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Porto, 2007
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A Singularidade da Intervenção do
Treinador como a sua
III
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Agradecimentos
Ao meu primo Joca e aos meus amigos José, Madalena e Sara pelo
contributo efectivo para a realização deste trabalho numa altura em que o
tempo escasseava.
Aos meus pais e irmã pela simples razão de os quatro sermos um só!
Nenhum de nós se reduz a si próprio!
À Gabi por estar sempre presente, por acreditar em mim, por partilhar
comigo todo este caminho com um sorriso terno e encorajador! Sem ti nada
seria igual…
V
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Índice Geral
Dedicatória III
Agradecimentos V
Índice Geral VII
Índice de Figuras X
Índice de Anexos XI
Resumo XIII
Abstract XV
Résumé XVII
1. Introdução 1
2. Revisão da Literatura 7
2.1. Existência de um Modelo de Jogo como condição
7
impreterível para dele se ter consciência …
2.2. … constituindo-se a prática como princípio e fim da sua
10
transmissão …
2.3. … que vai condicionar a espontaneidade decisional do “aqui
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e agora” …
2.4. … com permanente subordinação aos Princípios de Jogo
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como “objectos mentais” …
2.5. … que passam a fazer parte da memória de modo a serem
24
evocados sempre que necessário …
2.6. … para haver a manifestação de um padrão de
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comportamento regular que se pretende eficaz …
2.7. …graças à evolução individual de cada jogador sustentada
34
em referenciais eminentemente colectivos…
2.8. … que vai permitir a eclosão da desordem desequilibradora
37
sustentada numa ordem implícita…
2.9. … determinada previamente pelo treino 42
3. Material e métodos 49
3.1. Caracterização da Amostra 49
3.2. Metodologia de Investigação 49
VII
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3.3. Recolha de Dados 50
4. Análise e discussão dos resultados 51
4.1. A Especificidade da repetição sistemática dos Princípios de
51
Jogo…
4.1.1. …necessita de um profundo conhecimento do
51
Modelo de Jogo…
4.1.2. …e está na interacção dos princípios da alternância
horizontal, da progressão complexa e das propensões 52
devidamente contextualizados
4.2. A mesma abordagem com diferente grau de complexidade
como fulcro do processo de assimilação dos Princípios de 55
Jogo…
4.2.1. …que nunca esgotam a sua riqueza impedindo o
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uso do conceito de “manutenção do princípio de jogo”
4.3. A focalização no comportamento que se pretende treinar
58
advém da configuração do exercício…
4.3.1. …e de uma intervenção do treinador centrada
60
precisamente nesses aspectos.
4.4. A auto-hetero-superação está no limiar entre sucesso e
61
insucesso…
4.4.1. …e depende em grande medida da intervenção
62
adequada do Treinador
4.5. A antecipação permitida pela existência de uma lógica de
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resolução dos problemas
4.6. A desmontagem do jogo referenciada ao plano macro como
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chave do plano micro…
4.6.1. …o que implica uma fractalidade no plano
67
transversal…
4.6.2. …e uma fractalidade em profundidade… 68
4.6.3. …geridas por um tipo de intervenção anti-
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determinista
4.7. A qualidade individual apenas pode ser manifestada
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quando está subjugada a algo hierarquicamente superior…
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4.7.1. …havendo que actuar sobre o(s) jogador(es) em
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causa…
4.7.2. …e simultaneamente sobre o Modelo de Jogo,
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reajustando-o sem perda do Padrão Global
4.8. A criatividade Específica como um desvio treinado, previsto
80
internamente e enriquecedor…
4.8.1. …apenas possibilitada por uma intervenção
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amplamente competente por parte do treinador
4.9. A preponderância da prática na aquisição de hábitos
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enquanto “capacidade organizante”…
4.9.1. …que deve estar associada a uma identificação
87
teórica consciente dos comportamentos a manifestar…
4.9.1.1. …possibilitada por uma transmissão verbal e
88
pelo uso de imagens
4.10. A necessidade de uma SUPRA-ESPECIFICIDADE face à
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escassez de tempo para treinar quando se está a top
5. Conclusões 93
6. Referências Bibliográficas 97
7. Anexos 103
IX
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Índice de Figuras
X
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Índice de Anexos
XI
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Resumo
Considerando que o processo de treino é único e que deve ter em vista o
jogo que se procura, este deverá então, ter por base o Modelo de Jogo
consubstanciado num conjunto de princípios de acção que servirão de
referência à condução do processo e que permitirão alcançar o objectivo de
organização da equipa.
As decisões dos jogadores devem ter como base determinados princípios
que constituirão, no seu conjunto, a lógica interna de funcionamento da equipa.
Para que isto aconteça tem que se treinar tendo como principal prioridade a
aquisição de hábitos referentes a uma determinada forma de jogar futebol, que
no nosso entender e de acordo com a pesquisa efectuada é mormente
facilitado e promovido pela Periodização Táctica. À consecução deste objectivo
não é alheia uma intervenção competente e adequada do treinador ao longo do
processo pois permite um direccionamento mais concreto e eficaz.
Para perceber melhor as entrelinhas destas questões definimos os
seguintes objectivos: descrever os mecanismos inerentes ao processo de
cumprimento dos princípios de jogo; indagar acerca das formas de perspectivar
este processo por parte dos treinadores no que se refere à sua intervenção
específica; possibilitar uma maximização da transferência dos conteúdos
essenciais do treino para o jogo.
De forma a atingir estes objectivos entrevistamos três treinadores de
Futebol, a Professora Marisa Gomes, o Mestre José Guilherme Oliveira e o
Professor Rui Faria.
Na análise e discussão dos resultados foram tidas em conta as
entrevistas bem como a revisão bibliográfica efectuada sendo possível no final
extrair algumas conclusões das quais se destacam: a necessidade de uma
perfeita congruência entre aquilo que o treinador idealiza e o modo como
sistematiza e operacionaliza isso; a relevância de uma intervenção competente
do treinador que permita um permanente acréscimo de Especificidade no
treino; a necessidade de construir uma lógica comum de resolução dos
problemas que permita a antecipação da decisão por parte dos colegas; a
promoção da criatividade inscrita numa matriz comportamental Específica; a
imprescindibilidade de dominar bem os objectivos referentes ao plano macro
para a partir daí actuar sobre o plano micro; a premência de condicionar a
evolução individual a referenciais colectivos e o auxílio que a identificação
teórica com o padrão comportamental tem na prática.
Palavras-chave: FUTEBOL, TREINO, PRINCÍPIOS DE JOGO,
INTERVENÇÃO e INTER(ACÇÃO).
XIII
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Abstract
Considering that the training process is unique and must keep in mind the
pursuited game, it should have as base the Game Model consubstantiated in a
group of principles of action that will serve as reference for the conduction of the
process and will allow us to reach the objective of the team organization.
The players decisions should have as base certain principles that will
constitute, as a whole, the internal logic of the teams functioning. For this to
happen the trainings principal aim has to be the acquisition of habits necessary
to a certain way of playing football that, in our point of view, and according to
the conducted research, is mainly facilitated and promoted by the Tactical
Periodization. In the way of achieving this objective the coach’s competence
and proper intervention during the process is not lost in thought, because it
allows a more concrete and effective conduction.
To read between the lines of these questions we defined the following
objectives: describe the mechanisms inherent to the following of the game
principles; to enquire the coaches about their perspective of the process,
referring to their specific intervention; optimise the transference of the essential
content of the training to the game.
In order to achieve these objectives three Football coaches were
interviewed, the Professor Marisa Gomes, the Master José Guilherme Oliveira e
the Professor Rui Faria.
In the analysis and discussion of the results the interviews were taken into
account as well as the bibliographic revision effectuated allowing us to extract,
in the end, some conclusions among which we stand out: the necessity of a
perfect congruence between the things that the coach idealizes and the way he
systematises and operates it; the relevance of a competent intervention of the
coach that allows a permanent raise of the training Specificity; the need to
construct a common logic of problem resolution that allows an anticipated
decision on the part of the colleagues; the creativity promotion inscribed in a
Specific behavioural matrix; the necessity to well dominate the objectives
referring the macro plan in order to act on the micro plan; the urgency to
regulate the individual evolution regarding collective referentials and the
assistance that the theorical identification with the behavioural padron has in
practice.
Key Words: FOOTBALL, TRAINING, GAME PRINCIPLES,
INTERVENTION and INTER(ACCTIONS).
XV
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Résumé
Considérant que le processus d'entraînement est unique et qu'il doit avoir en
vue le jeu qui se cherche, celui-ci devra alors, avoir par base le Modèle de Jeu
consolidé dans un ensemble de principes d'action qui serviront de référence à la
conduction du processus et permettront d'atteindre l'objectif de l’organisation de
l'équipe.
Les décisions des joueurs doivent avoir comme base déterminés principes
qui constitueront, dans leur ensemble, la logique interne de fonctionnement de
l'équipe. Pour que ceci arrive a il faut s’ entraîner ayant comme principale priorité
l'acquisition d'habitudes afférentes à une certaine forme de jouer football, qui à
nôtre avis et conformément à la recherche effectuée ceci est facilité et promu par la
Périodisation Tactique. Comme consequence de cet objectif une intervention
compétente et ajustée de l'entraîneur au long du processus n'est pas écarter,
permetant un direccionement plus concret et efficace.
Pour percevoir mieux les entrelignes de ces questions nous avons défini les
suivants objectifs: décrire les mécanismes inhérents au processus
d'accomplissement des principes de jeu; enquêter concernant les formes de mettre
en perspective ce processus de la part des entraîneurs en ce qui concerne son
intervention spécifique; rendre possible une maximisation du transfert des contenus
essentiels de l'entraînement pour le jeu.
De manière à atteindre ces objectifs nous avons interviewé trois entraîneurs
de Football, la Professeur Marisa Gomes, le Maître José Guilherme Oliveira et le
Professeur Rui Faria.
Dans l'analyse et la discussion des résultats ont été tenues en compte les
entrevues ainsi que la révision bibliographique effectuée à fin d´être possible
êxtraire quelques conclusions desquelles ils se détachent: la nécessité d'une
parfaite congruence entre ce qui l'entraîneur idéalise et la manière comme il
systématise et opére cela; l'importance d'une intervention compétente de
l'entraîneur qui permet une permanente addition de Spécificité dans l'entraînement;
la nécessité de construire une logique commune de résolution des problèmes qui
permette l'anticipation de la décision de la part des collègues; la promotion de la
créativité inscrite dans une matrice comportemental spécifique; l’extreme
importance de dominer bien les objectifs afférents au champ macro pour à partir de
là agir sur le champ micron; l'urgence de conditionner l'évolution individuelle à des
référentiels collectifs et l'aide que l'identification théorique avec la norme
comportementale a dans la pratique.
Mots-clés: FOOTBALL, ENTRAÎNEMENT, PRINCIPES DE JEU,
INTERVENTION et INTER (ACTION).
XVII
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Introdução
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1. Introdução
Williamas e Hodges (2004, p. 637) referem que nos últimos anos têm
sido levadas a cabo inúmeras pesquisas com o objectivo de se identificar os
factores mais importantes que levam a bons desempenhos no desporto.
Lembram que a importância das ciências do desporto é apreciada por todos
aqueles que estão envolvidos em equipas profissionais e que a grande maioria
dos trabalhos nesta área é pertença dos fisiologistas do exercício sendo que
disciplinas como a psicologia desportiva ou a aprendizagem motora são
relegadas para segundo plano no que à produção científica diz respeito. Estes
autores chegam mesmo a dizer que “o futebol adoptou as ciências biológicas
com muito maior entusiasmo que o revelado no interesse da compreensão do
comportamento ou das ciências sociais.”
Da mesma forma que fazem a constatação destes factos, Williams e
Hodges (2004, p. 637) encontram explicações para eles: “É muito mais fácil
avaliar a efectividade de um programa de condição física do que monitorizar
intervenções que visam alterar comportamentos. Mudanças nas capacidades
aeróbia e anaeróbia ou nas características antropométricas como a massa ou
composição corporal, podem ser facilmente determinadas usando testes
laboratoriais padronizados. Por outro lado, constructos como a ansiedade,
auto-confiança, antecipação e tomada de decisão são difíceis de medir
directamente e podem apenas ser inferidos através de mudanças
comportamentais ao longo do tempo.” Estas explicações servem-nos também a
nós, pois a realização deste trabalho visa compreender melhor a forma como o
Treino conduz a uma determinada forma de jogar futebol, isto é, tratamos o
comportamento, as interacções, a vivenciação de decisões dentro duma matriz
específica que caracteriza uma equipa e isso exige um profundo conhecimento
daquilo que estamos a falar, no nosso caso do “jogar” que pretendemos, pois
só assim poderemos direccionar o treino nesse sentido, promovendo as
interacções adequadas ao surgimento efectivo da nossa ideia de jogo.
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Introdução
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Introdução
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Introdução
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Introdução
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Revisão da Literatura
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2. Revisão da Literatura
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Revisão da Literatura
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Frade (2004a) lembra que o “Jogo” pré-existe à ideia que dele se tem.
Este “Jogo” é sempre subdeterminado ao “jogo” referente à ideia de jogo de
cada um, àquilo que cada um quer que aconteça que será sempre diferente
das demais ideias. Estes “jogos” todos juntos, com a sua variedade mandam
no “Jogo” pois definem grosseiramente os seus traços gerais. O que nos
interessa é o “jogo” pois é sobre este que vamos actuar e assim condicioná-lo à
ideia que dele temos. Assim, quando falamos em modelo de jogo referimo-nos
precisamente ao nosso jogo particular sendo por isso um conceito Específico
para cada treinador.
A tomada de decisão não é algo aleatório ou seja, apesar das
particularidades do contexto, o jogador é sobrecondicionado a decidir em
função do projecto de jogo da equipa e portanto, dos seus princípios. Assim, o
modelo de jogo permite condicionar as escolhas dos jogadores para um padrão
de possibilidades ou seja, orienta as decisões dos jogadores (Gomes, 2006).
Logicamente que não basta a mera existência de um modelo de jogo para que
os comportamentos sejam condicionados nesse sentido pois há que treiná-lo
de forma a enraíza-lo no imaginário dos jogadores e da equipa, torná-lo
presente de forma consciente e seguidamente subconsciente.
Edelman (cit. por Souza, Halfpap, Min & Lopes, 2007, p. 145) afirma que
“a consciência é corpórea, isto é, somente seres corporais podem experimentar
a consciência como indivíduos pois ela é o resultado de funções corporais e da
organização e funcionamento do cérebro de cada indivíduo, um processo que
engloba de forma vincada a história das interacções com o ambiente deste
indivíduo.” Exprimimos em primeiro lugar uma emoção, antes de sentirmos
eventualmente no fundo de nós mesmos um sentimento que lhe estaria
associado como o rosto mais íntimo de uma manifestação essencialmente
corporal (Revoy, s/d). Daqui inferimos que a consciência de algo depende
também da “história das interacções com o ambiente”, ou seja, para
promovermos e facilitarmos a possibilidade da consecução de algo que
pretendemos, devemos proporcionar uma história de interacções nesse sentido
concreto e isso no futebol só poderá ser conseguido através do treino
Específico dos comportamentos tácticos que consubstanciam o modelo de jogo
criado para que isso facilite a tomada de consciência e execução daquilo que
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Revisão da Literatura
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temos como ideia de jogo e assim pensa também Faria (2002, p. VIII) quando
opina da seguinte forma: “se tu queres instalar uma linguagem comum com
regras, princípios, uma cultura de jogo, um modelo de jogo (…) é fundamental
que isso seja feito através do jogo” referindo que para isso é necessário no
treino situações que permitam os jogadores estarem identificados com aquilo
que se quer que seja a competição (o jogar), ou seja, consegue-se através do
treino específico desse modelo de jogo. Acresça-se o que diz Damásio (2000)
quando refere que padrão neural ou mapa neural é algo que acontece no
cérebro, um conjunto de actividades neurais que pode ser encontrada nos
córtices sensoriais quando eles estão activos (por exemplo nos córtices visuais
em correspondência com uma percepção visual). Só temos acesso aos
padrões neurais na perspectiva da terceira pessoa (não “sinto” padrões
neurais). Isto indica-nos que os comportamentos tácticos congruentes com o
modelo de jogo poderão aparecer “apenas” no devido contexto do jogo sem
que deles haja uma apropriação permanente, ou seja, isso permite um uso
ecológico daquilo que pretendemos pois apenas aparece quando é realmente
necessário.
A consciência nuclear é um conceito fundamental no entendimento das
decisões em contextos como o Jogo de Futebol. Por que é que numa
determinada situação com todos os detalhes inerentes ao “aqui e agora” o
jogador age num determinado sentido? “A consciência nuclear constitui ela
própria o conhecimento, directo e sem qualquer verniz inferencial, do nosso
organismo individual no acto de conhecer e, por sua vez, esse conhecimento
nasce da representação do proto-si não consciente no processo de ser
modificado. Este imediatismo ainda não inferencial assiste à transição de
dados, de padrões neurais a imagens, e, porque estas últimas emergem em
plena espontaneidade – nesta que é uma consciência do pertinente
instantâneo – não podem ainda considerar-se em pleno jogo semiótico”
(Carmelo 2001 p. 4). O treino terá de alguma forma que ser o condicionador
desse imediatismo que acontecerá no jogo constituindo-se as imagens e os
padrões neurais como os princípios que queremos estabelecer na equipa
devendo por isso emergir no jogo em “plena espontaneidade”.
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Para ilustrar de uma forma algo genérica aquilo que pensamos sobre os
condicionalismos da espontaneidade decisional vejamos o que diz Gomes
(2007): “Não sei se por exemplo o lateral direito ao receber a bola vai jogar no
extremo ou vai jogar no central porque isso é que é variabilidade, é o aqui e
agora, a decisão do jogador. Mas está sobre-condicionada àquilo que
desejamos, portanto, nós queremos ter a posse de bola e o pivot esta a ser
marcado, ele não vai arriscar um passe para o pivot e então vai jogar para o
central. E está sobre-condicionado a quê? Ao querermos jogar em segurança
para mantermos a posse de bola. Não sei o que vai acontecer no aqui e agora
mas sei que a minha equipa vai ter determinados comportamentos pelo que
construo no processo de treino.” Este exemplo revela a presença de uma lógica
que sugere determinadas possibilidades de acção tendo em conta algo e o
facto de isso ser edificado no processo de treino vem de encontro à nossa
crença, importando agora perceber alguns mecanismos que permitem isso.
Durante um jogo de Futebol, os jogadores são constantemente
chamados a tomar decisões e quanto mais rapidamente o fizerem tanto melhor
pois o jogo está crescentemente mais rápido sendo que a velocidade de
execução distingue os melhores dos medianos. Se nos fiássemos no sentido
comum e nas imagens tradicionais, o “espírito” deveria transmitir as ideias com
uma rapidez que desafiava todas as leis da matéria. Na verdade, fenómeno
espantoso é que segundo nos diz Changeux (2002) é quase o contrário que
sucede pois o cérebro é lento, demasiado lento mesmo em relação a certos
fenómenos físicos de base. E acrescenta: “Com efeito, o sistema nervoso de
todos os organismos vivos, incluído o homem, propaga os sinais eléctricos a
uma velocidade bem menor que a da luz. Isso significa que os sinais neuronais
não exploram as ondas electromagnéticas que provêm das forças
fundamentais do mundo físico. Esta limitação física é uma herança que nos foi
legada através da evolução das espécies, os organismos primitivos”
(Changeux, 2002, pp. 23-24).
Num jogo de Futebol entre equipas de topo assistimos a movimentos
velozes, execuções em que parece que os jogadores adivinham as
movimentações dos companheiros e as decisões têm de ser tomadas de forma
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seja, se criarmos exercícios com um grau de dificuldade tal que seja difícil,
arriscado ou não seja evidentemente vantajoso cumprir o estipulado, isso terá
um efeito contraproducente no enraizamento desse comportamento no cérebro
do jogador. Digamos que o jogador deve ver e sentir na prática a validade e
utilidade daquilo que lhe é requisitado. Jacob e Lafargue (2005) explicam a
importância da obtenção de sucesso na repetição dos comportamentos pois
quando há a intenção de agir, o córtex frontal tem, antes de mais, uma intenção
prévia e consciente da acção a cumprir, depois, o córtex parietal tem uma
intenção em acção não consciente, a área motriz suplementar cria uma cópia
de intenção e em função dos resultados do acto a esta cópia, a intenção acede
mais ou menos depressa à consciência. Quando se toma consciência do facto
que a intenção não se adapta à situação, isso conduz à criação de uma
estratégia melhor adaptada e esta adaptação é de capital importância no
processo de treino pois proporciona uma adequação e aproximação crescente
àquilo que se pretende.
Bechara, Damásio, Tranel e Anderson (1998) procuraram testar uma
tese onde a memória e a tomada de decisão estariam dissociadas dentro do
córtex pré-frontal do ser humano. O trabalho exaustivo destes investigadores
induziria muitas interrogações na cabeça dos treinadores se a sua tese fosse
absolutamente confirmada. Para que serviria o Treino se assim fosse? Na
verdade se a função cognitiva da memória estivesse completamente dissociada
da função cognitiva da tomada de decisão importaria questionar a relevância
do processo de treino na aquisição de um padrão de jogo regular: “Este
mecanismo, contudo, não explica como é que estas representações são
seleccionadas para a acção. Por isso foi proposto que um outro mecanismo
marca as várias opções e cenários guardados temporariamente na memória
atribuindo-lhes uma conotação positiva ou negativa, sendo que depois se dá a
ordenação e avaliação das várias opções sendo a mais vantajosa escolhida
para a acção. Este mecanismo que sublinha a selecção das boas e más
opções é aquilo a que nos referimos como a tomada de decisão” (Bechara et
al., 1998, p. 429). Felizmente a tese proposta não foi confirmada chegando-se
à conclusão que problemas na área do cérebro relacionada com a memória
afectam directamente a tomada de decisão o que vem de encontro aquilo que
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“jogares” das diferentes equipas. Este “jogar” refere-se ao plano macro pois
conforme diz Stacey (1995), a antecipação do plano micro será uma tarefa
jamais possível de coincidir com o que na realidade acontecerá no futuro. Note-
se também que quando Changeux (2002) diz que o número de pré-
representações deveria diminuir ao longo da experiência sobre o mundo e isso
remete-nos para a melhoria gradual da consecução do modelo ao longo da
época daí que o factor temporal também deva ser tomado em consideração.
Voltando a Damásio, ele ajuda-nos a perceber a importância da prática e
o porquê desta adquirir tanta importância na aquisição de um padrão de jogo
regular e eficaz. Por que será que ao repetir sistematicamente um
comportamento (entenda-se princípio) desejado, ele se vai enraizar e aparecer
devidamente enquadrado na organização colectiva da equipa? Uma das
respostas é-nos dada por Damásio (1996) com a teoria dos marcadores
somáticos onde podemos encontrar muitas pontes com Changeux (2002). Este
autor desenvolveu a hipótese do marcador somático, na qual emoções e
sentimentos desempenham papel preponderante na tomada de decisões, não
perturbando-as, como na visão tradicional, mas, em vez disso, favorecendo –
ainda que, na maioria das vezes, de modo inconsciente – a obtenção de
resultados favoráveis, mesmo diante de algumas daquelas decisões que nos
parecem, à primeira vista, estritamente racionais. "Essas emoções e
sentimentos foram ligados, pela aprendizagem, a resultados futuros previstos
de determinados cenários. Quando um marcador somático negativo é
associado a um determinado resultado futuro, a combinação funciona como
uma campainha de alarme. Quando, ao contrário, é justaposto um marcador
somático positivo, o resultado é um incentivo" (Oliveira et al. 2006, p. 205-206).
A base funcional para este "sistema de preferências" forma-se pela
modificação de padrões neurais inatos que têm por objectivo garantir a
sobrevivência. Da mesma forma como o organismo tende a procurar o prazer e
evitar a dor, tentará atingir esses fins em situações sociais. Os marcadores
somáticos dependem da aprendizagem, associando determinados tipos de
entidades ou fenómenos a sensações agradáveis ou desagradáveis. "Os
marcadores somáticos não tomam decisões por nós. Ajudam o processo de
decisão dando destaque a algumas opções, tanto adversas como favoráveis, e
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O filósofo Jonh Locke (cit. por Changeux 2002, p. 76) já afirmava que “o
nosso conhecimento só é verdadeiro na medida em que há conformidade entre
as nossas ideias e a realidade das coisas.” De um ponto de vista teórico e
segundo Changeux (2002) “isto fornece uma primeira resposta a um problema
difícil: como explicar a constância dos conhecimentos armazenados, apesar da
diversidade e da variabilidade das redes neuronais de indivíduo para indivíduo.”
Araújo (2003, p. 90) caracteriza o jogo de Futebol como “um sistema
constituído pelos aspectos ambientais, constituído também pela tarefa a
desempenhar com as suas estratégias e com as suas regras e constituído
pelos jogadores que funcionam autonomamente (com a sua morfologia,
fisiologia, cognição, emoção, etc.), apesar de coordenados entre si.” As
características de cada um devem convergir para um objectivo comum daí que
a coordenação entre todos seja imprescindível para levar a cabo o Modelo de
Jogo.
A ênfase dada ao indivíduo deve sempre ter um referencial colectivo
senão veja-se o que diz Frade (2004b, p. XXVII): “Não há treino mais
individualizado ou repercussões do treino mais individualizadas do que aquelas
que permite a Periodização Táctica. Porque a primeira preocupação que tem é
eleger os princípios e os princípios são levados a efeito pelos jogadores, os
jogadores em determinadas posições e determinadas funções. Portanto se são
posições e funções diversas, embora complementares, o que se repercute em
cada uma dessas posições ou funções é diverso das demais portanto é
individualizado. De facto eu até uso um termo... para a equipa aparecer, de
facto, é fundamental que a alteração individual se registe e a alteração
individual face à natureza do fenómeno tem que ser autónoma.” E mais à frente
remata dizendo “...essa individualização faz-se também por compromisso com
referências que são colectivas e que as pessoas assumem na sua
vivenciação.” Ainda na mesma entrevista, Frade sublinha a importância de
perspectivar o rendimento de uma equipa como produto de um sistema
dinâmico e não como a soma de individualidades afirmando que um dos
grandes males das ciências ditas do desporto é que elas são perspectivadas
enquanto ciências do individual. Hoje em dia, o Futebol apoia-se melhor nas
ciências que se preocupam, não com o individual atomístico, mas com os
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dinamismos, com os sistemas, com as coisas que são um “todo”, que carecem
de um processo para funcionar e portanto já há muitas ciências que se
preocupam com isso e que não são ciências do individual, pois pese embora os
“todos” sejam feitos de individualidades, aquando no “todo” perdem qualquer
coisa de si mas também ganham qualquer coisa.
Duas das premissas que segundo Frade (2004a) servem de referencial à
modelação segundo a Periodização Táctica tratam precisamente deste
equilíbrio entre a evolução individual e colectiva com a primeira inteiramente
subjugada à segunda: A primeira diz-nos que a percentagem dominante dos
conteúdos de treino da equipa impõem a direcção da adaptabilidade do
processo a realizar, isto é, se queremos a equipa a jogar bem teremos de ter
uma grande percentagem de conteúdos de treino que visem isso mesmo. Esta
premissa tem mais a ver com o aspecto global do processo (pôr a equipa a
jogar como queremos) estando por isso mais ligada à dimensão “hetero”. A
segunda refere que a evolução individualizada deve estar sujeita à selecção de
conteúdos identificados com a correspondência à dinâmica anterior. Esta
preocupação regista-se exactamente no mesmo comprimento de onda que a
primeira mas agora no individual, isto é, subjugada à dimensão “auto”.
Concorrendo para a mesma linha de pensamento, Gomes (2006) afirma
que a equipa tem um conjunto de jogadores com diferentes funções, que
condicionam as propriedades do todo. Então, a função que o jogador
desempenha no seio da equipa resulta das referências colectivas. A mesma
autora, (comunicação pessoal, 20 Out 2007), a propósito das interacções
posicionais entre o ponta de lança e um extremo (numa estrutura de 4.3.3.) que
num determinado jogo da sua equipa não ocorreram da forma pretendida,
produziu a seguinte reflexão: “Em vez de solicitar que ele (ponta de lança)
deixe de cair para a zona dos colegas, devemos gerir isso, ou seja,
desenvolver um conjunto de interacções dos extremos e dos médios interiores
em que nas situações em que ele descai para a zona do extremo, este entre no
meio para lhe conceder espaço de realização, ou seja, viver a sua escolha de
forma congruente. Trata-se de fazer com que a equipa se adapte ás suas
decisões e não de restringir as suas escolhas!! Investir e apostar nos graus de
liberdade (pela dinâmica congruente) em detrimento da inibição de escolhas ou
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Revisão da Literatura
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Revisão da Literatura
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Revisão da Literatura
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Revisão da Literatura
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Revisão da Literatura
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Revisão da Literatura
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Revisão da Literatura
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Material e Métodos
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3. Material e Métodos
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Material e Métodos
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Análise e Discussão dos Resultados
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Análise e Discussão dos Resultados
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Análise e Discussão dos Resultados
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forma regular, depois uma evolução permanente de forma a que eles consigam
ter comportamentos extremamente complexos.” É sobejamente perceptível que
a complexidade dos comportamentos é inesgotável quando se tem uma Ideia
de Jogo rica. Nesse sentido o mesmo entrevistado complementa dizendo que
“numa fase inicial há exercícios mais introdutórios com complexidade menor e
à medida que eles vão adquirindo esse comportamento nós vamos criando
complexidade para que esse comportamento seja mais complexo e mais
evoluído.”
Partilhando esta convicção que o Modelo de Jogo é algo sempre
inacabado, passível de ser enriquecido e melhorado encontra-se Gomes
(Anexo 1) deixando isso bem evidente quando afirma “a manutenção do
princípio é uma coisa dinâmica em evolução constante.”
Um exemplo prático que nos é dado por Guilherme Oliveira (Anexo 2)
ajuda-nos a perceber que tipos de estratégias se podem delinear para
operacionalizar esta ideia de evolução permanente: “Eu já treinei uma equipa
com uma capacidade de circulação de bola de tal ordem grande e evoluída,
que para treinar essa circulação e arranjar problemas tinha que treinar em 8x10
e eram os 8 que estavam a treinar, fundamentalmente porque a qualidade de
posse de bola daqueles que eram a equipa titular - chamemos-lhe assim - era
de tal forma grande que os outros em igualdade numérica não lhes conseguiam
criar problemas e a solução que encontrei foi pô-los em inferioridade numérica.
Nós temos que arranjar esse tipo de estratégias.”
A top esta questão é tratada em moldes idênticos, mantendo-se a
necessidade de evoluir sempre, de crescer diariamente, sendo que para tal as
metas comportamentais vão sendo revistas em função daquilo que se atinge e
daquilo que se pode vir a atingir com maior riqueza: “nós estamos
constantemente a criar novos exercícios embora os objectivos por vezes se
mantenham, criamos exercícios para que haja uma mudança, uma evolução de
algo que crie algum estorvo à execução de um determinado princípio para que
haja uma readaptação estrutural e mental para que não seja um processo
sempre idêntico, para que exista um enriquecimento em termos de trabalho”
(Faria, Anexo 3). A pertinência desta constatação merece especial destaque
por vir de alguém que viveu o sucesso a top bem de perto, materializado em
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1
Rui Faria teve um papel preponderante nas equipas técnicas lideradas por José Mourinho nas últimas 5
épocas onde conquistaram 13 títulos no F.C. do Porto e no Chelsea F. C.
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muitas vezes eles não têm consciência que fazem aquilo e só os fazemos
tomar consciência através da própria prática, fazendo com que aconteçam
determinadas coisas. No próprio exercício eles direccionam o foco do cérebro
se determinada coisa estiver a acontecer muitas vezes e a partir daí surge esse
direccionamento”.
Vemos que o direccionamento advém não só do alerta verbal que
precede o exercício propriamente dito mas também, e sobretudo, da realização
efectiva do comportamento em causa pois só aí é que é possível condicionar o
lado subconsciente. Vejamos como Gomes (Anexo 1) sintetiza isto quando
lembra que o lado subconsciente só é conseguido com o acontecer muitas
vezes de algo “porque num jogo 4x4 eles têm consciência que o objectivo é a
circulação e manutenção da posse de bola se estiverem a fazer isso muito
tempo, porque se estiverem a maior parte do tempo em organização defensiva
não vão ter essa consciência por mais que eu tenha dito antes do exercício.
Eles podem ter isso em termos conscientes mas depois em termos
subconscientes não têm. A consciência é estarmos alerta para qualquer coisa
mas se o exercício em termos de subconsciente não nos direccionar para lá
não vale a pena, não é Específico, não é adequado!”
Somos assim remetidos para a superior importância da configuração do
exercício de forma a que este conduza, pela sua forma, ao aparecimento do
comportamento desejado e isso levará à focalização no objectivo pretendido
por inerência. É precisamente assim que Faria (Anexo 3) operacionaliza o
direccionamento da atenção dos jogadores naquilo que é hierarquicamente
superior em cada exercício realizado: “Fundamentalmente temos que perceber
que o exercício, quando surge, já tem que estar configurado de modo a que os
comportamentos que pretendemos em termos de princípio, de objectivo, se
evidenciem, ou seja, quando o estruturamos já críamos condições para que o
que pretendemos surja com frequência. Isto é o mais importante, é a
Especificidade do exercício e nós, como treinadores, em função das nossas
necessidades é que vamos elaborar o exercício de acordo com determinado
objectivo.”
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Organização
Ofensiva
Organização
Defensiva
Transições
(Defensiva e
Ofensiva)
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Assim, todas as decisões de cada jogador devem ter sempre uma referência
comportamental colectiva pois caso contrário estaremos a treinar aspectos que
não têm sentido para a globalidade, para o padrão mais geral do jogo. Segundo
Guilherme Oliveira (Anexo 2) isto representa uma fractalidade em profundidade
“que está presente na medida em que, por exemplo, eu peço um
comportamento mais geral no momento de organização ofensiva e o
comportamento mais individual tem a ver com esse comportamento mais
geral”.
Para o comportamento geral aparecer, o colectivo, cada um dos
jogadores têm que agir em congruência e isso exige treino, como tal há que
treinar essa sincronização para que todos confluam para o mesmo objectivo.
Imagine-se uma grande peça de um puzzle que para se manifestar na sua
plenitude necessita de ser completada e para isso acontecer são precisas
todas as peças sem excepção (os onze jogadores), cada uma no seu lugar,
desempenhando a sua função específica nesse todo ao qual pertence e
subordina a sua acção (Figura 2). Naturalmente que a influência que cada
jogador tem em determinado momento para o surgimento desse
comportamento geral pretendido não é a mesma no que à magnitude diz
respeito mas todos eles contribuem em confluência para permitir esse objectivo
final. Se pensarmos por exemplo num momento de organização ofensiva, é
aceitável que se dê mais relevância ao portador da bola ou àqueles que se
encontram nas linhas de passe mais próximas (peças maiores), contudo,
mesmo os colegas mais afastados ou com menor probabilidade de receber a
bola (peças menores) devem estar a agir numa participação consonante com o
comportamento almejado, isto é, contribuem (encaixam) para o aparecimento
do comportamento geral pretendido.
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1 2 3
11 4
Comportamento
9 Geral
Pretendido
5
10 6
8 7
Figura 2 – Puzzle representativo da
Fractalidade em Profundidade
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enriquecer esse plano macro através de uma riqueza tão grande quanto
possível do plano micro e isso apenas será possível se o treinador tiver a
capacidade de perceber isto e não se deixar absorver pela “vertigem” da
previsão do detalhe.
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Análise e Discussão dos Resultados
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zonas do terreno que de acordo com o nosso jogo são as adequadas para
fazer isso, em determinadas circunstâncias quando o adversário está
desequilibrado e não tem dobras (cobertura defensiva), ou seja, temos que dar
uma cultura de jogo que é o nosso jogo de forma a que ele compreenda
quando é que pode usar as características que tem e dessa forma nós
reajustamos a codificação que ele tem de jogo àquilo que é a codificação do
nosso jogo enquanto equipa e é este «dou aqui, recebo ali» que permite que
por um lado ele entre no nosso jogo, ele evolua como jogador e enriqueça o
nosso jogo”.
Além de existir uma adaptação do jogador, possibilitada pelo treino,
àquilo que é a Ideia de Jogo do treinador, há também que reajustar esse
Modelo de modo a permitir que seja enriquecido por esse elemento mas tudo
isto é muito complexo e exige tempo. A este respeito Guilherme Oliveira
(Anexo 2) diz o seguinte: “Não é possível chegar lá e simplesmente dizer «tu
agora jogas assim porque é assim que eu quero que tu jogues!». Isto é
complexo e verifica-se um «jogo» entre treinador, equipa e jogador em que nós
temos que perceber muito bem quais são as características e capacidades dos
jogadores, depois, tendo em consideração aquilo que nós queremos para o
nosso jogo, conseguindo aqui uma dialéctica entre ideias do treinador e os
comportamentos e características desses jogadores. Aos poucos ele vai
ajustando a nós e nós vamos fazendo com que algumas coisas do jogo dele se
alterem consoante aquilo que são as nossas ideias.”
Muitos são os casos de jogadores cuja qualidade individual é deveras
evidente mas as dificuldades que sentem em pôr as suas capacidades ao
serviço do colectivo impedem-nos de atingirem patamares de rendimento
superior pois essa qualidade constitui-se como um fim em si mesma. Outros há
que, apesar de terem características muito boas em determinados aspectos,
sentem dificuldades comprometedoras noutros, limitando assim o seu
desempenho. A confirmar a existência efectiva desta realidade mesmo a top
temos Faria (Anexo 3) quando lembra que existem jogadores possuidores de
fantásticas qualidades mas “por vezes acontece que as suas características,
apesar de serem interessantes e de nós até acharmos que podem contribuir de
forma positiva para a equipa, ele não se insere na nossa forma de jogar.” Como
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tratar este problema no treino é algo que nos diz respeito e logo à partida há a
considerar cada caso como único e como tal deve ser tratado com a
particularidade que merece.
A propósito dos diversos motivos que podem estar na origem da
incapacidade em atingir os referenciais colectivos, Guilherme Oliveira (Anexo
2) opina o seguinte: “Uns porque não compreendem o jogo da forma como nós
queremos, outros porque tecnicamente são fracos e nós exigimos, para o
nosso jogo, determinados comportamentos que em termos individuais são
complexos e eles não atingem, outros porque têm características
completamente diferentes daquilo que nós pretendemos para o nosso jogo e
não servem para jogar da forma que nós queremos, ou seja, há muitas
circunstâncias e nós temos que analisar cada caso, perceber os porquês e
depois actuar nesse jogador em função daquilo que são as nossas
características a nível comportamental. Muitas vezes aquilo que acontece é
nós termos que reformular alguns dos nossos princípios precisamente em
função disso.”
O mesmo autor dá-nos um exemplo prático que ilustra de forma
eloquente o tipo de direccionamento a ter nestes casos: “Na equipa onde eu
treino, os defesas centrais são jogadores muito importantes em posse de bola
porque são apoios recuados da equipa quando a equipa precisa, é por eles que
se sai quase sempre a jogar na primeira fase de construção, é por ali que se
sai a jogar quando o guarda-redes repõem a bola, quando a equipa já está
numa fase de construção mais adiantada muitas vezes são eles que recebem a
bola porque não há possibilidade de progressão e há a necessidade de manter
a posse de bola e isto leva a que os centrais, além das qualidades defensivas
que têm que ter enquanto centrais, tenham que ter uma boa qualidade de
passe, de jogo posicional ofensivo, de circulação de bola, saber onde é que a
bola deve entrar em determinadas circunstâncias, resumindo, têm que ter uma
boa qualidade ofensiva e muitas vezes não têm…” Vemos assim que há um
jogo de cedências com o objectivo que isso resulte num enriquecimento
possibilitado por algo que aparece de novo sendo isso vantajoso para ambas
as partes pois evoluem simultaneamente. Perante isto há que saber gerir a
situação e encontrar solução para o problema que estará na confluência de
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dois aspectos: por um lado actuar sobre o(s) jogador(es) em causa e por outro
reajustar o modelo de forma a tornar menos visíveis os problemas causados
por essa limitação/incapacidade.
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1 2
5 7
9
6
4 3
8
10 11
1 2
5 7
9
6
44 3 8
10 11
3
Figura 4 – Formato da interacção global segundo as
limitações do jogador (4) antes de qualquer reajuste
Jogador
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4
4
Figura 5 – Configuração do
contributo idealizado pelo
treinador para o jogador (4) Figura 6 – Configuração do
contributo possibilitado pelas
capacidades do jogador (4)
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1 2
5 7
9
6
4 3
8 4
10 11
Figura 8 – Configuração
da interacção do jogador
Figura 7 – Configuração das interacções (4) após treino
resultante dos reajustes do Modelo e da direccionado para a sua
intervenção específica sobre o jogador (4) melhoria contextualizada
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temos que perceber e criar condições para que essa criatividade possa surgir
sem pôr em causa a equipa e, esses jogadores, também têm que perceber
que, em determinadas circunstâncias podem ser criativos porque são as
circunstâncias ideais mas que noutras circunstâncias têm que respeitar a
ordem da equipa e não podem ser criativos porque põem a causa a equipa
porque está desequilibrada ou porque pode ser prejudicial por motivos de
variada ordem.” De acordo com isto é evidente que a criatividade é prevista e
treinada o que lhe confere uma ordem à qual responde sempre em congruência
com os Princípios de Jogo estabelecidos.
Defendendo idêntica perspectiva daquilo em que se deve consubstanciar
a criatividade desequilibradora, Faria (Anexo3) sustenta a importância de não
se castrar esta “arma” de um jogar rico: “Digamos que é fundamental não inibir
a criatividade mas é fulcral que isso esteja inserido na perspectiva do todo pois
tem que existir sempre esse suporte, isto é, não pode ser aleatória nem
desinserida de um contexto pois aí estamos a desequilibrar a nossa equipa em
vez de desequilibrar o adversário.” Esvanece-se assim a ideia duma
criatividade marginal, ao sabor dos apetites individuais e muitas vezes
contrariada pelo treinador com receio dos riscos.
O objectivo de se promover a criatividade é o de melhorar o nosso jogo.
Nunca se pode perspectivá-la como um adorno inconsequente que apenas faz
as delícias do olhar pois isso conduzirá a uma situação em que cada jogador
se recreará consigo próprio desvirtuando-se assim a tal premissa da
criatividade específica subjugada hierarquicamente aos interesses colectivos e
tal como diz Guilherme Oliveira (Anexo 2) “a criatividade insere-se num
contexto que vem enriquecer esse macro, esse modelo de jogo em termos
mais gerais e nesse sentido é extremamente importante.”
Na esquematização da presença da criatividade no Modelo de Jogo
(Figura 9) é visível a comunicação/articulação entre os princípios de cada
momento sendo também identificável o facto de todos eles “beberem” de uma
ordem implícita, ou seja, há uma relação simbiótica entre os princípios dos
quatro momentos e outros, que não estando circunscritos de forma tão
evidente, fazem parte do tal “potencial aberto”.
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Análise e Discussão dos Resultados
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9.g)
9.f
9.a)
O modelo é algo que se cria, que se define e como tal está balizado por
algo, ou seja, está circunscrito (9.a). Ainda assim está sempre inacabado e
aberto (9.g) a novas nuances que muitas vezes surgem da prática e o fazem
evoluir, que o melhoram…
Numa equipa que privilegie o ataque, o momento de posse de bola é o
mais importante, é aquele hierarquicamente superior e como tal, aquele que
merece mais relevância, daí o cinzento-escuro (menos escuro que o modelo de
uma forma geral que é preto) para os princípios de jogo referentes a este
momento (9.b).
Um cinzento menos escuro que o anterior representa os princípios
referentes ao momento defensivo uma vez que a equipa hipotética a que se
refere privilegia a posse de bola daí que a cor seja um cinzento mais claro pois
é uma parte menos relevante do modelo global (afasta-se mais do preto), (9.c).
Entre os dois momentos anteriores situam-se as transições: transição
para ataque (9.d) e transição para defesa (9.e). A transição para ataque é
menos escura que o ataque pois ainda não é ataque propriamente dito mas é
mais escuro que o momento defensivo pois os princípios que lhe estão
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Análise e Discussão dos Resultados
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em consequência disso tem que ser corrigido para não se repetir, isto é,
quando na prática não se consegue resolver é uma possibilidade recorrer a um
apoio visual que facilite o aparecimento daquilo que pretendemos.” A utilização
destes recursos constitui-se assim como uma realidade também a top, o que
diz bem da sua utilidade naquilo que é a aquisição/consolidação de
determinados comportamentos.
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Análise e Discussão dos Resultados
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peremptoriamente: “Eu não vejo outra possibilidade que não seja essa
repetição sistemática em Especificidade dos Princípios de Jogo porque é
FUNDAMENTAL perceber que a organização é o sucesso e quanto mais
organizada for a equipa mais probabilidade de sucesso haverá.”
Assim sendo fica provada a possibilidade de não utilização de meios
“auxiliares” como a musculação, o treino aquático ou o personal-training sendo
isso justificado por Faria (Anexo 3) com a necessidade de evolução do jogo, o
que nos leva a concluir que esses meios alternativos em nada contribuem para
essa evolução almejada: “A nossa perspectiva de trabalho não fomenta isso
porque não acredita que isso se possa privilegiar em termos de rendimento e
como o que nós queremos é rendimento e este passa por organização…” A
perspectiva proposta por Faria (Anexo 3) e operacionalizada na prática com
resultados avassaladores, opta antes por uma centralização na organização de
jogo sustentada na anteriormente referida SUPRA-ESPECIFICIDADE que se
constitui como uma demanda fundamental em virtude da limitação temporal
para treinar. No intuito de vincar bem a não contemplação dos meios
alternativos antes abordados, o mesmo autor acentua essa falta de tempo
como mais uma evidência que sustenta a sua metodologia de
operacionalização: “nós não temos tempo para treinar aquilo que é
fundamental para nós, quanto mais para treinar coisas que não fazem parte da
nossa forma de pensar o treino… e que fique bem claro que elas não existem
na nossa forma de treinar!”
Esta incursão por aquilo que são as exigências num patamar de top, são
a nosso ver muito proveitosas pois deve ser sempre este o farol indicador do
caminho a seguir, mesmo considerando que quando o nível de exigência não é
tão acentuado, a possibilidade de sucesso mantém-se quase inalterada
independentemente de alguns “exageros”, mas se ambicionamos desenvolver
uma cultura de exigência que permita um transfer para patamares superiores
de competitividade há que ter sempre como referência a realidade que
enfrentam os melhores.
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:
Conclusões
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5. Conclusões
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Conclusões
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95
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Referências Bibliográficas
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6. Referências Bibliográficas
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Referências Bibliográficas
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Referências Bibliográficas
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Referências Bibliográficas
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Referências Bibliográficas
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Referências Bibliográficas
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102
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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7. Anexos
Anexo 1:
II
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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III
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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IV
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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V
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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VI
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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VII
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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espaço fazendo com que haja insucesso ali. Eles estão muito afastados e você
reconhece isso mas eles conseguem ter sucesso na mesma e por isso apesar
de lhe dizer que estão muito afastados, eles não vão mudar, porque não
sentem necessidade disso na prática. E então, você tem é que provocar o
insucesso com a equipa adversária a explorar isso: “eles estão muito
afastados: então vão posicionar-se aqui.” Se não houver um contexto da
própria acção, para fazer com que as coisas mudem elas não mudam porque
não é ao dizer que estamos afastados que as coisas mudam! Por isso é que a
competitividade é determinante no treino porque havendo competitividade esse
tipo de erros que se cometem por “forças”, digamos que semelhantes,
condicionam essas interacções adversárias. E esse condicionamento obriga-os
a arranjar algumas soluções, a desenvolver a capacidade de resolver os
problemas e isso é que é treino, é que é aquisitivo e isso é que tem de ser o
hábito. O hábito não é uma coisa estanque por isso é que falamos em
capacidade organizante. O hábito é exactamente isso: uma capacidade
organizante. Organizante porque se trata de organizar as coisas de uma
determinada lógica mas não sempre da mesma coisa ou da mesma forma.
VIII
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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IX
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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vez que ele recebe a bola pois, quando muito. fará isso uma vez. Por exemplo,
num exercício de 5x5 pego na equipa adversária e jogo com 2 alas em vez de
jogar com 3 médios e um avançado e jogo com 2 alas para lhe criar oposição
em que cada vez que ele vem pelo meio a percentagem de sucesso vai ser
muito menor e aí eu posso intervir mostrando-lhe como é que ele pode ter mais
sucesso porque o papel do treinador é exactamente esse, é mostrar como ele
pode ter sucesso fazendo acontecer determinadas coisas. É o tal princípio da
propensão que o vai levar a mudar.
X
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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estar tudo congruente com aquilo que eu quero e só assim é que é possível
desenvolver a antecipação. Por exemplo: você vai na rua e vê um carro, já não
atravessa porque você antecipa o que lhe vai acontecer se for, ou seja, é
atropelado. Mas imagine uma pessoa que nunca tenha visto carros, ela mete-
se à frente porque não antecipa aquilo que lhe vai acontecer mas se tiver
hipótese de sobreviver, provavelmente já não cairá no mesmo erro!
No treino é exactamente a mesma coisa, ou seja, a aprendizagem é
antecipar aquilo que conhecemos e daí a necessidade da estabilidade com o
Sentido, com aquilo que a gente quer e sobretudo com a congruência das
solicitações que vamos fazendo a todos os níveis.
No entanto, a antecipação ocorre não só ao nível do cérebro mas ao
nível do corpo também e, no jogar competitivo (e por isso é que eu falo no lado
subconsciente) muitas vezes o lado consciente nem chega a estar presente na
própria situação. Imagine que um jogador marca um golo após ter feito uma
simulação e se lhe perguntar como é que ele fez aquilo em (termos
conscientes) ele não sabe mas em termos subconscientes esta antecipação foi
conseguida não pelo só cérebro mas pelo corpo, pelo mapa das experiências
anteriores que vai absorvendo e remodelando. Portanto, esta antecipação é
sobretudo acelerar a rapidez do corpo na leitura do contexto e na sua
participação no mesmo.
XI
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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XII
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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XIII
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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bocadinho mais para trás para lhe ganhar mais espaço, mesmo que seja para
fazer a condução da bola. Mas eu não posso obrigar o lateral a fazer sempre
passe porque aí estou a castrar, seja um jogador jovem seja até um jogador
sénior. A riqueza do jogo passa exactamente pela capacidade variável de dar
resposta com sucesso e tem tanto mais sucesso se independentemente da
decisão que eu tome e equipa saiba viver essa decisão, ou seja, o lateral se
fizer passe, a equipa tem que viver essa decisão, se fizer condução tem que
viver essa decisão com o mesmo sucesso. Agora é claro que é muito mais fácil
para um treinador dizer que o lateral tem que passar sempre porque sabe
aquilo que vai acontecer e a equipa só tem uma resposta. Mas se for um lateral
que passa, dribla, simula e vai pelo meio, as interacções têm que ser diferentes
por isso é que falámos em princípio. Depois, o lado micro tem que ser rico
nesse sentido, independentemente de, em termos de controlo, isso ser mais
difícil para o treinador.
R: Você não pode pensar no colectivo e nas partes como duas coisas
diferentes porque são a mesma coisa. Nos só falamos no todo se tivermos
conhecimento da matriz. Vamos para a parte prática que é mais fácil. Num
exercício de jogo 4x4 você diz a uma equipa que o objectivo é a organização
defensiva e à outra diz que é a organização ofensiva e as transições. Com este
objectivo colectivo vamos jogar e se a equipa na qual quer trabalhar a
organização defensiva estiver sempre em posse, está a desvirtuar o próprio
XVI
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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exercício, o todo. Mas imagine que a equipa não está a fazer isso porque um
jogador está sistematicamente mal posicionado, a decidir mal. Então, o todo
está a resultar também disto porque esse todo expressa as interacções
individuais entre eles porque se nós os dois estivéssemos aqui calados e de
olhos fechados não estávamos a interagir. Estou a falar consigo, estou a olhar
para si e estamos a interagir, há uma interacção, há uma ligação. No jogo é
igual porque você toma uma decisão e eu vivo a sua decisão (se estiver a jogar
porque se estiver a ver jogar já não é assim…).
O todo é como que se vive essa decisão por isso é que é um conjunto
de interacções e o facto do individual, ás vezes, não compreender passa por aí.
Por exemplo: sou lateral e o meu colega, que é central, está a receber a bola e
eu não estou a viver a decisão dele e o todo vai expressar isso porque o todo
(o jogar) é a manifestação concreta de como toda a gente vive essa decisão e
esse conjunto de decisões. Portanto, não podemos falar em todo e partes pois
o todo e as partes têm que ser a mesma coisa por isso é que falamos em
fractais porque um fractal é uma migalha do todo e o jogador também faz parte
desse todo que está sobrecondicionado para viver essa decisão porque se ele
está a ver o jogo é menos um porque não interage com os outros, ele age, é
uma acção isolada. Por isso é que temos de dar o Sentido ás coisas e temos
que falar em contextos de exercitação, temos que fazer com que determinadas
coisas aconteçam porque isso é que vai fazer com que as coisas se liguem.
Quando trabalhava nas escolinhas do Futebol Clube do Porto tinha
miúdos de 6 e 7 anos e aparecem muitos daqueles que estão menos
apaixonados pelo jogo ou que têm menos capacidades e passam ao lado do
jogo. Eles vêem jogar, não jogam, não vivem a decisão do colega
desmarcando-se ou pedindo a bola ou chutando, defendendo, atacando, eles
não vivem! Então, temos que, por exemplo, na parte do jogo, meter a bola nele
e ele decide (de preferência em condições facilitadoras para ele ter sucesso)
fazendo com que ele deixe de ver o filme do jogo e que faça parte também. Só
assim é que há jogo, caso contrário, ele está desligado, não interage, ele age e
aí não há jogo, não há colectivo, não há parte sequer!
XVII
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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circulação mais facilmente do que com o outro miúdo que usa mais vezes a
condução de bola devido às suas características. Conheço os jogadores e sei
como ele vive a decisão do central pois enquanto um vive abrindo para poder
fazer o passe para a lateral ou para o meio com mais espaço, o outro se calhar
já ataca a bola para sair em condução. Vivem a decisão de maneira diferente.
Este lado micro é como se vivencia a decisão do outro interagindo de
determinada forma e você só desenvolve isso se houver um esforço mental.
Repare que tenho estes dois jogadores e não digo a um “conduz a bola” e a
outro “joga em passe” porque esta riqueza resulta disso mesmo. Agora, no jogo
se vejo que o avançado pressiona ou o extremo não fecha e pressiona quase
sempre, tenho que ter o cuidado de perceber que aquele que conduz vai ter
menos sucesso que o outro que joga quase sempre em passe. Aqui aparece a
tal gestão pois não domino o aqui e agora mas tenho quase a certeza que um
vai ter mais sucesso que outro pela forma como vai viver as decisões dos
colegas. Perante isto, não sou treinadora nenhuma se coloco o jogador que
joga preferencialmente em condução que vai perder a bola duas vezes e uma
delas até dá golo. Devo, isso sim, durante a semana fazer com que o miúdo
melhore isso e tenha consciência disso e quando, daqui a uns tempos, ele
conseguir fazer isso com a mesma liberdade com que faz o outro já não tenho
dúvidas. Este lado macro e micro é isso mesmo, fazemos princípios não para
dizer que tem que virar o jogo daqui para ali ou para acolá. Por isso é que no
principio na circulação de bola digo que a bola não pode passar pelos 4
defesas pois quando a bola vem para o pivot ele tanto pode passar para a
frente, como para trás, o extremo pode jogar para o lateral, para o ponta de
lança ou para o médio ou seja o lado micro tem que ter graus de liberdade,
aliás nós desenvolvemos uma lógica comum para que todos vivam a decisão
do colega de modo a dar-lhe o maior número possível de soluções para haver
maior possibilidade de escolha.
Se eu for uma treinadora que não domine isto, seria muito mais fácil
dizer “o extremo recebe e vai sempre para o 1x1” pois dou logo uma solução e
muitas vezes o lado mecanicista do treino passa exactamente por aí porque há
muito maior dificuldade em descortinar padrões com variabilidade do que
fazermos sempre a mesma coisa.
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Anexo 1 – Entrevista à Professora Marisa Gomes
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Anexo 2 – Entrevista ao Mestre Guilherme Oliveira
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Anexo 2:
ideias e depois não existe muito a noção que nós podemos aproveitar essa
interacção entre jogador e ideias do treinador.
Por isso o que acho é que todos esses princípios metodológicos são de
extrema importância para o jogar como nós pretendemos e não há uns mais
complexos que outros. A complexidade surge da interacção dos três e temos
de os ter permanentemente em consideração.
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Anexo 2 – Entrevista ao Mestre Guilherme Oliveira
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Anexo 2 – Entrevista ao Mestre Guilherme Oliveira
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exactamente esses comportamentos que queria que eles tivessem, vou intervir
precisamente nesses aspectos que estão a ser contemplados ou não. Portanto
é assim que eu faço o direccionamento para que aquilo que eu quero treinar
seja realmente treinado.
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Anexo 2 – Entrevista ao Mestre Guilherme Oliveira
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Anexo 2 – Entrevista ao Mestre Guilherme Oliveira
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Anexo 2 – Entrevista ao Mestre Guilherme Oliveira
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temos que arranjar esse tipo de estratégias. Numa fase inicial há exercícios
mais introdutórios com complexidade menor, e à medida que eles vão
adquirindo esse comportamento nós vamos criando complexidade para que
esse comportamento seja mais complexo, mais evoluído.
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Anexo 2 – Entrevista ao Mestre Guilherme Oliveira
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Anexo 2 – Entrevista ao Mestre Guilherme Oliveira
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Anexo 2 – Entrevista ao Mestre Guilherme Oliveira
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Anexo 2 – Entrevista ao Mestre Guilherme Oliveira
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R: Não pode haver criatividade sem haver organização pois isso seria
uma criatividade abstracta. A criatividade deve surgir em função de padrões
comportamentais muito concretos e muito específicos. A partir do momento em
que a equipa está organizada e contempla esses aspectos, a criatividade
insere-se num contexto que vem enriquecer esse macro, esse modelo de jogo
em termos mais gerais e nesse sentido é extremamente importante. Agora, não
é importante quando ela aparece no abstracto, como forma de recreação,
quando aparece sem haver uma lógica.
Nós, sabendo que existem alguns jogadores criativos na equipa,
podemos criar uma dinâmica no nosso jogo de forma a que em determinados
momentos, esses jogadores tenham liberdade para fazerem tudo porque a
equipa está equilibrada, porque a equipa criou condições para eles serem
criativos em determinadas circunstâncias e sabendo a equipa que eles são
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Anexo 2 – Entrevista ao Mestre Guilherme Oliveira
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criativos, está aberta à espera que eles tenham criatividade tanto em termos
ofensivos como defensivos, porque há jogadores que também são criativos a
defender pela sua capacidade de antecipação, pela sua capacidade de leitura
de jogo etc. Nós temos que perceber e criar condições para que essa
criatividade possa surgir sem pôr em causa a equipa e, esses jogadores,
também têm que perceber que em determinadas circunstâncias podem ser
criativos porque são as circunstâncias ideais mas que noutras circunstâncias
têm que respeitar a ordem da equipa e não podem ser criativos porque põem a
causa a equipa ou porque está desequilibrada ou porque pode ser prejudicial
por motivos de variada ordem.
A criatividade deve ser uma coisa fomentada pelo treinador mas em
determinadas circunstâncias!
R: Aquilo que eu utilizo muito e que do meu ponto de vista cria mais
impacto de forma concreta é a visualização de vídeos daquilo que nós
pretendemos a nível de comportamentos. Quando nós dizemos alguma coisa
os jogadores percepcionam isso de acordo com aquilo que entendem do jogo e
quando estão a ver, as imagens estão lá, é algo concreto de acordo com aquilo
que nós pretendemos e então há uma identificação e uma interpretação muito
mais ajustada. Se eu disser a vinte pessoas que tenho um cão muito bonito e
lhes pedir para descrever o cão a partir daquilo que disse podem haver vinte
cães diferentes porque para um o cão bonito é o bulldog, para outro é o
caniche, para outro é o labrador, para outro poderá ser um serra da estrela e
por aí adiante. Mas se eu disser: “Eu tenho um cão muito bonito e o cão é este”
e apresentar a imagem, as pessoas olham e sabem qual é o cão bonito que eu
gosto, que é aquele! Podem até não concordar mas ficam a conhecer!
A nível de visualização dos comportamentos também funciona assim
pois imaginemos que eu digo que quero defender à zona para depois ser mais
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Anexo 2 – Entrevista ao Mestre Guilherme Oliveira
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Anexo 3 – Entrevista ao Professor Rui Faria
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Anexo 3
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Anexo 3 – Entrevista ao Professor Rui Faria
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XXXV
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Anexo 3 – Entrevista ao Professor Rui Faria
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Anexo 3 – Entrevista ao Professor Rui Faria
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Anexo 3 – Entrevista ao Professor Rui Faria
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Anexo 3 – Entrevista ao Professor Rui Faria
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Anexo 3 – Entrevista ao Professor Rui Faria
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Anexo 3 – Entrevista ao Professor Rui Faria
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forma de estar deste jogador faz com que nós criemos mecanismos para
fomentar o sucesso em jogo. Por vezes temos de encontrar soluções
comportamentais noutros elementos do grupo que não prejudiquem a
linguagem comum da equipa mas que permitam facilitar o sucesso do elemento
em si. Há um conjunto de detalhes que não só ocorrem quando o elemento é
novo mas também durante a própria época e são fundamentais para que o
sucesso em termos de grupo aconteça.
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Anexo 3 – Entrevista ao Professor Rui Faria
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Anexo 3 – Entrevista ao Professor Rui Faria
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essas qualidades também podem ser importantes para nós, por vezes
acontece que as suas características apesar de serem interessantes e de nós
até achamos que podem contribuir de forma positiva para a equipa ele não se
insere na nossa forma de jogar. Há pouco falamos um pouco disto, podemos
encontrar mecanismos dentro da própria equipa de forma a que possamos
suportar estas características individuais, porém não podemos fazer com que
essas características individuais sejam um estorvo àquilo que é a nossa forma
de jogar. Temos de encontrar um ponto de equilíbrio e também temos de
acreditar que é possível encontrá-lo dentro da equipa. Em nenhum momento
devemos fazer com que ele prejudique a nossa equipa e temos de tentar
encontrar o equilíbrio, o que também depende da inteligência dos jogadores. O
jogador também tem de perceber, na perspectiva do que é a equipa, e a equipa
tem que conhecer o jogador para permitir a sua integração, agora é
fundamental entender que às vezes os jogadores, por muito que queiramos,
não têm cultura nem inteligência táctica suficiente para poderem perceber o
nosso jogo, por vezes têm características individuais extremamente
interessantes mas não tem condições para jogar na nossa equipa. O nosso
trabalho é criar condições para inserir um jogador no contexto de grupo sem
que ele prejudique a nossa dinâmica colectiva pois em nenhum momento ele
pode criar perturbação à dinâmica colectiva e para isso nós promovemos a
criação de alguns mecanismos de forma a que ele seja suportado pela equipa
e isto é decisivo, tem que ser é bem estruturado de forma a que consigamos
perceber que por vezes os jogadores vêm habituados a uma determinada
posição e as suas características fazem com que se pense nele em posições
diferentes onde se possa explorar melhor certas capacidades e essas
características do jogador numa outra posição que não aquela a que o jogador
está habituado. Podemos dar o exemplo em que tivemos vários jogadores, no
último clube onde estivemos, que estavam referenciados para determinada
posição no terreno e que nós percebemos que, na nossa forma de jogar, esse
jogador não era o mais indicado ou não tinha as características mais indicadas
para aquilo que pretendíamos e encontramos soluções posicionais diferentes
para esses jogadores. Um exemplo concreto foi o Geremi que estava
referenciado como um jogador de meio campo onde podia jogar em qualquer
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Anexo 3 – Entrevista ao Professor Rui Faria
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uma das posições desse sector, isto é, pivot, interior direito ou médio interior
esquerdo e que jogou imensas vezes a lateral, chegou a jogar a ala, portanto
em função da necessidade e em função das características de outros
jogadores que estavam no terreno nós conseguimos criar um suporte de forma
a que este jogador pudesse dar uma contribuição à equipa. Temos de
conhecer muito bem os jogadores e é com o tempo que isso também acontece,
e assim conseguimos criar condições para que ele possa ser importante dentro
da equipa.
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Anexo 3 – Entrevista ao Professor Rui Faria
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O jogador tem que ser inteligente para perceber quando pode dar azo à
sua criatividade e tem que existir essa sensibilidade caso contrário a equipa
pode sentir efeitos negativos pondo-se em causa o sucesso da equipa,
portanto tem que existir este ponto de equilíbrio e isto é tão mais possível
quanto melhor os jogadores conhecerem a dinâmica comportamental da
equipa!
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Anexo 3 – Entrevista ao Professor Rui Faria
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Anexo 3 – Entrevista ao Professor Rui Faria
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