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HISTÓRIA DO BRASIL
ESCRAVIDÃO / EDUCAÇÃO
Dra. Mabel:
Hoje abordaremos dois temas muito importantes que dão sequência ao que
começamos a tratar na última palestra: Rasgando o Véu - Descontruindo a
Engenharia do Consentimento. A Engenharia do Consentimento é todo um
plano traçado para haver consentimento da população para tudo que se faz, a
fim de dominar as massas, e nisso estão incluídas, também, a Educação e a
Escravidão.
O Brasil tem certo desconforto em falar sobre este tema. As pessoas negam,
veementemente, que haja qualquer tipo de preconceito, qualquer tipo de
discriminação racial neste país. Inclusive, a imagem que temos lá fora - isso
desde a Abolição da Escravidão, desde a Proclamação da República - a
imagem que passamos é de um país onde “tudo pode”. Aqui há toda uma
diversidade de religiões e aceita-se tudo, todas as raças convivem bem,
igualmente, e há oportunidade igual para todos.
Vamos dissecar a escravidão e o que ela faz, seus ecos até os dias de hoje,
que são origem e manutenção de toda a desigualdade socioeconômica entre
as duas principais populações do país: os brancos ou caucasianos e os
afrodescendentes. Faremos uma viagem com vocês a esse passado
tenebroso, e que permanece até os dias de hoje. Na segunda parte
conversarmos sobre Educação.
Como já foi dito aqui, a escravidão sempre existiu, e ela não acontece somente
neste setor, mas nós somos escravos também. Qual é o tipo de escravidão que
carregamos? E a Educação como uma maneira, o remédio, para curar tudo
isso.
O que estamos fazendo aqui, nestas palestras, o Hélio há alguns anos e eu,
recentemente, é trazer um pouco da Educação, não uma Educação formal de
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instrução, mas uma Educação diferente, para a Alma, para a Consciência.
Vamos iniciar hoje com a Escravidão Colonial.
Prof. Hélio:
Hoje há duas novas pessoas dando a palestra. Vocês, já sabem que esta
palestra é canalizada duplamente. Hoje temos duas novas pessoas, e isto
acontecerá periodicamente, uma alternância de pessoas para que muitas
pessoas tenham oportunidade, se quiser, de transmitir a sua forma de ver. A
mensagem é sempre a mesma, mas a forma de se ver, a personalidade, a
forma de abordar as questões varia, como todos aqui têm as suas
personalidades bem marcantes. É muito interessante que isto aconteça assim,
porque vocês, também, podem interagir com várias personalidades diferentes
tornando-se muito mais enriquecedor.
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conhecimentos, habilidades, que foram transmitidos para ele, a fim de executar
corretamente, sem que haja a interferência, de outras pessoas, que não
avaliam corretamente a importância e a responsabilidade do trabalho. Estas
pessoas podem ter visão estritamente comercial, achando que pode ser uma
franquia ou, falando em termos populares, uma pirataria. Como isso no Brasil é
muito comum, inevitavelmente, poderia acontecer com “As Chaves de
Nefertite” e a Ressonância Harmônica.
Antes que isto adquira proporções e o dano seja irreversível, que muitas
pessoas comecem a falar lá fora e divulgar, seja lá onde for, que também
recebem, canalizam e podem fazer tanto o trabalho “As Chaves de Nefertite”
quanto o da Ressonância Harmônica, para que se evite isto é que hoje está
sendo dado este aviso. Se, com o número mínimo de pessoas sabendo do
trabalho “As Chaves de Nefertite”, no momento, já existe este perigo em
andamento, então imaginem daqui a um ano, dois, cinco, com transmissão
direta etc. Em breve, quantas pessoas haverá falando que são canais destes
trabalhos?
Escravidão
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O que Dom Henrique fez? Redobrou os esforços, os investimentos, para que
novas expedições, mais navios, fossem procurar mais pessoas, porque
finalmente tinha encontrado um “filão”, um lugar onde poderiam capturar essas
pessoas. Em 1443 aprisionaram mais 29; mais festa ainda.
Imagine qual nível de civilização a África estava em 1400. Invadem o seu lugar,
a sua tribo, suas casas, e levam os melhores, a elite. Seria como, se hoje,
tirássemos do Brasil os médicos, os engenheiros, os professores, toda a elite
educada do país. Ficaria o quê? Ficariam quem não tem educação e os
criminosos. As famílias desestruturadas. O caos, a barbárie. O resultado disso
foi: A África voltou 1000 anos atrás e ficou pior, porque há 1500 anos havia
uma estrutura social em andamento. Mas, quando se tira toda a capacidade
intelectual e produtiva de um continente, ele não só volta 1000 anos atrás em
termos econômicos, como volta milhares e milhares de anos para o nível de
barbárie. Por que sobra quem? Os piores elementos; os mais fracos, os mais
espertos etc.
Depois de 500 anos, vocês podem assistir ao filme “Hotel Ruanda” e verem os
resultados. É um filme de Hollywood, bem “dourado”, bem “romântico”. São
800.000 mortos a facão. Quem mata quem? Como é que se define uma etnia
em Ruanda para saber que este é de uma raça e este é de outra? Sabem
como? Como foi feito para se definir e separar dois grupos? Pegando-se uma
régua e medindo o nariz. Quem tem nariz até um tanto de centímetros é de
uma raça, quem tem o nariz maior é da outra raça. Isso é que é ciência! Em
função disso, só poderia ter dado no que deu.
Vocês veem que uma ação propaga o mal, século após século, tudo por causa
da ganância, que começou em 1441. Tudo por causa da zona de conforto.
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O problema acabou? Como a educação chegará até eles? Como poderá se
resolver um problema desses, se uma palestra, específica, sobre a História da
Escravidão no Brasil não atraiu nenhum afrodescendente que não faça
Ressonância? É para vocês verem que, ainda, estamos muito longe de termos
solução para isso.
Dra. Mabel:
Havia outra problemática, da qual temos uma ideia errada. Quem eram os
donos de escravos? Vocês lembram-se da escola? Quem tinha escravo? Os
senhores de engenho, os grandes fazendeiros? Na verdade, todos tinham
escravos: os grandes proprietários, os senhores de engenho, o bispo, a viúva
pobre, os artesãos, os mineradores. Todos tinham o seu escravo. Nunca foi
contestado, eticamente, o trabalho servil neste país.
Depois de tudo isso foi criada uma ideia, neste país, de que tudo era permitido.
Os senhores de engenho, por exemplo, justificavam o uso da mão de obra
escrava alegando que o escravo tinha uma inferioridade racial, de que vamos
falar dos motivos. A ideia dessa inferioridade racial era que fossem seres
primitivos, que precisavam ser domesticados por meio do trabalho. Assim, fica
muito bem justificado o uso da mão de obra escrava.
Tudo isso, e mais o que será colocado aqui, vai gerar um conjunto final que
ocasiona o pacto de silêncio que existe neste país, até os dias de hoje, a
respeito da herança da escravidão, a qual atinge 45% da nossa população, que
é a população afrodescendente.
Prof. Hélio:
Vocês viram que ela comentou da questão racial: “os negros são inferiores”.
Esta postura de superioridade racial vem de muito longe, muito longe. Quando
chega ao século XX, e ocorre todo aquele problema ariano, da raça superior, e
só mera continuação dessa ideologia que já estava plantada, solidamente, há
quanto tempo?
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Vocês viram que, na outra palestra, um mês atrás, comentamos sobre uma
pessoa, aqui da região, que disse o seguinte: “Deus não fez os pretos”. Isso foi
dito aqui, agora, em 2011, na nossa região - é a opinião de uma pessoa.
Pesquisando o assunto para esta palestra, descobrimos que a coisa vai mais
longe. Cento e cinquenta anos atrás.: A pessoa que repete isso, em 2011, só
está repetindo o que está sendo passado, de pai para filho e mãe para filho há
cento e cinquenta, duzentos anos, ou mais, porque se dizia o seguinte: “Deus
criou os brancos e o Diabo criou os pretos”. Era isso que se dizia durante a
escravidão para se justificar, teologicamente, tratá-los como animais. Já sabem
que havia uma enorme discussão, se por acaso eles teriam alma. Hoje os
animais continuam sendo tratados como senão tivessem alma, e, portanto se
pode fazer o que se quiser com eles.
Agora, está na pauta da internet, de hoje, está havendo uma discussão sobre
os métodos de produção do patê com os gansos. Vale qualquer coisa para se
obter maior quantidade de patê. Não importa o sofrimento que irá se impor ao
irmão ganso.
Como uma sociedade cristã, Católica Apostólica Romana, tem a ideia de ter
escravos? E na mente popular, como se justifica teologicamente uma situação
dessas? No Gênesis está escrito que podia ter escravos. Os senhores de
escravos buscavam nos livros, qualquer coisa que valide a escravidão, sem
nenhum questionamento sobe o assunto. Mas como fica a consciência? Isso é
ideologia passada. E a consciência das pessoas? Como os senhores de
engenho, os capatazes e as sinhás moças, como era possível tratarem o
escravo pior do que um animal?
Havia uma ideia de que os mulatos machos fossem mortos ao nascer, porque
davam trabalho, e era um problema, por não eram nem negros nem brancos.
Então, não estavam inseridos em nenhuma sociedade, nem de um lado nem
do outro. A ideia era que se exterminassem os machos ao nascer. As fêmeas
deveriam ser mantidas, é lógico, para serem colocadas nas casas de diversão,
nos prostíbulos com as mulatas.
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Agora, vejam bem a questão teológica. Quando coloca-se a divisão entre a
pessoa e o Criador, a pessoa e Deus, quando se separa, cria-se a dualidade. É
este tipo de resultado que se tem inevitavelmente, quando não se unifica com o
Todo. Porque, se o Todo está em Tudo, você não pode fazer isto com mais
ninguém, porque Deus está dentro deles, também. Mas, quando se cria uma
dicotomia dessas, de que Deus tem um poder, e o Diabo outro poder, então
fica de igual para igual? Então, existem dois poderes? Isso é o que está na raiz
do problema, de como as pessoas podem agir da maneira como agiam com
relação aos escravos.
Dra. Mabel:
Então, como é que uma raça - e falar em raça é muito estranho, porque raça
vem da Zoologia; classificar os indivíduos em raça A, B ou C é um pouco
perverso, vem da Zoologia – como uma raça pode ter autoestima? Como se
cria a autoestima de uma criança, num país como este, onde ser negro
significa mazela, onde a própria Igreja nunca questionou, nunca se levantou
contra escravidão na época e, inclusive tinha escravos?
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Então, vamos ver hoje, começando agora, uma ideia de qual é o limite da
crueldade do ser humano. Como o ser humano consegue explorar e anular o
seu semelhante.
Prof. Hélio:
Quando você inunda o país com aventureiros que vem só para enriquecer, isto
é, os senhores de engenho; atrás deles, multidões de escravos tratados como
animais, e para ajudar no controle dos escravos, índios e escravos negros,
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precisa de um pessoal “bem capacitado, pessoal especializado com
características ótimas de personalidade”, para fazer com que o animal trabalhe,
porque ele se recusa. “Como eles se recusam? Que absurdo! Então, temos
que educá-los.” E nada melhor do que trazer os piores elementos - os
criminosos - para tomarem conta deles.
“À luz clara do sol dos trópicos aparecia uma coluna de esqueletos cheios de
pústulas, com o ventre protuberante, as rótulas (joelhos) chagadas, a pele
rasgada, comidos de bichos, com olhar parvo e esgazeado de idiotas.” E os
que eles desciam dos navios. “Muitos não se tinham de pé, tropeçavam, caíam,
e eram levados aos ombros, como fardos. Despejada a carga na praia, a
fúnebre procissão partia a internar-se nas moitas da costa.” Colocavam os
negros entrando no Brasil para irem aos engenhos. “Para aí começarem as
peregrinações sertanejas e o Capitão voltando a bordo a limpar o porão, a
limpar os restos, a quebra da carga que trouxeram; havia por vezes cinquenta
ou mais cadáveres sobre quatrocentos escravos.”
Dra. Mabel:
O que é ser um escravo? Um escravo é aquele indivíduo que não tem qualquer
direito onde vive. Não tem direito econômico, não pode receber pelo seu
trabalho, não pode comprar nada. Não pode escolher. Não tem direito a
acumular riquezas, porque ele também não ganha. Não pode acumular terra, e
não tem direito nem mesmo a um nome. Não há direito civil, econômico, social,
e jurisprudência nenhuma com o escravo. Então, o escravo era um objeto, era
tratado como um semovente. Esse era o termo, usado para bens que se
movem, como um boi, como um burro.
Esses escravos é os que chegavam aqui para trabalhar. Olhem como eram
tratados. Nas senzalas não podiam se comunicar uns com os outros, havia a
Lei do Silêncio. Por quê? Os proprietários tinham medo de que se
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perpetuassem as tradições, a cultura desses povos dentro das senzalas, e
também tinham medo da fuga. Muitas fugas ocorreram e depois, um pouco
mais à frente, houve a formação dos quilombos.
Prof. Hélio:
Invadem a sua Terra, pegam você como um animal, matam a sua família.
Colocam você num navio nas piores condições e, se tiver sorte, um navio
inglês aprisiona o navio traficante. Mas o que fazem com você? Fica escravo,
ou volta para casa. Mas, para voltar para casa, paga uma passagem módica de
quatorze anos de trabalho. “Barato”, não é? A humanidade evoluiu bastante.
Hoje, com setecentos dólares, mil e duzentos dólares, se vai e volta,
atravessando o Atlântico. Se a partida for, lá, no Norte, é muito mais barato que
isso; com cerca de três a cinco salários mínimos, você paga uma viagem para
a Europa de avião, de ida e volta. Salário mínimo!
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com os governantes, parlamentaram e concluíram tem um jeito. “Eles não
querem vir para as cidades trabalhar nas fábricas; querem ficar na terra deles?
Confisquem todas as terras.”
É lógico que, com o passar do tempo, uma grande parte, todo mundo, na
Europa, foi ficando contra a escravidão. Quando foi chegando 1700, 1800, todo
mundo na Europa passou a ser contra a escravidão. “Nossa! Temos que parar
o tráfico, combater o tráfico!” A Marinha vai atacar, vai aprisionar os navios, e
os negros pagam quatorze anos para voltar, mas isso é outra história. Vamos
parar o tráfico por quê? Porque é ruim para os negócios, está afetando a nossa
produção, o nosso custo de produção.
Por isso é que, depois de 200, 300 anos, houve uma mudança na opinião
pública, que passou a ver o tráfego de escravos como um fator negativo. Pura
razão econômica, nada mais que isso. Nada mais que isso, essa é a nua e
crua realidade.
No caso dos escravos, não havia qualquer limite para a duração do trabalho:
estendia-se da aurora à noite, quinze ou mais horas, domingos e feriados.
Nada de descanso semanal remunerado (DSR). Descanso apenas cinco dias
por anos, cinco dias, nos dias santos, nos dias santos: Natal, sexta-feira
santa... Cinco dias, em 365.
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Observem que o sistema procura a “perfeição”. O ser humano é inteligente.
Assim que foi detectado que os escravos se alimentavam do azeite da
lamparina, recorreram à química, à ciência. Misturaram algo para o azeite
tornar-se intragável.
Então, este probleminha de segurança que nós temos vem de longa data. É
assim que se cria essa problemática de segurança no país. Cria-se o
criminoso. Porque, em uma população quantos por cento, patologicamente,
seriam criminosos? Nasceram criminosos? Quantos? É um número ínfimo.
Ínfimo, o normal; mas pode-se criar um meio, um entorno que faça isso
crescer, indiscriminadamente.
Agora, isso é por acaso? Dada à alforria, eles vão embora; vão assaltar, virar
mendigos etc. Isso é mera consequência? Efeitos colaterais, como se fala?
Não, ledo engano. Como você vai fazer – você, governante - fazer com que a
camada branca média se comporte? Já pensaram nisso?
Criam-se as piores situações sociais, para que a população, branca, tenha que
encher a casa de grades, tenha que se armar, tenha que morar nos guetos de
alto luxo, morar nos prédios com segurança, porteiros; tenha que gastar bilhões
de dólares, como ocorre hoje, com segurança particular. Não pode sair, tem
que blindar os carros etc., e assim você fica com essa camada branca média,
totalmente, preocupada com a própria segurança. Então, as pessoas dessa
camada não podem pensar em mais nada, porque estão, literalmente,
apavorados.
Não é de hoje, isso; é de muito antes. Essa história foi “bolada”, essa
sociologia foi muito bem pensada há muito, muito tempo atrás. Assim, mantém-
se todo mundo em seu devido lugar. E claro, os brancos sempre têm os seus
privilégios, mas devem ser controlados.
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capazes de se autogovernarem. É uma manada.” Passam-se alguns anos, a
ciência avança e surge a Psicanálise, que dá o embasamento científico para se
fazer isso.
Dra. Mabel:
Mas uma República nova, como a nossa, que foi totalmente pensada por
senhores de engenhos que estavam “danados da vida” com a perda de seus
escravos, qual foi a política da época? Bom, então vamos manchar um pouco
mais a imagem do negro, que no fim das contas é a causa nossa mazela social,
e vamos enaltecer o indígena. E o indígena, até hoje, é conhecido como o
símbolo da brasilidade. Isso foi daquela época: “Vamos enaltecer o indígena e
manchar um pouco mais a imagem do negro”.
Vejam todas as condições para que os negros não sobrevivessem. Além disso,
todos os que estavam na lavoura foram deslocados, por uma política que atrairia
imigrantes europeus para o país. A elite brasileira desenvolveu e financiou, com
recursos públicos, vários projetos de atração de imigrantes europeus. Achavam
que era uma mão de obra mais especializada, para compor o fantástico ideal de
embranquecimento nacional. Está aí a ideia de eugenia, de raça perfeita, de
raça pura. Mais uma vez os negros foram deslocados e, sem trabalho algum, se
marginalizaram nas favelas do Rio de Janeiro.
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A ideia que se tinha na época e que se passava, era que o negro aguentou tudo
isso calado. Não foi capaz de reagir. Ficou aquela ideia de passividade, de
subserviência do negro, de não fazem nada por si. E houve muita resistência -
não falaremos sobre isto hoje - mas houve muita resistência, guerras, muitos
mortos, muitas tentativas de sociedades alternativas para eles, que funcionavam
muito bem. E que não eram bem vistas também, política e economicamente.
Além da ideologia que embarcava com tudo isso. Então, essa era a ideia que se
passava do negro: que era servil e pacífico, que não brigava pela própria causa.
Prof. Hélio:
A maior parte dos negros que vieram para cá foi trazida de Angola, da Costa da
África, onde os comerciantes tinham condição de chegar. Mas, nas regiões
centrais, passaram a outras tribos a tarefa de capturarem outros africanos, seus
inimigos. Isso gerou um comércio, um tráfico, dentro da África. Os próprios
africanos capturavam seus inimigos para serem vendidos para o traficante
branco, que ficava num entreposto comercial, na costa, só recebendo a carga
aprisionada. Isso aconteceu muito, também dado às diferenças tribais que
existiam entre eles.
Projeção de textos:
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É preciso que a verdade nua e crua venha à tona, para não se pensar que as
fazendas eram como uma colônia de férias. Isso mostra como se domina uma
população de milhões e milhões de pessoas, e se faz com que eles fiquem
quietos.
Texto da época:
“Depois de bem açoitado, o mandará picar com navalha ou faca que corte bem e
dar-lhe-á com sal, suco de limão e urina e o meterá em alguns dias em uma
corrente e, sendo fêmea, será açoitada a guisa de baiona dentro de casa, com o
mesmo açoite, com a proibição de lhes bater com pau, pedra ou tijolo.”
Quer dizer, as fêmeas têm que ser bem tratadas e não se pode bater nelas com
pau, pedra ou tijolo. Hoje é preciso haver uma delegacia especial dos crimes
contra a mulher. Por que hoje se espancam as mulheres? Isso vem de longa
data.
Se, depois de tudo isso, o escravo ainda parecia apto para o trabalho, era
colocado completamente nu, junto às caldeiras, onde recebiam no corpo as
fagulhas e às vezes os chamuscos das labaredas, cujas horríveis queimaduras
provocavam quase sempre a morte. Se, depois dos açoites, ficassem em muito
mal estado, deixavam-nos morrer lentamente. Eram “caridosos”, certo?
Deixavam morrer, lentamente. Nada de antecipar a morte, “a vida é sagrada”. A
vida é sagrada, não se pode fazer nada contra a vida.
Amputavam os seios as negras que não pariam com a esperada frequência, nos
criatórios mantidos pelos senhores. Se as negras negavam-se a procriar a cada,
digamos, dez meses, para que precisavam de seios? “Tirem”. Os feitores davam
coices nas barrigas das escravas grávidas.
Para impedir que fugissem, picavam os nervos dos pés para deixá-los cochos e
impossibilitados de fugir. Então, corta-se o tendão e está “tranquilo”, que o
escravo fica quietinho, só fazendo o seu serviço. Também havia o castigo de
besuntar os corpos nus com mel, e suspendê-los por cordas em árvores para
expô-los às picadas dos mosquitos. Diversidade.
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genitais. Qual era o pecado das negras? Serem mulheres. Vocês sabem, as
mulheres atraem os homens. “Gozado”, nessa situação, os senhores de
engenho e os capatazes, seus filhos e todos os parentes não tinham nenhum
preconceito ou nojo de copular com as negras. Interessante.
Me ocorre uma coisa: isso não poderia ser classificado como um coito de dois
humanos; deveria ser classificado como sodomia, não é verdade? Porque sexo
com animal, “não tem problema, ninguém vai condenar”. Se o senhor branco
chegar às negras, ele não está tratando com uma mulher, um ser humano, mas
com uma “besta de carga” de sexo feminino. E com uma vantagem, vai produzir
novos escravos e mulatas para as casas de diversão, ainda dá lucro. E caso
elas não cooperassem com o procedimento, eram cortadas, mutiladas etc.
Vocês estão vendo, aqui neste auditório, que há um negro e vários mulatos. Isso
significa que o relacionamento dos senhores de engenho com as negras era
muito comum, porque, de onde surgiram todos esses mulatos e todas essas
mulatas? Desta miscigenação, ou chamaríamos – estupro? Cem, duzentos,
quatrocentos anos depois, qualquer terapeuta que atenda como o Hélio atende,
conversando, se depara dia após dia com todo tipo de trauma desse tipo,
jazendo no inconsciente daquela pessoa, há séculos, séculos e séculos.
Aquele trauma, causado por esse tipo de violência, fica marcado a ferro e fogo
no inconsciente daquela pessoa. A pessoa volta, volta, volta e o problema
persiste, persiste, persiste, persiste, e então precisa de não sei quantas
análises, psicanálises, regressões, catarses etc. É infindável. Numa população
de milhões, bilhões, sabe-se lá quando poderá limpar tudo isso, ocorrer à
catarse de todas elas, para que voltem ao normal e possam começar a sua
evolução. Porque no momento estão paralisadas, até hoje, 200, 300, 400 anos
depois, ainda estão paralisadas, por causa desse tipo de atitude dos homens.
Quando se faz uma coisa dessas, acha-se que é só naquela hora, mas a
repercussão vai milênios à frente. Imaginem o carma que a pessoa que fez essa
barbaridade passa a ter, e com quantas pessoas ele foi fazendo isso?
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É por essa razão que, hoje, em 2011, em qualquer lugar do planeta terra,
quando se toca no aspecto sexual, paralisa; é possível fatiar a energia do
ambiente, de tão denso que fica. O tabu, o preconceito, em cima desse assunto
é total e absurdo. Quando Reich tocou de leve na questão, foi encarcerado na
penitenciária e morreu dois anos depois, porque ousou tocar no assunto
sexualidade, pois não se pode tocar nesse assunto. Não se pode falar disso,
porque esse assunto traz à tona tudo isso que foi feito.
Este é um lado da questão; o outro lado são as pessoas que sofreram essas
barbaridades. Elas, também, não querem que se toque nesse assunto. Então,
aí, temos a receita perfeita para que, praticamente, nenhum relacionamento dê
certo. Porque tanto o homem quanto a mulher entram em um relacionamento,
um casamento, com este passado gravado a “ferro e fogo” no seu ser. Como irá
funcionar a sexualidade em um casal depois de passar por isto? Como falar do
assunto? Não vão querer nem sequer falar. É por isso, e vocês podem
constatar, que quando se fala a palavra libido, gela. É por isso. Não é algo de
cinquenta anos atrás; é de centenas, de milhares de anos atrás, de barbaridades
deste tipo seguidamente feitas. Mas, se pode “melhorar”.
Dra. Mabel:
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com toda essa teoria da eugenia, o terror à miscigenação, os governos foram,
um após o outro, perpetuando a situação de marginalidade do negro no país.
Não se tem ideia nem registro de quando eles puderam sentar-se junto com os
brancos numa mesma sala de aula. Já era uma prática em alguns engenhos, em
que alguns senhores permitiam que as crianças negras sentassem junto com as
brancas para aprender, mas isso era uma raridade. Sempre há uma exceção a
tudo, mas isso era uma raridade.
Dez anos após, melhorou alguma coisa? Melhorou para o país; depois da
Ditadura a situação foi melhorando um pouco, mas só para os brancos. O
padrão de distribuição do analfabetismo é o mesmo, três vezes maior entre os
negros nas faixas mais jovens, de 15 a 24 anos. Como é possível um grupo de
pessoas, que representa cerca de 46% da população de um país, conseguir se
reerguer de toda essa tragédia com este panorama educacional? Este é um dos
índices que mostraremos. Os governos são completamente omissos. Até
recentemente, foram completamente pactuantes com esse problema do negro;
silêncio total.
Prof. Hélio:
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Durante todo este tempo, o governo inglês foi fazendo as suas gestões
diplomáticas, instando para que o governo brasileiro, o Império, cumprisse o que
tinha acordado, mas viu que era só conversa e que o tráfico continuava
praticamente, abertamente, pois esses dados são do Porto do Rio de Janeiro.
O Brasil foi o último país do mundo a abolir a escravidão. O último. E só fez isso
devido a uma extrema pressão internacional. É claro que as razões
internacionais eram econômicas, mas o fato é que pressionavam, e em função
dessa pressão foi assinada a Lei Áurea. Antes disso, houve a Lei do Ventre
Livre. Quem nascia lá na fazenda, já era livre. Nessa época, inúmeras certidões
de nascimento foram falsificadas, mudando as datas, para que a criança
continuasse escrava. Poder determinar quando nasceu, depois da Lei ou antes
da Lei, era um problema seriíssimo. Mas a lei era “benevolente”. A criança
nascia e estava livre, para continuar na fazenda, até os 21 anos de idade,
quando então seria entregue ao Estado. Deixava de ser escravo do senhor do
engenho para ser escravo do Estado. Isso era a Lei do Ventre Livre, quem
nascia não saía da fazenda; ficava lá, era livre, e quando fizesse 21 anos era
entregue, para o Estado fazer o que quisesse.
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Industrial já estava em andamento há 200 anos, a ideia era essa: “Você deve se
livrar da mais-valia que precisa comer”. Porque os negros já tinham se
multiplicado, tinham tido muitos filhos, muitas crianças; e também ficavam
velhos, muitos já eram improdutivos. “Despede-se esse povo todo, e vamos
trazer uns trabalhadores especializados, da Itália, da Alemanha, da Espanha, do
Japão, prioritariamente.” Mas, vamos deixar entrar só uma quantidade x deles,
apenas para suprir a mais-valia dos negros. Só para isso. Nada mais.
Por que se parou a imigração? Por que não se permitiu continuar a vir essa mão
de obra especializada que já trabalhava nas indústrias etc.? Não havia razão
econômica para parar a imigração, pois era altamente vantajosa. Mais uma vez,
traiu-se o Brasil. Além de criar o problema nas favelas, se trouxe só o suficiente
para suprir a falta nas fazendas, e impediu-se o progresso do Brasil. Mais uma
vez isso foi feito de propósito, só para manter o “status quo”, em 1900.
Entenderam? Por que não era para miscigenar, não estava aberto? Deixassem
vir todo aquele povo que tinha capacidade intelectual, industrial etc. “Vamos
transformar o Brasil em uma potência?” Não, nem pensar, está muito bem do
jeito que está. Não se mexe em nada. Só se trazem pessoas para substituir os
escravos, e fim. E colocam essas pessoas nas mesmas condições que os
escravos estavam.
Dra. Mabel:
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Vejam como fica difícil de recuperar. Por isso era preciso importar mão-de-obra
especializada. Mas quem vinha para cá? Era elite, por acaso? Eram os que
tinham o maior nível de escolaridade? Por que não favorecer a instrução do
grupo que já estava aqui? Isso não é favorável.
Prof. Hélio:
A mais-valia gerada pela escravidão foi enorme! Chegaram de 3,5 a 3,6 milhões
de escravos, e muitos outros nasceram aqui, em 300 anos. O que se fez com
essa mais-valia? Com o mesmo tipo de trabalho - mais-valia gerada por
escravos - olhem o que é a América hoje!
Vocês já sabem: capital atrai capital, dinheiro atrai dinheiro. A mais-valia deles
gerou essa potência econômica. Porque 100 anos depois da sua independência,
já eram uma potência mundial; não eram a única ainda, mas já era uma
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potência. E tiveram ainda um milhão de mortos na guerra civil, para poder
libertar os negros. Mas mesmo com todas essas perdas, o capital já estava
criado.
Vejam vocês. Tudo isso levou a quê? Vejam a situação em que esses países
estão hoje, a serem socorridos pelo FMI, pelo Banco Central Europeu, pelos
outros países, todo mundo tem que dar uma ajuda! E, por incrível que pareça,
surge a brilhante ideia de que os países emergentes devem pôr dinheiro para
bancar a crise que eles criaram, isto é, o Brasil deve pôr dinheiro para sustentar
tudo aquilo que os bancos fizeram durante essa “bolha”, todos esses anos, os
gerentes, tudo aquilo que levaram, os bônus. E agora os brasileiros, os indianos,
os emergentes devem dar uma ajuda.
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Aqui, quando se sobe num avião e olha para baixo, se vê um mar de favelas. O
Centro de São Paulo, Morumbi, Lapa, que são bem pequenos e, a perder de
vista, favelas. Seria altamente instrutivo publicar umas fotos de satélite de uma
determinada altura, para ver o mar de favelas que existe em volta de todas as
capitais do Brasil, mas isto não existe. São Paulo é a Avenida Paulista, os
Jardins, o resto não importa.
Alguns anos atrás, dez, quinze anos, o Hélio pensou assim: “Eu vou pegar o
conhecimento desse processo de desenvolvimento, prosperidade e tudo mais, e
vou passar para a comunidade negra, sem custo, para poder ajudar, contribuir”.
Como é que se pode entrar na comunidade para poder conversar? Porque,
depois de todo esse drama no Brasil desde 1880, surgiu outro problema, tão
complicado quanto, que é o preconceito dos negros contra os brancos. É lógico,
defesa de classe, de raça. Tanto fizeram, que se “fecha” - nós contra eles. Esse
é o subproduto da exploração, de toda essa história. Como é que o Hélio pode
conversar com eles? Como o Hélio dizia, naquela época, ele tinha um problema
de pele: era muito branco. Como fazer para interagir com eles? Como chegar lá
dentro? O que o Hélio fez? Arrumou duas amigas promotoras do seu trabalho,
que vendiam, divulgavam etc., uma totalmente branca e outra totalmente negra,
os opostos, e que eram amigas. As duas passaram a vender e divulgar o
trabalho do Hélio.
O Hélio falou: “Eu quero falar na comunidade negra”. “Vamos lá, que eu vou com
você.” Então, eu fui bem acompanhado, e entrei em uma comunidade. “Quero
passar o conhecimento, vou dar palestras, palestras e palestras, somente isso.”
O presidente naquele momento falou: “Tudo bem”. Liberou o anfiteatro, que
comportava setenta pessoas, e durante as tarde o Hélio fazia as palestras.
Havia setenta mulheres negras. Um sucesso total. O ano passou e houve troca
de presidência. Sabem como é política. A cada quatro anos, troca-se tudo, às
vezes; e foi trocado o presidente. Era preciso novamente negociar; foram
conversar com o novo presidente, porque caso contrário, não se entrava para
dar as palestras.
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pôster do Martin Luther King com o Malcolm X é política, é da “boca para fora”,
é só mise-en-scène, como se fala. Quando se fala em fazer, a respostas é
“não”. Como a maioria das pessoas não toma uma atitude diante disso?
O Hélio é meio teimoso. Ele foi a uma favela, pois lhe falaram que havia uma
senhora muito batalhadora, firme na atitude de ajudar, fazer e acontecer. Ele
conversou com ela, e ela concordou. Marcou às 15 horas na favela. “Pode ir lá
que eu vou deixar o senhor falar.” Às 14h30 o Hélio estava na favela, no
barracão. Havia umas setenta mulheres miseráveis, uma cena horripilante. A
senhora chefe da instituição virou e disse assim: “Não vai dar para o senhor
falar.” E o Hélio: “Mas como?” “Elas não vão entender o que o senhor fala.” -
até hoje eu ouço esta história - o Hélio respondeu: “Não tem problema, vou
trocar de vocabulário, vou falar de um jeito que elas entendam.” “Não, não
pode.” Só restou pegar a mala e sair andando, e eu fui embora. Não me deixou
falar.
Mas existem instituições que, vocês sabem, controlam a favela. O que o Hélio
fez? Foi falar com a instituição. Já que não dá para falar lá dentro, vamos ver
algo perifericamente, onde haja possibilidade de falar. Você não vai estar no
meio, vai dar aula fora; existem prédios, tudo, toda a infraestrutura para se dar
curso. O Hélio conhecia uma pessoa de dentro dessa comunidade, que o levou
até lá, e fizeram uma reunião. Perguntaram: “Qual é a sua proposta?” O Hélio
colocou: “Quero passar conhecimentos de Neurolinguística e Informática.”
Duas coisas diferentes, porque o Hélio trabalhava com Informática. Adivinhem.
“Não pode.”
O melhor escravo é aquele que nem pensa que é escravo, nem percebe que é.
O melhor tigre não é aquele que pula no fogo, atravessa o aro, quando o
domador entra na jaula e bate o chicote. O melhor tigre é aquele que não
precisa de chicote, pula, não precisa de chicote, não precisa de mais
nada. Está tão introjetado, está tão incorporado à dominação, que é o
servo perfeito.
São esses tipos de servos que têm os cargos dominantes, porque, quando
você prova que é um bom escravo, passa a ter umas benesses. Tudo isso é
muito bem pensado.
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Dra. Mabel:
Ele disse tudo: o luxo e a corrupção nasceram antes de tudo aqui, as pessoas
que vieram para cá eram luxo e corrupção, e se perpetuaram, porque, é lógico,
o poder se perpetua. Se tirarmos qualquer informação sobre a data, esta
descrição confere com a realidade brasileira de hoje? Pois é.
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Mas nem tudo é mau e está perdido. Vejam este trecho escrito por Hegel - A
Dialética do Amo e do Escravo.
“O escravo é aquele que não foi até o fim na luta, aquele que não quis
arriscar a vida, aquele que não adotou o princípio de ‘Amos, Vencer ou
Morrer’, aceitou a vida escolhida por outro, por isso depende deste outro.
Preferiu a escravidão à morte; é por essa razão que, permanecendo com
vida, vive como escravo.”
O escravo não quis ser escravo; tornou-se escravo porque não quis arriscar a
vida. Daí a advertência perene: o Amo não é Amo, senão pelo fato de que
possui um escravo que o reconhece como tal. Essa é a questão.
“Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que,
por amor de mim, perder a sua vida, a salvará.” Lucas 9:24.
“Quem achar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a sua vida por amor de
mim, achá-la-á.” Mateus 10:39.
“Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que
perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará.” Marcos
8:35.
“Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a sua
vida por amor de mim, achá-la-á.” Mateus 16:25.
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É por isso que no Star Wars, por exemplo, Jorge Lucas teve a intuição de
colocar todos aqueles espécimes extras, dos mais esdrúxulos, para que as
pessoas fossem se acostumando a que consciência não é uma qualidade só
da espécie humana.
O povo Africano, que estava lá, “feliz da vida”, parado no tempo, dançando,
comendo, feliz, evoluindo à sua maneira, é claro que era uma presa fácil.
Outros países desenvolvem armas; quem não desenvolve se torna uma presa
fácil.
O problema, como eu já havia dito, é maior do que este. O fato do escravo não
lutar, mostra uma problemática subjacente, que permanece. Só que todos nós
estamos inseridos neste mesmo problema. Hoje o ser humano faz como
sempre fez. Zona de Conforto. O que ele acha que acontece consigo mesmo,
aqui, agora e depois, ficando na zona de conforto e não fazendo nada para o
progresso nem de si próprio nem dos irmãos?
Por isso que o assunto morte é um tabu total, não se pode falar de morte.
Nunca. Por isso que, nos velórios, o que menos se fala é disso. O mínimo
possível, e quando se toca no assunto, a expressão é “foi para o descanso
eterno”. Não evolui, não cresce, não acontece nada. Descanso eterno. E como
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está o jogo de futebol? E a festa, e as férias? Você passou ou não passou? E o
próximo final de semana, para onde iremos? É extremamente instrutivo ir a
velórios. Extremamente; deveríamos ir periodicamente a velórios de estranhos.
Porque você poderia fazer uma pesquisa científica, sem envolvimento
emocional com ninguém, não precisaria ficar triste, nem chorar. Vá lá e faça
uma pesquisa. Claro, piorou muito, as coisas se deterioram. Antigamente, os
velórios eram espetaculares. Havia coxinha, empadinha, comida, café, leite.
Hoje, não há nada; é preciso pagar e ir ao boteco do lado para comer.
É preciso pensar sobre o que é este negócio de morte. O que acontece depois
dessa vida daqui? A consciência permanece, os indícios e as provas são
contundentes, toda a Mecânica Quântica prova. Portanto, qual vai ser o meu
destino depois que eu fizer o desligamento do corpo físico? O que você está
fazendo momento? O que a maioria faz? Guardando a própria vida. “Não, eu
estou salvando a minha vida. Minha carreira, minhas férias, meus negócios
etc., o resto que se ‘lasque’. Só cuido da vida material, aqui e agora.” Mas
quem pensa assim não enxerga que há outro lado, outra dimensão, que tudo
continua e o que você cria, você colhe. Todos os senhores de engenho estão
colhendo.
Portanto, o que o Mestre falou há 2000 anos se aplica “como uma luva”. Você
quer só salvar a sua vida? E só o seu interesse material, trabalho, férias,
viagem, balada etc., e você acha que está levando uma boa vida, teve
sucesso?
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“Quanto mais se dá, mais recebe”. Esta é uma Lei maravilhosa do Criador. O
Criador, Deus, não se deixa vencer em generosidade. Não se deixa vencer;
quanto mais você der, mais Ele vai dar. Centuplicado. Isto também o Mestre
falou. “Vai receber cem vezes mais”, é metafórico, porque é mais do que isso.
Quanto mais der, mais recebe; você faz mais e recebe mais. Você faz mais e
recebe mais, é assim.
Agora, como as pessoas vão descobrir isso na prática, se não fazem? Se não
movem um dedo em direção a isso? Se não saem da Zona de Conforto, como
vão descobrir o que o Criador pensa? Como Ele pensa, como sente? Como o
Criador age? Só se você tiver um contato pessoal com Ele, é que você pode
descobrir isso. Não é ouvindo falar, não é lendo livro de qualquer religião que
seja; isso é teórico, é mental, isso não é nada. Com base nesses livros todos, é
que chacinas e guerras religiosas foram feitas.
Ele disse o contrário: “Eu vim para que tenha vida e vida em abundância,
abundância”. Não é ter um carro. É ter dez, quinze, cinquenta, duzentos e
cinquenta carros, pode brincar à vontade.
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Qual é a diferença? É onde você põe o seu coração, e se você tem ou não
tem amor. O resto é tabu, preconceito, é ignorância, porque tiram
conclusões apressadas ou acreditam no que falaram.
Dra. Mabel:
Tudo isso que ele estava falando agora é educação. Isso não se ouve nas
escolas. As escolas instruem os egos, porque a nossa sociedade é montada
em cima do ego, um fazer horizontal, e não se fomenta o crescimento vertical
da consciência.
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bonzinhos, sejam altruístas”, o que não deixa de ser um egoísmo disfarçado,
para que vocês tenham, lá, do outro lado às recompensas.
Um homem iluminado, educado, vive essa vida rica aqui e agora, como
ele estava falando, não no futuro. Ele é um homem que entende que,
quanto mais faz, mais recebe. Essa é a moedas de troca.
Como diz o filósofo Huberto Rohden: "O que o Mestre fez, e o que todo
mestre pode e deve fazer é mostrar o caminho no qual o discípulo se
pode autoeducar. Mas nenhum mestre tem certeza de que seu discípulo
siga esse caminho. O livre-arbítrio do homem é uma fortaleza
inexpugnável, cujas portas não abrem para fora, mas somente para
dentro." Isso é: o indivíduo vai entrar se ele quiser. Todo esse processo existe.
Há pessoas que vão até a porta, viram as costas para o Mestre e vão embora.
Não querem entrar, não veem vantagem nisso e pior, alguns ficam na porta
eternamente, e ficam filosofando: “Por que eu vou entrar? O que vou deixar
aqui fora? Por que não entrei ainda? Quais são as justificativas? Por que eu
sou assim?” E a pessoa fica ali na porta eternamente. Isso é o pior de tudo, e
raros entram.
Agora, mesmo dentre aqueles que entram, alguns voltam para buscar um
discípulo pela mão e levar até o portal, porque alguns entram e não voltam
mais. Esta é a zona de conforto de alguns iluminados, de alguns místicos, que
não querem enfrentar o fazer aqui fora. “Bom, eu já me iluminei, estou no
nirvana e está ótimo, cada um tem o seu tempo.” Será que nós temos este
tempo para perder, depois de tudo que vimos aqui hoje? Dá para se iluminar,
entrar e não voltar mais? Não dá.
Você pode continuar este processo nas escolas, não as públicas, infelizmente,
porque o poder não tem interesse, mas as escolas privadas. Os mais
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corajosos podem começar a ensinar Mecânica Quântica, voltar ao estudo
da Filosofia e ensinar para a Alma. E cada um de nós pode ensinar quem
está do lado. Você não precisa ser um professor, você pode ser um
educador do seu irmão aqui do lado. Assim cada um vai fazendo à medida
do que pode, para que episódios como esses da História não voltem a se
repetir.
Prof. Hélio:
Como é possível comparar tudo o que o homem faz de mal a um limão, do qual
se pode fazer uma limonada, e a benevolência de Deus é infinita, qual foi o
resultado espiritual de todo esse evento da escravidão? Serviu como uma
semente, porque seria muito difícil mudar o paradigma dos brancos, para
que tivesse uma visão direta do mundo espiritual, um contato direto. O
que já era dominante há milênios não iria abrir as portas para um contato
direto. Porque um contato direto não pode ser cerceado, não pode ser
perseguido, não pode ser subornado, controlado, nada. Quando você fala
diretamente com o espírito, não há nenhuma maneira de controlar isso. A
verdade, a realidade espiritual, virá à tona de qualquer maneira e os fatos são
contundentes, porque a pessoa duvida, até que ela converse um dia.
Então, um dia em que a pessoa sem crença alguma ficar face a face com um
médium, um canal, um sensitivo, um psíquico - o nome não importa - que
estiver incorporado consciente ou inconsciente – existem as duas formas - os
segredos mais bens guardados na mente daquela pessoa, que só ela sabe,
que não estão documentados em lugar algum e que ela nunca contou para
ninguém, esses segredos virão à tona na mesma hora, se for produtivo, se for
bom para os dois que estão conversando. Mas para se provar, por exemplo,
então o espírito fala: “Fulano, lembra-se daquele fato assim, assim, assim?
Lembra-se de que, na sua casa, você guardou um negócio assim? Lembra-se
daquele dia etc.?” Nesse momento a pessoa para e pensa, porque é irrefutável,
só ela tinha acesso àquela informação. Como é que qualquer ser, que está
sendo usado como aparelho para ser incorporado e ter um contato
interdimensional, como ele sabe? Então, qualquer mistificação pode ser
desfeita facilmente. O espírito que está ali, se for da Luz, o resultado é um; se
não for, o resultado é outro. É muito fácil de separar o joio do trigo, saber quem
é quem, quem se está incorporando.
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Estas palestras todas são, literalmente, para se passar ANIMINSMO; só não se
usa este termo, fala-se de n (diversas) maneiras, mas o conceito filosófico,
teológico, que está se passando, é este. E o menino de sete anos de idade já
tem isso e já vive isso, o que é melhor.
A Umbanda foi gerada nas senzalas. Por isso que o local de reunião se chama
barracão; o ritual é feito no barracão, porque essa era toda a infraestrutura que
eles tinham, antigamente, para fazer o culto. Toda a terminologia é daquela
situação de uma fazenda, do que havia à disposição: um toco para sentar etc.
e os médiuns que, já naquela época, começavam a incorporar. Havia muitos,
muitos médiuns já incorporando naquela época e num barracão de uma
fazenda escravagista, recém liberta.
Quem iria falar para os negros ali, vivendo naquela fazenda? Quem iria se
apresentar e como iria se apresentar a eles, de modo que pudesse haver
interlocução, que fosse possível conversar, que eles pudessem aceitar, numa
reciprocidade, e entenderem que eram seres espirituais, que estavam
passando, que estavam incorporando e tudo mais? E lógico que teria que ser
algo que tivesse sintonia com eles. Então, quem é que se apresentava? Um
Preto Velho, velhinho, curvado, com dificuldade de andar, com artrite, artrose,
reumatismo. Ele se comportava assim porque o velhinho tem a aura, o
estereótipo, o arquétipo, era o ancião. Se apresentasse um moço de 18 anos,
poderia não ser bem aceito. “Ah, eu tenho 40 anos e este espírito aqui tem 18
anos; eu sei mais que ele.” Para não criar esse tipo de reação é que se
apresentava um Preto Velho. Ou vocês queriam que fosse um branco? Que iria
passar a doutrina só para os negros. Inviável. Então, aparecia como Preto
Velho. Ou queriam que aparecesse como quê? Como um sujeito que se
incorporasse e disse: “Eu sou de Sirius B, um extraterrestre, vim aqui trazer
uma comunicação intergaláctica”?
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Quem incorpora como Preto Velho, não está incorporando um Preto Velho de
fato, porque, ao passar para o outro lado, ele tem a pele da cor que ele quiser
e, muitas vezes, em suas vidas passadas ele jamais foi negro. Pode ter estado
em outro planeta, ter sido branquinho; mas, quando chega aqui, põe uma
roupagem que permita conversar, trocar ideias, e que esteja de acordo com a
cultura vigente no ambiente em que ele está falando.
Por exemplo, no Camboja, na Tailândia, vocês acham que vai parecer Preto
Velho? Não, aparece um médium cambojano da religião dos ancestrais deles.
Se vocês assistirem aos documentários de televisão que falam dessas religiões
locais, por exemplo, verão um ritual com um médium cambojano, tailandês,
trabalhando na pessoa, estalando os dedos. E que ele faz na testa da pessoa,
um médium cambojano, da religião deles? Faz o sinal da cruz na testa do fiel
que está recebendo a ajuda. Igualzinho à Umbanda aqui. Lá o ritual tem outro
nome, mas o Mestre é o mesmo.
Boa Noite.
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