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Anfíbios

-ORIGEM E EVOLUÇÃO
Os anfíbios foram os primeiros seres vertebrados a conquistar a terra firme, pois
todas as outras formas de vida dependiam do meio aquático para sobrevivência. De
acordo com evidências de fósseis encontrados há 400 milhões de anos (Período
Devoniano), os anfíbios evoluíram a partir dos peixes. Tal constatação revela que nós,
seres humanos, somos descendentes dessas fascinantes criaturas chamadas
anfíbios.

Foram cinco as espécies de peixes (Crossopterygians) que deram origem aos


anfíbios. Essas espécies ainda existem no Brasil, na Austrália e em partes da África.

Inicialmente, os anfíbios eram bastante diferentes de como os conhecemos hoje: a


espécie só adquiriu a forma atual há 250 milhões de anos. O recorde de idade da
existência dos anfíbios é decorrente do registro de pegadas encontradas no sul do
Brasil. O fóssil mais antigo de um anfíbio com a forma atual das rãs (ou sapos),
conhecido como Triadobatrachus, foi encontrado, em excelente estado de
preservação, em Madagascar, em uma decomposição de sedimentos datada do
Período Triásico (220-230 milhões de anos atrás). Para ter uma idéia de como sua
existência é antiga, vale comparar que o homem moderno só surgiu há 100 mil anos e
os hominídeos existiam há, pelo menos, 2 milhões de anos.

.O que são anfíbios, afinal? A palavra anfíbio, de origem grega, significa "vida
dupla", porque esses animais são capazes de viver no ambiente terrestre na
fase adulta, mas dependem da água para a reprodução.

Na evolução da vida no nosso planeta, os anfíbios foram os primeiros


vertebrados a ocupar o ambiente terrestre, embora não efetivamente. Além
de possuírem uma pele muito fina que não protege da desidratação, eles
colocam ovos sem casca, que ficam ressecados se permanecerem fora da
água ou de ambientes úmidos. Assim, esse grupo de animais, não é
independente da água, já que pelo menos uma fase da vida, da maioria dos
anfíbios, acontece na água e eles precisam dela para a reprodução.

-PRINCIPAIS GRUPOS

Das cerca de 3.500 espécies de sapos, rãs e pererecas catalogadas no mundo, mais
de 600 ocorrem no Brasil. De acordo com a forma do corpo, os animais classificados
como os anfíbios estão ordenados da seguinte maneira.

Ápodes
Cecílias

As cecílias são anfíbios, vermiformes, que não têm membros e que vivem enterradas.

Em decorrência, seus olhos são muito pequenos e usam receptores químicos para
detectar suas presas. Podem ser aquáticas ou terrestres, mas todas respiram através
de pulmões.

Alimentam-se de presas alongadas como minhocas, vermes, larvas de insetos e


provavelmente também de peixes pequenos. As cecílias são encontradas em regiões
tropicais. No Brasil existem espécies aquáticas na Amazônia e terrestres por grande
parte do território. São difíceis de encontrar, pois vivem em locais úmidos, enterradas
no solo.

Os machos desse grupo possuem um órgão reprodutor chamado de falodeu, assim a


fecundação nas cecílias é interna.

Algumas espécies de cecílias são ovíparas e outras vivíparas, no caso


das ovíparas as fêmeas cuidam dos ovos até o nascimento.

Anuros

Sapos

Os anuros são um grupo de anfíbios que não possuem cauda e possuem estrutura de
esqueleto adaptada para locomoção aos saltos. A diversidade de anuros é enorme e
este grupo está presente em todos os continentes. Existem anuros adaptados à vida
aquática e terrestre.

Todos são carnívoros, em geral utilizam a visão para a detecção da presa, portanto é
importante que haja movimento. Esses animais possuem uma grande variedade de
estratégias reprodutivas, que vão desde o desenvolvimento direto dos girinos, que
nascem após dez dias, e que depois de uma série de metamorfoses transformam-se
em sapinhos.

O sapo captura suas presas com a língua ágil. Ele fecha os olhos para engolir o
alimento. Atitude que é uma necessidade fisiológica: os grandes olhos são forçados
para cavidade bucal a assim ajudam a empurrar os alimentos para a garganta abaixo.

Os sapos são muito úteis ao homem porque com seu grande apetite comem muitos
vermes, lagartas e insetos nocivos de várias espécies. A parte mais fascinante da
reprodução dos anuros é, entretanto a vocalização do macho para atrair a fêmea.
Cada espécie produz um som diferente originando grande variedade de sons emitidos.
São capazes de emitir também sons de agonia e de defesa de território.

Rãs

As rãs são popularmente conhecidas como anuros. São bastante ligadas à água e
bons nadadores. No Brasil, ocorre apenas uma espécie de rã verdadeira que é
encontrada na Amazônia. Seus membros posteriores são longos e adaptados à
natação e aos saltos.

As rãs "verdadeiras" possuem membranas entre os dedos dos membros


posteriores (como num pé de pato).

Alimentam-se de caramujos, lesmas e insetos, apanhando-os com a língua. O


acasalamento dura 24 horas. A fêmea põe 2.000 ou 3.000 ovos com cerca de 2 mm
de diâmetro.

A carne da rã é bastante apreciada. Existem criadouros para exploração comercial.

Pererecas

A perereca pertence à família das Racoforídeas. Existem cerca de 150 espécies. Sua
pele é mais lisa que as dos sapos. A perereca possui nas extremidades de cada
dedo pequenas almofadas adesivas que servem para se prender aos galhos. Ela
é dotada de membranas elásticas estendidas entre os dedos, que formam uma
espécie de pipa.

Encurvando o tórax e estendendo as pernas, as pererecas podem realizar vôos de


quase 2 metros. Quando vão botar seus ovos, escolhem uma árvore pendente sobre o
pântano, esses ovos depositados nas folhas, são envolvidos por uma substância
pegajosa, muito parecida com claras batidas em neve.

Quando nascem os girinos, fabricam uma substância que os livra desta massa
pegajosa caindo então no pântano e só assim começa sua vida aquática.

As pererecas são comumente encontradas em banheiros de casas de chácaras e


sítios.

Urodelos
Salamandras-de-fogo

As salamandras comuns são chamadas pelo nome científico de Salamandra


terrestris. Habitam regiões arborizadas. Vivem principalmente na Europa e no
norte da África e têm hábitos essencialmente noturnos. Normalmente elas
hibernam.

Elas diferem em tamanho e no jogo de cores das costas. Algumas medem


cerca de 14 a 20 centímetros.

Secretam um veneno que as protege de predadores. Esse veneno é produzido


por glândulas localizadas na parte de traz da cabeça e é muito forte. Um
cachorro que tentar comer uma salamandra pode morrer.
Ao contrário de outros anfíbios, a salamandra comum se acasala em terra
firme. Os machos, que são muito ativos, correm de uma fenda a outra à
procura de fêmeas. Depois da fecundação, os ovos se desenvolvem dentro do
órgão genital da fêmea.

As larvas nascem da fêmea numa corrente de água. Sofrem metamorfose,


tornam-se adultas e perdem a capacidade de viver dentro da água.

FISIOLOGIA:

Respiração
No estágio da vida aquática, quando são larvas, os anfíbios respiram por
brânquias, como os peixes. Quando adultos, vivem em ambiente terrestre e
realizam a respiração pulmonar. Como os seus pulmões são simples e têm
pouca superfície de contato para as trocas gasosas, a respiração pulmonar é
pouco eficiente, sendo importante a respiração cutânea - processo de trocas de
gases com o meio ambiente através da pele.

A pele deve, necessariamente, estar úmida, pois os gases não se difundem em


superfícies secas. As paredes finas das células superficiais da pele permitem a
passagem do oxigênio para o sangue. A pele dos anfíbios é bem
vascularizada, isto é, com muitos vasos sanguíneos.

Nutrição, digestão e excreção


Na fase adulta, que ocorre no ambiente terrestre, os anfíbios são carnívoros.
Alimentam-se de minhocas, insetos, aranhas, e de outros vertebrados.

A língua, em algumas espécies de anfíbios é uma das suas características


adaptativas mais importantes. Os sapos caçam insetos em pleno vôo,
utilizando a língua que é presa na parte da frente da boca e não na parte mais
interna. Quando esticada para fora da boca, a língua desses animais alcança
uma grande distância, além de ser pegajosa, outro fator facilitador na captura
da presa.

Possuem estômago bem desenvolvido, intestino que termina em uma cloaca,


glândulas como fígado e pâncreas. Seu sistema digestório produz substâncias
capazes de digerir a "casca" de insetos.

Os anfíbios fazem a sua excreção através dos rins, e sua urina é abundante e
bem diluída, isto é, há bastante água na urina, em relação às outras
substâncias que a formam.
Circulação
Os anfíbios têm circulação fechada (o sangue circula dentro dos vasos).
Como ocorre mistura de sangue venoso (rico em gás carbônico) e arterial (rico
em oxigênio) a circulação neste grupo de animais é do tipo incompleta. O
coração dos anfíbios é dividido em três cavidades: dois átrios ou aurículas e
um ventrículo.

Reprodução
O lugar para a reprodução dos anfíbios varia entre as espécies. Pode ser uma
poça transitória formada após uma chuva , um rio, lago ou um açude. Há
também os que procriam na terra, desde que seja bem úmida.

O acasalamento da maioria dos anfibios acontece na água. O coaxar do sapo


macho faz parte do ritual "pré-nupcial". A fêmea no seu período fértil, é atraída
pelo parceiro sexual por meio do seu canto e do seu coaxar.

Esse canto varia de acordo com a espécie. A maioria das espécies possuem
dois ou três tipos de cantos diferentes. Além do canto nupcial (que atrai as
parceiras), há os cantos de advertência com os quais o macho defende seu
território da aproximação de outros machos.

A fêmea com o corpo cheio de óvulos é agarrada pelo macho com um forte
"abraço". Esse "abraço" pode levar dias, até que a fêmea lance os seus
gametas (isto é, os seus óvulos) na água. Então o macho também lança os
seus espermatozoides, que fecundam os óvulos, cujo desenvolvimento ocorre
na água.

O sapo, a rã e a perereca realizam fecundação externa. A salamandra e a


cobra-cega realizam fecundação interna.

Nos numerosos ovos protegidos por uma grossa camada de substâncias


gelatinosa, que geralmente se prendem às plantas aquáticas, as células vão se
dividindo e formando embriões. Os ovos fecundados eclodem e as larvas
denominadas girinos, vivem e crescem na água até realizarem a metamorfose
para a vida adulta.

Metamorfose

A metamorfose envolve uma série de transformações e é um processo


bastante lento que transforma o anfíbio jovem (girino) em adulto. Durante esse
processo desaparecem as brânquias e desenvolvem-se os pulmões. E surgem
também as patas no corpo do animal.

Nessa fase, os girinos se alimentam primeiramente da própria gelatina que os


envolve e depois de algas e plantas aquáticas microscópicas.
Reproduzem-se através de ovos moles e sem casca, postos na água ou em
lugares encharcados, dando origem a uma larva e depois a um adulto através
do processo de metamorfose. Existem exceções a essa regra, alguns deles
são vivíparos.

Em geral, não existe cuidado com a prole dentre os anfíbios.

São divididos em três grupos: os sapos, as rãs, as pererecas Anura, as


salamandras Caudata e as cecílias Apoda.

-IMPORTANCIA ECONOMICA

Os anfíbios são itens importantes na cadeia alimentar, sendo consumidos por aves,
répteis, mamíferos e muitos invertebrados, graças a seu tamanho pequeno e poucos
mecanismos de defesa agressiva contra seus predadores. Como predadores, são
importantes reguladores das populações de invertebrados, já que sua dieta é baseada
nestes animais. Assim, consumem presas e evitam que se tornem prejudiciais ao
ecossistema como um todo.

Graças a sua vida ligada à água, são importantes no transporte de nutrientes


(sobretudo fósforo e nitrogênio) entre os ecossistemas aquáticos e terrestres. Estes
elementos químicos citados são transportados pela chuva da terra para água, onde
são utilizados pelas plantas e algas. Estes organismos são consumidos pelos girinos,
que após a metamorfose, se integram ao ambiente terrestre, completando o ciclo.

De um modo geral, os anfíbios podem ser considerados bioindicadores de qualidade


ambiental já que possuem seu ciclo de vida intimamente ligado à água e pele
permeável. Dessa forma, qualquer alteração nas condições de umidade, temperatura,
qualidade de água ou mesmo alterações dos habitats disponíveis para alimentação ou
refúgio, serão sentidas pelos animais. Essas alterações podem provocar doenças,
diminuição das populações ou até extinção de espécies e configura uma das principais
causas diminuição das populações dos anfíbios ao redor do mundo.

A pele dos anfíbios possui uma grande quantidade de glândulas que liberam
secreções para se manter úmida e protegida dos micro-organismos do ambiente.
Nesse sentido, possuem um verdadeiro arsenal químico que pode ser uma grande
fonte de matéria prima para produção de fármacos que ajudem a tratar doenças, servir
com anestésicos, cicatrizantes e compor fórmulas de produtos cosméticos. Essas
substâncias já vêm sendo pesquisadas há anos pela indústria farmacêutica. Por
exemplo, recentemente foi descoberto que na pele da rã Pseudis paradoxa (uma
espécie encontrada no Pantanal Sul-Mato-Grossense) existe uma substância capaz de
ajudar no combate à diabetes. Entre as famílias de maior interesse farmacêutico, está
a Dendrobatidae, que compreende animais pequenos e muito coloridos.

Os anfíbios também foram e ainda são muito utilizados como cobaias de pesquisas
desenvolvidas em anatomia, fisiologia muscular, neurologia e embriologia, esta última
graças ao desenvolvimento dos indivíduos em ovos transparentes. Muito do que se
sabe hoje sobre o hormônio da tireoide, por exemplo, veio de estudos com anfíbios.

Algumas espécies de anfíbios são criadas em cativeiro para alimentação humana. A


carne branca e de sabor semelhante ao peixe ou frango é bastante apreciada em todo
mundo. Os animais consumidos pelos humanos são as rãs, criadas em estruturas
chamadas ranários.

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