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Psiquiatria

Prof. MD Carlos Augusto Brunelli Petri e Prof.ª MD Georgia Maria Viero


Acadêmicos Felipe Spagnolo Martins e Guilherme Brunelli Barcelos

A entrevista psiquiátrica

A entrevista varia em função: O que evitar?

 Do paciente: personalidade;  Posturas rígidas,


estado mental e emocional estereotipadas.
 Contexto institucional:  Atitude excessivamente
pronto-socorro; enfermaria; neutra/fria.
ambulatório; CAPS  Reações exageradamente
 Objetivos da entrevista: emotivas.
diagnóstico; vínculo;  Comentários
psicoterapia; tratamento valorativos/julgamentos.
farmacológico  Reações emocionais intensas
 Personalidade do de pena/compaixão.
entrevistador: alguns falam  Responder com hostilidade
mais e são extrovertidos ou agressão
enquanto outros falam pouco.  Entrevistas proxilas.
 Fazer muitas anotações

Importante lembrar:

 O profissional ao entrar em contato com cada novo paciente deve preparar seu
espírito para encarar o desafio de conhecer essa pessoa. Paciência é fundamental.
 A entrevista inicial é considerada um momento crucial no diagnóstico e tratamento.
Os primeiros três minutos da entrevista são extremamente significativos pois devem
produzir no paciente uma sensação de confiança e esperança em relação ao alívio do
sofrimento
 As três regras de ouro são:
1. Pacientes organizados com inteligência normal (não psicóticos)  entrevista
aberta com entrevistador falando pouco.
2. Pacientes desorganizados com nível intelectual baixo ou psicóticos  entrevista
mais estruturada buscando respostas como sim ou não.
3. Pacientes tímidos, ansiosos ou paranoides  Começar com perguntas neutras
(nome, idade, profissão, etc.) avançando gradativamente com perguntas mais
emotivas (qual o seu problema? Por que está aqui?
Aspecto global do paciente:

 Descrever o aspecto global do paciente expresso pelo corpo e postura corporal, pela
indumentária (roupas, calçados, etc.), pelos acessórios (piercing, brincos, colar, etc.)
e detalhes (maquiagem, perfume, odores, etc.), porém sem precipitações ou
inferências indevidas.
 Aspectos físicos e psíquicos por meio da aparência e atitude global:
1. Postura geral: ativa ou passiva
2. Roupas e acessórios segundo os quadros clínicos: anorexia nervosa, demência,
depressão, esquizofrenia, histeria, mania, personalidade borderline, TOC e
personalidade obsessiva.
3. Atitudes globais: afetada, arrogante, amaneirada, confusa, deprimida,
desconfiada, desinibida, dissimuladora, dramática, evasiva, esquiva, excitada,
expansiva, gliscróide, hostil, indiferente, inibida, irônica, queixosa, querelante,
manipuladora, não-cooperante, negativista, perplexa, reivindicativa, sedutora,
simuladora, submissa.
4. Aspecto corporal: rosto, olhos e olhar, cabelos, pelos faciais e unhas, dentes, odor,
roupas, movimentos e gestos, corpo (global).

Apresentação e entrevista:

 É sempre conveniente o profissional apresentar-se no início da entrevista explicando


quando necessário a razão da entrevista.
 Providenciar um local com o mínimo de privacidade e conforto para a entrevista.
 A entrevista e o tratamento ocorrerão com sigilo e discrição. O sigilo poderá ser
rompido no caso de ideias, planos ou atos auto ou heterodestrutivos.
 Utilizar linguagem e vocabulário compatíveis com o nível intelectual do paciente.
 Na primeira entrevista o profissional deve inicialmente colher os dados
sociodemográficos e após solicitar que o paciente relate de forma livre a queixa base
que o traz à consulta não significando uma postura totalmente passiva.
 O profissional deve lembrar que o paciente pode usar mecanismos defensivos como
riso, silêncio, perguntas inadequadas ou comentários circunstanciais devendo o
profissional lidar com tais manobras e esclarecendo que o entrevistador não é o tema
da entrevista.
 É importante evitar nos primeiros encontros silêncios e pausas muito prolongadas a
fim de se evitar o aumento de ansiedade do paciente e usar perguntas do tipo: “Como
foi isso? /Explique melhor isto” ao invés de “Por quê? /Qual a causa?”.
 O entrevistador se interessa tanto pelos sintomas objetivos como pela vivência
subjetiva atento as reações do paciente realizando parte do exame psíquico e
avaliação do estado mental atual durante a anamnese.
 A avaliação psiquiátrica deve ter uma dimensão longitudinal (temporal) e transversal
(atual) da vida do paciente.
 Mesmo realizando a entrevista aberta o profissional deve ter a estrutura da entrevista
em sua mente.
Anamnese, exame psíquico, exames somáticos e exames complementares:

 A entrevista inicial: dados sociodemográficos, queixa principal, história da queixa


atual, antecedentes mórbidos somáticos e psíquicos, hábitos, uso de substâncias,
avaliação das interações sociais e familiares do paciente, etc.
 O exame psíquico: é o exame do estado mental onde se avalia nível de consciência,
atenção, orientação, memória, inteligência, linguagem (transtornos psico-orgânicos);
afetividade, vontade, psicomotricidade, personalidade (transtornos afetivos,
neuróticos, personalidade); sensopercepção, pensamento, juízo da realidade,
vivência do eu (transtornos psicóticos).
 Exame físico geral e neurológico: deve ser detalhado a partir das hipóteses
diagnósticas. É conveniente que todos pacientes, mesmos os psiquiátricos, passem
por uma avaliação somática geral e neurológica devendo esta ser completa e
detalhada quando há suspeita de distúrbio neurológico ou neuropsiquiátrico.
 Exames complementares: testes de personalidade e cognição, laboratoriais,
neuroimagem (RM e TC) e neurofisiológicos (EEG).

Sentimentos e confiabilidade do paciente e do profissional quanto aos dados e entrevista:

1. Transferência: Sentimentos que o profissional desperta no paciente (paternidade).


2. Contratransferência: Sentimentos que o paciente desperta no profissional (filhos,
sobrinhos, avôs).
3. Dissimulação: Esconder ou negar voluntariamente a presença de sinais e sintomas
psicopatológicos.
4. Simulação: Tentativa do paciente de criar e apresentar voluntariamente um sintoma,
sinal ou vivência.

 O profissional aprende prontamente que os dados obtidos em uma entrevista podem


estar subestimados ou superestimados.

 Quando houver dados fornecidos por um informante (familiar ou próximo) o


entrevistador tem de ter em mente o subjetivismo das informações prestadas uma
vez que a pessoa próxima tem uma visão tendenciosa (a sua visão) do caso e não a
visão do entrevistador.

Crítica do paciente e insight:

 Parte dos pacientes apesar de apresentar sintomas graves que comprometem suas
vidas não os reconhece como tal.
 O insight é composto por:
1. Consciência da doença
2. Modo de nomear ou renomear os sintomas
3. Adesão a tratamentos propostos.
 Bipolares em quadro maníaco, dependentes químicos, retardo menta ou demência
apresentam graves prejuízos quanto ao insight.
Relato de caso por escrito:

 Deve conter as próprias palavras que o paciente e informante usaram ao descrever os


sintomas mais relevantes.
 Deve-se evitar terminologia tecnicista.
 Evitar interpretação precoce dos dados.
 Deve ser organizado e coerente.
 Devem fornecer uma compreensão suficientemente ampla da personalidade do
paciente, da dinâmica de sua família e de seu meio sociocultural imediato.
 A história clínica deve ser redigida com uma linguagem simples, precisa e
compreensível.
 O relato deve ser pormenorizado, porém não prolixo detalhando aquilo que é
essencial e sendo conciso no que é secundário.

REFERÊNCIAS:
1. Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2ª
Ed. Artmed, 2008.

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