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INVESTIGACION CIENTIFICA:
CONVERGENCIAS YTENSIONES
BEBE VESSURI
[COMPILAD ORA]
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INVESTIGACION CIENTIFICA:
CONVERGENCIAS YTENSIONES
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[COMPILAD ORA]
La responsabilidad por las opiniones expresadas en los libros, artrculos, esludios yotras colaboraciones incumbe exclusivamente a
tos autores firmantes. ysu publicación no necesariamente relteja los puntos de visla de la Secrelarla Ejeculiva de CLACSO.
CLACSO
Conse/o Latinoamericano
do Ciencias Sociales
~t
CLACSO
Conselho Latino-americano
de CIDnclas Soclals
Sector de la Educación
~ División do la Educación Suporlor
ÍNDICE
~ ~ f~ [ ~
===-
Unlted Natlons Educatlonal,
I F.oro do la UNESCO sobre Educaclon Superior,
Invosllgaclón y ConoclmlBnto
Primera edición
Universidad e investigación cien/ffica: convergencias y tensiones PREFACIO 9
(Buenos Aires: CLACSO, noviembre de 2006)
HUGOABOITES
UNIVERSIDAD y MAQUILAD ORA EN EN TODO EL MUNDO, los sectores de la investigación y la producción
LA FRONTERA MÉXICO-ESTADOS UNIDOS: de conocimiento experimentan profundas transformaciones, y con ellos
EL EXPERIMENTO DE LA EDUCACIÓN SUPERIOR cambia rápidamente el paisaje de la educación superior. Los sistemas
EN LA INTEGRACIÓN ECONÓMICA DEL LIBRE COMERCIO de producción de conocimiento trascienden hoy la esfera de las institu-
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ciones de educación superior y abarcan laboratorios públicos, centros
de investigación, industrias, institutos privados y redes virtuales. Los
países enfTentan en diferentes contextos la exigencia de fortalecer sus
capacidades de investigación y producción de conocimientos, así como
de renovar sus sistemas y estructuras de educación superior. El crecien-
te desafio consistente en promover y reforzar la educación superiOl~ y
la investigación en la sociedad del conocimiento multiplica a su vez las
demandas de financiación, contenido y estructura de los sistemas de
educación superior. Estas presiones llegan a ser particularmente mar-
cadas en los países en desarrollo, incrementando las posibilidades de
una mayor marginación.
El análisis parsimonioso de los procesos de conocimiento tiene
un papel importante que jugar, especialmente porque a pesar de la exis-
tencia de tendencias f"uertes a una uniformidad cada vez mayor en el
plano mundial, también abundan las novedades, poniendo en evidencia
que no existe una solución única para las estructuras, sistemas o políti-
cas de investigación, educación superior o producción de conocimiento
más apropiados. La educación superior y la investigación se realizan
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
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LUIZ ANTONIO CUNHA*
AUTONOMIA UNlVERSITÁRIA:
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TEORIA E PRATICA**
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Lurz ANTONIO L;UNHA
complexa, multi-funcional, com território de configurac;:ao própria e Entre as autoridades locais da Igreja e o papado, as universidades
orc;:a~ento que, por vezes, chega a ser superior a da cidade onde se procuravam um espa~o para manter e ampliar seu es pac;:o de progres-
locahza. De urna instituic;:ao que se dedicava a Medicina e aos estudos siva laicizac;:ao. As vicissitudes dessa tensao podemser bem ilustradas
especulativo~ (teológico: e filosóficos), veio a ser urna importante ge- com episódios tao distantes no tempo como os de Abelardo e Galileu.
radora de ~Olc;:as produtIVas (humanas e materiais), ampliando o leque Ao início do século XXI, a autonomía da universidade diante do
do co~hecImen.to. Em certos países, a universidade se confunde com poder religioso é preocupante. Se a secularizac;:ao da pesquisa avanc;:ou
o ensmo s.upenOl~ enquanto, em OlItros, ela rivaliza com instituic;:6es muito, a ac;:ao das sociedades religiosas sobre a universidad e volta a se
de ~~tro tIpo na outorga de diplomas e no desenvolvimento do saber fazer sentir, direta e indiretamente. Em termos diretos, a manutenc;:ao
legItImo. No entanto, há um núcleo comum a instituic;:ao universitária, da ortodoxia religiosa leva, hoje, a proibic;:ao de temas de pesquisa nao
presente e~ todos os tempos e em todos os lugares: a luta pela di[-usao e só nas ciencias humanas e sociais, como, também, na tecnologia, do
o desenvolvImento do saber, sem constrangimentos externos, vale dizer que a genética e a reproduc;:ao humana, especificamente, saO exemplos
a luta pela autonomia. '
dramáticos. Em termos indiretos, a existencia de Estados laicos dimi-
Const~angimentos houve e há, mais fortes ou mais [Tacos, de
nui, atualmente, de modo que eles tendem a agir sobre a universidade,
mo~o que nao é exagero dizer que a luta por autonomia -diante da
em nome do interesse público religiosamente definido.
I~re]a, do Estado, do Partido ou do Mercado, por vezes urna combina-
c;:ao deles- é um elemento co-essencial a universidade .
. ~ po~t~ ~e partida para o entendimento da universidade, en- ESTADO
quanto mstltmc;:ao, de acordo com Le Goff, é que ela é produto das ci- Vergel' mostrou que, ao lado das l/universidades espontaneas", que nas-
dades, es pac;:o no qual surge um novo personagem social, o intelectual ceram a partir das escolas catedrais, houve universidades surgidas pela
que ocupa na divisao do trabalho as func;:6es de escrever e de ensinar. ' migrac;:ao de mes tres e de estudantes das primeiras, assim como univer"
sidades criadas como tais pelos papas e pelos reis, depois pelos prínci-
IGREJA pes2. Nos séculos XIV e XV, a maioria das universidades foram criadas
As sociedades de mes tres e estudantes surgiram na Europa Medieval pelos príncipes, em func;:ao da necessidades de formac;:ao de quadros
p~: ~olta do s~culo XII, no ~mbito da Igreja, disputando com ela o pri~ para a burocracia dos Estados nacionais, em desenvolvimento. Ade-
v~legI? ~o ensmo, num ambIente de progressiva laicizac;:ao, de matérias mais, a concepc;:ao do príncipe como um homem culto, levou a que se
tao ':'ItalS para essa instituic;:ao como a teologia. A universidade pre- criassem universidades como elemento de importante valor simbólico,
t~~~la ser senhora do recrutamento de mes tres e de estudantes; ter o em proveito do governante.
dllelto de. elaborar e fazer valer os estatutos que regulavam seu funcio- A multiplicac;:ao das universidades fez com que o recrutamento
namen~o mterno; e escolher os responsáveis pela aplicac;:ao dos estatu- de estudantes se tornasse maís local, diminuindo o sentimento de de-
to,s, ~sslm como os ~"epresentantes perante outras instituic;:6es e o Poder senraizamento que dava a base subjetiva para a reivindicac;:ao da auto-
Pubh~o. Neste sentIdo, os conflitos entre a universidade nascente e as nomia dos primeiros séculos.
autOl~ldade~ ec.lesiásticas, em Paris, sao paradigmáticos. A universida- Como mostrou VergeI~ a convergencia do poder político com o
de pl.~te~dla ~ltuar'-:e no am~ito da Igreja, para dispor dos privilégios poder económico, ao fim da Idade Média, levou ao fim da autonomia
eclesI~s~ICOS, m~lusI~e de sua ]ustic;:a, que lhes defendia dos burgueses e que as universidades gozavam. Antes mesmo dos Estados nacionais, as
da pohcla do rel. AssIm, era conveniente a definic;:ao social dos mes tres cidades medievais controlaram a autonomia de su as universidades, de
e d~s e/~.tudante: como clérigos. Por outro lado, para fazer valer sua vo- modo a evitar os focos de agitac;:ao política. Para isso, nomearam cida-
cac;:a~, l~ternaclOnal" e escapar da vigilancia próxima das autoridades daos para supervisionarem os studii e passaram a remunerar os profes-
ecleslastIc.a~ locais, a univ~rsidade buscava a protec;:ao do papa, cujas sores. Ao pagá-Ios, quiseram, também, escolhe-Ios. Nas suas palaVI"as:
bulas pode'Ilam lhe garantIr o status de corporac;:ao autónoma l •
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Ul~lVl:lH"'lUJ\U J:J INVJ:J:;TlGACION CIENTIFICA
LUIZ ANTONIO CUNHA
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LUIZ f\NTUNIU t.,UNHA
UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
ses em que existem essa media9ao informal, mas aceita como legítima, a autonomia e a correspondente liberdade de pesquisa e de ensino em
enquanto que, em outros, ela se dá de modo dissimulado. dois dos quatro princípios enunciados:
A Universidade é, no seio das sociedades diversamente organizadas e
MERCADO em virtud e das condic;:6es geográficas e do peso da hislória, uma ins-
tituic;:ao autónoma que, de modo crítico, pro duz e transmite a cultura
Na segunda metade do século XX, duas situa96es novas exerceram sobre
através da pesquisa e do ensino. Para se abrir as necessidades do mun-
as universidades um inédito constrangimento. De um lado, o aumento de
do contemporaneo, ela deve sel~ no seu esforc;:o de pesquisa e de ensi-
suas despesas as fizeram demandantes de mais e mais recursos financei-
no, independente de qualquer poder político, económico e ideológico.
ros, que os governos nao estavam dispostos a conceder; por vezes, redu-
ziram-nos. A busca de recursos no ambito do mercado de bens e selvi90s E mais:
passou a ser considerada um mecanismo que expressava a inser9ao das
Sendo a liberdade de pesquisa, de en sino e de formac;:ao princípio
universidades na sociedade, de modo que os governos, ao reduzir as do-
fundamental da vida das Universidades, os poderes públicos e as
ta96es financeiras (ou a nao aumenta-las), empurravam as universidades
mesmas Universidades, cada qual no seu domínio de competencia,
para aumentar a presta9ao de selvi90s que obtinham valor no mercado.
devem garantir e promover o respeito dessa exigencia fundamental.
Assim, o ensino e a pesquisa passaram a ser definidos em [un9ao de sua
Na recusa da intolerancia e no diálogo permanente, a Universidade
característica como mercadoria vendável, quando nao eram demandados
é um local de encontro privilegiado entre os professores, capazes de
diretamente pelas empresas interessadas. Claro está que a autonomia
transmitirem o saber e os meios de o desenvolver através da pesqui-
universitária perde com isso, pois os interesses empresariais sao bem
sa e da inovac;:ao, e os estudantes, que tem o direito, a vontacle e a
distintos dos academicos, como se pode ver no caso do imediatismo na
capacidade de, com isso, se enriquecerem.
aplica9ao, da propriedade dos resultados e das cláusulas de segredo.
Mas, ao lado dessa dimensao mercadológica da presta9ao de ser- Dez anos depois (setembro de 1998), a Associa9ao Internacional das
vi90s, urna realidade nova, efeito do processo de globaliza9ao do capi- Universidades propós, por ocasiao da Conferencia Mundial sobre o
tal, faz do ensino superiOl~ da universidade, inclusive, um alvo prioritá- Ensino SuperiOl~ da UNESCO, a reafirma9ao dos dois princípios in-
rio, hoje sob disputa no ambito da Organiza9ao Mundial do Comércio. dissociáveis de toda a institui9ao universitária, a liberdade academica
Partindo da falsa premissa de que o ensino é um servi90 eco- e a autonomia institucional. Essa distin9ao parece ter sido inspirada
nómico, como as telecomunica~6es, por exemplo, os governos de cer- em Robert Berdhal, pelo que se pode deduzir do verbete "Institutional
tos países estao a exigir da OMC que obrigue a todos a abrirem seus Autonomy", de autoria de M. Tight, para The Encyclopeclia of Higher
mercados educacionais a competi9ao internacional. Para eles, o ensino Education. Berdhal distingue, também, a autonomia substantiva (a ca-
-a habilita9ao profissional inclusive e principalmente em grau supe- pacidade de a universidade determinar seus próprios fins e programas)
rior- deveria ser um servi90 oferecido por empresas diversas, de países da autonomia processual (a capacidade dela estabelecer os meios para
diversos, de modo que o aluno/consumidor escolha seu provedor como a realiza9ao daquela) (Tight em Clark e Neave, 1992: 1.384, Vol. 2). A
faz com um telefone celular. E mais: a validade dos certificados e dos razao de ser de ambos os princípios está na obriga9ao das universida-
diplomas, assim como a avalia9ao e o credenciamento das institui96es des de transmitirem o saber e de fazer progredir os conhecimentos,
de ensino, deixaria os limites dos Estados nacionais. heran9a comum da humanidade.
O princípio da liberdade academica foi definido como a liberda-
de dos membros da comunidade universitária -pesquisadores, pro fes-
A autonomia, mais do que um mito fl.mdador, permanece como um sores e estudantes- de desenvolver su as atividades no ambito de regras
elemento chave na identidade universitária. Dois documentos recentes éticas e normas internacionais estabelecidas por essa mesma comuni-
marcaram bem essa posi9ao. dade, sem pressao externa. O princípio da autonomia institucional foi
A Magna Charta UniversitatumS, editada em setembro de 1988, definido como o grau necessário de independencia di ante de toda a
por ocasiao do nono centenário da Universidade de Bolonha, declarou interven9ao externa; que a universidade necessita no que diz respeito
a sua organiza9ao e sua administra9ao, a aloca9ao de seus recursos e a
obten9ao de or9amentos suplementares, o recrutamento de seu pessoal,
5 Embora claborada por ¡'citorcs das universidades européias, a Carta roi subscrita por
mais de 400 rcitores de universidades de todo o mundo. a organiza9ao dos estudos e, enfim, a liberdade do ensino e da pesqui-
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UNIVlm::ilUAU I:lINVI:l::iTIGACION CIENTIFICA LUIZ ANTONIO CUNI-lA
sa, vale dizel~ a liberdade academica. Embora a AlU tenha defendido classe). Com efeito, para Bourdieu, os interesses que estao em dispu-
a indissocia<;:ao de ambos os princípios, há casos em que a autonomia ta, no interior de um campo, sao interesses específicos, sobretudo dos
institucional existiu sem a liberdade academica, pelo menos para todos profissionais formados em institui<;:6es especializadas na reprodu<;:ao
os docentes, assim como o contrário. Estaria na primeira situa<;:ao a cultural (Pinto, 2000: 80).
Universidade de Oxford, no início do século XIX; e, no segundo, a Uni- Os campos tem diferentes graus de autonomiza<;:ao, isto é, graus
versidade de Berlim, na mesma época (Tight em Clark e Neave, 1992). com que o capital e as regras de disputa por sua posse estao mais ou me-
O princípio da liberdade academica concerne a cada um dos pro- nos definidos como próprios, nao sendo redutíveis as dos demais. A auto-
fessores, pesquisadores e estudantes; 'a autonomia, por sua vez, a uni- nomiza<;:ao dos campos é um processo complexo, que pode ser entendido
versidade enquanto institui<;:ao. Esses direitos, implicam, por sua vez, como urna divisao de trabalho, mas sem as conota<;:6es evolucionista e
deveres, que podem ser resumidos na expressao responsabilidade so- funcionalista que Durkheim lhe deu. Isso, porque esse processo nao é
cial, que obriga tanto a universidade como cada um de seus membros. urna necessidade intrínseca da sociedade como um todo, na dire<;:ao da
Na proposta da AlU, comentada acima, as universidades a respon- harmonia, mas, sim, resulta das lutas em torno de interesses específicos
sabilidade das universidades se expressa pelo dever que cada institui<;:ao de agentes e de institui<;:6es, tendo, sempre, como base, as rela<;:6es de
tem de respeitar sua obriga<;:6es coletivas (o respeito a qualidade, a ética, for<;:a entre grupos e/ou classes sociais, dominantes e dominados.
a eqüidade, e a tolerfmcia); de elaborar e manter regras de exigencia, A autonomia dos campos tampouco deve ser entendida num sen-
de natureza científica e administrativa; de implementar mecanismos de tido absoluto. Esse nao foi o atributo que lhes deu Bourdieu ao lhes
presta<;:ao de contas a sociedade, de auto-controle e de avalia<;:ao pelos conceber como inseridos num processo de autonomiza<;:ao relativa. Ele
pares, assim como de expor sua gestao de modo transparente. quis dizer que mesmo os campos mais autonomizados (como o da arte,
Em diversos países, a busca da responsabilidade social tem leva- por exemplo) nao estao descolados das rela<;:6es de for<;:a entre grupos
do a urna perda de parte da autonomia universitária, na dimensao pro- ou classes sociais, mas, ao contrário, con tribu e m para sua reprodu<;:ao
cessual. Menciono, a título de exemplo, a forte participa<;:ao de mem- -e o fazem tao mais efetivamente quanto mais (relativamente) autono-
bros externos nos conselhos administrativo, científico e de faculdade mizados estiverem. Assim, o livre jogo da produ<;:ao e da circula<;:ao dos
nas universidades francesas; e a avalia<;:ao, pelo Estado, de todas as in s- bens simbólicos próprios de um campo faz com que o capital retorne
titui<;:6es de educa<;:ao superiOl~ no Brasil, inclusive das universidades. as maos de onde saiu. Esse movimento reproduz a estrutura de distri-
bui<;:ao do capital cultural entre as classes sociais, ou seja, a estrutura
EXISTE UM CAMPO UNIVERSITÁRIO? de distribui<;:ao dos instrumentos de apropria<;:ao dos bens simbólicos
que urna dada sociedad e selecionou como dignos de serem almejados e
Busquei na obra de Pierre Bourdieu o conceito de campo educacional possuídos por todos (Bourdieu, 1974: 297).
aqui empregado. Para esse autor, que se inspirou no conceito de mer- A meu ver, a autonomia relativa dos campos nao foi suficiente-
cado, de Max Weber, um campo é um espa<;:o social complexo, cuja mente desenvolvida por Bourdieu no sentido da fonte marxista do ter-
estrutura é um estado de rela<;:6es de for<;:a entre agentes ou institui<;:6es mo. A enfase no movimento de refor<;:o das rela<;:6es de classe, que estao
que lhe sao próprias. Cada campo é, assim, um espa<;:o de luta desses na base de um campo, deixou na sombra o movimento de dissolu<;:ao
agentes e dessas institui<;:6es pelo monopólio da violencia simbólica le- possível dessa base, sem o que, aliás, seria incompreensível sua crítica
gítima no seu interior e pela posse do capital próprio desse campo. É a partir de urna institui<;:ao educacional estatal, onde socialmente se
nesse sentido que se pode falar do campo religioso, do campo político, localizava o próprio sociólogo.
do campo artístico, do campo educacional. As rela<;:6es de for<;:a sim- Apesar de sua potencialidad e explicativa, o conceito de campo
bólicas que demarcam os limites de cada campo estao baseadas nas nao deve ser idealizado, como se fosse capaz de enquadrar a sociedade
rela<;:6es de for<;:a material entre grupos e/ou classes sociais, dominantes toda. A propósito, Angela Xavier de Brito (2002) mostrou, no exame
e dominados, mas de urna maneira tal que as dissimulam e as refor<;:am dos autores que se credenciam para suceder Bourdieu na sociologia
(Bourdieu, 1983: 89). francesa, que esse conceito nao cobre todos os registros sociais da a<;:ao.
Assim definidos, os campos simbólicos nao podem ser enten- Muitas atividades profissionais e até mesmo a a<;:ao social de impor-
didos na ótica do estruturalismo (como universo submetido a urna tantes categorias sociais (como a das mulheres, por exemplo) nao sao
lógica imanente ao conhecimento e a comunica<;:ao) nem pela ótica exercidas no ambito de campo algum. Importantes institui<;:6es sociais
do marxismo (como instrumento a servi<;:o direto da domina<;:ao de nao constituem um campo, como, por exemplo, a família. Por outro
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UNIVJm::ilU/UJ .I:lINV.I:l::iTlliACIUN CIl:!NTIFICA
Lmz ANTONIO CUNHA
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LUIZ ANT6NIO CUNHA
UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
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v,,,, v 1:lHIHUJ\U l:! INVESTIGACION CIENTÍFICA
Lurz ANTONIO CUNHA
propiciava um controle prévio bastante grande. Nas instituic;:oes públi-
ca~, com maior razao, o controle governamental nao era menO!: Nas estudantis era a de que ela consistia em obstáculo para seu projeto de
ullIvers!dades federais e estaduais, todas as modificac;:oes fundamentais colocar a universidade a "servic;:o do povo". Na Carta de Paraná, os es-
a respelto da organizac;:ao didática ou administrativa de suas unidades tudantes revelaram-se desconfiados diante da idéia de autonomia uni-
constitutivas só poderiam efetivar-se com a aprovac;:ao dos respectivos versitária. Temiam que fosse mal utilizada na contratac;:ao de profes-
governos, depois de ouvido o Conselho Nacional de Educac;:ao. sores e funcionários, no uso dos recursos, na aplicac;:ao de penalidades
Es~e .controle nao era sequer dissimulado. A exposic;:ao de moti- e, inclusive, para aumentar as barreiras que dificultavam o acesso de
vos do MIll~Stro da Educac;:ao ao Presidente da República, que encami- estudantes de origem popular:
nhou"o pro]eto. do Est~tu;,o, esclarecia as razoes pelas quais se optava Enquanto reivindicavam a reduc;:ao da autonomia universitária
pela autonomla relatIva das universidades. Dizia que, pelo fato de di ante do Estado, os estudantes pretendiam, também, o co-governo, re-
estar o regime universitário brasileiro em sua fase nascente dando seus sultado da representac;:ao estudantil nos conselhos e nas congregac;:oes,
pri~eiros passos e faz en do suas primeiras tentativas de ad~ptac;:ao, nao com a proporc;:ao de um terc;:o do total de membros 7 , e a eleic;:ao por voto
sena prudente nem seguro dar autonomia total as universidades. Ao dos reitores, nao mais cabendo ao Presidente da República nomeá-Ios.
co~trário, .com urna "autonomia relativa" (ou seja, limitada), o Minis- Apesar de intensa movimentac;:ao política (inclusive a primeira greve
tér~o es~~n~ exercendo urna grande func;:ao educativa sobre o espírito nacional de estudantes), nao se logrou a representac;:ao pretendida, per'"
~llI~er~ltano" qu~ com o tempo viria a adquirir a experiencia e o crité- manecendo as universidades com a competencia para definir, em seus
no I?~ISpe~saveIs para urna autonomia mais ampla, fosse no terreno estatutos, o número de representantes nos órgaos colegiados.
admIllIstratIvo, fosse no didático.
O golpe de Estado de abril de 1964 revelou a vulnerabilidade da
. A prática conduziu, sem dúvida, a urna direc;:ao oposta. Em vez de universidade a intervenc;:ao estatal numa extensao desconhecida até
am~har as competencias das universidades, o governo as restrin:giu. A mesmo na época da ditadura de Vargas.
razao se encontra no controle a que se busco u submeter as universida- Enquanto as instituic;:oes privadas de ensino superior recebiam
des, no contexto de radicalizac;:ao política e ideológica dos anos 1930. incentivos financeiros de toda a ordem, as universidades públicas
. ~urante a República Populista (1945-1964), as universidades se eram alvo de intervenc;:oes policiais e militares. Houve universidades
multIphcar~m, embo~a em velocidade menor do que as instituic;:oes iso- que tiveram reitores e diretores de faculdades destituídos, professores
ladas ~e enSIllO supenor; especialmente as privadas. O Governo Federal compulsoriamente aposentados e estudantes expulsos. A maior parte
assumm forte protagonismo na redefinic;:ao organizacional mediante a das entidades estudantis foi fechada, impondo-se novas formas de 01'-
r~unia~, em un~versidades, de faculdades isoladas (inclusi~e as que ha- ganizac;:ao, bastante mais restritivas. Reitores e diretores passaram a
Vlam sIdo estatIzadas). Paralelamente, as universidades confessionais ser pessoalmente responsáveis pelo controle político e ideológico dos
nasceram da duplicac;:ao desse processo, por iniciativa privada. centros academicos e dos estudantes, ameac;:ados com processo penal
Apesar da prevalencia de valores liberais-democráticos no cam- e demissao. No início de 1969, o decreto-Iei 477 previa a demissao de
po P?lítico-partidário, na confluencia desse campo com o educacional professores e [uncionários, e a expulsao de estudantes, proibindo os
~urg~u u~a. concepc;:ao segundo a qual a democratizac;:ao da educac;:ao primeiros de trabalhar e os últimos de estudar em qualquer estabeleci-
Imphcana, Justamente, a limitac;:ao da autonomia universitária.
mento de ensino do país.
. Nos primeiros anos da década de '60, o protagonismo da Uniao Ao contrário do que ocorreu nos países hispano-americanos vi ti-
NacIOnal dos Estudantes levou a realizac;:ao de tres seminários nacionais mados pela onda ditatorial dos anos '60 e '70, no Brasil a forc;:a da dita-
sob~e ~ ~eforma un!versitária, em 1961, 1962 e 1963. Os primeiros dois dura foi também utilizada para modernizar as universidades públicas.
sem~nanos produ~Iram, significativamente, cartas respectivamente da Dois decretos-leis, um de 1966 e outro, de 1967, levaram essas univer-
BahIa e do Parana, estados em cujas capitais se realizaram -alusao ao
sidades a reformar seus estatutos, determinando profundas alterac;:oes
t~xto de CÓ~'doba, embora naquelas a influencia de idéias revolucioná-
nas se mallIfestasse com urna enfase inexistente nesta.
. Ns ~artas da UNE estavam mescladas as ideologias políticas de 7 Como o consclho univcrsitário era formado, basicamenle, pelos direlores das unidades e
maror aceItac;:ao na categoria estudantil, principalmente o marxismo de um represenlante de cada uma das ¡·espectivas cong¡"ega<;:6es, os estudantes pretendiam
e o po~ulis~o, ~re~omin~ndo urna visao sincrética. A respeito da au- ter um representante de cada faculdade, escola e instituto. Em conseqUencia, o conselho
universitário teria a seguinte composi<;:üo: dois ter<;:os de docentes (um ter<;:o formado pe-
tonomla ullIversItána, as Idéias de alguns intelectuais e dos dirigentes los di retores de unidade e um ler<;:o de representantes das congrega<;:6es) e um len;:o, de
representantes dos estudantes.
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
LUIZ ANTONIO CUNHA
em suas estruturas. Essas mudan'Yas, e outras delas derivadas foram Amedida que o ,último governo militar foi se desintegrando pelo
acompanhadas da distribui'Yao ou a redistribui'Yao dos cargos do ma- das Conquistas democráticas, várias universidades estabelece-
gistério e dos funcionários por novas unidades, implicando a remo'Yao avan'Yo d I ' - d'
ram situa'Yoes de compromisso entre ess~s. demand~s e e eI'Y~o 1-
ou readapta'Yao de seus ocupantes. Como prepara'Yao para enfrentar as reta e paritária dos dirigentes e os dispoSItIVOS .1~gaIS que. pr~~I~~ a
rea'Yoes, aqueles decretos-Ieis evocaram os atos institucionais do go- coopta'Ya08. A demanda de elei'Yao direta dos dIrIgente umv~I sItanos
yerno militar que suspendiam as garantias legais do caráter vitalício estendeu-se para a mudan'Ya na composi'Yao dos órgaos colegIados das
da cátedra, assim como a seguran'Ya e a estabilidade dos funcionários
universidades, de modo a faze-Ia paritária. . .
públicos, amea'Yando com demissao, aposentadoria e outras puni'Yoes
Mas, a proje'Yao da composi'Yao política (par~)s:nd.Ical so~re a
os que nao aceitassem as mudan'Yas ditadas pelo novo regime.
gestao das universidades públicas nao se faz sem Are~IstencIas. AssI.m, .é
Em novembro de 1968, foi promulgada a lei 5.540, denominada
possível dizer que há urna luta entre o poder academIco e o poder smdI-
Lei da Reforma Universitária, que estendeu as novas formas de orga-
cal, que se manifesta com mais intensidad e por ocasiao da escolha dos
niza'Yao das universidades federais as estaduais, as privadas e aos es-
tabelecimentos isolados. Ainda que essa lei reconhecesse a autonomia dirigentes, sobretudo dos reitores (Cunha,.2003). . . " .
Os poderes em confronto sao orgamzados por lógIcas dIstmtas.
didático-científica, disciplinar, administrativa e financeira das universi-
dades, seus dispositivos a limitavam, como também o faziam os atos de O poder academico é l/orientado pelo topo". Ele se ,assenta em
exce'Yao e as interven'Yoes governamentais. coalizoes de grupos institucionalizados ~e in~ere.sse. especIfico:. d.e n~
Segundo a Lei da Reforma Universitária, o mecanismo de coop- tureza disciplinar ou profissional, sem smtoma sm~Ical. Ele pIlvI~egIa
ta'Y ao para a escolha de dirigentes, em vigor desde o Estatuto de 1931, a representa'Yao dos docentes-pesquisadores de maIS elevada.quahfica-
foi alterado, Com prejuízo para a autonomia das institui'Yoes. A elabora- 'Yao nos órgaos colegiados e, em certas universidade~ de maIS ~levad?
'Yao da lista de nomes de cándidatos a reitOl~ para posterior escolha pelo padrao no ensino e na pesquisa, restringe a ocup~'Yao ~os cargos dI-
Presidente da República, já nao seria atribui'Yao do Conselho Universi- retivos aos que estao no topo da carreira. Essa one~ta'Yao pelo alt? é
tário unicamente, mas, sim, deste em conjunto com outros conselhos consistente com o mecanismo de julgamento de projetos de pesquIsa,
da universidade -de ensino, pesquisa, extensao, de curadores. Neste no interior da universidade e no ambito dos órgaos de fomento, por
havia um representante do Ministério da Educa'Yao e prevaleciam, no comites formados por docentes-pesquisadores escolhidos pelos pares;
conjunto, os membros no meados pelo próprio reitor. As listas de candi- mas dentro de critérios estritos de distin'Yao academica. O mesmo se da
datos a reitor já nao teriam tres nomes, mas seis, de modo a aumentar com a composi'Yao das bancas de concurso para a admissao de novos
em muito a probabilidad e de inclusao de pessoas de confian'Ya do regi- docentes-pesquisadores.
me militaI~ Já o poder sindical é l/orientado pela base". Pelo menos em seu
Se a década de 1970 assistiu, no Brasil, a desmobiliza'Yao do mo- propósito trabalhista Oliginal, o sindicato privile~ia o que h~ de comum
vimento estudantil, assistiu, também, ao nascimento do movimento de a todos os seus membros, isto é, o fato de terem Igual rela'Yao de traba-
professores, que resultou na cria'Yao do Sindicato Nacional de Docen- lho com a institui'Yao. Para levar em conta o que há de comum a todos
tes do Ensino Superior-ANDES. Esse movimento docente consolidou- os empregados, o sindicato só pode considerar o qU<'~ Aco~cerne ~ todos,
se nas universidades públicas e teve dificuldades de se desenvolver nas logo tem de se pautar pelos interesses e pela consc~encIa p~ssIvel dos
universidades privadas e nas faculdades isoladas. Até o momento, o filiados menos posicionados na estrutura da universIdade. A Igualdade,
sindicato docente detém sua hegemonia com base nas universidades em oposi'Yao ao mérito, é o termo chave em sua plata~orm~.
federais, nas quais a carreira e a remunera'Yao dos docentes sao únicos, Ambas as lógicas tem sido objeto de apodos pejOratlVos. A orga-
definidas por legisla'Yao própria. Os funcionários técnico-administrati- niza'Yao do poder academico é chamada de "elitista", enquanto que a
vos, por sua vez, criaram urna federa'Yao de sindicatos locais, na qual os lógica do poder sindical, de expressao do I/baixo clero" (no caso .dos do-
das universidades federais detem a hegemonia, pela mesma razao. centes). Em termos ideal-típicos, o poder academico nao confhta com
As vicissitudes da conjuntura política do país, mais do que o con-
texto propriamente universitário, levaram os sindicatos de docentes e
de funcionários, assim como a UNE, a darem especial importfmcia a 8 Urna fÓlTIlUla bastante utilizada foi a da "consulta a comunidade univer~itál'ia", pl:ocesso
pelo qual os colegiados superiores endossam as listas dos nomes ~os candidatos m~ls. v~ta
elei'Yao dos dirigentes universitários pelo voto direto - a um aspecto da dos para o cargo de reitOl: Docentes, funcionários e esludanles tem seus volos po e¡a os,
autonomia processual, portanto. de modo que cada urna dessas calegorias tenha um terr;o do tolal.
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LUIZ ANTONIO CUNHA
UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
YTRANSFORMACION SOCIAL
33
Pero así como la autonomía de la ciencia se sostiene en su legiti- tema adolece de una relativa confusión de puntos de vistas y significa-
midad en la sociedad (quizá construida a partir de la capacidad de reso- dos atribuidos a un concepto que, como dije, acarrea una carga valo-
lución de problemas que la convierte en el monopolio del conocimien- rativa acumulada a lo largo de su historia. Las reformas o intentos de
to), la autonomía universitaria se debate en la continua construcción de reforma y "modernización" de la educación superior en América Latina
la legitimidad social de la universidad. ¿Pero cuáles son las ['uentes de durante los noventa, al compás de las políticas neoliberales, abrieron
esta legitimidad? La historia de la universidad acumula distintos argu- un nuevo panorama en la significación de la autonomía universitaria.
mentos en la lucha por la legitimación social, siendo los más evidentes Trataré de relevar los nuevos componentes del término y las nuevas
en el presente el haberse constituido en ellocus de la investigación cien- prácticas y tensiones que generaron. Me preguntaré, luego, cuáles son
tífica y la productora y transmisora del saber profesional. Sin embargo, las condiciones por las cuales las universidades de América Latina pa-
uno y otro argumento, especialmente en América Latina, se encuentran recen tener dificultades para generar autorreformas, haciendo honor a
en permanente cuestionamiento, sea por atribución de inadecuación un significado ampliado de autonomía. En una perspectiva más amplia
en un marco de mercados de trabajo profesional asimétricos, sea por propondré como tema de discusión el impacto que algunos procesos
atribución de incapacidad en la resolución de problemas por medio de globales (como la heterogeneidad, la internacionalización o la virtuali-
la investigación científica (o la generación de nuevos problemas por el zación de la enseñanza) tienen sobre la autonomía universitaria. Estos
mismo medio), sea por ineficacia en la administráción del aprendizaje cambios y los propios que ocurren en la producción de ciencia y tecno-
profesional. De este modo, la legitimidad social sobre la cual asentar logía inciden en la relación entre universidad, profesión académica e
la pretensión de autonomía por parte de la comunidad universitaria
investigación científica, la cual guarda especificidades para sociedades
se encuentra en un estado de tensión cuasi permanente. Esto ha fa-
periféricas en cuanto a producción de conocimientos apropiados por
cilitado las recurrentes intervenciones y represiones de los gobiernos
la sociedad. Esto nos llevará a discutir la tensión, generalmente SOl'-
(generalmente de facto) a las universidades, especialmente típicas en
da, entre autonomía universitaria y autonomía científica. Por último,
el cono sur hasta los años ochenta, con interludios más o menos in-
me preguntaré por la recuperación, a partir del origen de la Reforma
tensos o más o menos borrosos de autonomía. Pero en un marco de
del '18, de una [unción de la autonomía universitaria articulada con la
legitimidad social débil de la universidad, la pretensión de autonomía
transformación social en América Latina.
se construyó y fortaleció, justamente, en la reivindicación frente a la
represión, convirtiéndose la represión a la universidad en un símbolo
AUTONOMíA UNIVERSITARIA COMO TÉRMINO POLISÉMICO
caro de la represión de la sociedad por parte de tales gobiernos. De esta
manera, el significado de autonomía para los integrantes de la institu- Un enfoque particular sobre el concepto de autonomía es, obviamente,
ción se conformó con el sentido de lucha contra la represión. Más que el jurídico. La doctrina parte del sentido etimológico del término como
una legitimación basada en las atribuciones vinculadas a la producción la "capacidad que tiene un ente para darse su propia ley y regirse por
y transmisión de conocimiento, se trató de una legitimidad sostenida ella" (Finocchiaro, 2004: 27), pero en el marco de un sistema normativo
en el valor de símbolo, de protagonismo e inclusive de liderazgo en la superiOl~ De esta manera, el significado jurídico de autonomía queda
lucha por la democracia, la justicia y la libertad. Claro que tal fuente de delimitado por los siguientes atributos: capacidad para dictar sus pro-
legitimidad (y por ende de pretensión de autonomía) sufre el avatar del pias normas y para autoadministrarse, y sujeción a un marco normativo
desgaste rápido, y pone nuevamente en primer plano el ejercicio de las superior y al control de un ente superior, si bien con respecto a esto últi-
[unciones de la universidad en la sociedad. En la medida en que Amé- mo la doctrina no es taxativa. En este sentido, la universidad declarada
rica Latina ha entrado en un largo período de gobiernos constituciona- como autónoma cuenta con la facultad del autogobierno, la decisión de
les, el argumento de la reivindicación política de la autonomía [rente políticas internas, la distribución de sus propios recursos, la determina-
a la represión ha perdido capacidad de legitimación. En este contexto, ción de los objetivos de su actividad. No existiendo una ley superior que
la cuestión de la autonomía se ha ido perfilando recurrentemente con lo determine, la autonomía la faculta para elegir qué carreras dictará,
nuevas connotaciones y significados, poniéndose más en evidencia su que áreas de investigación privilegiará, cómo retribuirá a su personal,
carácter polisémico.
etcétera. En la medida en que la universidad estatal, como ente público,
En este trabajo trataré de desplegar algunas reflexiones -o sim- está subordinada a una ley superior de presupuesto y gastos fiscales,
plemente poner algunos temas en discusión- alrededor de la autono- es pasible de control por los órganos pertinentes, pero es polémica la
mía universitaria. En primer lugal~ señalaré que la discusión sobre el cuestión de si tal control se extiende a la evaluación por parte del estado
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. . .nVV'\1 - l.lfUIIU\\;'V"
LEONARDO SILVIO VACCAREZZA
UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
de los objetivos, orientación y calidad de su producción. Es fundamen- tomar el protagonismo. universitario en la producción social y dirigir, a
talmente en relación a la evaluación que se expresa significativamente través de mecanismos como evaluación e incentivos, su actividad, dan-
el sentido de la autonomía en términos de poder político. do un significado particularmente acotado al concepto de autonomía.
En efecto, en la medida en que entendamos que la política es una Como expresé anteriormente, la autonomía universitaria es un
instancia de decisión relativa a la distribución de recursos y recompen- rasgo peculiar de la cultura institucional de la universidad, un pará-
sas, la cuestión de la autonomía universitaria adquiere una doble con- metro de identificación grupal. Como rasgo de la cultura, sin embar-
notación: por un lado, se trata de afirmar la capacidad jurídica antes go, el significado de autonomía universitaria puede no ser homogéneo
mencionada en los hechos sin que la dependencia de recursos respecto en toda la comunidad universitaria. Involucra, por cierto, potestad de
del estado limite tal actividad o las amenazas del juego político con- gobierno para las autoridades de la universidad y para aquellos que
dicionen la libertad del gobierno interno; a su vez, se trata de afirmar intervienen de manera más o menos activa en la política universitaria.
la legitimidad de la universidad como ente rector en la producción de Implica, fundamentalmente para los docentes, libertad académica, li-
la cultura, la profesionalidad y la ciencia, de manera tal que, en un bertad de opinión en la cátedra, atribución de recompensas en base al
momento histórico dado, se le reconoce al conjunto de universidades mérito más que en base a la ideología u otros criterios entendidos como
autónomas la plena capacidad de decidir e influir en el desarrollo de particularistas. De más está decir que ambos significados de autonomía
las profesiones, la enseñanza superior y el conocimiento científico. Es (uno centrado en la institución, el otro en el individuo) no necesaria-
decir, poder político para su propio manejo y poder político (sin inje- mente se compatibilizan en esferas históricas concretas. Por cierto, la
rencia estatal directa) en el desarrollo de la sociedad en los aspectos autonomía institucional es una función de protección de la injerencia
que le conciernen. La historia de las universidades muestra diferen- del estado en el contenido y orientación de la enseñanza y la investiga-
tes situaciones en relación con ambas dimensiones. Es en el siglo XIX ción, pero en la medida en que ella misma no habilite a las autoridades
cuando comienza a instaurarse una política universitaria activa en los universitarias a ejercer el control en la producción de los docentes. Por
estados europeos, pero el grado de injerencia al interior del gobierno lo tanto, se trata aquí de la posibilidad de un desacople de sentidos de
universitario y de orientación de la actividad de las universidades por autonomía que no está ausente en la historia de las universidades.
parte del estado ha sido variable, y variados los mecanismos de gestión Además de este contraste entre lo institucional y lo individual,
al respecto. Es reciente el hecho de que el estado asuma la producción la cuestión de la autonomía universitaria se confunde y contradice con
de conocimientos científicos y tecnológicos y la distribución de saberes la autonomía de la ciencia. También en esta podemos diferenciar entre
profesionales como una función propia y objeto .de políticas específi- autonomía de la ciencia como institución y colectivo frente al estado, y
cas, a partir de la convicción de que las profesiones y los conocimientos autonomía del científico en la elección de sus temas y métodos de inves-
son computados como recursos de la economía. tigación en una doble referencia: frente al estado y frente a los grupos
En la tradición decimonónica en América Latina, el dominio del dominantes en la disciplina. El juego de articulaciones se multiplica si
estado sobre la universidad respondía a la necesidad de asegurar la observamos la producción de ciencia en la universidad y tenemos en
consolidación de las elites políticas y sociales en el marco de un eviden- cuenta la compleja tensión para la autonomía del individuo entre la
te dominio de clase. La Reforma del '18 iniciada en Córdoba, con su inserción en la disciplina y la inserción en la universidad como orga-
planteo de autonomía y autogobierno, contribuyó a crear las condicio- nización. Difícilmente podemos hablar de autonomía del investigador
nes no solamente para una democratización social de la universidad, universitario enclavado en este complejo sistema de dominación: el do-
sino para que la universidad se constituyera en la entidad protagonista minio de la disciplina sobre la producción de conocimientos es eficaz
del desarrollo profesional de la sociedad con prescindencia del estado. aun cuando el investigador pueda eludir la dominación de la institución
La vinculación del estado con la universidad, entonces, se desenvolvió en cuanto al ejercicio de su libertad de investigación y enseñanza.
en el movimiento pendular entre el sostenimiento financiero, la repre- En otro sentido, en el imaginario del colectivo universitario, au-
sión política y la paz de cierta indiferencia entre uno y otro término de tonomía refiere a democracia en la universidad. La tradición en Amé-
la relación. El estado represor prestaba atención a la universidad en la rica Latina sobre autonomía se sustenta en la elección democrática de
medida en que el mundo de la política se introducía en el claustro uni- las autoridades institucionales. Una democracia que, sin embargo, se
versitario, pero no por la producción profesional y cognitiva que esta articula con la jerarquía del saber (voto calificado, proporcionalidad de
universidad realizaba. Sólo recientemente esta relación política entre los claustros). ASÍ, el concepto de autonomía se proyecta, como en el
estado y universidad se modifica significativamente: el estado pretende caso de la autonomía individual, hacia el ambiente interior, de manera
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Ul~lvcn"lUAU ¡; INVESTIGACION CIENTÍFICA
LEONARDO SILVIa VACCAREZZA
tal que como concepto valorativo enlaza la vida interna de las univer-
así: eficiencia; diferenc.iación y segmentación del sistema; autonomía
sidades con una cualidad relacional de la universidad con el estado. financiera y de mercado; evaluación externa; segmentación presupues-
Con: o en el caso anterior, también es posible encontrar desacoples: uni- taria; privatización; responsabilidad o accountability.
v~rsIdades actuando con plena autonomía fTente al estado, y manejos La eficiencia se expresa en una nueva forma de gestión del sec-
clIentelares o represivos, negociación turha y corrupción, de parte de tor público que incluye los siguientes parámetros: involucramiento de
su gobierno institucional.
gerentes profesionales en el sector público; explicitación de los están-
En una articulación política "hacia afuera", el concepto de auto- dares y medidas de rendimiento y uso de indicadores de efectividad;
nomía se proyecta como condición de la universidad en tanto entidad supeditación de recursos a los logros (lo que exige control de calidad de
de transformación social. Este es el contenido destacable del ideario de productos); descentralización de operaciones y gestión; introducción
la Reforma Universitaria de 1918, en tanto el movimiento no solamente de la competencia interna como estímulo; disciplinamiento en el uso de
se dirigió a la conquista de reformas internas y cambios en la relación recursos públicos mediante recortes (Betancur, 2001: 8).
co~ el gobierno, sino que constituyó una gesta social de cambio en la La diferenciación y segmentación del sistema implica la acep-
socIedad, destacándose "su proyección social, su sentido americanista, tación de una tendencia global hacia la heterogeneidad del sistema de
y sus fundamentos antioligárquicos y antiimperialistas" (Rébora, 1989: educación superior. Es importante destacar que la orientación política
28). En este sentido, la autonomía universitaria en América Latina se de los noventa enfoca de manera privilegiada a este sistema más que a
constituye, para el imaginario político de sectores importantes, en un la universidad considerada individualmente. De esta manera, se pro-
co.ncepto que se articula en luchas que trascienden el espacio acadé- ducen políticas para el sistema en un intento de procesar la diferencia-
n: ICO y se pro~ectan en el plano de la transformación social. Este sig- ción (universitario-terciario, público-privado, masivo-selectivo, investi-
l1l~cado amplIado de autonomía se expresa a lo largo de la experiencia gación-enseñanza, alcance nacional-alcance regional), aun cuando se
latmoamericana en la extensión social como una f-unción fundamental establezcan con fTecuencia mecanismos de uniformización (incentivos
de la universidad, planteada -más allá del mero servicio, actualización a docentes investigadores, pautas de evaluación). Las reformas de los
o articulación con la industria cultural- como eje de transformación a noventa parecen haber acallado la lucha por la autonomía. El reco-
través del servicio del saber a la lucha sociall. nocimiento de esta por parte del estado es explícito en la normativa
. Un. último significado de autonomía universitaria tiene su vigen- actual. Esta noción de autonomía, como dije anteriormente, destaca la
CIa a ,?a:tIr"de lo que la literatura reciente ha denominado "capitalismo facultad de las universidades para actuar en cuanto agentes económi-
academIco (Slaughter y Leslie, 1999). Se trata de la autonomía de la cos en el mercado, prestar servicios onerosos, crear empresas propias
unive,rsi?ad ~ntendida como capacidad de esta de actuar com~ agente o mixtas, patentar desarrollos, etcétera. El discurso refiei"e a la "auto-
economICO lIbre en el mercado de bienes y servicios. Dentro de la mis- nomía responsable" como aquella que lleva a la universidad a atender
ma concepción se ha esgrimido como significado clave de autonomía el interés general más que "sus propios fines e intereses como COl"pOra-
la faculta~ de la entidad académica de obtener y generar sus propios ción" (Sánchez Martínez, 1999: 83), y como autonomía relativamente
recursos sm depender; por lo menos totalmente, del tutelaje financiero limitada en el sentido en que se articula con el control y orientación del
del estado. Este significado se ha puesto en vigencia en los noventa con estado de manera indirecta.
las políticas de reforma y modernización de la educación superiOl~ De esta manera, la evaluación externa es clave en el discurso de la
reforma. A decir verdad, la evaluación es una institución propia del am-
LAS REFORMAS UNIVERSITARIAS EN LOS NOVENTA biente académico y científico y la fuente de legitimidad de sus produc-
tos. Sin embargo, la evaluación queda fuera del dominio de la misma
Algunos de los conceptos centrales de las reformas universitarias que se universidad. Las instituciones de la reforma han generado mecanismos
desarrollaron en América Latina durante los noventa pueden resumirse de diferente naturaleza para la evaluación externa. Todas ellas involu-
cran a la comunidad científica y académica como agentes de la misma,
I En la universi~ad argentina de los años sesenta, en uno de los interludios democníticos
pero, cooptados en un ejercicio de autoridad estatal, son puestos fTente
con ~lay?r de~p.hegue de la universidad, la extensión universitaria intentó constituirse en a la universidad. El estado evaluador (Neave, 2001: 211) se presenta
un pilar Ideolo~lco.clave por el desarrollo de programas de fuerte contenido social. y como más como un organizador indirecto, a distancia, que permite la con-
e!emento constitutivo de la autonomía de la universidad, no ya solamente frente al estado
S1l10 en tanto protagonista clave de la política de cambio social. '
sagración de la evaluación por la ciencia. Sin embargo, los criterios
de evaluación tienden a adquirir rigidez en metodologías de aplicación
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\J.I.~.l VJ...U\OJ.J.J/U..1 n l1VVt~lJliAClUN CIENTIFICA
LEONARDO SILVIO VACCAREZZA
universal, los evaluadores contratados son disciplinados por criterios se inspiran en las prác.ticas de l~s. ciencias na.tural~s. L,a a?tividad de
preconcebidos y, con frecuencia, la evaluación de raíz académica recibe investigación requiere estar subSIdIada o acredItada 1I1st1tuc1onah~~nte
el "auxilio" de consultorías no académicas. En este sentido, lo nuevo de para adquirir su valor académico, limitando el valor de las a~t1v1d~
las reformas consiste no solamente en la pérdida de autonomía de la des de extensión, la investigación-acción. En el plano de la estll1ctl~la
universidad para componer su sistema de evaluación, sino también en académica, estos dispositivos producen segmentaciones m~rcadas: 111-
el cambio de estilo y significación de la evaluación misma. vestigadores docentes/docentes, categorías de ~lite/categon~s de base,
Un elemento destacable de este estilo es la confección de indica- evaluadores/evaluados. La tendencia parece OrIentarse l~a~l~ un.a c~e
dores de evaluación. No hace fa]ta insistir en el hecho de que los indica- ciente segmentación y rigidez de roles, c.on e~ectos de eht1zaclón y
dores implican construcciones ideológicas y, por lo tanto, son pasibles segregación al interior de las mismas ul1lversld~des. De est~ n:a.nera,
de desacuerdos sociales; además cabe reconocer la debilidad intrínseca ante la generación de comportamientos defenSIVOs de los 1I1dlvlduos
de la información con"espondiente a muchos de tales indicadores de- }'rente a tales dispositivos, las reformas tenderían a reducir, en e~te pla-
bido a la forzosa homogeneización de situaciones bajo conceptos poco no, la autonomía individual, es decir, aquella que proclama la lIbertad
flexibles, los inacabables elTores de registro, etcétera. Sin embargo, de creación de conocimientos. . ' .
como estilo de evaluación, los indicadores instauran la comparabilidad Un proceso propio de los últimos añ~s el: el ~mble~t~ academlco
entre universidades, permiten establecer un régimen de premios y cas- s el de burocratización del gobierno Ul1lversItano. QUlza e~lo no se
tigos presupuestarios, estimulan la competencia entre universidades.y :xplique principalmente por efecto de las reformas pel:o, en cIerta ~e
remueven, por decirlo así, la tranquila indiferencia entre estas. La eva- dida, las presiones por la búsqueda de fuentes alter~atJvas de fin.ancla-
luación externa no se enfoca solamente a nivel del establecimiento uni- miento o como se indica más adelante, la privatizaCIón del e~pacI~ aca-
versitario, sino que, a través de un conjunto de indicadores, se levanta démico, ~ las necesidades de una gestión más comp~eja al 1I1t.e,rIor ~e
como control de la actividad de los individuos (investigadores, docen- las universidades, exigida por la evaluación externa (1I1form~clOn p~ra
tes). Dispositivos como el sistema de categorización de investigadores, evaluaciones y categorizaciones, manejo ~~ contr~to: de v1l1?u.la~Ió~
la certificación de posgrado, la cantidad de publicaciones logradas con con empresas, etc.), requirieron la confecCIOn de ~Isenos ad:n1l1lstratl-
referato, inciden en las prácticas de los individuos, transformando la vos diferenciados y con escalas jerárquicas y funCIOnales ma~ c~mple
cultura académica. Esto configura una nueva "cuadrícula" que clasifica jaso Esto ha dado lugar a nuevas tension~s en el campo ~~aden~lco, ya
jerárquicamente a los individuos, modifica los procesos de reconoci- sea por el nivel de requerimientos que el SIstema bu:ocratI:ado Iecl~ma
miento académico y, fundamentalmente, se transforma en un "panóp- de los investigadores Y docentes, ya sea por las dIferenCIas s.alanal~s
tico" de la vida académica, externo a la propia universidad (SuasnabaI~ que pueden generarse entre uno y otro sectOl: ya s~a p~r la dlfere1:cIa
1999: 104). De esta manera, el control tiende a instalarse (y, por lo tan- de concepciones con respecto a la función de 1I1vestlgac1ón, docencIa y
to, la disminución de autonomía tiende a producirse) no solamente en extensión de las universidades. .
la relación estado-universidad a través del manejo presupuestario, sino Con la reforma de los noventa, la segmentación presupuestm:Ia
también en el individuo académico: si anteriormente los criterios de se ha constituido en una pieza estratégica de dominio estatal en la cbs-
evaluación del mundo académico se regían en el marco del estableci- tribución de los recursos en [1.1I1ción de criterios aplicados por fuera ~e
miento universitario y/o a través de los canales de la evaluación disci- la gestión propia de la universidad. Esto se ha instrumentado a traves
plinar (premios, congresos, referatos de publicaciones, etc.), ahora se de programas especiales gestionados por el e~tado y frecuentemente
agrega a nivel del individuo un nuevo dispositivo de evaluación-control financiados por organismos de crédito internaCIOnales. Con ello, ~l ~la
exógeno (con efectos directos en la asignación de recursos al individuo nejo presupuestario por parte de la universidad ha qu~dado pract1ca-
y efectos indirectos en la universidad), regido en el ámbito burocrático mente restringido, por lo menos en el caso de Argent1l1a, al pago del
del estado y articulado con herramientas estadísticas, aun cuando se personal, una categoría, sin embargo, de baja flexibilidad en la t~~11a de
siga apelando a la figura de los pares. decisiones habida cuenta de la alta conflictividad social en relaclOn con
En términos de los sujetos, estos dispositivos configuran nuevos los mercados profesionales, particularmente el universitario. .
comportamientos académicos a fin de adecuar las prácticas académi- Ya he referido a la proclama de la autonomía de mercado. El~o 111-
cas a los criterios de evaluación. De esta manera, los investigadores duce a procesos de privatización del campo académico: fina.n~ia~l~nto
de ciencias sociales o humanidades fuerzan sus parámetros de logro a privado a través de convenios con empresas, vent~s de S~rvIclOs, ~Ia~ls
criterios extraños al propio campo, ya que los criterios de evaluación formación de la universidad en gestor de negocIOS pnvados PI OpIOS
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~ .... ~n.,u.","u .c HI/ v 1:l::,nliACION CIENT1FICA
LEONARDO SILVIO VACCAREZZA
tamente, la dependencia financiera del estado es una condición estruc- misma es una arena de despliegue de la lucha que la trasciende. Siendo
tural de peso para dificultar la autonomía en la fijación de la reforma. fTuto de la masificación, la universidad procesa en su seno multitudes
Sin embargo, es posible que factores internos atentaran contra la posi- políticas que necesariamente subordinan la dinámica institucional al
bilidad de alcanzar consensos propios y, por lo tanto, lograr legitimidad proceso político nacional.
social para los propios criterios de reforma. Parecería que estos procesos cercenan las posibilidades de con-
Ya mencioné anteriormente el carácter restringido de la demo- senso y generación de procesos autónomos de reforma autodiseñados
cracia universitaria. Más que un problema de diseño institucional, la y autodirigidos, con posibilidades de ser legitimados en la esfera social.
limitación de la democracia se revela en el papel de las corporaciones Sin embargo, algunos ejemplos históricos demuestran la posibilidad de
académicas: facultades, cátedras, organizaciones gremiales, agrupacio- construcción, si no de consensos, de hegemonías relativamente prolon-
nes de política interna e institutos son nucleadores de intereses secto- gadas que permiten transformaciones significativas endodirigidas. Aun
riales que actúan en el interjuego de influencias tanto al interior como cuando no dejaron de estar basados en alianzas con sectores del estado,
hacia el exterior del ambiente académico. En este marco, la preserva- los casos de la Universidad de Campinas en Brasil y de la Universidad
ción de los espacios de poder corporativo es un elemento clave en la
de Buenos Aires en los años sesenta son ejemplos de ello (Suasnábm~
dinámica política, que retacea posibilidades de cambio y nuevas com-
2004; Dagnino y Velho, 1998).
binaciones de intereses. Por otra parte, como señala Krotsch (2003), la
universidad latinoamericana -debido a su impronta profesionalista, su
SEGMENTACIÓN DEL SISTEMA Y DISOLUCIÓN DE "BORDES"
poca capacidad de producción de conocimientos, el débil desarrollo de
ORGANIZACIONALES
la profesionalidad académica- "tiene un estilo de cambio básicamente
exógeno, pues este es fundamentalmente producto de la presión exter- El sistema de educación supelior -y, en general, el proceso social de
na, ya sea de la demanda de expansión matricular o de las políticas de formación de capacidades profesionales en un mundo extremadamente
reforma que provienen del estado" (Krotsch, 2003: 17). dinámico- está experimentando cambios significativos. Tal dinamismo,
Asimismo, la clásica caracterización de la universidad propuesta la globalización y la flexibilidad en las políticas públicas estimulan una
por Burton Clark (1983), según la cual se trata de una institución de creciente heterogeneidad del sistema de educación superiOl~ la apertura
"base pesada" porque carece de autoridad centralizada y dominación inevitable a la competencia internacional de los servicios educativos y
vertical, y que posee límites difusos ya que la producción de conoci- la emergencia de arreglos institucionales que disuelven los bordes orga-
mientos entrelaza distintas instituciones y campos sociales, evidencia nizacionales de las universidades tradicionales.
una estructura en la que la construcción de consensos tiende a referir- La heterogeneidad o segmentación del sistema no necesaria-
sea valores centrales del sistema conformados en plazos proiongados, mente asegura una estructura articulada de servicios complementarios
pero difíciles de lograr en plazos breves y para objetivos que por lo e integrados, en la medida en que la emergencia espontánea de tales
menos pongan en cuestión algunos de esos valores y las pautas de or- servicios se realiza por oportunidades de mercado. La estratificación
ganización derivadas. de universidades en términos de calidad es una consecuencia obvia de
Sin embargo, más que a esta característica del poder en las uni- este proceso. Las universidades de investigación, con doctorados y pos-
versidades -que en la bibliografia organizacional aparece "naturaliza- grados de alto reconocimiento, no pueden ser muchas en un contexto
da" como un rasgo ineludible de una organización basada en la pro- en que la actividad científica sigue siendo reducida. De esta manera, la
ducción diversificada y esotérica de conocimientos (Naishtat, 2004)-, aplicación de criterios homogéneos de calidad universitaria desde la es-
la disgregación de puntos de poder en las universidades de la región fera de la evaluación por parte del estado no hace más que ahondar una
puede responder a cuestiones de su conformación: la laxitud y desaco- contradicción con consecuencias negativas: pérdida de credibilidad de
ple de sus componentes puede ser resultado de la baja integración del la función de la universidad, simulacro de la investigación científica,
personal académico a la institución, con una baja conformación de pro- desvalorización de servicios educativos y de extensión valiosos.
fesionalidad académica que aferre sus intereses individuales a ella. En La aplicación de criterios de homogeneización promueve una
tanto la universidad es un ámbito secundario de desarrollo personal, la competencia negativa entre unidades de diferentes calidades, en térmi-
posibilidad de crear comunidades con alto consenso es baja. Por otra nos de que dificulta la cooperación entre distintos efectores del sistema,
parte, las universidades son, en América Latina, espacios significativos con funciones diferenciadas tanto en la producción de capacidades pro-
de la lucha política; su dinámica no deja de estar teñida por esta, y ella fesionales como en la de conocimientos, desarrollos y transferencias de
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lte~nología~: De lograrse una heterogeneidad del sistema que di . tad de! siglo XX. Y en el caso de América Latina, como sabemos, brilla
e~~:t:~::~I~~ ;~t~:er~ción .de lo.s di.stintos tipos y niveles de en~~~~~: más como excepción 'que como norma. En este sentido, la creciente
ríor a la co~ , . mIa UnIverSItana se proyecta hacia un nivel supe- importancia de la investigación científica en las universidades corrió
sob~e la bas:~r:~:c~~70dneore~esdquedarticu~en capacidades diferenciales históricamente de forma paralela al rápido proceso de masificación. De
mIa e ca a entIdad esta manera, es inevitable observar una tensión básica entre e! papel
lugar a ~::~::i:s~;a~:;~~~0110s t;cnoló~icos o~ganizativos
y están dando científico y el papel social, promoviendo concepciones de aislamiento
campus virtuales un' ' . ~dcodn ormaClOnes de los servicios educativos: y "elitización" del primero (Nowotny, Scott y Gibbons, 2002: 84). En el
, , IveISI a es corporativ d ., . caso de América Latina, este aislamiento no solamente hace referencia
estructuras de educación " as, e ucaClOn a dIstancia,
versidades e ' ,~erm~~ente, alIanzas formativas entre uni- a la separación de la producción científica respecto de las exigencias de
'd d ~ ~ple~as, artIculaclOn de servicios entre distintas univ _ una demanda masiva de servicios docentes, sino también de las turbu-
~~~:o~:la~~~a~~:~lOnes sociales so~ algunos ensayos novedosos cu~: lencias que, en tanto instituciones procesadoras de las tensiones políti-
:!~~~;:t~~:~:~~~~~~:¿:p~:~y~ee:lvIel~s'pS~~~~~ ~=~~~~!~~:i~~!~,d;:
cas de la sociedad, afectan a las universidades.
dld: En este sentido, es posible describir una tensión entre el ejercicio
. aclO en a prestación d I ' de roles científicos y e! de funciones orientadas a la formación universi-
~:~~~: ~~~~o;.!ad~l~eeminenci~ de la ,red o la interacCión entre ~n~~~:~ taria adecuada a las necesidades de la sociedad. No pongo en cuestión,
(Davis 2001) ~ I al p~~sta~lón, mas que de la institución individual ciertamente, la importancia de la investigación en la universidad ni el
la noción de ~u~~:ex~e: l~ncIas, por otra parte, tenderían a reformular ideal de formación en investigación del conjunto de la matrícula uni-
En r' " mIa a como se debate hasta e! presente. versitaria. Pero la tensión no termina de resolverse y promueve conti-
fuertemen! ~~~~~:in:~t~: oarre~?~ tec:ológicO-institucionales están nuamente ensayos de aislamiento y evitación de responsabilidades en
nivel de inversión que supon:~~ I~~~~:l os porla lógica de negodo. El uno u otro nivel. De esta manera, la profesión académica entendida en
cios montados en TICs- p . . armen te en los casos de servi- términos de profesión científica -esto es, asumiendo las normas y prác-
dad E t coloca en pnmer plano el criterio de rentabili- ticas propias de la producción original de conocimientos- no termina
ria~en~e~sc:~oon~:~~~!~~~t~;~:ía u~iversitari~ se retraduce, ne~esa- de consolidarse en la mayoría de las universidades de la región.
princi al com . . gestIó~ financIera y comercial como Al mismo tiempo, sin embargo, las reformas de los noventa pro-
forma~ de reg~~~~~~e. ~or otr; p;rte, dIchos arreglos imponen nuevas movieron enfáticamente esta traducción. La relativa subordinación de
calidad de los serviciosPlarpPrart e .eól edstaldo, de manera de asegurar la la vida académica a los parámetros de la actividad científica ha oblite-
, o eCCI n e consumid, l. rado otras funciones sociales de la universidad. Todavía más, resulta-
p:~:~)gapteivraOslnacionaleSf(idioma, valores, objetivos ~~: e~e~~~~~~~os~~
P ría incompatible la concepción de una profesión académica en sentido
. os nuevos 'ormatos d I " d ., pleno (en el sentido de convertirse en el medio de vida exclusivo del do-
requieren diseños de cont. 1 1e a. e ucaClOn superior sin bordes"
s~blemente no sea evident~ol: ceev:t~~~~~~~ ~SP~cíficos, ~n loscu~le~ po- cente, de identificación fuerte con la comunidad académica, de integra-
ción dinámica con el mercado de posiciones académicas) sin una plena
~~Oe~t: o~~~:c~~tpo:~s ~~;~;iennotaecsioEnáCe~1 más
, , 1
~c~:I~:ft~~~~Sy~~~I~~;~~;:
sos tener a perm . d 1
adopción de parámetros de actividad propios de la producción científi-
ca. Como afirmé anteriormente, los criterios de evaluación de docentes
~:~~~:, ~~~:~i~;!~~ó~ la cultu:~ acadé~ica y de la articula:~~~c~:tr: d~~ se concentran en pautas de investigación y, sobre todo, en pautas de
y extenslOn, propIaS de la universidad tradicional. investigación de las ciencias básicas y naturales. La concepción de unas
ciencias sociales coproduciendo conocimientos y transformaciones con
INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA Y PROFESIÓN ACADÉMICA e! entorno social, o de las disciplinas tecnológicas articulándose en con-
textos de innovación productiva con marcos institucionales variados
Es ya clásica la inclusión de las funciones de investi ., . .'
entre las notas características de la l' ' . , g~clOn cIentlfica (PyMES, producción social, cooperativas), no es compatible con los pa-
Flisfisch 1989) S' b p ofesIón academIca (Brunner y rámetros impuestos a la profesión académica.
ducción 'de cono' ~n ~m argo, también es cierta la tensión entre la pro- De esta manera queda limitada la autonomía de la universidad
CImIentos en la univ .d d I ' .
servicios educativos La' . erSl a y a satlsfaccIón masiva de (en tanto institución, comunidad e integrante individual) para estable-
. 'IncOrporacIón plena d I ' . .
universidades se afianza int. . 1 e a InVestIgacIón en las cer su relación con el entorno social. La concepción hegemónica admite
ell1aClOna mente recién en la segunda mi- autonomía del investigador para la elección de temas de investigación.
46
47
_ ..........LU.\U.l.J..U'l.l..J n U"'f v I:.i:>11\.::r1\t...lU!\I CICNTIPICA
LEONARDO SILVIO VACCAREZZA
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48
49
lfLACSO. Bibllotéca
EDSON NUNES*
ENRICO MARTIGNONI**
LEANDRO MOLHANO RIBEIRO***
I Este texto contou com a participac;:ao e apoio de Fabiana Coutinho Grande, Fernanda
Joffily Franc;:a, Márcia Marques de Cm-valho e Violeta Monteiro.
51
EDSON NUNES, ENRICO MARTIGNONI y LEANDRO MOLHANO RIBEIRO
·. . . . . . ·T~i~i·. . . . ·. r. . ·. . . . . ·¡;·;i·~~da~
N.~..~~ ..I.~.~..............................................................
Reino Unido, a Holanda e a Bélgica possuem, ¡'espectivamente, 100%,69,6% e 58,5% de
alunos mat¡'iculados em IES privadas dependentes do govel'llo (OECD, 2004). Ano ¡ Públicas ..!¡ lES privadas (%)
3 Os países parceiros da OECD e seus percentuais de alu nos matriculados no setor público
sao: Argentina, 87%; Chile, 31,5%; Filipinas, 31,9%; Índia, 100%; Indonésia, 33,5%; Israel,
11,7%; Jamaica, 68,4%; Jordania, 71,4%; Paraguai, 43,1%; Peru, 58,8%; Rússia, 88,7%;
Tailandia, 86,9%; Tunísia, 100% e Uruguai, 86,2%. Os dados ¡'eferem-se ao ano de 2002
(OECD,2004).
52
53
UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA EDSON NUNES, EN RICO MARTIGNONI y LEANDRO MOLHANO RIBEIRO
Tabela 2 Tabela 3
Evolugao do número de matrículas Wsemestre) no ensino superior por dependencia Número de matriculados (1° semestre) e lES por faixa de tamanho, Brasil, 2002
administrativa, Brasil, 1980-2003
Faixas de tamanho
Ano
Matrículas no ensino superior !.
.................................................';" ................................................."¡"" ................................................! lES privadas (%)
Classifica~¡¡o
(quanlidade alunos)
Total ! Privadas ! Públicas i Micro 1 a 500 780 47,6 173.766 5,0
1'9'iis........................i·j67·.·609............·r. . ·. . . . . . ii'10:92·g.............. T........·........·556·. 680............·T............·....·59:S ...................
.......... 1980 1.377.286. 885.054 . 492.232 . 64,3 Pequena 501 a 2.000 476 29,1 472.998 13,6
Média 2.001 a 5.000 133 8,1 411.637 11,8
::::::::5~~~:::::::::: ::::::::::::::T~~:º;:º#.º:::::::::::::::r::::::::::::::::::~:~f~:~~:::::::::::::::r::::::::::::::3!:~:·:~i.~::::::::::::::r:::::::::::::::::~i.;~::::::::::::::::::: Grande 5.001 a 15.000 132 8,1 1.208.728 34,7
.......... ~.~.9.~........................ .1.:.~~.?:'º.~~...............!...................~.~~:~~.O'...............!. . . . . . . . . .6.9.?:.!~~...............!. . . . . . . . . .6.J.!~ ................. . Mega mais de 15.000 48 2,9 1.212.784 34,9
.......... 1.~.9.~....................... ..1.:.~~.?:.?~~.............. .! ...................~.O'§.:.!.~.6. ...............!...................6.~.~:.6..6.~............. ..! ...................~~!º ................... Sem informa~¡¡o' 68 4,2
.......... 1.~.9.~........................ .1.:.~~.1:.6..6.~...............!.. .................~.1.!.:.1.??. ...............!...................6.~.3.:.?.!.~...............!...................~~!º ................... Total 1.637 100 3.479.913 100
1994 1.661.034! 970.584 ! 690.450 ! 58,4
: : : : : ~: t.:.: : : : : ::::::::::::::}::t.~H~F:::::::::}::::::::::::}J~n~:~::::::::::::::r::::::::::::::::f~~::~t.r:::::::::::{:::::::::::::::::~~I:::::::::::::::::
Fonte: Elaborac;:ao Observatório Universitál'io, MECfINEPfDAES, Censo da Educa{:ii.o Superior 2002.
* Nenhum aluno registrado no 1" semestre .
........ ..1.~.9.?.........................1.:.~~.?:.6..!.~............. ..! ............ J.:1.~§.:1~.3............... .!.. ..............J~.~:.!. ~~............... !...................6..1.!º ...................
......... 1.~.9.~.........................?:.1.??:.~.~~............. ..!..............J.:~.~.!.:.?~.~............. ..i...................~º1:.!.?~ .............. !.. .................6..?!.1.................. .
.......... 1.~9.~.........................?:.3.~.~:.~1?............... !............J.:?..3.?.:~~.3................ !...................~~.?:'º.?? ..............!.. .................6.1L .................
.......... ~~.~~.........................?:.6.~.1:.?1? ............ ..! ...............~.:~.O'!:?.~.~...............!...................~~.?:'º?~............. ..! ...................6.!!J.................... A classifica9ao das lES por faixa de tamanho revela a configura9ao
..........~.~.~1.........................3.:.o.~g·.?~~...............i...............?:9.~J.:?..~.~...............i. . . . . . . . . .~~.~:.???............. ..i...................6.~!º................... da educa9ao superioc Mais de 2,4 milh6es de alunos (69,6% de todos
.......... ~.~.~~.........................3.:1!.~:.~.1.~...............i...............~.:~.?~:??.~...............i...............!.:.O'?1.:.6.~?................!...................6.~!~ ................... os alu nos matriculados) estudam em lES classificadas como mega e
2003 3.887.771 i 2.750.652 i 1.137.119 i 70,7 grande. A distribui9ao dos alunos nessas faixas, porém, nao é uniforme
Fonte: MECfINEP 1998 Evolu(:cio do Ensino Superior 1980-1996 (Brasilia: INEP); Censo da Educa(:cio uma vez que as 48 lES mega lES tem mais do que o dobro da média
Superior 1999 a 2003. de alunos das lES grandes: sao cerca de 25,3 mil alunos por lES mega
contra 9,1 mil alunos de lES grandes. O número médio de alunos nas
lES micro está em torno de 223 alu nos por lES; nas lES pequenas a
CONFIGURAC;:AO DA EDUCAc;:Ao SUPERIOR NO BRASIL média é de 994 alunos e nas lES médias é de 3,1 mil alunos.
Fazendo-se um recorte das lES por faixas de tamanho, observa-se que No setor privado, mais da metade das lES, 51,8%, seriam con-
as 48 maiores lES brasileiras, ou seja, aquelas com mais de 15.000 sideradas lES micro, enquanto no setor público as lES micro repre-
alunos, respondem por 34,9% de todos os alunos matriculados, o que sentam apenas 16,9% do total. As lES pequenas representam 28,3%
representa um pouco mais de 1,2 milh6es de alunos. Por outro lado, no setor privado e 34,9% no setor público. Em torno de 8,0% das lES
as menores lES, com até 500 alunos, que representam 47,6% do total particulares poderiam ser consideras de médio porte. No setor público
de institui96es, tem apenas 5% do alunado, ou seja, pouco mais de esse percentual é igual a 11,3%. As lES grandes e as mega representam
170 mil alunos. 35,9% no setor púbico. No setor privado essa dimensao percentual é de
apenas 7,7%.
FlACSO .!1ih 1iofpr:a
UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA EDSON NUNES, ENRICO MARTIGNONI y LEANDRO MOLHANO RIBEIRO
RELEVANCIA ECONÓMICA DA EDUCA<;:Ao SUPERIOR NO BRASIL 15,9 mil. A receita da educa<;:ao superior representou algo em torno de
2% do PIB e a despesa atingiu um valor de aproximadamente 2,5% do
Apesar do baixo desempenho da economia brasileira nos últimos 10
PIB, como pode ser observado na Tabela 7.
anos, a educa<;:ao superior cresceu a taxas elevadas, tendo o investimen-
to privado como o principal propulsor na amplia<;:ao das matrículas.
Entre as justificativas desse crescimento vertiginoso cita-se: o aumento Tabela 7
do estoque de pessoas com o ensino médio complet0 9, a importancia Participa9ao da receita e da despesa da educa9ao superior no PIB (%) e receitas e des pesas por
da educa<;:ao como pré-requisito de bons salários e manuten<;:ao de em- aluno na educa9ao superior, por dependencia administrativa, Brasil, 2002
prego, a expansao do en sino superi01~ que elevou as oportunidades de lES privadas lES públicas Tolal
acesso, e a estabiliza<;:ao da economia, a partir de 1994, que possibilitou
1,17 0,99 2,16
a realiza<;:ao de um melhor planejamento, por parte das famílias e dos Recellas lolais
(R$15,8 bi)
estudantes, para o custeio da educa<;:ao superior a médio prazo. ................................................................................ 1·:2ii. . . . . . . . . . . . ¡...·....................
(R$13,3 bi)
·1·;:új....................·. (R$ 29,1 bi)
i, ................ · ...... ·iú5i. . . . . . . . . . . ..
A Tabela 6 mostra a capacidade de gera<;:ao de emprego direto Despesas lolais (R$17,3 bi) (R$16,8 bi) , (R$ 34,1 bi)
:::;:~:;:,;;:~~~:f::::::r:::::::::::i::::::::
do setor: atualmente, a educa<;:ao superior emprega diretamente apro-
ximadamente 500 mil funcionários, entre docentes e servidores. As
informa<;:6es sobre empregabilidade combinadas com os dados relati-
vos as matrículas na educa<;:ao superior mostram que, na rede públi-
ca, cada 5 alunos geram um posto de trabalho; no setor privado essa
Fonle: Elabora~¡¡o Obsel-valório Universilário, MEC/INEP/DAES, Censo da Educarcio Superior 2002.
rela<;:ao é quase o dobro, ou seja, para cada 9 alu nos matriculados em
lES particulares há a gera<;:ao de um posto de trabalho. Em média,
portanto, para cada 7 matrículas no ensino superior é gerado um em-
A diferen<;:a entre receitas e despesas no setor privado pode ser explica-
prego na economia.
da, em parte, pelo investimento do setor (Tabela 8). No setor público, as
despesas com pessoal consomem quase a totalidade das receitas. Além
Tabela 6 disso, observa-se que, enquanto no setor público os gastos com pessoal
Número de docentes e servidores atuando na educa9ao superior, Brasil, 2002 (78,2%) e custeio (18,6) correspondem a 96,8% das despesas totais, no
setor privado esses gastos somam 76,7% (sendo 49,9% com pessoal e
lES privadas lES públicas Tolal 26,8% com custeio).
267.244 200.302 467.546
(57%) (43%) (100%)
Fonle: Elabora~¡¡o Observalório Universilário, MEC/INEP/DAES, Censo da Eclucarcio Superior 2002. Tabela 8
Receitas e despesas das lES, públicas e privadas R$ (%), Brasil, 2002
Receilas lES privadas lES públicas
A educa<;:ao superior privada movimentou, em 2002, aproximadamente 15.032.434.201 1.174.365.211
Receilas próprias
(95,2%) (8,8%)
R$ 16 bilh6es em receitas e R$ 17 bilh6es em despesas, enquanto o ..................................... ".... "...........................,,,,, ....·"·". "....·. '"·1''1'á:~ú58:5ti8'·'' . · . ,,·,,··,,·,,. ·(''....·. '''' ......1·1·:96·1·~'552·.·6'50·"·"""·"·,,·"·,,
setor público registrou R$ 13 bilh6es em receitas e algo em torno de Transferencias
R$ 17 bilh6es em despesas. O setor privado captou, em 2002, aproxi- . ·~~~;~~·;~·~~·;;~~ ..............................................................·. 64·ü(0,7%)
·. 6s3:iiú. . . . . . . . . . . . ·t ......................·1·ú·(89,8%)
. i5'1'rúg·2..........·...............
madamente, R$ 6,5 mil reais por aluno matriculado e gastou R$ 7 mil (4,1%) (1,4%)
por aluno matriculado. No setor público, as receitas e as despesas por .. ~~;~; ......................................................................................új·. ;;·s6:iiii·1·1·0. . . ·. . . . . ·. . ¡. . . . . . . . . . . 1·3:i2'3:·4i4·. ii·5i ..............·. . .
[.
aluno matriculado ao ano somam, respectivamente, R$ 12,7 mil e R$ (100%) ! (100%) i:
Despesas Privado Público I
Tabela 8 [continuación] ~ao (Tabela 10). Ao contrário da educa~ao superiOl~ estes setores tem
demandado urna aten~ao especial do Estado em sua atividade regula-
Pessoal 8.629.768.678 13.107.768.053 tória, com destaque para cria~ao da Agencia Nacional de 'Itansportes
(49,9%) l (78,2%)
.. ~~~;~;~ ............................. · . ·. ···············úi}~~~·i.}o·s . · · ·. · . . . . · . . ·. . . ·. . . ·. . . ·i1·~j~~i~~oP3 . ··· ... · ... · (ANTT), da Agencia de Transporte Aquaviário (ANTAQ), e da Agencia
Nacional de Telecomunica~6es (ANATEL) .
............................................................................. ·······················;¡·.·Oú:2·úi:04·S······················r····················. ·5·34:09~i:'563············..............
Capital (23,3%). (3,2%) Tabela 10
...;~;~;................................................................ ······· ..············1'7·:2'88:092:·;·28·······.... ··········r·············.. ·····;·S:7S·;¡:·035':939·········.. ·····, ... ..
Participagao de outros setores na economia no PIB (%), Brasil, 2004
(100%) l (100%)
Tabela 9
Receita total pelo tamanho da lES, Brasil, 2002
Receita total em reais %
Faixa de tamanho Número de lES
de 2002
. ~~C;;~),~~. ~~.~. ~ ~~,~ 1... .. ................................ ~~~.........................i. . . . . . .~.:~.~~:.~~,~. ~.~~. . . . . . .!......................... ~:.~.........................
Fonte: IBGEfDepartamento de Contas Nacionais.
* Resultados Preliminares calculados a partir das Contas Nacionais Trimestrais.
~~o~:~f:n':~ (de 501 a 476 I 4.272.325.315 I 14,7
.............. ,................................ ,........ , ............•..•... ,.. ,................................ ·l·· .. ·············.. ·.. ·· .. ··· .. ····················· .. ·.. :', ......................•.•...... ,... ,.................. ,
11
_ ............... .L\U.l.1Jr1.U .c. 11 ... V n\llll:rJ\CIUN CIENTIFICA
EDSON NUNES, ENRICO MARTIGNONI y LEANDRO MOLI-IANO RIBEIRO
65
- ---··-........ ·..U..'-' . . _l" ~J.J.:.l"~.1rlL.¡\
;!¡i!l~~~:"::;tm:~"~::_:::I~::::i:
mentos relevantes para alunose professores. Nao existe qualquer
foco em questoes estratégicas e de sustentabilidade do setOl~ como
compromissos de investimentos, produtividade,· participac;:oes em
resultados, protec;:ao e cuidados com os usuários, etc. Uma análise
do conteúdo das convenc;:oes coletivas de trabalho 17 , por exemplo,
mostra que a maior preocupac;:ao dos empregados e "patroes" é ga-
.................................................................. .... Wo existe sindicato de docentes ............
rantir direitos e garantias aos trabalhadores, o que justifica o grande
número de cláusulas relativas a salários, reajustes de salários, jor-
nada de trabalho, licen~as, Eérias, respeitando as normas especiais
relativas a categoria.
Foram analisadas 42 convenc;:oes coletivas de trabalho firmadas
entre os sindicatos que representam os docentes do ensino superior pri-
vado e os sindicatos que representam as entidades patronais em 2001
e 2002. A tabela abaixo mostra as unidades da federac;:ao nos quais as
convenc;:oes coletivas Eoram obtidas.
Tolal
68
69
EDSON NUNES, ENRIeo MARTIGNONI y LEANDRO MOLI-IANO RIBEIRO
flACSO - BiblIoteca
Os trabalhadores fonnais na educac;:ao superior ocupavam, em 2002,
a 25° maior taxa de permanencia no emprego, cerca de 81 meses. Vale Tabela 14
ressalta¡~ também, que a idade média dos trabalhadores da educac;:ao Receit~s brutas de empresas selecionadas, Brasil, 2002
formal, de mais de quarenta anos, é a 11° mais elevada entre os 223 Receita bruta de vendas
grupos de atividades económicas da CONAE. Resumindo, em 2002, a Educa~¡¡o superior e empresas selecionadas e/ou servi~os
educac;:ao superior foi urna atividade econ6mica que gerou um rendi- ~~:.1.º.9.:.ª.?~
Educa~ao
- superior
. ............................................ ............................................. .....................13 323 435..........................
::::g~:~~~~~~:~:~p.~il:~i::~~;~:!!~~::::::::::: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ::::::::::::::::::::::::j~:?~:~~:?#.~:::::::::::::::::::::::::
mento médio duas vezes maior que o rendimento médio de todos os
trabalhadores formais, situou-se entre os 20 maiores empregadores e Educa~ao superior privada . ............................................. ........................................ 99 164 118
entre os 10 maiores geradores de massa salarial, segundo a CONAE e
a RAIS. Além disso, a educac;:ao superior registrou urna das mais bai-
xas taxas de rotatividade no conjunto de 11 grupos apenas cuja idade
média era igual ou superior a 40 anos.
Outra forma de observar a relevancia econ6mica da educac;:ao
superior é comparar sua receita bruta com a receita de algumas em-
presas importantes dos setores de transporte aéreO e comunicac;:6es,
e com a de grandes empresas que operaram na Bolsa de Valores de
Sao Paulo. Por exemplo, das empresas de telecomunicac;:6es, apenas
a Telemar, maior empresa de telecomunicac;:6es em receita bruta e se-
gunda maior empresa do Brasil El época 21 , teve o montante da receita Vasp
bruta acima da movimentada pela educac;:ao superior em 2002. No
mesmo, ano, as quatro maiores empresas ele transporte aéreo jun- Fonte: Sistema de Divulgac;ao Externa da Bolsa de Valores de Sao Paulo.
tas (Varig, Tam, Gol e Vasp) tiveram receita bruta inferior El receita * Valor referente ao ano de 2003.
do setor privado de educac;:ao superiOl~ Além elisso, a receita bruta
da maior empresa de bebidas do Brasil, a AMBEY, assim como a da
maior mineraelora do país, a Vale do Rio Doce, estavam Ul11 pouco O setor da educac;:ao superior é muito complexo, elinamico e robu~to
ara estar submetido apenas El microregulac;:ao gover.namentaP2, assll~
~omo a~~
abaixo elas receitas obtidas no setor educacional privado. Quanelo se
considera educac;:ao superior pública e privada somente a Petrobrás é economicamente muito relevante para nao dlspor de urna
lise ros ectiva e estratégica de suas metas e de pro.gramas c:ntla~s
t~rm;s
(maior empresa do país) apresentou, em 2002, receita maior que a
educac;:ao superior brasileira. em de sua sustentabilidade e qualidade educacIOnal. .Sena hOl a
de lanc;:ar um olhar sobre o setor educ~ci~~al do p~nto de vIsta ele su~
realidade econ6mica constitutiva, posslblhtando nao apenas u~1a eles,
cr~c;:ao mais acm'ada da educac;:ao superior r:o país, c~mo tambem pel-
mitindo criar urna realidade regulatória mars apropnada.
70
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INTRODUCCIÓN
Los ambientes académicos y la cultura organizacional en las instituciones
de educación superior; quizá en todo el mundo, han visto cambiar sus con-
diciones de contorno de una manera radical en los últimos quince años.
Si enfocamos a la educación superior como un sistema abierto,
es lógico esperar que la modificación de su contexto (las condiciones de
contorno) haya generado cambios en sus ambientes académicos y en
las pautas que regulan las relaciones de, y entre, los diversos actores al
interior de las instituciones. En sus "culturas".
De manera muy sintética, la consideración de un fenómeno des-
de la perspectiva teórica de los sistemas abiertos implica asumir que
este será muy sensible a sus condiciones iniciales -la trayectoria en su
desarrollo no será comprensible sin analizar sus rasgos de origen- y
que, por su apertura, el intercambio de energía (información, regula-
ción y recursos en nuestro caso) será muy intenso y en absoluto trivial
en su desenvolvimiento. No es correcto enfocar el asunto como si las
variaciones proviniesen, exclusivamente, del "exterior"; como se dice
en México, hay tren para el norte y tren para el sur. Intercambio es un
término preciso, e implica -siempre- dos vías para ser entendido.
73
UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA MANUEL GIL ANTÓN
En ciertos momentos, las condiciones de contorno varían de tal como hito, cual mojón para separar un sembradío de otro. 1989. Hay
manera que, al combinarse con la trayectoria del sistema -insistimos, un antes y un después.
muy sensible a sus condiciones iniciales-, producen cambios profun-
dos: no variaciones en cierta lógica de estabilidad relativa, sino inflexio- NOTICIAS DEL ANTES: ORIGEN, DESARROLLO Y CRISIS DEL MODELO EXPANSIVO
nes o bifurcaciones relevantes a las que, con propiedad, podemos lla-
SIN REGULACIÓN ACADÉMICA DEL SISTEMA
mar el inicio de un cambio hacia otra etapa de equilibración.
Por cierto, luego de dejar .de ser lo que eran y antes de arribar a Si el hilo conductor ha de ser el oficio académico, veamos algunos ras-
una nueva etapa de estabilidad, sierripre relativa, es normal que atravie- gos de sus condiciones iniciales:
sen un período de convulsión e inestabilidad muy fuerte, dado que la for-
- En 1960, el total de puestos académicos en el país rondaba los
ma anterior de comportamiento aún no cesa de reclamar por sus fueros,
10 mil. Ahora supera las 220 mil plazas. Un poco de aritmética
y las nuevas modalidades de regulación interna y control de flujos con e!
nos dice que en "sólo" 44 ai'ios se han abierto 210 mil nuevos
contexto no logran establecerse del todo. Aparece la turbulencia.
puestos para el trabajo académico en México: e~to sigI:ifica una
En este texto se propone, como tesis a debatü~ que estamos transi-
producción anual promedio de 4.772 plazas o, SI se qUIere apre-
tando hacia un cambio de época en nuestros sistemas de educación supe-
ciar mejor e! fenómeno, hemos generado, de nuevo en promedio,
rior nacionales, cuestión que ya ha modificado, y de manera aguda, los am-
13 puestos cada 24 horas: un profesor universitario al asombroso
bientes y las culturas institucionales. Hay polvo en el viento: son notas que
se redactan en medio de la turbulencia, acusando la inestabilidad propia de ritmo de un par de horas. Vaya forma de crecer.
un pasaje de cierta fOlma de operm~ ya peJimida, a otra, aún incipiente. - Es obvio mencionar que esto se hizo en correspondencia con un
Se enfocará al caso de los académicos -ele la profesión de profesiones, enorme aumento de matrícula, instituciones y cobertura social.
como expresó Burton Clark- y se ofrecerá evidencia del caso mexicano. Se pasó de atender al 3% de la cohorte de edad respectiva, a más
Lejos está e! autor de estas cuartillas de suponer invariantes los ras- del 22% en nuestros días.
gos hallados para e! oficio académico en México y, por ende, generalizarlos
a toda la región; pero quizá algunos sean semejantes, dado que las condi- - Al arrancar la expansión, y sobre todo en los ai'ios setenta de! siglo
ciones de contorno no se refieren sólo a los contextos nacionales, sino a un pasado, se tuvo que "habilitar" como profesor a quien estu:,iera en
cambio de mayor calibre que, al pareceI~ afecta más allá de cada frontera. condiciones de hacerlo de alguna manera: aun como estudiante de
cursos avanzados en su licenciatura o recién egresado. Sólo el 12%
¿ YA PASÓ LO QUE ESTABA ENTENDIENDO O YA NO ENTIENDO LO de los profesores contratados en las fases de expansión contaba, al
QUE ESTÁ PASANDO? I momento de iniciar sus labores docentes, con un grado mayor a
aquel a que aspiraban sus alumnos. ¿Y doctores? Casi ninguno.
Hay situaciones en que nuestras estructuras de asimilación para hacer
verosímil e inteligible lo que estudiamos estallan. Se agota su capaci- - En esos ai'ios, los nuevos profesores estrenábamos dos roles socia-
dad de otorgar orden y hacer comprensibles los sucesos. les de manera simultánea: ser los primeros del linaje familiar en
A partir de 1989, fecha que tiene mucho más contenido que sus lograr un espacio en la educación supeliOl~ esto es, pioneros en esa
cuatro dígitos, me atrevo a datar el origen del cambio de época en los condición, y, súbitamente, encontrarnos frente a un grupo de mu-
modos de regulación del trabajo académico en México. Claro, muchos chachos, casi de la misma edad, como sus maestros. Vaya fOlma de
aspectos vistos desde ahora resultan antecedentes o fuerzas motrices saltar en las escalas de la jerarquía social, sobre todo simbólica.
que en ese momento confluyen para impulsar al sistema en otra direc- - Y como todo era de prisa, la mayoría iniciamos nuestro andar
ción, atraído por lógicas diversas a las previas.
p~r el oficio académico a solas, sin colegas a los cuales ~cudir
Pero, como somos seres hechos de tiempo -ese parámetro de la para entender la complejidad del oficio: "te toca en el salon 506
trasformación de la materia que es nuestro invento y, a veces, calvario del edificio H, qué haya suerte, colega"2.
o río apacible, siempre compai'iero-, es· menester arriesgar una fecha
2 Estas características se desarl'Ollan en pl'Orundidad en Gil Antón, Manuel (dil:) 1994 Los
1 Sin ser textual, esta frase la he tomado de Carlos Monsiváis. Expresa, de manera nítida, rasgos de la diversidad: un estudio sobre los acadél1li~os I1l~XiC(~110S. (UA~-~zca~otzalco). Esta
la perplejidad de nuestra mirada sobre los nuevos fenómenos que enfrentamos. obra reporta el trabajo realizado por un equipo de 1I1vesllgaCJÓn 1I1tennstJlucJOnal en 1992.
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UNIVl:!l;{~IDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
MANUEL GIL ANTÓN
Entre 1960 Y el primer tercio de los años ochenta hubo relativas "vacas
dos. La legitimidad polftica era el eje del impulso expansivo no regulado
gordas": se ganaba bien. No mucho, pero lo suficiente para vivir de ma-
y, ya para entonces, ofrecía al Estado rendimientos decrecientes 3 •
nera digna y formar una familia. Todos los ingresos provenían de una
El país pasaría, en cuestión de años, de un modelo de economía
sola fuente: la contractual, administrada bilateralmente por las autori-
dades y los sindicatos universitarios. cerrada a otro abierto, y la vru-iación de fondo se manifiesta en la lógica del
empleo de los recursos fiscales, además escasos. El valor de la competitivi-
A partir de 1983, debido a una de tantas clisis que han caractelizado
dad se afianza y el proceso de democratización prosigue su marcha en un
a nuestra tierra, el poder adquisitivose desploma: desde 1983 a 1989, dicen
los expertos, el poder de compra de los salalios cayó un 60%. La escasez de mundo que va dejando de ser bipolar. No es tlivial esta modificación.
fondos para mantener y avituallar las universidades no fue menor, pero la
RASGOS DEL DESPUÉS: HACIA UN MODELO DE REGULACIÓN ACADÉMICA BASADO
pobreza -un problema fuerte- no fue lo peor: al coincidir la clisis con un
cambio en la lógica de asignación de fondos fiscales a las universidades _y EN LA COMPETENCIA Y DESHOMOLOGACIÓN DE LOS INGRESOS
a todas las entidades públicas de carácter social-, delivado de otro proyecto Ya el SNI había mostrado la tendencia, pero no fue advertida a tiempo.
de desruTollo nacional ffiTastrado por cambios profundos en el mundo se En 1989 se presenta, en la Universidad Autónoma Metropolitana (UAM)
produjeron dos fenómenos, a su vez convergentes. Por una parte, se ero~io y otras instituciones federales, un programa de Estímulo a la Docencia y
~ó de manera considerable la ética del trabajo académico y universitalio: la Investigación. Con base en un tabulador cuantitativo, y con pretensión
¿Me pagas poco? Bueno, trabajo en el límite de la desidia y busco salidas de incluh~ de forma exhaustiva, todas las actividades académicas, si un
en el multiempleo". y las autolidades universitalias no estaban en condi- profesor conseguía mostrar una productividad determinada ante comi-
ciones de ejercer eso que les da nombre: autolidad. Por otra parte el Es- siones de pares disciplinarios, obtenía ingresos adicionales, no contrac-
tado decidió ya no financiar "a ciegas" las nóminas universitruias. P~imero tuales: esto es, no como parte de su salario, aunque sí de sus ingresos.
aceptó la iniciativa de .crear el Sistema Nacional de Investigadores (SNI), La señal era inequívoca: habrá más dinero para los profesores que
con lo cual otorgaba dmero adicional a los académicos que se destacaran puedan demostrar, con su producción, que "lo merecen". La reacción del
en esa labor. y, ya en 1989, aplicó este modo de otorgar dinero de forma gremio, mayoritaria, fue intentar conseguir los recursos adicionales.
adicional y selectiva -vía concurso- al intelior de las instituciones. Como ejemplo, en la UAM, durante los años noventa, además del Es-
Durante 29 años, tomados a partir de 1960, cuando inicia la tímulo a la Docencia y la Investigación, que otorgaba una cantidad de dine-
exp~nsión y confor~ación del actual sistema de educación superior ro adicional cada año, se crearon los siguientes modos de alcanzar ingresos
mexIcano, la modalIdad de obtener ingresos por parte de los académi- no contractuales, esta vez con montos mensuales libres de impuestos 4 :
cos f"ue exclusivamente contractual.
Era lógico, entonces, que la manera de pujar por incrementos o - Beca de apoyo a la permanencia del personal académico
prestaciones fuese de forma colectiva, a través de los sindicatos. Aun- - Estímulo a la trayectoria académica sobresaliente
que durante los años ochenta estos perdieron mucha fuerza debido a
diversos factores (entre ellos, una reforma a la Constitución que asig- - Beca al reconocimiento de la carrera docente
naba ex~:usividad a las universidades para fijar los términos de ingreso, - Estímulo a los grados académicos
promOCIOn y permanencia del personal académico), los salarios eran
fijados en una negociación bilateral. ¿Eres productivo? Tienes el estímulo anual y la beca mensual. ¿Ya eres
y es esto lo que se acabó en 1989. Parecería que un solo aspecto Titular "c" -máxima categoría posible- y tu producción es abundante?
no alcanza para hacer comprensible un cambio tan profundo como el Obtienes el estímulo a la trayectoria sobresaliente. ¿Das bien tus clases?
que se presentará ahora, pero en los sistemas abiertos, como en otros Pues entonces, otro ingreso. Y si eres doctor, derechito al cielo.
casos de la vida, hay una gota, una nada más, que delTama el vaso.
El cambio en las condiciones de contorno no es por falta de dinero
3 Esta propuesta de explicación de la variación de fondo en las relaciones entre el Estado
a. secas, sino por el cese en la propulsión del plincipal motor de la expan- y las universidades públicas la he tomado de Olac Fuentes MolinaI~ quien, a finales de los
SIón hasta mediados de los años ochenta: un intercambio político entre ochenta, la puso en la mesa de discusión en la revista Universidad FU/l/ra.
el Estado y las recientes clases medias, en el cual los gobiernos abrían 4 Vale la pena decir que el profesor no paga los impuestos por estos ingresos adicionales,
espacios abundantes para "estudiar" -y, por esa vía, ofrecer movilidad con el fin de que no se conciban como salario: pero las universidades sr lo hacen, de tal
social- a cambio de la lealtad política de estos sectores, no corporativiza- modo que el cálculo del monto para financiar estos programas no puede eludirlos y ha
puesto en serios aprietos económicos a las instituciones.
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La UAM, junto con la UNAM, son los casos más sofisticados de Cuadro 2
esta manera de regular el trabajo académico, pero la tendencia es nacio-
nal. Una parte del total de los ingresos proviene del salario "normal" y las Personal ac~démico de la UAM, Titulares "C"*(en nómina en 2001)
prestaciones colectivas, y otra, creciente e importante -no sólo en cuanto Proporción de becas UAM e ingresos contractuales sobre ingresos totales por división, unidad y UAM
a lo económico, sino en la dimensión de las jerarquías, de lo simbólico-, Proporción de becas sobre ¡ Proporción de ingresos contractuales sobre
llegará a través de fondos especiales sometidos a concurso y evaluación. ingresos totales j ingresos totales
Hace poco realicé un trabajo tomando como base los datos de los
académicos de la UAM e~ 2001, y ios resultados son interesantes.
No agobiaré con muchos datos, pero algunos cuadros nos pue-
den dar idea de la fuerza atractora de estos incentivos y sus variaciones
por ethos disciplinarios en poblaciones agregadas.
En el Cuadro 1 se puede apreciar la proporción entre ingresos
contractuales y no contractuales del conjunto del personal de la UAM
que tenía condiciones para obtenel~ al menos, una de las becas o estí-
mulos. En el Cuadro 2, se aprecia el subconjunto de lOs Titulares "C, el
núcleo duro de la planta académica de esta universidad. En ambos, hay
información relativa al contraste entre disciplinas y tipos de estableci-
miento específico -Unidades y Divisiones. UAM 46 54
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MANUEL GIL ANTÚN
~an el 83% del presupuest0 6 , dejando sólo el 17% para operar inver-
tIr Por ello, hasta ahora, uno de los impactos más ["uertes de la nueva
lY m antener la. universidad. Para 2004 se estimaba el creci;niento
d e a d esproporcIón. época es la variación eOntre una estrategia colectiva -"todos en bola"- y
L~ t~ndenci~, al aumentar la población adscripta a estos pro graO. el riesgo de perder de vista las necesidades y obligaciones sociales de los
~as, sella l~ap~"opI.ada: académicos con altas remuneraciones trabaja- establecimientos -"cada quien para su santo".
ran en una ll1stItucIón sin dinero para operar~ Vaya paradoja. En buena hora se acabó la indiferenciación previa a 1989, más
. yal~ la pena aclarar~ que los ingresos adicionales no son base de tipo corporativista que solidario, pero la evaluación y competencia
para mngun cálculo en la Jubilación. El retiro en su cas . b . por recursos adicionales ha descansado en el supuesto de la capacidad
1 d' '. o" o, opera aJo
~s ISpOSIClOnes legales de la Ley para los Trabajadores del Estado institucional de reconocer el mérito, y su impacto en la consolidación
?Ja. un. t,ope máximo de 10 salarios mínimos mensuales. Ent~nc~sql:: de las instituciones y la profesión académica. Al no ser así, al menos
~ub~laclOn es un desbarrancadero económico visto desde las alturas' de del todo, muchas "mediciones" del mérito no están asociadas al valor
os ll1gresos acumulados actualmente. Otro entuerto. aportado a la vida institucional.
, Hasta aquí la descripción de las características de los dos
penodo.s. Hay ~ue con,cluir con el intento de mostrar que estamos DEL PAGO POR EL TIPO DE NOMBRAMIENTO AL PAGO POR LA CANTIDAD DE
en camll10 haCIa una epoca nueva, pero todavía en la t "b 1 . CONSTANCIAS Y CERTIFICADOS QUE SE OSTENTEN
de la transición. ' '11I U enCla
Antes de 1989, una vez negociado bilateralmente el aumento general,
INTERPRETAR POR CONTRASTE las categorías y niveles de cada académico indicaban su salario. La pro-
moción, sobre todo al final del período, no tenía casi sentido, pues la
El pa~aje de un modo de regulación del trabajo con base en acuerdos pérdida del poder adquisitivo redujo de manera drástica las distancias
~?le~tIvos a otro bas~do en rendimientos individuales ha generado va- salariales entre categorías y niveles. Vivimos en esa época -de manera
llaclOnes. en los ambIentes y la cultura de los establecimientos. Estas pronunciada al llegar su agotamiento- una situación de estancamiento
~~ln, a ~I pareceI~ de tal envergadura, que dan pie a la tesis de una general. No había incentivos internos: sólo el exterior (otro trabajo, una
ev~ epoca, aunqu~ ~hora muestren las características paradóiicas asesoría, muchas clases adicionales en otra escuela) of-recía posibilida-
propIas de toda tranSICIón. J
des de completar lo necesario para vivk
A partir de 1989 se abre un f-rente interno de fuentes adicionales
DE LA AGREGACIÓN COLECTIVA INDIFERENTE A LA DISGREGACIÓN INDIVIDUAL de ingresos, con la condición, no siempre cumplida, de trabajar de ma-
DIFERENCIADORA
nera exclusiva para la universidad. La f-ragilidad de los cuerpos acadé-
micos como organismos rectores de "base pesada" en los establecimien-
AI:t~S de 1..989,. y sobre todo en los últimos años del período, con la
cn,sls, cobraba I.gual el que trabajaba con empeño que el que no hacía tos, así como las fallas y carencias de mecanismos de evaluación sólidos,
hicieron posible que, en lugar de evaluar el valor agregado del trabajo
m~ ~ue lo" estnctamente necesario para "hacer de cuenta que estaba
del académico para la institución, se diese preferencia a la simple "con-
tr~ aJ;ndo . Est? es demoledor para la ética del trabajo y el mínimo
va al' e la autondad académica y la vida colegiada. tabilidad" de productos, esto es, constancias, diplomas, certificados.
La transición, entonces, está inacabada -si se es optimista-, o se
. Al
d optar por una solución de corte individual ' , y debI'do a 1a au- perdió el rumbo y el futuro es incierto a secas.
senCIa e cuerpos académicos ~o~solidados que operaran como regula-
dores en la base de los estableCImIentos, después del 1989 se h .
do una di" '" . . a geneI a- DE UN CIERTO SENTIDO DE CONSTRUCCIÓN Y PARTICIPACIÓN SOCIALES
, sgregaclOn ll1stItuclOnal que debe preocupar' cada acad' .
integra t' 'd d ,. , , , emICO
o..
, sus
d' ac IVI a es orientado por la racionall'dacl
' " del mejor
. ajuste
. POR LA VíA DE LA UNIVERSIDAD, A LA FUERZA ATRACTORA DEL PODEROSO
entr e .me lOS y fines -actividades e ingresos- con poca referencia a las CABALLERO: DON DINERO
neceSIdades de las instituciones.
Antes de 1989, y en el contexto de un país autoritario, las universidades
eran espacios privilegiados (casi únicos) para ejercer la crítica e impul-
6 La primera, parl"d sar otro modelo de relaciones políticas y sociales. Visto desde nuestros
, I a (RemuneraClOnes
. y PI'estaciones) con el 649'< I d B
Estímulos- con el 19% en 2003. o, y a segun a - ecas y días, ese afán heroico y solidario ha sido avasallado por los sistemas de
incentivos actuales. Pero sería injusto quedar atrapados en la noción de
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81
MANUEL GIL ANTÓN
ATISBANDO EL PORVENIR
8S
-- - -~. • ............. ·•.us ......... '-Jl'\1 '--'.1.r.:.nl~lrlL,f\
MARCELA MOLLIS
disponibles para quien pueda pagar por ellos, Este nuevo modelo de
, , eneral sobre la necesidad de trans-
Parece eXIstIr un consenso,~ d de ue responda, se afirma, a las
universidad privilegia aquellas actividades que sirven para ganar mer-
cados y generar recursos con la finalidad de garantizar cada vez más su formar la universidad con la finah a q amI'a globalizada cada vez
auto-sostenimiento, " le plantea una econ e
nuevas eXIgenCiaS que ' 1 obedece al papel que juega cre-
Así comienza el último documento sobre educación superior edi- ' d leJ'a Este lmpu so l'
tado conjuntamente por los miembros de la TasI< Force on Higher Edu-
más mtegra a y comp,
1 'iento como e1emento estratégico para amp lar
cientemente e conocln:., d 1 empresas y en consecuencia, como
cation and Society del Banco Mundial en acuerdo con la UNESCO: las capacidades competitIvas e as d gar'a'ntizar la acumulación,
' t nuevos merca os y
La economía mundial está cambiando en la medida que el conoci- clave para ' conqUIs al'de a la reorgal1lZaCl
, 'ón de los procesos de produc-
b " ,
miento reemplaza al capital físico como f"l.iente de riqueza presente Pero tam len respon
' , t que reqUIeren m" stI'tucI'ones abiertas, funcIOnan-
1
(y futura), La tecnología también refleja este proceso a través de la ción
do endel conOC1l111en
redes o , , en 1as que 1a m
de colaboracIOn, ' terdependencia redefine os
infOlmación tecnológica, la biotecnología y otras innovaciones que
orientan las notables transformaciones en el modo de vivir y tra- márgenes de libertad, , ' 'ficado cuando introducimos el
bajae A medida que el conocimiento se vuelve más importante, la Este proceso co?~'a mayorottt~~~ de las tareas de producción y
Problema de la repartIcIón geop d' (G tI'll' 2001' 45-46) establece
educación superior también crece en importancia, Los países nece- ' " , , tos Lan el' en" ,
sitan educar a la gente joven con estándares más elevados ya que el transmlSIOn de conOClmlen , ' a r a quién es el conOCI-
diploma es un requerimiento básico para cualquier trabajo califica- algunas preguntas fundame~tal~~~;~?a~~~~:;l~;e: y qué posibilidades
do, La calidad del conocimiento generado por las instituciones de miento que creamos y repro UCI, 1 (. qllé posibilidades de f-tüuro
1, tados? 'Que va ores y ,
educación superiOl~ y su potencial contribución a una economía en de futuro son a Imen ' ,? Estas son pregun e centrales que nos perml-
, (. tas ,
gran escala, se vuelve un punto crítico para la competitividad nacio- contribuyen da arrumar,'1 unlVerSl , 'd a d s e esta'
e ubl'cando , cada vez mas,
nal. Esto constituye un serio desafío para el mundo subdesarrollado ten compren el' por que a d' t' tos agentes sociales que desean
(World Bank & UNESCO en Mollis, 2001), ., d disputas entre lS m e ". d
como centlo e b apropiarse, , 1os, S'111 en1bargo e , mas alla de to a
controlar sus sa eres y , nder que estas relaciones se
Este párrafo anticipa los fundamentos globales para que los países del ', 1 t 'ta es necesano compre 1
intencIOn vo un 1 ans , d
' de la re e l1lCIOIfi ' "1 de las estructuras que regu an
mundo subdesarrollado tomen conciencia del imperativo económico que
producen en e marco , iento en el ámbito global. De lo
la producción y circulacióI~ de~ c~nocI~ncia que tiene la división inter..
justifica la transformación de los sistemas de educación superiOl: Así lo
evidencia el pán'afo que sigue: "Actualmente en la mayor parte del mun- que se trata es de compren e,r a,nnpol eh ' e ""ado la producción del
do subdesarrollado, aunque existen notables excepciones, sólo se lleva a b' , ersItano que a res 1 ve
nacional del tra aJo Ul1lV centl:os de investigación de los países más
cabo marginalmente el potencial que la educación superior tiene para
conocimiento de punta a los de las universidad"es de la
promover el desarrollo" (World Bank & UNESCO en Mollis, 2001), 1 ' dejar en manos e
poderosos del p aneta, par a e " t o s a sus realidades locales
La geopolítica del saber y del poder divide al mundo entre países ' d " ' ó de tales conOClmlen ,
periferia la a aptacl n
' 1 f ' ción de os cua ros1 d medios que reclama el fmdls-
,
que consumen el conocimiento producido por los países que dominan
espeCIficas y a orma
' d n el que se apoyan as em
1 presas de clase mundIal.
,
económica y cuIturalmente la globalización, quienes a su vez reasignan
a las instituciones universitarias de la periferia una f"unción económica mo precanza
D oe , d d (2000' 34) esta lógica de funcIOna-
'do con Tr1l1 a e " 'd '
para entrenar "recursos humanos", e acuel , d '1 ostura recientemente asumI a por
miento nos permite compren edr la p atI'ces I'ntroducidos en su discur..
Esta nueva condición, en la que el conocimiento se ubica cre- d' 1 a pesar e os me
el Banco Mun ' Iafi 'que,en e la de f"ensa dI" e es tablecimiento
e de un sistema
cientemente como factor clave para la acumulación, implica poner en
so, se mantIene 11 me, , diseminación del conocimiento, Los
cuestión el carácter de bien público de los saberes producidos en la estratificado de creaClOn, acceso y ,', deberían producir y tener
universidad y el derecho que tiene la sociedad sobre estos, Una de las ' d' 'd s con renta supeIlor e
IVI, UO de a 1ta cal'd
países y 1los 111 'mIento d
1 a ,l
nientras que los de baja ,renta ,
formas retóricas que adquiere esta disputa se expresa en el llamado
acceso
deberían a asimilar
conOCI la produccIOn,,, , ' Esa es lae división social y economlca
a academizar la universidad, lo que permite desacreditar tod,a inter-
del saber propuesta, por el ~a~~ol Banco Mundial afirma que los países
pretación que reconozca su urgente condición política, En este caso,
O, como sostIene ~e el, v:l'lta 'as comparativas, no en el trabajo
las finalidades del trabajo universitario son impuestas como "misiones"
preestablecidas, dejando únicamente en manos de los universitarios la
responsabilidad de su ejecución, periféricos deben buscm S:IS 1 d' 'olIo de productos con elevado
asociado a la alta tecnologIa ya, et,s~drr d' de su mano de obra" (Gen-
'
valor agrega d o, S1l10 en 1a 'competI IVI a
90
91
de inscriptos en el nivel superior, acercándose al modelo de "acceso
contrar la mejor división del t 'b' J " merca~o la decisión de en-
tili, 2001: 160). De esta manera se de'a al universal" tal como lo define Martin Trow. Doce países se encuentran en
dójicamente ha reproducido e~a :;I~Ó~n~1 e los paIse~,_ hecho que para- el llamado "nivel masivo": Bolivia, Colombia, Costa Rica, Cuba, Chile,
ha caracterizado a y se ha int P'fi d e acumulaclOn y pobreza que Ecuador, El Salvador, Panamá, Perú, República Dominicana, Uruguay
último siglo.' enSI ca o en, el capitalismo mundial del y Venezuela. Siete países, Brasil, Honduras, México Nicaragua, Guate-
mala, El Salvador y Paraguay, se encuentran en la llamada "fase elitis-
cativasB::;Oe~~i:~e;~~:~:~:~, la ~iversificación de las modalidades edu- ta". La expansión fue acompañada por la diversificación Y el incremen-
saberes del sector privado ~qu~ m~or~ora a los nuevos proveedores de to del papel de los proveedores no universitarios Y el sector privado.
educación universitaria pre:~~~:a .e mternacion~I, y el desaliento a la Actualmente, algunos países tienen más de 1 millón de estudiantes en
una dimensión insospechad " eln nuestros. parses cobran sentido y el nivel superior (por ejemplo, Argentina, Brasil y México). Por su parte,
a para a agenda lIberal decimonónica. Colombia y Perú tienen entre 500 mil y 1 millón de estudiantes. Bolivia,
Cuba, Chile y Ecuador tienen una matrícula que va desde 150 mil a 500
UNA MIRADA GENERAL SOBRE LA EDUCACIÓN SUPERIOR mil. Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicaragua, Pana-
EN AMÉRICA LATINA má, Paraguay, República Dominicana Y Uruguay tienen una matrícula
ti
MARCELA MOLLIS
~emand~ social creciente a otro tipo diferenciado de institución educa- Predominio de tecnologías de la información, formas de apren-
Iva acor : con el desan'ollo de la "ideología de mercado"
dizaje a distancia (universidad virtual), tutorías remotas, certifi-
El lIstado que sig (b d ' .
ue asa o en Rodnguez Gómez 2003' 88) . cación de saberes y destrezas, reciclamiento de competencias.
~:~:~~m cO~junto de in~icadores de las transformacio~es qu'e se ~~:
dos 1 a ca o en Argentma, Brasil, Bolivia, México y Uruguay (en to- En este nuevo orden identificatorio se desarrolló el conjunto de reformas
os casos, aunque operan muchas de estas transformacio de las universidades de los noventa. Para hacer un balance integral so-
son observables en su totalidad). nes, no bre sus efectos en las instituciones latinoamericanas, es indispensable
comprender que las mismas se producen en el marco de la redefinición
- Expansión significativa de la matrícula del nI'v 1 .
e supen01~ de las estructuras que regulan la producción y circulación del conoci-
- Leyes de educación superior (marcos regulatorios) en . miento en el ámbito global. El mercado de trabajo, las corporaciones
institu' 1 . escenanos y los "nuevos proveedores" constituyen la fuerza motriz que impulsa
ClOna es con tradición autónoma.
gran parte de las transformaciones mencionadas.
?iv~rsificaci~n d~ tipos institucionales (colegios universitarios En estos escenarios regionales y mundiales, la histórica h1l1-
~nstItutos. Ul1lverSItarios, ciclos cortos con certificados y título~ ción de la universidad orientada a la satisfacción del "bien público"
I~term.edldos en el nivel universitario, nueva~ instituciones tercia queda acorralada por los condicionantes urgentes del recupero de la
nas pnva as, etcétera). - inversión (pública o privada). Formar "recursos humanos" asegura,
- ~iversi~cación de fuentes de financiamiento; se regulan fuentes en parte, el recupero de ciertos recursos derivados de los potenciales
clien tes-usuarios.
a ternatIvas al financiamiento estatal (cobro de cu t .
celes . t . . o as y al an- ¿A quién le corresponde evaluar al evaluador? Organismos como
. ~n SIS emas tradIcIonalmente gratuitos, patentes venta de
servIcIOS, asociaciones, etcétera). ' e
la CONEAU, en el caso de Argentina, u otros organismos regionales
in ter-universitarios, ¿deberían evaluar y acreditar cientos de oferLas
- ~liadnz~s. estratégicas entre agencias internacionales y tomadores que se expanden sin límites y persiguen exclusivamente la finalidad de
e eClSIOnes gubernament 1 . l' lucro? ¿Las leyes de educación superior vigentes ayudan a regular los
'd d a es, a lanzas estratégicas entre uni-
verSI a es, corporaciones y sector público. intereses de los "nuevos proveedores" que descuidan los principios de
excelencia y pertinencia social?
- P.r,esencia creciente de la inversión privada en la oferta de edllca Es urgente que los protagonistas universitarios recreen un
CIOn super' . ' . c-
. , d E101, Junto a procesos de privatización y mercantiliza- diagnóstico crítico que ayude a reinventar una identidad universitaria
~~~~OSed~;ei~:r::~~~:::~ ~~l;:o:t~~!:v~:sd~~;s~rganos represe~- post-global.
- :val~ación y rendición de
cuentas; acreditación y certificación CIUDADANíA y DEMOCRACIA: VALORES NEGADOS EN LA IDEA DE
e pIogramas, establecimientos y sujetos (creacio'n d ' UNIVERSIDAD CORPORATIVA
c ee n tra
es para l'
acredItar y evaluar). e e organos
Nuevos propósitos, políticas y prácticas han reemplazado los tradicio-
- Instancias de coord' ., . 1 . nales valores, conceptos y propuestas en el imperio de la mercadotecnia
. maCIOn a l1lve naCIOnal, regional e intel'-uni-
versitario; reformas institucionales y normativas. (Mollis, 2001). El papel de los gobiernos está siendo "reinventado" y las
nuevas tecnologías han suplantado las percepciones anteriores respec-
- Diferenciación d 1 d' .
e cuerpo aca emlCO en función de indo d . to del papel de las universidades y su participación en la configuración
de product'IVI'd a d (po1"Itlcas de incentivos). Ica 01 es
de la ciudadanía democrática. La globalización y el internacionalismo
Reformas académi' .. . han acelerado la difusión de valores fordistas de la cultura empresarial
. caso ac01 tamlento de carreras tI'tulo . t
medIOS fl 'b'l' . e , s m er- extendida a las instituciones sociales y culturales. Desde el punto de
. ' .exI 1 Izaclón de la currícula por modalidad de créditos
vista de las doctrinas que sustentan al "mercado" como única [·uente de
ImportacIón de modelos educativos basados en la "ad . . . , '
de co mpe tencJaS
. profesionales". e qUlSIcIOn innovación posible, el valor de la "competencia" aumenta y, a su vez,
intenta reproducir la lógica del sector corporativo-empresarial.
96
97
MARCELA MOLLIS
siones necesarias para atender los desafíos globales de nuestras socie- BIBLIOGRAFíA
dades empobrecidas.
García Guadilla, Carmen. 2001 "Globalisation, regional integration and
La calidad en las instituciones públicas está directamente vin- higher education in Latin America" en b1temational News (Londres:
culada a la preparación de la ciudadanía para desempeños políticos, Society for Research into Higher Education) N° 46, noviembre.
profesionales, culturales y científicos solidarios con el "otro". La uni-
Gentili, Pablo (ed.) 2001 Universidades na pemllnbra: neoliberalismo e
versidad latinoamericana democrática ayudó a entrenar generaciones restructura{:ao universitária (San Pablo: Cortez/CLACSO).
de jóvenes en una "diversidad" de intereses que dinamizaron los espa-
Mollis Marcela 1994 "Estilos institucionales y saberes. Un recorrido
cios cívico-democráticos.
'espacio-temporal por las universidades europeas, Japonesas y,
Actualmente, las identidades alteradas de nuestras universidades latinoamericanas" en Revista de Educación (Madnd: Secretana de
latinoamericanas nos conducen por el camino de la homogeneidad en- Estado de Educación-CIDE/Ministerio de Educación y Ciencia)
tre las empresas del conocimiento y las agencias bancarias. Es necesa- N° 303.
rio y urgente descontaminar el concepto de calidad de las connotacio- Mollis, Marcela 2001 La universidad argentina en tránsito (Buenos Aires:
nes de la calidad total, la lógica financista del rendimiento, la eficiencia Fondo de Cultura Económica). .
y productividad, exigiendo la responsabilidad social de la universidad Mollis, Mm'cela (ed.) 2003 Las universidades en América Latina:
con respecto a sus beneficiarios. Es necesario recúperar el significado ¿reformadas o alteradas? La cosmética del poder financiero (Buenos
social y ético de la calidad. La universidad no sólo produce los cono- Aires: CLACSO).
cimientos técnicos y científicos necesarios para el desarrollo del país, Rodríguez Gómez, Roberto 2003 "La educación superior ~n el mel~cado.
sobre todo debe producir saberes necesarios para una construcción de- Configuraciones emergentes y nuevos proveedores en Molhs,
mocrática, más justa y equitativa; debe producir saberes que no estén Marcela (ed.) Las wúversidades en América Latina: ¿reformadas
condicionados por los códigos del lucro; debe reconstruir su identidad, o alteradas? La cosmética del poder financiero (Buenos Aires:
necesaria para nuestras sociedades desprotegidas de individualistas po- CLACSO).
sesivos que niegan el valor de la cultura porque no cotiza en la bolsa de Santos Boaventura de Sousa 2001 "¿Cuáles son los límites y posibilidades
valores. Si la universidad es considerada un elemento del mercado, no de la ciudadanía planetaria?" en <http://www.forumsocialmundiab.
hay espacio para la crítica. La evaluación institucional debe proponer- Slater, David 1992 "Poder y resistencia en la periferia. Replan~eando
se la prof-undización de las condiciones de la crítica en la universidad, algunos temas críticos para los años '90" en Nueva SOCIedad
promoviendo los debates públicos y actuando como agente mediador (Caracas) N° 122, noviembre-diciembre.
entre actores, sectores e instituciones, desarrollándose como una ac- Trindade, Hérgio (ed.) 2000 Universidade em ruinas: na república dos
ción colectiva crítica de la propia institución, tanto en su ámbito inter- profesores (Rio Grande do Sul: Vozes/CIPEDES).
no como en sus relaciones con la sociedad. World Bank & UNESCO 2000 Higher educati011 in developing countries:
No hay certezas, pero existen horizontes en los cuales los valo- peril a/1d promise (Washington DC: The Task Force on Higher
res y la ética están presentes en las nuevas demandas: el respeto por Education and Society).
la diversidad, la pluralidad de intereses, la capacidad de comunicarse
emocional e intelectualmente con otros, las estrategias alternativas de
resolución de problemas, los idiomas, los paradigmas científicos duros
y blandos de pensamiento científico, las metodologías cuanti y cualita-
tivas, etcétera.
A pesar del cortoplacismo, tenemos un futuro que construil~ y
las universidades que sobrevivan a la inundación planetaria post-neo-
liberal planificarán currículas integradas, interdisciplinarias, y se pre-
ocuparán por volver a educar la sensibilidad en la pluralidad. El "homo
economicus" y el "comprador de diplomas" habrán pasado a la historia
de la razón moderna. Es nuestra utopía post-neoliberal.
101
100
VALDEMAR SGUISSARDI*
Thomas Jefferson
103
VALDEMAR 8GUISSARDI
fornecerá provas contundentes de que a universidade e ._
educa<;:ao superior, está passando por profl.mda mudan' ;ordextensao, a Nas páginas que seguem serao expostas algumas considera<;:6es
dile 'bl' < ya, e que esse
ma -pu ICO versus, privado/mercantil_ ocupa lugar central. acerca do debate ensino superior como bem público ou como bem priva-
_' _N~ caso do BrasIl, a multiplica<;:ao das institui<;:6es de ensino su- do, e suas principais teses, tendo como material empírico alguns docu-
pellO! pnvadas, em especial com fins lucrativos 1, foi extraordiná . mentos do Banco Mundial, OMC e da UNESCO; rápidas reflexoes sobre
a~os recentes, elevando-se seu número a cerca de 9 o . . <na nos a contraposi<;:ao estataU¡níblico versus privado/mercantil; alguns dados e
~~lacludlas ~m i~stitui<;:6es privadas já beiram os 80%, c~~ ~~i~o::!~ Ap~::~ fatos que demonstram como no Brasil se seguiram bastante a risca, em
< e clesclmento se nao se ulf l' especial, na educa<;:ao superior pública federal, a orienta<;:ao determina-
estabelecerem limit~s m" m lp l~arem as vagas públicas e nao se
da pelas teses hegemónicas desse debate; finalmente, a guisa de conclu-
dessas Institui<;:6es Por ml~o~ d; quab~ade para a cria<;:ao e instala<;:ao
sao e de modo sucinto, alguns novos ou renovados tra<;:os e marcas da
da no país -morm~nte ou r~ a o, n:ms de 90% da pesquisa produzi- universidade de "modelo anglo-saxónico" que parece tornar-se hegemó-
d.' a báslca-, mms de 80% dos mestres e 90~ d
~ut~res tItulados sao frutos do investimento público e da ativ'o os nico tanto nos países centrais como nos da periferia e semiperiferia,
clentIfico-academica das Universidades Públicas (Federais e<E:ta~da~e
entre essas ,se des~acando .as paulistas USP e UNICAMP)2. < ums, o ENSINO SUPERIOR COMO BEM PÚBLICO OU COMO BEM PRIVADO
diante ~s e dl~cussoes teón,cas sobre se o conhecimento provido me- o debate envolvendo a questao do ensino superior como bem público
, nsmo, em especIal o de nível superiOI~ é um bem 'bl' (bem coletivo) ou como bem privado (individual) parece ser bastante
prIvado ocupam espa<;:o cada dia maior n a ' _ pu ICO ou recente, embora possa ter raízes económicas e políticas antigas, difusas
organismos multl'l t ' f i ' PIodu<;:ao documental dos
a erms mancelros (BM BID OMC) d ' . ou nao, contemporaneas da forma<;:ao do Estado liberal, e presentes
(UNESCO) , " e e ucaClonms
, aSSlm como nas linhas e entrelinhas dos d' em obras como a Riqueza das Na(:6es, de Adam Smith (no capítulo "Da
men~ais nacionais ou multinacionais (OCDE, <UE, NA;~~rsos governa- Despesa das Institui<;:oes para a Educa<;:ao da Juventude")4. O que se dis-
medIda esse debate se tem atrelad· dI' ), Em grande cute nesse texto essencialmente nao é se a educa<;:ao em geral e o ensino
< o ao esenvo Vlmento de t "
nomlC~s neo~lássicas d~ "capital humano" e do "capital SOCi:~'~:,as eco-
A •
105
UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA VALDEMAR SGUISSARDI
da grande maioria das pessoas", especialmente do trabalhador envolvido Em segundo lugaI~ porque via no ensino superior "gratuito" em
com as op~ra<;:oes mu~to simples e rotineiras do trabalho de que se ocu- alguns estados norte-americanos, a época, uma forma de privilégio das
pa, que delxa de exercltar sua capacidade intelectual ou suas habilidades "c1asses superiores" (as únicas e em percentual baixíssimo a atingirem este
para,solucionar problemas e torna-se "tao estúpido e ignorante quanto é nível de ensino) que teriam seu s estudos pagos com as receitas gerais dos
posslvel concebeI'·se numa criatura humana". impostos. E fazia um paralelo com o que acontecia com a "administra<;:ao
A destreza que possui no seu ofício particular parece des te gratuita da justi<;:a", também reivindicada pelo programa dos socialistas
mod~ ~er adquirida a custa das suas virtudes intelecluais, sociais e alemaes. A justi<;:a climinal é gratuita em toda a parte; a justi<;:a civil gira
marClaIS. Mas em toda a sociedade melhorada e civilizada é este o es- quase inteiramente em torno dos pleitos sobre a propriedade e afeta, pOI"
ta~o em que.os trabalhadores pobres, ou seja a maioria da popula<;:ao, tanto, quase exclusivamente as classes possuidoras. Pretende-se que estas
~aI ne~essarIamente, a menos que o governo fa<;:a alguma coisa para decidam suas questoes a custa do teso uro público? (Marx, s/d: 223).
ImpedI-lo (Smith, 1983: 417). O filólogo e historiador Mário A. Manacorda (s/d, 45-46) aler-
~ ~, educa<;:ao da gentecomum, "numa sociedad e civilizada e ta que Marx, tanto ao expor sua descren<;:a na igual educa<;:ao para
cOI~1ercIal , a que requereria maior aten<;:ao do poder público, muito todos, quanto para execrar a presen<;:a do Estado e da Igreja na edu-
maIS do. que a das pessoas de posi<;:ao e fortuna. A preocupa<;:ao com a ca<;:ao, pensava na sociedade e no Estado de seu tempo. Quem, como
economm de c~stos ta,m~ém já ali estava presente: com uma despesa Marx, defendeu no Manifesto de 48, em O Capital e nas Instru(:oes
bastante. reduzlda o ~l:b~co pode facilitaI~ encorajaI~ e mesmo impor aos delegados (do Comite Provisório de Londres ao I Congresso da
a necessldade da aqUlsl<;:ao dessas partes mais essenciais da educa<;:ao Associa<;:ao Internacional de Trabalhadores, em Genebra, em 1866), a
(ler, escrever e c~ntar) a~ conjunto das pessoas (Smith, 1983: 421). essencial vincula<;:ao da educa<;:ao ao trabalho produtivo, como forma
Mas o e~sl11O serIa pago, ainda que a baixo custo, pela família de emancipa<;:ao operária e arma revolucionária para a tomada do po-
(para ser valOrIzado); e o mestre ("mercenário" e propel1SO a' l' der e supera<;:ao da sociedade burguesa, nao poderia descrer do prin-
?) " " vac Ia-
gem. sella pago apenas em parte pelo poder público, "porque se fosse cípio da educa<;:ao igual para todos, nos seus diferentes níveis, nem da
tota~mente ou na sua grande parte pago por ele, depressa aprenclerz'a a importancia, na sua promo<;:ao, de um futuro Estado democrático. O
neglzgenciar a sua actividade" (Smith, 1983: 421, grifos nossos). que dá sentido a sua crítica nos termos acima é sua convic<;:ao de que
~~se debate está presente, embora de forma transversal, também os direitos de cidadania sao condicionados historicamente pela eco-
nos cntIcos do modo de produ<;:ao capitalista e da sociedade liberal- nomia, pela política, pela cultura, etc., isto é, pelas condi<;:oes infTa e
burguesa, como no texto de Karl Marx "Crítica do Programa de Gotha", superestruturais vigentes em cada época.
d: 1~75. Nes~e, Mar~, em lugar de discutir se a educa<;:ao é um bem Sao essas condi<;:oes objetivas que condicionam o discurso ideoló-
pUbh::o ou pnvado, dmnte do tipo de sociedade e de Estado (prussiano- gico da valoriza<;:ao da educa<;:ao para todos, nos seus variados graus, e a
~lemao) c,:>m que se ~lefTonta, expoe sua profunda descren<;:a em que sua pratica efetiva ao longo do tempo. Sao elas que explicam a proemi-
~ ed:lca<;:ao p~d: ~er Ig~Ial para todas as classes", como propunha esse nencia da questao do conhecimento, da ciencia e da educa<;:ao, quanelo ela
p:oglama partIdarIo, alem de constatar que a época "a modesta educa- irrup<;:ao ele movimentos revolucionários, como a Revolu<;:ao Francesa, a
<;:ao ~ad~ pela_ esc~la pública" .era "a única compatível com a situa<;:ao Comuna de Pmis, as Revolu<;:oes Russa, Chinesa e Cubana. Nesses mo-
e~o~;omlc,a, nao so d~ ~pe~-áno assalariado mas também do campo- mentos, o pano de [1.mdo para as campanhas ele alfabetiza<;:ao em massa,
ne~ . Estla,::hava. a reI~l11chca<;:ao dos socialistas do Partido Operário para a constnl<;:ao de escolas tecnológicas ou politécnicas, para o incenti-
pOI educa<;:ao obngatóna e gratuita para todos, nao porque nao visse na vo a que todos tenham acesso ao máximo ele saber e qualifica<;:ao, é a ieléia
educa<;:ao um bem público a ser garantido pelo tesouro do Estado, mas, de que o conhecimento, a ciencia e a eeluca<;:ao nao se reduzem a, nem po-
a~1tes de tud~, porque queria ver o Estado (prussiano-alemao) o mais dem ser essencialmente, uma mercadoria ou commoclity qualquer (rivali-
dIstante P~S:lVel da educa<;:ao do povo. Uma "educa<;:ao popular a cargo clade e excluibilidade)5, mas que sao [1.mdamentalmente um bem público,
d~ Estado e ~ompletamente inadmissível. Longe disso, o que deve ser coletivo, [TUto do trabalho humano solielário ou explorado nas rela<;:oes
felt~ é subtraIr a escola a toda a influencia por parte do governo e da
IgI:eJa. Sobret~l~o no Império Prussiano-Alemao (e nao vale f'ugir com o
baIXO subterfugIO de que, s~ fa!a de um "Estado ['uturo"; já vimos o que
5 Ver Sliglilz (1999), Kaul (2000: 22) e José C. Cavalcanli (2004); nestc, sob cnfoquc eco-
nomicisla neoclássico, [¡'ala-se da educa¡yao superior como sc rora uma mercadoria al!
é este), onde, pelo contrarIO, e o Estado quem necessita de receber do coml11odity lfpica do mercado das lrocas mcrcanlis, submelendo-a, de forma eSlreila, ao
povo uma educa<;:ao muito severa (Marx, s/d: 223). teste das propriedades de rivalidade e excluibilidade.
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VALDEMAR SGUISSARDI
!ea~r~~l~~ao ~a~italistas, um b~~ que nao se desgasta, nao se degrada, Visando induzir os países em desenvolvimento a investirem seus
con;titui- ontrano, cresce, ~ultIphc~-se, pelo uso individual e coletivo, e parcos recursos públicos disponíveis prioritariamente na educa~ao pri-
se em parte essencIaI dos dIreitos humanos de cidadania.
mária e, posteriormente, na educa~ao secundária, ao mesmo tempo em
IBgualmEente quando da vigencia da social-democracia do Esta-
do d o em- star: tanto 'd ,e que recomendava a diminui~ao dos investimentos públicos na educa~ao
publicana e pÚblI.'ca em paIses e maior tradi~ao educacional re- superior e a diversifica~ao de suas fontes de recursos (fim da gratuidade
, quan to nos em que a ed - .
institui~oes essencialmente privad b uca~ao era garantIda por e imposi~ao de taxas de matrículas e mensalidades), o documento apre-
esteve em geral em questao o est:t~:~ e~1 ~ra sem ~ns lucrativos, nao senta o que julga "considerável evidencia [ ... ] acerca do retomo privado
I~assua relevancia para o desenvolvü!~:;~c~~~::~v::~~d~:~:~ca~ao, e social dos investimentos em educa~ao tanto nos países desenvolvidos
~odes, p~ra o refor~o da solidariedade entre ricos e pobres ~s na- como nos em desenvolvimento". Da compara~ao da produtividade ao
to os tIvessem cada vez maiores e eII ' e paI a que longo da vida de trabalhadores com diferentes níveis de escolaridade
benefícios do trabalho humano 1mt. 10pres ~hances de ter acesso aos com os custos sociais ou privados da educa~ao, apesar de substanciais
'1
T/1atcher por exemplo 9501 d co e IVO. or ISSO, atéao d ven to d a Era
varia~oes entre países, o documento ve emergirem claros padroes:
, , "/O os custos de ma t - d .
versitário ingles foram garantidos l f d m~be~~ao o sIstema uni-
, e pe o un o pu hco. - A educa~ao pdmaIia é a mais produtiva forma de investimen-
E quando as condi~oes objetivas da economia e da ,. to, seguida pela educa~ao secundária e, finalmente, pela educa-
madas a urna interpreta~ao teórica "conveniente" da ccrisecd~oEhttlcda, sdo - ~ao superior.
B em-EstaI~ se fazem '. s a o o
debate do conhecim:nrteosednate~ ~ te?dem a se tomar hegemónicas que o - O retomo é muito mais alto nos países pobres e declina de acor-
, e CIenCIa e em especi 1 d ' .
como bem públ' . d ' a, o enSIno supenor: do com o nível do desenvolvimento económico.
lCO ou pn~a o, entra incisivamente em cena. '
n~ queS~:~~~~:ne~;:~:~~~1~~t~~:0~~~i~e-se ind.~c~ que e.ss: ~ebat~, - Porque os subsídios sao altos em muitos países, as taxas de re-
torno privado sao consistentemente mais altas que as de retorno
eVIdente na década de '80 E d o SupellOl , tem mlclO maIS
e m ocumentode 1986 . n I d '
• . social, particularmente na educa~ao superiOl~
eddLflcation in developing countries (WorId Banle 198~~ ~ ~a o Fz:Jra¡1cdl~1gl'
e -ende de fom1a exaustiva a f . ' .' anco un la - Em poucos países para os quais os dados estao disponíveis, o
individual dos investimentos ema:osa t:se ~o. maIor retomo social e retomo para a educa~ao tem permanecido relativamente estável
mentos em educa ao s u ' . ,uca~ao b aSlCa do que o dos investi- ao longo do tempo (WorId Bank, 1986: 8).
~ao revisora do B~~co e~e~I~~·oA~as,. essa tese irá sofTer urna atualiza-
elaborado em parceria com a UN;~~;:z em dO~l11~ento ~ficialmente Esses padroes sao exaustívamente demonstrados mediante resultados
~~;Ol)'n develo~ing countries: pel~il and prom~~~:o:~~I~~~l~:~~~~~~- de uma série de pesquisas e vao servir de argumentos e premissas, apa-
rentemente irref-utáveis, para as "Op~oes políticas" (assim se intitula
, que selá comentado maIS adiante. '
o 30 Capítulo) sugeridas aos govemos dos diferentes países ricos e es-
A partir de 1986 esse estud d
of the World Banle's E d ' . o, pr~~ara o pelo Research Division pecialmente pobres e que podem ser assim resumidas: transferir parte
d . ucatlOn and Trammg Department1 com o ale .t do montante dos recursos de manuten~ao da educa~ao superiOl~ hoje
e praxe que os ]ulgamentos nele expressos nao r" e l. a
mente o ponto de vista do V\/¡ Id B ¡" e efIetem necessana- garantido pelo Estado, para a responsabilidade dos estudantes e su as
of the governments that they reoprese~l: 'oSbBtoard of executive directors 01' famílias, e dar nova aloca~ao aos recursos públicos destinados a edu-
' ' eve urna enorme reper - ca~ao. Isto deveria ser feito: realocando os gastos govemamentais para
en tTe os paIses, especialmente nos da ._ . " . cussao
tos em crónicos déficits públicos. penfena ou semlpenfena envol- "o nível com mais alto retomo social" (escola primária) e diminuindo
o gasto público da educa~ao superior; criando um mercado de crédito
para a educa~ao, com bolsas seletivas, mm-mente na educa~ao supe-
6 Segundo Sliglilz (J 999) o concel'to de conh .
· 1a d o ao langa dos últimos
' rior; descentralizando a gestao da educa~ao pública e incentivando a
l ICU 50 anos d.e 'd eClmenlo
. _como b em pu'bl'ICO vem senda ar·
(1954: 387·389), pass ando por Arrow 96 ;. ~5a defi11l 9a? ~e bem pLÍblir:o por Samuelson
(í expansao de escolas privadas e comunitárias (World Bank, 1986: 17).
e Romel' (1986: 1.002.1.037). . 5·173), SlIghlz (1977: 274·333; 1995; 1997) Prevendo as dificuldades de viabilizar esse conjunto de medidas, o
7 A auloria é all-ibuída a Georg Psacharopoulos Jee documento sugere uma série de estratégias ou formas específicas de rea-
a colabOl'a9ao de diversos consultores (Ver é I:l . d-Pedng Tan e Emmanuel Jimenez, com loca~ao dos recursos públicos para "expandir a mais produtiva forma de
cr (lOS o ocumento).
investimento educacional (que é fTeqüentemente a escola primária) [e]
108
109
VALDEMAR SGUISSARDl
redirecionar os subsídios estatais dos grupos sócio-económicos mais ri- Neste documento, alédm [de LdImndoitaag:aÓ::!~~ed: ~~~~td;l~~~~~~~~
°
cos para os mais pobres", esforc;:o de convencimento dos responsáveis , t do como pano e un o
superIor, en '"
'
u ostos modelo único de ul1iversl a e
'd d
pelas políticas públicas de educa¡;:ao, quanto a pertinencia dessas a¡;:oes países em desenvolvll11ento, os s P, t do f'Indo público com elas 9 ,
, 'comprometlmen o .~
visando o pagamento individual e familiar dos "servi¡;:os educacionais", de pesqUlsa e exces~Ivo t d maior retorno individual e social dos
leva os autores a afirmarem, no preambulo do ítem, "aumentar as con- utiliza-se também essa ,:se -, ~ ara J'ustificar uma série de reco-
, ' tos em educa¡;:ao b aSlca- p, , , '
tribui¡;:oes privadas nos níveis secundário e universítário", o que segue: mvestlmen [ dando recomel1da(:oes antenores, as
evidencias demonstram que as pessoas estao dispostas a pagar pela edu- menda(:oes, que retomam: apro ~n , t documento que se defende com
ca¡;:ao, Na ÁfTica, o retorno privado assegurado pela educa¡;:ao superior quais se acres ce m out~'as ,tantas, nes e "0- es' a maior diferencia¡;:ao
, d' ' sistencta, entre ou t ras a.,. , ,",
tem sido tao alto que, mesmo após a redu¡;:ao de crédito educativo ou gran e vIgor e m d 1 I'111ento de institui"oes pnvadas , e
, ' ' 1 ", cluído o esenvo v .,.,
a imposi¡;:ao de taxas, a educa¡;:ao superior ainda continuará sendo um mstItuClOna, In , t't '''o-es pL'lblicas diverslfiquem
, - d' t' "para que as ms 1 Ul.,.
atrativo para investimentos pessoais (World Banle, 1986: 17), a cna¡;:ao e mcen ,IVOS" , em lo a participa¡;:ao dos estudantes
Sobre as conseqüencias desse documento para as políticas públi- as [ontes de financI~me~to, PlOI_ex t~ 6nanciamento fiscal e os resul-
nos gastos e a estreIta vmcu a¡;:ao en re 1 ,
cas de educa¡;:ao em geral e de educa¡;:ao superior em particulm~ os pró-
"d os "(W0
ta 'Id 1
Bank ,
1994: 4 e 29), l'citamente se venfica "em f '
dI eren-
prios relatórios anuais do Banco e seus documentos posteriores rela- A retomada dessa tese, que exp 1 ,
cionados a educa¡;:ao irao regularmente dar conta, Mas como exemplo, tes momentos do texto, aparece claramente quando se afirma,
vale o relato de Marco Antonio Dias, entao Diretor da Divisao de En- - h" de que as inversoes no
en tanto no setor de educa<;ao a plovas '
sino Superior da UNESCO, quando diz que o ex-presidente da Tanza-
nia, Julius Nyerere, em visita ao Conselho Executivo dessa organiza¡;:ao
~~el t;rciá~'io tem taxas de rentabilidad~ socia\~l~iS ~ai~;~4:l~~;S
inversoes no ensino primário e secundáno (Wor an e, ' '
mundial, lamentava que seu país, apesar de uma política voluntarista
implementada logo após a independencia na alfabetiza¡;:ao e educa¡;:ao 'asI'1 que se inicia um consistente pro-
E, a par t'II' d e 1994 no caso do BI "
_ d' " 'blicos federais para o conjunto das 1ns-
básica, tenha cometido um grave erro, e redu"ao e gastos pu , , t
cesso d .,. , ' ' , (1FES) e desencadeta-se a 1 e 0-
Por seguir os conselhos de especialistas internacionais, deixou titui¡;:oes FederaIs ~e Ens~no su~en~l do do que na década de setenta,
de dar aten¡;:ao particular ao ensino superior e, hoje, verifica-se que nao mada, em grau mUlto matS apro 1.111 a , ' 10 se
dispoe de quadros nem de pesquisadores necessários ao seu desenvol- sob a ditadura militat~ da privatiza¡;:ao desse l1lvel de ensmo, con
vimento, Por outro lado, muito do que foi feito em educa¡;:ao de base
perdeu-se, poi s faltaram condi¡;:oes para assegurar a qualidade devido
verá adiante,
Do ponto de vista estratégico, para o convenclmel ,
' ltO geral e res-
1'
olíticas úblicas conducentes a reforma educaclOna prec,o-
a deficiencias na forma¡;:ao de professores e na prepara¡;:ao de pesquisa-
dores em educa¡;:ao, que normalmente sao formados pelas universida-
~~~~~adpeero Banco ~undial, faltava complementar essa tesebl~omdoolpttel ~
, , . 1 1 'd m documento pu Ica
des, Dirigindo-se, em particular, a seus colegas afTicanos, Julius Nyere- ue seria oportunamente e esenvo VI a e ". 1 '11 A
qB 1998' 'T'11e -hl1al1GÍng a/1d management ol/nghel ec, LicalLO '
re acentuou: "Nao cometam o mesmo erro que nós" (Dias, 1996: 25), anco em ,.1./ J'. 1998)
No talvez mais famoso documento elaborado pelo Banco Mun- status report on worldwide reformsd(Joh~st~~eq'ue se ~staria verificando,
Neste documento afirma-se e en ra " ._
dial sobre educa¡;:ao superior nas últimas décadas e que hoje completa . "movimento surpreendentemente homoge
10 anos, Higher education: the lessons of experience (1994), essa tese na década de noventa, un: " t-o das universidades e outras
de reforma do financlamento e ges a , ,
é reiterada, em contexto em que as "op¡;:oes políticas" sugeridas pelo neo """ ue isto oCOI'ria "enl países com sIste-
documento de 1986 já era m largamente acatadas e postas em prática institui¡;:,o:s de ensm? s~lpellOIra~( oes docentes muito diversos e que se
por muitos países, No documento, dá-se destaque especial ao Chile (de mas pOhtlCOS e efcononlI~Ot s e~i[ere;ltes de desenvolvimento industrial e
encontraIl1 em "ases mUlOS
Pinochet), elogiado por ter, nao apenas seguido a risca as sugestoes,
mas por ter ido muito além delas, tornando-se, entao, um exemplo a ser - do PIB diminuiu de 1,65 a 0,45%"
seguido, uma das "li¡;:oes da experiencia"8, destinada 11 educa¡yao superior, como porccntagcm
(World Bank, 1994: 33), , "1 '" m dc-
I ' ,,"No cntanto, na maIona (OS palscs e
9 Na página 63 desse documc~l~ dc~ aI~-se, '1'110 no ensino pós-secundário [superior]
8 Umas das performances comemoradas em rela¡yao ao Chile é a redu¡yao dos dispen- senvolvimenlo, o grau de parllclpa¡yao o gov<:: ti' t"
, . micamente e lClen e ,
dios estatais com a educa¡yiío superior: "No mesmo período, a parte do gasto público ultrapassoll em mUlto o que e econo •
111
110
"'1J '" 11~ V 1:\;' lIliJ\CION CIENTIFICA
_ . . . . ~"UU..
VALDEMAR SGUlSSARDI
113
-- - - --~ ............ ~ • ..... J..L:oJ.'II J.. .1rlv/\.
VALDEMAR SGUISSARDI
Em setembro de 1998' , .
en . . ,as vesperas dessa Conferencia, segundo Dias propusieron a los demás países una apertura prácticamente sin lío
1 documento consIderado entao restrito (WTO 1998 C '1 f '
de Selvices B l · d . " ounCI 01' Tra- mites de sus mercados a los proveedores oriundos de sus territorios,
. ac cgroun Note by the Secretariat. SCW49, 23.09.98): y solicitaron que toda restricción a la acción de esos grupos por los
El secretariado de la OMC [O" . - gobiernos nacionales ['uera rechazada (Dias, 2003a: 9).
. b' 19amza~ao Mundial do Comércio] in-
smua a una. tesIS -en realidad un gran sofisma- según la cual desde Como se sabe, a rea<;:ao internacional tem sido forte, embora bastante
que se ~e~'mlte la existencia de proveedores privados en la edu~ación tardia, como observa ainda Dias. Somente em setembro de 1999 organi-
:os ~oblel.nos acep~an el principio de que la educación, y en particulm: za<;:oes universitárias americanas, canadenses, européias teriam enviado
a e ucacló~ superlOl~ puede ser tratada como selvicio comercial, en nota a seus respectivos governos contrapondo-se a proposta de inclusao
consecuencIa, debe ser regulada por la OMC (Dias, 2003b: 8). y dos ensino superior entre os setores de servi<;:os a serem incluídos no
Dias, já tendo deixado o cargo de Diretor da D' . - _ AGCS (NEA, 2004). Mais ou menos na mesma época, a Internacional da
perior da UNESCO . IVIsao de Educa~ao Su- C
Educa<;:ao tornava público um extenso e importante documento analítico
- C e assessorando entao o Reitor da Universidade d
•
N a~oes Ul1ldas ao . e . Al' as e de tomada de posi<;:ao em rela<;:ao ao tema (lE, 1999).
d . C ,c pIOtenr u a Inaugural da Universidad e Politécnica
a Catalunha, opunha-se a essa opiniao, enfatizando: Neste documento, entre outros aspectos, destaque-se o seu caráter
bastante didático ao apresen tal' o caminho que conduz do AGTT (Acordo
En realidad, la educación es un bien público lo b'" "b Geral sobre Tarifas e Comércio) a OMC e ao AGCS; as quatro formas de
ranos ti I d ' s go lel nos so e·
I C ;~n .e. erecho de delegar esa ['unción a instituciones de
• comércio internacional da educa<;:ao previstas no AGCS; a OMC e o "mer-
a SOCI~ a CIVIl, d~ntr~ de reglas y leyes basadas en un sistema de cado da educa<;:ao"; a educa<;:ao superior como "um cornércio em plena
cOt~~eslOnes, autonzaclOnes o delegaciones que deben someterse a efervescencia"; a questao do financiamento, como questao essencial; e os
es lIctos controles (Dias, 2003b: 8). C
novos desafios qlie se poern para a educa<;:ao pública, além de um ilus-
~~l~~ p;.nr Iemb~ar aqui Sti.glitz, especialista em economia do Ban-
trativo anexo corn os "Servi<;:os de educa<;:ao segundo as diretrizes para o
estabelecimento das listas nos marcos do AGCS".
la., quan o, ~ respeIto do conhecimento como bem público
111
globa,1 escreve en1 carater p Alguns anos passados, a rea<;:ao organizada contra essas propo-
. c .c essoal (como a filrma no preambulo do do
cumento em referencia) que d"d - si<;:oes da OMC irá se dar no interior de movimentos mais gerais contra
cimento as indiv' 1 c d sem UVl a, para adquirir e usar conhe- as posi<;:oes hegemónicas na economia mundial, como no Fórum Social
• ' IC UOS po em ter que efetuar des esas
C .
tenam que gastar para retirar água de um lago pÚ~ic~ ~a;s;~ como Mundial, em suas várias edi<;:oes, em Porto Alegre e Nova Delhi, e nas
~~:~~l~;:~~~~stos sigl~ficativos associados El transmiss'ao d: ~on~1;~~~ manifesta<;:oes de Seatle, de Genova, etcetera.
No Fórum Social Mundial, de 2002, de Porto Alegre, segundo re-
ro : . a em na a a natureza de bem público do conhecimento'
p vedOles pnvados podem assegurar a "trans . - " . lata Dias (2003a: 819), os participantes de uma Jornada sobre "Ciencia
que reflita o cu~to marginal da transmis:ao, enq~I~~1~~~ a:~~'e~l~~~ t:~~
e Tecnologia, um instrumento para a paz no século XX", adotaram uma
po, o bel:: em SI pode mm:ter-se gratuito (Stiglitz, 1999). resolu<;:ao propondo um pacto global que assegure a consolida<;:ao dos
princípios de a<;:ao aprovados na Conferencia Mundial sobre o Ensino
. . Ahas, o debate ensmo superior como bem público ou pI"l'vado
aCln a-se con1 a prop t C Superior promovida pela UNESCO, em París, em 1998 e a exclusao do
. ,. C os a presente na Agenda do AGCS (Aco'd G " 1 ensino superior do AGCS.
so b I e ComercIO e S . ) d O 1 o el a
. 1 . erVI<;:oS a MC de liberaliza~ao comercial dos "ser Em Porto Alegre também, em 27 de abril de 2002, na Carta ele Por-
Vl~OS ec ucacIOnais" (Dias, 2003a; Knight 2002) Segundo D' 1- C
o AGCS diz que estao cobertos todos os ~ervi . .las, quanc o to Alegre os participantes da "lII Cumbre Ibero-americana de Reitores de
tariam explicitados e ue é . ~os, esses servl<;:oS nao es- Universidades Públicas", reitores, diretores de institui<;:oes e associa<;:oes
1999, "Ul1l'1 a t I' q
era mente por
o secretanado da OMC que, em outubro de
. d 1 de educa<;:ao superior e autoridades academicas manifestavam:
<;:ao ao AGCS' d fi" meIO e um Cocumento intitulado 'Introdu-
C C , e nm expressamente os servi<;:o . , . Sua pro['unda preocupa~ao [Tente as políticas implementadas pela
riam ser regulados pelo AGCS' l ' d s que, a seu cnteno, deve- Organiza~ao Mundial do Comércio (OMC), que favorecem a comer-
, mc um o a educa<;:ao" (Dias, 2003a: 9).
cializa~ao internacional dos servi~os de educa~ao, assemelhando-
A partir de 2000 la organiz . , ,
liberalización de' los sel~ici;:c~~~I~:t~~:~~I~e~ociacio~1es. !)ara la os a simples mercadorias. Os poderosos interesses que sustentam
estas políticas pressionam pela transfor111a~ao da educa~ao supe-
rentemente articulada, Estados Unidos, Australi:~ ~~;:I~:l::d: rior num lucrativo mercado de fllnbito mundial e pela desregula-
114
115
... - ... _-- -,_.'v ..... ...,'"'
VALDEMAR SGUISSARDI
Para o que interessa aqui, vale destacar sua bem articulada crÍ-
servir o interesse público. As instituic;:oes com fins lucrativos precisam
tica e re-atualizac;:ao da teoria do capital humano, embora envolta em
operar como um negó~io, enfTentando a competic;:ao do mercado e ten-
renovado e acrítico otimismo pedagógico. Cre-se que "os argumentos
tando maximizar o retorno de seu investimento (Sgüissardi, 2000: 37).
económicos tradicionais [Teoria do Capital Humano] sao fundados
Apesar de tentar-se, ao longo do documento, a conciliac;:ao entre
num limitado entendimento da contribuic;:ao [laxa de retorno social e
de interesse público] da educac;:ao superior". Esse "limitado entendi- a imprescindibilidade do Estado e as virtudes do mercado _"O sistema
mento" é que teda conduzido o Banco a concluir que a sua estraté- como um todo precisa beneficiar-se do vigor e interesse do mercado e
gia de empréstimo deveria enfatizar a educac;:ao primária, relegando a do Estado"-, reconhecem-se os sérios problemas de qualidade postos
educac;:ao superior a um lugar relativamente menor na sua agenda de pela diferencia(:iío institucional -uma das mais importantes c~nsignas
desenvolvimento. O posicionamento do Banco Mundial tem sido in- dos documentos anteriores do Banco, como já vimos- e conclm-se afir-
fluente e muitos outros doadores tambénl tem enfatizado a educac;:ao mando que "o argumento de que as forc;:as do mercado irao garantir
primária, e num certo sentido a educac;:ao secundária, como um instru- uma boa qualidade é simplista" (Sguissardi, 2000: 32).
mento para promover desenvolvimento económico-social.
Ainda que o documento mantenha confianc;:a no mercado, ao re- o CONFRONTO ESTATAL/PÚBLICO VERSUS PRIVADO/MERCANTIL
conhecer sua intrínseca necessidade objetiva de busca de lucro, nao o O dilema que atualmente se poe para a universidade estatal pública
ve mais como soluc;:ao para todas as demandas de expansao da educa- -bem público versus privado/mercantil- constituiu-se gradativamente
c;:ao superior e reforc;:a a exigencia do concurso do poder público, com ao longo das últimas tres décadas. Serviram de base para tanto, como
o papel de supervisOl~ além de, e de forma também incomum nos docu- já dito, as crises e novas concepc;:oes da economia e do papel do Estado,
mentos do Banco, valorizar a capacidade criativa dos "profissionais da o discurso teórico-pragmático dos organismos multilaterais, em espe-
educac;:ao superior". .
cial financeiros, e as políticas económico-sociais e educacionais prati-
Evidentemente que por si só o mercado nao vai criar este tipo de cadas por países centrais e periféricos, coerentes com essas concepc;:oes
sistema. Os mercados requerem lucros e isto pode relegar importantes e com esse discurso. Antes de examinar alguns aspectos dessas políticas
oportunidades e deveres de ensino. As ciencias básicas e as humanida- postas em prática no Brasil no último decenio, considere-se um pou-
des, por exemplo, sao essenciais para o desenvolvimento nacional, mas co mais as estratégias desse discurso ideológico que tem assolado a
seguramente recebem recursos insuficientes, a menos que os líderes opiniao pública, via re-semantizac;:ao de conceitos outrora de profundo
educacionais, os que contam com recursos para pór em prática suas vi- sentido positivo para os que defendem o conhecimento, a educac;:ao, e o
soes, promovam-nas ativamente. É necessário que os governos desem- ensino superior no caso, como bens públicos universais.
penhem um novo papel como supervisores da educac;:ao superiOl~ mais Apenas para ilustrar de passagem, observe-se o que Bourdieu e
que como gestores. Deveriam concentrar-se em estabelecer os parame- Wacquant (2000), escrevem a respeito da que chamam nova língua c1~s
tros dentro dos quais se possa alcanc;:ar o exito, enquanto permite m que tempos atuais. Um grande acervo de termos novos, ou nem tanto, sena
as solw;oes específicas aflorem das mentes criativas dos profissionais utilizado para fazer a cabe(:a da populac;:ao, da grande imprensa, dos
da educac;:ao superior (Sguissardi, 2000: 11).
executivos das empresas nacionais e multinacionais e dos funcionários
Análises de viés economicista persistem no documento, acreditan- da miío direita do Estado, como diria o próprio Bourdieu (1998) em
do seus autores que a competitividade é um fator de grande qualidade,
entrevista memorável ainda em 1992. Entre eles, "'mundializac;:ao' e 'Jle-
a ser garantida pela multiplicac;:ao das lES privadas, pela introduc;:ao do
xibilidade'; 'governanc;:a' e 'empregabilidade'; 'underclass' e 'exclusao';
ensino pago nas lES públicas, pela ampliac;:ao da diferenciac;:ao institu-
'nova economia' e 'tolerfll1cia zero'; 'comunitarismo', 'multiculturalis-
cional, e pelas novas fontes alternativas de recursos, entre Olltras medi-
mo' e seus primos 'pós-moderno', 'etnicidade', 'minoridade', 'identida-
das. Acredita-se, também, na parceria de instituic;:oes públicas (mas com
de', 'fTagmentac;:ao', etcetera" (Bourdieu e Wacquant, 2000).
ensino pago) e privadas, com e sem fins de lucro: "Todos os tipos de lES
Em contraposic;:ao, constatam a ausencia de termos ou conceitos
-inclusive as que operam por filantropia ou em razao do lucro- podem
tais como "'capitalismo', 'classe', 'explorac;:ao', 'dominac;:ao', 'desigual-
servir ao interesse público". Mais uma vez, de modo inusitado, o docu-
dade"'. Consideram Bourdieu e Wacquant que "tantos vocábulos pe-
mento alerta para a fTagilidade das instituic;:oes privadas stricto sensu (jor
remptoriamente revogados sob o pretexto de obsolescencia ou de im-
profit): mesmo quando o mercado opera bem e os estudantes recebem
pertinencia presumidas é o produto de um imperialismo propriamente
um bom servic;:o, as instituic;:oes privadas podem ainda assim falhar no
simbólico", que, insidiosamente, vai se tornando senso comum.
n8
119
UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA VALDEMAR ::>GUISSAHDI
. Ess.a vulgata moderna nao estaria sen do utilizada apenas pelos Um Estado que arrecada do mundo do lrabalho e transfere recUl. .
neo.h~erms ou ultra liberais, que desconsideram todas as conquistas sos para o setor' financeiro, gastando mais com o pagamento dos
SO~IaIS anterior~s. Utilizam-na abertamente, e a cada dia mais, pes- juros da dívida do que com educa<;ao e saúde. Um Estado que paga
qmsadores, e~cntores, artistas e militantes de esquerda que se pen- taxas de juros estratosféricas ao capital financeiro, mas remunera
sam progresSlstas. pessimamente seus professores e seus trabalhadores do setor de
Michael Apple, no seulivro Educando a. Direita (2003b) e em seu saúde pública, aqueles mesmos que prestam servi<;os El massa da
artigo "~lian<;a ~stratégica ou estratégia hegemónica?" (2003a), apro- popula<;ao, Um Estado que nao assegura os direitos básicos para
funda amd: mms o exame dessa questao, tratando-a na perspectiva da a grande maioria da popula<;ao, mas que dilapidou o patrimonio
compr~ensao da avalanche conservadora que varre o campo social e público em processos de privatiza<;ao financiados com o próprio
educaclOnal em todos os níveis. Além da supervaloriza<;ao dos termos e dinheiro público (Sadel~ 2003: 3),
express6es como mercado, liberdade de escolha e presta(:ao de cantas, o É diante desse espectro de um Estado nefasto aos interesses geraise
campo educacional é invadido por termos e express6es como: individuais que, para o autOl~ "o privado surge como pólo privilegiado",
Quase-mercado educacional, for<;as do mercado, decis6es privadas, sacralizado, panacéia para os males crónicos do Estado brasileiro.
regula<;ao, regula<;ao pela oferta e pela procura,elesregula<;ao, con- Mas o tra<;o mais eminente dessa opera<;ao foi a redu<;ao do de-
trole, ranking, competencias, qualidade total, acredita<;ao, bem pIi- bate a esses dois termos, como se eles necessariamente se constituíssem
vaelo x bem público, equidade social, livre escolha escolm~ escolas em dois pólos contrapostos. Na realidade, como demonstra o autOl~ "o
autogestionadas, organiza<;oes sociais, organiza<;oes públicas nao estatal nao é um pólo, mas um campo de disputa, que nos nos sos tem-
estatais, produtos para-escolares, capitalismo academico, etcetera pos é hegemonizado pelos interesses privados". Da mesma forma que:
(Camargo et al., 2003: 730). o privado nao é a esfera dos indivíduos, mas dos interesses me¡. .
P~ss~ a ter um papel central nessa discussao a contraposi<;ao estatal! cantis -como se ve nos processos de privatiza<;ao, que nao consti-
pubhco versus privado/mercantil, que o sociólogo Emir Sader (2003) tuíram processos de desestatiza<;ao em favor dos indivíduos, mas
a~resenta, em sucinta e oportuna análise recente ll . Indo ao ponto cru-
das grandes corpora<;oes privadas, aquelas que elominam o mer-
CIal_ da ql~e~tao, Emir Sader come<;a por enfatizar que "urna das ope- cado- a verdadeira cara por lrás da esfera privada no neolibera-
~-a<;oes teoncas e políticas mais bem-sucedidas do neoliberalismo foi
lismo (Sader, 2003: 3).
mstaurar os debates em torno da oposi<;ao entre estatal e privado". Ao A constata<;ao das práticas da política económica brasileira dos anos re-
c~ntrapor o estatal ao privado teria o discurso neoliberal deslocado o centes, que presidiu o processo de privatiza<;ao de grandes empresas es-
eIXO do debate para "um campo duplamente favorável ao liberalismo" tatais, conduz o autor El afirma<;ao de que nesse esquema, o pólo oposto
Isto permitiria "uma mais fácil desqualifica<;ao do estatal" e tiraria d~ ao estatal, ao invés do espa<;o do indivíduo e das liberdades individuais,
cena um dos termos essenciais dessa poIemica: o público. é "a nega<;ao da cidadania, é o reino do mercado, aquel e que, negando
Esta nova contraposi<;ao se prestaria a uma mais eficaz caracteri- os direitos, nega a cidadania e o indivíduo como sujeito de direitos".
za<;,~o do estatal.-como "ineficiente", "burocrático", "corrupto", "opres- Portanto, a conclusao: "A polariza<;ao essencial nao se dá entre o estatal
sor ,cavador de Impostos e mau prestador de servi<;os- e o privado -como e o privado, mas entre o público e o mercantil".
"espa<;o de liberdade individual, de cria<;ao, imagina<;ao, dinamismo". Tirando algumas conseqüencias para a compreensao do dilema
Verifica Emir Sadel~ como já o fizeram outros analistas desde René que hoje enfrenta a universidade estatal pública, o ser estatal, do ponto
Dreifuss, em seu clássico 1964: a conquista do Estado (1981), o contínuo de vista de seu regime jurídico e da sua manuten<;ao exclusiva ou nao
processo de privatiza<;ao do Estado brasileiro, que o tem tornado um por parte do tesouro do Estado, nao é garantia de que ela possa ser
Estado privatizado, razao principal de sua desqualifica<;ao crónica: definida como be111 público, como universidade pública. Independen-
temente de seu estatuto jurídico-formal, pode estar sendo privatizada,
E ao ser privatizada pelas diferentes formas de administra<;ao e finan-
;,1. Retoma-se a~l:i, a .res~eÍlo dess,e texto de Emir Sadel; essencÍaImente os comentál'ios ciamento, autonomia/heteronomia, avalia<;ao/accountability, produ<;ao
ellos pelo Comlle Eehtol'lal da revista Educa¡:cio ti:! Sociedade no editol'l'al "Eelllc " 1
r, 't d 'e1 l ' " "aC;dO, ee
e IJ el o e CI ae ama a mercaeloria de seu N" 84 de setembro de 2003 . , , '1 e transmissao do conhecimento, pode estar sendo conduzida a situar-se
sobre essa temática, ' , numelo especia
no espa<;o do privado/mercantil. A essencia do público, diz Sadel~ é "a
120 121
VALDEMAR :::iGUISSARDI
123
122
Gráfico 2
Tabera 1 Total de recursos das IFES, todas as fontes, como percentual das Despesas Correntes do FPF
Recursos das IFES como percen tua Iddo. PIB, das Despesas Correntes do FPF e da arrecadarao
e Impostos da Uniao y
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Gráfico 3
Total de recursos das IFES, todas as fontes, como percentual dos impostos
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Fonle: Amaral (2003) Ol .,...
125
124
~"H"n"'lJl\lJ 1:\ ll'lV1:l:;TIC.iACION CIENTÍFICA
_ d Ocorre registrar que, enquanto nesse período houve un1a ex É oportuno também observar que essa política de educa~ao supe-
sao e mat -' 1 . e pan-
e IICU as no ensmo superior federal de 6301 . . 'd . rior federal desenvolveu-se quando o país possuía apenas entre 7 e 9% da
em1989 a 52 . . lO,lstoe, e315md
foi de Po ra. 2;Ud em 20,02, no ensino superior privado a expansao faixa etária da popula~ao de 18 a 24 anos (entre as taxas mais baixas da
160 ro, IstO e, as matnculas passaram de 934 mil em 1989 América Latina) fTeqüentando algum dos cursos das 1.800 institui~6es
2 milh6es e 400 mil em 2002. No período 1994-2002 _ par~ de ensino superior no país, das quais apenas 160 universidades e dois
3 7~ , 1 ' a expansao f01
° nas matncu as no ensino superior federal (a da lES -' d e '
de 112%) c t - pllva as 101 ter~os del as privadas e destas quase metade com fins lucrativosl 4 •
' on la urna redu~ao de 5% de seu corpo docente e de 2101 A continuidade dessa política no atual governo e sua indefini-
d e seu quadro de fu . ,. 1' 10
nClOnanos, a em de quase congelamento salarial ~ao quanto a retomada da expansao do setor público estatal federal,
d.~s doc~l:tels e fLmcionários técnico-administrativos, este apenaset;ndo passados um ano e meio de sua posse, contraria fTontalmente o Pro-
~1 ~ pal.cra mente compensado por urna ratifica a _ _. grama de Governo para a educa~ao superi01~ que previa a duplica~ao
1I1dlces 1I1dividuais de "produtividade" .. gt't 1 d ~ o PI op01 clOnal aos
t d' e , 111 1 U a a, no caso dos docen- das vagas das IFES no quatrienio, em especial no período noturno, e se
es, e GratIfica~ao de Estímulo a Docencia (GED) .. traduz simbolicamente no Projeto de Lei enviado pelo Poder Executivo
rior fe~e~~~sto/alu~o, um dos principais alvos da crítica ao ensino supe- ao Congresso Nacional que autoriza a "compra de vagas" ociosas do
-
11 ao
l·e, edxclll1~os os gastos com hospitais universitários e outros setor privado, ao invés de investir na amplia~ao de vagas para ocupar os
re aClOna os dlretarne t . espa~os ociosos do período no turno nas Institui~6es Públicas Federais.
_ _ n e ao enSll1O, sofTeu no período 1995-2001
urna 1 edu~ao de 51 % (de R$ 11.198,00 para R$ 5.488 00) E' _ Traduz-se também nos cortes or~amentários emergenciais para garan-
tual de redw'- 1 ' . ste pel cen-
_ yao, com va ores a pre~os de janeiro de 2002 (IGP-DIIFGV) tir os índices de poupan~a negociados com o FMI (superávit primário
como [Ta~ao ~o PIB nacional, foi de 53,7% (Amaral, 2004: 123) , de 4,75%), nos baixos índices de reajustes salariais, na retirada de direi-
No penodo 1995-2002 'd _ . . tos previdenciários, e na lenta, muito lenta retomada das contrata~6es
_. 1 - ' enVl aram-se mUltos esforc;:os oficiais
pal_a Imp. a_nta~ao de LÍm tipo de autonomia -autonomia financei:-a de docentes e funcionários técnico-administrativos para repor, ainda
P~l OpOsl~ao a autonomia de gestao financeira, constitucional ql1ee' que parcialmente, o alto percentual de vagas remanescentes do gravís-
Vlsava conceder' IFES' d e-
_ as to as as prerrogativas e condi~6es ara al' simo processo de aposentadorias.
::~:t~7r ~~~~os de qualql~er. natureza, na ausencia do financi~~1:nt~ Além da questao do financiamento, outra importante prova do
p to na Constltll1~ao. Como parte dessa poI 't' d d descaso oficial com a necessidade de preserva~ao e expansao do setor
brig - d E d e l lca e eso-
criar~;~se °to;~: ;s ef::;!~;~~ ~~~_:n:\e;~f~n~:~~~u~:~::n~~~:~-i~l~
universitário público federal-ou de que as teses desenvolvidas pelos 01'-
126
127
-~-~.-
VALDEMAR SGUISSARDI
129
- - ...... v ......... ~ ...." .. .&..;IU....... J..:¡ U'4 v no..1J\..Jt\.LIUl'\J LltNTlFlCA
VALDEMAR SGUISSARDI
financeiro, das "obrigac;6es" assumidas com organismos multilaterais, Chauí, M. 1999 "A universidade operacional" em Folha de Sao Paulo (Sao
num país campeao mundial de desigualdades, deixou de cumprir [1.1n- Paulo) 9 de maio.'
c;6es estruturantes essenciais, entre elas a de garantir a manutenc;ao, Dias, M. A. R. 1996 "Mudanc;a e desenvolvimento no Ensino Superior"
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CARMEN GARCÍA GUADILLA *
COMPLEJIDADES DE LA GLOBALIZACIÓN
/
Y LA COMERCIALIZACION
/
DE LA EDUCACION SUPERIOR
--==-"
¡¡¡¡¡
135
UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA CARMEN GARCÍA GUADILLA
los diferentes perfiles que pueden tomar en las múltiples versiones en quienes envían la Carta de Porto Alegre (firmada por los rectores) al
las que están emergiendo. presidente de la República de Brasil.
El impacto de las consecuencias comerciales de la globalización Por su parte, COLUMBUS, desde París, en asociación con la Uni-
y la internacionalización se sintió en la comunidad académica cuando, versidad de Lima, celebró la primera reunión que se realizó en América
en septiembre de 2001, distintas asociaciones, tanto americanas como Latina para analizar específicamente el tema del GATS y su impacto
europeas!, firmaron una declaración conjunta en contra del Acuerdo en la educación superioc Esta reunión tuvo lugar en julio de 2002, en
General sobre el Comercio de Servicios (GATS) por haber incluido la Lima, y contó con la presencia de académicos de América Latina y Eu-
educación superior como parte de los servicios a ser negociados. Otras ropa, así como especialistas en el tema de la internacionalización de la
asociaciones y ONGs2 asumieron esa misma posición. educación superiOl-s.
En América Latina, los participantes en la reunión Fórum So- En mayo de 2004, la Unión de Universidades de América Latina
(UDUAL) emitió la Declaración de Boyacá (Tunja, Colombia), también
cial Mundial de Porto Alegre, realizada en febrero de 2002, critica-
alertando sobre las consecuencias negativas del GATS para las univer-
ron el GATS y adoptaron una resolución proponiendo un pacto global
sidades latinoamericanas. Por su parte, varios países de América Latina
que asegure la consolidación de los principios de acción aprobados
han realizado, a nivel nacional, eventos de discusión sobre el GATS y
en la Conferencia Mundial sobre Educación Supedor promovida por su impacto en las universidades, con diversos sectores, como el caso de
UNESCO en París, en 1998. Dos meses más tarde, en abril de 2002, Méxic0 6 y Colombia7, y algunas universidades también han realizado
y alertados por la presentación que sobre el GATS realizara Marco discusiones abiertas sobre el mismo temas.
Antonio Dias,ex director de la División de Educación Superior de la El presente trabajo actualiza algunos aspectos ya tratados en tra-
UNESC03, los rectores asistentes a la III Cumbre Iberoamericana de bajos anteriores (García Guadilla, 2002a; 2002b; 2004) -aquellos que
Rectores de Universidades Públicas firmaron la Carta de Porto Ale- todavía siguen siendo relevantes para contextualizar la problemática- y
gre. En ella comunican a la comunidad académica universitaria y a presenta información reciente sobre los nuevos proveedores externos
la sociedad en general las consecuencias nefastas del GATS, y piden a en América Latina, derivada fl.mdamentalmente de los informes por
los gobiernos de sus respectivos países que no suscriban ningún com- países que se presentaron en el Seminario Regional La Educación Su-
promiso en materia de educación superior4 • La Cumbre de Rectores perior Transnacional: Nuevos Retos en un Mundo Global, organizado
produjo otras reacciones, como la de la Asociación Nacional de Diri- por IESALC/UNESCO, y celebrado en Caracas en abril 2004.
gentes de Instituciones Federales de Ensefianza Superior (ANDIFES),
INTERNACIONALIZACIÓN y GLOBALIZACIÓN
I Association of Universities anel Colleges ol' Canada; American Council on Education; Se tiende a creer que la universidad siempre ha sido internacional, y
European University Association; Council for I-ligher Education Accreditation, ello no es del todo cierto. En la primera etapa de creación de la uni-
2 Global Trade Watch, National Unions of Students in Europe (ESIB), Word Trade versidad, en la Edad Media, si bien se trató de un período de fluido
Organization of Teacher's Trade Unions y Transnational Education. intercambio de estudiantes y profesores entre universidades ubicadas
3 Eltflulo de la presentación fue "Educación Superior: ¿bien público o servicio comercial en lugares geográficos diferentes, estos lugares no estaban separados
reglamentado por la OMC?".
4 En esta carta se considera que el acuerdo "lesiona seriamente las políticas de equidad
indispensables para el equilibrio social, en especial para los países en desarrollo, necesa- 5 De los trabajos presentados en esa rcunión, celebrada con especialistas europeos y lati-
rias para corregir las desigualdades sociales, y tiene serias consecuencias para nuestra noamericanos, surgió el libro El dificil equilibrio: la educación superior como bien público y
identidad cullural. Perturba igualmente la consolidación y transmisión de valores éticos y comercio de se/vicios, cditado por COLUMBUS y la Universidad dc Lima, Una nueva edición
culturales y afecta nuestras aspiraciones de lograr una sociedad más democrática y justa a ha sido publicada por la Universidad de Castilla-La Mancha (Ver García Guadilla, 2004),
través de un desarrollo sostenible, Aspectos todos ellos a los que contribuye la educación
6 Seminario Internacional La Comercialización de los Se¡'vicios Educativos: Retos y
superi01; cuya misión específica se define en virtud de una concepción de bien social pú-
Oportunidades para las Instituciones de Educación Supcri01; organizado por la Cátedra
blico, destinada al mejoramiento de la calidad de vida de nuestros pueblos, función que
UNESCO-CIVESTAV y ANUlES en febrero de 2004.
en ningún caso puede cumplir si sc la transforma en simple mcrcancía, u objeto de espc-
culación en el mcrcado, a través de su comercialización intcrnacional. POI' úllimo, entre 7 Foro La Educación Superior Colombiana en el Marco de los Acuerdos de Libre Comcrcio,
los graves problemas quc esta circunstancia acarrea, tenemos que mcncionar la uniformi- realizado por la Cámara de Comercio de Bogotá, Alianza Bogotá Universitaria y la Asociación
zación acrílica de la cducación y el grave daño que significa para la soberanía nacional y Colombiana dc Universidades, durante los días 21 y 22 de agosto de 2003,
de los pueblos". 8 Por cjemplo, la Universidad de la República, Colombia (Galmés, 2004).
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CARMEN GARCiA GUADILLA
UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
CARMEN GARCiA GUADILLA
global indican que el comercio mundial en educación superior llega a mientras las corporativas están creciendo permanentemente, las
3% del total de todos los servicios comerciales y, en varios países, los tradicionales es'tán disminuyendo l6 • Otro aspecto que está cam-
servicios educativos se sitúan en los cinco primeros rangos del sector biando es que estas universidades, al comienzo, no tenían como
de exportaciones.
objetivo otorgar títulos y, por tanto, tampoco estaban acredita-
El principal país receptor es EE. UU. Aunque no se tiene informa- das. Ahora bien, la tendencia es atraer a las universidades tradi-
ción específica sobre cuántos estudiantes latinoamericanos recibe este
cionales a incorporarse al espacio de las corporaciones -como se
país, se conoce que el total de los estudiantes extranjeros en EE.UU.
hizo con los bancos, supermercados, etc.- o entrar en alianza con
gastó, durante el ai'ío 2000, 10,29 billones de dólares, cantidad mayor
ellas creando nuevos programas con grados o títulos. Por otro
que el presupuesto público total de la educación superior en América
lado, los modelos de aprendizaje de las universidades corporati-
~atina. De acuerdo a la OECD (2002), el mercado de la educación supe-
vas están incorporando, cada vez más fTecuentemente, modali-
nor en los países miembros de este organismo es de aproximadamente
30 billones de dólares anuales. dades a distancia. En este sentido, la tendencia es una combina-
En América Latina, la forma de suministro de comercio en el ción de las distintas modalidades.
extranjero ha tenido durante las décadas pasadas un rol de consumidor - Modelo empresarial o lucrativo. A diferencia de las privadas tra-
en un mercado mundial de producción de conocimientos con muchas dicionales, los duei'íos de estas instituciones no tienen proble-
asimetrías. De hecho, ninguno de los países de América Latina figura mas en admitir que su motivación es la ganancia, más que el
actualmente en la lista de los 23 países que atraen mayor número de es- prestigio. En las no-lucrativas, el poder está en la estructura del
tudiantes extranjeros, siendo EE.UU., Reino Unido, Alemania, Francia gobierno, pues este descansa más en los gerentes y los usuarios,
y Australia los cinco países que en la actualidad atraen mayor número y la aplicación del conocimiento es a veces más importante que
de dichos estudiantes. Entre los países que mayor crecimiento han te- la producción del mismo.
nido en las últimas dos décadas en lo que respecta a atraer estudiantes
extranjeros debido a políticas específicas de internacionalización, figu- - Universidades virtuales. Algunas universidades virtuales tam-
ran Australia, Reino Unido y Nueva Zelanda (OECD/CERI, 2002). bién son empresariales, como la Universidad de Phoenix, que es
la más conocida. Cuenta con más de cien sedes en todo el pla-
COMERCIALIZACIÓN A TRAVÉS DE NUEVOS PROVEEDORES Y neta. Dentro de la modalidad de universidad virtual se habían
FORMAS TRANSFRONTERIZAS DE SUMINISTRO EDUCATIVO identificado, en febrero de 2001, alrededor de 1.180 instituciones
de educación superior que ofTecen desde cursos hasta progra-
Coincidiendo con la etapa de la globalización, nuevos proveedores mas de posgrado por Internet. De esas instituciones, el 27% eran
em~rgen bajo diferentes opciones: universidades virtuales, campus y lucrativas. En cuanto al tipo de certificación de estudios que se
oficmas de representación de instituciones extranjeras, fTanquicias de
ofTece por este medio, en una muestra de 602 programas, el 56%
instituciones extranjeras en instituciones locales, programas articula-
correspondió a diploma de curso; el 16% a certificado vocacio-
dos entre instituciones extranjeras y locales, con muy diversas modali-
nal o de competencias; el 13% a licenciatura (hachelar); el 18%
dades en cuanto al tipo de proveedores y a la condición público-priva-
a maestría; el 3% a doctorado, y el resto a otras modalidades.
do. A continuación se presentan algunas de estas nuevas ofertas.
También en este caso se prevé que en menos de dos décadas el
- Las universidades corporativas. Como su nombre lo indica, per- número de estudiantes en modalidades virtuales sea mayor que
tenecen a importantes conglomerados empresariales que requie- el de estudiantes en modalidades presenciales tradicionales.
ren de personal permanentemente actualizado ls . Se estima que
para finales de la presente década las universidades corporativas
superarán en número a las universidades tradicionales, pues, 16 Entre las universidades corporativas más conocidas, figuran las universidades de cor-
poraciones C0ll10 Motorola, Toyota, General Electric, General Motors, Shell, Coca Cola,
Mm'lboro, McDonald's y American Express. Estas organizaciones expanden el espectro de
la educación de adultos y sustituyen los antiguos departamentos de capacitación yentre-
15 ~Igunos informes de 1999 reportan que el número de universidades corporativas ha namiento de las corporaciones, pues, además de proveer a los empleados conocimientos
creCido de 400 en 1980 a más de mil. No es de dudar que en estos últimos cinco afios se prácticos y competencias gerenciales, lo hacen -según sus defensores- dentro de una vi-
hayan duplicado.
sión amplia que busca la competitividad de la organización.
142
143
Otras modalidades son: fTanquicias, paquetes de oferta educativa en Un primer análisis que surge de los datos presentados' 8 eS,la presen~ia
distintas modalidades que incorporan tecnologías de aprendizaje; se- de un número importai1te de proveedores externos a traves de las chs-
des y oficinas de representación de instituciones extranjeras o brokers, tintas modalidades y formas de suministro, que no existían hace a!)en~s
especie de corredores de bolsa intermediarios que facilitan las vincula- unos aí'ios. Como se observa en el gráfico siguiente, Europa esta mas
ciones entre la oferta de proveedores de educación virtual y la demanda presente en la modalidad de educación a distancia -en cuanto a~ núme-
a través de "portales" especiales para publicitar los cursos en línea, y ro de instituciones l9- y EE.UU. está más presente en la modalIdad de
compra de instituciones privadas de países no centrales por parte de sedes y fTanquicias. Sin embargo, en cuanto a las articul~ciones. y a1ian~
conglomerados extranjeros, entre otras. zas, tanto Europa como EE.UU. están más o menos al mIsmo l1lvel. POl
su parte América Latina está más presente en los convenios.
N UEVOS PROVEEDORES y NUEVAS FORMAS DE SUMINISTRO DE
EDUCACIÓN SUPERIOR EN AMÉRICA LATINA . Gráfico 1
En América Latina comienzan a detectarse nuevas configuraciones de Modalidades de internacionalización en varios países de América Latina
internacionalización y globalización. Muchas de las nuevas ofertas son
externas a los países. En algunos casos se hacen de forma virtual, pero 60~---'=-------~~------------------1
también hay algunas sedes y, en menor medida, fTanquicias y programas
gemelos. Sin embargo, hay mayor presencia de programas articulados y 50
sobre todo de convenios, como puede observarse en el Cuadro 117 • ~ 40
:$
~ 30
l' 1:::
Cuadro 1 ~ 20
rli
I
Instituciones de educación superior extranjeras presentes en países latinoamericanos de acuerdo
a región de origen y modalidad de internacionalización*
10
[ EE.UU. Europa ¡ América latina ¡ Otros Tola I
O
Educación a distancia, Sedes, franquicias, Programas articulados
l'
lÜ
Educación a distancia,
28
incluidos apoyos locales programas gemelos
54 19 102
l·: ...i.~.c.I.u.i.~.o.~..~P.~.Y.~.s. ..I~.~~.I.e.~.................
Sedes, franquicias, programas I ¡¡¡;¡¡ EE.UU . • Europa D América Latina 1
gemelos 28 9 13 50
,.,", ......... " ..... " ............ , ............ " ...... , ...............
................
Fuente: elaboración propia en base a Cuadro l .
Articulaciones, alianzas 55 59 11 125
, ...... .................... , ....... , ............ .... ,... " .........
", ",
144 145
1
L
UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÚN CIENTÍFICA CARMEN GARCÍA GUADlLLA
instituciones en los países. De ahí que los autores de los informes en los Colombia, Chile, Honduras y Venezuela; y, ['uera de América Latina, en
que se basa esta información aclaren que los datos son incompletos. Barcelona, Espai1a (Didou, 2002).
En esta modalidad, Europa es la que sobresale con un 53%, se- Una característica particular que tienen estas instituciones es
guida por EE.UU. con 27% y América Latina con 19%. Centro de la que la mayoría son privadas, excepto las españolas, que generalmente
presencia Europea, Espai1a es el país que sobresale. En educación a son públicas; sin embargo, no parecieran existir diferencias una vez
distancia, de 54 instituciones europeas reportadas en toda América La- ubicados en el espacio del mercado educativo.
tina, la mayoría son españolas, excepto la Open University del Reino En América Latina, la oferta nacional, excepto algunos casos
Unido. Entre las instituciones españOlas más fTecuentemente mencio- que se señalarán a continuación, no ha terminado de delinear un perfil
nadas se encuentran: Universidad Nacional de Educación a Distancia para una oferta regional. Lo que más se observa es que la educación a
(UNED), Universidad Autónoma de Barcelona, Universidad Politécnica distancia se brinda, la mayor parte de las veces, en universidades e ins-
de Madrid, Universidad de Salamanca y Universidad Virtual de Barce- titutos terciarios tradicionales. En este caso, se registran experiencias
lona, entre otras. importantes como la de la Universidad de Quilmes (UNQ) en Argentina.
De EE.UU., figuran universidades como Phoenix University, Pa- Es una universidad pública que, con apoyo técnico de la Universidad
cific Western University, New York University, Harvard University, Atha- Oberta de Catalunya (UOC), ha desarrollado, desde 1999, una experien-
basca University, Bircham University, Atlantic International University, cia pionera de educación universitaria en entornos virtuales (UVQ),
Oracle University, algunas de ellas con oficinas de representación en donde los estudiantes pueden realizar carreras universitarias comple-
los países huéspedes. La Atlantic International University funciona en tas a través de un Campus Virtual asincrónic02 l . Otro caso es el de Bra-
México, Colombia, Bolivia, Ecuador y Centroamérica (Guatemala, El sil, donde se ha desarrollado un consorcio de 69 universidades públicas
SalvadOl~ Honduras, Nicaragua, Costa Rica y Panamá). O[Tece títulos de educación superior de tipo virtual. Estas universidades, a partir de
universitarios a nivel de licenciatura, maestría y doctorado. Por su par- la firma del Termo de Adedío (Protocolo de Intenc;:6es), crearon, el 23
te, la Oracle University tiene apoyos locales en México, Argentina, Bo- de agosto de 2000, el consorcio UniRede. Esta propuesta incluye los
livia, Brasil, el Caribe, Costa Rica, Chile, Colombia, EcuadOl~ México, niveles de grado, posgrado, extensión y educación continuada. Todas
Paraguay, Uruguay y Venezuela. O[Tece capacitación y maestrías. las universidades que integran UniRede tienen experiencia en el área
Es importante sei1alar las características de la Phoenix University de educación a distancia. Por ese motivo, la universidad virtual recibe
por cuanto pertenece al grupo Apollo, uno de los mayores inversionistas apoyo de los ministerios de Educación y de Ciencia y Tecnología. Tam-
a nivel mundial junto con Sylvan, que se analizará más adelante. Con bién se encuentran los casos de educación a distancia provista por una
oferta de información a través de Internet, según Rodríguez (2004a), única universidad. Entre ellos, encontramos los cursos ofertados por
esta universidad ha iniciado recientemente una serie de prospectos de
alianza en países como Brasil, en compañía del Grupo Pitágoras, y se 21 La UVQ cuenta con aulas virtuales donde todos los integrantes (profesor y estudiantes)
exploran opciones con Chile y Méxic0 20 • pueden interactuar con bibliotecas con recursos digitalizados, foros de estudio e investiga-
Las instituciones de educación a distancia latinoamericanas pa- ción, y espacios de comunicación informal que faciliten la socialización y la integración.
La oferta de la UVQ está dirigida a un público diverso en edad, actividad, lugar de residen-
recen no haber incursionado seriamente en el ámbito regional, a excep- cia y situación personal. Actualmente, el programa cuenta con miles de estudiantes (dos
ción, sin duda, del Instituto Tecnológico de Monterrey (privado) que ha mil inscriptos en el año 200 1) que viven en todo el territorio argentino y también en el
desarrollado una red de campus virtuales en Bogotá, Guayaquil, Me- exteriOl: Asimismo, ya cuenta con egresados. Entre los programas ofrecidos se encuentran
la tecnicatura en Ciencias Empresariales; las licenciaturas en Educación, Ciencias Sociales
dellín, Panamá, Caracas, Lima y Quito, y centros receptores en Perú, y Humanidades, Hotelería y Turismo, y Administración y Comercio Internacional; y las
;naestrías en Ciencia y Tecnología, y Sociedad y Economía Internacional. El programa
UVQ presenta un valor agregado: no sólo capacita a los integrantes del Campus Virtual en
20 En el caso de Brasil, la alianza dio lugar a la Facultad Pitágoras. El proyecto se inició los contenidos del programa curricular en que están inscriptos, sino que también brinda
con una matrícula de aproximadamente mil estudiantes, pero la previsión es alcanza!; calificaciones en el dominio de las nuevas tecnologías que son crecientemente demanda-
hacia 2010, una oFerta de al menos 100 mil en territorio brasilero. En México ya se han ins- das por el mercado profesional y la vida académica. La UNQ tuvo desde sus inicios una
talado oficinas del consQl'cio con la perspectiva de adquiril; en forma parcial o completa, la impronta innovadora que quedó rubricada con el lanzamiento de la UVQ. De este modo,
Universidad Tecnológica de México (UNITEC) que es, por su tama!lo, la tercera universi- la UNQ fue evolucionando hacia un sistema de bimodalidad presencial y virtual, en el que
dad privada del país, con una matrícula de 35 mil estudiantes (la segunda es la Universidad los estudiantes pueden realizar integralmente sus carreras tanto de modo presencial como
del Valle de México, adquirida por la Sylvan) (Rodríguez, 2004a: 11). virtual, o bien tomar tramos vÍl'tuales de las currfculas presenciales (Marquis, 2002),
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA CARMEN GARCÍA GUADILLA
las universidades estaduales de Santa Catarina, Maranhao, Norte Flu- En Europa, si bien no hay muchas instituciones en esta catego-
minense y las universidades federales de Santa Catarina, Lavras, Mato ría, es importante mencionar la experiencia de la Universidad de Bo-
Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahía, Ceará, Espíritu Santo, Fluminense, logna en Argentina. Esta universidad inició sus actividades en octubre
Ouro Preto, Pará, Paraná y Minas Gerais 22 • de 1998. El programa está dividido en un primer ciclo en Buenos Aires,
Argentina, y un segundo ciclo en Bologna, Italia. El Mástel' en Rela-
SEDES, FRANQUICIAS, PROGRAMAS GEMELOS ciones Internacionales Unión Europea-América Latina combina en su
En esta categoría, lo más fTecuenteson las sedes, y en mucho menor currícula a docentes argentinos, españoles e italianos, y además cuenta
medida, las fTanquicias y programas gemelos. En cuanto a las sedes, con figuras académicas y políticas brasileñas y estadounidenses. Es por
como se observa en el Gráfico 1, el país que presenta mayor frecuen- ello que el máster cuenta con cuatro lenguas oficiales: italiano, español,
cia es EE.UU. Entre las instituciones más mencionadas, se encuentran: portugués e inglés. Es bienal y privilegia una formación interdisciplina-
Endicott College, Sylvan Learning Systems INC, Nova Southeastern ria. Los cursos están organizados en seis bimestres, cuatro de ellos en
University, Columbus University, Florida Slate University, Westbrigde Buenos Aires y dos en Bologna. Otros dos bimestres están dedicados a
University, Westhill University, Pacific Western University y Jones Uni- la realización de stages en empresas y organizaciones internacionales
versity. Por su parte, la Pacific Western University es huésped en el Ins- (en Europa o América Latina) y a la realización del trabajo final de
tituto Mexicano de Educación a Distancia. tesis. Dicho mástel' también cuenta con una importante diversidad de
Como se señaló anteriormente, el grupo norteamericano Syl- estudiantes 25 • La sede de la Universidad de Bologna en Buenos Aires
van Learning Systems INC es una de las mayores inversionislas a nivel cuenta con un Centro de Investigaciones, en el cual se desarrolla un
mundial, junto con el grupo Apollo. La Sylvan ha conseguido una [·uer- programa de trabajo centrado en las áreas científico-disciplinarias que
te penetración en el mercado latinoamericano mediante la compra to- son objeto del Programa de Estudios del máster26 (Marquis, 2002).
talo parcial de varios establecimientos. En América Latina (Rodríguez, Hay universidades extranjeras que tienen instalaciones en los
2004), podemos mencionar la Universidad de las Américas en Chile 23 y países latinoamericanos para promover actividades o convenios. En
EcuadOl~ la Universidad del Valle de México, la Universidad Andrés Be-
el caso de Chile, podemos mencionar la Universidad de California, la
llo (Chile), la Academia de Idiomas y Estudios Profesionales (Chile) y la
Harvard University, la Heidelberg Universitat, la University oE Michi-
Universidad Iberoamericana (Costa Rica y Panamá). Según Rodríguez
gan, la Stanford University, la State University of New York, la Tufts
(2004b), la suma total de los alumnos inscriplos en todas las institucio-
University y la University oE Wisconsin.
nes de Sylvan en América Latina supera los 80 mil estudiantes 24 •
A su vez, en algunos países este es el caso de Chile- i10 se permite
apertura de sedes de universidades extranjeras, por 10 que se constitu-
22 Instituciones acreditadas para la orerta de cursos de grado a distancia: Federal do yen como personalidad jurídica de propiedad internacional. Entre ellas
Pará, Federal do Ceará, Federal do Paraná, Federal do Mato Grosso, Federal Fluminense,
se encuentra la Universidad SEK, organización fundada en España,
Estadual do Norte Fluminense, Federal de Mato Grosso do Sul, Federal do Espil"ito Santo,
Estadual do Maranhao, Federal de Duro Preto. que abarca cursos desde preescolar a universitarios. En América Latina
23 En 2000, Sylvan comp]'ó el 60% del grupo chileno Campus Mater SA, propietario y tiene actividades en Chile, Guatemala, Panamá, Costa Rica, Ecuador,
rundador de la Universidad de las Américas. La gestión académica de la universidad
quedó en manos chilenas y no se produjeron cambios en cargo alguno, contando ac-
tualmente con 17.500 estudiantes. En 2003, Sylvan amplió su presencia en Chile al in- 25 De los 53 estudiantes que asistieron al mástel' en el prime]' y segundo ciclo, el 52,8% son
corporarse como socio de la Universidad Nacional Andrés Bello, privada y autónoma, argentinos de diversas provincias, el 20,7% provienen de otros países de Latinoamérica,
adquiriendo el flujo de estudiantes (alrededor de 14 mil) por un valor de 62 millones de entre los que se encuentran estudiantes de Bolivia, Colombia, México, Perú, Venezuela y
dólares (González, 2004). Brasil, y el resto son europeos, entre los que se destacan los italianos (24,5% del total de
24 "En tanto que grupo empresal"ial, el consorcio Sylvan está principalmente ol"ientado a alumnos), si bien Suecia, Francia y Portugal también están o han estado representados en
la consecución de ganancias, cualquier otro propósito depende de este primer objetivo. En la sede Buenos Aires de la Universidad de Bologna.
los (Jltimos años se ha sostenido una tendencia de crecimiento de sus ventas en el rango 26 El Centro de Investigación también ha firmado un Convenio con el Instituto Nacional
entre 10 y 25% L .. ] Además se plantean conquistar el objetivo de mediano plazo (antes de Estadísticas y Censos del Gobierno Argentino (INDEC) a fin de llevar a cabo un
de 2010) de adquirir nuevas instituciones hasta alcanzar una matrícula total de 200 mil proyecto comparativo para el estudio de la formación y distribución del ingreso, la ri-
estudiantes y un promedio de ventas cercano a mil millones de dólares al año, cifras que queza y el capital humano en Argentina e Italia. Se ha 'iniciado también un proyecto de
colocan al consorcio como el principal proveedor de educación superior transnacional en investigación sobre las perspectivas de cooperación industl"ial entre Italia y los principa-
el mundo" (Rodríguez, 2004b: 38). les países del MERCDSUR.
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA CARMEN GARCÍA GUADILLA
Universidad del Valle de México (privada) con Miami Dade COllll11unÍly College (públi-
27 Mixtas públicas-privadas en México: Instituto Tecnológico y de Estudios.Superiores co); Red Universitaria Franco Mexicana de Cooperación doctoral y posdoctoral (Didol!,
de Monterrey (ITESM) (privado) con Texas A&M (pública) y Universidad de Wisconsin 2002). Mixtas públicas-privadas en Argentina: Universidad Nacional de San Martín
(pública); FLACSO (internacional-autónomo) con U. Complutense (pública); Universidad (pública) con Georgetown Universily (privada); Universidad de Belgrano (priv.ada). con
de las Américas (privada) con Texas A&M (pública); Universidad de las Américas, Universidad de Barcelona (pública); Universidad de Belgl'ano (privada) con Ul1Iversldad
Puebla (privada) con Texas Tech University (pública) y Universidad de Reims (pública); Politécnica de Madrid (p(lblica) (Marquis, 2002).
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA CARMEN GARCÍA GUADILLA
En Colombia, se publicitan cantidad de programas a distancia to, no administra clases en Brasil, ya que sus estudiantes se matriculan
extranjeros. Durante 2003 se ofertaron 121 programas con la siguiente en AWU (EE.UU.) y no en una institución brasileña (Marquis, 2002).
procedencia: 74 instituciones de EE.UU. y 24 de España. Los siguen Brasil ha sido, aparentemente, uno de los países que ha adoptado
Reino Unido, Nueva ZelarÍcla, México, Perú, Chile, Canadá, Argentina, una posición bastante vigilante, con ánimo de preservar la calidad de
Irlanda, Australia y Panamá, y otros en cuyos casos no se identifica sede sus instituciones a través de sus mecanismos de acreditación. En este
principal o país de origen. Los costos que se registraron fueron: Univer- sentido, el Ministerio de Educación, a través de su página de Internet,
sidad de Madison, entre 1.975 y 2.775 dólares, dependiendo del grado; suministra información sobre las instituciones autorizadas a nivel de
Tecnológico de Monterrey, entre 943 y 3.100 dólares, dependiendo del pregrado, y el CAPES28 lo hace para los cursos de posgrado. No obs-
grado; Phoenix University, entre 440 dólares/hora crédito hasta 620 dó~ tante estos esfuerzos, el Ministerio de Educación de Brasil estima que
lares/hora crédito, dependiendo del grado (Zarur Miranda, 2004). alrededor de 4 mil estudiantes están actualmente matriculados en cur-
En Perú se reportan los siguientes costos en el ámbito de posgra- sos irregulares. Por otro lado, el Consejo Nacional de Educación y de la
dos: Instituto de la Empresa de Madrid, entre 19.850 y 33.850 euros, de- Cámara de Educación Superior exigió en abril de 2001 que los cursos
pendiendo del grado; Universidad Adolfo Ibáñez, de Chile, entre 19.000 de posgrado ofTecidos en el país por instituciones extranjeras, directa-
y 22.000 dólares dependiendo del grado; Duke University, 29.600 dóla- mente o mediante convenio con instituciones nacionales, suspendieran
res por maestría (Llaque Ramos, 2004). . el proceso de admisión de nuevos alumnos 29 • A su vez, este país tomó la
decisión de suspender la concesión de nuevas becas de estudio a ciertos
MECANISMOS DE REGULACIÓN, GARANT[A DE CALIDAD Y SISTEMAS DE establecimientos extranjeros (Marquis, 2002).
ACREDlTACIÓN Sin embargo, aunque las medidas defensivas pueden ser efectivas
en el corto plazo, el proteccionismo es una solución muy limitada, so-
Uno de los principales problemas que surge en la situación de nuevos
bre todo cuando se trata de procesos que traspasan las fTonteras nacio-
proveedores es la vulnerabilidad que tienen los países -especialmente los
nales. Es aquí donde entra a jugar un papel fundamental la provisión de
receptores- fTente a instituciones que emiten títulos y que no tienen nin-
marcos internacionales para la regulación y sobre todo transparencia
guna garantía de calidad, que han sido llamadas fábricas de diplomas.
de la educación transnacional, pues la vulnerabilidad de los países -es-
La mayoría de los países latinoamericanos, con muchos esfuer-
pecialmente los receptores- [Tente a los nuevos proveedores que emiten
zos y grandes tensiones, lograron desarrollar sistemas nacionales de
títulos sin garantía es una realidad. Existe una investigación del propio
evaluación y/o acreditación en la década del noventa. Ahora bien, la
Estado norteamericano en la que se están cuestionando alrededor de
mayoría de los países que lograron crear estos sistemas no incluyeron
doscientas instituciones fraudulentas 3o •
mecanismos de regulación para los proveedores extranjeros, y, cuan-
do de alguna manera los incorporan, ello no necesariamente garan-
PROCESOS NUEVOS Y COMPLEJOS QUE AMER1TAN NUEVAS
tiza su aplicación. Por ejemplo, en el caso argentino -señala Marquis
(2002)- existe desde 1998 una resolución que regula la oferta educativa CONCEPTUALIZACIONES
a distancia; sin embargo, la misma no se aplica cuando la universidad Como se ha podido observar a partir de lo presentado en puntos an-
extranjera no se instala en el país porque la oferta se realiza vía InteI'- teriores, especialmente en el caso de nuevos proveedores extranjeros,
net. En estos casos, la ley argentina no puede alcanzar a la institución, los procesos transnacionales sobrepasan la capacidad de actuar de los
lo que impide no sólo prohibirla, sino también regularla o condicionar estados. Es por ello que existe presión hacia los organismos internacio-
su funcionamiento. Por su parte, en Brasil existe desde 1997 una reso- nales para que asuman la responsabilidad de hacer valer la educación
lución que afirma que no serán revalidados ni reconocidos los diplomas
de grado y posgrado obtenidos a través de cursos suministrados en Bra-
sil por instituciones extranjeras en las modalidades semi-presenciales o 28 Organismo encargado de coordinar los posgrados en Brasil.
a distancia, o mediante cualquier forma de asociación con instituciones 29 Entre ellos un latinoamericano, diez espaf¡oles, dos franceses y dos portugueses. Esta
medida sólo a'recta a los cursos semi-presenciales irregulares ofrecidos por las institucio-
brasileñas sin una debida autorización del poder público. Sin embargo, nes; en nada peljudica a los cursos que usan la misma modalidad pero cumplen con las
la American World University (AWU) no consideró aplicable a su caso nOl'mas establecidas por e! CAPES Y son evaluados por esa institución.
esta resolución, y las explicaciones f'ueron que su sede no está instalada 30 GAO, United Status General Accounling Orrice, Washington. Carta de! 21 de noviembre
en Brasil, sino en el Estado de Iowa y en Hawai (EE. UU.) y que, por tan- de 2002. Asunto: Purchases or Degree [rom Diploma Milis.
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CARMEN GARCÍA GUADlLLA
UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
como bien público, de manera que ayuden a manejar apropiadamente la Ronda de Uruguay y entró en vigencia en 1995. Es un acuerdo legal
los complejos procesos que plantea la implacable transnacionalización multilateral, de carácter ·ejecutorio, que se refiere al comercio interna-
del conocimiento. cional de servicios. La educación superior forma parte del sector edu-
También se hace necesario tomar en cuenta que muchas de las cativo, el cual integra uno de los doce amplios sectores contemplados
conceptualizaciones que fueron útiles para contextos anteriores ya no en el acuerdo.
lo son, y en este sentido se debe entender que las dicotomías no están Por su parte, las negociaciones del AL CA comenzaron en 1994
resultando beneficiosas para comprender la complejidad de los nue- con la celebración de la Primera Cumbre de las Américas en Miami.
vos procesos, donde los elementos se combinan de maneras inéditas. Desde entonces, los países de la región (EE.UU., Canadá, los países la-
En este sentido, son necesarios nuevos conceptos analíticos que logren tinoamericanos, excepto Cuba, y otros diez países caribeños) se han
superar las dicotomías rígidas como público-privado, gratuito-no gra- incorporado a la iniciativa, principalmente promovida por EE.UU. a
tuito, transnacional-nacional, ya que las nuevas realidades son mucho través de la OENI. Después de la cumbre de Miami se han realizado
más complejas. En el caso que nos ocupa tenemos los siguientes ejem- cuatro reuniones ministeriales, y en la última se estableció que a más
plos. Por un lado, y tal como ha sido señalado por algunos autores que tardar en diciembre de 2005 debía firmarse la versión final.
han estudiado los nuevos proveedores (Peña Davidson et aL, 2004), se Los acuerdos del ALCA están relacionados con el GATS, en la
ha encontrado que a veces el costo de matrícula de lo privado nacional medida en que entre los principios del acuerdo del AL CA se inc~u~e l~
es más elevado que el de lo privado internacional y no necesariamente congruencia de los derechos y obligaciones con las reglas y dlSCIph-
es de mayor calidad. Por otro lado, se ha observado en este trabajo nas de la Organización Mundial del Comercio, lo que significa que en
que las articulaciones entre instituciones nacionales y extranjeras son a la negociación del comercio de servicios del ALCA se siguen los pro-
veces mixtas en el sentido de lo privado y lo público, y una institución cedimientos convenidos en el GATS. Según Rodríguez (2004a), como
que es pública a nivel nacional puede actuar como privada -vendiendo ambos acuerdos están en proceso, es probable que se influyan mutua-
sus servicios- cuando establece acuerdos con instituciones extranjeras. mente: que las negociaciones en el marco de la OMC marquen p~utas
Esto es, los acuerdos pueden ser cooperativos o mercantiles, indepen- en la definición del ALCA, y que este último opere como mecamsmo
dientemente de que el perfil de la institución proveedora sea privado o para apoyar posturas dentro del acuerdo mundial. Así, por ejemplo, lo
público, nacional o transnacionaL De hecho, un ejemplo es el proyecto que se firme en el GATS seguramente pasará al capítulo del ALCA, pero
del MIT de poner en línea sus cursos de forma gratuita. Hay espacio, también lo que se convenga en materia de servicios dentro del acuerdo
pues, para que una agenda de bien público pueda ser compartida con hemisférico servirá para redondear el enfoque y contenido del GATS.
proveedores privados. El GATS contempla doce servicios, entre ellos el edúcativo, y es-
tablece una serie de obligaciones que rigen para todos los miembros.
ACUERDOS COMERCIALES Y EDUCACIÓN SUPERIOR: En cuanto a las incondicionales, la obligación de la "nación más favo-
GATSyALCA recida" implica tratar por igual a todos los socios. En lo que respecta a
las obligaciones condicionales:
Independientemente de los procesos de internacionalización que se es-
tán llevando a cabo a través de distintas fórmulas -que, como se pudo _ El grado y dimensión de la obligación es determinado por el país.
observaI~ en muchos casos están siendo ocupados por nuevos provee- _ Acceso al Mercado: cada país determinará unas restricciones
dores-, se está negociando el Acuerdo General sobre Comercio de Ser- para cada sector comprometido.
vicios (GATS) de la Organización Mundial del Comercio (OMC), única
organización internacional global que discute las reglas del comercio _ Tratamiento Nacional: implica el mismo tratamiento para pro-
entre naciones. veedores extranjeros y nacionales.
En el seno de la OMC se discuten los acuerdos que han sido ne-
Las formas de comercio, que rigen tanto para el GATS como para
gociados y firmados por la mayoría de las naciones comercializadoras
el ALCA, más comúnmente llamadas en el acuerdo "formas de su-
del mundo y ratificados por sus respectivos parlamentos. Hasta ahora
son 144 los países miembros de la OMe. En ese número están com-
prendidos todos los países de América Latina, incluido Cuba. El GATS 31 Roberto Rodríguez (2004a) ha analizado detenidamente las relaciones entre el ALeA y
es uno de los acuerdos clave realizado por la OMC, que se negoció en la educación supedor. Este punto se apoya en sus planteamientos.
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA L..AHMEN \J1\!{CI1\ \JUJ\UILLI\
ministro", son las siguientes: suministro más allá de las fronteras' En otras oportunidades (García Guadilla, 2002a; 2002b; 2004)
consumo en el extranjero; presencia comercial; presencia de perso~ se han presentado distintos escenarios fTente a la situación actual para
nas naturales. visualizar opciones posibles fTente a los acuerdos comerciales 32 • Los
Lo más importante es que cada país debe saber lo que le convie- escenarios fueron elaborados tomando en cuenta dos dimensiones: el
ne par~ determinar el grado en el cual permitirá que los proveedores tipo de vinculación que los países tienen con la globalización, y el tipo
extranjeros tengan derecho al mercado interno. Por ejemplo, México, de vinculación que los países tienen con el mercado.
en el ~10do de presencia comercial, ha determinado que la inversión
extra~Jera llegu~ sólo a 49% del capital registrado de las empresas, y Cuadro 2
ademas se necesIta autorización previa. Posibles escenarios de las instituciones de educación superior en América Latina
Hasta 2002, 42 países pertenecientes a la OMC habían estableci- Tipo de vinculación con la globalización
Tipo de
do compromisos con al menos algún sector educativo; 32 países (22% mercado Globalización con Globalización con
de los países miembros de la OMC) habían suscripto compromisos en subordinación interacción
educación superior: doce de la Unión Europea y dos de América Lati- ...~.o.~t.i~.~~.. ~I ..I11.~.~.c.a..d.~.. ~~.i~.~.e.f.i.~.i.~.o.:.'.. ~.C.I·U.·a.I..··""""""·I·""··"·"·· ............A................................ ¡............................B
.... . ...................
na, (México y Pan~má); y la mayoría de los miembros de la OCDE (25 ...~~.r~.a..d.~.. ~~.Q.~.I~.~.o. ..~~.~.. a..c.~.e.~~.o.~.. ~.~.u.c.a.t.i~.O'~........... t......................................... .. ........... ..
Mercado regulado por acuerdos comerciales
paIses de 30) hablan contraído compromisos en servicios educativos
(como el GATS) e o
(entre ell~s, 12 de la Unión Europea). En América Latina, sólo México
y Panama han concertado compromisos en educación superioI~
El escenario A representa la continuación del escenario actual, que es
ESCENARIOS QUE CONTRIBUYEN A VISUALIZAR DIFERENTES
poco sostenible; el escenario B, aunque poco probable a corto plazo,
OPCIONES
representa indudablemente el escenario deseable; y los escenarios C y
E~ los puntos anteriores se han podido identificar dos tipos de diná- D, si las condiciones no cambian, podría interpretarse que representan
mIcas: por un lado, la de los mercados. Tanto la de nuevos proveedo- tendencias bastante probables.
res lucrativos emergentes en materia educativa, en que la realidad del
mercado se va imponiendo por los hechos, como la de los acuerdos GLOBALIZACIÓN CON SUBORDINACIÓN Y MERCADO ACTUAL "INDEFINIDO"
comerciales que se están discutiendo, y que -en muchos casos- los Este escenario sería la continuación del que existe actualmente en Amé-
g.o~iernos se est~n ~reparando para concretaI~ Por otro lado, las po- rica Latina. Es un escenario que no está exento de mercado; esto es,
SICIOnes de aSOCIaCIOnes del mundo académico que, a través de sus tiene un mercado real aunque vagamente identificado, tanto por el cre-
declaraciones, se han constituido en críticas de los acuerdos comer- ciente sector privado nacional, como por la emergencia de los nuevos
ciales. En el caso de las asociaciones de América Latina, se sei'íalan proveedores internacionales.
fLm~am~nt~lm~n:e la vulnerabilidad de nuestros países ante la pene- Por otro lado, en este escenario, la educación, aunque considera-
traCIón mdIscnmmada de ofertas educativas y la percepción de nues- da como un "bien de servicio", no escapa a la condición de mercancía
tros países como objetivos de ganancia económica y como consumi- a través de las profesiones en cuyo ejercicio hay una apropiación pri-
dores. e~ una situación de grandes asimetrías en las posibilidades de vada del USUfTlICtO de un bien público que es la educación. Esto es, las
ofrecImIento de servicios. profesiones, que representan un producto relevante de la educación,
Frente a estas dos dinámicas, la del mercado con su implacable aunque no el único, no escapan a las leyes del mercado que identifican
a g e:1da y la de la crítica necesaria, es urgente, a nivel internacional, el escenario actual.
regIOnal y nacional, favorecer la posibilidad de un tercer espacio donde La continuación de este escenario implica lidiar con un mercado
sea posible construir opciones deseables que puedan plantearse como interno que muchos países no han logrado regulm~ y con la presencia
alternativa~ a las que, de otra manera, la realidad se seguirá imponien-
do, y llegara de manera sorpresiva, sin haberlo anticipado, como ha su-
32 Los escenarios no prelenden ser pl'Onóslicos de verdades fuluras, pues la realidad es
cedido en América Latina con el enorme crecimiento del sector privado compleja y difícil de predecir; sólo prelenden visualizar cierlas opciones como ayuda para
de educación superioI~ pcnsal' los problemas.
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA CARMEN GARCÍA GUADILLA
de proveedores externos que están comenzando a competir con las ins- En este escenario, la calidad es inseparable de la pertinencia, por
tituciones nacionales. lo que las evaluaciones ii1stitucionales tienen que tomar en cuenta la rele-
Todo lo anterior -y muchos otros aspectos que no es posible vancia que los conocimientos tienen para las sociedades donde están in-
identificar en este breve trabajo- explica los esfuerzos que se han veni- sertas las instituciones, especialmente para el caso de los países más vul-
do haciendo en América Latina por superm~ más que por dar continui- nerables. En este escenario se desarrollan sistemas nacionales de calidad
dad, a este escenario. en todos los países, pues "aquellos países que no logren tener sistemas
que garantizan calidad en la educación superior están destinados a per',
GLOBALlZACIÓN CON INTERACCIÓN Y MERCADO REGULADO POR manecer en la periferia, en la nueva economía global" (Hayward, 2001).
ACUERDOS EDUCATIVOS
Desde estos sistemas nacionales se establecen relaciones de colaboración
con los sistemas de evaluación y/o acreditación internacionales.
En este escenario se trata de armonizar lo público y lo privado, partien- En este escenario, se desarrollan sistemas internacionales de
do de considerar a la educación como un bien público, dentro de una acreditación que responden a las necesidades del nuevo contexto de
concepción de lo educativo dirigida a lograr un desarrollo socialmente globalización. Estas actividades internacionales se realizan con cri-
sustentable, más equilibrado a nivel del planeta, y con mayor equidad terios de cooperación que toman en cuenta las diferentes culturas y
entre los pueblos y dentro de ellos. Una educación que forme ciudada- tradiciones de los países. Todo esto dentro del marco de una política
nos responsables en lo local y lo global. internacional sustentable, que logra manejar adecuadamente a los pro-
Este es el escenario más deseable, por cuanto las instituciones veedores transnacionales, conciliando el sector público de la educación
académicas participarán de la globalización del conocimiento de ma- superiOl~ el sector privado y el interés y necesidades de las comunidades
nera interactiva, absorbiendo conocimiento, pero también producien- educativas. La calidad de la educación, así como los intereses de los
do conocimiento relevante para sus sociedades, el cual podrá interac- países con instituciones menos competitivas, pueden ser garantizados
tuar con el conocimiento universal. Este es el mejor escenario, tanto a través de instancias transnacionales de acreditación 33 •
para los países no avanzados como para los avanzados, pues cuando las
culturas excluyen, pierden; y cuando incluyen, ganan. GLOBALIZACIÓN CON MERCADO REGULADO POR ACUERDOS COMERCIALES
En este escenario, se pueden ubicar los acuerdos internacionales, (COMO GATS y ALeA)
regionales y subregionales que de manera espontánea se han ido creando
entre instituciones de distintas partes del mundo, dhigidos a crear mayor En este escenario, la incertidumbre es muy alta debido a que los acuer-
interacción, movilidad y flexibilidad entre las partes. En el caso de Améli- dos comerciales tratan a los países como si todos ['ueran iguales, sin
ca Latina, los acuerdos realizados por la Asociación de Universidades del tomar en cuenta la vulnerabilidad de muchos de ellos. Por lo tanto, pue-
Grupo de Montevideo (AUGM) buscan encarar el estudio de problemas su- den ocun-ir dos situaciones: los países no se preparan para en[Tentar
bregionales comunes en áreas prioritarias del desarrollo social, la salud, el los acuerdos comerciales, y por ello se prevén pocas posibilidades de
medio ambiente y la producción de cultura, donde la integración se plantea aprovechar las ventajas que pueda tener este acuerdo, con el riesgo de
como una manera de potenciarse y contar con mayores fortalezas en los surTir todas las desventajas 34 ; o los países estudian y conocen el posible
procesos de globalización académica. En el caso europeo, es importante
mencionar la Convención de Lisboa y el Acuerdo de Bologna, este último 33 Ya se han realizado algunas iniciativas respeclo de la necesidad de inslancias lransna,
dirigido a crear un Área Europea de la Educación Superior para 2010. cionales que aseguren la calidad en el conlexlo de la globalización, COI:n0 la Reuni~n de
Otros procesos y acuerdos internacionales se ubicarían dentro de Experlos sobre Impaclo de la Globalización en el Aseguramienlo de la CalIdad, que realIzara
la UNESCO en París en sepliembre de 2001. Sin embargo, se necesita incluir una mayor
este escenario, por ejemplo, las actividades, iniciativas y convenciones presencia de países menos avanzados, para que puedan expresarse dislinlas perspectivas,
realizadas por UNESCO, dirigidas a crear instrumentos que favorezcan necesidades e in lereses.
la educación transnacional. Es alentadora la posición de esta organiza- 34 Enlre ellas, invasión de insliluciones exlernas de desconocida calidad, por no haber
ción en lo que hace a tratar de construir espacios de internacionalización conslruido las regulaciones necesarias para protegerse conlra ellas y/o no haber realizado
con la presencia de los actores interesados, dirigida a establecer la edu- acuerdos con las debidas inslancias subregionales, regionales o inlernacionales; mayores
dificullades en el desarrollo de los sistemas de educación superior nacionales debido a la
cación como bien público global. Estas iniciativas deben ser reforzadas [,Iel'le presencia de compelencia comercial exlerna; incremenlo de la complejidad de los
con recursos suficientes para que logren responder con mayor celeridad sislemas nacionales de educación superior por la coexislencia de 10 inlerno no resucllo con
e innovación a las urgencias que demandan las nuevas condiciones. 10 exlerno desconocido.
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~""L>n"lJJ1\U.tl ll'lV.t\I;TlliACION CIENTIFICA CARMEN GARCÍA GUADILLA
impacto de los acuerdos comerCiales, manejan adecuadamente las des- La cuestión central en este debate es que la integración regio-
ventajas, y tratan de sacar el máximo provecho de las ventajas. nal se forme sobre la base de articulaciones pluralistas de intereses na-
Sin embargo, tomando en cuenta las condiciones de partida, no cionales, donde los actores e instituciones, aun cuando operan bajo el
es difícil suponer que para la mayoría de los países de la región se re- mando de los estados nacionales, adquieren grados de autonomía y se
querirían inmensos esf-uerzos para que las desventajas no superasen ex- comportan como actores independientes. El caso de la Unión Europea
cesivamente las ventajas. La diferencia entre estas dos últimas opciones es un ejemplo de esta forma de actuar. En este sentido, en Europa se
es que una de ellas puede hacerse con menores niveles de subordina- están dando los dos procesos simultáneamente: por un lado, la globa-
ción. ¿Es esto posible? ¿Cuales seríaúlas condiciones? Responder estas lización del conocimiento, incluida la firma del GATS que ya ha sido
preguntas es una responsabilidad impostergable en estos momentos en suscripta por 12 miembros de la Unión Europea; y, por otro lado, la
América Latina, debido a las implicaciones no muy conocidas que pue- regionalización a través de los programas de educación superiOl~ y, en
den tener estas nuevas fuerzas en los sistemas de educación superior los últimos años, a través del proceso de Bologna35 •
de la región. En este sentido, el secretario general de la Asociación Europea
de Universidades señala que el proceso de Bologna para la educación
¿PUEDE SER LA REGIONALIZACIÓN UNA RESPUESTA A LA superior está desarrollando una nueva cultura que resulta de mezclar
GLOBALIZACIÓN LUCRATIVA? la cultura de convenciones (típica de UNESCO) y la de los acuerdos
(típica del Banco Mundial y la OMC). Considera que, para el caso euro-
Es probable que la realidad no se parezca a ninguno de los escenarios
peo, es deseable que los acuerdos comerciales esperen a que se hayan
anteriormente descriptos, en una situación donde quizás, por primera
cumplido otras etapas de cooperación, a través de la confianza creada
vez en la época moderna, la comunidad académica no pudiera contro-
entre asociados con los mismos intereses (Barblan, 2004).
lar el monopolio de las decisiones en materia educativa debido a que, En América Latina existen dos posiciones. Una de ellas, general-
como todos sabemos, el valor económico del conocimiento está preva- mente vinculada con los ministerios que toman parte en los acuerdos
leciendo en el actual modelo de globalización mercantil.
de la OMC, respalda la comercialización transnacional; es una posición
Lo más probable es que la realidad, en el corto plazo, se parez- cercana a la necesidad de aprobación del acuerdo del GATS. Su argu-
ca más a la combinación de los diferentes escenarios, como sucede mento es que la ampliación del acceso a la educación superior es muy
en las épocas de transición. Pero, ¿cómo se irán configurando las necesaria en estos países y la participación de proveedores extranje-
realidades más allá del corto plazo? ¿No es necesario crear opciones ros puede ayudar a mejorarla. Por otro lado, también se considera la
deseables antes de que el mercado se imponga de manera sorpresiva posibilidad de que la competencia de instituciones extranjeras pueda
sin que se hayan podido organizar reglas de juego adecuadas para incidir en elevar la productividad de las instituciones locales, especial-
todas las partes implicadas? ¿Cómo cap lar lo positivo de la globali- mente las privadas (Malo, 2004).
zación del conocimiento de manera que beneficie la interacción sin Del lado contrario, la posición que critica el crecimiento de la
menospreciar una competitividad que tome en cuen ta la pertinen- comercialización, y sobre todo el GATS, plantea las siguientes preocu-
cia? ¿Cómo crear políticas en las que la internacionalización coo- paciones: la dificultad del aseguramiento de la calidad de la oferta fo-
perativa prevalezca sobre la internacionalización lucrativa, y en las ránea; la posibilidad de que se ensanche la brecha entre productores y
que se enfatice el desarrollo armónico sustentable y "la regulación consumidores, reforzando la capacidad de producir de los países avan-
no esté sometida solamente al Mercado o al Estado, sino también a zados, incluso importando cerebros de los países consumidores si [-uera
la Comunidad?" (Santos, 2000).
necesario; y la propensión a un contenido homogéneo de la oferta, lo
Una de las formas en las que se están organizando algunos países cual no es deseable en los casos que no responden a carreras estricta-
en materia de educación superior es a lravés de la "regionalización" mente instrumentales (Dias, 2002a; Panizzi, 2004).
como un proceso relacionado con la globalización del conocimiento.
Algunos autores consideran el enfoque de la regionalización como un
compartimiento de la globalización, en el sentido de que la regiona- 35 "En la Unión Europea, tanto las iniciativas de educación superior e investigación como
el proceso de Bologna, han cambiado el mapa institucional de la educación superior en
lización es transnacionalización en una escala sub-global de arreglos Europa, ai'iadiendo algunas asociaciones transnacionales, cooperaciones bilaterales y mul-
sociales dentro de áreas adyacentes (Beerkens, 2004). tilaterales, a la realidad existente" (Beerkens, 2004: 37).
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161
En cada una de las dos posiciones se han acumulado argumentos mucha premura pues existen muchos riesgos, pero también muchas
a favor yen contra, y está resultando dificil encontrar un equilibrio. De- oportunidades, asociados con esta temática (Knight, 2004), siendo el
bido a que los acontecimientos están en pleno proceso, se plantean dis- mayor riesgo dejar que opciones no deseables se nos impongan.
cusiones fuertemente polarizadas. Sin embargo, no es difícil suponer
que las tendencias de comercialización -con o sin los acuerdos comer-
ciales- van a continuar debido al escenario de globalización mercantil
BIBLIOGRAFíA
prevaleciente, y muchos se preguntan qué hacer para que, sin negar
una sana competitividad, la perspeCtiva de los negocios no sea la que AlU 2002 "Joint Declaration on Higher Education and the General
prevalezca en el mundo educativo. Agreement on Trade in Services" en News, marzo, Vol. 8, N° 1.
Algunos autores han planteado la conveniencia de crear para Amé- Altbach, P. 2001 "Higher education and the WTO: Globalization Run
rica Latina una regionalización parecida a la del Proceso de Bologna. Amok" en Intemational Higher Education, primavera.
Como se pudo observar en el Cuadro 1 de este trabajo, los conve- Altbach, P. 2002 "Perspectives on internationalizing higher education" en
nios -basados en la cooperación- constituyen la forma más fTecuente Intel'l1ational Higher Education, primavera, N° 27.
de relación dentro de las instituciones académicas de América Latina. Association of Universities and Colleges of Canada (AUCC), American
Por su parte, la cooperación académica ha sido y sigue siendo la forma Council on Education (ACE), European University Association
más antigua y más importante de relación entre las instituciones, y la (EUA), Council for Higher Education Accreditation (CHEA) 2001
forma común, informal y enriquecedora entre los propios académicos "Joint Declaration on Higher Education and the General Agreement
como individuos. Es necesario que esta forma de relación prevalezca, on n"ade in Services".
independientemente de que una competencia sana se instale para que Barblan, A. 2004 "Prestación de servicios de educación superior a nivel
las instituciones hagan mayores esfuerzos por elevar la calidad, en be- internacional. ¿Necesitan las universidades el GATS?" en García
neficio de los usuarios y los países. Guadilla, C. (coord.) El dif{cil equilibrio: La educación superior entre
Una conclusión que surge de este trabajo es la necesidad de bien público y comercio de servicios. Implicaciones del AGCS (GATS)
pensar la regionalización como una estrategia, entre otras, para que (Cuenca: Universidad de Castilla-La Mancha).
se legitimen instancias que favorezcan el desarrollo de articulaciones, Beerkens, H. J. J.G. 2004 Global opportunities amI institutional
alianzas y convenios que beneficien una internacionalización con co- embeddedness. Higher Education Consortia in Europe and Southeast
operación. Esta ha sido la filosofia que prevalece en el desarrollo de la Asia (Center for Higher Education Policy Studies, CHEPS) ..
regionalización académica que abandera el disei'io de la Asociación de Bravo Villm~ N. 2004 "lnternacionalización y nuevos proveedores de la
Universidades del Grupo de Montevideo. En estos momentos sería muy educación superior en Ecuador". Documento presentado en el
positivo hacer una evaluación de este tipo de asociación, pues, una vez Seminario Regional La Educación Superior Transnacional: Nuevos
identificados los avances y obstáculos, se podría llegar a disei'iar un Retos en un Mundo Global, IESALC/UNESCO, Caracas.
modelo para ser replicado en otras subregiones como la CAN, el Caribe Breton, G. y Lambert, M. (orgs.) 2003 Globalisalion el universilés. Nouvel
y CSUCA, sin descartar una asociación que imbrique a todas, a través espace, lwuveaux acteurs (Québec : UNESCO/Les Presse de
de un pi'oceso a largo plazo, como el de Bologna. l'Université Laval).
Por último, a nivel internacional, es necesario seguir insistiendo
Brezzo, R. 2003 "Nuevos proveedores externos ele educación en Uruguay".
en desarrollar una agenda de globalización con formas de inclusión in- Documento presentado en el Seminario Regional La Educación
teligibles, que tenga como fin la democracia a nivel global. En este sen- Superior Transnacional: Nuevos Retos en un Mundo Global,
tido, organismos internacionales como UNESCO están auspiciando de- IESALC/UNESCO, Caracas.
bates acerca de la necesaria defensa de la educación como bien público Camarena, T. 2004 "Internacionalización de la educación superior en la
global, bien público no en el sentido de lo privado o público tradicional, República Dominicana". Documento presentado en el Seminario
en términos de los proveedores, sino en el sentido de los fines de la edu- Regional La Educación Superior Transnacional: Nuevos Retos en
cación, en el sentido de tomar en cuenta la constrúcción de ciudadanía un Mundo Global, IESALC/UNESCO, Caracas.
(nacional y global) y no solamente la ensei'ianza de competencias. Todo
Cunningham, S. et al. 2000 "The business of borderless education",
esto con el fin de que la corriente del comercio de servicios se supedite a Department of Education, Training and Youth Affairs, Canberra,
los valores del bien público global, y no al revés. Esto debe hacerse con Australia.
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA CARMEN GARCÍA GUADlLLA
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CARMEN GARCÍA GUADILLA
UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
AUTONOMIA E HETERONOMIA
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA JO::;!:! VIAl:; ClUI:HU N 1-1 U
mac;:oe~ económicas, sociais, culturais e políticas. É preciso reconhecer Nos momentos de graves crises e culpabilizac;:ao da educac;:ao,
que, al:m ,de apr~sentar um valor didático-pedagógico, a avaliac;:ao da os governos tratam de efetuar alterac;:oes nos currículos, medidas rela-
educa~o e tambem urna ~olítica pública e assim deve ser tratada. tivas a formac;:ao de professores -estes considerados os principais cul-
em todas as refol mas em educac;:ao produzem mudanc;:as, da pados- transformac;:oes nas formas organizativas e nas relac;:oes entre
mesma forma que nem todas as mudanc;:as produzem reformas. AIgu- instituic;:oes e o Estado, mudanc;:as na legislac;:ao, nos financiamentos
~nas n.:udanc;:as em educac;:ao Sao processos socioeducativos de longa e, sobretudo, implantac;:ao de controles mediante várias modalidades
.. urac;:ao. AIgu_ns deles, iniciados há vários séculos, se aceleram nos úl- havidas como avaliac;:ao. Assim é que certa avaliac;:ao tem apresentado
trmos ano~. Sa_o os casos dos processós de alfabetizac;:ao, da ampliac;:ao estreita conexao com a crise, mais propriamente com o controle da
da escolan::ac;:ao e dos processos de inclusao, da feminizac;:ao em algu- crise. Esse nexo define a concepc;:ao de avaliac;:ao que em geral os gover-
~a~ ?:ofissoes, etc~ Outra~ mudanc;:as resultam de reformas legais e bu- nos praticam de modo preponderante. Avaliac;:ao, nessa lógica e nesse
locratlcas, c~mo s~o a~ l~lS organicas ou de bases, que buscam regular cenário, tem mais fortemente o sentido de controle.
o local,
· .ou seJa, as ll1stltUlc;:oes e suas formas de organ1'zara-o
<
a n ornlas
• .,..<, < Este enfoque de avaliac;:ao como controle nao é, como qualquer
e d 1retnzes gerais.
outro, isento de sentidos políticos e de concepc;:oes de vida. Todos os
. Há mudanc;:as derivadas das tendencias pedagógicas -e estas se modelos de avaliac;:ao de educac;:ao superior se baseiam em diferentes
ll1se:'em sempre em orientac;:oes filosóficas e políticas mais amplas. Dis- epistemologias e referencias éticas. Portanto, correspondem a concep-
to sao exe~nplos as mudanc;:as curriculares e as inovac;:oes metodológi- c;:oes básicas de educac;:ao e de sociedade, estao inundadas de ideologias,
cas, especlalm~nte a~uelas derivadas das possibilidades abertas pelas pesadas de interesses e visoes de [-uturo. Por isso, deve-se reconhecer
no~a~ tecnologlas. Ha mudanc;:as que se articulam a transformac;:oes na que a avaliac;:ao da educac;:ao superior é um campo de conflitos, tensoes,
~~I~lCa ~. na e~ono~lia -e essas em geral sao as que levam maior carga disputas de espac;:o e podel~ Isto evidentemente nao é exclusividad e
on~ltos e mtelesses. Em poucas palavras, as transformac;:oes em dela, pois também o é todo fenómeno social. Porém, tanto a educac;:ao
educac;:ao apresentam várias dimensoes e produzem impactos de di-
superior como sua avaliac;:ao tem hoje Ulna centralidade muito grande
v~rsa natureza ~a concepc;:ao e na organizac;:ao das instituic;:oes e dos
na economia e nas transformac;:oes sociais.
sIstemas ed~catJvos e devem ser entendidas COmo fazendo parte de
complexos dll1amismos sociais, económicos e políticos. Como em geral ocorre em quase todos os setores da vida nestes
tempos de globalizac;:ao capitalista, é a economia quem mais determina o
Co~o o económico adquire hoje importante centralidade em to-
d~s os ~aJses_ envolvidos na teia da globalizac;:ao, é fácil entender que as que tem valor na educac;:ao. Um nexo muito forte entao se estabelece en-
tre a educac;:ao superior e a avaliac;:ao, sob a determinac;:ao da economia.
ti ansfOll~a?OeS da educac;:ao superior que estao se realizando estejam
"É a economia, com seus constrangimentos em matéria orc;:amentária,
tan:bé~. fOI t~mente marcadas pelo valor e pela ideologia do mercado e
do ll1d1VIduahsmo ou do sucesso individual • E <a <avalI'ara-o da< ec1ucac;:ao
- que levou o conjunto do setor social a se interessar pela avaliac;:ao de seus
" _, • < <.,..<
super ~or nao e ll1fensa a essa lógica do predomínio do valor económico, resultados e de suas práticas" (Le PouItier em Guingouain, 1999: 10).
especIalmente em momentos de crise. Nenhuma avaliac;:ao, independente de suas motivac;:oes e proce-
.~os úIti~os decenios, as transformac;:oes tem sido aceleradas e dimentos, é isenta de valores e subjetividade. Toda a sua operacionali-
mUn~Ials. Por lSS0, as mudanc;:as que ocorrem na educac;:ao superior zac;:ao está carregada de atitudes valorativas, interpretac;:oes, interesses
taJ~lbe~l carregam essa~ características de rapidez e de implicac;:ao in- e ideologias. Nenhuma avaliac;:ao pode ser considerada um processo
tel naCIOnal ou transnacIOnal. destacado das realidades históricas e sociais. Ao contrário, como diz
Em todos os momentos de crise -social, política, económica de Barbier: "a avaliac;:ao tem tanto mais valor quanto maior for a sua capa-
valor~s- costuma-se atribuir a educac;:ao a culpa original. O fenóm~no cidade de respeitar o caráter social e historicamente situado das ac;:oes
e o dIscurso, c~m poucas variac;:oes, sao conhecidos: se as coisas vao que se atribui como objeto" (Barbiel~ 1990: 176).
mal na economIa, se os políticos nao conseguem assegurar um mínimo Nao é neutra a opc;:ao por um ou outro enfoque de avaliac;:ao,
de confianc;:a,_ enfi~l, se há crises gerais e de graves proporc;:oes, é por- nao é indiferente uma ou outra prática, nao é isenta de interesses e
qu~ a ed:lcac;:ao nao apresenta qualidade, nao tem eficácia e eficiencia, ideologias a adoc;:ao de um determinado modelo e a recusa de outros.
es:a ~esh~ad,a dos problemas da economia, tem pouca utilidade para Importante ter em conta que essas opc;:oes ultrapassam de muito a
a ll1dustna, e lenta e perdulária e assim por diante. A necessidade de mera questao epistemológica e a simples escolha de um enfoque, de
reformar a educac;:ao ganha caráter de agenda política prioritária. uma metodologia ou de um instrumento. Tem a ver com aquilo que
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JosÉ DlAS SOBRINHO
Vl~IVl:Ht::'lUJ\U ~ lNVI:í~TlliACION CIENTIFICA
os indivíduos e os diversos grupos esperam relativamente as suas demandas que se originam nas complexas crises das sociedades e dos
vidas e a sociedade. governos. Eis algumas delas:
As contradi~oes implicam distintos atores de variados setores _ Cada vez mais, as institui~oes de educa~ao superior tem neces-
e gmpos. Como nao há homogeneidade nesses gmpos e neles nao se sidade de obter recursos alternativos privados e públicos que
produzem consensos perfeitos e duradouros a respeito das políticas de lhes assegurem a manuten~ao e a expansao, em razao d~~ ~ortes
educa~ao superior, há que se pensar em contradi~oes internas e extel'- or~amentários nas públicas e do aumento da competItlvldade
nas: contradi~oes entre os distintos gmpos da comunidade educativa aquelas que se obrigam a submeter-se as leis de mercado.
superiOl~ entre partes dessa comimidade e setores do governo, entre
segmentos da administra~ao central. etc. Por essa razao, a avalia~ao _ Tem aumentado consideravelmente a competitividade entre as
é sempre um campo cheio de conflitos e disputas. As tensoes e os pro- institui~oes de educa~ao superiOl~ cada vez mais a~sem~lhac~as
blemas mais complicados nao sao os técriicos, e, sim, tudo aquilo que a organiza~oes mercantis e crescentemente submetldas a ~-aclO
envolve valores e interesses. Dada a eficácia da avalia~ao, difíceis sao os nalidade gerencial. Por isso, sao muito comuns a~oes e. atltudes
entendimentos no campo ético-político que a afetam. relacionadas a eficiencia, produtividade, empreendedonsmo, lu-
Se as comunidades academico-científicas sao penetradas de con- cro, etcetera.
tradi~oes, também é certo que os organismos governamentais dedica- _ Pode-se observar um importante desvio de referencia central ou
dos as questoes educacionais sao dependen tes das decisoes e orienta- de finalidade, ou seja, um deslocamento da sociedade ao mer-
~oes de Ministérios do setor económico e de entidades transnacionais.
cado. O sentido público tem cedido lugar aos interesses priva-
Em outras palavras, as contradi~oes cmzam os gmpos sociais em di- dos e a ideología do su ces so individual. A forma~ao humana,
versos sentidos e dire~oes, conforme diferentes sejam os interesses e em seu sentido amplo, perde valor ante a capacita~ao técnica
concep~oes de mundo, conforme distintos sejam os valores e costumes,
e profissional.
conforme clara ou imprecisamente sequeira a sociedade e o futuro das
vidas dos indivíduos e dos gmpos humanos. E a determina~ao de urna _ A organiza~ao curricular e as práticas pedagógicas tem se ajus-
avalia~ao em grande parte se realiza fora dos ambientes educativos, tado as características e objetivos de curto prazo do mercado:
alheios aos sujeitos reais da educa~ao. encurtamento dos tempos de estudo, conhecimento útil, valori-
Nao se pode tratar adequadamente a questao da avalia~ao da za~ao das habilidades adequadas aos empregos em tempos de
educa~ao superior sem falar dos valores e dos interesses contraditórios mudan~a e alta competitividade.
e das políticas educacionais que sao empreendidas, tendo sempre em _ As novas demandas e realidades impulsionam também uma gran-
conta os eventuais acordos e desacordos entre setores institucionais e de diversifica~ao e diferencia~ao de institui~oes educativas. Isso
nao esquecendo os contumazes conflitos e tensoes entre boa parte da
tem a ver com a escolha de formas e formatos de organiza~ao
comunidad e educativa e os governos, entre as administra~oes locais e
que possibilitem um leque mais amplo de atendimento. ~s de-
as centrais, que acaba m produzindo quase sempre urna considerável
mandas da economia, além de maís eficiencia e produtlvldade
perda de autonomia das institui~oes de educa~ao superiOl~ Por tudo
das institui~oes relativamente a sua fun~ao de servir as empresas
isso, nao se pode compreender as diversas perspectivas de avalia~ao
da educa~ao superior sem também considerar as transforma~oes que e o mercado.
ocorrem nesse nível educacional. em conexao com as mudan~as nos A ideologia da competitividade tem uma influencia determinante nas
ambitos sociais e económicos. novas configura~oes da educa~ao superior. Se a sociedade. c~e.modo ge-
ral assimilou como valor o compromisso com a competItlvldade, en-
AVALIA<;;AO, CRISE E TRANSFORMA<;;OES DA EDUCA<;;AO SUPERIOR tao, o objetivo mais importante é derrotar os compe.tidores e ~a~~am
De urna ou Olltra forma, a palavra "crise" é bastante familiar a institui- a ser palavras-chave "produtividade, eficiencia, efetivldade, flexlblhda-
~ao universidade, embora seus conteúdOs e formas variem de aCOl-do de, confiabilidade, previsibilidade, comando, controle, gestao, palavras
com os tempos, circunstancias e lugares. Nos últimos anos, especial- todas que pertencem as 'lógicas' da economia" (Petrella, 1994: 14). A
mente depois de 1990, a educa~ao superior brasileira, a exemplo do que essas palavras cabe ainda acrescentar "empreendedorismo", tao forte
ocorre em quase toda parte, tem sido pressionada a responder a novas tem sido seu apelo.
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UJ.'II.1vr.ni).1UI\U.o l1'JV.c~lHjJ\l.;¡UN Cl.11NTlFlCA
JosÉ DIAS SOBRINHO
Essas características constituem em grande parte o conceito de Ainda que as instituic;6es educativas nao sejam o único locus da
modernizac;ao, que por sua vez confere centralidade a l1exibilizac;ao. A produc;ao de conhecimentos, e cada vez o sao menos em termo.s ~e ~x
l1exibilizac;ao decorre da necessidade de aumentar a eficiencia e engen- clusividade, embora certamen te continuem sendo o espac;o prIvIlegIa-
dra urna avaliac;ao eficientista e produtivista. Mais que responder a um do para tal, mesmo assim é adequado falar de um alargamento. de ~eu
imperativo educativo, a avaliac;ao se ve constrangida a responder a urna campo de possibilidades, dado seu poder de renovac;ao e de re-I~stltu
pressao externa que se caracteriza pela maximizac;ao do individualismo cionalizac;ao, e grac;as a sua capacidad e de reinventar novas [unc;oes em
e da competitividade. Instituic;6es e indivíduos devem provar sua efici- razao da ampliac;ao das demandas. Diz Schelsky:
encia em termos de empresa e de sucesso individual. O que há de único na história institucional da universidade moderna
Ao tratar da educac;ao supeIiOl~ é preciso levar em conta a histori- é o fato de neste caso a diferenciac;:ao de [1.1l1c;:5es se processar den-
cidade, a polissemia, a complexidad e e o hibridismo das diferentes lógi- tro da mesma instituic;:ao, e assim nao se verificare m praticamente
cas que a constituem. Nao tem ela um sentido único e fixado. Ao contrá- perdas [uncionais devido a entrega de tarefa~ a ou~ras organiz~c;:6es.
rio, vai se constituindo dinamicamente e construindo redes de significa- Pelo contrário, pode até falar-se de um ennqueclmento [l.Il1ClOna!,
c;6es complexas, ambíguas e contraditórias. Trata-se de uma construc;ao 01.1 pelo menos de um aumento da importancia e de um alargamento
histólica e social e, desta forma, se produz no centro das contradic;6es e do ambito das [unc;:5es da universidade na sua evoluc;:ao ao longo dos
dos jogos de forc;a da sociedade, da economia, da política.
últimos cem anos (em Habermas, 1987: 8).
Tendo por principais referentes o conhecimento e a formac;ao,
em seus múltiplos sentidos, a educac;ao superior nao é, especialmen- Esta noc;ao naO propriamente unitália, mas relativamente 1;1aiS coesa,
te nestas últimas décadas, nem um sistema coerente em nível de urna mesmo que cheia de contradic;6es como é próprio dos .fenom.enos so-
nac;ao, qualquer que seja, nem muito menos é urna totalidade sem con- ciais, tende agora a incorporar uma multiplicidad e m~lto malS ampla
tradic;6es. Os avanc;os acelerados e alargados dos conhecimentose téc- de formas. Nas últimas décadas, especialmente depOls de 1980, urna
nicas, a potenciac;ao das comunicac;6es, o agravamento dos problemas onda de reformas da educac;ao, sobretudo a de nível superiOl~ como
em todos os continentes e a complexificac;ao das relac;6es sociais afetam parte de um campo mais alargado de transformac;6es, se espalha por
agudamente a educac;ao superiOl~ tanto em su as relac;6es com o podel~ toda parte, introduzindo basicamente a lógica e as práticas de n:ercado.
quanto em seu cotidiano. Suas antigas referencias estao abaladas. O discurso da "crise educacional" insul10u as propostas reformIstas dos
As demandas externas -sociais, políticas, económicas, científicas, governos, que passaram a aceitar ou até mesmo a estimular as noc;5es
éticas, etc.- sao vividas de modo complexo no cotidiano das instituic;6es do "quase-mercado" educacional. _
educativas, cada vez mais intensamente feito de processos de diferen- Em razao de um propalado distanciamento da educac;ao rela-
ciac;ao e de convergencias. Até algumas décadas atrás, os conceitos de tivamente as novas necessidades da economia, sobretudo do setor in-
educac;ao superior eram mais coesos. Habermas, numa conferencia em dustrial e em face de uma suposta ineficiencia dos servic;os públicos,
Lisboa, em 1987, fala das func;6es múltiplas e convergentes que "sao os gove~-nos enfatizaram, nas mudanc;as, a ~unc;ao ~conón:ica ~a edu-
assumidas por diferentes grupos de pessoas em diferentes lugares ins- cac;ao. As relac;6es e lógicas do mercado danam malor racI?nahd.ade e
titucionais e com diversos pesos relativos. A consciencia corporativa eficiencia a gestao das empresas de educac;ao, orientando mcluslVe as
dilui-se assim na consciencia intersubjetivamente partilhada de que medidas relativas a administrac;ao, a admissao de alunos e professores,
uns fazem coisas diferentes dos outros, mas que, todos juntos, fazendo financiamento e captac;ao de recursos, responsabilizac;:ao e prestac;ao
de urna ou outra forma trabalho científico, preenchem, nao uma [un- de contas. Nesse quadro, a avaliac;ao e a autonomia adquirem centra-
c;ao, mas um feixe de func;6es convergentes" (Habermas, 1987: 8). Em lidade, porém assumindo os significados e objetivos que lhes confere a
outras palavras, ainda que admitindo a diversidade, certamen te menor racionalidade mercadológica.
que hoje, era possível afirmar convergencias básicas. O que Habermas A importancia da educac;ao superior ganha atu~lmente uma
parece querer destacar é que as instituic;6es de educac;ao superiOl~ espe- enorme dimensao em func;:ao do valor atribuído ao conhecImento como
cialmente as universitárias, sao plurais e diferenciadas em suas formas, forc;a produtiva. Já em 1962, Friedman sustentava, em seu livro Capi-
mas, para além de todas as contradic;6es, a divisao de trabalhos e a mul- talismo e liberdade, o valor económico conferido ao estudante formado
tiplicidade fl.mcional que estabelecem sao minimamente articuladas para o aumento da produtividade económica. Ao mesmo tempo,~ .re-
urnas com as outras, de modo a ser possível falar de urna convergencia forc;ava a ideologia do sucesso individual: o indivíduo bem sucedIdo
dos fins: o trabalho com o conhecimento e com a formac;ao. obtém sua recompensa na economia de mercado, isto é, "um retorno
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
JosÉ DIAS SOBRINHO
sobre seu investimento inicial" (Friedman, 1962: 100). Assim, lá em da sociedade e contribuir para as solu~oes dos problemas, através do
1962, Friedman estabelecia como referente de qualidade o mercado e ensino e da pesquisa. Esse modelo de institui~ao vem sendo considera-
fixava o valor econ6mico como critério do valor da educa~ao. do defasado e inviável, pela incapacidade de os Estados pobres ou em
Nos últimos anos, rela~oes de tipo novo entre Estado e educa~ao desenvolvimento manterem os níveis adequados de financiamento, em
superiorvem se estabelecendo e trazem ao centro dos debates as urgen- razao sobretudo das pesadas dívidas externas contraídas e do esgar~a
cias do mundo econ6mico e novos códigos morais. Liberdade indivi- mento de suas estruturas econ6micas e sociais, e da crescente demanda
dual, sucesso individual, desempenho, resultados, empreendedorismo
de novas vagas na educa~ao superiOl~
empresarial, livre escolha, qualidade, autonomia, eficiencia, produti-
A essa dura realidade econ6mica se junta o discurso ideológi-
vidade, lucro sao expressoes cada vez mais incorporadas El educa~ao
co segundo o qual a universidade pública é pouco produtiva, dema-
segundo os sentidos que lhes dao o mercado e o "quase-mercado".
si adamen te lenta e pesada, quase inútil para a indústria e o comércio,
As institui~oes educativas perdem ern grande parte o seu sentido
incompetente para oferecer as solu~oes que o mercado e a vida atual
de "institui~oes" e tendem a se assemelhar a "organiza~oes", como as
requerem, enfim, uma carga insuportável para o Estado. Esse discur-
do mundo dos negócios. Assim en[Taquecem enormemente seu caráter
so justifica a expansao do mercado privado da educa~ao superior e ao
de media~ao entre o indivíduo e a sociedade global, isto é, sua capa-
cidade de contribuir qualificadamente para a constitui~ao do sujeito mesmo tempo oprime as universidades públicas, desconsiderando que
social. Em outras palavras, perdendo em grande parte seu sentido de é nestas, em geral, que se faz a maioria das pesquisas e das a~oes com-
institui~ao, elas renunciam El constru~ao da personalidade e da sociabi- prometidas com o interesse público.
lidade, ou seja, a constru~ao de sujeitos aut6nomos. Nao se pode negar que muitas das institui~oes privadas preslam
Dma institui~ao tem como referencias os acm"dos que uma socie- importantes servi~os El educa~ao superiOl~ mas também nao se há de
dade e seus distintos grupos constroem em torno de valores comuns. omitir o caráter dominantemente mercantil de boa parte delas. De todo
Essa tendencia a substituir "institui~ao" por "organiza~ao" ou "empre- modo, a colabora~ao do setor privado, no Brasil, é necessária, desde
sa", que expressa a desnacionaliza~ao e a privatiza~ao da educa~ao, já que nao se abra mao da qualidade e da responsabilidade social, ou seja,
havia sido formulada por Friedman, em 1962: "Os servi~os educativos do sentido público. Sua eficiencia, até mesmo como empresa, nao pode
podem ser prestados por empresas privadas que [l.1ncionam para produ- impedir a eficácia social.
zir lucro ou por institui~oes nao lucrativas" (Friedman, 1962: 89), dizia No que diz respeito El crise das universidades públicas, é impor-
ele, estabelecendo bases para as reformas que posteriormente vieram a tante mencionar dois aspectos que atravessam as discussoes. De um
se produzh~ em que as [1.Il1~oes do Estado se restringem a proteger os lado, defende-se a idéia de que a universidade está avessa El necessida-
mercados e assegurar os contratos interpessoais livres e voluntários. de de transforma~oes, que ela nao utiliza adequadamente e com efici-
O modelo de ensino, pesquisa e extensao como dimensoes essen- encia os "volumosos" recursos públicos, que tem baixa produtividade,
ciais e indissociáveis da institui~ao universitária, defendido pelo menos que é pouco útil ao mundo do trabalho e El produ~ao, etc. Por outro
desde 1968, no Brasil, alcan~a a década de 1990 já em pleno processo lado, para os defensores da universidade pública, o governo seria o
de esgotamento. Diante de longas e crescentes crises produzidas pe- principal responsável pela crise, pois prom ove uma asfixia das ins-
los severos cortes de financiamento público e envolvidas pelas rápidas titui~oes de educa~ao superiOl~ sobretudo em razao dos Ol"~amentos
transforma~oes do mundo, engendradas pelo neoliberalismo e globali- cada vez mais oprimidos e pelas políticas que restringem a autono-
za~ao de [l.1ndo econ6mico, os sistemas nacionais e as institui~oes de mia, dentre elas, a avalia~ao.
educa~ao superior passam por notáveis mudan~as. Dma característica Nessa persistente polariza~ao, dois temas sempre muito presen-
geral do novo quadro consiste no congelamento da quantidade de ins- tes sao a autonomia e a avalia~ao. Sao temas centrais, poi s tem a ver
titui~oes públicas e uma quase descontrolada amplia~ao dos setores com a própria concep~ao de universidade e suas hm~oes em rela~ao
privados e predominantemente orientados ao lucro. Porém, junto com El forma~ao humana, El constru~ao dos conhecimentos e ao desenvol-
isso, importantes mudan~as qualitativas lambém ocorreram. vimento da sociedade. A questao é entender esses dois termos como
Pouco a pouco vai se desvalorizando o conceito de universidade associados e alinhados na mesma perspectiva, como convém, ou, por
como institui~ao social a produzir conhecimentos, formar cidadaos e OlItro lado, equivocadamente, como contraponto.
profissionais de alto nível, desenvolver a consciencia crítica, o pensa- Os anos 90 do século passado, ao aprof1.1l1dar a [1.Il1~ao econ6mi-
mento reflexivo, a capacidade de pensar e compreender os processos ca da educa~ao superiOl~ também intensificou e aperfei~oou tecnica-
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA JosÉ DIAS SOBRINHO
mente OS processos de avaliac;ao e de informac;ao. A propósito, assim se ciamento, por outro lado controla os resultados e os fins por práticas
manifesta Hernán Courard: tidas como avaliac;:ao. '
Marilena Chaui define bem essa perda de autonomia:
Durante os 90, e no marco das reformas estruturais impulsionadas em
diversos graus na maioría dos países latino-americanos, os governos A heteronomia da universidade auton.oma é visível a olho nu: o au-
consideram necessárío realizar pro[-undas reformas nos sistemas de mento insano de horas de aula, a diminuic;:ao do tempo de mestrados
educac;:ao superior, postulando o que vem sendo chamado de um novo e doutorados, a avaliac;:ao pela quantidade de publicac;:6es, colóquios
contrato entre instituic;:6es e sociedade. Segundo este novo contrato, e congressos, a multiplicac;:ao de comiss6es e relatórios etc. Virada
estaríam sendo alterados os esquemas tradicionais de coordenac;ao do para o seu próprio umbigo, mas sem saber onde este se encontra,
sistema, mediante a criac;:ao de novas modalidades de financiamento, a universidade operacional opera e por isso mesmo nao age. Nao
impulsionando as instituic;:6es a entrar niais definidamente na compe- surpreende, entao, que esse operar co-opere para a sua contínua des-
tic;:ao do mercado, desenvolvendo sistemas de avaliac;:ao da qualidade, rnoralizac;:ao e degradac;:ao interna (Chaui, 1999: 221).
e melhores sistemas de informa9ao (Courard, 1999: 53).
A lógica que tende a predominar é a da capacitac;:ao rápida para as pro-
A partir de 1995, sobretudo, tornou-se muito explícita aadesao do MEC fissoes, conforme demandas da modernizac;:ao económica. Importam
as teses propostas pelos organismosmultilaterais, em particular pelo os resultados visíveis e de curto prazo.
Banco Mundial. Nao é o caso de aprofLmdar aqui a análise das propos- O controle dos fins, sobretudo mediante a medida e comparac;ao
tas do Banco Mundial que foram adotadas no Brasil. Basta mencionar dos resultados e a conseqüente hierarquizac;:ao institucional, é feito por
alguns trac;os e conseqüencias, como o fomento a diferenciac;ao das procedimentos tidos como objetivos, especialmente as quantificac;:oes
instituic;oes, incentivo para a diversificac;ao das fontes de financiamen- e os exames gerais. As quantificac;:oes sao muito utilizadas no Brasil
to (no caso das públicas), tendo como conseqüencia a drástica reduc;ao tanto na Pós-Graduac;ao (publicac;:oes, números de indivíduos titulados,
orc;amentária, o enfTaquecimento do sentido público, o ajuste as de- números de doutores, etc.) quanto na Graduac;:ao, de modo particular
mandas do mercado de trabalho, o desprestígio crescente da pesquisa na Análise de Condic;:oes de Ensino. O Exame Nacional de Curso é urna
básica e da área de humanidades, a valorizac;ao do "conhecimento útil" versao brasileira da categoria de "exames gerais", adotados, com ca-
e da competitividad e, o aumento do controle mediante a avaliac;ao e racterísticas próprias, em distintos países. Esses instrumentos sao ade-
processos de acreditac;ao e, sobretudo, a grande expansao da privati- quados a consolidac;:ao da racionalidade instrumental e operacional da
zac;ao e do quase-mercado. Para atender a essas exigencias, as insti- universidade referenciada ao mercado.
tuic;oes se diferenciam, buscando ajustar as formas organizacionais e
selecionando as atividades de acm-do com a lógica empresarial. AVALIA(:AO, AUTONOMIA E RE-INSTITUCIONALIZA(:AO DA EDUCA(:AO
As políticas de "flexibilizac;ao" adquirem centralidade, para que SUPERIOR
sejam assegurados maiores lucros, mais produtividade, maior ajuste aos
requerimentos do mundo do trabalho e da produc;ao, diminuic;ao de cus- A rendic;:ao simples da educac;:ao ao mercado é uma abdicac;:ao dos sen-
tos e tempos, enfim, eficiencia, instrumentalidade e operacionalidade. tidos democrático-republicanos e de cidadania que hmdam as institui-
Essa prática de flexibilizac;ao gera competic;ao por estudantes, recursos c;:oes sociais, dentre elas, privilegiadamente, a instituic;:ao educativa. A
financeiros, servic;os e prestígio social especialmente entre as instituic;oes igualdade democrático-republicana assegura a todos o direito ao aces-
privadas. Nas públicas, sao comuns as práticas de vendas de servic;:os, so ao saber e é próprio da cidadania o direito e o dever de todos se inte-
seja por via de convenios institucionais ou por iniciativas individuais e grarem construtivamente a uma sociedade regida por leis e orientadas
informais, de cursos de especializac;ao ou atualizac;ao remunerados, para por projetos democráticos. A ser assim, dialeticamente, a instituic;:ao
compensar os baixos salários e os cortes orc;:amentários. educativa se integra a vida democrático-republicana e a República há
A flexibilizac;:ao passa como sinónimo de autonomia, em discur- de ser o garante da existencia da instituic;:ao pública de qualidade.
sos de autoridades da administrac;ao central. Entretanto, trata-se de A educac;:ao superior nao tem como tarefa simplesmente a ins-
urna autonomia ilusória, pois, se de um lado garante maior liberdade truc;ao e a capacitac;:ao profissional voltadas aos interesses económicos,
de administrac;ao e organizac;:ao, sobretudo no que se refere a criac;:ao mas, também e de modo irrecusável, o fortalecimento da cidadania, a
de instituic;:oes e cursos e a diversificac;:ao de formas e fontes de finan- elevac;:ao da dimensao espiritual, cultural, afetiva, integradora, ou seja,
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA JosÉ DIAS SOBRINHO
a constrw;:ao e o desenvolvimento da dimensao psico-social e ética do "tecnifica<;:ao e economiza<;:ao da vida parecem nao precisar da partici-
sujeito social e da humanidade. pa<;:ao consciente dos ii1divíduos concretos" (1993: 66).
Nesse sentido, é importante insistir na re-institucionaliza9élo da Re-institucionalizar e nao simplesmente re-organizar a educa-
educa<;:ao superior, ou seja, na recupera<;:ao do sentido de institui<;:ao so- <;:ao superior requer sem dúvida o respeito a autonomia privada -essa
cial, nao simplesmente na sua re-organiza<;:ao. As institui<;:oes de educa- modalidade de liberdade assegurada pelo direito moderno, que permi-
<;:ao superior inegavelmente tem um enraizamento no "mundo da vida", te, segundo Habermas afirma em seu recentíssimo texto (outubro de
para utilizar uma express ao de Habermas. Mas, além da capacita<;:ao 2003), que cada indivíduo aja a sua maneira no interior das fTontei-
para a gestao e o desenvolvimento da vida prática e cotidiana, elas de- ras tra<;:adas pela leí. Mas a re-institucionaliza9iio também exige que se
vem contribuir para a forma<;:ao intelectual aut6noma, para a leitura recupere a autonomia cívica, isto é, como nas democracias antigas, o
crítica da história e a forma<;:ao da consciencia do papel das ciencias. "direito de participar nos processos de forma<;:ao comum da vontade
Os conhecimentos, senda produ<;:ao social, tem sentido político e política" (Habermas, 2003: 41). Isto porque "a institui<;:ao do processó
ideológico, e tem grande valor formativo, pois sua constru<;:ao e as rela- democrático tem por objetivo garantir duas coisas ao mesmo tempo: a
<;:oes que instauram sao também processos de socializa<;:ao e, portanto, participa<;:ao política dos cidadaos, e a prote<;:ao jurídica da esfera pri-
de emancipa<;:ao. Tratar da avalia<;:ao como processo de autonomia e de vada" (Habermas, 2003: 41).
emancipa<;:ao necessariamente é também tratar da qúestao dos senti- Nessa formula<;:ao de Habermas, há dais conceitos interdepen-
dos, pois estes sao o suporte de toda cultura e de todo processo civili- dentes: autonomia privada nao pode existir sem autonomia pública e
zatório e educacional. vice-versa. Os direitos fl.ll1damentais e inalienáveis, que asseguram a
Entretanto, o discurso e as práticas políticas e mesmo pedagó- igualdade perante a lei, estao imbricados a autonomia dos cidadaos,
gicas sobre a educa<;:ao superior muito pouco tem levado em canta a inscrita na auto-organiza<;:ao de uma comunidade, numa rela<;:ao de
reflexao sobre os sentidos fl.ll1damentais. Afetada pela economiza<;:ao mútua implica<;:ao: o cidadao só pode exercitar sua cidadania pública
da sociedade e conseqüentemente pela fl.ll1<;:ao profissionalista e certo gra<;:as a autonomia privada, e esta só se desenvolve na medida em que
ativismo instrumental, a educa<;:ao superior tem se voltado muito mais é exercida a autonomia pública.
ao desenvolvimento de competencias profissionais e operacionais para A educa<;:ao liberal prioriza a autonomia e os direitos privados,
a satisfa<;:ao das necessidades pragmáticas da vida, que ao questiona- mas é necessário recuperar o papel político da educa<;:ao na forma<;:ao
mento e a forma<;:ao de idéias que contribuam para a emancipa<;:ao dos da cidadania e da autonomia pública -a que também deve correspon-
sujeitos e das sociedades. der o imperativo ético do resgate da responsabilidade pública e social
Dma educa<;:ao para a autonomia nao pode se omitir diante das das institui<;:oes educativas.
urgencias da vida, especialmente considerando-se as novas exigencias Re-institucionalizar -e nao simplesmente re-organizar- a educa-
profissionais e as demandas de todo tipo que hoje surgem. Mas, a au- <;:ao superior requer, portanto, a supera<;:ao dos conceitos utilitaristas
tonomia e a emancipa<;:ao humanas requerem uma reflexao que ponha do conhecimento e da qualidade em educa<;:ao, bem como as formas,
em questao os significados ético-políticos da forma<;:ao, que é, esta sim, conteúdos e finalidades de sua avalia<;:ao. Além de reconhecer o conhe-
a finalidade essencial de toda educa<;:ao. E é assim, pondo em questao cimento e a forma<;:ao especializada como poderosas for<;:as produtivas,
os sentidos da forma<;:ao, que faz sentido a avalia<;:ao. é preciso recuperar os seus sentidos mais fortes de capital ético-polí-
Reduzir a forma<;:ao a meio para a obten<;:ao de maior eficiencia, tico. Como tais, nao devem ser reduzidos simplesmente a uma no<;:ao
lucro, produtividade -quantificáveis e classificáveis objetivamente- é técnica e neutra. Ao contrário, estando integrados a um complexo siste-
ceder a lógica das organiza<;:oes ou empresas mercantis e negar o ca- ma sócio-ideológico, e, portanto, educativo, afirmam e negam valores,
ráter essencialmente social e relacional dos processos educativos e a atitudes, comportamentos, visoes de mundo, nao apenas relativamente
fun<;:ao pública das institui<;:oes de educa<;:ao relativamente ao desenvol- a ciencia, as técnicas e artes, mas a vida em geral.
vimento da cidadania e da autonomia dos sujeitos sociais. É um enorme reducionismo definir a qualidade em educa<;:ao
A tecnifica<;:ao da educa<;:ao e o produtivismo e o objetivismo ele- por resultados ou produtos medidos por instrumentos pf1dronizados
vados a categorias centrais de sua avalia<;:ao contribuem fortemente de verifica<;:ao e controle. Todas as finalidades, dimensoes, hll1<;:oes e
para reduzir a autonomia dos indivíduos e das institui<;:oes. E, como processos educativos devem ser compreendidos em suas rela<;:oes com
afirmam Edgar Morin e Anne Brigitte Kern, a dominfll1cia da "razao a crítica e a constru<;:ao dos processos de emancipa<;:ao e autonomia dos
tecnológica e o triunfo da a<;:ao instrumental" geram um terrível efeito: indivíduos e das sociedades, portanto, da cidadania e de novas compe-
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACION CIENTIFICA
JosÉ DIAS SOBRINHO
constituintes de um mesm~ fenómeno, avaliac;:ao e controle nao podem ra direitos e poderes a uns, a avaliac;:ao realizada como selec;:.ao _social
ganhar existencia separada e exclusivista.
também pode justificar reprovac;:6es no ambito escolm: demlssoes. no
Controle, sem questionamento, reflexao, trabalho com as signi- mundo do trabalho, cortes de financiamentos e outros tIpos de apOlO a
ficac;:6es, é simplesmente medida, verificac;:ao, busca de conformidade,
programas e projetos, sanc;:6es e controles no campo comportamental e
atitude burocrática e conservadora. Avaliac;:ao, sem os procedimentos
social e uma série de OlItras restric;:6es.
de controle, mensurac;:6es, índices formais e toda uma série de carac-
O primeiro grande impulso da avaliac;:ao como instrL~mento for-
terísticas objetivas, careceria de trac;:os básicos para a reflexao, a pro-
mal e organizado socialmente se deu na Revoluc;:ao Indu~tnal, quando
duc;:ao de sentidos, em termos filosóficos, e a elaborac;:ao e execuc;:ao de
projetos e programas, em termos operacionais e regulatórios. as indústrias nascentes comec;:aram a apresentar necessldade. de_ esta-
belecer as hierarquias de trabalho. Esse surgimento da avah~c;:ao ~o
O controle é uma prática de verifica<¡:ao e comparac;:ao com o ob-
jetivo de estabelecer os graus de confoi'midade entre o realizado e um mundo industrial determina o legado de hierarquizac;:.ao: classlficac;:ao
modelo ideal ou uma norma prévia e exteriormente estabelecida. Pela e organizac;:ao social que marca muitos proce~sos a'":.ahatIvos e~TI que o
necessidade de comparac;:ao, precisa operar com as técnicas de medida sentido mais forte nao é o educativo e sim a dlmensao de cont.r ole e de
e com a perspectiva da objetividade. Os dados e valores quantitativos interesse económico. Daí que se torna muito difícil nas ?rátlcas. ava-
sao homogeneizados, para efeito de comparac;:6es. Quando ao contro- liativas superar a intencionalidade de dominac;:ao e ~ s:ntldo vertIcal ~
le sao atribuídos os sentidos e [1.lnc;:6es totais da avaliac;:ao, a parte se descendente, que caracterizam a vinculac;:ao da avahac;:ao com o pode
passando pelo todo, seu s instrumentos acabam sendo tomados como (Dias Sobrinho, 1999: 126). . ._
se fossem o próprio objetivo do fenómeno verificado: uma prova acaba Uma das formas mais evidentes de controle e de hIerarqUlzac;:ao
se identificando com o objetivo do ensino, um indicador económico é social se dá através dos diplomas. Diplomas tem a forc;:a de docume.nto
tomado como o objetivo da economia, um produto passa a ser a repre- oficial que garante e distribui direitos e privilégi~s, alé_m ~e simbohza-
sentac;:ao de todo um fenómeno. rem a superioridade social de seu portadOl~ ASSUTI, sao ms:rumentos
A norma que serve de referencia lógica externa para aquilo que e símbolos de poder. Sao os exames que lhes confere o, s~ntldo d~ ob-
deve ser cumprido acaba adquirindo um sentido normativo também do jetividade e isenc;:ao. A consolidac;:ao e ampliac;:ao da pratlca dos dIpl~
ponto de vista moral: o correto, o compatível, o coerente, o constante, mas, nas es colas e OlItras instituic;:6es sociais, particularmente depoIs
o verdadeiro do ponto de vista lógico, adquire padrao moral do bom e do século XVIII -um bom exemplo disso é a Franc;:a-, provocou a ampla
desejável, como se o bem fosse necessariamente a conformidade a uma proliferac;:ao dos exames. " . '
norma anterior e exteriol~ válida em si mesma, estabelecida sem refle- A avaliac;:ao cumpre [l.mc;:6es nao só educacIOnms ma~ ~am~em
xao e discussao por parte daqueles que devem cumpri-la. sociais, económicas e políticas, pois é um instrumento pnvI1egIa~o
O controle exclusivo, ele sim, se transforma em contraponto da para a organizac;:ao da sociedad e, do mundo do trabalho, do podel~ RIto
autonomia e obstáculo a construc;:ao do sujeito emancipado. Imp6e o de passagem que produz atestados juridicamente competentes, a ava-
cumprimento de normas e a conformidade a padr6es e gabaritos pro- liac;:ao, sobretudo por meio da examinac;:ao, exerce um amplo leq:le de
duzidos por outrem, sem a implicac;:ao dos sujeitos. Apro[1.lnda a he- [1.lnc;:6es seletivas, tanto nos planos individuais, quanto nos cole.tlvos e
teronomia, portanto. Além disso, em geral os instrumentos utilizados institucionais, seja no setor privado ou no público: selec;:ao par~ mgres-
para fins de controle, como é o caso dos exames, acabam favorecendo so numa instituic;:ao educativa ou numa organizac;:ao empresanal, p,a~'a
a indivíduos que já trazem um privilegiado capital intelectual, cultural, o exercício de uma profissao, para um cargo público, para o benefICIO
económico e social.
de financiamentos, etcétera.
O controle tem assumido o lugar e as fl.mc;:6es da avaliac;:ao, cons- Nesses casos todos, ocorre um efeito de "transbordamento". A
tituindo-se como tecnologia de podel~ de fiscalizac;:ao ou até mesmo selec;:ao nao só produz o resultado visível e imediato tl~aduzido no direi-
intervenc;:ao sobre os indivíduos, as instituic;:6es e o sistema. Por isso, to a um determinado exercício em causa, mas tambem apresenta um
tem sido um dos mais evidentes trac;:os da avaliac;:ao implementada pelo valor simbólico de grande peso social. Legitima COm?etencias, sabel:es,
"Estado Avaliador", nos países industrialmente desenvolvidos, especial- perfis profissionais, imagens sociais: padr6es :norms: m~delos soclal.-
mente desde 1980.
mente projetados em determinadas epocas e CIrcunstanCIas. Desta fOl-
Como controle social, essa tecnologia legitima saberes e privilé- ma, legitima e eleva o "status" social e profissional daqueles que foram
gios para uns e os subtrai ou diminui de outros. Assim como assegu- selecionados e desqualifica os nao admitidos.
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JosÉ DIAS SOBRINHO
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gabarito único um padrao anteriOl~ a avalia<;:ao trabalha com múltiplas trumentos de medida e quantifica<;:ao, de modo que os dados analisados
referencias e estende redes de rela<;:oes entre dimensoes e aspectos dis- sejam homogeneizado; e, assim, comparado.s e explicados sem iI:terfe-
tintos da mesma realidade. É, pois, um processo sempre inacabado e rencias subjetivas e sem questionamentos. E útil para as necessldades
aberto a novas significa<;:oes e todo tipo de questionamentos. de análise e medida de aspectos objetivos e docimológicos, porém é in-
Um rápido exemplo pode ilustrar essa importante distin<;:ao. Na suficiente quando se trata de realidade complexa e de questionamentos
perspectiva do controle, voltada a realidades arbitrariamente fatiadas, a respeito de sentidos e valores heterogeneos e multirreferenciais ..
compartimentadas, verificam-se os desempenhos dos estudantes, por A avalia<;:ao é basicamente urna interrogaC;ao sobre os sentIdos;
exemplo, comparando-se o que conseguiram demonstrar com aquilo
estes nao estao dados antecipadamente, vao sendo construídos ao longo
que a norma prescrevia. Na perspectiva da avalia<;:ao, abrem-se muitas
dos processos de rela<;:oes interpessoais. Incorpora em suas práticas a
possibilidades a partir da admissao da complexidade da realidade hu-
participa<;:ao e a negocia<;:ao, valorizando os processos de comunicaC;ao,
mana e dos fenómenos sociais: por exemplo, por em questao o valor
os sentidos ocultos e nao ditos, as dinamicas das mudan<;:as, inova<;:oes
social e formativo do ensino e da aprendizagem, seus impactos econó-
e desenvolvimentos.
micos, políticos, científicos e culturais, seu valor para o fortalecimento
Enquanto o controle privilegia os índices formais, a homogenei-
da cidadania e da consciencia da nacionalidade, sua vincula<;:ao com a
dade e a explica<;:ao, a avalia<;:ao prioriza a produ<;:ao de sentidos no
pesquisa, as rela<;:oes com as ciencias e assim por diante.
interior mesmo da evolu<;:ao das dinamicas de comunica<;:ao. Portanto,
Mas, deve ficar claro que o controle, devidamente dimensionado,
incorpora como valor a negociac;ao, a heterogeneidade, a implicac;ao,
é muito importante para a avalia<;:ao em seu sentido pleno. Lá onde o
controle estabelece a distancia entre o padrao externo e anterior, no as múltiplas referencias e as contradic;oes.
ensino, por exemplo, a avalia<;:ao se utilizará desses dados para inter- Constituídos por lógicas distintas e interdependentes, contro-
rogar sobre as causalidades dos problemas e as potencialidades de su- le e avaliac;ao devem ser entendidos nao por uma teoria de oposic;ao
pera<;:ao, sobre os significados desse ensino e sua adequa<;:ao a projetos simples, porém, por uma teoria da contradic;ao, da complexidade e da
institucionais e nacionais, sobre sua vincula<;:ao a filosofias educativas, mútua implicac;ao. Assim se poderá compreender nao só quais sao os
sobre o valor e a razao de ser do que é avaliado e assim por diante. objetos, métodos e objetivos prioritários, mas também as ['unc;oes e os
Urna vez mais é importante afirmar que essa distin<;:ao nao é mera- limites de um e de outra.
mente técnica, de escolha de instrumentos ou de métodos, mas é [unda- Se o objetivo é simplesmente medir conhecimentos que os estu-
mentalmente urna diferen<;:a paradigmática e, en tao, de visoes de mundo. dantes podem demonstrm~ em vista de um padrao pré-definido, entao
Controle e avalia<;:ao nao constituem urna oposi<;:ao simples e in-econcili- sao os dados de verifica<;:ao de desempenhos que constituem destaca-
ável, em que a op<;:ao por um pólo significaria a nega<;:ao do outro. damente a matéria de partida, os instrumentos técnicos e objetivos que
Ainda que conceitualmente distintos e servindo a propósitos di- predominam nas metodologias, a adequac;ao a norma ou a um padrao é
ferentes, controle e avalia<;:ao mantem entre si urna rela<;:ao de imbrica- o efeito que será privilegiado. Entretanto, nao se pode mediI~ homoge-
<;:ao e interdependencia. neizar e comparar aqueles sentidos das aprendizagens e da fonnac;ao,
que ultrapassamlargamente as dimensoes objetivas do conhecimento e
A op<;:ao pela avaliac;ao como controle (medida, balanC;o, o sentido
tem a ver com os sistemas de valor e a complexidade dos sujeitos ..
dado, classificac;ao, selec;ao, regulac;ao etc.) ou como promoC;ao de
Neste sentido, embora útil como recurso de análise, o controle
possibilidades (emancipac;ao, melhora, formac;ao, interpretac;ao e
exclusivo e restrito, desligado de processos de interpretac;ao e implica-
produc;ao de sentidos, construc;ao, dinamizac;ao etc.) resulta de dis-
c;ao mais amplos, é um instrumento conservador. Opera com sentidos
tintas concepc;oes de mundo, que concorrem entre si, mas nao se
já-dados e estáticos, objetos fatiados, a correspondencia entre normas e
excluem e até mesmo se completam (Dias Sobrinho, 2003: 150).
produtos definidos externamente. Desta forma, utilizado isoladamente,
Esta mesma lógica de distin<;:ao e articula<;:ao serve as questOes da regu- contribui para refor<;:ar a heteronomia. Se seus instrumentos nao ques-
la<;:ao e da autonomia. tionam o valor e o sentido dos fenómenos focalizados, por exemplo os
O controle, enquanto procedimento isolado e exclusivo, nao currículos, as práticas pedagógicas, as aprendizagens, a razao de ser de
questiona as significa<;:oes e nem se poe a questao dos valores; pretende uma instituic;ao, acabam também nao provocando reflexoes, nao pro-
averiguar a conformidade ou nao a um sentido já-dado e que nao pre- duzindo novos sentidos, nao estimulando a participac;ao e nao contri-
cisa ser questionado. Mono-referencial, prioriza técnicas, índices e ins- buindo para a construc;ao de uma comunidade educativa autónoma.
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FLACSO . Biblioteca JosÉ DlAS SOBRINHO
UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
NUEVAS POLÍTICAS
,.
DE CIENCIA YTECNOLOGIA
¿NUEVAS?
Una conferencia promovida por la UNESCO, en la cual se va a hablar
sobre "nuevas políticas de ciencia y tecnología" en relación con la univer-
sidad, necesariamente atrae la atención, en momentos en que se habla en
todo el mundo de globalización, ingreso a la Sociedad del Conocimiento,
etc. Para el ámbito latinoamericano, que económicamente siempre ha
estado en el margen del planeta aunque culturalmente hemos pretendido
estar algo más cerca del centro, por lo menos desde que comenzó el pro-
ceso de globalización hace cinco centurias, el interés es aún mayOl~
La plimera pregunta que cabe plantearse es: ¿"nuevas políticas
en ciencia y tecnología" en qué sentido? ¿Cuál sería la novedad? Cuando
se habla de educación superior, actividad que tiene ya cerca de un mi-
lenio, "nuevo" puede ser un adjetivo muy relativo. Un proceso que tiene
sólo cincuenta años puede resultar bastante novedoso. Y las políticas de
ciencia y tecnología no tienen mucho más tiempo que ese. Fue al final
de la Segunda Guerra Mundial que los estados comenzaron a organizar
políticas de ciencia y tecnología, al menos explícitamente. La fundación
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
JosÉ LUIS VILLAVECES CARDOSO
de la National Science Foundation en 1950 marca un mojón significa- que también se había presentado como nuevo en la última ~écada del
tivo. O la del CNPq en 1951. La del CONICET argentino en 1958 señala siglo pasado. Los dos autores mencionados proponen una mterpreta-
el comienzo de la gran etapa de expansión de las políticas de ciencia y ción de la dinámica de la innovación dejando atrás los "Sistemas Nacio-
tecnología en todo el continente americano, prof'undamente vinculada nales" y el Modo 2 para movernos hacia una triple hélice de relaciones
al modelo de la problemática del desarrollo como prioridad estratégica Universidad-Industria-Gobierno. El mismo Triángulo de Sábato, pero
para la región. Todo este proceso, liderado por varios pensadores lati- ahora con dinámica de movimiento y avance.
noamericanos y asociado con la fundación de la CEPAL, encontraba en El tema de la nueva dinámica y las nuevas relaciones se vin-
las políticas de ciencia y tecnología un apoyo para la industrialización cula, al comenzar el siglo XXI, con la noción de una nueva forma de
por sustitución de mercados que estuvo asociada a la fundación de insti- compromiso entre la sociedad y los productores de conocimiento e
tutos de investigación agropecuarios -INIAs, como se les dice coloquial- innovación. La Conferencia Mundial sobre la Ciencia -Conferencia de
mente a partir del nombre del INIA argentino fundado en 1956, y del Budapest- organizada por UNESCO en 1999 toma como leitmotiv la
mexicano, fundado en 1961, seguido por el ICA colombiano y muchos idea de un nouvel engagement, un nuevo contrato social entre la cien-
otros creados a su imagen y semejanza. Los institutos de investigación cia y la sociedad, y esta se presenta en la declaración resultante de esta
tecnológica también siguieron el modelo y ['ueron creados en varios paí- conferencia como la base recomendada para las nuevas políticas de
ses latinoamericanos entre los años cincuenta y sesenta. Estas políticas, ciencia y tecnología, de manera que vaya demorarme un poco en este
directamente relacionadas con la planificación general del desarrollo, conjunto de ideas que parecen indicarnos el camino en el siglo XXI,
quedaron expresadas en la Declaración de los Presidentes de América, aunque comienzo por decir que son en el fondo las mismas políticas
surgida de la reunión de Punta del Este en 1967. del último medio siglo.
Dos párrafos de la Declaración de Budapest me parecen bastante
TRIÁNGULOS, TRIPLES HÉLICES Y DEMOCRACIA interesantes:
Un valioso aporte de aquella época fue hecho por el ingeniero y líder de Les nations et les scientifiques du monde entier doivent prendre
políticas científicas y técnicas argentino, Jorge Sábato, cuando insistió conscience qu'iJ est urgent d'utiliser de maniere responsable les con-
en que una política de ciencia y tecnología sólo tenía sentido si involu- naissances émanant de tous les domaines de la science pour satisfai-
craba a tres partes esenciales: el gobierno, la academia y la industria. re les besoins et les aspirations des etres humains, sans mésuser de
En toda Latinoamérica se conoció esta admonición como "El Triángulo ce savoir.
de Sábato". Aujourd'hui, alors que s'annoncent des avancées scientifiques d'une
Últimamente se ha generalizado en todo el mundo la crítica al ampleur sans précédent, le besoin se fait sentir d'un débat démo-
llamado "modelo lineal", versión cándida de planeadores y economis- cratique vigoureux et éclairé sur la production et l'utilisation du
tas, que pretende que el conocimiento se crea en el espacio académico
savoir scien tifique.
y pasa luego al ámbito industrial en un esquema ingenuo de oferta-de-
manda, y se va haciendo popular en estos medios afirmar que se requie- Quiero resaltar, en el primero de ellos, la recomendación de tomar
re por lo menos una intermediación del Estado y de las universidades conciencia de que es urgente utilizar de manera responsable los cono-
públicas para que esto suceda. Es triste que nuestra sociología o poli- cimientos que emanan de todos los dominios de la ciencia. La idea ele
tología de la ciencia ande peleando con viejos molinos de viento que la responsabilidad es un punto central para una política. En el segun-
ya habían sido derrotados por Sábato y otros latinoamericanos, como do de los párrafos, se afirma que se siente la necesidad de un debate
Amílcar Herrera, Max Halty Can'ere o Pancho Sagas ti, hace cuarenta democrático vigoroso e ilustrado sobre la producción y utilización del
años. De hecho, la figura de un triángulo de diálogo e interacciones es saber científico.
mucho más completa que la figura simple de un mercado de oferta-de- Creo que estos dos elementos son un paso más allá del Triángulo
manda con el Estado como intermediador. de Sábato o de la Triple Hélice, al insistir en la responsabilidad y el de-
En el año 2000 -y esto ya es bastante nuevo- Etzkowitz y Leydes- bate democrático. No es el gobierno sino la sociedad la que debe entrar
dorff publicaron en Research Policy un artículo que retomaba las ideas en el diálogo fecundo.
del Triángulo de Sábato, desarrollando un modelo de dinámica de la Sin embargo, esto de generar un debate democrático vigoroso e
innovación y criticando bastante el llamado l/Modo 2" de hacer ciencia, ilustrado sobre el conocimiento científico no es tan simple.
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En Colombia se creó, entre 1990 y 1991, un Sistema Nacional de que están a la orden del día. Encontramos un ejemplo admirable en la
Ciencia y Tecnología organizado desde la Presidencia de la República, con formulación de los programas marco de la comunidad europea. El VI
un Consejo Nacional de Ciencia y Tecnología del cual forman parte el pre- de ellos, que está en operación actualmente, se plantea desde la estruc-
sidente de la República, el director de Planeación Nacional y cuatro mi- tm'ación del Espacio Europeo de Investigación para dar una respuesta
nistros. Además está integrado por cuatro rectores de universidad -dos de europea al diferencial de inversión en ciencia y tecnología entre Euro-
públicas y dos de privadas-, dos investigadores activos y dos empresarios. pa, Estados Unidos y Japón. Es notorio que no plantea estadísticas o in-
Como se ve, es un Triángulo de Sábato dhigiendo la política de ciencia y dicadores nacionales, sino que ve a Europa como un solo bloque, pero
tecnología nacional. El Sistema Nacional de Ciencia y Tecnología a su vez a su vez trabaja para construirlo. Ahora bien, el VI Programa Marco se
se organiza en once Programas Nacionales de Ciencia y Tecnología que pre- plantea siete prioridades temáticas que incluyen las que están en to-
tenden cubrir todos los campos del saber humano: Ciencias Básicas, Cien- das las agendas actuales: Sociedad de la Información, Nanotecnología,
cias Humanas y Sociales, Ciencias de la Salud, Ciencias Agropecuarias, Desarrollo Sostenible, etc. Quiero llamar la atención sobre la séptima
Biotecnología, Electrónica, Telecomunicaciones e Informática, Estudios de esas prioridades: "Los ciudadanos y la gobernanza en una sociedad
Científicos de la Educación, Ciencias del Medio Ambiente y del Hábitat, basada en el conocimiento". Parecería ser el eje en la ruta hacia un
DesaITollo Tecnológico Industrial, Energía y Minería, y Ciencias del Mar. debate democrático e ilustrado sobre la producción del conocimiento
Cada uno de estos programas es dirigido por un Consejo de Programa, di- científico. El punto es que esta nueva política incorpora claramente la
rigido a su vez por el ministro del ramo respectivo, y del cual forman parte necesidad de la construcción de ciudadanía y gobernabilidad en la so-
COLCIENCIAS, el Departamento Nacional de Planeación y un número va- ciedad del conocimiento.
riable de investigadores y empresarios en cada caso. Triángulos de Sábato Otro punto central es la construcción de Redes de Excelencia, es
con funciones de planeación en el campo respectivo, de coordinación de decü~ el Estado europeo apoya las redes sobre la base de la excelencia,
recursos y de asignación de reCursos a proyectos de investigación. no las redes por las redes mismas. Y además se apoyan los proyectos
Recientemente, el Observatorio Colombiano de Ciencia y Tec- integrados, proyectos conjuntos realizados por laboratorios de muchos
nología hizo un análisis de las actas de todos estos organismos en sus países europeos. Desde América Latina y el Tercer Mundo deberíamos
primeros catorce años de funcionamiento, y lo que se observa es que el mirar atentamente este esquema de proyectos integrados. Mucho más
Triángulo no funciona sólo porque se le diga que lo debe hacer. En los seria que un acuerdo, un comité o un tratado, es la realización de un
Consejos la palabra ha sido llevada predominantemente por los investi- proyecto conjunto, de muchos proyectos conjuntos para construir un
gadores presentes, con baja participación de los f-uncionarios públicos espacio común de investigación, sin el cual es frágil e inane una política
y menor aún de los empresarios. Esto, además de mostrar que el Trián- de ciencia y tecnología.
gulo no se arma, parecería indicar que los académicos tomaron el po- Pero es notorio que el esfuerzo europeo incluye iniciativas suma-
der. Sin embargo, no es así. Al analizar las intervenciones y la dinámica mente importantes de construcción de un "espacio europeo de educa-
de los Consejos, se encuentra que los investigadores, cuando se sientan ción superior". Sócrates, Erasmo, Comenius, Leonardo da Vinci y otros
en uno de estos cuerpos colegiados, se burocratizan e inclinan la cabe- son proyectos de colaboración en todos los niveles de la educación.
za frente al Estado. En vez de generarse un diálogo fecundo entre los En América Latina vale la pena mirar el esfuerzo del MERCO SUR.
tres actores, los Consejos se han convertido en Comités Asesores de Esta alianza comenzó sus reuniones especializadas de ciencia y tecnolo-
COLCIENCIAS. Lo cual no está mal, pero sí ilustra que definir políticas gía en 1998, y en 2001, siguiendo las recomendaciones de la UNESCO,
es algo más que producir decretos. convocó a los gobiernos, las universidades, el sector privado y las agen-
y lograr el debate democrático e ilustrado sobre la producción cias líderes de ciencia y tecnología que actúan en la región. En marzo
y utilización del saber científico requiere cambios culturales de fondo , de 2004 se reunió de nuevo esta alianza en Buenos Aires, y es claro que
que comienzan por una preparación de los actores potenciales para el va tomando impulso una iniciativa de prospectiva y la consolidación
ejercicio de la democracia. de un Observatorio. Todavía son pocos los proyectos conjuntos, lo cual
muestra que, en lo relativo a nuevas políticas de ciencia y tecnología, el
GLOBALIZACIÓN y ALIANZAS MULTILATERALES esfuerzo de globalización y consolidación de esta alianza es excelente,
pero aún incipiente.
Al observar "nuevas políticas de ciencia y tecnología", es necesario Hay cincuenta años de políticas de ciencia y tecnología en Améri-
considerar los temas de la globalización y las alianzas multilaterales ca Latina, y muchas de las principales ideas alrededor de esta temática se
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA JosÉ LUIS VILLAVECES CARDOSO
han trabajado en este subcontinente. A pesar de ello, una política esen- moins ele ressources, mais allssi qu'ils sont largement exclus ele la
cial ha sido muy débil: la de crear un espacio latinoamericano de edu- création et des bénéfices eles connaissances scientifiques.
cación superior. Es notoria la necesidad de generar en América Latina
Este es un punto central para las nuevas políticas de ciencia y tecnolo-
un esfuerzo enorme de intercambio de programas, estudiantes, profe-
gía: hay que disminuir la brecha y lograr más equidad en la creación y
sores, becas; de acreditación conjunta de doctorados; etc. Con auspicio
uso de los conocimientos científicos. El tema central para lograr el de-
de la OEA, se organizó en 2001 una reunión en Bogotá para estudiar la
bate democrático es que, si no hay cultura científica, no tiene sentido el
posibilidad de la acreditación conjunta de doctorados. Después de dos
debate. Pero no puede haber cultura científica sin un esfuerzo gigante
días de deliberaciones, se constató que todos los países participantes te-
de popularización de la conciencia científica.
nían sistemas de acreditación muy similares, tanto que no valía la pena Una política de ciencia y tecnología debe involucrar a las univer-
pensar en un mecanismo supranacional de acreditación: bastaba con sidades en la generación de esta conciencia. Pero en la generación en
que cada país reconociera la acreditación dada por otro. Esto muestra la vida cotidiana. Es decÍl~ que todos aprendamos a tomar decisiones
una vez más la tragicomedia latinoamericana: somos muy similares y vigorosas e ilustradas cuando estamos en e! supermercado decidiendo
nos empei1amos en mantenernos diferentes, y luego invertimos grandes qué comprat~ como, por ejemplo, si edulcoramos con sacarosa, fTucto-
esfuerzos en reconstatar que somos similares, pero nos mantenemos sa o aspartamo; si consumimos fTutas "orgánicas", "sin químicos", o
en la diferencia, sin movernos apreciablemente hacia la creación e1el fTutas cultivadas con fertilizantes artificiales. Que podamos decidir si
espacio común. Generamos Organismos Nacionales de Ciencia y Tec- tomamos antibióticos o no, y cuándo. Tanto el público como los mé-
nología (ONCyTs) muy parecidos, generamos INIAs, pusimos en mar:. dicos. Que no nos sigamos manejando con modas. Que entendamos el
cha sistemas similares de evaluación ele los investigadores, hablamos la sentido de comer grasas o lavar con detergentes, sopesando ventajas
misma lengua, o dos lenguas muy vecinas y fácilmente comprensibles y desventajas de disminuir e! esfuerzo al lavar una camisa y contami-
cada una desde la otra, y sin embargo hacemos esfuerzos por creer que nar nuestros ríos gracias a ello. Que tengamos elementos para entender
las políticas nacionales tienen sentido, y ponemos enormes dificultades cuándo es bueno usar e! horno microondas. Que podamos decidir en-
-visas, permisos de trabajo, convalidación de diplomas, etc.- para el tre usar Windows o Linux. Y, por cierto, que los que toman decisiones
intercambio de profesores y estudiantes. Hoy, cuanelo negociamos el importantes en el sector público y privado se acostumbren también a
ALCA o los diversos TLCs, deberíamos estar negociando, antes que el hacer elecciones racionales, fundadas en la información, buscando la
mercado común, el espacio común de la academia latinoamericana. asimilación de! acervo cultural de la humanidad.
No avanzaremos hacia la utilización responsable de los conoci- En esto de asimilar e! acervo cultural de la humanidad, vale la
mientos ni hacia e! debate democrático vigoroso que nos recomienda pena reflexionar un momento sobre el inmenso perjuicio de la difu-
Budapest si no tenemos espacios comunes y generales. Los esf-uerzos sión estilo Discovery Channel o National Geographic. Esta forma de
aislados no llevan lejos. Países pobres generando políticas de ciencia y dif-usión, especialmente en América Latina, genera o ref-uerza la idea
tecnología no pueden sino financiar y producir ciencia pobre. Pobre de de que el conocimiento es algo inútil o alejado, o sólo al alcance de
presupuestos pero, sobre todo, pobre de comunidades científicas; pre- los más poderosos. Se nos presenta como observación voyeurista de
caria en pares; con capacidad de discusión escasa; limitada en la posi- las costumbres sexuales de los mandriles, o como contemplación de
bilidad de generar debates públicos reales que conmuevan a la sociedad lo hecho por quienes vivieron hace 3 mil ai1os, o como resultado de in-
o, al menos, atraigan el interés de los empresarios y los políticos. mensas inversiones en viajes espaciales o en medicina sofisticadísima.
Nada de eso tiene que ver con nosotros, que seguimos nuestra vida de
DEBATE DEMOCRÁTICO VIGOROSO E ILUSTRADO SOBRE LA sociedades autistas, consumidoras pasivas de los productos que enri-
PRODUCCIÓN Y UTILIZACIÓN DEL SABER CIENTÍFICO quecen a otros.
Si se quiere romper la brecha que excluye a la mayoría de las
El mismo documento de la UNESCO que he venido citando sostiene:
poblaciones y a la mayoría de los países de los mecanismos de gene-
Alors que les connaissances scientifiques sont devenues un facteur ración de conocimientos, es necesario comenzar por democratizar e!
essentiel ele la production de richesses, leur répartition est elevenue conocimiento, lo que supone romper con esa imagen aristocratizante
plus inégale. Ce qui distingue les pauvres des riches -cela vaut pour y oligopólica, pero sobre todo alienante, fTente al ciudadano común,
les inelividlls cornme pour les pays- c'est non selllement qll'ils ont que lo deja como alguien alejado del conocimiento y ele la capacidad ele
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JosÉ LUIS VILLAVECES CARDOSO
producirlo, comprenderlo y asimilarlo. Esa imagen que tan bien refuer- ocupan por adaptar la ciencia y la tecnología a las necesidades de la
zan la escuela, la academia y los medios. Una buena política de cien- sociedad representada por sus gobernantes. Waxman lo ~'esume de otr~
cia y tecnología debe ser una política vigorosa de democratización del manera, diciendo que la Administración Bush toma prImero las deCI-
conocimiento; de la conciencia científica; de la capacidad de razonm~ siones de política, y luego busca científicos que respalden su punto de
observar, medir, ensaym~ argumentar; preguntar, admirarse y tomar las vista. Ese es el otro filo del cuchillo de la adaptación.
decisiones que afectan nuestras vidas individuales y sociales con base En Colombia, como es bien sabido, la adaptación de la ciencia y
en el conocimiento. la tecnología a las necesidades de la sociedad no ha llegado al mismo
punto que en EE.UU. Sin embargo, en los Planes Oficiales. de Desar:..
LA ADAPTACIÓN DE LA CIENCIA Y LA TECNOLOGÍA A LAS rollo se ha hecho todo tipo de declaraciones sobre la neceSIdad de tal
NECESIDADES DE LA SOCIEDAD adaptación. En general, como los planes son redactados en las ~ficinas
de Planeación Nacional, pobladas principalmente por economIstas, la
Entre los nuevos y los perennes temas de la política de la ciencia y la ciencia y la tecnología aparecen al servicio de la e~~nomía, un po~o
tecnología, está el que expresa la UNESCO en su reciente informe de como en la Edad Media se veía a la· filosofía al serVICIO de la teologla,
seguimiento: "In seeking to reinforce the momentum of UNESCO's ac- cuando había más teólogos que economistas en las Oficinas de Planea-
tion in science and technology policy, the Organizaticm's Medium-Term ción Real. Sin embargo, cuando se mira el desarrollo de esta idea, tanto
Strategy for 2002-2007 highlighted the adaptation of science and techo. en el texto de los planes como en su ejecución, se ve que es tomada en
nology policy to societal needs as one ol the major means of achieving forma muy elemental e ingenua. Para comenzm~ se utiliza demasiado ~l
Strategic Objective 6". modelo lineal, en su versión de economista: hay una oferta de conOCI-
Es uno de los temas que más fácilmente despierta consenso este miento hecha por unas universidades e institutos de investigación que
de adaptar la ciencia y la tecnología a las necesidades de la sociedad, si deberían pensar en generar productos adaptados a sus consumidores,
bien la discusión puede ser eterna sobre cuáles son esas "necesidades y hay unos consumidores que irían a adquirir esos. productos cl~ando
de la sociedad". De hecho, lo que queremos plantear aquí es que ese salgan al mercado, si los encuentran adecuados. SI no los adqUIeren,
buen deseo es en realidad un cuchillo de doble filo. Para ilustrar lo que es porque los productores no generan conocimientos adecuados y es
afirmamos, basta recordar los ejemplos de Stalin y Lysenko buscando enteramente culpa de ellos. Por lo tanto, está enteramente a cargo de
adaptar la investigación a las necesidades de la sociedad del socialismo los productores la adaptación de sus productos de conocimiento a l~s
soviético, o a Hitler y los genetistas alemanes buscando adaptar la in- "necesidades del país", yel gobierno se limita a ser un espectador paSI-
vestigación a las necesidades de la sociedad aria y la construcción de! vo o, en el mejor caso; un financiador benevolente, que en general sólo
Übermensch. Pero, para no buscar ejemplos tan lejanos, ya que esta- participa generando mecanismos de crédito para. l~~ productor~~.
mos hablando de políticas nuevas, hacemos referencia a un fTagmento Por otro lado, se espera y se exige la apanClOn de unos Impac-
de la página 323 de la edición de Science del 16 de julio de 2004, en don- tos", es decir, unos efectos importantes en la economía y el bienest~r
de Andrew Lawler y Jocelyn Kaiser hacen un resumen del informe de la social, que cierren en muy pocos años las brechas de pobre.za y deSI-
Union of Con cerned Scientists (UCS). La UCS se preocupa por la forma gualdad, y se afirma que todo eso es posible mostrando el eJemplO. de
en que la Administración Bush busca que la investigación se adapte a los tigres asiáticos, cuya sola mención, sin análisis de sus tr~y~cton~s,
las necesidades de la sociedad norteamericana que él preside, distorsio- debería ser suficiente para generar competitividad y productIVIdad, Sll1
nando los resultados sobre una nueva píldora contraceptiva y poniendo perder el tiempo en investigación básica, generación de c~~lpetenci~s
en peligro a los salmones del noroeste de la costa pacífica. La respuesta fl.ll1damentales, construcción de infTaestructura, acumUlaCIOJ1 de capI-
oficial, se nos dice, fue negar esa injerencia. Pero el 30 de julio de 2004, tal humano y capital social para la construcción del conocimiento, etc.
en la página 593 de Science, se cita al congresista Vern Ehlers, antiguo Se pide a los productores de conocimiento más o menos lo que se le
profesor de Física, que durante un debate con el representante Henry pediría a un genio recién salido de la botella.
Waxman afirmó que no tiene nada de malo mezclar la política con la
ciencia y que es importante preguntar a quien va a intervenir en un
DE LA INGENUIDAD A LA POLÍTICA
comité científico por quién votó, para estar seguro de tener a un amigo
cuando se vayan a discutir temas como el uso de células embriónicas Todo lo anterior no nos permite aclarar bien cómo son las nuevas políti-
en la investigación. Nuevas políticas de ciencia y tecnología que se pre- cas de ciencia y tecnología, pero tal vez sí nos da elementos sobre lo que
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deberían incluir tales políticas, además de los que ya hemos destacado marchar en CÍrculos en e! bosque si no se miden con cuidado el ángulo
en las recomendaciones de Budapest o en las contenidas en el VI Pro- de avance y la distancia recorrida.
grama Marco de la Unión Europea.
El esfuerzo de medir y normalizar la medida fue uno de los ele-
Especialmente, hay que hacer una labor educativa de fondo. Pre- mentos centrales de la Revolución Francesa, que, además de la demo-
para~' a l~ gente para ser ciudadanos de la sociedad del conocimiento. cracia en su forma contemporánea y los ideales de libertad, igualdad y
Ello Imphca un esfuerzo grande que debe reclamarse a las universida- fTaternidad, nos legó e! Sistema Métrico Decimal, sin e! cual no podría
des par~ llenar de cultura científica a los ciudadanos, de tal manera haberse construido e! mundo moderno. Lo esencial no es e! sistema
que e:1~Iendan que las decisiones de su vida cotidiana, laboral y de- particular~ sino saber exactamente a qué nos referimos cuando decimos
mocratIca pueden verse favorecidas por el uso de la información y el algo. Cómo manejamos estándares de calidad, pertinencia, compromi-
ace~\lo cultural que llamamos ciencia; que desmitifiquen este aCel\lO y so social o responsabilidad ética es algo que debemos aclarae No puede
entIendan q~: es algo que puede vincularse con su día a día; que vean una política de ciencia y tecnología continuar sólo con buenos consejos;
que l~ relacIO~ puede ser de dos direcciones. El ciudadano corriente debe ser capaz de medir y verificar si se avanza hacia ella y a qué costo.
debe mte~\le~Ir en el debate vigoroso y democrático sobre la creación Dicho de otra manera, no puede haber responsabilidad sin rendición de
del co.nocI~Iento y debe ser capaz de aprovechar e! conocimiento para cuentas, y no puede haber rendición de cuentas sin medición objetiva,
tomar deCISIOnes acertadas en su vida diaria, ya sea ciudadano corrien- es decir, consensual.
te, empresario innovador o dirigente público. Algo se ha avanzado en las mediciones fundamentales. Los ma-
La misión de la universidad, por lo tanto, ya no puede limitarse nuales de Frascati, Canberra y Oslo y la versión latinoamericana de este
a fon:n ar h~mbres y mujeres libres entre sus estudiantes, sino hombres último, conocida como Manual de Bogotá, nos permiten ver hoy que
y mUJeres. lIbres en toda la sociedad. Pero también, y sobre todo, ciuda- sí hemos avanzado en la capacidad de medir la formación de gentes,
danos y CIUdadanas responsables en toda la sociedad, en el sentido del la publicación de artículos, la búsqueda de metas de inversión. Esta
uso. responsable del conocimiento que nos recomienda la UNESCO, es capacidad nos permite colocar mojones deseables, como el porcentaje
decl1~ la toma responsable de decisiones en la sociedad de! conocimien- de Producto Interno Bruto que se debe invertir o e! de personas que
t~. E~ tarea de la universidad. y debería estar incluida en la política de deben trabajar en ciencia y tecnología. La crítica que puede hacerse
CIenCIa y.tecnología la generación de una cultura científica entre los a estos manuales es que no son suficientes. No basta con publicar en
empre~anos y los administradores públicos, que, entre otras cosas, hoy revistas indexadas para haber resuelto los problemas de la sociedad,
no la tIenen porque son los egresados de nuestra universidad de ayel~ y esto es cierto. No basta con que el pediatra constate que la niña o el
que no los formó en ella. niño están creciendo satisfactoriamente para asegurar que serán bue-
. . También, y no puede dejarse esto de lado, una política nueva de nos ciudadanos, pero es indispensable medh~ pues, si se retarda su cre-
cI:nCIa y tecnología debe preocuparse por lograr mejorar mucho la en- cimiento, puede ser signo de que tienen algún problema fisiológico que
sen~nza de las ciencias en los niveles básicos de la educación. No tiene les dificultará más e! ejercicio de su ciudadanía, y al que es mejor poner
sentId~ ha~lar de sociedad del conocimiento sin un esfuerzo enorme de atención pronto.
alfabetIzacIón f1.ll1cional en ciencias de todos los ciudadanos. El miedo Para ir más allá, hay que crear indicadores de lo que el anglicis-
a las matemáticas, el avasallamiento ante la química, la vulnerabilidad mo corriente ha dado en llamar el "impacto" de la ciencia y la tecnolo-
gía o la tecnociencia, es dech~ la medida de los efectos amplios, en la so-
~nte las ~:odas, colocan al individuo en situación de minoría de edad e
ciedad, del quehacer tecnocientífico y el trabajo sobre e! conocimiento.
mdefensIOn y, claro está, no puede construirse sobre ellas una sociedad
que aproveche la tecnología para su mejor vivir. En este campo no hay manuales establecidos y es necesario participar~
El punto más importante que debe contener una política de cien-
. . Es imp~rtanle también entender que una nueva política de cien-
cia y tecnología es el que se refiere a la construcción de un sistema, no
c~a y te~nologIa no puede funcionar sin medir constantemente su fun-
de ciencia y tecnología, sino un sistema para que la sociedad pueda usar
cIOnamI~n.to y progreso. Nos da miedo medh~ y parece f1.ll1cionalista
el conocimiento. Esto se ha olvidado con fTecuencia y es indispensable
y meCal1lCIsta, pero no hay que olvidar que no podemos avanzar si no
incluirlo de manera f1.ll1damental en una política nueva de ciencia y tec-
s~bemos hacia dónde y no nos damos cuenta de cuánto avanzamos. Es nología. No se trata sólo de la gestión para la transferencia. La idea de la
CIerto que se hace camino al andar~ pero se hace camino si se tiene un
"transferencia" mantiene un regusto del modelo lineal. Es gestión para
norte, y de eso se trata la política. Sin embargo, se corre el riesgo de la construcción de redes tecnoeconómicas de incorporación del conoci-
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UNIVEHSlDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
JosÉ LUIS VILLAVECES CAHDOSO
miento en la sociedad. Michel Callon lo ilustra con un ejemplo sencillo: política en este tema deb~ incluil~ además de los tradicionales. Entre
en una sociedad que no tiene aviación, no se construye el uso de esta sólo estos, está la necesidad de pensar en la democratización del conoci-
trayendo aviones. Se necesitan aeropuertos, claro está, pero también to- miento, su asimilación en la sociedad, la posibilidad de que ciudadanas
rres de control, controladores aéreos, agencias de viajes, pastillas contra y ciudadanos, todos, puedan participar en el debate vigoroso e ilustrado
el mareo, educación para perder el miedo a volar, necesidad de viajar, sobre la producción y uso del conocimiento en la sociedad. Un segundo
promoción turística, depósitos de combustible, talleres de mecánica de elemento es la necesidad de generar una cultura científica e insertarla
aviación, facultades de ingeniería aeronáutica, escuelas de vuelo yem- en la cultura popular por la vía del diálogo, incluyendo en la cultura po-
presas de alimentación aérea, etc. Cuando se construye esta red, la socie- pular la de los industriales y administradores públicos. En tercer lugm~
dad tiene aviación. Algo parecido, que va mucho más allá de la "transfe- está la necesidad de medir cuidadosamente por medio de indicadores
rencia", se requiere en la sociedad. Descubierto un nuevo medicamento, adecuadamente estandarizados Y normalizados, sin lo cual la política
por ejemplo, se necesitan facultades de medicina, visitadores médicos, no tiene sentido. El cuarto elemento sería la necesidad de generar una
farmacias, etc. No sólo enfermos con la enfGrmedad correspondiente. ética de la responsabilidad entre los investigadores Y trabajadores del
conocimiento. Por último, el quinto sería la necesidad de impulsar un
Así, la política de ciencia y tecnología no puede limitarse a la ciencia
amplio proyecto educativo para lograr la alfabetización funcional en
y la tecnología. Para que la Triple Hélice se mueva, se requiere la cons-
trucción de redes, en las cuales la política tiene un papel fundamental. Se ciencias básicas.
requieren redes tecnoeconómicas, como recomienda Callon, pero también
redes políticas y tliples hélices políticas en las que intervengan el Estado, COLOFÓN
los industriales y los académicos, pero sobre todo los ciudadanos. Viene a mi memoria el Fedón de Platón. El diálogo se desarrolla en la
cárcel. la noche anterior a la muerte de Sócrates. En un momento llega
LAS UNIVERSIDADES EN EL TRÁFAGO Xantipa, su esposa, quien le pregunta qué está haciendo, qué es ese com-
portamiento (ethos), cómo descuida a sus hijos Ysu hogar (oikos). Platón
Todo 10 planteado aquí lleva a la conclusión de que la universidad debe- la muestra como una mujer desagradable y f-uera de tono por ir con esas
ría tener un papel en una política de ciencia y tecnología que la saque preocupaciones en un momento tan trascendental. Hoy sabemos que ~s
de su supuesto encierro y la introduzca en el tráfago de la vida corrien- indispensable preocuparnos por 10 ético (ethos) y por nuestro hogar (01-
te. Esto replantea un viejo problema para una nueva política. ¿Debe la kos), es decir, por las consecuencias ecológicas y económicas de nuestra
universidad aislarse de las presiones externas y reivindicar su autono- búsqueda de La Verdad, o de las modestas verdades que buscamos con
mía? ¿Puede ejercer influencia sobre el exterior sin que el exterior la nuestra ciencia y tecnología. Que la búsqueda trascendental de Sócrates
influencie a su vez? no puede emprenderse sin tener en cuenta las preguntas domésticas de
Cuando la universidad se ha mezclado en los tráfagos externos, Xantipa. Allí sí hay algo nuevo para las políticas de ciencia y tecnología,
ha pagado precios grandes. Baste con recordar todo el impacto doloro- y nos llevó veinticinco siglos darnos cuenta.
so que tuvo en la universidad latinoamericana su involucramiento en la
política después del grito de Córdoba.
¿Qué impacto tendría en ella su involucramiento con el desarro-
llo empresarial y tecnológico de la sociedad, que parece inevitable? Si
pagó tan alto precio por su esfuerzo en el siglo :xx por la democratiza-
ción de la sociedad, ¿qué le espera si asume la tarea de democratización
del conocimiento promovida por UNESCO y comentada aquí? En cual-
quier caso, debe asumir esta tarea con menos fervor y más racionalidad
que como lo hiciera con las tareas que fijó la Universidad de Córdoba.
CONCLUSIONES
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FIDEL CASTRO DÍAZ-BALART*
Educación
El establecimiento de un amplio programa educacional y el surgimien-
to de un verdadero desarrollo científico en Cuba emanan de una deci-
sión política que se remonta a 1959, que dio como resultado profundas
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA FIDEL CASTRO DíAZ-BALART
transformaciones en las esferas de la educación, la ciencia y la cultura. Hoy Cuba posee 64 centros de educación superior -53 univer-
Como consecuencia directa de ello, surgieron diversos programas e ins- sidades y 11 facultades independientes- con una matrícula de 300 mil
tituciones científicas y educacionales que abarcaban un amplio espec- estudiantes y 82 programas curriculares. Existen más de 23.651 profe-
tro de la ciencia y la tecnología modernas, cuyos logros han beneficiado sores -el 28% de los cuales posee la categoría de Doctor en Ciencias- y
a amplios sectores de la población cubana. programas curriculares en 28 especialidades. La actual universaliza-
En 1958 sólo había tres universidades públicas -una de ellas, la ción de la educación superiOl~ que ahora se expande más allá de los
Universidad de La Habana, fundada en 1782- con una matrícula total predios universitarios hacia todos los municipios del país, es el mayor
de 15.609 estudiantes. reto que se ha enfrentado desde 1959. Ello implica la creación de 400
A mediados de la década de 1950, la población cubana ascendía filiales universitarias municipales en todo el país, donde cerca de 150
aproximadamente a 6 millones de habitantes. Un millón era analfabe- mil estudiantes se beneficiarán con 42 programas curriculares.
to. El 56% de los niños asistía a la escuela primaria, y solamente el 28% Actualmente, más de 700 mil personas -el 6,3% de la población
entre las edades de 13 a 19 años continuaba sus estudios en el nivel total- poseen nivel universitario. Miles de estudiantes de otros países
secundario. Unos 17.400 llegaban a ser graduados universitarios, y sólo del Sur también se han beneficiado de estos programas durante varios
el 3% de ellos eran mujeres. años -16.951 graduados, 123 de los cuales poseen el grado de Doctor
En 1961 se llevó a cabo una campaña nacional con el objetivo de en Ciencias. En estos momentos, como un aporte de Cuba al desarrollo
erradicar todos los índices de analfabetismo y semi-analfabetismo que de la salud pública en el Tercer Mundo, en la Escuela Latinoamericana
existían en el país, condición esta que afectaba a más del 30% de la po- de Ciencias Médicas hay alrededor de 7 mil estudiantes de medicina de
blación. Dicha campaña fue complementada por otra de seguimiento diferentes países de América Latina, África y América del Norte.
destinada a hacer que los recién alfabetizados alcanzaran el sexto grado En relación con la investigación y el desarrollo y su incorporación
y, después, el noveno. Un elevado porcentaje de los que participaron a la educación superiOl~ teniendo en cuenta las experiencias pasadas,
alcanzó posteriormente niveles superiores. El presupuesto destinado a y mediante el uso de las modernas tecnologías de la información y las
la educación se ha incrementado 22 veces con respecto al año 1958. comunicaciones (TICs), los expertos cubanos han desarrollado métodos
Estas obras nos permitieron establecer los siguientes principios modernos y software educativos para la erradicación del analfabetismo,
básicos de la educación en Cuba: que ya se están aplicando en países de América Latina, como Venezuela,
- Igualdad de oportunidades y posibilidades de educación gratui- y en algunos países africanos. Por su parte, Cuba le ofreció a UNESCO la
ta para todos los ciudadanos, sin importar origen social, edad, posibilidad de disponer gratuitamente de estos programas.
sexo, raza, religión o lugar de residencia. En cuanto a la creación de capacidades educacionales, un ejem-
plo merece ser mencionado: las tecnologías de la información y las te-
- El estudio-trabajo, que vincula la teoría con la práctica, la escue- lecomunicaciones.
la con la vida, la educación con la producción. El carácter interdisciplinmio de las tecnologías de la información
- Participación de toda la sociedad en las tareas de la educación, hace que sea particularmente difícil determinar sus orígenes en Cuba.
reconociendo a la sociedad como una gran escuela. Sin embargo, en abril de 1970, el Centro de Investigaciones Digitales,
adscripto a la Universidad de La Habana, y creado poco antes, fue ca-
Se puede afirmar que las universidades cubanas se convierten cada vez paz de producir la primera microcomputadora nacional, conocida como
más en centros de investigación. Más del 50% de todo el trabajo de in- CID-201 -en aquel entonces, contraparte de la PDF-11 estadounidense.
vestigación y desarrollo en Cuba es realizado en las universidades y A partir del curso académico 1970-1971, se comenzó a dictar
sus centros de investigación, el 77% del claustro universitario participa la especialidad de Cibernética en la Universidad de La Habana. Entre
activamente en los proyectos nacionales y locales, y el 42% de los es- 1988 y 1989, la carrera de Computación comenzó a ser ofertada por las
tudiantes de pregrado de años superiores participan en actividades de universidades de Villa Clara y Oriente. Las carreras de Automatización
investigación científicas extracurriculares. y Telecomunicaciones, entre otras, se añadieron al prospecto. Durante
El 10% de todos los estudiantes matriculados en cursos de pre- el curso académico 2002-2003, un nuevo centro de educación superior
grado pertenecen al movimiento de estudiantes de alto rendimiento y abrió sus puertas: la Universidad de las Ciencias Informáticas, que se
participan en trabajos investigativos de alta prioridad. enorgullece de contar actualmente con un total de 4 mil estudiantes,
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA FIDEL CASTRO DÍAZ- BALART
y se espera que sea un pilar en la formación de estos especialistas en La introducción ,de las innovaciones tecnológicas y la adaptación
nuestro país. de las tecnologías transferidas también han beneficiado a otros sectores
Desde 1970 hasta el presente, 2.366 alumnos se han graduado de de la industria:
la especialidad de Ciencias de la Computación, anteriormente conocida - En 1992, sin tener ninguna experiencia previa, Cuba pudo introdu-
como Cibernética. En el mismo período, 2.589 estudiantes se han gra- cir el servicio de telefonía celular con la colaboración de México.
duado en la especialidad de Ingeniería de la Información. Hoy existe un nuevo proveedor, que utiliza la tecnología GSM.
En el caso de la enseñanza técnica de nivel medio, la matrícula
del actual curso escolar asciende a 30 mil estudiantes. - Varios equipos de alta tecnología, diseñados y producidos en
Con respecto a los esfuerzos que hace Cuba en el campo de la Cuba, incluidos la tomografía por Resonancia Magnética Nuclear
educación primaria, los estudiantes de todos los grados tienen a su dis- (RMN), instrumentos especializados para el mapeo del cerebro y
equipos de ultrasonido con aplicaciones médicas, son utilizados
posición computadoras y redes de computadoras en todo el país.
en el Sistema Nacional de Salud en Cuba y exportados a muchos
Para tener una idea de la magnitud de este esfuerzo, a pesar del
países en todo el mundo.
bloqueo económico impuesto a Cuba desde el exterior, recientemente
condenado en las Naciones Unidas por 178 países, y que obliga al país CIENCIA: EL DESARROLLO DE LA BIOTECNOLOGíA
a erogar una mayor cantidad de dinero en las compras que efectúa en
lugares mucho más lejanos, con muchas limitaciones, se compraron Antes de abordar nuestro principal ejemplo de creación de capacidades
científicas para el logro del desarrollo económico, la biotecnología y la
46.290 computadoras, equipadas con multimedia e impresoras, que
industria farmacéutica, permítanme destacar que en el año 2002 Cuba
fueron distribuidas en todas las escuelas primarias y secundarias, in-
invirtió aproximadamente el 1% de su PIB en actividades directamente
cluidas todas las escuelas rurales. Esta última tarea requirió la instala-
relacionadas con la ciencia y la tecnología. En Cuba existe un total de
ción de paneles solares en 2.368 escuelas primarias, secundarias, poli-
218 instituciones dedicadas a la ciencia y la tecnología, de las cuales
técnicos y otras instituciones de educación superior en todo el país.
118 cuentan con centros de investigación. Más de 31.400 personas tra-
Antes de abordar el tema de la biotecnología, permítanme hacer bajan en institutos especializados en la esfera de la investigación y el
una breve referencia al impacto que han tenido la ciencia y la tecnolo- desarrollo. La cifTa total de trabajadores vinculados a las esferas de la
gía en otras ramas de la industria. Cuba ha atravesado varios modelos ciencia y la tecnología asciende a más de 64 mil, de los cuales el 52%
organizativos de políticas científicas, incluida la creación, a mediados son mujeres. De la población económicamente activa del país, 13,4%0
de la década del noventa, de un sistema nacional para las innovaciones trabajan en el sector de la ciencia y la tecnología, cifTa comparable con
científicas y tecnológicas. Además, ha revitalizado las tecnologías na- algunos países desarrollados de Europa.
cionales, adaptando la ciencia y la tecnología importadas. Al analizar el campo de la genética y la biotecnología, es necesario
Esta práctica f'ue especialmente importante en la adaptación de recordar el equipo de científicos cubanos que en 1981 fueron capaces
las plantas eléctricas del país, un proceso que le permitió a Cuba, du- de producir (obtener) el interferón alfa leucocitario. El hecho de que
rante 2003, generar cerca del 95% de su electricidad utilizando el crudo este equipo haya podido producir lo que sólo unos pocos países desa-
nacional. Las prospecciones petrolíferas en alta mar, que se llevan a n-ollados habían logrado antes condujo a la idea de que la biotecnología
cabo con la colaboración de compañías extranjeras en profundidades podía representar una línea estratégica en el desarrollo científico para
que exceden los 2.000 m -una actividad que desempeña un papel im- un país pequeño, desprovisto de recursos naturales.
portante en la asimilación de las altas tecnologías y su inserción en la Para lograr el objetivo de crear un sector de la biotecnología que
nueva economía-, constituyen una esfera en la cual Cuba tenía muy tuviese un impacto en la economía cubana, los conceptos que a conti-
poca experiencia en el pasado. nuación se relacionan resultaron ser de gran utilidad.
También quisiéramos mencionar los resultados obtenidos en la - Organizaciones en circuito cerrado. Las instituciones más impor-
industria del níquel. Mediante la modernización de la tecnología y las tantes fueron estructuradas en organizaciones de investigación,
técnicas de gestión, y con el uso intensivo de la ciencia y la técnica, esta producción y comercialización, en las cuales todo el ciclo, desde
industria obtuvo un récord productivo de 80 mil toneladas en el año el dinero invertido en la investigación, el desarrollo y la produc-
2002, lo cual la convierte en el cuarto mayor productor a nivel mundial. ción, hasta la recuperación de las inversiones en el mercado, se
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U l~l V tl":>lU/\U tllN v tl~Tll.jAClUN CIENTIFICA
FIDEL CASTRO DÍAz-BALART
subordinó a la misma gerencia y al mismo nivel de responsabili- cursos humanos. Cuenta con un personal permanente compuesto por
dad. Esta estrategia reforzó el compromiso de los científicos con 425 empleados y cubr~ un área de 15.354 m 2 • Su misión es utilizar y
el destino final en la práctica del conocimiento que ellos produ- desarrollar la biología molecular con el fin de estudiar diversos tipos
cían, creó un impulso encaminado a la concentración de todos de cáncer y desarrollar vacunas contra esta enfermedad y anticuerpos
los esfuerzos y permitió viabilidad económica al sector durante monoclonales. Como parte de su misión, el CIM cuenta con un grupo
el período de contracción económica de la década de 1990. de biofísicos teóricos que modelan antígenos y receptores celulares que
- Organizaciones orientadas hacia la exportación. En países pe- están relacionados con enfermedades específicas y con el cáncer, lo cual
queños como Cuba, el mercado interno no es lo suficientemente constituye el objeto de su investigación. Asimismo, posee un vasto co-
grande como para atraer las inversiones en investigación y el in- nocimiento y trabaja con modernas bases de datos y técnicas bioinfor-
cremento de la producción necesarios para que los esf-uerzos en máticas, con las cuales se pueden llevar a cabo varias tareas, incluido el
la esfera de la biotecnología sean rentables. De modo que el de- modelaje matemático de la regulación dinámica del sistema inmune.
san"ollo de los productos se efectuó con miras al mercado global. Por su parte, en el Instituto de Investigación Carlos J. Finlay exis-
Además, esta estrategia creó una fuerza motriz capaz de mejorar ten dos líneas de producción para vacunas humanas, una gran opera-
los niveles de calidad. ción que involucra a más de 900 empleados a tiempo completo. Sus
objetivos son la im(estigación y el desarrollo de nuevas vacunas contra
- Propiedad intelectual. Aunque este es un tema polémico, todo es- el meningococo tipos B y C, la vacuna trivalente contra la leptospirosis
fuerzo por desarrollar productos altamente innovadores para los y nuevas versiones para las vacunas regulares contra el tifus, el tétanos
mercados más importantes necesita estar protegido por patentes. y las vacunas combinadas. El uso de estas vacunas en humanos, uno
El esfuerzo por crear una plataforma de la propiedad intelectual de los objetivos del Instituto Finlay, ha dado como resultado mayores
cobró un mayor auge tras la entrada de Cuba en la OMC en 1995. niveles de regulación, tanto a nivel nacional como internacional.
Actualmente, las principales organizaciones de la biotecnología En la actualidad, la vacuna antimeningocóccica tipo B, desarro-
en Cuba son propietarias de más de 600 patentes registradas en llada con el uso de tecnología nacional, se vende en América Latina
el exteriOl~ Esto también se corresponde con la decisión de no -principalmente en Brasil- en el orden de las 10 millones de dosis. Las
limitarse a los productos biotecnológicos "me-too" o "biogené- vacunas contra la hepatitis B y el dengue se encuentran en proceso de
ricos", sino de aumentar la competitividad en el campo de los investigación y desarrollo.
productos innovadores. Sin embargo, esta estrategia exigía una En el año 2002, el Instituto Finlay le concedió a la Glaxo Smith
estrecha relación entre la investigación, incluida la investigación Kline los derechos para producir la vacuna antimeningocóccica cubana
básica, y la estrategia industrial. La existencia de esta plataforma para territorios específicos, incluidos los Estados Unidos. El Instituto
de propiedad intelectual nos permite en estos momentos aspirar está trabajando con dicha compañía para desarrollar una nueva versión
a una justa recompensa por nuestras inversiones a través de las de su vacuna antimeningocóccica tipo B.
negociaciones con compañías de países industrializados. Por último, el Centro de Ingeniería Genética y Biotecnología
(CIGB) tiene un amplio mandato, el de aplicar la biología molecular,
Cuba ha desarrollado una gran infraestructura para la industria bio-
incluidas las técnicas de ADN recombinante y otras, a los seres huma-
tecnológica, cuya génesis fue la creación en 1965 del Centro Nacional
nos, la protección de la salud animal y la agricultura (biotecnología
de Investigaciones Científicas (CNIC), que devino en generador de múl-
agrícola), a fin de poder aislar, reproducir y manipular fragmentos ge-
tiples avances en la ciencia cubana y centro formador de destacados
néticos. Por este motivo, el CIGB cuenta con instalaciones muy moder-
líderes científicos en el campo de la biomedicina.
nas que pueden caracterizar las propiedades fisicas de las moléculas y
La principal zona de desarrollo, que agrupa a más de 42 institu-
materiales a granel. Estas instalaciones incluyen la espectrometría de
ciones científicas de investigación, producción y comercialización, es
masa iónica, la microscopía electrónica de alta resolución y los secuen-
el llamado Polo Científico del Oeste de La Habana,similar a un parque ciadores de ADN.
tecnológico. Permítanme brindar una informacióh. general acerca de
El CIGB cuenta con un personal permanente de 1.245 emplea-
los tres centros más modernos y mejor conocidos a nivel mundial.
dos. Consta de dos edificios principales donde se encuentran las instala-
El Centro de Inmunología Molecular (CIM) es una moderna ciones dedicadas a la investigación, el desarrollo y el control de calidad,
organización, tanto en términos de su equipamiento como de sus re- una planta de producción y dos instalaciones para animales. Cuenta
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
FIDEL CASTRO DÍAZ-BALART
además con un laboratorio de bioseguridad nivel 3 (BSL-3) que'opera a - De los diez prod1-1ctos biotecnológicos para uso humano más am-
un nivel de BSL-2 y trabaja en las vacunas contra el VIH y el dengue. pliamente comercializados a nivel internacional, ocho son produ-
La instalación de producción del CIGB posee una elevada cali- cidos en Cuba. Además de los ya mencionados, se encuentran en
dad, yen dos ocasiones ha sido certificada por la Organización Mundial estos momentos en fase de prueba los interferones Alfa y Gamma
de la Salud como aceptable para producir y suministrar vacunas con- recombinante, el factor estimulador de colonias de granulocitos
tra la hepatitis B según los requerimientos de Naciones Unidas y otras y el factor de crecimiento interleukina 2.
organizaciones de salud. Su próxima meta será cumplir las normas de
- Se reportan avances en los medicamentos para la cura del cáncer
la organización norteamericana para el control de los medicamentos
y diferentes tipos de anemia, así como en la investigación y el
-Federal Drugs Administration (FDA)- con vistas a producir fármacos
desarrollo de vacunas contra la hepatitis C, la leptospirosis y el
para los mercados del Primer Mundo.
dengue, con resultados alentadores.
Es necesario destacar que estas tres instituciones cuentan con
modernas instalaciones de producción que poseen controles y niveles - En noviembre de 2003, el equipo multidisciplinario del
de calidad compatibles con los que existen actualmente en el mundo. Laboratorio de Antígenos Sintéticos de la Facultad de Química
Han instalado un conjunto de terminales -con procesadores provenien- de la Universidad de La Habana, en el cual participan muchos
tes de China y otros países asiáticos"""' que les permiten llevar a cabo científicos del Polo Científico del Oeste de La Habana, desarrolló
cálculos más complicados en el campo de la bioinformática. Un aspec- lo que se conoce como vacuna sintética para uso humano. Las
to f-tmdamental en todos los laboratorios de producción es la impor- pruebas clínicas para la vacuna contra el virus Haemophilus il1-
fluel1Zae resultaron ser exitosas. Varios millones de dosis se pro-
tación de los productos químicos f-undamentales para diversos tipos
dujeron a principios de 2004 con el fin de ser distribuidas de
de fermentación y procesamiento de nutrientes, muchos de los cuales
forma masiva en todo el sistema de salud nacional.
provienen de Estados Unidos. Cuba se ve obligada a encontrar las vías
para obtenerlos, sorteando las restricciones impuestas por dicho país, - En otra de las ramas de la industria farmacéutica, alrededor
a un costo tres o cuatro veces superiOl~ lo cual constituye otro ejemplo de setenta medicamentos cubanos han sido registrados a nivel
de las dificultades impuestas por el bloqueo. internacional, y muchos más están en proceso de registro. En
El desarrollo de la biotecnología continúa teniendo una gran Cuba se producen unos 900 medicamentos actualmente, incluida
repercusión en la esfera de la salud pública, lo cual ha dado como re- una amplia variedad de medicamentos naturales, tales como la
sultado la producción de un número impresionante de productos nue- Melagenina, utilizada para la cura del leucoderma; el Vimang,
vos, incluida la vacuna recombinante contra la hepatitis B; el PPG, un elaborado a partir de los extractos del mango y utilizado como
medicamento hipocolesterolémico; la estreptoquinasa recombinante, antioxidante, analgésico y antiinflamatorio; y la Espirulina, utili-
zada para aliviar el estrés extremo.
utilizada en el tratamiento de los ataques cardíacos; un factor de creci-
miento epidérmico recombinante, utilizado para casos de quemaduras Debemos señalar que Cuba posee un sistema de salud que aplica esta
severas; los componentes de un kit diagnóstico para la detección preci- nueva generación de fármacos a su población. Actualmente, cuenta con
sa de las cepas del virus del VIH; y los anticuerpos monoclonales, utili- 67 mil médicos, uno por cada 165 habitantes, la más baja proporción en
zados para diagnósticos, por ejemplo de hepatitis C, yel tratamiento de todo el mundo, y una tasa de mortalidad infantil de 6,5%0 nacidos vivos.
diversas enfermedades.
Cuba es uno de los pocos países -sólo antecedido por Estados BIOTECNOLOGÍA AGRÍCOLA
Unidos, Francia, Suiza, Inglaterra y Japón- que trabaja en la creación
A continuación, presentamos unos breves comentarios en relación con
de un candidato vacunal para la prevención del SIDA. Los niveles de de-
las aplicaciones de la biotecnología agrícola, un campo muy importan-
san"ollo alcanzados por la industria de las ciencias de la salud en Cuba
te y promisorio.
concitan admiración, y contribuyen al bienestar del mundo entero.
La biotecnología agrícola se desarrolla en el contexto de la agri-
Para tener una idea de los avances alcanzados por Cuba en esta indus- cultura sostenible y los sistemas de producción intensiva, y se aplica
tria de alta tecnología, con efectos significativos en el nivel de prestigio en los centros biotecnológicos de todo el país. Además del complejo
de la salud pública cubana, baste destacar lo siguiente. biotecnológico de La Habana, existen los siguientes centros:
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UNIVERSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA FIDEL CASTRO DÍAz-BALART
- Centro de Biotecnología de las Plantas, Universidad de Las Villas, total de más de 60 millones de vitroplantas por año. Estas tecno-
Santa Clara. Se encarga de la micropropagación masiva de espe- logías desempeftaron un papel fundamental en la introducción
cies vegetales y la producción de plantas resistentes a las plagas acelerada de nuevas variedades de cultivo cuando la agricultura
mediante la ingeniería genética. Las especies con las cuales se cubana se vio afectada por plagas devastadoras, por ejemplo, en
trabaja son la papa, la caña de azúcar; el café, la [ruta bomba y la caña de azúcar y el plátano.
especies arbóreas.
- Bioproductos. Productos biológicos para la agricultura. Se apli-
- Centro de Ingeniería Genética y Biotecnología de Sancti Spíritus. can enfoques que contribuyen a la protección del medio ambien··
Se ocupa de la investigación, el desarrollo y la producción de me- te para combatir las plagas y las enfermedades que afectan a la
dios de diagnóstico basados en anticuerpos monoclonales. Sus agricultura. Se le ha prestado una gran atención al desarrollo de
resultados son aplicables a la salud hlÍmana, la veterinaria y los nuevos bioproductos, así como al mejoramiento de los produc-
cuidados fitosanitarios. Produce, mediante ingeniería genética, tos ya existentes. En estos momentos se encuentran en fase de
plantas resistentes a las plagas y las enfermedades, y utiliza las investigación y desarrollo tres líneas diferentes de bioproductos:
plantas como biorreactores. los biofungicidas, los bioinsecticidas y bionematocidas, y los bio-
- Centro de Bioplantas, Universidad de Ciego de Ávila, Ciego de fertilizantes.
Ávila. Lleva a cabo la micropropagación masiva de especies ve- - Plantas transgénicas. Mejoramiento genético. Las principales
getales. Mediante la técnica de la ingeniería genética, obtiene líneas de desarrollo están relacionadas con el uso de la ingenie-
plantas resistentes a las plagas. Las principales especies con las ría genética para la introducción de los genes responsables de la
cuales trabaja son la piña, la caña de azúcar y los cítricos. resistencia de las plantas contra las plagas y las enfermedades.
- Centro de Ingeniería Genética y Biotecnología de Camagüey. Otros campos incluyen la modificación de los aspectos relacio-
Produce, mediante la técnica de la ingeniería genética, plantas nados con la calidad industrial.
de boniato resistentes a los insectos. También produce en gran - Uso de plantas para la obtención de fármacos. Actualmente se
escala vacunas veterinarias recombinantes, así como bioproduc- encuentra en fase final de investigación un proyecto avanzado
tos para la agricultura. para la expresión de un anticuerpo para uso industrial. Otras in-
En el caso de la biotecnología de las plantas, los principales campos en vestigaciones se encuentran en curso en estos momentos, enca-
los que actualmente existe actividad de investigación y desan"ollo son los minadas a la expresión en plantas de varias moléculas para uso
siguientes: la micropropagación de plantas; los bioproductos de nueva farmacéutico y veterinario.
generación; los diagnósticos avanzados de enfermedades, basados en la
BIOTECNOLOGfA ANIMAL
inmunodetección y la biología molecular; la transgénesis de las plantas
para incrementar su resistencia a las plagas, las enfermedades, la salini- - Mejoras en la salud animal. Se han desarrollado varios medios
dad, etc.; las plantas con una mayor calidad nutricional; la genómica de diagnósticos para enfermedades establecidas o cuarentenadas,
las plantas; las plantas como biorreactores; la producción de anticuerpos cuyo uso ha sido amplio. En estos momentos se aplican las va-
terapéuticos y vacunas en plantas transgénicas.
cunas obtenidas mediante las tecnologías tradicionales. En la
Los principales logros relacionados con la biotecnología agrícola agricultura cubana se está aplicando en gran escala una vacuna
en Cuba pueden ser agrupados en dos categorías.
recombinante contra la garrapata del ganado, con lo cual se ha
reducido significativamente el uso de baños químicos para con-
LA BIOTECNOLOGfA DE LAS PLANTAS
trolar esta plaga, así como la infección y mortalidad causadas
por los hemoparásitos.
- La micropropagación de plantas. Propagación masiva in vitro de
cultivos agrícolas y plantas ornamentales, desarrollo de procedi- - Manipulación reproductiva. El uso de modernas tecnologías re-
mientos para la propagación clonal de especies de importancia productivas que contribuyan al mejoramiento y la consistencia
económica e instalación de 15 biofábricas con una capacidad genéticas se aplica ampliamente. Se investigan tecnologías para
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UNIVEHSIDAD E INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
FIDEL CASTRO DÍAz-BALART
I
HUGO ABOITES *
que afectará a todos, y cuya solución proporcionaría ventajas a todos. UNIVERSIDAD y MAQUILADORA EN LA
En relación con la experiencia cubana, como ya ha sido mostra-
do en la presentación, consideramos importante subrayar lo siguiente.
FRONTERA MÉXICO- ESTADOS UNIDOS:
Una base muy importante para el uso de la ciencia y la tecnolo- '"
EL EXPERIMENTO DE LA EDUCACION
gía en el desarrollo de la economía nacional fue la posibilidad de dis-
poner de un gran número de trabajadores con una sólida educación '" '
SUPERIOR EN LA INTEGRACION
mínima, capaces de aprender con rapidez las nuevas tareas y participar
activamente en ellas junto a los científicos, los tecnólogos y los técnicos, ECONÓMICA DEL LIBRE COMERCIO**
e, incluso, ser creativos en su trabajo.
En cuanto a la creación de capacidades, Cuba ha fomentado
una serie de instituciones educativas' e investigativas de excelencia
que han dado un gran impulso a las ciencias básicas y la tecnología
en varios sectores.
El país ha desarrollado una masa crítica de científicos y técni-
cos, que son los recursos humanos fundamentales capaces de asimi-
lar los últimos conocimientos, siendo el Complejo Biotecnológico un
ejemplo de esto.
Finalmente, como bien se puede apreciar, Cuba, privada de la LA INDUSTRIA MAQUILAD ORA consiste de plantas extranjeras de en-
posibilidad de importar lo más novedoso que existe en el mundo de la samble de mano de obra intensiva de origen sobre todo estadouniden-
ciencia y la tecnología, se ha visto obligada a modernizar su infraestruc- se, que, en un número cercano a las 2 mil, se localizan en la fr~ntera
tura tecnológica y seguir sus propias líneas de desan-ollo, basando sus entre México y Estados Unidos. Se concentran sobre todo en ClUd~d
esfuerzos en su principal y único recurso, el potencial humano. Ha sido Juárez y Tijuana (1.336 plantas en ambos lugares) y emplean a m~s
un esfuerzo decidido y constante, y hay muchos resultados positivos que de un millón de operarios, la gran mayoría mujeres jóvenes del medIO
mostrar en el campo de las tecnologías tradicionales y modernas. rural, que generan una producción con un valor de 18 mil millones de
En realidad, es innegable -y al propio tiempo estimulante- que el dólares (La Jornada, 2003: 19).
desarrollo de la ciencia y la tecnología en Cuba, componente esencial de Esta industria comienza a surgir sobre todo en los años setenta y se
la cultura de su sociedad y resultado de su trabajo perseverante, haya te- consolida en los ochenta. Con la llegada del Tratado de Libre Comercio de
nido como base fundamental una idea central de José Martí, relacionada América del Norte (TLCAN), lo que era un fenómeno confinado a la fTonte-
con el desarrollo de la humanidad: "ser cultos para ser libres". ra comienza a convertirse en una estrategia nacional de industrialización.
El ex presidente Salinas señalaba, defendiendo su administración, que la
propagación de la maquiladora a todo el país era uno de los más importan-
tes logros del Tratado de Libre Comercio que él había impulsado.
El TLCAN hizo más rentable que los empleos se movieran hacia
el interior del país. Con la apertura económica, las El-onteras, en parti-
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VI" v.:m"lUllU e lNVC1:iTlliACIUN CIENTIFICA HUGO ABOITES
Así, al comienzo de los años setenta, todos los programas de es- nivel. Si anteriormente la industria mexicana ya requería poco trabajo
tudio de las instituciones hacían referencia a las circunstancias locales. de ciencia y tecnología, la maquiladora requiere aún menos.
Tijuana, por ejemplo, es una ciudad que está a la cabeza de una enor- La presencia de la maquiladora se explica básicamente por el inte-
me península con más de 1.000 km de costa marítima. Ambas, Ciudad rés en que una gran masa de trabajadores realice de la manera más rápida
Juárez y Tijuana, son zonas agropecuarias importantes y tienen una y eficiente operaciones de mano de obra intensiva, desde la clasificación
economía local que responde a su condición de fTontera. De allí que de cupones, hasta el ensamblado, la soldadura, la inserción de microchips,
los programas de estudios de licenciatura fueran: Oceanólogía, Medici- la impresión especializada, el ensamble con microscopio (Hualde Alfaro,
na Bilingüe, Agronomía, Veterinaria, especialización de maestros, So- 2001: 142). De ahí que, pese a los denodados esfuerzos de las instituciones
ciología, Economía, Derecho, Administración Pública, etc. (ANUIES, educativas por vincularse con esta industlia, esta en general permanece
1970). Treinta ai'íos más tarde, esos programas todavía se mantienen, relativamente distante, como un proceso industlial autocontenido que no
pero rodeados de una verdadera nube de can~eras de licenciatura con necesita una interacción integral y amplia con el conocimiento superior
clara dedicación a la maquiladora. En Tijuana, por ejemplo, de 53 pro- local. Hasta ahora, la vinculación consiste plincipalmente en la coordina-
gramas de licenciatura en 2001, 26 están claramente orientados a la ción para bolsas de trabajo y la realización de prácticas.
maquiladora8 , y se refieren en gran parte a la computación. En Tijuana, La mayoría de los trabajadores de la maquiladora (81 % son ope-
por ejemplo, tres de las principales instituciones de educación superior rarios en línea) no requiere siquiera educación básica para desan"ollar su
(Universidad Autónoma de Baja California, Instituto Tecnológico de Ti- trabajo, y la proporción de técnicos y profesionales contratados no mues-
juana y Centro de Enseñanza Técnica y SuperiOl~ este último privado) tra dinamismo alguno de crecimiento entre 1989 y 1998. Incluso ha dis-
ya aparecen en 1990 con trece programas de licenciatura que simple- minuido de 11,8% a 10,5% en ese período (Hualde Alfaro, 2001: 89). Si se
mente son versiones variadas de Informática y Electrónica (por ejem- considera a los ingenieros por separado, la proporción es de 4% en Tijuana
plo, Licenciatura en Informática, Sistemas Computacionales, Sistemas y 5% en Ciudad Juárez (Hualde Alfara, 2001: 91). Lo significativo de estas
Computacionales Administrativos, Informática Corporativa, etc., cada proporciones es que "un aumento sustancial de ambos tipos de empleo se-
una, sin embargo, con apenas cientos de alumnos). Pero no hay inicia- ría revelador de un cambio cualitativo importante en el tipo de trabajo que
tivas de programas de estudio o de grandes centros de investigación y se realiza en las plantas" y, sin embargo, como es evidente, este no ocurre.
difusión que muestren un interés por la problemática más amplia que Esto significa "que los cambios tecnológicos y organizativos se producen
comienza a caracterizar a estas regiones.
sin variaciones importantes en la estructura ele la calificación en el em-
pleo" (Hualele Alfaro, 2001: 89). Es dech~ las importantes transformaciones
INDUSTRIA MAQUILADORA
tecnológicas que ocurren en los noventa y que se aplican a los productos
Por su parte, la industria maquiladora trae a México un paquete de electrónicos, por ejemplo, no repercuten en Ciudad Juárez y Tijuana en un
tecnología industrial básicamente cerrado, y que prácticamente no re- aumento en la proporción de personal especializado o con una calificación
quiere procesos de innovación y cambio generados a partir de una in- más elevada. Los procesos de innovación y cambio se realizan en otra par-
teracción con la estructura de conocimiento local. Hace caso omiso de te, en el país de origen, no en la planta maquiladora. Ni siquiera la escola-
los escasos centros de investigación que allí existen. En la gran mayoría ridad es, para la maquila, un elemento de primera importancia a la hora de
de los casos, la maquiladora es simplemente un tramo muy discreto seleccionar trabajadores. De hecho, criterios tales como experiencia previa
de un proceso de producción bastante más amplio, que [-ue concebido, y disciplina en el lugar de trabajo son más relevantes para la contratación.
diseñado y organizado desde un nicho científico, tecnológico y cultural y esto se aplica no sólo para la selección de operarios de línea, también
situado en otro país 9 • En consecuencia, la maquiladora tampoco tiende para los técnicos y aun para los puestos que corresponden a los egresados
a generar centros de investigación y, por tanto, las instituciones no tie- de la educación superior (Hualde Alfaro, 2001: 192).
nen la presión de formar científicos, investigadores y profesores de alto
MODELO EDUCATIVO DE LA MAQUILADORA: SUS RASGOS PRINCIPALES
8 Las restantes carreras que no existían en los años setenta son pl-ogmmas como Optome- La interacción entre la maquila y las instituciones de educación media
tría, Nutrición, Psicología, Litemtura, Turismo, Diseño, Biología, Entrenamiento Depol' superior y superior en el contexto [Tonterizo ha generado lo que aquí
livo, etcétem.
llamamos el modelo educativo de la maquiladora. Sus rasgos más des-
9 La mayoría de las maquiladoras son estadounidenses y, en menor medida, japonesas. tacados son los siguientes.
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V", v .cn"lU/'U '" ll'1 V mfHliACION CIENTIFICA
HUGO ABOITES
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HUGO ABOITES
rivada de una evaluación que no hizo la misma escuela que 10 formó, Operadores y técnicos medios superior (CONALEP, .~.~!.I.~t ......L..................................................
...........................;... :.....................................................................................
··'Ed·~~·~~¡Ú·Bá~¡ca ¡ 40
sino otros académicos y profesionales (Gago Huguet, 1997: 5), Técnicos baslCos y obreros
A una educación como capacitación corresponde, entonces, una evalua- Fuente: elaboración propia en base a Reséndiz (1998: 3).
ción de la capacitación. Así, la evaluación que contribuye a hacer a la
educación compatible con la maquiladora se define no pOr su contribu-
ción a la calidad de la educación en el país, sino por su contribución a
proy~cto edu::tl~~ p:~: ~an:s~~iación Nacional de Universidades
. - ' de libre comercio y maquiladoras
la formación de mano de obra técnica. No es casualidad que, de los 14 Un
millones de exámenes que ha aplicado el CENEVAL, siete millones hayan
tenido lugar precisamente en el CONALEP (CENEVAL, 2003: 114-115), :sI~:';;t~:i~~~S';¡e :du~aci6n Supedor (ANUlES). Esta ~~g~niza~i~~~
ue reúne a la gran mayoría de los rectores de umverSI a . ~s pu _
CONCLUSIÓN: LAS PERSPECTIVAS q . da
cas y prIva de sMe'XI',
co presentó su proyecto de educacIOn supe
t de
. l
nor para e Slg' lo XXI , en él establece claramente'que
y b su pun
' oy la
De esta manera, detrás de los llamados de funcionarios mexicanos, referencia es la multiplicación de los acuerdos de h re comercIO. l'
como el del secretario del Trabajo -"el país necesita técnicos, no filóso- ampliación de la maquiladora. Así, se pone como meta que, pm a a
fos"-, se encuentra un proyecto que está transformando radicalmente primera mitad del siglo XXI,
la educación media superior y superior (incluyendo la educación bá-
las instituciones de educación superior [hayan] establecido alianzas
sica) y creando un proyecto de país que se finca, de manera impor-
estratégicas con las empresas de la región dentro de un ~squeIT~a no
tante, en la esperanza del desarrollo que pueda ofTecer la "inversión
productiva extranjera" -frase que muchas veces es un eufemismo de solamente trilateral entre México, Canadá y Estados Umd~s, SI~Ot
la maquiladora. . 1 americano yen relación con la Unión Europea y los paIses. e a
nlve , dI'
cuenca e pacI'filC o , toda vez que [exista] en el continente amencano
Así, desde 1998, se ha planteado por parte de la Subsecretaría
una zona de libre comercio (ANUlES, 2000: 26),
de Educación Superior que el futuro de la Población Económicamente
Activa (PEA) del país debe ser algo semejante a lo que presenta el si- Es decir da por h ec I10 que el ALCA será, <aprobado, Asimismo, establece
.
guiente cuadro, en que la gran mayoría de la fuerza de trabajo (hasta ue las 'instituciones de educación superior deben tener com~ punto
un 90%) está constituida, de una forma u otra, por personas con for-
mación técnica,
de reierencia fundamental, no las necesidad~s region~les ~ ~~clOnales,
sino la competencia con otras universidades mternaCIOna es .
Por otro lado, en ese mismo e importante documento, la ma- ra, a todos, todos los horizontes posibles. Hoy, como se ve en México, !a
yoría de los rectores l6 acepta como futuro que la frontera norte esté intención es clara: la educación superior y las escuelas deben convertIr-
más articulada con las economías norteamericana y mundial, y que se se en simples centros de capacitación para el trabaJo. Si esta intención
fortalezca como polo de desarrollo industrial con el establecimiento de deliberada avanza, significará un [Tacaso todavía mayor de nuestros
industrias, principalmente en la rama electrónica y de computación, y sistemas educativos públicos y, sobre todo, de la universidad.
la ampliación de la industria maquiladora (ANUlES, 2000: 26).
Lo más dramático es que, si bkn en su documento los rectores
aceptan todo lo anteriOl~ esto no resolverá los graves problemas del país BIBLIOGRAFíA
y las profundas desigualdades continuarán. Y la razón será que el norte ANUlES-Asociación Nacional de Universidades e Instituciones de
sí estará integrado a Estados Unidos, y el sur no. Educación Superior 1970 La enseiianza superior en México
De esta manera, lo que está ocurriendo en la fTontera norte de (México).
México como resultado de la integración con Estados Unidos clara-
ANUlES 1991 Anuario estadístico. Licenciatura (México).
mente anticipa lo que los líderes gubernamentales y de la educación
superior en México quieren como futuro para México e, implícitamen- ANUlES 2000 La educación superior en el siglo XXI. Líneas estratégicas de
te, para toda Latinoamérica. desarrollo (México).
De ahí que en un contexto como este cobren especial significado ANUIES 2001 A11uario estadístico. Licenciatura (México).
dos corrientes muy fuertes que, en contraposición con este futuro, han Arguelles, A. (coord.) 1997 Competencia laboral y educación basada en
mostrado la capacidad de resistir y señalar que otra educación es posi- /70r11WS de compete/lcia (México: SEP/CONALEP/SUMISA/CNCCL).
ble. Por una parte, los miles de jóvenes que en todo el mundo, junto con Backhoff, E. y Tirado, F. 1993 "Habilidades y conocimiel:tos bá~icos del.
no pocos de sus maestros, se oponen de manera ejemplar a esta globa- estudiante universitario: hacia los estándares naCIonales en ReVIsta
lización devastadora y salvaje. Al hacerlo, también han puesto en crisis de la Educación Superior (México DF) N° 88, octubre-diciembre.
el proyecto de una educación para la maquiladora y el libre comercio. Breach, M. y Villalpando, R. 2004 "Rezago y abandono en Juárez, cel;tl:o
Es un movimiento internacional que los jóvenes llevan a cabo, a pesar de debate de dos candidatos en Chihuahua" en La lomada (Mexlco
de los costos tan altos que implica. Por ejemplo, en Guadalajara, 16 DF) 6 de junio.
jóvenes fueron apresados y torturados por protestar contra la Cumbre CENEVAL-Centro Nacional para la Evaluación de la Educación Superior
de las Américas. Por otra parte, están los indígenas en rebelión que en Informe de resultados 1994,1995,1997,2003 (México).
lugares clave de Latinoamérica han mostrado una vez más la fortaleza Gago Huguet, A. 1997 "Examen general de calidad profesi,o~al, nexo entre
de nuestras culturas milenarias. De allí está surgiendo una nueva resis- universidad y empresa" en Proyección Humana (Mexlco DF)
tencia y también alternativas que reinterpretan los grandes logros de N° 103, marzo.
la historia educativa latinoamericana. Así como la autonomía de los Gobierno del Estado de Baja California Anuario Estadístico del Estado de
estudiantes argentinos que, un siglo más tarde, ha sido retomada por Baja California 1993, 1995, 1997,2001,2002 (INEGI).
los indígenas zapatistas de México para iniciar los trabajos de su propio
Gobierno del Estado de Chihuahua Anuario Estadístico del Estado de
sistema educativo autónomo: un conjunto de escuelas dedicado [-unda- Chihuahua 1993, 1995, 1997,2001,2002 (INEGI).
mentalmente a contribuir con la creación de espacios de conocimiento
González Rodríguez, S. 2002 Huesos en el desierto (Barcelona: Anagrama).
que fortalezcan a sus comunidades y al país entero.
En el pasado, los sistemas educativos de nuestros países les fa- Hualde Alfaro, A. 2001 Aprendizaje industrial en la frontera norte de
llaron a los niños y jóvenes latinoamericanos. No hubo escuela para México. La articulación entre el sistema educativo y el sistema
productivo maquilador (México DF: Plaza y Valdés/EI Colegio de la
todos, ni por todo el tiempo que quisieran. Pero [-ueron, al menos, siste-
mas que seguían conservando la promesa de una educación que abrie- Frontera Norte).
Hualde Alfaro, A. 2004 Hacia una política de articlllación entre los perfiles
educativos y las /7ecesidades del desarrollo regional (Tijuana: El
16 Decimos "la mayoría de los reclOl"es" porque, gracias a la huelga de la UNAM en 1999- Colegio de la Frontera Norte).
2000, el rector de la UNAM no pudo asistir a la reunión donde se aprobó el documento. Ese
mismo día, fue obligado a renunciar por el presidente de la República, para que aIro ,"ector
La lomada 2003 "Maquiladoras, apuesta de México ante el TLCAN, salen
ruera quien solucionara el conflicto. del país rumbo a Asia" (México DF) 24 de diciembre.
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U 1'11 V1:IX:;¡UJ\U I:lINVESTIGACION CIENTÍFICA
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