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ABSTRACT
This project’s objective is to explain the creation
process of a graphic novel that uses witchcraft as a
metaphor to reflect on the importance of women’s
empowerment, as well as the empowerment of
other opressed identities.
A MULHER E A BRUXA............................................ 15
............ 16
O ASPECTO HISTÓRICO GLOBAL E BRASILEIRO DA CONDIÇÃO FEMININA
A BRUXA COMO SIGNO................................................. 28
EMPODERAMENTO: COMUNIDADE, ESTRATÉGIA E AUTONOMIA................... 35
HISTÓRIA EM QUADRINHOS....................................... 44
................... 46
HISTÓRICO DA REPRESENTAÇÃO FEMININA NOS QUADRINHOS
LINGUAGEM DOS QUADRINHOS........................................... 56
CASOS ANÁLOGOS..................................................... 70
DESIGN............................................................. 122
DESENHO ............................................................124
ARTE FINAL..........................................................132
DIAGRAMAÇÃO E FLUXO DE LEITURA...................................... 140
PALETA DE CORES.....................................................144
COLORIZAÇÃO........................................................ 146
TIPOGRAFIA E BALONAGEM............................................. 154
PROJETO GRÁFICO.................................................... 156
REFERÊNCIAS.......................................................170
INTRODUÇÃO
Como abordar os dilemas da identidade enfrentados por meninas
e mulheres na contemporaneidade? A pergunta pode soar complexa,
mas uma das hipóteses possíveis, na qual esse projeto é baseado, não
é surpreendente: por meio da representatividade e da construção e
conceituação, para os leitores, do que conhecemos por “empoderamento”.
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Não somente revela-se essa necessidade, mas expõe-se também um
grande descuido de certos setores e pesquisadores na hora de analisar
a grande conclusão da opressão de gênero, raça e religião que foi o
fenômeno conhecido por caça às bruxas que aconteceu durante o século
XIV até meados do século XVII - inclusive no Brasil. Esse projeto, logo,
trata de resgatar o significado por trás de um fenômeno que muitas vezes
é tratado como pouco importante para a situação atual da sociedade e
colocar luz em não somente o que o causou, mas o que influenciou outras
formas de opressão ao longo da história e perpetuou até os dias de hoje,
influenciando famílias da contemporaneidade.
Morgana é uma bruxa extremamente forte, mas que vive nas sombras
de sua lendária mãe; Sabrina é uma garota que se descobre poderosa e
aparenta confiança, porém na verdade nunca deixa transparecer suas
fraquezas; Luna é uma menina focada e determinada que não se permite
ser sua versão mais forte e imponente; Serena é a bruxa que vive em medo
de se levantar contra as vontades dos outros sobre a sua própria vida. Juntas,
elas seguem numa jornada de autoconhecimento e empoderamento com
o grande objetivo de derrotar as pessoas responsáveis pela sua própria
opressão social e psicológica, e como consequência, inspirar e encorajar
os leitores a traçarem e desbravarem o mesmo caminho que elas.
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A outra perna é a história em quadrinhos, subdividida de tal forma que
seja explicitado o histórico da representação feminina em quadrinhos, a
linguagem que será utilizada e casos análogos ao meu projeto.
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The Magic Circle, de John W.
Waterhouse
a mulher
e a bruxa
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Durante o nascer da Idade Média, o período da humanidade onde
predominavam os valores éticos cristãos, a mulher tinha seu papel
baseado no estereótipo que reforçava sua presença restrita no lar. A
mulher era atribuída ao símbolo da roca, uma atividade na vida privada,
enquanto o homem era atribuído à espada, denotando atividade no
campo de batalha (MACEDO, 2002).
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“Quando o valor do dote colocava em perigo a
estabilidade do patrimônio familiar, a fim de diminuir o
número de prováveis casamentos, os pais ou os chefes
de casa enviavam as jovens aos mosteiros para que se
tornassem freiras. (...) a diminuição de solteiras aptas
ao matrimônio protegia os bens, já que não haveria
necessidade de dotá-las para o casamento. (...) Assim,
de todos os lados, o processo de transmissão de bens
determinou o destino das mulheres” (MACEDO, 2002,
p.22).
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Negra tatuada vendendo
caju, de Jean-Baptiste
Debret, 1827
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No meio dessa efervescência, chegam ao Brasil Pedro Alvares Cabral e
seus navios. É a partir desse período que temos alguns poucos registros
das mulheres na colônia além de suas antepassadas.
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da honra de sua família, as negras eram divertimento do “sinhozinho” e
deleite dos senhores. As africanas, embora reduzidas a objetos sexuais,
trabalhavam com a foice e enxada, semeavam, catavam ervas daninhas,
enfeixavam e moíam cana, cozinhavam o melado, manufaturavam o
açúcar, ocupavam-se das tarefas domésticas da casa-grande, lavavam,
cozinhavam, além de cuidarem de seus maridos e filhos, onde ainda por
cima serviam de parteiras e benzedeiras.
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Girl Reading, de Cochran
Lambdin
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masculinos. Entretanto, foi guilhotinada dois anos depois.
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No sertão nordestino, mulheres ricas, mesmo com certo grau de instrução,
eram restritas ao espaço privado e à vida doméstica – extremamente
diferente dos rapazes, que frequentavam escolas particulares e eram
encaminhados para os grandes centros para concluírem o ensino médio.
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Mulheres de classes populares tinham um padrão muito diferente de
comportamento, tendo em vista a sua condição de existência. Trabalhavam
para seu sustento e prole; logo, transitavam com menos inibição pelos
centros, uma vez que eram nas praças e largos que se reuniam-se para
conversar, discutir ou se divertir e onde “cotidianamente improvisavam
papéis informais e forjavam laços de solidariedade”. Vem naturalmente
que, em um contexto histórico que se preocupava cada vez mais com
afrancesar a cidade, essas mulheres pobres sofriam intensa repressão
somente por transitarem na rua. “Essa exigência era impossível de ser
cumprida pelas mulheres pobres que precisavam trabalhar e que, para
isso, deveriam sair à procura de possibilidades de sobrevivência” (SOIHET,
2002, p.367).
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escolas.
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Discriminação é o ato de distinguir ou restringir
que tem como efeito a anulação ou limitação do
reconhecimento de direitos fundamentais no campo
político, econômico, social, ou em qualquer outro
domínio da vida (...). É uma ação deliberada para excluir
segmentos sociais do exercício de direitos humanos. É
segregar, pôr à margem, pôr de lado, isolar.
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PARTE ii: a bruxa
como signo
The Witch, de Luis Ricardo A famosa e infame caça às bruxas foi uma
Falero, 1882 perseguição religiosa e social que começou no
século XV e atingiu seu apogeu nos séculos XVI
a XVIII, principalmente na Europa, apesar de
também haver casos de execuções por bruxaria
no Brasil e outros países de terceiro mundo.
Mas o que realmente estava por trás de uma
perseguição desse âmbito?
Frederici (2017, p.300) começa a discussão sobre a origem do estudo
do fenômeno da caça às bruxas lembrando que os antigos estudiosos
as retratavam como miseráveis que sofriam de alucinações ou outros
distúrbios mentais. Dessa forma, muitos documentos que vemos até hoje
descrevem esse momento da história como um “pânico”, “loucura”, uma
“epidemia” que deslegitimam a culpa dos caçadores das bruxas. Não
apontado somente por Frederici mas também por Mary Daly, boa parte da
literatura deste tema foi escrita de um ponto de vista favorável à execução
das mulheres, desacreditando as vítimas e as retratando como fracassos
sociais – mulheres “desonradas” ou frustradas no amor (DALY, 1978, p.
213). Entretanto, foi somente com o início do movimento feminista que as
bruxas e o que elas representam na história emergiram da clandestinidade,
quando elas começaram a ser adotadas como um símbolo da revolta
feminina (BOVENSCHEN, 1978, p. 83).
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Reforma levou o Estado a se tornar Igreja (como no caso da Inglaterra) ou
vice-versa (FEDERICI, 2017, p. 307).
Quanto ao que se diz respeito aos crimes das bruxas, não se parece
nada mais que a luta de classes desenvolvida em escala de vilarejo: o
“mau-olhado”, a maldição do mendigo a quem se negou a esmola, a
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inadimplência no pagamento de aluguel, a demanda por assistência
pública (MACFARLANE, 1970, p. 97). A luta de classes contribuiu na criação
da figura da bruxa inglesa, e tal hipótese pode ser observada nas acusações
contra Margaret Harkett, uma senhora viúva de sessenta e cinco anos
enforcada em Tyburn em 1585:
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Witches Sabbath de Goya,
1798
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Entretanto, e como já vimos anteriormente, aos olhos da nova classe
capitalista, uma concepção tão anárquica e distribuidora do poder no
mundo era, e ainda é, insuportável. É viável assumir que a magia era uma
espécie de rejeição do trabalho, de insubordinação, e um instrumento de
resistência de base ao poder.
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Sukeban é a cultura
japonesa que coloca
mulheres no poder
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contexto sócio-político, histórico, do solidário, do que
representa a cooperação e o que significa preocupar-se
com o outro (LEON, 2001, p. 95).
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• Poder sobre: como conhecemos, a exemplificar como A tem
poder sobre B, referindo-se à dominação, o que Luciano
dos Santos (2011, p.150) considera como um dos lado da
polaridade entre dominação-resistência.
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se atrela também a essa noção de interesses estratégicos. Molyneux
destaca a importância da organização e mobilização das mulheres para a
conquista dos seus interesses, ou seja, uma conquista resultante da ação
comunitária.
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cujo acesso aos recursos e poder são determinados por
classe, casta, etnicidade e gênero, o empoderamento
começa quando eles não apenas reconhecem as forças
sistêmicas que os oprimem, como também atuam no
sentido de mudar as relações de poder existentes.
Portanto, o empoderamento é um processo dirigido
para a transformação da natureza e direção das forças
sistêmicas que marginalizam as mulheres e outros
setores excluídos em determinados contextos (1994,
p.130).
Outro ponto crucial que definitivamente deve ser levantado é como este
processo deve se dirigir a todas as estruturas e fontes de poder relevantes,
do mais alto ao mais baixo. Nelly Stromquist cruza esse caminho quando
traz a existência de dimensões ao termo:
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Joana D’Arc é
considerada uma
das mulheres mais
poderosas da história,
e foi condenada por
bruxaria
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da construção de autonomia. De acordo com ela, empoderamento é o
processo através do qual aqueles a quem escolhas eram negadas adquirem
a capacidade estratégica para tal. Kabeer divide em três dimensões que
vem com a possibilidade de fazer escolhas de maiores consequências –
recursos (pré-condições), agência (processo) e realizações (resultados e
consequências).
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mas podemos também subtrair esses para conseguir uma versão resumida
dos passos necessários para uma mulher obter sua autonomia empoderada.
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história em
quadrinhos
PARTE I: histórico da
representação femina nas
revistas em quadrinhos
Mística na capa
do quadrinho do
Capitão América, por
Kevin Wada
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Aliando o contexto do meu projeto com sua forma, é inicialmente
necessário aprofundar ainda mais a importância da figura feminina para
com o mesmo. Para tal, precisamos mergulhar no contexto histórico dos
comics para entender exatamente de onde veio a figura feminina e onde
ela está agora.
Voltemos aos anos 30 até os anos 50, época conhecida como os anos
de ouro dos quadrinhos. O arquétipo do super-herói é criado e vários
personagens famosos são introduzidos, desde o Superman até a Wonder
Woman – ou Mulher Maravilha. De acordo com historiadores, uma das
principais funções dos quadrinhos na época da pós-guerra era acalmar
o medo de jovens de guerras nucleares e neutralizar a ansiedade sobre
questões voltadas ao poder atômico, dessa forma atribuindo a imagem de
um super herói a possibilidade e esperança de paz. (ZEMAN, 2004, p. 11).
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Marston que descrevia o que ele via de um grande potencial educativo
nos quadrinhos (RICHARD, 1942) e acabou contratando Marston como um
consultor educacional para a All-American Publications. Foi ideia de sua
esposa, Elizabeth, de criar uma mulher super-heroína (LAMB, 2007). Dessa
forma nasceu a Mulher Maravilha, quem Marston acreditava ser o modelo
da mulher não-convencional e liberal para a época. Deve-se levar em
conta que a Mulher Maravilha é uma princesa amazona, grupo criado por
Afrodite para serem mais fortes e inteligentes que homens.
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No que ficou conhecido como os anos de prata dos quadrinhos,
entre 1956 e 1970, a popularidade dos quadrinhos de super-heróis caiu
e quadrinhos dos gêneros de horror, crime e romance tomaram conta
do mercado. Quando nasce uma controvérsia que ligava quadrinhos à
delinquência juvenil, é implementado, em 1954, o Código de Autoridade
dos Quadrinhos, que proibia a apresentação de policiais, juízes, oficiais
do governo e instituições respeitadas “de maneira a criar desrespeito
pela autoridade estabelecida”, mas, mais relevante ainda, ditava como
mulheres deveriam ser desenhadas e portadas dentro de suas próprias
histórias e narrativas.
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Fantástico. Inicialmente um objeto de obsessão do vilão Dr. Doom, Susan
era constantemente usada como a donzela em perigo. Entretanto, ao longo
da sua história, começa a desenvolver uma confiança assertiva, além de
poderes mais defensivos, como quando ela começa a projetar campos de
energia extremamente fortes.
A partir dos anos 70, é dado início aos anos de bronze dos quadrinhos,
exatamente quando as tensões feministas começaram a ser refletidas nas
histórias. O número de personagens mulheres aumentou substancialmente
nessa época, tanto como resposta à essa tensão quanto numa tentativa de
diversificar leitores. Entretanto não se pode esquecer que muitas dessas
personagens eram estereotipadas, como a detestadora de homens Thundra
ou a paródia antifeminista Man-killer (WRIGHT, 2001, p. 250).
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diversas formas, sendo a mais famosa super-heroína negra na história e
uma personagem incrivelmente poderosa e assertiva desde sua primeira
aparição em 1976; sendo filha de uma princesa de uma tribo no Kenya
e um fotojornalista americano, Ororo nasce em Nova Iorque e muda-se
para o Egito, onde seus pais morrem e a deixam orfã e claustrofóbica.
Apesar disso, Ororo acaba se tornando uma ladra exemplar em Cairo, e
mais tarde é adorada como uma deusa por seus poderes. A partir dos anos
2000 foi revelado que Ororo se casaria com Pantera Negra, a tornando uma
verdadeira rainha de Wakanda.
Chegando aos anos 90, a era moderna dos quadrinhos é marcada pela
popular Tank Girl, criada por Jamie Hewlett e Alan Martin, recheada de
influências punk além de uma cabeça raspada. Sua popularidade foi tanta
que um filme acabou sendo feito, representando a nova mulher moderna
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que não mais tem que viver sob os signos tradicionais da sociedade.
Tank Girl, ou Rebecca Buck, fazia uma série de missões para uma certa
organização até ser decretada como uma criminosa por suas inclinações
sexuais e abuso de substâncias. Os quadrinhos focam, em grande parte, suas
aventuras ao lado de seu namorado Booga, um canguru mutante. O estilo
do quadrinho, fortemente influenciado por arte visual punk, era muito
diferente do que havia no mercado anteriormente, com quadros caóticos
e desorganizados, além de extremamente psicodélicos. O conteúdo muitas
vezes não se preocupava com narrativas convencionais,escorando-se em
técnicas surrealistas, colagens e metaficção, entre outros.
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em uma pose objetificadora. Harley Quinn da DC Comics é famosa não
por suas habilidades, mas sim por seu romance com o Coringa e seu sex
appeal exagerado para a audiência – tanto nos quadrinhos quanto nos
filmes.
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realidade, tanto a Marvel quanto a DC não estão nem perto de equalizar a
porcentagem de personagens femininas e masculinas, como é amostrado
nesse outro gráfico (ibid).
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PARTE II: LINGUAGEM DOS
QUADRINHOS
Neste subcapítulo é importante explicar como os quadrinhos funcionam
em seus meios e fins e no caso do meu projeto, justificar minhas escolhas
para alcançar um modelo de quadrinho onde todos os elementos
funcionam em união e encaixam-se entre si, formando uma revista
que consegue comunicar sua proposta de forma única, compreensível
e especial. Podemos dividir de tal forma que seja discutido a linguagem
imagética proposta e também a linguagem temporal e como as duas se
combinam uma vez que é criado o quadrinho.
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que poderiam ser interpretadas como barulhentas, frias, rápidas, entre
outras. Essa era uma ciência que ele queria explorar; unir formas e traços
para atrair os sentidos humanos.
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1. a linha (o signo) pode representar ela mesma o corpo
do objeto, como no caso de uma linha que representa
uma corda ou o braço de uma pessoa em um desenho
infantil; 2. a linha (o signo) pode representar o
contorno de um objeto; pensemos em um círculo que
representa uma bola ou na linha do perfil de um rosto;
3. a linha (o signo) pode, enfim, ser usada para criar
um preenchimento, uma retícula que dê uma ideia da
intensidade luminosa de uma superfície (...) (BARBIERI,
2017, P. 32)
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dos quadrinhos - há uma responsabilidade de resolver e “trabalhar com o
problema da disciplina de leitura” (EISNER, 1999, p. 52). A disposição dos
requadros tem como função auxiliar o leitor na compreensão do conteúdo
e enredo – dessa forma, tomando as rédeas de uma sequência de outras
questões; tempo, espaço, expressão e emoção. A partir do requadro,
podemos borrar a linha que divide imagem e tempo – por exemplo, ao
colocar uma sequência de pequenos requadros um ao lado do outro,
criamos uma sensação de rapidez. Da mesma forma, ao colocarmos um
longo requadro em baixo desses, criamos um contraste que faz com
que a mente do leitor entenda como se esse quadro representasse uma
passagem de tempo mais longa (MCCLOUD, 2004, p. 101).
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Tanto na fotografia quanto no cinema e televisão, os enquadramentos
(ou o que chamamos de requadro nos quadrinhos) foram classificados
e denominados de acordo com a distância que captam seus objetos. Os
mais distantes e, por consequência, mais amplos, são chamados de plano
geral e plano de conjunto – onde as figuras humanas aparecem muito
menores que toda a imagem. No plano médio e total, figuras humanas
erguidas adquirem uma dimensão significativa em relação à imagem,
enquanto na figura inteira preenchemos toda a imagem da cabeça aos
pés. O plano americano recorta a figura na altura dos joelhos, ao passo
que o meio primeiro plano recorta na cintura. Por assimilação, o primeiro
plano recorta a figura à altura do peito, e o primeiríssimo plano enquadra
somente o rosto. O plano detalhe é autoexplicativo. O que se pode tirar dessa
informação é que muitos desses planos podem ser explorados por meio de
diferentes angulações (BARBIERI, 2017, p. 116). Dessa forma podemos ver
cenas de cima para baixo, como do topo de uma escada olhando para os
pés, ou também o contrário, como um pedestre olhando para um arranha-
céu. Cada uma dessas escolhas tem um peso diferente na narrativa, e dão
um significado para a imagem que está sendo representada. Por exemplo,
o plano geral pode ocorrer para passar um sentimento de pequenez de
uma pessoa em oposição a grandiosidade do mundo tanto quanto o plano
detalhe pode ser utilizado para mostrar a importância das pequenas
coisas, ou como um pequeno gesto se mostra extremamente relevante
para uma história.
Plano detalhe em
Pulp Fiction
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Nos quadrinhos, a perspectiva tem como função primordial “manipular
a orientação do leitor para um propósito que esteja de acordo com o plano
narrativo do autor” (EISNER, 1999, p. 89). Dessa forma, ao vermos diversas
formas diferentes de captar o mesmo evento, é preciso saber as diferentes
opções de expressar sentimentos ao leitor. O que advém de uma teoria
de que a reação do espectador é influenciada pela sua posição em uma
determinada cena resulta no poder do autor de produzir vários estados
emocionais na audiência. Dessa forma quadrinhos estreitos evocam uma
sensação de encurralamento tanto quanto um quadrinho largo sugere
espaço de sobra, ou uma oportunidade de fuga.
Isso nos leva aos diferentes tipos de transição possíveis nos quadrinhos,
ou seja, o tempo que o autor escolhe para ser explorado entre requadros,
ou o que os aficionados de quadrinhos chamam de sarjeta. É a partir do
espaço da sarjeta que a imaginação do leitor entra em cena, em uma
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conclusão mental automática que conecta os requadros. Scott McCloud
(2004, p. 70) divide seis tipos de transições:
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1. Momento-a- 2. Ação-pra-
momento; ação;
3. Tema-pra-
4. Cena-a-cena;
tema;
5. Aspecto-pra-
6. Non-sequitur
aspecto
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planejamento gráfico das páginas.
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Tendo analisado essa forma de organização de lâminas, é possível
perceber que, de forma tradicional, os esquemas de página tem uma
finção de organização essencialmente estática. Foi a partir dos anos 60
e 70 que muitos autores reagiram contra essa forma, desenvolvendo
novas formas de construí-la, com cortes de vinhetas diagonais, circulares,
dentados, entre outros. Graficamente isso trouxe muita dinamicidade
muito maior ao quadrinho, mas, por outro lado, acentuava-se o impacto
visual e diminuia-se a preocupação com a narração tradicional, como é o
caso do trabalho de Philippe Druillet (BARBIERI, 2017, p.141).
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PARTE IIi: CASOS ANÁLOGOS
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2. monstress, de marjorie liu
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3. SNOTGIRL, DE BRYAN LEE O’MALLEY
Publicado em 2017 pela Image Comics, escrita por Bryan Lee O’Malley
e ilustrado por Leslie Hung, Snotgirl é uma história em quadrinhos de
fantasia contemporânea que conta a história de Lottie Person, uma
blogueira de moda que vive uma vida perfeita - ou pelo menos é isso que
ela quer que acreditem. Na realidade, Lottie tem alergias fortes, péssimos
amigos e ela pode ou não ter matado alguém acidentalmente.
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público alvo
e estratégias
PARTE I: O ATUAL MERCADO
BRASILEIRO DE QUADRINHOS
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Tendo em vista todo o conceito do meu projeto e das histórias em
quadrinhos, é importante delinear aqui o contexto do mercado acerca do
meu produto para saber exatamente como o projeto se posiciona.
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Assim, as tradicionais bancas de jornal vieram se
juntar as gibiterias - adaptação, em língua portuguesa,
da denominação dada às lojas especializadas norte-
americanas, as comic stores ou comic shops - e as
grandes livrarias, que se transformaram em espaços
privilegiados para alcançar um consumidor de maior
idade e maior nível de exigência (VERGUEIRO, 2017, p.
146).
Autores brasileiros também optaram por esse formato como seu formato
preferencial para o trabalho artístico, excluindo as outras possibilidades. O
autor Lourenço Mutarelli, um dos mais aclamados artistas de quadrinhos
do país, foi um exemplo dessa opção; antes de perseguir outras áreas,
Mutarelli lançava uma graphic novel por ano, recebendo muitos prêmios
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por seu trabalho (VERGUEIRO, MUTARELLI, 2002).
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Experience, em São Paulo, é o evento mais influente em termos de mídia
e frequência de público;
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PARTE II: VIABILIZAÇÃO:
CROWDFUNDING
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dispostas a gastar com isso. Ao validar uma ideia, o financiamento coletivo
também faz com que empresários e investidores se livrem da preocupação
de correr riscos com o lançamento de uma idea. Além disso, através dos
sites de financiamento coletivo, projetos recebem mais visibilidade, novos
fãs e clientes em potencial. Por fim, os sites de crowdfunding oferecem
maneiras para que colaboradores tragam suas opiniões e sugestões em
uma espécie de feedback em tempo real, ajudando com insights para a
realização do projeto.
De acordo com Cagno, é esse contato que faz com que ele possa adaptar
seus projetos ao gosto dos fãs, criando uma comunidade ainda mais
engajada e fiel - em um de seus projetos, mais de 90% dos apoiadores já
tinham participado de projetos passados. De acordo com o autor, a cena
dos quadrinhos independentes nunca esteve tão forte no país, e muito se
deve ao financiamento coletivo (ibid).
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PARTE Iii: leitores
1. grl pwr!
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2. neo-fÃS DE QUADRINHOS
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3. investidores
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UM POUCO SOBRE
A NARRATIVA
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parte i: roteiro
O ano é 2018, e Morgana é a última de uma notória linhagem de bruxas,
sendo a mais notória de todas sua mãe, Ana. Após o fim da guerra contra
os dragões e uma longa era de convivência tranquila com a raça humana,
Morgana nasce e apenas alguns anos depois sua mãe é brutalmente
assassinada enquanto dormia, assim como diversas de suas cúmplices
e irmãs. Ela crê que teria sido assassinada também não fosse pela sua
tia, Eva, que usou dos seus poderes para esconder e levar não somente
ela, mas diversas de outras crianças cujas mães foram assassinadas na
conhecida Noite Escura. Entre essas outras crianças, também foram salvas
Sabrina, Luna e Serena.
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pela morte da sua mãe, contanto que Morgana entenda que tudo isso vem
com o seu preço.
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sobre o que aconteceu com sua mãe e tia, além de o porquê de estar atrás
dela. É somente com essa estratégia que Morgana consegue acordar o lado
empático de Luna, que finalmente concorda em ver o que aconteceu com
sua mãe.
Luna se mostra chocada com as imagens que ela vê, mas não surpresa,
e se conecta com os ideais de sua mãe, reforçando seu apoio à missão de
Morgana que, por sua vez, está mais confiante que tudo vá da forma que
ela espera. Faltando somente uma menina, a Deusa reaparece com mais
um nome, Serena, e uma universidade. Morgana usa seus poderes mais
uma vez, mas está visivelmente mais fraca e seu nariz sangra.
Encontrando com Serena, torna-se claro que ela é uma pessoa muito
ocupada, e as meninas a veem no telefone com sua mãe, chorando
enquanto abria mão de sair no final de semana. Isso deixa Sabrina muito
abalada, que impulsivamente vai atrás dela e tenta a convencer que isso
não estava certo, e a convida para ficar com as outras meninas. Serena,
envergonhada, sai correndo para o banheiro mais próximo.
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Após ser derrotado, Luna está ferida e várias notícias entram para um
certo canal de reportagens alegando terrorismo por parte das bruxas, e
um terror em massa começa a se espalhar entre os humanos, até mesmo
aqueles que um dia apoiaram a igualdade de suas raças. Isso leva
Morgana a pensar que seu plano está indo por água a baixo, apenas para
ser lembrada por Serena que, algumas vezes, as coisas precisam piorar
para poderem melhorar novamente.
A Deusa faz mais uma aparição, apenas para soltar o nome do Dr. Zeman,
culpado por criar as armas que Salgado fundava, além de experimentos
ilegais e cruéis em bruxas de todas as idades. O resultado desse encontro
é uma Serena abatida, e todas as garotas extremamente cansadas –
principalmente Morgana, que consegue sentir que o fim está próximo.
Ao receber o último nome, Ygarth, Morgana sabe o que tem que fazer,
e, com a ajuda das outras garotas, consegue derrotá-lo. Após isso, a Deusa
revela que o preço a ser pago por tamanha mudança na história da
humanidade é a sua própria vida, e Morgana já sabia.
91
parte II:
PERSONAGENS
MORGANA
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se tornam mais fortes a medida que ela treina.
Através de sua telepatia ela pode manipular
a mente de outras pessoas para diversos fins,
desde comunicação até controlá-los contra
sua vontade. Além disso ela pode lançar raios
psiônicos para atordoar seus inimigos. Morgana
também possuí o poder de telecinese, e, de
acordo com Eva, é a única bruxa viva que tem
esse poder. Ela pode mover objetos com a força
de sua mente, incluindo ela mesma. Quando
não em controle de seus poderes, o que pode
acontecer em um momento de fraqueza
emocional, física ou psicológica, Morgana recebe
uma carga psíquica de pessoas ao seu redor que
a atordoam, podendo ser possível até matá-la.
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SABRINA
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De personalidade alegre e brincalhona, Sabrina
é aparentemente uma menina engraçada e de bem
com a vida, além de muito vaidosa. Entretanto,
talvez por ter carregado o fardo de um segredo
grande como o do seu poder, Sabrina também é
inclinada a esconder seus verdadeiros sentimentos
e inseguranças. Ela é propensa a criar fachadas
para o conforto alheio e deixar de lado seu próprio
bem-estar.
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Sabrina é uma bruxa elemental, a segunda
bruxa mais poderosa da série, podendo controlar
todos os quatro elementos; fogo, água, ar e vento,
dessa forma podendo criar, manipular e absorver
todos esses. O que a faz uma bruxa excepcional
é o fator de ter um controle muito grande de seu
poder, que vem a ela quase naturalmente apesar
da complexidade. Apesar da grandiosidade do
seu poder, quanto mais tempo ela o usa, maior a
probabilidade do corpo dela sofrer as consequências
do elemento utilizado.
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luna
Luna é outra das crianças que foram resgatadas pela tia de Morgana
e a segunda das personagens que não tem nenhum conhecimento
de sua ancestralidade devido ter sido mandada para adoção enquanto
nova. Fazendo parte de uma família muito grande e tendo 4 irmãos mais
novos, Luna sempre deteve muita independência em seu meio, sem muita
vigilância por parte de seus pais. Entretanto isso não significa que ela seja
menos responsável, muito pelo contrário; sua independência é tão forte
que é como se ela vivesse num mundo somente de suas ambições. Sua
maior ambição sendo o sucesso de sua banda, de qual ela participa como
guitarrista.
100
101
102
serena
103
parte IIi:
antagonistas
sargento leal
104
Isso o torna alvo de Luna na batalha, principalmente quando ele vê em
Serena a bruxa com o qual ele um dia se apaixonou e abertamente tenta
destruí-la.
FERNANDO SALGADO
105
maior poder ou força que um homem.
Isso o faz o alvo dos ataques de Sabrina, que crê com muita força, e até
ódio, que não há espaço no seu mundo para um pensamento desse calibre
– isso além de se enfurecer com os comentários machistas dele durante a
batalha.
DOUTOR ZEMAN
106
conseguiu obter o poder de magnetismo, o que o torna um dos antagonistas
mais extenuantes de derrotar.
Ygarth, o dragão
107
108
109
parte Iv:
universo
110
Cada antagonista representa uma das instituições citadas anteriormente,
responsáveis pela dominação (patriarcal, racial, sexual) que sustenta um
sistema falho. Os antagonistas em geral são formas diferentes do “poder
sobre”, explicitado na página 38, além de diferentes tipos de poderes de
dominação de recursos materiais, intelectuais ou ideológicos como citados
na página 39.
111
parte v: série
VOLUME I
112
113
VOLUME Ii
VOLUME Iii
114
consequentemente a atingindo e a levando a entrar em um estado de
coma. Isso abala Morgana profundamente, mas, principalmente movida
pela raiva, segue com sua missão. Sabrina convida Morgana a morar com
ela enquanto sua tia não acorda, e ela aceita. Em seguida a Deusa aparece
com um novo nome, Luna, e o nome de uma banda, A Crescente. Morgana
tenta convencer Luna a entrar para o seu grupo e ajudar na missão, mas sua
abordagem fria e técnica não consegue convencer Luna. Isso leva Morgana
a entrar em ainda outra depressão mais forte após a hospitalização de sua
tia, e a leva a praticamente abandonar a missão – e é assim que acaba o
segundo volume.
VOLUME iIi
115
que foge. O volume acaba com as meninas repreendendo Sabrina pela
atitude impensada.
VOLUME IV
116
VOLUME V
VOLUME Vi
117
uma das cobaias desses experimentos, seus poderes saem de controle e a
fazem desmaiar. Luna, que já havia se preparado para a batalha, deixou
uma gravação na cena, e por consequência vários canais de notícia
passaram a reportar os crimes hediondos de Fernando Salgado. Morgana
está feliz, mas ao final do volume mostra-se fraca e tosse sangue, o que
choca suas colegas.
VOLUME VII
118
VOLUME VIII
VOLUME ix
119
VOLUME X
120
121
DESIGN
122
123
parte i: desenho
124
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127
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129
130
131
132
parte ii: arte final
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136
137
138
139
parte iii:
diagramação e
fluxo de leitura
140
parte iv:
paleta de cores
144
Em Triluna, a paleta de cores foi organizada
de acordo com a sua temperatura, de forma que
quando o plano de fundo fosse razoavelmente
frio, o primeiro plano fosse colorido de forma a ser
razoavelmente quente.
145
parte v:
colorização
146
147
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149
150
151
152
153
parte v:
tipografia
e balonagem
DK SUSHI BAR
Para a fala da Deusa
Criada por Hanoded,
disponível em dafont
MOON FLOWER
Para subtítulos
Criada por Denise Bentulan,
disponível em dafont
154
Ao desenvolver a balonagem, me utilizei dos
espaços em branco entre as vinhetas para não
aplicar os balões sobre elementos essenciais do
conteúdo da vinheta - isto é, quando não havia
espaço sobrando.
155
parte vi:
projeto gráfico
LOGOTIPO
O mais importante sentimento, que eu queria
trazer para o logotipo da HQ, era a vingança. Após
perceber isso, outras definições apareceram; a
determinação, o erro, a imperfeição, a marca, o
corte, entre outros.
156
Acima é uma das diversas formas de estilizar o
símbolo da Deusa Tríplice - a donzela, mãe e anciã.
Foi desse símbolo que me veio a ideia de fazer meu
logotipo sobre a Deusa.
157
A aplicação ideal do
logo é sobre tons frios com
pelo menos 70% de preto.
158
Aplicação do logo ideal
sobre branco, em tons
de cinza (luas) e preto
(lettering).
Aplicação do logo
ideal sobre preto, em tons
de cinza (lua), e branco
(lettering).
159
capa
Foi definido, à princípio, que as capas de todas as edições seriam
inspiradas por esculturas clássicas que tragam o sentimento ou tema que
é explorado em algum momento da edição.
Menos pelo tema original e mais pelo sentimento que a Pietá evoca (de
piedade, compaixão, parceria, o calor da mãe) que decidi utilizá-la para
essa edição - é quando Morgana encontra não somente uma guerreira
para sua causa, mas também uma amiga com quem ela pode confiar.
160
161
162
Nessa linha de raciocínio, a Bela Adormecida
de Louis Sussman seria ideal para a terceira
edição, representando Serena.
163
A capa da quarta edição
seria baseada na escultura
de Psyche com o cupido, de
Antonio Canova, com Serena
e Luna.
164
A capa da décima edição seria baseada
em São Jorge, como nessa estátua da
biblioteca do estado de Victoria em
Melborne, com Morgana e Ygarth.
165
166
formato
O formato escolhido foi de 31cm x 29,1cm,
maior do que encontramos no mercado popular
de quadrinhos, mas próximo de algumas obras
independentes - o caso de Triluna.
167
considerações
FInais
Escrever essa parte é muito estranho pra mim, porque significa que eu
estou realmente concluindo o projeto, coisa que eu sinto que estou longe
de fazer. Mas isso não é ruim; muito pelo contrário. Para explicar melhor,
eu sinto que esse projeto é uma parte de algo muito maior na minha vida
profissional. E por quê?
168
afirmar, e muitas pessoas que me conhecem vão concordar, que eu nunca
entregaria algo que eu me envolveria tanto quanto no nível de Triluna
simplesmente por entregar. Eu sempre tenho que fazer o melhor possível.
Mas acho que a mais importante coisa que eu levei comigo esse semestre
foi a vontade de produzir algo que eu me orgulho, algo que signifique algo
pra mim, e principalmente algo que orgulharia a Cláudia de 10 anos que
alimentava um fascínio com personagens que eram mulheres.
169
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