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E-mail: leontina.a@gmail.com
Data: 2006/2007
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O Homem é por natureza um animal social; um indivíduo que é associal
naturalmente e não de modo acidental, ou está abaixo da nossa consideração ou é
mais que um ser humano… A sociedade é algo por natureza que precede o
indivíduo. Alguém que não possa ter a vida comum ou que seja tão auto-suficiente
que não necessite de tal, e por isso não participe na sociedade, ou é uma besta ou é
um deus.
Aristóteles
I. DOMÍNIO DA PSICOLOGIA SOCIAL
1. Introdução
Nós os ser humanos somos animais sociais. Vivemos em grupos, sociedades e culturas.
Organizamos as nossas vidas em relação com outros seres humanos e somos
influenciados pela história, pelas instituições e pelas actividades.
O estudo humano é também encarado por outras disciplinas como sejam a sociologia, a
antropologia, a história, a economia, as ciências sociais e a biologia. A focalização dos
problemas e as metodologias utilizadas diferenciam as diversas ciências do
comportamento.
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Em primeiro lugar, há cerca de 100 anos os cientistas começaram a aplicar o método
científico à compreensão do comportamento social humano.
Um segundo desenvolvimento trouxe a psicologia para a cena: as modernas viagens e as
comunicações de massa multiplicaram as relações sociais e as potencialidades para a
interacção social. As várias tentativas para nos influenciarem quotidianamente através
da televisão, rádio, cinema, revistas, jornais, etc. tornaram a psicologia social
fundamental.
Os psicólogos sociais têm-se ocupado tradicionalmente das atitudes das pessoas, das
opiniões, das crenças, dos valores, os sentimentos, das representações sociais. Este
domínio inclui, entre outros, estudos sobre as intenções de voto nas eleições, os
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estereótipos atribuídos a outros grupos, o impacto dos valores parentais nos filhos, a
conformidade no sexo masculino ou feminino.
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(Geogoudi e Rosnow, 1985)
Diferenças entre:
São várias as razões para se proceder ao estudo das duas psicologia sociais.
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Psicologia Social Psicológica:
→ Experiências de laboratório;
→ Investigação por inquérito;
→ Estudos de campo;
→ Experiências de campo;
→ Experiências naturais;
→ Investigação bibliotecária;
→ Investigação de arquivo;
→ Outras…
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Psicologia Social Sociológica:
→ Investigação por inquérito;
→ Investigação bibliotecária;
→ Estudos de campo;
→ Experiências de laboratório;
→ Experiências de campo;
→ Experiências naturais;
→ Outras…
Numa mesma situação pode haver diferentes níveis de análise o que revela vários
processos psicológicos nesta situação social.
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Ebbinghaus (1908) escreveu que a “Psicologia tem um longo passado mas só tem uma
breve história”.
A Psicologia Social é um dos campos mais novos da psicologia, sendo ela própria
uma disciplina jovem. Atribui-se frequentemente como data de nascimento da
psicologia científica o ano 1879, ano em que o primeiro laboratório de psicologia foi
fundado em Leipzig na Alemanha, por Wilhelm Wundt.
Se bem que as raízes da psicologia social estejam historicamente distantes, tais como
as da psicologia em geral, o seu reconhecimento como domínio separado só aconteceu
algumas décadas mais tarde.
G. Allport (1985) afirma que a história da filosofia não pode ser esquecida na medida
em que até há um século todos os psicólogos sociais eram filósofos e muitos os
filósofos eram psicólogos sociais.
De Platão até ao séc. passado todas as teorias sobre a natureza social do homem
diziam respeito à teoria do Estado. Por essa razão, G. Allport considerava que até
então a psicologia social era em grande parte um ramo da filosofia política.
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uma sociedade depende do lugar que ela saiba dar a três actividades: artesanal,
guerreira e à da magistratura.
Platão, considera que o espírito humano tem três componentes: comportamental,
afectivo, e cognitivo que se localizam no abdómen, no tórax e na cabeça. Apesar de
estas ideias de Platão tenham sido banidas, muitos psicólogos sociais ainda encontram
útil esta tricotomia dos fenómenos.
Aristóteles, (384 – 322 a.C.) vê as pessoas como “animais políticos”, gregários por
instinto. Ele pensa que a interacção social é necessária para o desenvolvimento normal
dos seres humanos. É este seu instinto gregário que leva o homem a afiliar-se com os
outros.
Quer Aristóteles quer Platão acreditam que os indivíduos diferem nas suas
habilidades. Uns têm disposições inatas para a liderança e outros para serem
seguidores.
Hobbes (1588 – 1679) escreveu uma ficção intelectual sobre a origem de um estado
hipotético, o Leviatã. Para Hobbes os homens não têm tendência a amar-se, mas o seu
estado natural é a guerra contra todos. Hobbes desenvolveu uma análise dos processos
interpsicológicos que levam o homem à socialização: paixão de ambição, paixão de
dominação, sentimento de insegurança.
Este pensador procura nas bases do comportamento, as bases da sociedade.
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Moritz Lazarus (1824 – 1903) e Heyman Steinthal (1823 – 1899) autores alemães
fundadores de uma revista de Psicologia dos Povos. Para eles, o “povo” era uma
realidade espiritual, mas colectiva, cujo espírito não é um mero produto, pensando
descobrir os processos mentais dos chamados povos primitivos através do estudo dos
mitos, línguas, religiões e artes.
Wundt (1832 – 1920) fundador da psicologia experimental, deu uma maior autonomia
à consciência individual.
Émile Durkheim (1855 – 1917) defende a posição de Comte segundo a qual o social é
rigorosamente irredutível ao individual.
Segundo Gustave Le Bon, a multidão modifica o indivíduo, pois dota-o de uma “alma
colectiva”. Esta alma faz com que os indivíduos, na situação da multidão, sintam,
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pensem e ajam de modo completamente diferente do que sentiriam, pensariam,
agiriam cada um isoladamente.
Em primeiro lugar a multidão obedece à lei da unidade mental. Além disso, a
multidão coloca os indivíduos perante emoções rápidas, simples, intensas e mutáveis.
Adopta um raciocínio rudimentar qualitativamente inferior ao dos indivíduos que a
compõem.
Estes comportamentos são explicados por uma causa interna, o contágio mental, e
uma externa, a existência de líderes.
Em 1898 Triplett, observou que os ciclistas rodavam mais depressa com outra pessoa
do que quando rodavam sozinhos.
Em 1924, Floyd Allport, fez a distinção entre facilitação social (a influência do grupo
nos movimentos do individuo) e rivalidade (o desejo de ganhar).
Em 1965, Robert Zajonc sugeriu que a mera exposição à presença de outras pessoas
aumenta o desempenho das respostas dominantes (isto é, bem aprendidas), mas
interfere com o desempenho das respostas não dominantes (isto é, novas).
Sherif (1936) interessou-se pelo estudo de normas sociais, ou seja, regras que
suscitam os comportamentos das pessoas.
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Por vezes há pessoas que podem mudar a direcção de todo um domínio do saber:
Darwin e Mendel, alteraram a moderna biologia;
Galileu e Newton, alteraram a trajectória da física;
Freud revolucionou a psicologia clínica.
Já no domínio da psicologia social não há tais gigantes, contudo se alguma figura de
primeiro plano influenciou a orientação geral desse domínio foi Kurt Lewin. Formou-
se como psicólogo na Alemanha e trabalhou no Instituto de Psicologia de Berlim.
Emigrou para os Estados Unidos em 1933 tendo-se dado conta que os Nazis fariam a
vida impossível a alguém que não partilhasse as suas ideias políticas.
Tendo em conta a influência de Lewin que se fez sentir a vários níveis, não é
surpreendente que várias pessoas o considerem como sendo o pai da psicologia social
contemporânea.
Nos finais dos anos 50, Festinger propôs a teoria da dissonância cognitiva
(postula que as pessoas encontram insatisfatórias as incoerências entre duas
cognições, ou entre os seus pensamentos e o seu comportamento, e procuram
reduzi-las mudando quer os seus pensamentos quer os seus comportamentos)
que focalizou a atenção dos investigadores não só nos anos 50, mas
igualmente nos anos 70.
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estudo de aspectos psico-sociais do bilinguismo. Continuando ainda a
investigação em áreas de interesse social, tais como agressão, preconceito e
mudança de atitudes.
Durante os anos 70, para além de se continuarem as linhas de estudo dos anos
anteriores, foram postos em cena novos tópicos ou foram investigados com um
enfoque novo e mais sofisticado. Destaca-se a atribuição, papéis sexuais e
discriminação sexual, psicologia ambiental.
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A Psicologia Social investiga as acções de indivíduos e de indivíduos dentro
de grupos, sendo assim uma ciência comportamental e social.
A recolha de observações pelos cientistas implica que eles sigam um certo número de
regras estabelecidas. Mas a ciência não se limita a ficar por observações precisas,
exigindo explicações. São as teorias que nos ajudam a explicar o que se observa.
Uma teoria consiste na formação de regras gerais tendo por alicerce
observações específicas efectuadas.
A esta passagem de observações específicas a regras gerais ou teorias chama-se
indução lógica.
Mas uma teoria não se formula só para explicar observações precisas. Deve também
poder explicar e sugerir novas observações que se podem utilizar para testar a teoria.
Uma teoria deve ser capaz de fazer predições acerca de fenómenos com recurso à
lógica dedutiva, ou seja, uma teoria deve gerar hipóteses susceptíveis de serem
testadas.
Karl Popper (filósofo da ciência) mostrou que uma teoria científica não pode
logicamente ser provada como verdadeira, mas pode ser refutada, defende que para
uma teoria ser científica deve, em princípio, ser capaz de refutação empírica. Uma
teoria nunca pode ser verdadeira, pois não há garantia que no futuro será a mesma que
no passado.
Ryckman – 1985, Shaw e Constanzo – 1982, defendem que o valor de uma teoria
depende de um certo número de qualidades:
1) Uma teoria deverá estar em concordância com dados conhecidos,
incorporando o que se encontrou acerca do comportamento humano;
2) Uma teoria é compreensiva, tentando compreender e explicar um amplo leque
de comportamentos;
3) Uma teoria é parcimoniosa, não contendo mais que os elementos necessários
para explicar o assunto m questão;
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4) Uma boa teoria tem de se poder testar, fornecendo meios mediante os quais,
hipóteses específicas e predições podem ser suscitadas e subsequentemente
testadas por investigação. Se uma teoria não permite suscitar predições que se
possam testar, nesse caso a sua validade empírica nunca pode ser avaliada de
modo satisfatório;
5) Uma teoria deve ter o seu valor heurístico, isto é, em que medida estimula o
pensamento e a investigação e desafia outras pessoas a desenvolverem e
testarem teorias opostas;
6) Também a utilidade ou valor aplicado de uma teoria é um atributo importante.
Os psicólogos sociais interessam-se pelas teorias porque desejam ajudar a sociedade a
viver melhor. As teorias podem ajudar as pessoas aumentando a compreensão,
sensibilização e ando acesso a novos modos de se comportar.
Os psicólogos sociais tentam apreender os padrões de vida social e criar termos para
que as pessoas possam comunicar sobre eles. As teorias permitem compreender e
comunicar esta compreensão aos outros.
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A primeira etapa no processo de realização de um estudo é seleccionar um
tópico de investigação. É necessário desenvolver uma ideia acerca do
comportamento que valha a pena explorar. A inspiração pode advir da
investigação de alguém, de um incidente nas notícias quotidianas, ou até
mesmo de alguma experiência pessoal ocorrida na vida do investigador.
Geralmente os psicólogos sociais investigam tópicos que são relevantes para
as suas próprias vidas e para a sua cultura;
A segunda etapa é a busca do documento de investigação que permite
delimitar os estudos anteriores efectuados sobre o tópico. Poderá acontecer
que não se tenha ainda fixado um tópico de investigação até se efectuar a
procura da documentação;
A terceira etapa consiste na formulação de hipóteses. As hipóteses são
expectativas específicas sobre a natureza das coisas decorrentes de uma teoria.
São as implicações lógicas da teoria;
A quarta etapa consiste na escolha de um método de investigação que
permitirá testar as hipóteses. Os dois métodos utilizados nas suas investigações
são o correlacional e o experimental. A maior parte da investigação de
laboratório recorre ao método experimental, ao passo que a maior parte da
investigação de campo é correlacional;
A quinta etapa é a recolha de dados. Existem três técnicas básicas de recolha
de dados: 1) auto-avaliações (que permite observar as percepções das pessoas,
emoções, atitudes, etc), 2) observações directas (aqui os investigadores
observam directamente o individuo e as suas reacções sem interferências), 3)
informação de arquivo.
A sexta etapa é efectuar a análise de dados, o hoje em dia exige um
conhecimento aprofundado de procedimentos estatísticos e de programas de
computador. As duas espécies básicas de estatísticas utilizadas são: a
descritiva (permite fazer um sumário e uma descrição do comportamento ou
das características de uma amostra particular de participantes num estudo) e
inferencial (vai para além de um descrição e permite fazer inferências acerca
de uma ampla população de que foi extraída a amostra, esta estatística é
utilizada para avaliar a probabilidade de que uma diferença encontrada nas
pessoas estudadas também seria encontrada se alguém da população
participasse no estudo);
A sétima etapa é apresentar o relatório dos resultados. Pode acontecer
publicando artigos em revistas científicas, fazendo apresentações em
congressos, ou informando pessoalmente outros investigadores na disciplina.
4.4 – Meta-análise:
Um dos problemas com que os investigadores se defrontam muitas vezes é que o
processo de investigação conduz frequentemente a resultados contraditórios de um
estudo para o outro.
No passado os investigadores utilizavam a “regra da maioria”. Actualmente para obter
resultados mas credíveis, têm recorrido a técnicas denominadas de meta-análise
(Schmidt, 1992).
A meta-análise é uma técnica estatística que permite aos investigadores combinar
informação de muitos estudos empíricos sobre um tópico e avaliar objectivamente a
fidelidade e o tamanho global do efeito (Rosenthal, 1984).
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5. Teorias em Psicologia Social:
Os psicólogos sociais desenvolveram muitas ideias diferentes sobre a vida social no
entanto, nenhuma teoria permite explicar de modo adequado todos os fenómenos
sociais. Certas teorias são globais ou gerais, enquanto que outras são mais particulares
e restritas na sua aplicação e predições. As principais teorias são as de aprendizagem,
teorias cognitivas e as das regras e papéis.
As teorias de aprendizagem têm as suas origens nos princípios básicos do
behaviourismo que salientou o condicionamento clássico e aprendizagem através do
reforço ou recompensa;
As teorias cognitivas têm as suas origens na psicologia de gestalt.
As teorias das regras e papéis, põe em evidência a ideia de que os pensamentos e os
comportamentos dos indivíduos são o resultado de interacções que têm com outras
pessoas e do significado que elas dão às interacções e papéis.
5.1.2 – Contribuições:
As teorias da aprendizagem têm-se utilizado para explicar muitos fenómenos sócio-
psicológicos, como a atracção interpessoal, a agressão, o altruísmo, o preconceito, a
formação de atitudes, a conformidade e a obediência. Por exemplo, Byrne (1971)
propusera que gostamos das pessoas que são semelhantes a nós numa série de
dimensões porque tal semelhança é agradável.
As teorias de aprendizagem têm sido particularmente úteis na estimulação, por parte
dos investigadores, da procura de acontecimentos ambientais ligados às acções das
pessoas. Estes teóricos defendem que uma melhor compreensão do efeito de
acontecimentos ambientais torna possível prever a sua influência. É então possível
assegurar um controlo sobre acontecimentos influenciando as pessoas a terem vontade
de agir de determinado modo em detrimento do outro.
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5.2 – Teorias Cognitivas:
As teorias de aprendizagem são muitas vezes criticadas por terem uma “caixa negra”
para o comportamento humano. É salientado o que entra na caixa (estímulo) e o que
sai da caixa (resposta) mas é prestada pouca atenção ao que se passa dentro da caixa.
As teorias do interior são a principal preocupação das teorias cognitivas.
A ideia principal das teorias cognitivas é que o comportamento de uma pessoa
depende do modo como percepciona a situação social.
Estes dois princípios não são só centrais para a nossa percepção de objectos físicos,
são também centrais para a nossa percepção do mundo social, sendo importantes para
o modo como interpretamos o que as pessoas sentem, querem e que tipo de pessoas
são.
5.2.2 – Contribuições:
As teorias cognitivas permitem explicar situações que parecem numa primeira
abordagem incompreensíveis. A orientação cognitiva não olha tanto para os
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acontecimentos actuais quanto para os pontos de vista de cada elementos acerca
desses acontecimentos.
Exemplo: dois alunos que tiveram notas iguais mas as suas reacções foram
completamente diferentes.
O termo “papel” é central para esta abordagem. Pode definir-se como a posição ou
função que uma pessoa ocupa no seio de um determinado contexto social (Shaw e
Constanzo, 1982). Uma pessoa pode desempenhar simultaneamente vários papéis.
Estes vários papéis são guiados por determinadas expectativas que os outros têm
acerca do comportamento. Esses papéis também são guiados por normas que são
expectativas mais generalizadas acerca do comportamento, internalizadas no decurso
da socialização.
Conflitos de papéis ocorrem quando uma pessoa ocupa diversas posições com
exigências incompatíveis (conflito interpapel – uma estudante tem de escolher entre
estudar para o exame do dia seguinte ou sair com o namorado) ou quando um só papel
tem expectativas que são incompatíveis (conflito intrapapel – uma estudante tem de
escolher entre estudar para um exame ou terminar um trabalho ambos para o dia
seguinte).
5.3.2 – Contribuições:
Este conceito dá conta da possível mudança de comportamento das pessoas quando a
sua posição na sociedade muda.
O conceito de doença mental pode ser revisto a partir da teoria dos papéis, acredita-se
que o doente mental é o produto de uma personalidade perturbada que tem problemas
profundos e duradoiros, nada tendo a ver com a sua situação. Todavia, segundo a
teoria dos papéis, a doença mental é muitas vezes quase como alguém aprende um
papel numa peça de teatro. A pessoa que entra num hospital psiquiátrico aprende a
desempenhar o papel de um doente mental, a não aprendizagem destas regras acarreta
castigos institucionais.
Mais recentemente as ideias da teoria dos papéis têm contribuído para o incremento
do estudo do autoconceito. O trabalho sobre este tópico tem mostrado que as pessoas
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se comprometem activamente em estratégias comportamentais, para dirigir a
impressão das outras pessoas a respeito de si próprias.
TEORIA
Dimensão Teorias de Teorias cognitivas Teoria do Papel
Aprendizagem
Conceitos centrais Estímulo-resposta, Cognições, Papel
Reforço Estrutura cognitiva
Comportamentos Aprendizagem de Formação e Comportamento no
primários novas respostas; mudança de papel
explicados processo de troca crenças e de
atitudes
Suposições acerca As pessoas são As pessoas são As pessoas são
da natureza hedonistas; os seus seres cognitivos
conformistas e
humana actos são que agem com base comportam-se de
determinados por nas suas cognições acordo com
padrões de reforço expectativas de
papéis
Factores que Mudança na Estado de Mudanças nas
produzem quantidade, tipo, ou insconsistência expectativas de
mudança no frequência de cognitiva papéis
comportamento reforço
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As competências de um psicólogo social podem ser exercitadas em muitas espécies de
trabalho: investigação de mercado, sondagens de opinião pública, avaliação de
investigação nos negócios e no governo (investigação que avalia os efeitos de novos
programas), e análise estatística de dados comportamentais.
7. Perspectivas Internacionais:
Enquanto que as raízes da psicologia social emergiram na Europa, grande parte da sua
história tem sido amplamente dominada por investigadores dos Estados Unidos. Uma
das razões importantes para esta mudança foi o crescimento do fascismo na Europa
nos anos 30.
O primeiro mundo (Estados Unidos) exporta conhecimento psicológico para o
segundo nações industrializadas como Canadá, Grã-Bretanha, Austrália, França e
Rússia), e terceiro (Índia, Nigéria e Cuba) mundos, sendo por sua vez pouco
influenciado pela psicologia dos outros dois mundos. O terceiro mundo é sobretudo
importador de conhecimentos psicológicos.
Os psicólogos nos três “mundos estão cada vez mais a ser sensíveis até que ponto a
psicologia do primeiro e segundo “mundos” é relevante para as sociedades do terceiro
mundo (Moghaddam, 1987). Cada vez mais se assiste a investigações e experiências
psico-sociais são levadas a cabo em diferentes culturas dos diferentes “mundos”.
Tudo leva a crer que anos vindouros surja uma ciência mais rica, fecundada por
cruzamentos de ideias e de dados de diversas culturas.
Resumindo:
Há vários modos de caracterizar a psicologia social:
1) A psicologia social pode definir-se como o estudo de como as pessoas
influenciam os pensamentos, sentimentos e acções de outras pessoas;
2) A disciplina tem vários tópicos fundamentais;
3) A psicologia social tem relações próximas com outras ciências sociais,
especialmente a sociologia e a psicologia;
4) Embora enfatizem diferentes questões, quer psicólogos quer sociólogos
contribuíram para a psicologia social.
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Hoje em dia a psicologia social tornou-se um sector em ebulição. Numerosos tópicos
são estudados e várias mini-teorias foram formuladas para o explicar.
I I . S ELF
1. Introdução:
Já aconteceu estar numa festa muito barulhenta e ouvir alguém do outro lado da sala
referir o seu nome? Este é o chamado “fenómeno sarau-cocktail”, ou seja, a
capacidade em apreender um estímulo relevante para si próprio num meio complexo
(Moray, 1959).
Para os psicólogos cognitivos o fenómeno denota que as pessoas são selectivas na sua
percepção dos estímulos. Já os psicólogos sociais tal ilustra também que o self não é
só mais um estímulo social. Pode tratar-se do mais importante objecto da nossa
atenção.
O self engloba as características que uma pessoa reclama como sendo suas e ás quais
dá um valor afectivo. Ao longo da história, filósofos, poetas e estudiosos da
personalidade apresentam o self como sendo um aspecto estável da personalidade
humana. Enquanto que os psicólogos sociais acham que o self pode, de certo modo,
ser maleável mudando de uma situação para a outra. Tendo o self diferentes rostos
(Markus e Kunda, 1986).
O self é uma construção social que se forma mediante a interacção com outras
pessoas. O self constitui a base das interacções sociais afectando um amplo leque de
comportamentos sociais.
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O self ajuda-nos a compreender o nosso comportamento. Ele pode efectivamente
ajudar a percepcionar-nos, como uma pessoa com certas atitudes, valores ou
comportamentos.
Um artigo publicado em 1913 por John Watson pôs fim à idade de ouro do self.
Watson defendia que o self não pode ser medido e que por isso não deveria ser
objecto de estudo científico. É impossível saber com precisão o que se passa na
cabeça de outra pessoa.
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Self material: Self espiritual; Self social:
O corpo de uma pessoa, Traços de personalidade, O que amigos, namorado,
Possessões físicas atitudes, valores, pais, professores, etc.,
percepções sociais conhecem de mim
3.1 – Auto-esquemas:
Esquemas são colecções organizadas de informação acerca de algum objecto. Por isso
um auto-esquema é um tipo especial de esquema construído com tudo o que
conhecemos, pensamos e sentimos acerca de nós próprios.
Para Hazel Markus, 1977, os auto-esquemas são “generalizações cognitivas acerca do
self, derivadas da experiência passada que organizam e guiam o tratamento de
informação que se refere a si próprio contida nas experiências sociais do indivíduo.”
Como qualquer outro esquema, um auto-esquema não só organiza, como também guia
o processamento de informação. Isto significa que os nossos auto-esquemas podem
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influenciar as nossas percepções, memória e inferências acerca de nós próprios (Fiske
e Taylor, 1991).
Hazel Markus (1977) conduziu uma experiência para investigar os efeitos de auto-
esquemas sobre o processamento de informação. Markus, formulou a hipótese de que
os sujeitos esquemáticos seriam capazes de decidir mais depressa se as palavras
relevantes dos seus auto-esquemas os descrevessem a eles próprios do que os
aesquemáticos, porque ter um esquema faria com que fosse mais fácil para eles
processar informação relevante para os esquemas.
Greenwald (1980) propôs que o self actua como o ego totalitário que processa a
informação de modo enviesado. Este autor identificou três viés principais:
egocentração, beneficiação e conservadorismo cognitivo.
3.4.1 – Egocentração:
Descreve a tendência para o julgamento e a memória se focalizarem no self.
Acontecimentos que afectam o self são lembrados melhor que informação que não é
relevante para o self. Perguntou-se a casais até que ponto tinham contribuído nos
problemas de casa, em média cada um respondeu que tinha efectuado a contribuição
principal cerca de 70% das vezes. Trata-se de uma impossibilidade lógica reflectindo
o viés egocêntrico.
Para além destas tendências egocêntricas há a crença que as pessoas têm de controlar
acontecimentos que ocorrem meramente por acaso
A egocentração também se manifesta no viés do falso consenso, ou seja, a tendência
geral para as pessoas acreditarem que a maior parte das pessoas se comporta e pensa
como nós (Ross, Greene e House, 1977).
Outra forma de egocentração no autoconhecimento é a crença que tem a maior parte
das pessoas que são melhores que a média em qualquer categoria ou traço socialmente
desejável (Felson, 1981)
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3.4.2 – Beneficiação:
Este processo opera quando tiramos conclusões acerca de nós próprios a partir das
nossas acções. Para mantermos um conceito positivo do self, chamamos a nós o
sucesso e negamos a responsabilidade pelo fracasso. A beneficiação é um viés da
autocomplacência que preserva o nosso sentido de competência. Exp., estudantes
tiram boas notas dizem que os exames foram elaborados de modo correcto se pelo
contrário tiram más notas dizem que o exame estava mal elaborado ou que o
examinador não soube corrigir o exame.
Este viés é muitas vezes apresentado como universal, sendo específico a certos
elementos da cultura ocidental. Numa série de investigações efectuadas no Japão
(Markus e Kitayama, 1991) não foi evidenciado nenhum viés de auto-valorização na
comparação social, produzindo-se o inverso, um forte viés de auto-apagamento.
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avaliar a inteligência é através da comparação do seu nível de inteligência com o dos
colegas.
Festinger (1954), um dos teóricos que mais influenciou a moderna psicologia social,
desenvolveu a teoria da comparação social para explicar este processo. A sua teoria
afirma que na sua ausência de um padrão físico ou objectivo de exactidão,
procuramos as outras pessoas como meio para nos avaliarmos.
3.5.4 – Autopercepção:
Uma outra fonte de informação acerca do self baseia-se nas inferências e observações
que as pessoas fazem quando observam o seu próprio comportamento. A teoria da
autopercepção propõe que as pessoas conhecem as suas próprias atitudes, emoções e
outros estados internos, parcialmente inferindo-os de observações do seu próprio
comportamento e ou de circunstâncias com que este comportamento ocorre (Bem,
1972).
Um sentido do self mais privado e separado dos outros tem sido sugerido como sendo
típico das culturas ocidentais, ao passo que um sentido do self mais socialmente
integrado, tem sido apresentado como sendo mais típico das culturas orientais.
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O desenvolvimento de um sentido do self foi visto como ocorrendo só através de
interacção com outras pessoas e com a sociedade.
Muitas vezes o nosso sentido de valor do self está ligado ao grupo a que pertencemos
ou com que nos identificamos. Uma proposição fundamental da teoria da identidade
social é a de que os indivíduos procuram manter ou realizar uma identidade social
positiva e distintiva. Em primeiro lugar, estamos preocupados com que o nosso grupo
se possa distinguir de outros grupos, o que nos assegura uma identidade. Em segundo
lugar, estamos também preocupados com que os nossos grupos sejam avaliados
positivamente em relação a outros grupos existentes na sociedade.
Para se estabelecer se o nosso grupo tem uma identidade social positiva ou negativa
usa-se a comparação social intergrupal. Comparamos o estatuto e o respeito do nosso
grupo com outros grupos na sociedade.
Os teóricos da identidade social caracterizam os numerosos movimentos nacionalistas
e étnicos que têm ocorrido no mundo como exemplos de luta por uma identidade
social avaliada de modo positivo e separado. A identidade social tem implicações no
domínio do preconceito e da discriminação.
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Este quadro mostra como as diferenças culturais a propósito do individualismo-
colectivismo influenciam a estrutura do autoconceito.
Triandis (1989) refere as distinções entre o self privado (a avaliação do self por si
próprio), o self público (a avaliação do self por um outro generalizado) e o self
colectivo (a avaliação do self por um grupo de referência particular).
Este autor defende que a probabilidade de que um individuo escolha cada um destes
três aspectos do self varia segundo as culturas.
Uma das mais populares medidas de auto-estima é a escala elaborada por Rosenberg
(1965), permitindo prever emoções e comportamentos das pessoas.
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notas escolares, ou a percepção de que uma pessoa é feia (Kaplan e Pokorny, 1970).
Outras experiências negativas da infância associadas a uma baixa auto-estima incluem
a hospitalização de um dos pais por doença mental, um outro casamento de um dos
pais, ou a morte de um pai (Kaplan e Pokorny, 1971).
Crianças, jovens e adultos com elevada auto-estima são sociáveis e populares com os
seus colegas, confiam mais nas suas próprias opiniões e julgamentos e estão mais
seguras das percepções de si próprias (Campbell, 1990). São mais assertivas nas suas
relações sociais, mais ambiciosas, e obtém melhores resultados académicos.
Pelo contrário os estudantes com baixa auto-estima envolvem-se menos em
discussões e nos grupos formais e usualmente não acedem à liderança. As pessoas
com baixa auto-estima são infelizes e vêem-se a elas próprias como fracassadas. Uma
vez que prevêem fracasso no futuro, não tentem tarefas difíceis e abandonam o que
apresenta obstáculos (Coopersmith, 1967; Ickes e Layden, 1978; Rosenberg, 1965).
4.4.1 – Adolescência:
Os acontecimentos da adolescência podem abanar a auto-estima. Tanto a transição
para o terceiro ciclo do ensino básico como o início da puberdade podem ser
traumáticos. O crescimento rápido e outras mudanças podem causar grandes estragos
na imagem corporal e lançar desordem na auto-estima. Alguns desses efeitos podem
ainda persistir na idade adulta. Contudo, de modo gradual, a auto-estima recompõe-se
e continua a aumentar até à idade adulta.
4.4.2 – Experiências:
A investigação mostra que as boas avaliações dos professores, dos experimentadores
ou dos (as) namorados (as) levantam a auto-estima, e as más avaliações baixam-na,
pelo menos temporariamente (Metalsk, 1993).
Mesmo circunstâncias que produzem um aumento ou abaixamento temporário no
nosso estado de espírito podem produzir um efeito correspondente na nossa auto-
estima (Esses, 1989).
30
minoritários podem ter uma imagem negativa deles próprios como reflexo das
avaliações das outras pessoas. Por isso poder-se-á defender que membros de grupos
minoritários interpretarão as suas realizações como evidenciando a sua falta de valor e
de competência.
A maioria dos estudos oferecem pouco apoio para a conclusão que as minorias étnicas
têm uma auto-estima substancialmente mais baixa. Há estudos que indicam que as
minorias negras têm uma auto-estima tão alta ou um pouco mais alta que os brancos
(Rosenberg e Simmons, 1972; Rotheram-Barus, 1990).
4.5 – Autodiscrepâncias:
As listas que se seguem representam auto guias, ou padrões pessoais:
31
4) As características que outras pessoas importantes sentem que deve ter (o self
devido aos outros).
Com base na teoria da autodiscrepância (Higgins, 1989) podem-se usar estas listas
para predizer não só o nível de auto-estima, como também o seu bem-estar emocional.
4.6 – Autoconsciência:
A auto-focalização, ou seja, em que medida a atenção de uma pessoa está dirigida
para dentro de si em oposição para fora de si, para o meio (Fiske e Taylor, 1991), está
ligada à memória e à cognição. Só nos podemos focalizar em nós próprios se
relembrarmos acontecimentos passados relevantes e processarmos informação actual
relevante. Um breve período de autofocalização é susceptível de melhorar o
autoconhecimento.
Com base num total de 4 700 observações, somente 8% dos pensamentos registados
eram sobre o self. A atenção dos sujeitos estava muito mais focalizada em actividades
específicas que ocupavam o seu tempo, como trabalho, tarefas quotidianas ou que não
tinham nenhuns pensamentos. Ainda com mais interesse é que quando os indivíduos
pensavam sobre eles próprios, referiam que se sentiam relativamente infelizes e que
desejavam fazer outra coisa.
32
Segundo Robert Wicklund a autoconsciência induz um processo de auto-avaliação em
que as pessoas começam a focalizar-se até que ponto o seu comportamento se
compara com normas, regras ou padrões que se integram no autoconceito.
Muitas vezes esta auto-avaliação revela uma discrepância entre a sua condição
habitual ou comportamento e os seus padrões ou objectivos.
Se a comparação do self com o padrão é positiva, as pessoas poderão então sentir-se
bem e até procurar mais auto-refleção.
Perante o desconforto, as pessoas têm dois recursos: comportar-se de modo a reduzir a
discrepância ou fugir do estado de autoconsciência. A escolha efectuada depende se as
pessoas esperam poder reduzir com sucesso a sua discrepância.
33
ao passo que as pessoas com baixa auto-estima são mais susceptíveis de relembrar as
actividades más, irresponsáveis e mal sucedidas);
Erving Goffman sugeriu que a vida social é como uma representação teatral em que a
representação de cada participante é delineada tanto pelo efeito no público como pela
expressão aberta do self. Os participantes desempenham papéis e tentam manter as
suas identidades sociais mediante autoapresentações que sejam apropriadas.
Goffman defendeu que cada pessoa segue um papel, à semelhança do que acontece
numa peça. A principal característica do papel é a aparência, o valor social positivo
obtido da interacção. O objectivo da interacção social não é manter a aparência.
Manter a aparência é uma condição para que a interacção social continue. Incidentes
que ameaçam a aparência de um participante ameaçam também a sobrevivência da
relação. É por isso que quando acontecimentos desafiam a aparência de um
participante, iniciam-se correctivos para impedir que o embaraço possa interferir na
conduta.
34
Estas três teorias de auto-apresentação estão em consonância ao considerar que as
outras pessoas estão sempre a formar impressões a nosso respeito e utilizam estas
impressões para orientar as suas interacções connosco.
35
MOTIVOS PRIMÁRIOS PARA A ANTECEDENTES
AUTO-APRESENTAÇÃO DISPOCIONAIS / SITUACIONAIS
Obter Recompensas Sociais ou Impressão é Relevante para os
Materiais – aprovação; amizade; Objectivos de Uma Pessoa – o
poder; estatuto; dinheiro comportamento é visível; a pessoa está
dependente de uma alvo
Manter ou Elevar a Auto- + Os Objectos São Altamente Motivação para
Estima – elogio; sentir que se Valorizados – os recursos escassos; = a gestão da
fez boa impressão elevada competição; elevada necessidade impressão
de aprovação; o alvo tem poder e
estatuto.
Criar ou Reforçar uma Grande Discrepância Entre Auto-
Identidade – indica posse de Imagens habituais e desejadas –
identidade características fracassos prévios; sentir que os outros
relevantes têm uma imagem negativa a nosso
respeito.
Estratégias de confronto com o embaraço podem ser suscitadas após uma avaliação
inicial de estímulos e das reacções da pessoa a esses acontecimentos.
36
Situações em que a pessoa se encontra incapaz em responder de modo
adequado a um acontecimento inesperado que ameaça impedir o calmo fluxo
de interacção, como, por exemplo, prestar atenção a algum estigma físico de
um interlocutor;
Situações em que o actor perde o controlo da sua auto-apresentação não tendo
um papel bem definido, como, por exemplo, quando somos apresentados a um
vasto grupo de pessoas;
Situações em que há um embaraço empático, isto é, a pessoa observa outra
que parece estar numa situação embaraçosa. É um exemplo disso, o facto de
alguém com que estamos se comportar de modo não adequado;
Situações em que o individuo se encontra envolvido em incidentes com
conotações sexuais não adequadas, como por exemplo entrar numa casa de
banho ocupada por um elemento de outro sexo.
Estratégias não verbais: sorrir; procurar o contacto ocular; evitar o contacto ocular;
comportamento motor; postura…
Outros factores que contribuem para a inibição social da dádiva de ajuda são situações
ambíguas, situações embaraçantes e quando o pedido de ajuda é efectuado por uma
pessoa deficiente ou desfigurada.
Pelo contrário a dádiva da ajuda pode aumentar no caso do pedido ser efectuado após
acontecimento embaraçante realizado pela pessoa que dá ajuda.
Insinuação – tem como objectivo principal ser visto como uma pessoa
simpática; os insinuadores querem que os outros gostem deles (ex.: cumprimentar
37
outras pessoas, ser um bom ouvinte, amigável, fazer favores e conformar-se nas
atitudes e comportamento)
Súplica – leva a que uma pessoa pareça fraca e dependente. Pode ser a única
táctica disponível para aquela pessoa que não dispõe dos recursos requeridos pelas
tácticas precedentes. Esta táctica funciona porque há normas espalhadas na nossa
cultura que vão no sentido de que as pessoas necessitadas devem ser ajudadas.
Estas normas são mais salientes quando a dependência não aparece como sendo da
responsabilidade do sujeito como, por ex., uma pessoa que nasceu deficiente em
oposição a uma pessoa que se tornou alcoólico. Mas é óbvio que demasiada
súplica tem os seus custos. Por um lado, as pessoas fracas raramente podem estar
seguras de que os outros viverão em conformidade com essas normas e, por outro
lado, a fraqueza não é muito atractiva.
As tácticas têm como objectivo influenciar o modo como os outros nos vêem, mas
também podem mudar o modo como nos vemos. Podem influenciar o nosso
autoconceito (Rhodewalt e Agustsdottir, 1986).
38
5.5 – Estilo de Auto-apresentação: Autovigilância:
Todos nós recorremos a estratégias de auto-apresentação. Contudo algumas pessoas
são mais susceptíveis de enveredarem por auto-representações estratégicas que outras.
Segundo Mark Snyder (1974,1987) estas diferenças estão relacionadas com um traço
de personalidade denominado de autovigilância (“self-monitoring”) que é a tendência
para usar pistas de auto-apresentação das outras pessoas, para controlar as suas
próprias auto-apresentações. As pessoas com elevada autovigilância estão conscientes
das impressões que suscitam nas interacções sociais e são sensíveis às pistas sociais a
propósito de como se deveriam comportar em diferentes situações. Os seus
comportamentos expressivos são o reflexo dos seus estados interiores permanentes e
momentâneos.
RESUMO:
SELF – AUTOCONCEITO
Cada vez mais os psicólogos têm chamado atenção para a importância do self.
A Psicologia Social contemporânea reconhece a importância do self: o termo
autoconceito refere-se a todos os nossos pensamentos acerca de quem somos. O
autoconceito tem muitas componentes que podem ser afectadas por várias
características ambientais. Os auto-esquemas são pois generalizações cognitivas
acerca do self que têm influência no modo como organizamos e nos lembramos de
acontecimentos.
39
a realização. A comparação da realização presente de uma pessoa com a
realização passada também pode ser uma fonte do autoconceito.
Não gastamos todo o nosso tempo a pensar sobre nós próprios. Todavia há
condições que podem suscitar um estado de autoconsciência, durante o qual
focalizamos a atenção nalgum aspecto do self e comparar-nos-emos com
algum padrão interno. Há também evidência eu algumas pessoas estão
cronicamente mais atentas a elas próprias que às outras, e que essa
autoconsciência crónica pode estar dirigida quer para aspectos privados
(crenças, atitudes e valores) quer para aspectos públicos (aparência). A
autoconsciência está associada com o uso e abuso do álcool.
40
A função do procedimento educativo M/81 reside numa tomada de
consciência pessoal em relação aos determinantes das preferências
profissionais. Esta técnica não pretende ser mais do que uma das componentes
possíveis de um conjunto de técnicas educativas com vista ao favorecimento
da maturação das preferências profissionais
41
efectivamente têm, surgindo assim a ilusão de controlo. A tendência para acreditar
que os acontecimentos são controláveis é tão forte que bastarão alguns resultados
positivos para provocar a ilusão de controlo. O sucesso numa tarefa pode criar uma
ilusão de controlo.
3. Locus de controlo:
Locus – Lugar (locus de controlo – lugar de controlo)
Rotter, considerado o pai deste construto, na sua monografia de 1966, onde teorizou
sobre esta variável e apresentou a sua escala, inicialmente não usava a expressão locus
de controlo, mas controlo interno-externo de reforço, considerando-o uma crença,
uma percepção (usa o verbo perceber), uma expectativa, ou ainda uma interpretação.
Esporadicamente denomina também esta variável de atitude.
O controlo interno-externo refere-se ao grau segundo o qual o individuo cré que o que
lhe acontece resulta do seu próprio comportamento ou então é resultado da sorte, do
acaso, do destino ou de forças para além do seu controlo”
Rotter criou uma escala que permite, de algum modo, medir a internalidade-
externalidade (Escala I-E), que é considerada o protótipo das escalas de LOC.
Outros autores, citam outros construtos mais ou menos próximos do locus de controlo,
procurando distingui-los, como percepção de controlo, controlo pessoal, controlo real,
necessidade ou desejo de controlo, controlo pessoal, controlo real, necessidade ou
desejo de controlo, percepção de competência, poder/impotência, auto-estima, crença
num mundo justo, motivação intrínseca, crença meios-fins, resultados antecipados ou
esperados, expectativas de reforço, automotivação, etc. Alguns destes conceitos
situam-se “para além do locus de controlo” (Palenzuela, 1966).
42
3.2 – Diferenças Comportamentais:
Situações competitivas: as pessoas com um locus de controlo externo têm mais
tendência para desistir, os internos excedem-se mais quando está evolvida a
competição mas em situações de cooperação os comportamentos são semelhantes
(Nowicki, 1982).
43
Escovar (1977) caracteriza a psicologia comunitária com um “processo pelo qual o
homem adquire mais controlo sobre o seu ambiente”. Para ele, as transformações
comunitárias devem começar pela transformação das pessoas, sentindo-se mais
responsáveis pelo seu destino e mais confiante na mudança.
Este autor avança um modelo psicossocial do desenvolvimento, neste modelo é
salientada a necessidade de se romper o círculo vicioso em que as atitudes das
populações carecidas conduzem a atitudes e comportamentos que, por sua vez, retro-
alimentam essas mesmas características. Entre os factores que contribuem para o
status quo, é referida a característica da externalidade. Assim a sorte, o azar, a vontade
divina, o destino, os outros poderosos, etc., são considerados por estas pessoas como
responsáveis pelos seus destinos. Este tipo de pessoas encontra-se com frequência
entre as comunidades mais desfavorecidas.
Ao invés um dos factores que visa o desenvolvimento da comunidade é o
desenvolvimento da crença de que as pessoas podem interferir nos seus destinos, o
que caracteriza as pessoas consideradas internas. Estas estarão menos dependentes da
ajuda dos outros e serão capazes de ter uma maior influência no seu destino.
44
Quanto aos americanos de origem hispânica não se diferenciam americanos anglo-
saxónicos.
Os americanos de origem chinesa eram significativamente mais externos que os
americanos de origem anglo-saxónica e menos externos que os chineses de Hong
Kong.
Burger (1992) sugere quatro razões para a tendência das pessoas altas no desejo de
controlo, sobressaírem:
– Têm objectivos mais elevados e ajustam os seus objectivos de modo apropriado
após a comunicação do seu resultado;
– Fazem um esforço extra em ocasiões apropriadas;
– Persistem mais tempo em tarefas difíceis;
– Sujeitos com alto desejo de controlo tendem a assumir os seus sucessos e a atribuir
os seus fracassos à sorte, são mais susceptíveis de fazer mais esforço nas tarefas
subsequentes
45
Desânimo aprendido foi definido por Seligman (1975) como sendo uma crença que os
resultados de uma pessoa são independentes das suas acções. (a 1ª investigação sobre
esta problemática foi efectuada com animais (cães). Seligman sugeriu 3 espécies de
défices em resultado de experiências com resultados incontroláveis:
Défice motivacional, pelo que o animal não tenta aprender novos
comportamentos;
Défice cognitivo, pois a aprendizagem não se efectua;
Défice emocional, tornando-se o animal deprimido porque os resultados são
incontroláveis.
A noção de desânimo aprendido tem também sido evocada para explicar as reacções a
uma ampla variedade de agentes de stress, como: ruído, desemprego,
sobrepovoamento e desastres tecnológicos. O desânimo aprendido pode ser uma
resposta para as pessoas que sentem que não têm controlo das situações.
5 – Atribuições:
O tema da atribuição é um dos domínios mais importantes da investigação na
psicologia social nas 2 últimas décadas.
46
5.1 – O que é uma atribuição:
5.1.1 – Definição:
A atribuição é a dedução (inferência) que pretende explicar porque é que um
determinado acontecimento ocorreu ou pode ainda tentar determinar as disposições,
reacções de uma pessoa.
A questão do porquê que nos colocamos tanto pode ser os nossos próprios
comportamentos como sobre os dos outros. A explicação que se avança torna-se então
a causa percepcionada de um acontecimento ou de um comportamento
correspondendo a uma atribuição. Convém realçar que uma atribuição representa uma
causa percepcionada que pode não estar certa (ex.: uma estudante pode interrogar-se
porque é que reprovou o último exame de Psicologia Social. As atribuições emitidas
por esta estudante terão um efeito decisivo sobre os seus comportamentos futuros. Se
a estudante crê que o seu fracasso se deve à falta de capacidade, pode abandonar a
matéria; se, pelo contrário, atribui o seu fracasso à pouca sorte, poderá continuar as
aulas esperando ter mais sorte da próxima vez. As atribuições desempenham, pois, um
papel importante no comportamento social).
47
indicando as causas responsáveis pelo sucesso e insucesso, avaliando, em seguida,
cada uma dessas causas em 9 escalas semânticas diferenciais (com formato Likert em
9 pontos). A Escala possui 3 itens para cada dimensão causal (locus de causalidade,
estabilidade e controlabilidade).
5.2 – Teorias:
Uma teoria da atribuição analisa o modo como nos julgamos a nós mesmos e aos
outros.
As teorias seguintes não oferecem uma explicação diferente do comportamento, mas
oferecem uma explicação consoante a informação disponível e o tipo de explicação
em que se está interessado.
Quando alguém observa uma acção A de um sujeito, vai imputá-la a factores internos
a esse sujeito (FI) e/ou a factores do meio (FM), donde a equação A = f(FI, FM)
É importante lembrar que a teoria da atribuição se refere não tanto às causas reais do
comportamento de uma pessoa como às inferências que o observador faz acerca das
causas.
Segundo Heider, os atributos pessoais são mais evidentes quando o meio permite um
leque de possíveis comportamentos. Uma vez inferida uma característica acerca de
um indivíduo, pode ser usada para predizer o comportamento.
48
1) As suas acções dependerem de escolha livre (comportamentos que resultam
de livre escolha tendem a produzir inferências correspondentes, não sendo o
caso de comportamentos que são resultado de escolha forçada)
2) Prestamos atenção aos comportamentos que produzem efeitos não comuns,
elementos do padrão escolhido de acção que não são partilhados com padrões
alternativos de acção. Esses efeitos servem para explicar a atribuição,
eliminando-se os efeitos comuns, pois não contribuem com informações
susceptíveis de orientarem a escolha (uma aluna numa aula levanta-se, fecha a
janela e veste uma camisola. Poderíamos pensar que o ruído exterior a
incomodava, mas o efeito não comum de vestir a camisola leva-nos a inferir
que efectivamente a aluna tinha frio);
3) Prestamos mais atenção nas nossas tentativas para compreendermos os outros,
às acções que realizam revestidas de baixa desejabilidade social, que às
reacções altas nesta dimensão. Jones, Davis e Gergen mostraram que as
condutas que se afectavam das exigências de um determinado papel numa
situação, suscitavam mais informações ao observador do que as que
correspondiam a esse papel (se acção de uma pessoa não vai de acordo com o
socialmente aceite, torna-se mais facilmente característica de uma pessoa, do
que se efectivamente as suas acções vão de acordo com a sociedade).
49
De acordo com o modelo de covariação para se definir se a atribuição é interna ou
externa devemos avaliar um conjunto de factores: a Judite é simpática com quase
todas as pessoas (baixa distintividade); a Judite é quase sempre simpática com a
Antónia (alta consistência); não há muitas pessoas que sejam simpáticas com a
Antónia (baixo consenso).
Neste caso, a teoria de Kelley indica que provavelmente se atribui o comportamento
a causas internas (a Judite é uma pessoa simpática).
. Agora combinam-se outros factores: a Judite raramente é simpática com outras
pessoas (alta distintividade); a Judite é quase sempre simpática com a Antónia (alta
consistência); a maior parte das pessoas são simpáticas com a Antónia (alto
consenso).
Agora atribuímos o comportamento a causas externas (a Antónia faz com que as
outras pessoas sejam simpáticas com ela).
50
O modelo de Weiner é mais limitado do que os outros, pois focaliza-se só nas
explicações para o sucesso e insucesso em contextos de realização. Além disso,
investigação recente pôs em evidência que as nossas reacções aos acontecimentos e as
suas explicações podem ser mais complicadas dos que os 3 factores indicados.
5.3.1 – Violação:
Nos últimos 20 anos os investigadores em ciências sociais têm estudado
extensivamente a atribuição de responsabilidade por incidentes em que os homens têm
sido acusados de violar mulheres.
51
Trata-se aparentemente de padrões atribucionais que estão em consonância com
estereótipos sexuais.
5.3.2 – Desemprego:
Dado o lugar proeminente que o trabalho ocupa na maior parte da nossa vida
quotidiana, a perda de emprego representa não só um duro revés, como também
suscita a procura de alguma explicação.
Feather e Davenport referem as pessoas que se sentiam mais deprimidas acerca das
circunstâncias, eram mais susceptíveis de censurar as condições económicas da
sociedade do que a elas próprias; quando se censuram as condições económicas,
muitas pessoas têm dúvidas sobre o controlo do seu próprio destino e assim sentem-se
abandonadas e deprimidas.
5.3.3 – Acidentes:
Se passarmos à explicação da responsabilidade do acidente, emerge novamente a
tendência geral para censurar a vítima. Berger (1981) refere uma fraca tendência para
atribuir mais responsabilidade a uma vítima de um acidente quando a gravidade do
acidente aumenta. Há também uma tendência para baixar a responsabilidade da vítima
do acidente quando o sujeito e a vitima são ambos semelhantes.
52
atribuições internas ao comportamento dos outros. Esta tendência é conhecida pelo
nome de efeito actor-observador.
53
A teoria da atribuição tem tentado compreender como é que uma pessoa atribui causas
a outra pessoa ou a ela própria.
A tendência na atribuição relativamente a grupos reflecte basicamente o que acontece
a tendência com cada pessoa em particular, ou seja, é a chamar a si as razões do
sucesso e de acções socialmente desejáveis e de apontar factores externos como
razões para o insucesso e para acções socialmente indesejáveis. Quando há
comparação de grupos, defende-se o endogrupo e atribuem-se as causas das coisas
negativas ao exogrupo.
54
ligação entre a internalidade e a tendência a exprimir crenças socialmente desejáveis
não é um artefacto, mas uma das componentes da internalidade.
55
Estilo Explicativo Optimista – os optimistas, pelo contrário, explicam os
acontecimentos negativos como sendo uma causa externa (é culpa de alguém), uma
causa instável (não me acontecerá de novo) e uma causa específica (é só nesta área).
Por outro lado, as atribuições de acontecimentos positivos são feitas através de causas
internas, estáveis e globais.
Sumário:
Mesmo em situações determinadas pela sorte as pessoas têm uma ilusão
de controlo. Segundo os teóricos da aprendizagem social, se tem um
locus de controlo interno acredita que as suas acções podem influenciar o
resultado dos acontecimentos. Se tem um locus de controlo externo
acredita que os resultados são controlados por forças ou acontecimentos
exteriores a si (destino, sorte ou previdência). As crenças no locus de controlo
podem afectar a nossa saúde física e a nossa adaptação psicológica.
56
manter a sua auto-estima; D) efeitos temporais na atribuição, as
atribuições podem-se tornar mais situacionais com o passar do tempo.
IV. Atitude:
1. Introdução:
Se fizer uma introspecção das bases desta sua atitude, seja qual for a sua tonalidade,
muito possivelmente há um certo número de semelhanças que emergem:
– As suas atitudes estão fortemente associadas a valores que defende pessoalmente;
– Estas atitudes assentam num certo número de crenças;
– Estas atitudes aparecem associadas a uma emoção forte ou afecto;
– Para modelar a sua atitude poderá ser algum comportamento passado ou experiência
pessoal.
2. Sinopse Histórica:
O termo atitude, derivado da palavra latina “aptitudo” que significa a disposição
natural para realizar determinadas tarefas, designou a posição corporal dos modelos
dos pintores italianos do renascimento. Mediante determinada posição corporal era
expresso um sentimento, um desejo. Assim a atitude recebe uma significação que é
susceptível de ser compreendida pelas outras pessoas. Mais tarde, o termo entrou na
57
linguagem corrente para se referir já não tanto a uma postura corporal como a uma
“postura da mente”. Hoje em dia, quer para o público em geral quer para os
psicólogos sociais, as atitudes referem-se a estados mentais.
Para Darwin este conceito implica respostas motoras estereotipadas associadas com a
expressão de uma emoção, geralmente no sentido de postura de todo o corpo. As
atitudes neste sentido desenvolver-se-iam para instaurar uma função de
restabelecimento do equilíbrio.
McGuire (1985) assinala 3 períodos diferentes no estudo das atitudes, tendo em conta
a sua focalização dominante.
Primeiro período corresponde aos anos 30 focalizando-se sobretudo na
medida das atitudes;
Segundo período ocorreu entre os anos 50 e 60 em que se desenvolveram a
maior parte das teorias sobre a mudança de atitudes;
O terceiro período está em curso e focaliza-se preponderantemente nos
sistemas atitudinais.
Este conceito tem uma enorme multiplicidade de definições o que deixa transparecer
que este conceito é uma realidade psico-social ambígua e difícil de apreender.
58
em campanhas contra o aborto e tentam convencer e aconselhar a que ninguém
pratique o aborto)
É necessário ter presente: que nem sempre as atitudes são expressas directamente
em acções:
Componente cognitiva – uma pessoa pode crer que os estudantes universitários são
arrogantes;
Componente afectiva – pode sentir-se tensa em face a um estudante universitário;
Componente Comportamental – pode recusar-se a dar boleia a um estudante para ir
assistir às suas aulas.
Breckler – 1984 – cada componente pode contribuir com algo de único para o que
se chama atitude – possível existência de uma cobra:
Componente afectiva – mediu o ritmo cardíaco e os humores das pessoas na presença
da cobra;
Componente cognitiva – crenças favoráveis ou desfavoráveis acerca de cobras;
Componente Comportamental – perguntou-se às pessoas como reagiriam a uma cobra
e observa-se a que distância queria aproximar-se de uma cobra.
59
considerando que esta avaliação pode basear-se em 3 tipos de informação: cognitiva,
afectiva e comportamental (baseada no comportamento do passado);
Para além das características referidas, as atitudes têm outras características básicas.
As atitudes são inferidas do modo como os indivíduos se comportam,
podendo-se aqui incluir o comportamento de preencher um questionário;
As atitudes são dirigidas em relação a um objecto psicológico ou categoria. Os
objectos de atitude podem ser diversos (objectos tangíveis, pessoas,
comportamentos);
As atitudes são aprendidas, ou seja, provêm da experiência. Sendo as atitudes
aprendidas, podem ser mudadas ou influenciadas por factores genéticos;
As atitudes influenciam o comportamento. A atitude que se tem em relação a
um objecto pode fornecer-nos uma razão para nos comportamos em relação a
esse objecto de determinado modo.
60
Sitt defende que as atitudes podem ter três funções: adaptação social, exteriorização e
avaliação do objecto de atitude;
Katz menciona quatro funções: conhecimento, instrumentalidade (meios a atingir),
defesa do eu (protecção da nossa auto-estima), e expressão de valores (permitindo às
pessoas mostrar os valores com que se identificam e as definem).
Estas funções estão intimamente associadas a diferentes perspectivas teóricas em
psicologia.
4.1 – Crenças:
Fishbein e Ajzen (1975) definem as crenças como julgamentos que indicam a
probabilidade subjectiva de uma pessoa ou um objecto tenha uma característica
particular. Crenças e atitudes são claramente distintas: as crenças são cognitivas
(pensamentos, ideias) enquanto que as atitudes são efectivas (sentimentos e emoções).
Ex.: crer que um gelado é saboroso não é a mesma coisa que sentir-se feliz a comer
um gelado quando está calor.
61
4.2 – Opiniões:
Por vezes os termos atitude e opinião são utilizados como sinónimo. As opiniões
envolvem julgamentos de uma pessoa sobre a probabilidade de acontecimentos ou
relações.
4.3 – Valores:
Os valores constituem uma variável psicológica intimamente associada às atitudes.
Muito embora as atitudes se refiram a avaliações de objectos específicos, os valores
são crenças duradoiras acerca de objectivos importantes da vida que transcendem
situações específicas (ex.: “Paz, felicidade, igualdade”). Os valores constituem um
aspecto importante do autoconceito e servem de princípios directores para uma
pessoa.
4.4 – Ideologia:
Representa um sistema integrado de crenças, em geral, com uma referência social ou
política; Para Rouquette (1996) a ideologia é o que torna um conjunto de crenças, de
atitudes e de representações simultaneamente possíveis e compatíveis no seio de uma
população.
62
2 – Há ideologias pluralistas e há outras monistas (se uma ideologia pluralista pode
alterar um conflito de valores, uma ideologia monista será bastante intolerante ao
conflito, perspectivando as questões em termos de tudo ou nada)
63
5.3 – Condicionamento Operante:
Thornike e Skinner, o condicionamento operante baseia-se essencialmente no reforço
na formação da atitude. As atitudes consideradas negativas não são reforçadas
(punições), com vista a levar a pessoa a mudá-las; as atitudes consideradas positivas
são reforçadas, no sentido da pessoa as manter. Os princípios do condicionamento
operante (ou aprendizagem instrumental) enfatizam o papel reforço na formação de
atitudes (ex.: quando os indivíduos recebem aprovação social na formação de atitudes
estas são reforçadas e em caso contrario as atitudes não serão reforçadas).
6. Medidas Directas:
64
Os psicólogos sociais não procuram somente saber o que são as atitudes e como são
formadas. Tentam também medi-las, avaliar a sua direcção e intensidade, o que
permite efectuar comparações entre os indivíduos e os grupos.
As medidas podem ser medidas directa ou indirectamente.
Recentemente, Eiser (1983) propôs que um exame cuidadoso das palavras revestidas
de emoções que as pessoas utilizam em entrevistas pode fornecer uma indicação de
valor sobre a atitudes subjacentes, mesmo que não estejam a fazer afirmações
atitudinais directas.
65
4. Os itens que são ordenados pelos juízes nas mesmas categorias são retidos, ao
passo que os itens em que há um desacordo entre os juízes são afastados;
5. A cada um dos itens atribui-se um valor da escala correspondendo à mediana da
distribuição das respostas dada pelos juízes;
6. Retém-se um certo número de proposições de modo que representem a extensão
dos valores da escala ao longo da dimensão favorável a desfavorável, tendo
aproximadamente intervalos iguais entre pares dos valores adjacentes da escala;
7. Apresentam-se os itens seleccionados numa ordem aleatória a uma população
pedindo-lhes para escolherem aqueles com que concordam;
8. A atitude do sujeito é então determinada pelo cálculo dos valores médios ou
medianos dos valores da escala dos itens escolhidos. Por isso, na análise final, a
atitude de um sujeito será representada por um número entre 1 e 11.
Este tipo de escala tem como principais dificuldades: a sua preparação é morosa, pode
haver um fosso muito grande entre o júri e a população a quem se administra a escala.
A principal vantagem de uma escala de Likert é que ela constrói-se mais depressa e
com menos gastos que uma escala de Thurstone;
A crítica mais frequente à Escala de Likert é de que se os scores de dois indivíduos
são iguais, estes devem ter a mesma atitude. Porém é frequente observarem-se scores
totais engendrados por diferentes respostas às questões, o que pressupõe atitudes
também elas diferentes.
66
Este tipo de escala pode-se sintetizar com 3 etapas:
67
Fisiológicas – Assentam no pressuposto de que certos objectos ou certos
acontecimentos levam a determinado comportamento físico (arrepio, dilatação da
pupila, contracção muscular), o que pode indicar uma certa atitude.
Projectivas – aos sujeitos é pedido que descrevam uma figura, contem uma história,
completem uma frase ou indiquem como é que alguém reagiria a determinada
situação, têm a vantagem de que muitas vezes as pessoas projectam nos outros as suas
próprias atitudes.
7 – Atitudes e Comportamento:
Durante décadas os psicólogos sociais estiveram muito interessados no estudo das
atitudes por acreditarem que a partir delas podiam prever o comportamento. No
entanto, prever o comportamento a partir das atitudes não é tão simples como se pode
pensar à partida. A utilidade das atitudes para prever os comportamentos depende de
vários factores pessoais e sociais. Além disso, os psicólogos sociais também estavam
interessados em mudar o comportamento através da influência exercida sobre as
atitudes das pessoas.
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para se dizer e fazer coisas socialmente desejáveis pode tornar as medidas das atitudes
e dos comportamentos menos válidos do que se pretenderia. Também pode acontecer
que os instrumentos não sejam suficientemente sensíveis e precisos para avaliar as
atitudes. A discrepância também pode ocorrer devido ao prazo de tempo muito longo
entre a observação de uma variável e da outra. O investigador mede a atitude do
sujeito e só muito tempo depois, o seu comportamento. Entretanto a atitude pode ter
mudado.
Uma outra razão é que se tentam relacionar atitudes gerais (atitudes em relação aos
chineses) com comportamento específico (uma casal chinês acompanhado por um
americano branco).
Podemos também ser levados a pensar que uma atitude em relação a uma minoria
étnica pode activar-se rápida e automaticamente aquando da interacção com alguém
que nos parece ser um representante típico desta minoria.
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Um factor que contribui para aumentar a consistência atitude-comportamento é a
experiência directa da pessoa com o objecto da atitude.
Tem sido sugerido que a ligação entre comportamentos e atitudes formada mediante
experiência directa é mais forte porque tais atitudes são mantidas com mais clareza,
confiança e certeza, porque tais atitudes são mais acessíveis e mais fortes e porque são
automaticamente activadas com a apresentação do objecto de atitude, Fazio.
SUMÁRIO:
Poucos conceitos senão mesmo nenhum foram alvo de tanta atenção em
psicologia social como o da atitude, foram feitas muitas tentativas para definir,
70
medir e utilizar o conceito com o intuito de melhorar a comportamento
humano;
Existem várias técnicas para medir atitudes. Para além da análise de conteúdo
das comunicações, as técnicas comuns são: auto-avaliação, tais como escalas
de distância social, de intervalos aparentemente iguais, de classificações
somadas, do escolograma e do diferenciador semântico. Alguns procedimentos
alternativos para medir atitudes foram também desenvolvidos, que não são
técnicas de auto-avaliação, tais como técnicas fisiológicas, comportamentais e
projectivas;
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marcadores: acção, alvo, situação e tempo. Uma atitude geral não assegura a
predição de uma acção singular, mas de uma categoria de comportamentos que
formam o índice comportamental compósito;
Para dar conta das numerosas variáveis, para além da atitude, que podem
influenciar, o comportamento foram propostos modelos teóricos. O modelo
mais influente da relação atitude-comportamento é o da teoria da acção
reflectida, posteriormente denominado de teoria do comportamento
planificado. Para o modelo da acção reflectida, o determinante mais imediato
do comportamento é a intenção ou o desejo de agir. Por seu lado, a intenção é
determinada pela atitude e pelas normas subjectivas. Para o modelo do
comportamento planificado o factor de controlo comportamental
percepcionado é acrescentado à atitude e à norma subjectiva. Pressupõe-se que
este modelo tem uma eficácia de predição superior em situações em que o
comportamento só esteja tenuemente sob controlo voluntário;
V. REPRESENTAÇÕES SOCIAIS:
1. Introdução:
Tarde, já em finais do século passado, apreendeu a importância da comunicação para
reproduzir e transformar as sociedades humanas, tendo proposto que a psicologia
social se ocupasse antes de mais do estudo comparativo das conversações.
Uma das mudanças com maior impacto na vida quotidiana foi o papel cada vez mais
assumido pelos meios de comunicação de massa na criação e difusão de informações
e de modos de pensar, de sentir e de agir.
2. Origens:
A noção de representação tem uma longa história e atravessa um certo número de
ciências sociais interrelacionadas. Moscovici, apoia-se em diversas fontes quando
explica a teoria das representações sociais. Tal vai desde o trabalho antropológico de
Levy-Bruhl que se preocupa com sistemas de crenças de sociedades tradicionais, ao
trabalho de Piaget sobre a psicologia da criança que se focaliza na compreensão e
representação que a criança tem do mundo. Todavia, a influência mais importante
exercida sobre a noção deve-se a Durkheim.
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O conceito de representação social resulta do empréstimo pelo vocabulário filosófico
do termo representação. No seu “vocabulário da filosofia”, Lalande (1926) dá-lhe
quatro acepções:
A. Facto de representar uma pessoa ou uma coisa;
B. No sentido concreto: conjunto de pessoas que representam outras;
C. Aquilo que está presente no espírito; o que em nós “se representa”; aquilo que
forma o conteúdo de um acto do pensamento, em particular, reprodução de
uma percepção anterior;
D. Acto de representar em si algo; faculdade de pensar uma matéria concreta,
organizando-a em categorias; o conjunto do que em nós se representa como
tal.
3. Noção:
O conceito de representação social designa uma forma de conhecimento socialmente
elaborado e partilhado, com uma orientação prática e concorrendo para a construção
de uma realidade comum a um conjunto social.
Esta definição chama a nossa atenção para a concepção dos modos de pensamento que
nos relacionam com o mundo e com os outros, para os processos susceptíveis de
interpretar e de reconstituir de modo significativo a realidade, para os fenómenos
cognitivos que suscitam a pertença social dos indivíduos com implicações afectivas,
normativas e práticas e configuram aos objectos uma particularidade simbólica
própria nos grupos sociais. Neste último sentido, as representações sociais são a
expressão de identidades individuais e sociais.
O termo de representação designa, num sentido lato, uma actividade mental através
da qual se torna presente na mente, por meio de uma imagem, um objecto ou um
acontecimento ausente.
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meio próximo ou longínquo. Trata-se do conhecimento do senso comum em oposição
ao conhecimento científico. Conceitos que tendem a qualificar globalmente um
conjunto de actividades intelectuais e práticas, como a ciência, o mito, a religião, a
ideologia, etc., distinguem-se das representações sociais, pois constituem uma
organização psicológica, uma forma de conhecimento particular à nossa sociedade e
irredutível a nenhuma outra.
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Em segundo lugar, Moscovici examinou a incidência da comunicação ao nível da
emergência das representações cujas condições afectam os aspectos cognitivos. Há
três condições que afectam a formação das representações sociais.
5.1 – A representação-produto:
É um universo de opiniões ou crenças organizadas em torno de uma significação
central (objecto). O produto pode ser analisado sob vários aspectos ou dimensões. Na
análise dos produtos Moscovici considera 3 aspectos:
5.1.1 – Informação:
Diz respeito à soma e organização dos conhecimentos sobre o objecto de
representação. É possível conhecer e ter representação do objecto através da
informação que se conhece sobre o mesmo (quer em quantidade, quer em qualidade).
5.1.2 – Atitude:
Exprime a orientação global, positiva ou negativa, em relação ao objecto da
representação. É “uma organização duradoira de processos motivacionais,
emocionais, perceptivos e cognitivos que se relacionam com um aspecto do mundo do
indivíduo”;
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A atitude é reguladora e energética, supondo uma estruturação dos estímulos e das
respostas.
5.2 – Representação-Processo:
Moscovici ressalta dois processos fundamentais que deixam transparecer o modo
como o social transforma um conhecimento em representação e como esta
representação transforma o social, a propósito do estudo de uma teoria científica, a
Psicanálise. Estes dois processos, a objectivação e a ancoragem, mostram uma
interdependência entre a actividade psicológica e as condições sociais.
5.2.1 – Objectivação:
A objectivação é o mecanismo que permite concretizar algo abstracto (ex.: os
sentimentos não são objectos palpáveis, no entanto fazem parte integrante da vida das
pessoas).
Na objectivação, o social reflecte-se na “disposição e na forma dos conhecimentos
relativos ao objecto de uma apresentação”. Articula-se com uma característica do
pensamento social, a propriedade de tornar concreto o abstracto, de materializar a
palavra. A objectivação tem a propriedade de tornar concreto algo que é abstracto. É
uma operação imagética e estruturante.
Este processo pode dividir-se em três fases no caso de um objecto complexo como
uma teoria.
a) Selecção e descontextualização dos elementos da teoria;
b) Obtém-se um “esquema figurativo” que é o núcleo organizador da
representação;
c) A naturalização é a operação pela qual os conceitos se movem “em
verdadeiras categorias de linguagem e entendimento – categorias sociais –
próprias para ordenar os acontecimentos concretos e serem abafados por eles”.
5.2.2 – Ancoragem:
Tal como a objectivação, a ancoragem permite traduzir o que é estranho em algo
familiar. A ancoragem faz a incorporação do que é estranho numa determinada rede
de categorias com características semelhantes.
6. Áreas de Investigação:
Apesar de vários objectos estudados, Jodelet distingue 3 grandes áreas:
1. Uma área que se relaciona especificamente com a difusão de conhecimentos
(no campo social e educativo);
2. Uma área que integra a noção de representação social como variável no
tratamento de questões clássicas de psicologia social: cognição, conflito,
negociação, relações interpessoais e intergrupais;
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3. Uma área mais ampla em que as representações sociais são apreendidas em
contextos sociais reais ou grupos circunscritos na estrutura social. Os estudos
abordam objectos socialmente valorizados, a propósito dos quais os diferentes
grupos definem os seus contornos e particularidades.
Sumário:
As representações sociais constituem um dos objectos de estudo dominantes
na psicologia social europeia no seguimento do trabalho original de
Moscovici;
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A noção de representação social situa-se numa encruzilhada com múltiplos
acessos. As representações sociais apresentam-se sob formas variadas, mais ou
menos complexas: imagens, sistemas de referência, categorias, teorias;
Cada uma destas três áreas foi ilustrada de modo empírico por estudos sobre as
representações sociais da educação, da teoria do núcleo central e da
emigração, respectivamente;
1. Introdução:
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As atitudes indicam-nos o modo como pensamos e sentimos em relação a pessoas,
objectos e questões do meio circundante. Para além disso, podem permitir prever
como agiremos em contacto com os alvos das nossas crenças. A um nível mais geral,
o conceito de atitude está relacionado com graves questões sociais como são os
problemas de preconceito e de discriminação.
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espírito. Talvez fosse mais correcto descrevê-lo ou referir-se a ele como “grupo com
menos poder”, “grupo dominado”.
Para Wagley e Harris as minorias são: sectores subordinados de uma sociedade;
possuem traços físicos ou culturais pouco apreciados pelos grupos dominantes; estão
conscientes do seu estatuto minoritário; tendem a transmitir normas que encorajam a
afiliação e o casamento com membros do mesmo grupo.
A pertença a um grupo minoritário envolve mais um estado de espírito do que
características numéricas.
3.1 – Racismo:
O racismo é “qualquer atitude, acção, ou estrutura institucional que subordina uma
pessoa por causa da sua cor.
Assim o racismo envolve preconceito e discriminação e pode ser pessoal ou
institucional (incluindo cultural).
3.2 – Sexismo:
A investigação sobre o sexismo é importante por dois motivos:
1) Ensina-nos algo sobre os mecanismos psicossociais associados ao preconceito em
geral;
2) Trata-se de uma forma de preconceito que pode afectar um em cada dois seres
humanos.
3.3 – Heterossexismo:
A homossexualidade era vista como imoral e desviante. O preconceito contra
homossexuais ainda está muito espalhado.
O heterossexismo é um sistema de crenças culturais, de valores e de hábitos que
exalta a heterossexualidade e critica e estigmatiza qualquer forma não heterossexual
de comportamento ou de identidade.
O heterossexismo é um conceito novo utilizado para explicar o preconceito contra a
homossexualidade.
3.4 – Idadismo:
Uma maior proporção de pessoas idosas numa sociedade pode suscitar vários
problemas relacionados com o apoio económico, com a saúde, bem como com os
papéis na família e na sociedade.
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Poderá acontecer que as pessoas idosas constituam um peso desproporcionado em
relação à força de trabalho dos mais jovens o que poderá ter como consequência uma
competição pelos recursos entre as necessidades dos idosos e dos jovens.
A forma como os jovens percepcionam os idosos pode variar segundo as sociedades
em virtude de variáveis, tais como tradições, estrutura familiar, grau de contacto
íntimo com os idosos e modernização.
O racismo moderno enfatiza que os aspectos afectivos das atitudes raciais são
geralmente adquiridos na infância e são mais difíceis de mudar que os aspectos
cognitivos.
Gordon Allport, 1954, formulou seis níveis de análise que começam com as causas
sociais amplas do preconceito e progridem para causas individuais mas específicas,
são eles:
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O preconceito nas crianças forma-se através dos processos de reforço directo e de
modelagem em contacto com os pais, outros adultos e colegas. Tais atitudes são
aprendidas relativamente cedo.
Dentro destas abordagens dois tipos de explicações têm sido amplamente utilizadas:
1. O preconceito é visto como enraizado na condição humana;
2. Resulta de um tipo de personalidade.
Em suma, parece claro que podem existir pessoas com preconceitos a quem não se
lhes aplica a abordagem psicodinâmica. Esta não explica cabalmente os casos em que
preconceito e discriminação se imbricam na estrutura social.
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Segundo esta abordagem cognitiva, uma vez que um estereótipo se estabelece, muitas
vezes com base na avaliação errada da covariação de características, permanecerá,
devido ao processamento enviesado da informação subsequente. Crer é ver.
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As defesas intrapunitivas são as que implicam auto-culpabilidade;
As defesas extrapunitivas colocam a culpa nos outros.
Allport defende que os membros de grupos minoritários que são intrapunitivos são
hostis ao seu próprio grupo, ao passo que os que extrapunitivos manifestarão lealdade
em relação ao seu próprio grupo e agressividade em relação a outros grupos.
Dennis (1981) demonstra que a imersão de pessoas numa rede social racista torna
difícil para qualquer pessoa branca evitar a sua influência. Dennis evidencia um certo
número de efeitos da socialização racial sobre crianças brancas:
a) Ignorância das outras pessoas;
b) Desenvolvimento de uma consciência psicológica dupla e confusão moral;
c) Conformidade ao grupo.
Terry (1981) defende que o racismo mina e distorce a autenticidade das pessoas
brancas;
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Diversos grupos minoritários como mulheres, negros, idosos, migrantes, entre outros,
implementam os seus próprios modos de vencer o preconceito.
Pretende-se mediante este processo tornar os membros desses grupos sensíveis às
influências opressivas que pesam sobre a sua vida, assegurando-lhes um meio de
defesa colectiva.
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7.3 – Para além da hipótese do contacto:
Uma das críticas da hipótese do contacto é o ênfase colocado na mudança de atitudes
preconceituosas do grupo dominante, e a ignorância das atitudes dos membros de
grupos minoritários.
Os autores que levantam esta crítica sugerem que uma promoção mais eficaz da
harmonia intergrupal, os cientistas sociais devem considerar também.
1. As atitudes e as crenças dos membros dos grupos minoritários;
2. As crenças e ansiedades de todas as pessoas envolvidas no contacto
intergrupal.
SUMÁRIO:
O preconceito é uma atitude favorável ou desfavorável em relação a membros
de um grupo particular baseado na pertença a esse grupo, ao passo que a
discriminação é a manifestação comportamental do preconceito. Os grupos
minoritários são definidos não tanto pelas suas características numéricas,
como pelas relações psicológicas estabelecidas com os grupos maioritários;
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As abordagens sócio-culturais analisam o impacto da sociedade no preconceito
do indivíduo;
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Muito embora os meios de comunicação de massa tenham muitas vezes
perpetuado estereótipos e preconceito, podem também reduzir o preconceito
mediante retratos favoráveis dos grupos minoritários e de interacção entre os
diferentes grupos;
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