadaria em espiral. E, lá no fundo, com os pés
assentes numa estrela de oito pontas, é como se estivéssemos imersos no ventre da Terra-Mãe. Depois, só nos resta
atravessar as trevas das grutas labirínticas, até ganharmos a luz, reflectida am lagos surpreendentes.