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Ainsi donc, la pseudo-pastoraled,eBandarra, bâtie oommeune somme

de réflexions que suit la divination, co,ntamine dzux mythes: tre Messie


conquérant esl aussi le Bon Pasteur. A sa manière,Bandarra ramène ainsi
la théologie rnessian'iqueà sa traditiron chréti'enne, ,avant qu'elle ne fasse
un b,ond dans I'avenir, métamo'rphosé.e en vision épique. La distance n'est
pas si grande de's Tnovas aux Lusíadas, à ne considérer que I'oeuf. Si
Camões érige un monu,ment inaÌtérable à I'hisíoire po'rturgaise(éco'utée aux A (CRONICA DE D. JOÃO IIT,,
portes de la légende>>,le savetierde Trancosoenclôt dans sesvers énigma-
tiques et miséraibÌesun levain de révolte et de glo'ire,le refus d,unéant, Ia
DE ANTONIO DE CASTILHO
chevauchéemarine, I'armée de saint Jacques,constelléed'étendards;pour
la génératio'nno,uvelle,le scintillement b'itbliquegui éclabous'seet détruit la
((saudade)).
pot
JOAQUIMVERÍSSIMO
SER,R,ÃO

1) A EDIÇÃO DA <<VIDA>>
POR SEVERTM DE FARIA.

O códice C.IttI/2-22da Biblioteca Púb'lica de Évo,raguarda nos fólios


I a 7 o seguinte rnanuscrito: Vida de'I Rei Dam loam III d.e P'ortugcrltirada
da Chrónica do seu tempo scripto. por Antonio de Costílho do Conselho
dpl Rei nosso,Seruho'r,MD LXXXXIX *.
A margem pode ler-se: <<Elogioque anda impresso e continua ate
folio 7 e ahi principia a Chronica deste Rey manuscrita e rara>.No mesmo
códice, fólios 7 a 28v, e escrito pelo mesmo punho, encontra-se um
fragmento da Chronim; e dos fólios 29 a 97 uma série de cartas e memó-
r.ias sobre ,o tempo de D. João InI e que decerto constituem matéria his-
tórica para a redacçãoda obra'.
O manuscrito daVi:da não constitui urm texto inédito. Com o tÍtulo de
<<Elogio delReyDom Joam de Portugal III do nome, por Antonio de Cas-
tiÌho, do Conselho delRey Dom Sebastião,& seu Chronista mór> foi
publicado por Manuel Severim de Faria'. No prefácio das NoÍÍcios de

t A gradec emos ao S enhor D r. A ntóni o Leandro A l v es , D i rec l or da B i bl i otec a


Pública de Évora, o micro,filme que a nosso pedido tev'e a gentileza de obter.
1 Joaquim Heliororo da CumfrraRivara, Cot<Ílogo dos manuscritos da Biblíotecq
Pública Eborense, vol. III, Lisboa, 1856, p. 205. Também os Arquivos da Casa Cadaval,
Papëis vdrios, tomo 29, c6d\'ce 874 (C. VIil-I m), fols. 273, 283 v., possuem um manus-
crito com a Vidq del Rey Dom João lll de António de Castilho.
I Noticíos d.e Portugal offerecldns a e:lRey N. S. Dom loão o IV, por Manoel
Severim de Faria. Anno 1655, Lisboa, pp. 291 305. Idem, NotÍcfos de Portugal, escrjtas
por...; 2.' impressão, acrescentadas pelo padre D. Joze Barbosa, 1740, pp. 381, 395.

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a data da ,sua nedacçãoe p'orque mo,tivo não foi publicado em vid,a do
Portugal, o Crhantrede Évora refere que o elogio for.a es.cri'to<<porhü dos autor? Bêberam outros cronistas no maleriaÌ deixado por .Castilho?E qual
homõs que melhor fallarão a Jingua Portugueza, a juizo de todos os dou- o paradeiro do valioso manuscrito?
tos>>.A publicação do texto tinha-a Severim por inteiramentejusta, não só Antes .de esclarecero assunto, impõe-se traçar a biografia do no,sso
pelos talentos do autor, como por tratar de um rei <<quegovernara com autor,
may'or aceitaçã,oe felicidade a Portugal>>.O manuscrito conservava,pois,
a memória de um escritor notável e de um grande m'onarca.
P.or tal motiÌ/o, não deixa de ser estnanhoque te,nd,oS,everimde Faria 2) QUEM FOr ANTóNLO DE CASTILHO.
publicado o texto .da Vifu, não o fize'sseigua.lmentecom o fragmenfo da
Chroniaa que,se,lhe segue.A letra d,omanuscrito é idêntica, a matéria tem Deve-se à frutuosa investigação de Sousa Viterbo, no trabalho qu,e
uma ordem lógica, e pela análise do estilo pode concluir-seque os dois consagrou a João de Castilho, arquitecto e progenitor d'o croni,sta,a pri-
textos são do mesmo qutor. Se o Chantre .eborensenão publicou o segundo meira achegapara a biografia do doufor dn'tónio de Oastilho,n.Antes de,le,
manuscrito fo,i apenas,ao que cremos, para não divulgar um texto incom- ,outrosbibliógrafos e a,naÌistas,como Severim de Faria, Barbosa Mrachado,
pleto. Que interesse poderia advir para a história pátria da edição de um João Pedro Ribeiro e Inocêncio da Silva, deixaram notícias sumáriassobre
capÍtulo solto de uma obra que se manlinha inédita?-Q Elogio tinha, oo,m o aufor do Co,mmentqriod:o'cerco dteGoa, e Chaul, no onno Cle1570,pondo
efeito, a vanlagem de constituir històricame,nleuma peça de síntese,com em deslaque a cultura humanística e o valor das obras manuscritas e
adequado ,cabimento no corpo das lVotícics de Pontugal Mas à luz do impressasa que deixou ligado o seu nome'. lVlassem uma pesquisamais
ideári,ocultunal do século XVII e dispondo-sejá da Chronloo.deF,rancisco demorada nos fundos documentais dos Arquivos da T,orredo T,omboe da
de Andrada, a pub'licaçãode um fragmento histórico sobre D. Joâo UI era Universidadede Coimbra náo se tornava possÍvel erguer a biografia de
tarefa que não juntava qualquer louvor aos méritos de António de Cas- Castilho, o que tentamos agora leviar a câbo, embora com lacu,naspara as
ti,lho. fases ,prim,eirae última da sua vida.
A partir de então as referências ao manuscrjto foram üodascolhidas António de Castilh'o meÌece a devida atenção histór,icapela riqueza
no testemunrhode Severim .d'eFaria. O abade de S. Adrião de Sever men- e varied'aded,a sua for,rnaçãocultural. D,outor em Le.i,s(1565), Desemb,ar-
ciona a publicação do ElogÍo - a que chama Vídn tulRey D. João III -, gador da Casa da Suplicação (1566), Guarda-mor da Torre do Tombo
e a propósito da Chronicq aduz um informe valioso: <Introduz o Aulhor (1571),Residenteem Inglatera (1579-1582),historiador e letra'do,-Cas-
esta Chronica pela fundação, e nome de Fortugal, e seus ,primeinosReys tilho representa bem o tipo acabado do homern de Cultura do Renasci-
até summariam,erÌtechegar ao reynado del-f{ey D. J.oãoo III: O'Lice,nciado mento português. Se a sua obra não corresponde, pela quantidade, aos
Fra'nciscoGalvão na sua Bib. Lusit, manuscritraaffirma, como eu nella li, méritos que envolvem o s'eunom'ee de que os próprios ,oo.evos se f,izeram
que ,tinha vislo quinze folhas desta Chronica, que chegava ao tempo das eco, não é menos certo que íse impõe pela qualidade das suas produçõ,es
conrtnoversias,que tiverão na India Pedro Mascarenhats,e Lopo \I,az de escritas. O domínio da língua e a clareza e elegância do seu estilo
Sampayo>3. -tomando apenas co,mo modelo o Cowtmentq)rio-denotam o homem
Quer dizer que nos meados d'o século XVIII já se perderâ o rastro culto que, não se houvera desviado pafa outros oampos de ,actuação,
do original de Caslilho, apenas se conhecend,oa i,ntroduçãoe o primeiro poderia ter deixado marcas expressivasdo seu real engenho,Já quanto ao
capÍtulo que, peÌa descrição de Barbosa Machad,o,se podem identificar fragmento da Chroníca delrey D. Jodo III é manifestamenteum escrito
com o manuscritoeborense.O que significanão ter havido,de,poisde Seve- inferior, como te'ntamos,m,ais adiante, demonstrar.
rim, qualquer nova impressãoda Vída, nem o fragmento da Chronica che-
gou a ser publica'do.
Levanta-se assirmo problema da origem, oonteúdoe vìâlorhistórico da ^ Dícionário Hístórioo e Dacumentol dos ArchiW.tos, Engenheíros e Construtores
própria Chromíca..Omanuscrito foi inteira ou parciãlmenteredigido? Qual porütgueses; vol. I, Lis,boa, 1899, pp. 1,83, 204, e vol. III, Lisboa, 1902, pp.263, 270.
6 João Pedrg Ribeiro, Memórias autênticas para a histórío.
do ReaI Archivo, Lis-
boa, 1819, pp. 74, 7.5, Diccio'nario Bibltographico PortuguAs, torÍÌo I, Lisboa, 1858,
I Diogo Barbosa Machado, Bibliotheca Lusitnna, 3.. ediçã,o, tomo I, Coimbra, pp. 107, 109, e tomo VIII, 1867, p. l'13.
1965,pp. 235,236.

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Não se conhece a data do seu nascim,e'nto,que deve ter oc'orrido ao unânime consid,erado apto a faz,e'r-sebacharel em Leis 1r. Nesse mesmo dia,
redor de 1530,certamenteem To'mar,onde o progenitorse fixara a dirigir pe,Ìas18 horas, re.cebe,uo dito grau das mãos do.dou,tor Manuel da C,osta,
as obras no Convento da Ordem de Cristo 6. sendo testemunhas os doutores Bartolomeu FiÌipe, João de Morgovejo,
Duas razões .concorrìempara assenLaraquela data: o seu bach'arelat'o António Vaz Castelo, Álvaro Vaz e outros rr.
na Escola de Leis de Coimbra, em Julho de 1554,o que permite supor que Nos an'os seguinbes An:tónio d,e casbilho mantém-se nos gerais da uni-
tinha vinte e poucos anos; e a a'rnizadequ'e o ligou ao poeta António versidade ,com o objectivo de alca'nçar a licenciatura em Dir,eito
civiÌ.
Ferreira, nascido em l'529 e que foi da sua criiação'.Mas nada se pôde De 1 de outubro de 1859 a fins de Març,o de 156l seguiu urn novo
curso
adiantar na matéria, a não ser que o nome da mãe era Maria Fernandesde de lei'tura, que não oh,egou a terminar. Nesse ano serviu de (oonselheiro))
Quinlanilha e que António tinha rntaiscinco irmão's:Diogo, Mar.ia,Pedro, da unriversidrade e, tendo havido a provisão de várias cáLedras, não
lhe
Manuel e João de CasLilho". foi possível compietar a preparação ls. Mas em 23 de Março de
1b62,
Deve ter feito os estudo'ssecundáriosem Tomar, mas no ano 'leotivo perante o Reitor Diogo de Gouveia, pro,cedeà pr'ova dos cursos
de Direito
de 1549-50 já se encontrava matriculado na Uniiversidadede Coi,mbra. Civil que frequentara na Universidade 14.
Em I I d.eNovembro, pera'nte o Reitor, Frei Diogo de Murça, provou que o velho arquirtecto João de castilho falecera pouco antes de 2 de
até Maio anterior seguira três cursos de Leis e. No ano lectivo seguin'te Dezembro de 1553'". os serviços qu,e prestraÌìa à casa Real devem estar
iniciou a frequência das cadeiras de Prima, de Véspera e das m,ais ordi- na origem do pedido de oartas de Nobreza e de brasão de armas que os
nárias de Leis, que manteve nos três ano,sseguintes,como pôde comlpro- filhos d'i'rigiram a D. J,oão III, em 1556, e que veio a obter satisfação:
var e,m 11 de Junho de i554'0. E um mês depois fez acto público para a de António, por carta régia de 7 de Janeiro de lb6l 1ô;e dos irmãos João,
ohtenção do grau de bachrarel,na presença do doutor Martim de Azpil- Pedr'o, Diogo e Manuel, em 17 desse mês 17.Por es,se te,rnpo, aind,a com o
cue,taNavarro, lente jubilado de Cânonese fazendode Re'itorna ausência grtau de bachanel mas já nomeado <<cavale,irofida,lgo da casa dEìrR.eynosso
de Frei Diogo de Murça, do d'outor Manuel d,a Costa, que lhe serviu de Senhor, estudante nesta Universidade>, António assina co,mo procurador
padrinho, e d,os demais l,enrtesda inslituição. Tirando como ponto à s'orte de sua irmã Maria de Castit'ho, no do,cumento de comp,ra de uma tença de
a lei Invitum cõpa:rarell. ín o'rdine C. de cõtrakenda e'rnptione,foi exa- juro às froiras de Santa Clara de Coim'bra 18.
minado pel'osdoutorese condiscípulos-em nú'merode ll -e por juízo Se o jovem bacharel aspirava a seguir a carreira docen,te ou a magis-
tratura do Paço, a sua nobilitação per'mitia-Ìhe ascender m,ais ràpidamente.
u Sousa Vlterbo, Díccionario Histórico e Documental, obrq citado, vol. I, p. 186 e A li'nhagem do arquiteoto da Biscaia perpetuava-se n.os s.eus fiÌhos, que
III, p.363. Um docum,ento de Janeiro d,o l5l9 nomeia João de Castilho como ((estante e podiam de futuro u,sar o bnasâo d;e arm,as famtiliar: <<oqual escudo armas e
morador em a dita villa de Tomar>r. Brito Rebelo antecipa a data do nascimento de synaes em meus Reyno,s e senhorios possa trazer ê |raga o dicto Amtonio
A n t ó n i o , q u e c olo ca n o s fin s d o p r im e ir o q u a r tel ou i níci o do segundo quartel do
de Castilho e como n,os de Castella os trouxe,rão seus am,tecesoresem
século XVI. Cf. (Cartas de Antóni,o Ferraira e Diogo Bernardes a António de Castilho)),
in Archivo Histórico Português, vol. I, Lisboa, 1903, pp. 138, 148, 185 e 187. todos os lugar,es de ormra em que o,s nobres e a.ntigos firda,lgossempre a,s
" Conhece-seuma carta que o futuro autor da Cos'tro enviou ao amigo, em 30 de co'stumarão tnazer>>.Quer dizer: poderia António de Castilho <<seservir e
Junho de 1557, pediindo o empréstimo dos Emblematoe de Alciato e prot'estandoìhe a
maior estima. António de CastiÌho aohava-se âo tempo em Coimíbra e, segundo a carta, " Idem, íbì'dem, tomo 5, livro l, fol. 83, DOC{JMENTIf III.
de boa saúde. Cf. Brito Rebelo, idem, íbiàom, pp. 144, 145. Veja-se a carta V de Ferreira ' Ide,m, ibidem, tomo 5, livno l, fol. 83 v., DOCUI\IENTO IV.
nos Poemos Lusitanos; clássicos Sá da Costa; vol. II, Lisboa, pp. 154, 155' " Idem, ibidem, tomo 7, livro l, fol. 140, DOCUMENIO V.
" C a r t a s ré g ia s d e 7 e 1 7 d e Ja n e ir o d e 1 56l ; A rqui vo N aci onal da Torre do 'r ldem, íbidsm, torno 7, livro 1, fol. 140.
Tombo, Chqncetarta de D. Sebastião e D. Henrique, Prívilêgíos, livro 2, fólios 44 v. e '" Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Co'Iecção Especio,l,caixa 162, maço l,
195 v. Carta régia de 2 de Janeìro de 1561; idern, ibídem, Doações, livro 5, fdl. l8tt. doc, 33; publicado por Sousa Viteíbo, Dìcíoruirío Histórtco e D,ocumentuI dos Arquí-
o Arquivo da Universidad,e de Coimbra, Autos e graus, tomo 4, livro I' fol.72v.
tectos, Engenheiros e Construtores portugueses, vol. III, Lisboa, 7922, pp,.267 e 268.
DOOUMENTO I. Agradecemos ao Secrhor Prof. Doutor Mário Brandão, director do 'o Idem, Chancelaría de D. Sebastíão e D. Henríque, PrívíLëgíos,livro2, fol.44v.;
Arquivo da Universidade,,e à Senhora Dr." Maria Ligia Cruz Brandão, l.' Conservadora publicado por Sousa Viterbo, ibídem, I, Lisboa, 1899, pp. 202,204.
do mesmo Anquivo, a amável indicação dos documentos que comprovam a escolaridade 'Í ldem, ibidem, ibidem. livro 2, fol. 195v.
de António de Castilho. '" ,Idem, ibidem, Doações, Ìivro 5, fot. 184; prrblicado por Sousa Vìterü,o, í,bìdem,
'o Id'em, ibídem, tomo I, livro l, fol. 71, DOC'UMENTO U. vol. III, pp.2â9 e 270.

320 2tl
olmrar e gouvir e âproveytar delas em todo e per todo como a sua nobreza tur'a. Atendendo ,aosseus títulos e ao brasonadonome de família. esüava-
convem)) le. -lhe aberta a carneirajunto da Corte.
No ano de 1562,António preencherajá as condiçõeslegaispara alcan- TaÌ veio a suced,erem 9 de Novembro de 1566, quando D. Sebastião
gar a líoentí'a re'gendi. Por üal rnotivo, em 16 de Abril, na presenç,ado nomeia o doutor António de Castilho para o lugar de Desembargado.r da
douto'r tl,e.itorRodrigues, que lhe serviu de padrinho, e dos doutores e lei- Casa da Suplicação,com direittos e privilégios idênticos ao'sdos re,stanbes
tores da sua Faculdade,procedeu à leitura da lição de ponto, sendodepois membros desseConselho'o.Dois dias mais tarde, uma nova carla régia
arguido pelos ,mestrese c,ondi'scípulos. Por 20 votos foi aprovado n'e'mine estabeleciao seu o,rdenadoe,m 60 000 réis p'or ano, pago em quatro pres-
discrepante e autorizado a repetir em ,exameprivad'o,'0.O acto teve lugar tações,passandoo novo Desembargador a ficar inrscritono rol d,os fun-
em 3l de Maio 21 e quatro semanas mais tarde, precisamentee,m 27 de cionários da F,azendarégra21.
Junho, a prova magna da licenciatura22. ,Poucosabemosda maneira como dec,oneua sua vida de magistrado,
Estavam pres,entes o Reitor D. Jorge de Al,meida, o Chance'ler em que conf,irmou,sem dúvida, as qualidadesque o ti,nhami)mpostoà con-
Padre D. Tomé, Vigário d,o Mo.steiro de Santa Aruz e Chanceler da Uni- sideraçãorégia. É ap'enasn'otório que seis ano.sde'pois,e guardandoo cargo
versidade, o doutor Heitor Rodrigues e os restantes lentes e leitores da de Desembargad,orr, forinom,eadoGuarda-mor da Torre do T'ombo.Devia-se
Faculdadede Direito, num total de 30 pessoas.O bacharelAntónio de Cas- a nomeaçãoao reconheci'mento<<d.as partes que n,el.ese requere'm))e aos
tilho pro'cedeuà leitura da lição do ponto que cinco dias antesthe fora indi- servìçosque CastiÌhojá prestara28.LJm segund.oalvará assegurava-lhe o
cado pelo Chanceler.No termo da exposiçãoteve de responderà críticados mantimentode 140000 réis para o desempen,ho do cargo, sendo 100000
quatro 'mais jovens doutores da congregação.Tendo em c'onta <<asletras do ordenadoauferido por Damião de Góis (que o d,a,ntes deÌle servio>;
e virtudes)) do examinado, foi este aprovado por unanimiidadee recebeu 20 000 para dois guaf,das;12 000 para o porteiro; e o restantepara salário
autorizaçãopara fazer-sed,outor'?3. de um escra\r'oi,ncumbirdoda li'mp.ezada Torre'e.
No dia 5 de Julho foi-lhe conferido o grau de lice,nciado,em cerirnó- Deduz-se,portanto, que,a nomsação de Castilho procuravadar ordem
nia que feve lugar na capela da Universidade e na presenÇado padre no velho Arquivo, impondo muda,nçade fu'ncionamentoe r.enovaçãodo
D. Fi'lipe, Cónego d.e Santa Cruz e Vi'ce-cancelárioda Universirdade,do pessoal.Um ano decorridosobre a prisão de Góis, pretendia,a Coroa que
doutor Diogo de Gouveia, Vice,Reitor, e d'os lentes da Escola: <<eho dito os papéis referentesao reinado de D. João IId fossem,enfim, postos de
padre dõ falipe d'eu o grwo de Licenciado ë Leys a Anto de Costilho, de lado para que o bispo de Miranrd,aos viesse a utilizar na sua Chronica.
thomar, Authoridade Regía pera se fwer douto,r quddo quizeseD2{. E a O espírilo ordena,dode António de Castilh'o talvez fosse a garantúa de
3 de Maio .do ano seguinie entrou no Colégio de São Paulo, da cidade de u'manova ordenaçãodos documentosdo Tombo régio. Também por esse
Coimbra, ali se co'nservandoaté fins de Fevereiro de l5ô5 ". tempo se revela o historiador Castilho, que em 1573dá ao prelo o Co'mmen-
Após 14 anos de estudos brilhantes e já p,ossuidord'a láurea doutoral, tarío do cerco de Goa e ChauL Mas .estamatéria será mais adi.anteob,iecto
seria justificado que o atraÍsse a carreira universltáÍria.Mas AntÓ'nionão de estu,do.
quis ou não pôde .manter-seem Coimbra, preferindo abragar a magistra- Ignora-se o pa,pe'ldesempenhadopor Castilho nos sucessospo,lític,os
da última fase do reinad,ode D. Sebastião,mas não of.ere,ce dúvida que a

" Carta régia concedendo a Antó,nio de Castilho carta de nolbnezae brasão de " Carta regia d'e 9 de Novembro de 156,6;Arquivo Nacional da Torre do Tombo,
armas; Lisboa, 7 de Janeiro de 156l; Idem, ibidem, Pnívilégios, livro 2, fol' 44v. e Chancelaria d.e D. Sebastiã.o e D. Henrique, Doqções, Ìivro 17, fol. 280, DO,CUMENTOXI.
segs. Cf. também A. Braamcamp Freire, Anmario Portuguesa; e'dição do Archivo Histó' " Carta régia de ll de Novernbro de 1566; idem, ibídem, íbidem, liyro 17, fol.2&2,
rico Português; Lisboa, s.,ud.,p,p. 129, 130. D'OCUMENTO XII.
"" Anquivo da Universidade de CoimÌbra, Autos e grous, tomo 7, livro l, fols' l4l, '0 Alvará régio de 6 de Novembro de 1571; idem, ibíd.em, ibide:nt, livro 32,
e 141 v., DO'CUMENIìO VI. fol. 66 v., DOCUMENTIO XIIL
1" Alvará régio de 27 de Fevereiro de 7ü2; id,em, ibÌfum, ibldenr, livro 31,
" Idem, Aütos e grcus, tomo 7, livro l, fol. 149v., DOOU'MEòIT0 VII.
'1r ldem, ibidem, lomo 7, livro l, f'ols. 166, 166v., DOCUMENITO V'III. fol. 84 v. Este do'cumento foi já pu'blicado por Sousa Vitedbo, (Damião de Góis e
'" ldem, íbidem. D. Anfónio Pjnheiro), in O Instítuto, vol. XLU, Coim,bra, 1895, p. 447, n." XII. Aten-
" Ide,m, íbidem, torno 7, livro l, fol. 169, DO'CUIMENTTOIX. dendo, porém, ao seu interess,e para a biografia de CastillÌo, inc{uímo-lo também no
'" Idom, ibidom, tomo 7, livro 2, fol. 137, DOC{-IM.ENTO x. apêndice deste trabalho; DOCUMENTìO XIV.

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sua fa'ma de homem culto e experiente aumentou, se não junto do Filipe II, o desoendentevarão, mai's velho e mais próximo, do rei Ven-
m'onarca, pelo menos junto d'os pri,ncipais corLesãos.A Cristóvão de Távora
üuro.so3s,
ligava-o uma velha afeição e Miguel de Moura refere-se-.lhe c,om esti,ma 30. Passamosde lado a actuaçãode Castilho junto da Corte inglesa,que
Que o Cardeal D. Henrique o tinha igualmente em grande conta, resulta bem mereceum estudo autónomo. Diga-se apenasque, durante o último
da nomeação de Castilho para representante português em Inglaterra 31. quartel de 1579, o Residenteprocurou em Londres manter uma posição
A canta régia fem a 'daLa de 3l de Julho de 1578, portanto um mês decor- alheia ao inberessedos vários pretendentes, defendendo que o pleito
ri,do 'desde que D. Sebastião deixana Lisboa a camin'ho da empresa fatal 3,. sucessório.deveriaresoJver-sede acordo com a Jus'tiça.Porém, falecido o
A 'nomeação'- que talvez houvesse recebido o acordo tácito do monarca velho monarca e tendo recebid,ocart.asdos Governadorespara que não
- só tevie ,efeito no p,eríodo em que a influência de D. Henrique voltou a solicitassequalquer auxÍli.omilitar da rainha Isabel, o re'sidenteCastiÌho
fazer-se sentir. Mas é certo que a escolha para Residenle em Londres fez enveredoupor uma política favorável aos interessesdo rei de Castela,
com que António de Castilho fosse igualmente nomeado membro do Con- estabelecendorelações amigáveis com Bernandino de Mendoza, embai-
selho régio, o que representa uma dupla retribuição de serviços. xador de FilirpeII e,mLondres,e aguardand.o que o reino viessea recair na
Como se justifica a mudança de vida do magistrado-historiador que, por pessoa.d,estecandidato3ô.
esta for'ma, as,cendia a diplo,mata?-Não compreendemos a sua apressada No segundosemestrede 1582voltou a Lisboa.Em 4 de Dezembroum,a
nom,eação, Lanto m,ais que só 'nos meados do ano segui,nte partiu a ocupar carta régìa concediaa António de Castilho a comendada vila de Mora,
o seu posto ". Desej'o de glória, sem dúvida, já que a sua pre,paraçãojuri- da Ondemde Avis, tendo e.m conta ,os serviços presladosao monarca e
dica e cultura literária lhe davam a possibilidadrede vir a impor-se no seus antecessores(/lo's catrg'osde Justiça de qwe foi encarrega'do
e no cotrgo
ambi,ente lo,ndrino. Mas durante o tem'po em qu.e ,aguardou o ernbarrque, de embaixadorde Inglatêra donde hora veyo e d,efolgar p'or e,st.e,se outro's
António 'de Castilho fez também o seu jogo,político n'o debate da sucessão, respeitoslhe fazer mercè>> 3i. Desta forma o doutor António de Castilho
mostrando clara simpatia pelos direitos de Filipe IrI. Revela Queiroz juntava ao seu currículo de Desembargador,Arquivista e diplomata o
Velloso que o Guarda-mor era visìta Íntima de Cristóvão de Moura e qu,e, tÍtulo 'de <Frey>,que o incluía nos pares da Ondemde S. Bento de Avis.
a pedido deste e sem ondem expressa do Carde,a,l-rei, chegou a copiar A vida fora-lh.epródiga em tífulos e honr.as!
docu,mentos do Arquivo que se,rviam a causa espanhola'n. Redigiu mesmo Sabe-seque no regressoa Lisboa guardou a ocupaçãoda Guarda-mor
um Dicbarnen sobne la Corono de Portugal em que defendia o prÍncipe de da T'o'rredo Tombo 38,mas a última fase da sua existênci.aé mal conhecida.
que, uma vez terminada a linha genealógica de D. J,oão III, haveri,a qu,e
Anles de 1573jâ era casadocom D. LuÍsa Coutinho,que lhe deu Ì,argades-
volver ao tronco comu'm de D. Manuel, o que impunha os direirtos de cendência3'g. Fa,Ìec.eu
em 4 de Julho de 1593,em local incerto, talvez em
Tomar ou na sua com,endade Mora, já que os registosde óbito das fre-

'! Joaquìm VerÍssimo Serrão, ((Fontes de Direito para a história da su,cessãode


"o Veja-se a carta que Cristóvão de Távora enviou a Castilho, em 3 de Julho de PortugalD, in Boletím da Faculdade de Direito de Coimbra, vol. XXXV, Coimbna,
1573; Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Corpo Cronológico, parte I, maço 110,
1960, pp.
doc. ll0, e que foi purblicada por Brito Rebelo, no Archivo Histórico Português, vol. l,
"u Joaqui'm Veríssimo Serrão, O R'eínado de D, Antónío, Príor do Croto, vol. I,
Lisboa, 19O3, pp. 185, 187. Coimbra, 1956, pp. 152, 153. Queiroz Velloso, O lnterregno dos Governqdores e o breve
'r ldem, Chancelaria de D. SobastÌõ.o e D. Henrique, Privilégìos, livro ll, foì. 16l, reinúo de D. Antónío; Aoademia Portuguesa da História; Lisboa, 1953, pp. XXIII, 20,
DOOUM,ENTO XV. 21, 22, 24, 25, 26.
" Cf. Joaquim Veríssimo SeÍrão, ltinerdrÌos del-Rei D. Sebestião; Academia Por- rÍ Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Livro Vl da Ordom de Aviz, dntiga,
tuguesa da História; vol. II (1573-1578),Lisboa, 1963, p. 220. fol..l7; publicada por Brito Rebello, ((Cartas de António Ferreira e Diogo Bernardes a
'" Conhece-se uma provisão régia, com data de l0 de Junho de 1579, para Cas- Antónìo de Castilho>, in Archívo Hisüórico Português, voì. I, Lisboa, 1903, p. 146.
üilho dar certidão de todos os papéis recolhidos na Torre do Tombo por António de
'3 C f . o rec ente es tudo do padre A ntóni o J oa' qui m D i as D i ni s , < R el atóri o do
Siqueira. Of. Corpo Cronológico, patfe 2, maço 249, doc. 55. A sua partida apenas teve século XVI sobre o Arquivo NacionaÌ da Torre do Tombo>, in Anaís da Academía Por-
lugar em 4 de Agosto; cf. carta de Cristóvão de Moura a Filipe II; Lisboa, ll de Agosto
tuguesd. da História, II série, vol. 17, Lisboa, 1968, p. 158.
de 1579; Colección de documentos inéditos para la hístória de Esno.fra,tomo VI, p. 636.
'" Cristóvão Alão de Moraìs, Pedatura Lusitana (NobÌIiórío de FamíIias de Portu-
"' O Reínofro do Cardeal D. Henrique, Lisboa, 1946, pp. 135, 136. gal ), tomo III, v ol . II, P orto, s .,/d.,p, 4O3, títuÌo C as ti Ìhos .

324 A'R
guesias de Lisboa nada referem a seu 'respeito.E um alvará tégio de 5 de Lisboa po'r volta de l54l e fora nomeado preceptor do príncrpe D. J,oãor';
Novembno desse ano já conc.edeà viúva e filhos d,o doutor Antóni'o de o segundo,,antigo escolar em Pádua e Lovaina, era o tipo do renascentista
Castilho a mercê de 5 000 cruzados no rend,imentoda Casa da India n0. acatbado,dedicando-se às letras e ao comércio, exempÌo do homem ((cosmo-
Antes de falecer o-u-tiverado monarca autorização para testar 60 000 réis politan do tem'po 4". Vivendo longos anos na Flandres, Góis regressana a
de tença em sua mulher e filhos, o qu.eum novo alvará, de 13 de Dezembro Lisboa em Agosüo de 1545, esperando que D. João III tivesse e,m conta os
de 1593, inteiramenteaprova41. seus rpréstim.os.
Assim teria decorrido a existência do doutor António de CastiÌho. Entre os d,ois humanistas as relações não deviam ser amislosas, pois
António Pin,heiro veio a obter o cargo de mes,tre do prÍncipe, p,ara que
Góis estivera in'digitado 46. É possÍvel que este contasse també,m com o
3) OS <PAPÉISI>DE D. ANTóNIO PINHEIRO.
ofício de Cronista, dad.o que já publica,ra uma tradução d,o Caüõo Maior de
Cícero e .alguns opúsculos sobr.e a Expansão portuguesa rz. Mas sem d,úvida
Com a prisão, em 1546, do Guarda-mor da Tone do Tombo, Fernão por intenmédio de D. António de Ataíde, conde da Castanheira, a in,fluên-
de Pina, abriu-seuma crise que levo'u quatro anos a encontrar solução. cia da corte fez-se sentir em favor de P.inheino, que recebeu o cargo de
O filho d,o antigo cronista, acusa'dode crimes gral/es contra a re'ligião, cronista por carta de 16 de Juiho de 1550 48.Quanto,a Góis, que por alvatêt
acabou por recebersentençacondenatóriaem 30 de Março de 1550,sendo de 3 de Junho de 1548 fora empossado interinamente na guarda do Arquivo,
demiltidodo seu cargo42. dois anos mais tarde ,obteve o carg,o a tÍtulo p,ermanente ne.Náo fora esse
A esie vacatura junlava-se urrnaoutra de não menos valo,r'na hierar- o galaldão com que sonhara, mas a chefia da Torre podia representar uma
quia palaciana:a de cronisia do reino, lugar que for,aocupadopro,rLou- forma 'de compensação.
renço de Cáceres,falecido pouco arÌtesde l53l'3. A matériada Expansão Que António Pinheiro já oobiçava o lugar desde a prisâo de Pina,
fora depois confiadaa João de Barros, sobrinhod,of'alecido,mas a Crónica depreende-se de uma ,carta que dirigiu ao co,nde da Ca'stanheira e em que
ou <<históriainterna>>do rei D. Manuel ficara por escrever,não apenaspela solicita o bom empenho deste "o. Sousa ViteÍbo coloca o documento em
falta de um cno'nistade título, mas tambémporqueFernãode Pina,se acaso 1550, anfes da nomeação, o que não deixa de ser exacto, mas da leitura do
recebeu tal incumbência,dela nunca se ter desempenhado. seu conbeúdo pode con'cluir-se que Pinheiro enviou a carta ao redor de
Dada a diversidadede funções, a união dos dois cargosnão parecia 1546-47. É que ainda se refere ao cronista e:m exercícìo, Fernão de Pina,
viável. O iabor do Guarda-mor era, sobretudo,de ordem técnica, orde- que nunca o foi a tÍtulo o,ficial e que não deixou qualquer am'o's'trade labor
na'ndo os velhos papéis e escrituras e proceden,doà sua transcrição,
enquanto o cronista devia servir-se do naterial de Arquivo para redigir a " S,ousa Viterbo, (Esiudos so,bre Da,mião de Góis, II série>, in O Insüituü0.
história dos reis pass'ados, vol. XLVI, Coimbra, 1899, pp. 429, 438, Luís de Matos, .Les Portugais à l'Universíté de
Dois homens de grande craveira- o doutor António Pinheìro e P arís entre 1500et 1550,C oj mbra, 1950, pp. 62,72, 774, 175, 777.
Damião de Góis- surgem a disputa'ra dupla sucessão:o primeiro,dout'or " Marcel Bataillon, <Sur I'e cosmopoliti,sme de Damião de Goisl, in Études sur
le Portugal au temps de I'Humanísme, Coimbra, 1952.
em Teologia e regente do Colégio de Santa BáÍba.ra,em Paris, voltara a 'ú António Baião, <dDamiãode Góis>, in Histório da Lìturatura Portuguesa IIus-
trada, dirigida por Albino Forjaz Sampaio, to,mo I,II, p. 26.
'o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaría de Filípe l, Doações, livro 24, " António Joaquim Anselmo, Biblitografia dns obras impressas em Portugal no
fol.282; publicado por Brito Rebello, Archìvo Histórico Portuguès, vol. I, Lisboa, 1903, século XVl, Lisboa, 1927; Damião de Góis, Opúsculos HistórÍcos; Colecçâo Histórica;
pp. 146, 147. Pelo sau valor hìstórico, apesar de não ser um documento inédito, Porto, 1945; António José Saraiva, Hrstóric da Cultura em Portugal, vol. ü, Lisboa, 1950,
incluímo-lo no apêndice, corno DOCUMENTIO XVI. pp. 1.6 e segs.
nf ldem, íbidem, livro 24, fol. 289 v., DOCUMTENTO XVII.
" Arquivo Nacional da Torne do Tonr,'bo,Chancelaria de D. João lll, Doações,
" António Baião, Episódios dramdtícos da Inquisíção portugues(ri 2." edição, livro 66, fol. 98 v.; puiblioado por Sousa Viterbo, <<Estudossobre Damião de Góis -
v o l . I , L i s b o a , 1 9 3 6 ,pp . 1 3 , 1 4 . II série>, in O Ìnsüiüuto,vol. XLVII, Coirnrbra, 1900, p. 173.
'" Manuel Severjm de Farja, Vida de João de Barros, in Discursos vtÍrios políticos, 'n lde,m, ibidem, livro 60, fol. 43 v.; citado por J.oão Pedro Ribeiro, Memórias
Ê,vora, 7624, fdÌ. 32 v. Eugénio As,ensio, ((Lourenço de Caoeres o el Latin al servicio del aut4.nücus para a história do ReaI Arquívo, Lisboa, 1819.
Portugues)), in Boletìm lnternacíonal de Bíblìografía Luso-Brvsileìra, vol. II, Lisboa, nn ldem, Colet:ção
S, I.ourenço, toÍno I, fol. 184; publicado por Sousa Viterrbo,
19 6 1 , p p . 2 4 8 , 2 4 9 . O ÌnsüituÍo, vol. XLVI, Coimbra, 1899, pp. 432,434.

326 óat
historiográfico. O cargo estava, pois, vago desde a morte de Lourenço de de Fernão de Pina? Aquele documento representa apenas uma graça de
Cáceres e o doutor Pinheino queria reatar a tradi'ção do croniciado do D. João nfi, satisfeito com a notícia de que o teólogo andava a redigir uma
reino. vaga Chronioc, e abrindo o caminho para uma futura nomeação oficial?
Por isso escreve:(eu sou tã comedidoque nem ordenadonem nome Entretanto o doutor António Pinheiro foi nomeado Pregad.ore capelão
me lembra em cõparaçam do gosbo de servir niso sua Alteza... o nome régio, o q'ue lhe ouio'rgava uma situação cultural válìda no consensoda
dar,m,oa o tempo e a orbra,contenüandosesua Al'tezadella, quanto ao orde- Corte. Compreentde-se assim que D. João III lhe tenha passad.o,em 16 de
nado nunca senti na grandeza delRey no,ssoSenhor a'pertoque acanhasse JuÌh'ode 1550,uma carta régia nomeando-o seu cronist,a,com o seguinte
m'eu empenho))51.E o d,outor António Pinheiro declarava ao seu protector encargo:(E quero ,queelle em sua vida escreva a minha caroniquae a dos
que, no caso de alcançar tamanha mercê, não deixaria de ter em conta, reis destes Reinos>r "'. Era-lhe fixado o mantimento de 50 000 réis anuais
na redacçã'oda Chronica,os serviços de D. Antóni'o de Ataíde! a partir de Janeiro anterior e mais 6 000 para custear as despesasde um
O docurmentonão prima pela clareza, ao con,tráriodo que opin'aSousa auxi'liar com funções de Escrivão.
Viterbo, dada a mi'sturade alusõesclássicase de imagenssem p'ro'pósitono É d,e crer que An,tónio Pinheiro não perdeu tempo a coliglr elementos
corpo da missiva:Mas já interessa,a concepçãoque.AntónioPinheirotem para a,obra. No ano d.e 1551 saía dos prelos de GermanoGatlhardo,em
da Históri'a.Para impor futuros direitos, começarajá ele a elaborarvárias Lisboa, ,a oração fúneb,reprotferida quando da translad,açâodos ossos de
notas sobre D. João III, e o conde queria saber as razõesda lenta redacção.. D. Manuel e da rainha D. Maria, para o mosteiro dos Jerónimos". Não se
Responde-lhe.o teólogo que as obras de tema imortal não se compade- trata, com o devido rigor, de matéria histórica, mas de uma pr'egaçãode
ciam com feitura apressadae a,paratovulgar, exigindo u.maserenareflexão fundo bÍblico. No entanlo, I,endo com a devida atenção o discurso de
do passado; assim, a história do mo,narcadevia possuir granidezano con- Pinheiro, constata-sea íntençdo histó,ricaque the assistiu, procurando ele-
teúdo histórico e elegânciano revestimento ve,rbal:((peraa nossa história var a realezado m'onarcae o culto por es'tepresbadoaos seusprogenitores.
ser não meno,sgostosapera ler que proveytosapera a vi'dadeverade estar Um outro opúsculo*Troslladocam dos ossos d,os mvyto Altos e
escriLa muyto .doutra maneira>>. A tão alto propósito aspirava,pois o dou- mvyto pode'rososEI Rey Dom Manvel e a Rainhe Dona Mari,a de I'ovvad'a
tor Antó.nio Pinheiro. Memoría- saiu juntamente do prelo de Gallhardo5s.EngÌobava 15 capí-
O conde da Castanheiradecerto interveio junto do m,o,narca para obìter tulos que decerto cons'tituíammaterial para a Chroním em preparação,
a nomeação do amigo, mas ignora-se o curso tomado pela diligência do relatando a ceri,mónia'da tr,ansladaçãodos ossos e os i'tinerários régios
valido. É possível que a ordem régia tenítr,aestad,oi'minenteem 1548: um nos mesesde Setembroe Outubro de 1551.
documerntod,o espólio de Ped'ro de Alcáçova Carnei,ro,com data de 24 de Não consta que António Pinheiro, no's anos seguintes,te'nhaavan-
Abril daquele ano, contém o texto do juramento que Adtónio Pinheiro,, çado o trabalho de pesquisae compilação de dooumentos.Sabe-seque
<<cronista del-Rei>,devia prestar, perante os S,antosEvangelhos,p,araa
reÌlacção da Chronica. E o mesmo texto acrescenta que o interessado u" Arquivo Nacional da Torne do Tombo, Chancelaría de D. João lll, Doações'
(juro,u fazë"lo bem e fielmente, com todo o segredo e sem aceitaçãode livro 66, fol. 98 v.; publicado por Sousa Viterbo, <<Estudossobre Damião de Góis>, in
pessoas, e tão livre,mente como em tal caso se req'uere)),compnome- A Instítuto, vol. XTLVII, Coimibra, 1900, p. 173.
o' A edição teve Ìugar depois de Outubro de 1551. Conhecemos exemplares dc
tendo-se a fazer a o'bra (com toda a verdade e punezae inteireza... e
guardando todas as mais qualidadesque se requerem ter os que seme- Summario da Pregaçatm Funebre, que o doutor Antonio Pinhero pr,eg(xdor d:el Rev
N. S. fez por seu mandado, nas Bibliotecas Nacional de Lisboa, da Universidade de
lhantes histórias escrevem))52. Coimbra e Pública de Évora. Sobre o assunto voja-se António Joaquim Ans'elmo, Bfblio-
O texto ficou letra-morta, mas não sabem'osa causa. Náo quis o grafía das Obros írmpnessasetm Portugal no século XVI, Lisboa, 1926, p. 184, n.' 642.
monarca antecipa,ra nomeação, sem a Justiça ectresiástica decidir o caso Livros impressos no século XV, existerutes na Biblioteca Públíca e Arquivo Dístrítal d.e
Évorc, vol. I, Tipografía Portuguesa, 1964, p. 202, cota Res. 75-4. O Summarto teve uma
segunda edição na Colleçam dcs Obros Portuguesas do Sabio Bíspo de Miranda e de
"\ \dem, íbíde'm. Leyria, D. Antonio Pinheyro Pregador do Senhor Rey D. Ioam lll e Mestre do Princìpe,
o' Relações de Pero de Alcdçova Carneìro, Conde da ldnnha, do ten'rpo em que fei ta por Bento l oz e de S ov z a Fari nrha,tomo I, Lj s boa, 1784, pp.3,97.
ele e seu pa| António Carneiro, serviram de Seçretd,rios (1515 d 1568); revistas e ano- 55 Anselmo, ibídam, p, 184, n." 6M. Co'IIeça:m das Obros porúugvesos, to'rno I,
tadas por Ernesto de Campos de Andrad.a; Lisboa, 1.937,p. 4115. pp. 103, '128.

328 329
recusou a oferta de D. João III para ordenar os papéis referentes ao rias: nomeadoVisitador da Universidadede Coimbra,no ano de 156580,e
tempo de D. Manuel, para a Chroníaa deste monarca que Fernâo de Pina prelado de Miranda, em substituiçâo de D. Julião de Alva, no mesmo
nunca chegar,aa escrever56.Damião de Góis justifica a recusa (<oupor ano 01.Em tais circunstâncias,como seria possível ao velho cnonistaarran-
Pinheiro ser mai,s inclin.ado a ou'tr.os estudos, ou po,r ter ,o,trab'alho por jar ainda tem'popara alinhavar a sua história?
giande>. Poderia ainda explicar-s.epelo escrúpulo do cronista em se ocupar Com o e'fectivogoverno de D. Sebastião,em Janeiro de 1568,dir-se-ia
de outra tarefa sem ter redigido a história do rei Piedoso.Mas também que o prelado acondoupara um encargo que devia pesar-lhena co,nsciência;
não co,nstaque,a Chronica tenha avançado na décadade 50 a 60. À medida e a Corte, por seu tu,rno,passou a ser imperativa na exigência do manus-
.que os a,nospassa"vam,o mestre de Teo,logia,tornado pregador e cronista crito. Uma longa década passara desde a morte de D. João II{ e o monu-
régio, integrava-se cada vez mais na vida da Corte e vivia para o sonho mento literário à sua memória continuava no domínio das boas intenções.
da diocese que viria aureolar a sua oarreira. Como era possívelque Damião'de Góis, tendo começadoa Chro.nioado
Com a morte de D. J,oãoI,III,e talvez pela ascensãode grupos opostos F,olícíssímoRey Do'm Manuel depois da noimeração de Pinheiro, tivesse já
junto d,a rainha D. Catarina, perde uma parte do seu valimenlo. Em 1659, apresentadoa obra em 1566?E para quand'oa Crónìcado Piedoso?
quando da escorlhade um mesfre para D. Sebastião,o seu nome foi pre. Em l9 de Margo de 1569 a Rainha escreviaao pre,lado:<<agradecervos
terido em favor de Luís Gonçalves da Câmara, pelo que dirigiu uma carta ey muyto esc,reverdesme os termos em que a Chroniquava,j.E terdes dela
.amargaà Rainha ((queixando-sede os seus 20 anos de serviços não serem ,aquelecuidado que eu requeiro pelas Rezõesque pera isso ha> u2.Não se
tomados em consideraçãoD 57. Não obsta a que os seus méritos fossem conhecea respostado cronista,mas deLcerto invocou que o Arquivo régio
sempre tidos em conta: basta referir que a ele se confiava a tradução das não lhe fornecera ainda os elermentors para a re'dacção.Por esse tempo
carüas em latirm q,ueeram envia'daspela embaixada de Roma, o que oorn- Damiâo de Góis procurava dar ordem aos papéis da Torre, dividindo-os
prova estar Pinheiro na 'confi,ançados governantes". em maços e por matérias, conform'einstruçõesrecebidasda pró,priaCorte,
mas a confusão era grande para encontrar os docurmentos 63.
Foi António Pinheiro, em 1561, quem dirigiu uma fala a D. Catarina,
em nome do povo de Lishoa, a pedir que não deixassea regência". O seu Em 22 de Ago's'todo ano seguinte o mona,ncaescreviaao Guarda-mor,
discurso, de excelente m.arca literária, roça a adulação da Rainha e d,o insistindo pdla entrega do,spapéis e cartíasque eram necessáriosao Bispo
Cardeal D. ltrenrique:seria uma desgraçapara o reino que a primeira lar- para a redacçãoda Crónica "'; e uma semanadepois era o CardealD. Hen-
gasse o poder, pois com a sua presença ((tantos bens se conservam na rique a dirigir-se a Góis pedindo-lhe partajuntar os documentosque Pedro
governança e tantos ma'les se impedemr>.Por tal motivo sugeria que a de Alcáçova lhe entregara e que se tornavam preicisospara ((a cronica
delRei meu irmão, que Deus tem, em que avia muito descuid,o> 05.Mas o
Rainh,aficasse com a regência e tivesse ao seu lado o Cardeal <como aju-
dador pera seus trabalhos>>. Era uma forma hábil d.e preparar o futuro, Guarda-mornão tinha culoas na demora do cronista.
qualquer que fosse a solução do governo.
A protecçãode D. Henrique veio a manifesbar-se na fase posterior a 6' Francisco Canneiro de Fìgueiroa, Memórias da íJniversidqde de Coímbra;
1562 e o doulo,r An'tónio Pinheiro continuou a subir a escadadas honra- Universitatis Conim'brigensis Studia ac R'egesta; Coirnbra, 1937, pp. 103, tô9, 223, 226.
Mário Brandão e M. Lopes de Almeida, A Universidotde de Coímbra. Esboço da sua
Históríq, Coìrnbra, 1937, p. 225.
õ0 Da'mião de Góis, Croníca do FelicissÍmo Re.v Dom Manuel, com'pos'tapor"' 61 Fortunato de Almeida, História da Igreja em Portugal, to'mo III, parte II, Coim-

parte IV, cap. XXX\/II, Coimbra, 1955, p. 100. bra, 1915, p . 857.
o? Biblioteca Pública Municipal do Porto, códice 678Á355, pp. 5, 16; citado por o' Arrquivo Nacional da Torre do Tornbo, Corpo Cronológico, part€ 1, maço 108,

A. de Magalhães Basto, Congresso do Mundo Portugues, Publicações, vol. V, to,mo 3, doc. 126; publicado por António Baião, Hístória da LÌteratura Portugueso llustrodn,
Lisboa, 1940, pp. 464, 466. José Pereira Bayão, Portugal cuidúoso e lostítmado com s tomo III, pp. 32, 33.
Vída e penda do Senhor Rey D. Sebcsüido, livro l, cap. 19, Lisboa, 1737. "' António Baião, ibídem, tomo III, p. 28.
o8 Carta d,e Lourenço Pines de Távora a D. Sebastião; Roma, 22 de Agosto de 6 Biblioteca Nacional de Lisboa, Manuscritos de Alcobaça, livro 35 das Sente,nças,

1560; Corpo Diplomdtico Português, vol. IX, Lisboa, 1886, pp. 32, 33. ïo1.448; publicado por Sousa Vitenbo, (<Estudos sobre Damião de Góis-II série),
* Colleçam das Obras Portvgrresos do SabÍo Bispo de Mirqnfu e de Leyría, in O Instiüuto, vol. XLVI, Coim,bra, 1899, p. 126.
d Arquivo Nacional da Torre do Tonr'bo, Corpo Cronológíco, parte II, maço 248,
D. Antónío Pinheyro, feita po.r Bento Jozé de Souza Farinha, tomo I, Lisboa, 1784,
doc. 4; pu,blicado por idem, ibídem, vol, XTLVII, pp. 173, I74.
w. 1 9 7 , 2 0 L

a2t
330
parração72.Essa lembrança, como muitas outras que a rajntha D. Catarina
Deu-se, entrelanto, a prisão de Góis pelo San,toOfÍcio e o assunto
,mandou aprontar, co,nstituía material ao dispor de D. Antó,nio Pinheiro
foi de novo esquecido.Já a chefia da Torre fora confiadaa'o doutor Cas-
para o traçado d.a Chronica "3. Mas não se trâta, como é óbvio, de partes
tilho, quando, em 2 de Agosto de 1572, a Ra.inhaescreveu ao cronista a
redigidas peÌo autor. A sua contribuição para a história do Piedoso foi,
agradecer-lhe ((ter-se desocupado para escrever a historia delRey meu
desta form,a, re,duzida, limitando-se à junção de <papéis> que o tempo
Senhor>>e a lamentar que os papéis entregues a Pinheiro não tivessem
veio a rdispersar,
ihteresse para a obra deste.Em 20 de Setembrode 1572,D. C,atarinavol,tou
Não é lisongeiro para a memória de António Pinheiro que não hou-
a escreverao Bispo de Miranda, informandoque novos papéislhe tinham
vesse deixado uma obra de marca a cororar o seu labor de cronista, A vida
sido enviados e manifestandoo seguinfe vo'to: (como vós tendes tanto
da Corte e as benesses tê-lo-iam inuti,iizad,o para tão alrta missão. Por tal
desejo e o tempo dedicatdopera vos delles aproveitar, estou com muita
nu. motivo, Sousa Vilerbo pretende absolvê-I,0, quando escreve: <<dosméritos
esperançade cedo começar a ver cu,mpridoo meu desejo>>
de António Pinheiro como historiador não nos é dado avaliar com infei-
Mas o palacianovencerapara sempreo cronista,Em 1572já se tor-
treza, por isso que ele, deixando de cumprir os seus dweres de cronista
nava dific,il a António Pinheiro remeter-sea u,m labor puramente intelec-
oficia'l, não nos legou nenhum monu,mento que garantisse à posteri'dade
tuail, pela sua idade avançada e, ainda, pelas obrigaçõesdo Paço.Vem,o-lo
o seu nome e confirmasse que não eram vãos os seus créditos de enrdi,to
em 12 de Novembro de 1573,no mosteiro de Belém,a pr'egaras exéquias
nem baldada a es,perançaque no seu talento se depositava. Não foi t,o,dravia
da princesa D. J,o,ana,mãe do rei 6?; e, no ano seguinte, acompanhar o
por faita de competência que eüe não levou por diante a empresa que lhe
monarca na primeira ida que este realizou ao norte de África u8.Escrevia
havia sido confiada>>'n.
então o embaixadorde Espanha:<<Vacon el (D. Sebastião)el obispo de
Miranda, que es su coronistapara po'derhacer buena Relacionde Ia Jor-
4) A CHRONTCA DE ÁN?óNrO DE CASTTLHO.
nadaD"e. Aproximava-se do termo da vida. Em 1579 foi transferido para o
bispado de Leiria e, no fim de 1582,feú,ou os olhos'0.
Desde os tempos de Coimb'ra que a sua formação humanÍstica era
Tudo leva a conolu,irque o bispo de Miranda se limitou à redacçãode
ti'da em boa conta. António de Castilho não era apenas o homem de Leis,
fragmentos da sua Chronico, mas que não deixou capítuÌos inteiros nem o
debruçado nos segredos da Jurisprudência latina, mas também o cultor das
esboço de uma obra de conjunLo.Para a redacção dos Awtaes, Frei Luís
línguas clássicas. Não vemos o ami'go dilecto António Ferreira chamar-lhe
de Sousa teria co'nsultadoalguns dessespapéis,em especialuma nótula
com a indicaçãoKdosfilhos bastardose amizadesque ElRey teve na moci-
dade>> "1. Mas se a contribuição fosse mais suculenta, decerto o cron'ista
"" Biblioteca Nacional de Pari.s, manuscríts portugo,is, 23, fol. 303, 309. Pero de
d,o'míniconão o teria ocultado. Urm outro documento-<<Lembrqnç:asque Alcáçova Carneino fizera um ((apontamento)) sobre a vida do r:e{erido Infante, À margem
pero dalcíçova deu>> -refe're os feitos do Infante D. LuÍs, que o secretá- do docu,mento lê-se: <<parase Responder ao bispo d'e Miranda a ailgüas pgrgütas que
rio de Estado entregou ao prelado, ao redor de 1568, para a obra em pre- quis saber p" a coronica del Rei n. s. que Deos té ê que avia de falar do lff.>. O mais
curioso é que a notÍcia do documento, pu,blicada por A. de MorelíFatio, Cato'logue des
00 ldern, Gavetas, II, maço 9, do,c. 19; publicado por iilem, ibidem, vol. XLII, 1895, Mc.nuscríts portugais de la Bíblíothèque Nationale de París, 1892, p. 260, apresenta uma
outra versão, que aliás não se vislumbra no corpo do documento: <Papel rubricado da
pp. 448, 4,49. Birblio,teca Nacional de Lisboa, Manuscritos de Alcobaça, livro 35 das Sen-
mão d'ElRey dom Anrique, que Deos tem, e da letra do conde d'Aldanha de cousas
tenças, fol. 447; publi.oado por idem, ibidem, vol. XLVII, pp. 174, 175.
q do Iffante dom Luiz pera a Chronica d'ElRey Dom João, de que se deu a copia a Fran-
Joaquim Veríssirno Setão, Itíneróríos del-reí D. Sebostido, vol. II (1573-1578);
cisco d'Andrade>. Não cremos que seja difÍcil demonstrar que a maior parte dos
Lisboa, 1964, p. 36.
6' fdem, ibid.em, vol. I7, pp. 67, 75. (papéis) destinados ao bìspo Pinheiro acah'ara.m por ser utìlizados na Chnonícs de
@ Carta de D. Juan de Borja a Filipe II; Lisboa, l8 de Agosto de 1574; Anquiro Andrada. Lendo a Chronica d.elRey dom João lll, parte IV, pp. 480, 486, vê-se que o
cronista copiou i.ntegralmente o manuscrito parisiense para rêdigir o capílulo refenente
Geral de Simancas, Estado, tregajo 392, fol. 77, 78; pubÌicado por idem, íbídem, vol. Il,
ao Infants D. Luís.
p. 68.
70
Fortunato de Almeida, Hístória da lgreja em Portugal, tomo I'II, parte II, " Na citada carta de D. Catarina a D. António Pirrheiro. de 20 de Sete'mbro de
1572, referem-se os a,pontamentos que a Rainha mandou preparar para uso do cronista;
Coimbra, .1915,pp. 837, 838.
It cf. Sousa Viterbo, O Instituto, to'mo X[.,WI, p. 174.
Annaes de Freí Lutí de Sousc,'ClássicosSá da Costa, tomo II, Lis,boa,1944,
p. 227. '{ Idem, ibídem, ï.omo XLVI, Coimbra, 1899, pp. 430, 43f .

tta
332
(dôuta luz dos seus versos))?75.Depois, já instalado ern Lishoa, manlém-se Antónío de Ca'stüIho,Gunrda mõr da to,ne do' To,mbo,p,or mrúLdúto d'e'lRey
'atento à vida cultural e muitos poetas o consideramum censor de mérito. nosso senhor78.
Seja o caso de Diogo Bernardes, que lhe agradece o fabalho que tivera ,O op,úsculotem re,duzidovalo'rhistórico, constandode duaspartes o'u
((no ornamento e emendadas suas rimas> 76.Cite-se também André Fa'lcão <<livros> em que Castilho eleva os feitos dos portuguesesnaquelecerco.
de Resende,poeta e desembargador,que no soneto dirigido <<aoCastilho O esfilo lê-se com agrado, mas não possui a grandezaprópria de um
inexpugnável, claro e forte)), o apresentacomo modelo e ampâro dos ami- clássico.A descr,içãoabunda em pormenores,tanto no que respeita às
'gos,mas sem referir os seus tralertos li'terários?6.. operaçõesmiÌitares,como na indicação dos combatentes.Dir-s,e-iaque ,o
O cull'to pelas letras de António de Castilho estendia-setambém à autor elevou uma série .de figuras de menos projecção,como Leo,nelde
história. Deve mesmo ter confidenciado aos amigos o seu projecto de vir Sousa,Capitâo-mor,deixandono olvido a real acção do V.ice-reiD. LuÍs
a escrever uma epopeia em prosa do povo lusÍada. Assim se explica que, de AtaÍde.
'em data ao redor de 1564, o poeta d,aCwstnolhe tenha enviad.ouma carta O que explica não ter sido a obra bem recebida pelo,scortesãosdirec-
em que inquire: <<Quando será que eu veja a clara história ,/ do nome Por- tamenüeligados ao sucessode Chaul. Os cronistas sofriam qu'andonão
tuguês por ti entoada, / Que vença da alta Roma a grã memoriar>? ??. davam rele'vo à ambição dos poderososou deixavam no siÌêncioactos
António Ferreira incitava o amigo a exaltar tão grandioso teüna:((a ti a de giandeza histórica; mas sucedia, também, que a amizade os ievava
'alta empres,aestá guardada... a'bre já, meu Castilho, essas riquezas, que a agigantar figuras sem crédito entre os homens do tempo. Castilho
tanto há já, que em ti Febo entesoura)).Não po'diao silêncio cobrir a acção recebera crÍticas e (desculpara-sedo seu comentário dizendo que lho
histórica do,sPortugueses,em contacto co,moutros povos e abrindo novos fizerão fazer por força da maneira que a estoria estaua>80.Ora sendo
Mundos. a obra editada por ord.emdo monarca e tendo este em boa conta a pessoa
Não consta que na fase em que foi apenasDesembargador tivesse e os méritos de António de Castilho, havia a recear uma campanhade des-
escrito qualquer produção histórica. Mas fixando-se na Torre do Tombo crédito da parte de cerlos corlesãos. Por tal motivo, Cristóvão de Távora,
pôde consultar fontes de interesseque vei,oa utilizar em l'573, na sua pri- valido do monarca e arrnigodo historiador, aconselhava-oa não diminuir
meira e, cremos, única obra de his'tória: o Cornanúaríodto c,ercode. Goa e por modéstia o valor da sua própria obra, a fim de não dar força aos male-
Chavl, no @nnod,e M.D.LXX.Vúso Rey Dorn Lvís de Ataíde: Scnipto p,or dlcenles: ((VossaMercê se lhe nisto falarê não deue dizer que foi forçado
a fazel'lo na forma em q'ue es'tá,porque como diguo é isto jente pestifera
Ú Carta VI; a António de Castilho, Guarda-mor da Torre do Tombo; Antónìo e muito menos que isto bastar pera destruirê o múdo todo).
Ferreira, Poemas Lusitanos; com pnefácio e notas de Marques Braga; Clássicos Sá da Castilho foi preju'dicadopelos seus adversários?- Não sabomosdizer,
Co s t a ; v o l . I I , L j s b oa , 1 9 5 3 , p p . 1 5 4 , 1 5 5 . O títu lo d a do a C asti l ho, como é óbvi o, pro- mas tem-se po,r certo que nâo voltou a dar ao prelo qualquer outrìa obra
v é , m d a l . ' e d i ç ã o da o b r a , sa íd a e m 1 5 9 8 . Po d e m o s, no entan,to,del i mi tar a data do literária ou histórica. Nos anos seguintes mantém a guarda da Torre do
poema: entre 1564, ano do segundo consórcio do poeta, e 1569, ano da sua morte.
T'ombo,ordenandoa arrumação dos papéis e escrituras,f,azendotraslados,
A alusão ao facto do Amigo estar <<escondido)), enquanto eÌe, Ferreira, vivia em Lisboa,
mostra que Castilho não se fixara ainda na capital. A carta deve ser do último período num labor de feição arquivísticâ. No ano de 1574 autenticou o Lívro dors
da estadia em Coimtbra, ou seja, 1564-1565. ca.pella,s,morgados e albergarías, por ordem da;scornarcas, cujos admínis-
'n Putblicada por Brito Rebe,llo, no Archívo Hisüórico Português, vol. I, Lisboa,
1903, pp. 145,146. "E Cf. António Joaquim Anselmo, BíblíogrqÍia dns Obras impressos em Portugal
Além de protestos de amizade, não con'tém dados biográficos de Castilho a no século XyI, Lisboa, 1926, p. 201, n.' 701.
carta XIV (Diogo Bernardes, O Lyma, em o qual se contë.m tls suds eglogas, e cdrtu"s; '0 A pri.meiraediçâo, saída dos prelos de António Gonçalves, é de grande raridade,
Lisboa, 1820, pp.174,179); nem tão pouco o sonoto XCVIn, em que elogia o ((alto Cas- conhecendo-se apenas exemplares nas BibÌiotecas de Évora e da Ajuda (cf. Anselmo,
tilho> e o som da lira com que Febo o dotara (Idem, Obras Completas; Clássicos Sá da Bibllografía, p. 201); e na biblioteca de D. Manuel, em Vila Viçosa (cf. Livros de
Costa; voì. I, Lisboa, 1945, pp. 76,77). D . Manuel IÌ, C oi mbra, 1950,p. 48). U ti l i z ámos a s egunda edi ç ã0,rei mpres s apor Luc as
'0" Obrcs Comple'tas, p. 106. O rosto não ttaz o ano da edição, que saiu em da S yl va de A gui ar (Li s boa, 1736).
Coimbra, por 1829; cf. Inocêncio, Diccionqrío Bíblíographico Portuguës, tomo I, L,isboa, 8" Carta de Cristóvão de Távora a António de Castilho; Évor'a, 3 de Julho de
18 5 8 ,p . 6 1 . 1573; Arquivo Nacional da Torre do f'ornbo, Corpo Cronológico, parte I, maço 1I0,
" CarLa VI dos Poemas Lusitanos; Clássicos Sá da Costa; vol. II, pp. 154, 155: doc. ll0; publicado por Brito Rebello, in Archivo Histórico Portug,uè,s,vol. I, Lisboa,
Quanto à data veja-se o que deixamos sr/pro, nota 75. 1903, pp. 186, 187.

334 335
tr'adoresnomeqrdoos reis de portugal sl. LJm aìvará régio de 2l de Novem-
seus coevos tenlha deixado essa fraca amostra do lalbor de historiógrafo? -
bro de 7577 dâ-lhe autorização para levar de futuro as assinaturas ordi-
Ignoram-se as condições e'm que o rnanuscrito foi composto, mas a data do
nárias do ofÍcio de Guarda-mor8e.Mas a sua acção,no ponto de vis,tacul-
cabeçalho prova qÌ.!e o autor, com 60 anos fèitos, não possuÍa já a frescura
tural, maníeve-seapagada,E foi apenasno regressoda Ingraterraque o
mental para obrta de taman'ha envergadura.
doutor casti[ho se dedicou aos trabalhos d,a vída, aproveitandoa sua
Trata-se de um autógrafo de António de Castiltho. Pois a análise orto-
estada na Torre. A única referênciaprecisaé que redigiu a introduçãono
gráfica e estilÍstica Jeva-nos a ,conclusões severas: falta de ordem lógica
ano de 1589, como r,ezao próprio manuscrito.
na exposição, ausência de poder de síntese, enfim um texto em que atbun-
De que consta ,o texto? - de u,rna Vida detRey Do.m loam IlI, em
dam os erros e repetições.
7 fólios, q'ueconstitui uma de,s'crição
global do reinado; e do primeiro capí- Assim, a palavra Espanha s,urge escrita de forma vária: <,Hespagna)),
tulo da obra, a chroníoa, que apesardo título de Histonia d.oprimeiro anno
<<His,pana>,<Espana>1.O mesmo quanto ao nome de Fernão de Magalhães,
clelRey,engloba apenas os sucessosreferent.esao período de tb21 a 752s
bem escrito no fólio 13, e pouco depois oomo ((magalhões> e <cle maga-
(foÌs' 7, 28 v.). o manuscrito ter.minacom o governo no oriente de Lopo
thões>>(fol. l5). Não se trata apenas de grafias diferen'tes, pois o fexto
Yaz de Sampaio.Se o autor redigiu oufros capÍtulos o que pomos em
- abunda em erros que um clássico jamais praticaria: <<dazanove>) por <deza-
dúvida - viglssl a perder-se com os anos, n,adaconstandoa seu respeito
nove> (fo,l. l0); <santiguo)) por <rsantiago>> (foü. 10); <bandaira>>por (ban-
nas Bitbliotecas do país.
deira> (foÌ. l0 v.); <impesa)) por (empresâ)) (foü. 13); (muto) por ((muifo))
Escreve o crornistano for. 7: <<prometeo dom Antonío pinheyro Bispo (foÌ, 14); <<degraça>por <desgraça)) ,e ((procuro)) por (procurou)) (fol. f 4 v.);
de Leiria escrelrer o,soousas que soçederdo em portugal na pas e nq guerro. ((moresera)) por (merecero> (fo,l. l5 v.); <idada)) por <idade>>(foÌ. l5);
em tempo delR'ei dom Joõo o teraeíro: de'poislh:e
fizerõ,o outros cuíddos ((sange))por ((sangue)) (fol. 23 v.); etc.
mudar o comcelho,wruentura melhar aguandeoídos)). A tentativa historio- Nolam-se também certas omissões, como <Cida RodriguoD por <<Cidade
gráfica de castilho é, portanto, nova no sentido de que não recorreu
ao Rodrigo>> (fol. I I v.); <<Portugeses)) p3r ((portugueses> (f ol. l7 v.); <po
material a[heio. Desta sorte, não se enco,ntraum fio lógico a u,nir os dois
quê>>em vez de <porquê>r(fol. l5). Mas o número de barbarismos não é
cronistas.
rmenor: <dipoisr> (fol. l2); (exemproD (fol. 12); <<salargar>> (foÌ. 16 v.);
A verdade é que, se a obra de pintr,eironão passoude vã promessa,o (sacorrroD e ((avorressece>> (fol. l7v); <aspós> e <<fizião>(fol. l9v.); <<bas-
texto do Guarda'mor constitui um do,cumentoque não abona a suÌare,pu-
tente> (fol. 19); <rabates> (fol. 16 v.), Ao referir-se à guerra entre o lmpe-
tação de escritor. Salva-se talvez a matéria histórica, que apresenta,aqui
rador e Francisco I, escreve o cro'nista: <<afronteira de Fran'cava comesarva
e além, um certo interesse. Mas o estilo descuidado,,a redacção mruitas
desasogan>, o que exprime um grosseiro lapsus calamí. AcrescenLe-s,eque o
vezes confusa e a pobreza do texto não parecemestar à altura do tão apre-
tex'to contém ga,licismos (<<nãoregardes>, do fol. 1l) e que as falas são
goad'o taÌento de casti'lho. como é possível que um escritor louvado pelos
introduzidas sem qual,quer pontuação especial.
Não se trata, portanto, do .estilo de um grande escritor que tivesse
'r Bi'blioteca Pública de Êvora, colecção Manízola, códice 16. Es,te manuscrito. bebido na lição dos clássircos,mas da prosa de um homem gastro,talvez
a o q u e c r e m o s , m a n té ' m - sein é d ito , e m b o r a co n stitua uma fonte val i osa para a hi stóri a
desmemoriado, e sem o domÍnio da escrita. Não curamos de saber as
social e religiosa do nosso século XVI. É possível que António de Castilho tivssse levado
para Londres alguns documentos pessoais referentes ao cargo de Guarda-mor. Apenas razões que explicam tamanho abaixamento em relação ao autor d'o
dessa forma se co,mpreendequs o Museu Britânico guarde dois manuscritos ligados à Comtmentario de Goa e Chawl; ap'enas constatamos os defeitos da sua
matéria: a Provisão regia a António de castilho, com data de 12 de Junho de lbz3, prosa.
para esrte proceder ao registo das <rlgrejas em que os Reys deste,sReinos estão em Se passarmos ao aspeot.ohistórico a opinião torna-se mais lisongeira.
poss,e));e uma segunda provisão, de 6 de Julho seguinte, pâra que o capelão
Nuno de Ainda que seja patente a falta de ordem na exposição - retÌ'o'cessoevi-
Arez auxilie o Guarda'mor naquela tarefa; c,f. Addicionois, códice 20 9b5; apud conde
de Tovar, católogo dos Manuscrítos portugueses ou referentes a portugal do Museu dente em reÌação aos historiadores do século - sente-se que o Autor
Brítdnico, Coim,bra, 1932, pp. l3l, 132. conhece â matéria e do,mina o assunto. Fez le'it.uras;cila autores, como
"' Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Choncelaria de D, Sebastião, Doações, Barros, a propósito da ilha de Sumatra (fol. 18 v.); assim como a genealo-
livro 40, fol. 258; pubticado por sousa Viterbo, (Estudos sobre Damião de Góis gia do Co'nde D. Pedro (fol. 7 v.) e a Chnonica de Góis. Vê-se também que
-
II serien, in O Instituto, vol. XLVII, Cointbra, 1900, p. 440, n.. XXI.
Castilho procura ser fiel à cro,nologia, dat'ando sempre que possíveÌ os

336
sucessoscom o ano, o mês e dia. A sessentaanos de distânciaprocuÌìaman- na sua atitude um autonomismo não b'elitcoso, po4lue'obe'dienle,mas com
ter-se fiel à verdade dos factos. a intenção ;firme de manter os elos com o passado.
Mas a sua tendência ê, ao mesmo tempo, selectiva e dispersiva:tanto TaÌvez António de Castllihomereça o primeiro lugar, em or.demcron'o-
se perde em divagaçõ.es que fogem da linha do discurso,oo'mona des,crição lógica, no rol dos historiadores<autonomistas))a que se refere o Prof. ltrer.
apenas insiste em pormenores de somenos inferesse.Assim, a pro,pósito nâni Cidade". Seguindo a tradição clássica, vemo-io recuar ÍÌ,0 temrpo
do ca.samentoda filha do conde de Marialva (fol. 12, 12 v.); ou quando para assentaros fundamentosda sua história. A Vida delReyDo'mJoã:oIII
refere que na 3.' armada do Gama ia como Ouvidor João Osório <<paide começanos primórdiosdo reino, com a formaçãodo Condadoportucalense.
dom Jeronímo OsorÍo Bíspo do Alga,rve qwe pouco depois ermnobreon E porque motivo Cas'tilho mergulha tão longe?- <<porque ao memosnfu
Hespana com sua.virtwdte e doutrína e estranha eloquência>>(fol. 24). Esta se afogue hüa lõbnança do's Po'rtuguese'sprírneti'no'sentre surJs ruinr/ls>>
nota não vem a pnopósitoe foi metlda pelo autor, não pel'ovalor qu.etivesse (fot. 7).
para a história de D. João III, mas sòmen[epara enalLecera memória do A Pátria tinha raízes profundas. O nome de Portugal <<foíowvido em
grande escritor e prelado. Hespagrw fto tempo que os VattfuIlos E suevos detvçardn nell'e o Imperio
Qual a concepção de História do doutor Castilho?- Ele próprio Romono>>. Quando os mouros atacarão a Península(<s'e solvcrõo algíts Por-
refere no capÍtulo l; <<éa memóría dos cousos passord.os escrita cõ díligen- tuguesqs nos montes de Asturtas, donde pouc'osornnosdepoís d,ese'ravn co'm
cía e verdade... e o seu juizohe do Mmpo sonrente>> (fol. 7). Assim defen- favor d'os Reys de Lyam e se nestittuirdo de Portugal e da üerra de Maya>>.
dia a realidade tem,poral da disciplina históri,ca, mostrando quanto era O au,torp,oderiater concluídoque o re.inovizinho nasceude... Po,rtugal.
ingrata a tarefa d'o historiador: ((o maíor pa;rte dos homës neaebemal a Mas todo o capÍtulo mantem essa chama de sentimentopátrio: foram os
lembrança de ercos alhaos e muito píor louvores de seus visínho,s>.Mas portugueses,na luta contra os mouros, quem cada dia dava aos espa-
oo,rnopoderiam ocultar-se feitos sem lustre e apagar a manúa de certos nhóis <<moresperança.da liberdade da pratia>>(sitc);as casas fidalgas do
reis? Co,mo relem'brara rnemória de um reinado, se o cronista fora teste- século XVI tinham o seu passadono tempo da Reconquista;e quando se
munha de acções menos dignas?- ((esúesserviços pesdo pouco entre os refere às lutas de D. Afonso Henrique para cri'ar o novo reino, o autor
ReÍs>),escr,eve,em tom céptico, António de Castilho, que acrecenta ser escreveque <elle pe'lejioudepo'isem lugar dos mouros com Vezinho'se'mve-
necessário pôr a claro a vida de um monarca para da narração se tirar jossos de seu cresimenüo>r (fol. 8 v., 9).
remédio para o futuro. Castilhode,di'catrês fólios à história anterior a D. João III. Dois exem.
A história seria, pois, um benefíciopúblico: <<co'm
esta esperançatomei plos podem ser invocadospara traduzir o seu espírito de escritor autono-
este cuido,do e ndo rne obríguo a outras leis salyo qo amo'r da V'ardfu>> mista: l) quando frazalusão a D. João, me,slrede Avis, es,crevendo: <<Des-
(fol. 7, 7 v.). E talvez o desassombrodestaspalavrastenha escoadona Corte poís delRej dom Jodo o primeíro a defender a liberda.d,e de Portugal aom
de Madrid e expliquea obrâ ter ficado inacabada.AnLóniode Castilhoera, aquelle valo'r que os Castelhanosconfessam>;2) quando compara os tem-
sem dúvida, homem corajoso, pois acrescentai<<enquanto não ahraçar esta pos heróicos da formação do reino com as tristezas do temp'o presente:
Impressa que'm po'ssqsqir della cõ ntais htonrrs suo> (fol. 7). O certo é que <<Nãoajudava pouao naqu,ell,e tempo a temperança da Vida, e o ze'llo da
o manuscrito pouco tempo depois fi'cava letra morta. honrra cõ que víviõo os J'ilhosdalgüs, inda que tempos pobres,não faltando
Mas a Chronica contém ainda, a nosso ver, uma nota própri'a e qu,e arrmas cavallos para defenderem a patría, dotes e 'moesteir.ospera empa-
convém pôr em destaque: o elevado espírito auton,o,mistaque a inunda. rarë os filhas, sem aquelle sobresalto e d,esasoaego que oie tem os mais
Nâo se ,concluaser o Autor u,m inimigo declaradoda Realezafilipina, pois Ricos trob,olhadosda Vaidade E cobiça oufros dos d,Írri'dos.E outrss tro-
contribuíra para a sua instauraçâo, tendo Filipe II os serviços de Castilho mentas que nos fas duvíd.ar qual parttdo nos fara mais seguto>>(fot. 9).
em boa conta. Da sua parte não se trata de oposição ao novo monarca, Noutros passosmenciona também <<aquella Verdade anliguaD,o que mostr'a
mas de um sentimento conscienteda <velhice>de Portuga'le que não per- estar saudoso do velho Portugal.
mitia a integraçãodo reino nos foros da Espanha.Aceitar-sepor razõesde A o'bra refere os principais sucessosentre l52l e 1525, com maior
ordem política o governo dos Firlipesnão otbrigavaos portuguesesda estirpe atençãopela história ultramarina.A semelhançado que fizera Damião de
de Castilho a esqueceras secularesraízes da sua Pátria. Por isso, vemos
"' A Literatura autonomista sob os FÍlipes,' Lisboa, 1940.

338
Góis com a Cróníaa do rei predecessor,também a presençanaci'onal em
Maro,cos e no Oriente ocupa o pensame'ntode António de Castilho. Mas
não esquece o.sfastos da história interna: o casam'entodas Infantas e do
próprio monarca, o choque de facções parlacianas,as crises de forne no
reino, a actu'açãod'os em'baixadoresnas Cortes de França e de Espanha,
a história da Ordem de Cristo, a g'enealogiade famÍlia nohres, etc. Rete-
nha-se uma curiosa alusão fei,ta ao inÍcio do povoamento da terra do D O CUM EN TO S
Brasil, no fol. 3 e 16.
Não se torna po,ssível,no curto espaçodeste artigo, tecer outras con-
sìderações so'bre a Vida. O leitor ajuizará melhor o val'or histórico do I
manuscrito, iendo a transcrição que oferecemosem apêndúce, na sua feição
pura, isto é, mantendo a graf.iaoriginal. Prova do três cursos em leis, feita por António de Castilho,, de Tornar
Diga-se, enfim, que para a redacção dos Anndes de D. Joõo III o
monge-historiador 'compulsouo manuscrito que lhe foi indicad,opor Seve- Co'ímbrq 16 de Novem,bro de 1550 A. U. C., Atr"üos,e graws, tomo ilV,
rim de Faria como s,endouma descrição(elegantíssimo);e com a sua habi- livro 1. fols. 72 v.
tua.l protbidade,Frei Luís de Sou,sanão deixou de o r'eferir na su,aobra 8n.
Já Francisco de Andrade, que tudo permite concluir que leu o manuscrito, anto de Cas'tiÌho /
nem uma simples palavra de'dica a Castllho; porém, o exame das fonúes
rovdla que o cronista oficial s'esen/iu de pequenasfrases do manuscrito e
prouou 'an'tode Castilho de tomar tres cursos en leis diãle / do ssõr. frei
que depois, com o seu talento de escritor, teve o dom de as euroupar.
djo de murça Rector & acabarãoseos .ditos tres / curssospor afim do mes
Não se exagere o valor do manuscrito eborense,que pela circunstân-
de maio deste prese,nteaflo de lb"1tu / & forão tas q asi o Jurarão antg
cia de se trafar de um fragmento não pode jamais oonsiderar-seuma fonle
de / crasto & eu dj" dazd" // o screvi aos xj de [octubr] nouëbro de fb'[-,o
de grande interessehistórico. O que não impede qu,es,ete'nhacomo imper-
doável o silêncio a que o texto de António de Castilho foi votado. A sua Antonio cardoso Antus cras
reedição, mesmo sem aparato crítico, tem pleno cabimento para quem se de vasconcelos tus
debruce na história do rei Pie'doso.Tal foi a nossaintenção,fazend'oacom-
panhar essas páginas dos documentoshistóricos que melh,orpermitem
conhecer a vida do seu autor.
II

Prova cle três cursos em Ieis e frequência das catleiras ile prima e véspera,
nos anos tle I-5õ1 a, L664.

Oo'imbra, 77 d'e Junho de 1554 A. U. C., Autos e graus, tomo 5.


iivro l. foÌ. 71.

anto de Castilho ,/

prouou anto de 'Castilho de tomar tres cursos en leis ouvin,/do as lições


d'epri'ma& vespora & as mais ordinarias os quaes co/meçarãopor outubro
" Annaes de D. João lIl, obra citada, vol. I, p. 36. de lb"1tu & hum & se acabarão a feitura de.steasento & forão tasq asi o

341
Juratão o brel ant" / de crasto & a" de guimaraes. drj" d62aoo 'screui aos IV
xj dias / de Junho de 3b"1t"& quatro aflos.
António de Castilho recebe o grau tle Bacharel
Ant" de Castro A" de Guimarães

Coímbra, 18 de Jwlho de 1554 A. U. C., Auüos e grous, tomo 5,


livro I, fol. 83 v.
III
grao de ,,brõldant" de .Castlliho

Exame de António ile Castilho para, a obtonção do grau ile Bacharel E logo no dito dia as seis oras da tarde na dita Salta o dito d,outor/ M"t da
costa padrinho deo o grao de brél em leis ,ao dito ,/ Ant" de ,Castilhode
tomar & forão tas ,os doutores ber/tolomeu phelipe & Y" de morgoueJo
Coímbra, 18 de Julho de 1554 A. U. C., Autos e grous, tomo 5, & anto vaz Cas/tello & a[uro vaz & ,outros & eu dj" dazdoscreui & lhe
livro 1, fo]. 83. dei / JuramtoCõforme ao,sEstatutos.

examen. dant' de Castilho.


V
Aos dezoito dias de Julho de J"I-t" A quatro aff,osna çid'adede ,/ Coinhta
& Salla dos pacos .delRei nosso Sõr onde se fazem / os autos ppcosda Antoni,o ilo Castilho prova ter seguiilo nm curso ile leitu.ra, tte Outubro
universidade sendo hi presente o Sõr doutor mar/'tim dazpilcuetaJubilado ile 1559 a Abril de 1561, tendo sido igualmente <<Conselheiro.>>
na Cadeira de prima de Canones/ & Reitor em ausençiado Sõ'rfrei d'j" de
murça Reitor ,/ & o doutor Mel da costa padrinho & os outros Sres dou-
tores canonistas & legistas. anto de caslilho de tomar leo a. L. in vitü Coimbm, 28 de Março d,e 1562 A. U. C., Auto's e graus, tomo 7,
cõ parare ll. inordine. C. de cõtrahenda emptione / / q o dia dantes. lhe livro l, fol. 140.
asinou o Sõr frei dj" de murça Reitor p'er" / ler a esta ora & argumõta-
râoltheos Cõdiçipultos & exa/,minaronoos doctoresperaEllo eleitos& todos
Amt" de castylho de thomar
Elles Sies / doutores votarão per AA & AA per" saber se o apprloy'uariam
pef se fazer brél em leis & foi por todos approbado nemine discrepante prouou o bi Amt. de castilho Cursar nesta / Vniversidade digo Residir
lancando todos AA. / & ninhun R. & 'forão por todos onze AA. & tantos nesta Vniuersidade/ ho Affo pasadoQ comecoufto [1n'o dout'o/ de sessenta
votos / ouue por volar o Sõr Reito'r Cõ dous papeis dj" dazdoo screui.
ate fin de Junho .de sesëtahün he asy ,/ provou hün Curso d,eley.,tura.s.
os tres meses,/ pmrosdoutro novro dezrode Lt" nove & quoatro / meses .s.
Mtí Janrofeurromco abrill de sesêta/ & hün & dis'eQ nõ provara este / Curs.o
de AspilcoePta R. plo no acdbarno Ano Stto / comecara! se proverõ mtascadras& ele anto/
de castilho servir de cõselhro forã ts" Ruj / boteiho & paulo coeflhoQ ho
o doctor Manuel da Costa. Anto Vaz Castello Jurarã Aos / avâgelhosperante o drtor diogo de gouvea Yyce / Reytor oJe
xxiij de Ã"o de 1562Ant" da / Silua ho ìpvi.

paulo Coelho. Ruy Botelho

343
VI & depoús de / Ler lhe argumë'tarã os cõdicipulos / & os drtesperd Jso eleytos
segdofor/ma dos estatutos & por certeza diso / fiz este asento AnL" da Silua
Lição de António ile Castilho pa,f,a obter acesso a,o examo púvado o slvi /
com vista ao grau ile Licenciado
VIII
Coímbra, 16 de AbríI de 1562 A. U. C., Aut'os e gnaus, lo'mo 7,
livro 1, fols. l4l, l4l v. Exa.rne priva,ito tle António tle Castilho

Licam daprouação dãt" de casiilho


Coímbra, 27 d,e Junlto de 1562 A. U. C., Autos e graus, tomo 7,
livro l, fls. 166-166v.
Aos xb,j dias do mes de abril de 1562 anos em coJnbra / na sala dos pacos
delRey noso sõr honde se fazé / hos Autos pcosds vnyve,rsidadeestãdo
hi / presentes ho sõr drtor eytor Rõiz padrinho / & hos sõs Doutores ' Exame fuado de Ant' de castiÌho de ,thomar
iuristâs lentes / e nã lentes ë sua presençaleo o bi Ant" / de castilhode
Aos vite sete dias do mes de Junho de / mil quinhëiossesëtadous Anos
thomar a sua lycã de põto / 4 lhe foy asinada frio sOr Rejtor dorrn/ Jorge
em esta / cidad,ede co,Jnbrana casa honde se fazé / hos examesluados da
daJmeydaper" ler oJe das duas as / tres depois de m" dia Jn .[-. Cüpatcr
& võlo / delegati 2' & depois de ler o tlo ord'enado,/ flos estatutos lh'e 'estãdo/ presenLesho Rd" padre dõ thome vygr" / do mostro
vnyr.,ersi.dade
de sãta cruz ,cãcelarioda vnyversidade & o ,rnuj.Jlustre dõ Jorge ,/ .d.al-
argurmêtarã/ o,s cõ'dicipulos& os sies doutores / / per' Jso eleytos 'logo
meyd,aReytor della & o sõr drtor eytor / Roiz padrinho & os sies doutores
eles sles doutores /Yotarã por AA e RR prernverho aprovariã / per"Frepi-
tir & êtrar em exame luado / & foy po,r todos aprovado nemine / discre- / Juris:taslentese nõ lentes .s. o drtor/ J' de morgoveJoJamesd'emoraes
Luis / de crasto pache,quoãtym saÌ,lvador/ mel fr.o ayres gomez de saa
pãte tãcãdo todos AA & forã / víte ho,s( votarã por Q ho padrinho/ nõ
lentes / d,ecanonesluis dal.arcãm"r/ ve'lososymão de saa pra di'ogogo/mez
votou Anto da Silua ho sõvi.
dõ antRiQde Ia cueva setbas,/tiãode madurey.a Lco mourã fr"o / machado
eyt'or Roiz. Jmovaz Ruj de sousa/ m,atiasdansequafrco dalbuqfque/ Canonistase po
o doctor p" barlbosa ;hector horses Vto. barbosa gravjel / da costa eytor borges diogo da"sequa/ thomas AirRiQz
felex teyraralentes de leys / o drtor Ruj lopez Jorge brãda Jorge ãRiQz/ /
{nerde sousaacêsolopez anlo/ vaz legistas ê sua presençahe / rãy esfriao
VII do cõselholeo Anlg de / castilho de'fhcmar a licã de põto Q / the foy asi-
nada po,ro dito padre / cãcelariono mostrode sãta cruz quïta / fr" a tarde
Auto tla repetição ilo António tle Castilho para entf,ar em exarno púvado vfte cÍco deste mês pern ler oJe / das sete as oyto or,asperoho seu exa/me
fuado na L. filio 6 Jn ordine $ / 1" digesüode In o,ficiosítestamêti.L. final.
C / ad Legem fal 5. & depois de ler as licois / segdoform,a dos e's:tatutos
Coimhra, 31 de Maío de 1562 A. U. C., Auto's e graus, tomo 7,
lhe argumêtarã/ hos quoatro doutores mais modernos / & acabadoho
livro l, fls. 149v.
Auto ho examinãdose foy / pera sua casa & fechadasas portas / o padri-
nho deu êformacãAo colegiodas / letras virtudesdo examinãdoe aca/bado
Repiticã dan,t"de castilho eles sies doulores votarã por AA / per" ver se ho penitenciarã& nõ foy
/ penitenciado& logo votarã por AA e RR per" / ver se ho aprovarã per"
Aos 3l de mayo de 1562anos em coJnbrana salla,/ dos pacosdelRey noso
se fazer doutor / & ïoy por todos aprovado nemine discre/pãte lãcãclo
sõr onde se fazê hos ,/ autos pcosd6 Vnyversi.dadeestãdo presente .o sõr todos AA e nhú R & forã / trinLa os Q votarã por Q ho padrintho, nõ votou /
dõ / Jorge dalmeyda Reytor detla he o drtor eytor Rõiz / padrinho & o,s Ant' da Silva esfuã do cõsel'hoho s|vi /
sìes doutores Juristas \étes / & nõ lentes ê sua pre'sençateue Ant' de
casti,/lrhode thomar ho Auto de sua Repeticã / per, etutrarê exame puado d.õ thome.vigr" dom Jorge dalmeida

344 345
IX XI

Anttónio de Ca.stilho obtém o gran de Licenciad,o em Direito üvil


Ca,rta Régia nomeândo o Iloutor António cte Casülho pana,o cargo
de Desernbargador tla Casa tla Suplica4ão
Aoimbra, 5 de Julho de 1562 A. U. ,C., Autos e grous, tomo 7,
livro 1, fol. 169.
Lísbw, 9 d;e N'o'vembro d'e 1566 A. N. T. 'ï., Chancelariade D. Se-
grar de Ldoõ leys a Anto de castilho de trhom,ar bastião e D. Henriqve, Doo,ções,
livro 17, fol. 280.

Aos cinquo dias do mes de Julho de 1562 Anos em / em coJnbra na capela


dos paços d,el-Reynoso sõr estãdo / presenteo padre dõ felipe conego do (À margem) o doutor António de Castil'ho
moteyro de / sãta cruz vice cãcelario da vnyversidad,eper comisã / do ptior
do dito mostro & o drtordj. de gouvea vyce Reytor / por estaro sõr Reytor Dom Sebastiâoetc, faço saber aos que esta mynha carta virem que
doëte & os drtesJuristas lëtes he nÕ / lëtes ho dito padr,edõ felipe deu o pela confiançaque tenh'odo doutor António de Castilhoe de sua bomdade
graao de Ldoê leys / a Anto de castilho de thomar Autoritate Regia peru se letras e saher e que em todas as cousas de que ho encaregarme seruyra
fazer / 61torquãdo quisese& eu esfruãlhe dey ho JuramtoacostumadoAnto berrne fielmentee dara de sy tão boa conta como detlese esperae por lhe
/ da Silua ho sivi tsa eytor Rõiz p" barbosa eytor borges fazer me'rçeey per bem me praz de o tomâr por desembargador da casa
da suplicaçãoe lhe faço do dito oficio merce asy e da maneira que o ele
deue ser e como o são ,o,soutros desembargadores da dita cassacom ho
qual ofiçio ele tera e auera mantimento e ordenadoa custa de mynha
X fazendaque lrhesera declaradoem outra mynthacarta e per esta mando
a Lourencoda Sillua do meu conselhoe Regedorda dicta casaque lhe de
Prova ilo ostudosna Universitladg feita polo licenoiadoAntónio ile Castilho a pose do dito o,ficioe lho deixe serujr e de'leusar e aver Lodosos proes
e percalcosque lrhederejtamentepertençere,m e ele jurar'aem mjnha chan-
celaria aos samtos avangelhosque ho sirua bem e verdadeiramenteguar-
Cotitn6.vo,
5 de Abrll'de 1565 A. U. C., Auto's e grqus, tom,o,7, dando em todo a mym meu serujço e as partes seu directo e por firmeza
livro 2, fol. 137. diso lhe mandey dar esta carta per my asjnada e aseladado meu sel'o
pemdente jorge da Costa a f.ez em Lixboa IX dias do mes de Novembro
o (LdoAnto de castilho de thomar Ano do nacymento de nosso Senhor Jhesuu Christo de Mb Lxbj.

provou Amto e castilho Q Resldira nesta vnyverlsidade desdo frrincipio Concertada Concertada
doutro de 6l ate .Iunho / de 62 neste tfro oyto mesesbem feytos forã desto António dAguiar Joam da Costa
,/ ts" paulo coelltro& p" de castiÌho q ho asy / Jurarã & provou mais {
Residio nesta / vnyversidadeo mes dabri,ll de 63 antes q ëtrase/ no co.le-
gio de sã paullo & Q êtrou no dito colegio/ a tres de mayo de sesëtae tres
& foy coXy/giall delle ate fim de feur" deste presenteAfio de sesëtacinquo
forã desto tsa o drtor 7 L"o mourã & o mte Jnacio diz colygiais do dito /
colegio 'o Q Jurarã oJe 5 de albrill de 1565/ Anto da Silua ho spvi

p" de casti,lho
XII mais cousas em que me serujo e por lhe fazer merçe ej por bem e me
praz que elle sjrua daquj em diante 'o dito offiçio de guarda mor da tore
Carta Régia concedondo ao I)outor António ile Castilho o oÌalenôdo do tom'bo eqquanto eu ouuer e não rnandar o contrario e averá com elle
ite 60 000 réis por ano, oomo Dezembargador cla Ca,sada Suplicaçã,o enquantoo seruir o mantjmento e ordenadoque lhe será deccÌaradoem
outra minha pnouysãoe asj todos os prois e percalÌçosque lhe directa-
Lísboo, 77 'dp No'vembro d.e 1566 A. N. T.'ï., Chance'IarÌa
de D. Se- menle pertençer e elle jurará na chançellarja aos santo,sevangelhosque
bastiõ"o D. Henrique, livro lft syrua o dito officio bem e verdadeiramenteguardando em todo a rrn5'm mzu
tol. 282. seruiço e as partes seu directo e este alluara me praz que valha e tenrha
força e vigor com,ose fose carta fe,jta em meu nome per mjun asjnada e
Do'm Se'bastiãoetc. faço saber aos que esta mynha carta virem que passadaper minha chancelariasem emhargo da ordenaçãodo 2.o livro
eu ey per bem e me praz que ho doutor António de Castilfrodo meu desem- titulo XX que o contrario dispoemGasparde Seyxaso fez em Almejrjm a
barguo desemrbargador da casa da sup'licaçãotenha e'aja em cada hú:n seis dias de Novembro de Md Lxxj Jorge da Costa o fez escreuer e os
ano com ho dito oficio a custa de mjnha fazemdado dia que comesara desembargadores do paço lhe darão posse da seruentiado dito offiçio e
serurjrem diamte sasemtamj,ll rs. pa,gosaos quartos do ano e mando aos se fara djso asenfonas costasdeste al'luarao que asj ej per bem por elle
vedores d,eminha fazemd,aque lhos facâo asentar no liuro dela e a Lou. ,ora estar em na çidade de Lxboa e o dilo offiçio se começara seruir sem
renco da Silua do meu.conselhoRegedorda dicta casa que ho faça leuar detençaallgú.
a Roll asj e da maneira que o leuam os desembargadores da dicta casa e
por firmeza delo lhe mandey pas,aresta mynha carta aseladado m,euselo 'Comcertada Conçertada
pemdenteBalltesarFernandeza fez em Lixboa a l1 de Novembroano do Joam da Costa António dAguiar
nacymento de noso SenhorJhesuu Christo de MD Lxbj e eu Duarte Diaz
a fiz espreuer
XIV
Concertada Concertada
António dAguiar João da Costa
Alvarâ Régio conceilentlo ao l)outor António tle Castilho o rna,ntimento
de 100 000 réis para desompenhar o cargo tle Guarda-mor
da Tone do Tombo
XIII
Lisboq.,27 de Fevereínode 1572 A. N. T. r[., Chance'Iariade D. S,e'
Alvará Régio nomea.nilo o Doutor Aatónio tle Castilho paÌa o caÌgo bastíão e D. Henríque, Dooçõ'es,
tle Guarda-mor da Torro rlo Tombo livro 31. fol. 84 v.

Almeírim, 6 de No'vembro de 1571 Á,. N. T. T., Chancelaríade D. Se- (À margem): Amtónio de Castilho.
bastiõo e D. Sebostiã.o,Doaçõe's,
livro 32. fol. 66 v. Eu ell Rey faço saber aos que este aluara vyrem que eu ey por bem
' e me praz que o doctor AntónÌo de Castilhodo meu desembargoe desem-
Eu ell Rey faco salberaos qu,e este alluará virem que pola confiança bargad'orda cassada supüìcação que ora serue de guarda mor da tore do
que tenho do doutor antonio de Castilho do meu desembarguoe desembar- tombo tenha e a,jade mynha fazenda com o dito cargo de guarda mor em
gador da casa da suplicaçãoe por nelle con'corerem as partesque se Re,que- cada huü anffo cemto e coremta mill rs. a ssaiber.cem mili rs. de seu man-
rem pera me poder'bemseruir no offiçio de guarda m,orda tore do tom'bo timento que he outro tamto como com elle tinha Damúãode Goes que o
e por esperar que asj o fará no dito offiçio como ate quj o tem fejfo nas damtes delle serujo e XX r's. pera dous guardas que hão de serujr na dita

348
tore e doze mi'll rs. pera hüu porteiro della e os biij" rs. de merçe cada de que gozão e usão os do meu conseütroe jurara na chancelarja aos
anno pera ajuda do mantirmentode huü escrauo que ha de varer as casas Sâotos Euãogelhosque me dara conselho verdadeiro fiel e tal como deue
da.dita tore e do despachodos negociosdella que fazem asj os ditos cemto quando lho pedir e por firmeza do que di,cto hee lhe mandarey dar esta
coremta mill rs. cada anno notificoo asj a Dom Martinho Per'eirado rneu carta per mjm asjnadapasada per minha chancelaryae sellada com o meu
conselho e vedor de minha fazend.ae lhe mando que hos faça asemtar no sello pemdenteL'l,opoSoarez a fez em Lixboa ao deradeiro de Julho Anno
lliuro della no titulo da casa da portagem homde Damião de Goes tinha 'do nas'cimentode Noso Senhor Jhesuu Christo de j bc Lxx b'ii'j".
asemtado seu mantimento e lleuar tudo no caderno do asemtamentodella
em cada hüu anno com declaraçãoque lh'e sejão pagos os vinte mil'l rs. dos ComçertadaBelchior Monteiro.
d'o'usguardas e os doze mill rs. do porteiro corn çertidão do es,criuãoda
dita tore de como seruene'llae os cem mill rs de seu mantimentocomeçar
a au,ere vencer do dia que justificar que lhe foj dada a possedo dito ofiçio
em diamte e este aluara ey porbem que valha e tenha força e vigor com,o XVI
se fose carta feita em meu nome per mjm asinadae pasadapela ,chançe-
laria sem embangoda ordenação do segundo lliuro tituio XX que diz que Alvaú Régio concedendo à viúva e filhos elo Doutor António de Castilho
as cousas cujo efeito ouuer de durar rnais de huú anno pasemper cartas e a mercê tte õ 000 emzados no rendimento da, Casa rla Ínilia,
per aluaras não va'lhamGonçallo Ribeiro o ffez em Lixboa a xxbij días de
'Fevereyro de Md Lxx ij. Sebasliãoda Costa o fez espreuer.
Lisboa, 5 de Novembro de 1593 A. N. T. T., Chanoelanía de D. Fi-
lipe I, Daações, livro 24, fol. 2&2.
Concertada Concertada
Peno de Oliveira BelchiorMonteiro
Eu eÌ Rej faço sabera vos procurador e officiais da casada Indja que
avendo Respeitoaos seruiç,os,que o doutor António de Castilho que foj do
XV meu conselho e desemhargoe guarda mor da tore do tombo tem feytos
aos Reis pas,sados que estao em glloria e a Ínym nos cargos e cousasde
Carta Régia norneando o Doutor António tle Castilho para o cargo que f'oijencaregadoey por bem e me praz f azer m,erçea molher e erdeiros
ilo Boçiilento na Corte de Inglaterra do dito António de Castilho de cinco mii cruzados em aluitre no Rend,j-
mento da djta casa a ssaber dous mil e quinhentos cruzados o anno que
Lísbo,a,31 de Jwlho de 1578 A. N. T. -1., ChancelaríadteD. Se- vem de'b" LR iiij' e os outros dous mil e quinhentoscruzados,o anno de
bastião e D. Henrique, Prívílégíos, L R b pello gue vos mando nos façais dar na dita maneirae por este com
livro ll, fol. 61. seu conhecimentoserão os ditos cinco mil cruzados leuados em conta a
este conselho que hos dem e avendo neste tem,po dous thesoureiros ao
À margem: O doutor António de Cìstilho. que fizer o pri,meiro pagamento lhe sera levad'o em conta o que lhe asj
pagar pello trellado deste conçertadoe asijnadoper vo'se ao segundopor
Dom Sebastiãoe etc. faço saber aos que esta carta vyrem que avemdo este mesmo com que o que valha, etc. Luis Figueira o fiz em Lis'boaa çin,co
eu Respeito aos seruiçosdo doutor António de Castilhofidalgo de minha de Novembro de LRiij Pera de PaÌva o fez escreue'r.
casa do meu desembargoguarda moor do tore do tom;boque ora emvyo
à oorte de Jng'laterapera nella Resydir em meu seruiço e a como pello (À margem):a molher e erdeirosde António de Castilho.
mereçimento delles e partes que nelle co:mcoremhe Rezão que Reçebade
mym acrecentamentohomra e merçe e por folgar de lhe fazer merçe ey Aos solbreditosse passouapostiÌafeita en Lixboa a xiiij dOutubro de
per bem e me praz de o fazer do meu conselhoe quero que e'l{edaqul'em 95 que não passoupela chancelariapor,quesua Mage'stadeouue per bem
diante goze de todas as homras graças franquezaspriuuillegiose liberdades que dos çinco mil cruzadosde que lhe fez merce pel'oaluara aqui Registado

350
lhe seião paguos ij bc cruzados no,s dinheiros das fazendasque apresentar e portant.omando aos do conse'Ìttr'o
de minha fazenda que apresentandolhe
na casa da India suas ou alheasque vìerão da India o ano pasadode 95 e a moiher ou filhos do dito doutor António de Castilho a nomeaçãoque elle
do sobredito se pos aqui ,estavefba por vertude da dita ap'ostila,en Lixboa assj tiuer feyta em seu testÍunento dos ditos sessentamil rs. de tença e
a noue dAbril de 596 anos. este meu al'luaralhe facão passar padrão ou padrões delles para os averem
Gaspar Maldonado . em suas vidas do dja de -seufaleçimento em djante e neiies se treslladara
este para se saber como o asj ouue per bem, Francisco da Maja o fez em
A molher e herd'eirosdo doutor António de Castilhooonteudosneste Lixboa a xiij de D,ezembrode miü b" L R iij SebastjamPeresirello o fez
Registo se pasou apostila feita em Lixboa a quatro de Janeiro de 596 qual escrreuer1.
Sua Magestadeouue per bem que os cinco mil cruzadosde que lhe fez
merce p'elo aüuara aqui Registado lthe seiam pag,o,sesle ano pr,e,sent€
de
96 na fonma da postila de que na verba açima faz menção que ate ora não
ouue e'ffeitoe do so,breditopos aqui esta verba por ver.tudeda dita apos-
tila, en Lixboa a noue dAbril d,e1596anos.
. GasparMaldonad'o

XVII

Alvará Régio permitintlo ao Doutor António de Castilho testar


por falecimento a quantia de 60 000 réis Ìle tença,
em favor de sua nnrlhor e filhos

Lisbos, 13 de Dezembro de 1593 A. N. T. T., Chancelaría de Filipe I,


Doações livro 24, fol. 289 v.

À margem:António de Castilho.

Eu el Rej faço saber aos que este aluara virem que eu ouue por bem
avendoRespeitoaos seruiçosque o doutor António de Castilhoque foi do
meu conse{'h,oe desembargofez aos Reis passadosque estão em glioriá e
ê mym de lhe fazer merçe, antes de seu falÌ€cimentoque pudessetestar
de sessenta mil rs. de tença em sua molher e fi,lhos e isto alem doutras
mais m,erçesque lhe pellos ditos Resp.eitos tãobermfiz e por o dito doutor
António de Castilho falleçer antes de tjrar prouisão da dita merçe ouue ora
por meu seruiço mandar passar este alluara pello qua,l ey por be,mque a
pessoaou pessoasem que o dito António de Castilho tiuer nomeadoem ' Deve-se a transcrição dos Docu.mentos I a X à Senhora Dr,' Maria Ligia Craz
Brandão, conservadora do Arquivo da Universidade de Coimbra; e dos Documentos
seu testamento os dibos sessentamil rs, de tenca se lhe faça padrão ou
XI a XVII à Senhora Dr.' Maria Francisca de Oliveira Andrade, conservadora do
padrões delles sendo a tall nomeação feita pella dita maneira em sua Arquivo Nacional da Torre do Tombo. A arnbas deixamos aqui a expressão do nosso
molher ou filhos pera os averem do tempo de seu falle,címentoem djante reconhecimento.

3s2 353
VIDA DEL REJ DOM JOAM III DE PORTUGAL TI,RADA DA CHRONI.CA
DO SEU TEMPO ESCRITA POR ANTÓNIO DE CASTILHO DO COIN'SE.
LFIO DEL REJ NOSSO SENHOR'.

M . D. LXXX. I X.

Dom Jo ao o iii de s t e nom e, dec im o quint o na o r d e m d o s R e i s d e P o r t u -


gaÌ foi fil'ho del Rej dom Manoel e nelo do Infante dom fernamdo, que por
linha direita de Varão em Varão vinha do primeiro Rej de Portugal dõ
Afonso Henrriques filho de dorm Henrrique Conde de Astorga naturaÌ de
f ran ça da s pa rtes de Vis anc on, c uj, o pai e auo s d e s c e n d i ã o d o s a n t i g o s
:,o-..d" Reis de Borgonha: nasceo o Prinçipe dom João das segundas vo'das e'ntne
a o
'r eÌ Re j se u p a,j e a Rainha dona M ar ia f ilha dos R e i s c a t o l i c o s n o s p a ç o s
dalcaçoua de LiSboa, Íìo âÌìrìo de christo nosso sõr M. d. ii a vii de Junho
não p od e temp era r o aluor oç o e a alegr ia do p o u o h ú a g r a n d e t r o u o a d a
que a no ite de seu nac im ent o s e ar m ou e hum r eb a t e d e f o g o a t e a d o d e n t r o
nos pa ço s n o dia , e m que f oi baut iz ado, por que e m t a m a n h o s o b r e s a l t o n ã o
't.q$\''-,',1.s,.^'
deixau ão de o fest eiar c õ t odas as inuenç ois de i 'o g o s e p r a z e r e s p u b l i c o s , ar{rr-Ánrnrl,6.ír'h/uz,t6ar/d*r,Doâur.arì/,6a'czt*;-$
is mo r'? n1
como se a qu eÌ'Ìe lu m e f or a hü agour o do r es plan d o r d e s u a u i r t u d e : f e z o sf$''è.sr..\.'.1^,
'N\ voxú
-\. (. -/, f ft'"ry.9acnd&z' "*rínro'o6írlrooal^6r;r,
,
seu ba utismo e m a c apela de S. M iguel Dom M a r t i n h o d a c o s t a A r ç e b i s p o *\\\ .t
-'ó*t4,zoaTntâtao porín-âo* foaooo& zrre, apruaoioí.izá..
de L isb oa . Mad rinh as f or ão a Rainha dona Liano r v i u u a d e l R e i d o m J o a o OÌ "t .'.. . ry*
27íí^.t ;z*íí;" t6a/*2,,o f"fa"
ii e a ynfanta dona Beatriz sua Auo: e em nome da senhoria de Venesa
escolh eo e l Re j d om M anoel por c o, m padr ehum g e n t i l h o m ê e m u i a d o p o r
ernrbaixador a este Reino, a quem el Rej arrnara caualeiro e dera a ordem
del-rei de chrisLo n6'quelle tempo por maior honrra. Tomou o Prinçepe o pri-
^u16u
m,eiro leile de Dona BeaLr\z de paiua casada cõ dom Aluaro da Costa
cle Paiva
;';o*] guarda roupa del Rej dom Manoel, mas uindo adoeçer e faÌtar lhe o leite,
.ü, .,,, .,.., z*rzo6grífl,aroVq1í-aa/oí*rj*Á,*A irio-./.áí*\
entrou em lu gu ar della f elt ipa dahr eu c az ada c o m b e r t o l a m e u d e p a i u a
(\ì a:
cunhado do mesmo do,m AÌuar,o, dizem Algüs que l,he fora reuelada em . Vt 4iV*lrn.r.á-^.n,r*"r*ált,lr..,r*â**ur-l:
à\Èf'.' .'' c6"É cttgtnlr*.fu-rrií^o.Aor/rtp.,1/a //.r2"-,*&uiA*',1
' Não procedemos a qualquer alteração do manuscrito, oferecendo-o ao leitor r *"\-" "---á Y,
com os erros e lapsos qì.13corìstam do texto eborense. Afim d,e facìlitar a leitura, dei- N I
t-
xarnos à margem as apostiÌhas de maior interess'e(matérias, nomes prÓprios) mas sem Ln. I
obedecer a uma análise completa. Aliás, o earácter fragm'entário do manuscrito não é . lL -; , !-.b I -l
de moÌde a estatÌelecer uma sumariaqão mais deta'lhada. Qualquer nova edição dwerá
((V i da del R ey dom J oam IIl > de A ntÓnro de C as tìÌhô
ter em conta o,s Índioes que a rnatéria requer.
B, P. de Évora, códice C11I/2-22,fó1.\
sonhos esta criação do Princepe,podia tambem ser de:masiadodeseiodella
juramentc
e força de imaginação,como o prince'pechegoua Idade de hum anno f,oi
jurado polos .tresestadospor futuro soceçordesteRejno nas cortes que el
Rei seu pa1fez em Lisboa n,oâoo de M.d.iii na saÌa dos Liões,pa:ssados os
primeiros anos da mama, teue cuidado de Ìhe e,nsinara doctrina christã e
as primeiras letras Aluaro Roíz Capellão del Rei seu pai foL / L v. / aju'dado instrução i
Príncipe
de hum Martim Afonço que profesaua este officio, teue cuidard,o de Ìhe ens'i-
nar os prinçipio.sda lingua Latina D. Diogo hortiz de Vilhega'sbispo cle
Tanger, que depois com Thomas de Torres mathematicomui conhecido
lihedeu algüasLiçoesda espera,e tendo o Principehüa memoriaestranha,
e tanto juizo como se'mpremostnou,aproueitousemal destadoucLrina,on
por cuÌpa dos passa tempos a que se afeiçoauamais ou destesdoutores
que o guiavãopor caminhostroçidos,nem cadahü dellesnem Luis Teixeira
fil'h,odo chamceüermor grãde Letrado e criado nas boas Letras de Italia
Ihe ap,rouei'touna falta que depois sentio, porque escazamentese emxer-
gaua nel'lea sombra da lingua Latina: posto que nas couzasdo juizo se
achauamuito lembrado:assi erão as palaurasdei Rei cheasde magestade
e igual branduraque pareçia criado na comuersaçãodos milhores emge-
nhos do mundo,quandoel Rei seu paj lhe deu caza afeiçooucelogo a dous
homens fidalgos de diferente natureza, hú delles foi Luis da siÌueira Luís da Silve
Àntónio de
muito auizado,bom corLezãocom algüa noticia das Letras hu'manas,mas AtaÍde
dezeio(sic) de leuar o Principea seu pareçer,o outro d,omAntónio detaide
de menos idade, mas transformadono guosto del Re,jde que fazia muito
mais conta que da propria medrança,e as.siaseguroumiìhor quandoo Prìn-
cipe dom João veo a Rejnar falecidoel Rej D. M. no ano de M.D.xxi. a xv.. Subida ao tro
dias de Dezembro:Proueologo o Principe as honras ë exequiasde sepul-
tura de seü p,aitanto que foi obede'sidoe iurado do,slr,esestado.sdo Reinr
reformou com todos os principes confederadosa paz e amizadeque seu
pai acordara cõ e'llese no mesmo tem'po soçedeoa morle do papa Leo x.o
cuio s'oEeçorfoi adrianovi na Igreja d.e.deos.Deu lhe el Rei Dom João a obe-
diencia antes que saisede Hespanhapr'ouendosi entam de nas Cousasda
pas e da guerra sem alterar o gouerno nê os ministros na ordem em que
as deixaraseu paj comesandoa,posisto a nasçeralguasdiscordiasentrelle
Carlos V
e o emperado,rCarlo Vo pella rezão que cada.hú tinha de auerem porseu o
Ilhas de MaÌr
direito das Ilhas do maluooper culpa de fernão de magalhãesdesnaturado
dé Portugal por agrauosdel Rej D. M. entendeoquanto importaua a seu
Rejno o repouzo da paz e não somente atalhou a desauensadesta Cauza
por honestopartido, mas renouou o deuido antigo que tinha com a caza Infanta D. I
bel
daustria dando a Infante Dona Jzarbelsua Jrmâ ao emperadorcõ hü dote
des,acustu'm,ado casandoa troco com a Iffanta / fol. 2 / Dona Caterina daus-
tria: Reuo'ltoo mund,odepoiscõ as guerras do em,peradore de francisco

JCC
Rej de França e detri:minados por hüa das partes todos os princep'es da mÒu o .comuento dos freires da ordem de nosso senhor Jesu úristo em
lidadede Eurooa sendo el Rei Dom João escassamente de xxiiii annos de idade assi Tomar, apertando aquella reilegião miüitar quasi desatada com a regra de
oâo ltl
se gouernou nesta tormentado ternpo,que nã'opode ser leuadode algum são Bernardo ,como fez no mosteiro de santa rCrus .de ,coimbra ,que não Santa Crui
delles pera seguir seu bando, antes guardandoa hum decoro,a outro a fe somente mu,darão os costumes, a vida e recollhi'mento,mas ,foi acres'cen- de Coimbra

de-confeederaçãonumca desistiodesforçarcada hü dellesá pas da chris- tado de edificio magni'fico e dirgno de sua grandesa. Tinha a mesma tençâo
tandade pondelhe diante a obrigação que tinha dajuntarem as forças e redusir a ordem de S. Bento a sua Ìimpeza e santidade primeira, mas a
virarê as armas oontra os Inimigos della oferecendoo Infante D. Luis seu morte rompeo este .desejoposto que en sua Vida o mosleiro dalcobaça res-
irmão para tratar e.st'eacordo. Dezeiandodepois ver restituidasem por- plandecese em muita virtude, como depois .socedeoa todalas cazas de ,Por-
cP.q. tugal as Letras que a Inorancia de algüs e descuidodos Princepestinhão tugal desta ordem como o zello que o Cardeal D. Henrique rmostrou a esla
barDara
degradadasdo Rejno escolheoalgús moços de boa esperançapata faze' ReÌegião depois que lha foi enrcomendadaem tempo del Rerj D. sehastião
rem a'lìçeçe d,es,laolbra os qu'ais rnandou Criar em paris no c,oll'egiod'e heldeiro do,spensam'entos.de seu Avoveo a iume a re,formação que S. Bento ordens niìit.
Sãtarbarbora, algüs na eloquenciae doctrinade sorte que
onde assinal'larão lhe inspirou do ,çeo cõ que os mosteiros de sua ordem comecarão a füoreçer re5

rsidade pode depois reformar a Vniuersidade de lx" e leual.laa cidade de Coimbra em noua religião e cõ seu exemplo as outras ordens militares de Auis e
conuidandoTheologosIniuristas,rnedicosde todalaspartesda euno,pa que Palmela se gouernarão milhor, foi o primeiro Princepe 'Cliristão que tomou
flore'cerãonesta Vniuersidadee guanharãohonrra cõ o fauor e partido que debaixo de seu armparo ordem da ,companhia dos padres que em nome de Compânhiâ d
lhe oferecia,quasi no mesmo tempo receando,o perigo que as heresiasdos Jesus noso saluador ordenou ,Inaco de Ajola ,cõ doze companheiros offere- Jesus

Lnismo christãos nouos, e dos Luteranos que e'm Alemanha crecião tanto como as cidos samear a palaura de ,Deos pello mundo com tanto proueito das al:mas
outras no Reino, antes que este fogo se ateaseempetrouda seeApostolica como oje vemos em todas as 'partes onde penetrou sua douclrina e pode
iiiçao a autoridadedo offi,ciosancboda Inquiciçao(posto que em Roma comtra- o fauor de,l Rej D. Joao 'fazer este beneficio a christãdade fundado hum
riado) para atalhar os incendiosque em poucosannosabrazarãoo mundo, colegio em coim,bra depois desta relegião aprouada, onde se criarão em
com tanto zelio da religião catholica que escolhe,o para o cargo de In'qui- exerci,cios de uirtucle e doctrina chistâm muiLos soldados de christo que
sidor mor o cardeâl Iffante D. Henrique seu lrmão, fez muiia ue'ntageÍn depois se espa'lharampor to,do o Oriente com muita g,loria do nome Chris-
rispados
aos Reis seus Auos no zeüIodo culto diuino e acrescentamento na religião tão. As donzellas orfãs que a idade e desemparo podia estragar, mandou
porque no Reino fes tres Igreias seis Cathedras,Leiria, Portalegre,e cõ recolher em hüa caza pera dahi lhe ordenarem uida ou por cazamento ou .lonzeÌas órfãs

miranda, e nas llhas do mar oceanoe outros estadosda coroa de Portugal, por Relegião e o mesmo reco'Ihimento fes noutra parte molrheresque a pro-
erirgionouos Bispadospor authoridadeAposto,licacuios Prela.dos e minis' pria fraqueza ou descuido.dos paes fes mal costumadas, para ne.ste lugar
tros de 'cada lgreia fes seustentardos dizimos que estauãoAp'licadosa cõ a pinitencia"e oração restaurarem a Ítonra perdida. emten,dendoo pouco
ordem de christo no descobrimentodestas partesfez,com a mesmaautho' socego que em Lis.boa ,a linhao. os que .se / fol. 3 / exercitauão nas e'sco,las
ri'dade a Igrdja de zuora por morte do, cardeal dom Afonco metropotlitano, geraes deseiosos de os seus vasal,o,sse assinalarem na doctrina das Ìetras, Coimbra
omde paçou com o mesmofauor'do Arcebispode Bragao Cardealdom Hen' pasou os estudos a cuimrbra que dotou de muita Rendas do seu padroado
rique para restituir cõ seu exemplo da Vida a milhoresCostumesos minis- ,cõ que ajuntou homens escolrhidosque dispois se fizerão conhe,cer pello
tros que a riqueza daquellaIgre,jahia afroxando.O mesmotitolo procurou mundo estremados por estran,hadoctrina, 'fiorecerão em seu tempo outras
a see do funchal na ll,ha da Madeira com ordem que fo'se reconhecida artes apaga.dasque seu fauor esperlou, como foi a Architectura a que o
/ fol.2v / na Jurldicão s'pritualdo bispado d'eS. Tia,goe de S. Thome, e da mesmo Rei se inclinou e a nauegação dos seus naturaes conhecimentos em
cidade de goa na India: e por tempo depois impetrou do papa o primado todalas partes do mundo pella noticia das couzas do mar. Aos Jnffantes
a Cidade de goa que ,Reconheciam os hispados de co,chime malaca.As derlRej D. manoel seus Irmãos foi pai no amor dando a cada hü tanta parte
ns ordens dos religiozos esfriadosd,o primeiro feruor forão a Instancia sua das terras da coroa PreÌa,ciase jmoesteiros emcomendados, quantâ baslaua
sas restituidas a limpeza e
'deuacãodos ,primeìros instituidores como forão a a quaì'quer Princepe para sostentar o estado e ohriguações do sange Real Infantes

dos francis,canos,Dominicanos, Augustinhos, Carmelitas, e Hieronimos, porque não perdeo num,ca o cuidado do cardeal D. Afonço e em uida del
repairandos os edirficiosantigos dos Relig.iosospara se exersitaremnaquella Rej seu paj fora prouido em tituÌo do Arcebispado de Lisrboae da Adminis-
vida sancta e recolhimentomais acomodados,com ro qua'l cuidadorefor- traçâo do Bispado deuo'na,e mo,siNeirodalco,baça. o Infanbe D. Luis fes con-

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destabrede rPortugalduque de Beja e de outros e de outros estados,e per- idrÌdição absorluta pro,ce'dendo contra pess'oas preuiligiardas, como era rigor na fus
petuo administradordo Prioradodo crato. Ao InflfanteD. fernado deu em Dom Joao sotil Bispo de çafim preso por culpas secretas,d,omBernado
do'te o.s condad,osde Mari,aluae loulé o Duc,adode Trancozo com Villas no ManoeÌ malsinado por offerecer á excelente senhora tru,m Galeão, dom
Rejno casando o com a senhora Dona guiomar Coutinho vnica erdeira da Duarte de menesespor uer gouernar a Indìa a sua vontade, dom Miguel
casade Marialua,como el Rej seu pai ordenara.Ao Infante D. duarte.casou da silua Bispo de uiseu por fugir deste Rejno sem lhe emtregaro Sello da
com a senhoradona Izatbelfilha de Dom gemesduque de Bargancaa quem poridadee negocearo Capello do Cardealcontra sua vontade:assi que a
Dom Theodoso herdeiro desta caza dofou o Ducado de guimarães,comsen- brandura e clemencia que sempre mostrou nos delictos que merecião per-
tido el Rej no partido. O In'ffanteD. HenriquePrincepesanctoproueopri- dão o fazião parecer ri:gurozo e desigal nos que pnocedião contra seu
meiro do Arcebispadode Bragua donde pasou para euora dando,Ì,he admi- seruissodesconfiadosde sua boa inclinação:Deseiandocontudo satisfazer
nistração dos mosteirosda sancta cruz de coimbra a titolo de cardealque as o.brigaçõesque lhe carregauão como herdeir.odo Reino e administrador Tribuoal cÌ
consciêncir
lihe procurou a Infanta D. Beatris casada em vida del Rei seu paj com o da ordem do nosso senhor Jesu C'hristo ordenou hü tribunal chamado da
Princepe de saboia e depois oferecida a muitos trabalhos pellas guerras consimcia donde se provião todos os descargosdella e fazião comprir as
que ouue entre françezese impereais cõ quë o Duque fes bando, fauoreceo obrigaçõesdesta ondem e das que despois se a,iuntarãoá co,roacõ grand€
sempre comtanto amor'como deuia a esta Princezae o deuidoque tinha satisfação do Reino e vigia .dos bês das ordês que em seu tempo forão
cõ aquella casapoucosannosdepoisque comecoua Rejnar cazova Infanta sompre milh,orgouernadas.foi auido por descuidadode sua fazenda mas
D. Izabel com o emperadorcarlo quinto e por satisfazera Vontadedel Rei na uerdadequem lançar conta ao que ella rendia,o estadoem que a houue
seu paj ev,çedeoo dote as forças do Rejno. A Iffanta dona Maria derra- quando soçedeona coroa / fol. 4,/ os doles de suas Irmãs que pagou da
deira filha del Rei D. M. procurou sempre casar cõ o delphim de franca Rainha Dona Lianor viuua as ligitimas ê herança da JflfantaD. M,aria e de
depois cõ phelipeherdeiro despanhae finalmentecom o mesmoemperador sinquo fiiho,s Del Rei dom ManoeÌ, a transaução de m,aluco,os roubo,sde
carlo quinto, mas perdeoo trabalho porque a Vontade de Deos tinha es'co- seus ministros que teue na India, os n,aufragio,sdas naos qu.es'oçederãoem
lhido esta princeza pera outra bemauenturançamaior quando a leuou para seu tempo: achara que não ouue pr.incepeno mundo que fizes's.e tanto bem
si Vivendo / fo:l..3v/ sempreneste Reino cõ hüa oasade estadode muita como el'lefes a todos cõ tão pouca renda, como elle lhe fundia esta coroa, Administraçi
grandeza. Alguns 'bandosque soçederãoê seu tempo entre cazas Jllustres e se for mais auãte tambem acihara,que assi como teue a condição larga
s nobrcs como foi entre a caza de Aueiro e a de Marialua, o Conde de Vimiozo e para gastar dinheiro e m. m. temporais: teue muila prudenciapara conseruar
da castanheirae outras cazasdesauindasentre si teue semprecuidadode seu estado,entendendoque os bens da coroa erão deuidosao estadoReal,
as departir com maior authoridadee respeitoque the todos tinhão do que como neruo principal da pas e da gu,errasem os q,uaisnê os Reis podem
era o temor do castigoporque sua condiçãornau.iozatão afeiçoadaa toda ter authoridade,në o Rejno so'cego,como aconlese'o em Portugale em Cas-
a Clemenciae perdão que tinha por honrra folgarem os homensdella em tella depoisque os senhoresseruirão seusReis a partido, e a grandesade
lascitos: e por couza indigna de sua grandeza ter os vassalosem seu suas casâsos fasia reuoluer cada dia Hespanacõ qualqueragrauodos Reis
'enço dc
seruissopor medo ,doregurosoCastigo,A lourençode sousaAprezentador e por ist'o numca el Rei D. João em seu tempo deixou de restituir a Coroa
iousa
mor que não conçentioa seu filho Ruj de sousavisitar dapartedel Rej a os bens que vagauãopor direito das doaçõesa herançade Marialua vaga
Condestabreza, 'ohamoudoudo publicamentee disselheque mandariafazer por morte da Jn'ffanta D. guiomar Coutinho tornou a imcorporar na coroa,
este ofiçio por ,outromoço fidalgo mais honrradoque seu filho, o que acinte como fes ao estadodo Infante Dom Luis e outros que forão vagandopr'":- Mestrados d
logo fez por outro menosvallid'o,por se the dar a entenderque os vassalos cipalmenteos mestradosda ordem de nosso sõr Jesu chisto, de S. Bento
Ordcns

soberbosnão podem ter honrra e que os obedientesa seu Rej a tem verda- de Auis e de santiagoque a sua instanciase unirão à coroa perpetuaÍnente
deiramente:quando lhe emculcauarmaÌ,gumapessoapera seu seruissoe entëdendoquanto importaua ao so,cegodo Rejno e satisfaçãodos mereci-
tho gabauãode homê rijo e que se não deixauatorçer riase desteslouores mentospurblicosda pas e da gerra, virê as comendasordês a quem tinham
e afirmaua que estes riguores e estremoda justiça não nasciãosenãoda o,brigaçãode premio e Castigo: e com ter este respeito de não deminuir
fraqueza e descõfiançaque so a clemenciae desimulaçãoda uingançapar- o patrim'oniodo Reino e não perder ocasiãode acresentar,não teue menos
ticular podia ca'ber em espiritos grandes: nos crimes enormes mostraua cuidado de conseuar em sua reputação as casas dos grandes e a nobreza
subeio rigor e desimulando cõ iustiça ,ordinaria va'liase algumas vezes da ,A'ntiga do Rsino abrindo muj raraÍnerÌle ,ealtradade nouo a gente popular,

358 359
quando não tinhão seruiços mui oonheçidosposto que seu zelo fosse des- que a falta da execuçãoe brandu,radas penas desord.enaua a prouizão das
terrar de Portugal qualidades de homës infames co,rnosão os vilãos e os 'leis,pe,ll,aqual Resão se ouerão por escusasas taixas conjurand,otodos os
' Judeus, porque estranhou ao Princepe D. Joao seu fi'lho cham,arvilão a mercadoresem m,onopoliosparticulares, e o pouo cõ os ficiaes do go.uerno
hum toureiro dizendo que em Portugal não auia es'la sorle de homês, 'em sua propria desordem e vida desacomodada:emtanto não deixaua el
auendo que bastaua a bondade a fazend,aa boa Criação e costumes para Rej mandar / fol. 5 / prouer o,scamrposdo Tejo e do mond,egocom valtos,
h,onrrar os homõs de bem e por isso os priuiligiaua de boa mente enten- maranhõese oulros beneficiosque refreauão as cheas e o irnpeto daquel.les cheiasdo f
e Mondegc
dendo quam bem auenturada he a Republica,onde hum pricepe igual cõ Rios, não somentepo,r culpa da natureza mas dos Ìauradoresdo Reino que
amor e justiça aquelles, ,que fortuna (as uezes segua) fes maiores que semeauãoterras dependuradassotbreas Ribeiras e a tro'co do poco fructo
corles
outros. fez tres uezes cortes em Torres nouas e Almeirim, em que Respon- oorrião e a'rcauão os cam,pos,em,tupião as barras, e fi.cando Ro,chasnuas
deo a seus Vasa'lloscom muita satisfaçãodelles e proueo Algumas leis para perdiassemuito pasto do gado, e os ministros do reino acodirão nas conles
bem da / fol.4 v.,/ justissae d,ospouos,inda que seusminisLrosse descui- a huma perda tamanha por vdntura não se aiargarão os campos e sobeiara
dasem na execuçãodellas as rendas publicasnão deseiounumca ver acre- o paso do gado. Algumas obras publicas co,me'çadas por mandado del Rei
sentadas por nao crecer o preço das couzas que lhe erão necessariaspera 'dom Mano,elfez.acdbar.e'mseu tempo, como foi o lermp'lode no,ssasenho,ra BeÌém

suas armadas, e ern nenhú aperto do Reino sofreo numca lançar nouo tri. de Behlem cõ o mosteiro dos padres Hieronirmosfundado por el Rej seu
buto por não ser pesado a seus pouos, e enquantanelle foi e as ne,cessida- pai pella ordenamçamodernaque aqueilestem,possofrião,acabadopor el
des de sua fazenda sdfrerão, desejou sempre que se pagassemas diuidas Rej Dom J'o,ãocom igual magnifisensiae despesa,e maior fermozura, qual
cõ os interesses comidos a seus credores por que não fosse exemplo sem se .mostr'ana forma dos edificios Romanos: Restitutio o Cano dagua da
pouco credito .ao,sdeuedoresqueb,rarêe se podessemcoms,eruaro comercio prata Devora aqueducto an'tigo de sertorio que o tempo em muitas pa,rtes Aqueduto d,
Évora
entre seus naturais cõ verdade e iustissa posto que pocos annos antes de tinha gastado,a cuia consseruaçãoaplicou renda publica que bastauapera
seu falecimento satisfizesseinteresses exorbitantes e demasiadosa seus soprir o reparo: o mesmo fes no cano de eluas, inda qu.enão foi posiuel Cano de Elv

credores em tença de iuro e de herdadena casa da jndia, que depois de acatballopor aÌguns eslrouos que se ofereçerão em,quanloa .o,bracorria.
sua morte se paguarâo a cada hum como teue a ventura, mas muita parte Do mesmo Rej he aquelle edifiçio .Illustre que fica so'breo mar em Lisboa, Casa da Ínc

delles se torma em cada cõtrato em pagamento aos interessados,como onde de hüa parte se recolhe o pam que vem de fora por mar e por terra
'",::"#' sofrem as nscisidadespu.blicas.no Consselhode cousas mais importantes e da outra todas as mercadorias que deuem a col'oa direitos: edificou na
- recebeosempre,o parecerda Rainha D. Chaterinasua molher e dos Jffan- mesma çidade o Almasem onde se rrecolhem dig,uo guardão todas as
Armazém

tes seus Jrmãos ajuntãdo cõ elles algús grandes do Reino de muita pru- armas e monições do Reino assi para nauegaçãodas armas como pará bas-
dencia e inteireza de quem podia fiar a deliberaçãode qualquerneguocio timen'Lodas fòrtalezas de fora obra magnifica e dina de sua grandesa:edi- Igrejas
Lisboa
em

por importante que fosse deixando semprelugar aberto a outras pessoas ficou na mesma çidade com suas esmolllas,o,stemplos oferecidos a nossa
de meam fortuna que tinhão noticia dos negociosem que auia duuida mas senhorada graça a S. francis.coa S. Roque começadosem sua uìda com a
não se o'brigauanumca a seguir parecer alheo inda que nelle fosse vencido, mesma magesadecom que depois se aca,barão,fora dos muros repairou
no que a parecer dalgús acertaua menos porqu,eos Rejs quando não tem o mosteiro de santa Clara e em to,do o Reino não ouue luguar em que não
Obras em rno
reuelações deuidas que os guiem são obrigados a uer seu comcelho por deixasse peguadosde sua deuação: porque no mosteiro dalcobaçano de teiros
sospeito em fiarse dos homens que votão mais liures e não espreitãoseu santa Cruz de Coimbra.no conuento da orde,mde Christo em Thomar fez
gostos: assi como lhe estranharão algús meter rÌo Concelho a Rajnha com tantas despezascó obras nouas que passarãoausentede todas as que o,s
nouo exemplo pera os outros princepes que não costumão fiar tanto da Reis seus Auos ordenarãonão perdoa,ndoa despesaalguma e fauorece,ndo
ï::],rt" condição das molheres que ainda que mui auisadase Virtuozas, são sempre os ministros de que confiou dellas: em africa e na Jndia nâo ouue lugar
molheres. e ponque em seu tempo começarãoem carecer os mantimentos quô não fortificaçe de nouo o,unão deformassenos edificios anligos com'o Fortificações

cõ a estrelidade do pão, dezeioumuito acudir as necesidadesdo pouo dando tambem fes nos lugares maritimos deste Reino e algüs Castellosda Raia,
ordem para prouer d,e fora o Reino por industria d,o,smercadoresque se de sorte que com grande bene,ficiodo Rejno gastou huma parte de suas
'orbrigauãosormentea tazer seu p,ro,ueitofauorecidos del Rej cõ muito des- R.endasna forlificação de seu eslado / foL 6 v.o/ o,rnamen,todo,slugares
cuido e pouca vigia dos officiais a que este cuidad'ose emcomendaua,por- sagradose rem.ediode muitos po'b.resque tinhão por melhor seruir nestas

360 361
.obras, que pouoarem forças onde merecião estar os ociozo,s com ou,üra paj e Auos inhão ganhandasaos mouros, hüs com tenção de criare'm os Expansão
ultramarina
.portuguezesna guerra e não sm,franquecerêno repouzo da paz, outros por
sorte de gente que uiue somente da industria e do em'ganoalheo. não
:endênciasomente nesta magnificencia mostrou a $randeza de seu spirito mas no 'lhe ficarë portos abertos pera a co,mquistade berberia, fortificou de nouo
a maior parte dellas sostentadascom grandes despezasgouernadaspor
sofrirnento a que sacrifi'couseu coração vendo quasi cada anno hum Jrmão
capitães escolhidosprouendo com muito Cuidado não lhes faltassem man-
ou hum filho morto, sem lhe fica.rem de tantos saÍÌuodous netbos,O Prin-
timenlos e monição perâ so,sterqualquer serco nê nauios nos portos para
cepe dom sêbastiãoque lhe socedeo no Rejno e da princesa D,onaMaria,
lhe acodir com socorro. soo a Íoraleza de sancta Cruz no cabo de guê de
Carllos Herdeiro de Hespagna sem numca lhe emxergarem fraqueza em
que era Capitão dom guterre de monrroj filho do co'mendadormor dalcan-
tanta magoa como a perda destes prinrcepesnaturalmente lhe auia de
tara, cercada dos xarifes quando começarão comquistar berberia e tra-
f,azer,antes albraçadocom christo fazia Ie1da uontada diuina alem de tan-
zião apos Sj consel'hode sua Relegião falssa a maio'r parte dos A,larues
tas uirtudes com,omostro rla paz não lhe faltou C,omcelhona guerra e tanta
prudencia pera gouernar em seu tempo cõ muila honrra sancta quanto de Africa post'o que socorria das Jlhas, começou o Inverno acrecer e os Santa Cruz d(
Cabo de Cué
morlros apretarão o cerco de sorte que lhe faltou o socorro de Portugal
' pareceo .rnais imposiuel fazella longe dos olhos nas mais afastadasterras
pella injuria do tempo e os moradores disesperado,sdeile não poderão
do mund.o:quando começou a reinar fes cô diligencia hüa escolhade seus
iército soster os imigos morrendo Aiguns valerozamente e outros entregues aos
naturaes que podiam adestrarse nas armas e reparrlido.sem companhias
mouros perderão aguelle lugar cõ quebra dalgús particu'larescom'o foi o
de que hauia coroneis.em cada comarca do Reino Capitães e sargentos e
capitãoDom guterra,mas pouca Culpa da gente de guerra que fes quanto
'outros officiaes da mili'cia particulares em cada bandei'ra proueo com
pode por não se enlregar viva aos uencedores,e,mluguar desta força orde-
muito cuidado esta gente sem queixume do p,o,uo,e emsinadanos dias de Marrocos
nou el Rej Dom Joam fortificar masagam na mesma co'stade Africa o que
festa que dantes gastauão em Jogos e passatemposde pouca honrra e
fes com muita despezae comcelhode grandes Capitãese em parte cõpëcou
proueito, obedecer a seus capitães em todo o exercio das armas leuando
a perda do ca:bode Guee Com muitas vicorias que depois os Portugueses
o medo perdido ao esrondo dartilharia, quando se oferecesenacessidade
ouuerão. AquelÌes presediosde gente que el Rej dom Mano,elseu paj e os
dalgúa batalha, e assim cõ pouca despezade sua fazenda,e algum fauor
'ou,LrosReis seus Auos com comseÌho de guerra que aquelles tempos
deuido a virtude criaua nas destrezada gue,rrahomêsde bem que depois
sofrião, tinhão repartidos pe'lloslugares de Africa sem deferençade sitio
se assinalauãonas armas assim em suas nauegaçõescomo na guerra de
:êsrésias Africa e da India. Com o mesmo conselhopreuiJegiouos escudeirosde boa 'e comodidadedos portos acordou per parecer do emperadorCarlo quinlo
recolherem menos fortalèzas Com muito milhor cõsselhodo que antes do
linhagem hüs fithando os por caualeiros de sua caza, outros por comfir-
seu tempo sosestenteuãoassi porque poucas forças iuntas ficauão mas
mação de caualaria mere'cida na guerra costumados e,m seu tempo nas
'poderosaspara se defender e os sitios es'colhidosà vontad'edel Rei ma'is
cidades e villas p,rincipaesdo Reino escarâmuçare Jugar as canase outras
aco,modadospara soco.rrodo Rejno. Ao mesmo emperador Carlo quinto Íornada de
boas manhas por não faltar o,cupaçãoonestaa toda a ssortede Vassallos r unls
ajudou cõ hüa armadapoderozana jornada de Tunes desimuland'o com o
seus a fazenda dos quaes sendo tão delgadacomo cada hú em sua casa vé,
Jnffante dom seu Irmão que se achou nella com muitos fidalgos p'rÍnce-
'rsários poderia dar vida aos porlu,guesestendo a nauegaçãoliure dos cosarios,o
paes sem pedir licença a e'l Rej como quem sabia delle que nisto \he fazia
que em seu tempo se fez com deligencia e cuidado, posto que os franceses
seruiço.Aquella armadrade solimano emperadordos / 6 vo / Turcos emuiada
costumadosa viuer de Roubo ouuessõos caselhanose portuguesesper
pello estreito de mequa cõ grande esperançade lançar o's portugÌlezesda
hüma mesma nação e não perdoassema hú nem a outros quando lhe
jndia, d,esba.ratou
duas em dio, me'tendono fundo a mor parte dellasas moni-
cahiãm na mão e a sombra de fazer guerra aos Casfelhanostomasem
ções artelharia perdida em tempo do goue,rnad,or
e Nuno da Cunha sendo
nosos nauios desarmadose outros que as uezes/ fol.6 / se defendiãovale-
capitão em Dio Antonio da Silueira e dipois disso gouernandoDom Joam
rozamente com igual perda, mas et Rej dom João cõ armadas ordinarias
de Castro e sendo Capitão desta fortaleza dom J'o'ammascarenhasfoi roto
emcomendadasa capitães esforçados e outros officios qve Ïazia por seus
outro campo del Rei de cambaia onde se aohou Coje sofar lançado de
embaixadores em frança reparaua aquelÌa força dos Cosairos cõ grande 'europa naquel,laspar'les cõ muitos turcos desejozos refazet a perda de
prudencia tendo este comselhopor mais acertadoque seguir huma parte capitanias d
soüimanoe lançar os Po'rtuguezesda jndia, em seu tempo repartio o eslado
dos bandos entre Ca.rlo quinlo e francisco onde se auenturauamenos a Brasil
de sancta Cruz chamado vulgarmente Brazii em difere,ntescapitanias e
navegação de que seus vassallos viuião As fronteiras de Africa que seu

363
Õoa
guouernações na forma que os Reis primeiros fizerão pousar as Jlhas acha-

Fé cristã
das no mar oceano que em poucos 'tempos crecerao cõ seu fauor pros-
poras e ricas ,onde eregio Igreja Cathedral e emuiou guouernador supremo
Fry
para emparar em igualdade de justissa os que a não podião alcançar dos I
mais poderozos, com que amançou os gentios daquella costa e outro,s que
se escondião pelÌo sertão ,repanlidos em suas Cabi'ldas serïÌ outra p,oüi,cia'lej
ou costume que a uontada propria: muita parte dos quaes trouxerão a

--&*o*,ír,hA, "f)-u; Ç'*n ?f= z n1


noticia de nossa fee catholica os religiosos da companhia, istancia del Rej
I de Lagos
dom João neste Reino forrtificou no Algarue a villa de lagos offrecida aos
roubos e assaltos co,ntinos dos cosairos que em seu tempo ínfestauão o
y'o*ln,ár,í).Á'.V*íg,'í27í'"*"fuf|y1
rtaÌeza de 'mar: Começou tam'bém a fortaleza de S. Giam na boca do Teio com o
S, Gião
mesmo consselho e finalmente na paz e na guerra foi hum princepe raro .. .i ! :'i:.i.iiil '
': ri, -: j. ; l:
-: -
nascido pera beneficio dos homës, e emparo dos pobres e estrangeiros ver- .
-. ., n. ìú,ri),
ïa do mo
dadeiro conseruador d,o culto deuino e piedade Ch,ristam: foi de estatura
narca
meam, mui bem asomrbrado nos ol'hos, com muita graea na boca, brando
nas palauras, de bom aoo,lhimenlo aos peque,nos, temido dos grand'es, de
fi.{'r_ , r,
grande Juizo na escolha dos homês bem inclinados porque estes forão
muito mais aceitos que os grandes emgenhos uencidos de ambiçào ou .!2,r,r.2,,Á^Jrfu
Eà;tràiu;;*.*--t'.â'x"
'cobiça, co'mo foi o cardeal dom miguel da silua, dom João Manoel, LuÌs da ,:'*ïirlt-'
Ì..
@'à{p{"t*-'ir?r74iyt*È-:4ftr*:
silueira e outros que afastou de si por terem sobeja no,licia do mundo, e aoío2âí.0-or;o,roâ;no'-,niràfi ,D*t'Ê-;&'t--;;
muito pouca da que Releuaua a sua honrra, adoecia poucas uezes e
numqua de doença periguoza, te o anno de sinquoenta que o começou :n&bry* 4tu,4 *4f
;í?*?**ì ;.7. ,
tomar hum sono amadornado no meio dos negocios doença cr.iadade longe
por falta de exercicio, e lisonjaria dos medicos que lhe não prouerão o perigo D.írí*fiíiâ"Aí*,,y'a'4í;zí*áa,a'a1,17o.eltâan
ra morte
desta doen.çade que ueo a fa;lecer no mesmo dia emque se lançou na cama
t".,,'
a^,€fr í/ún-íV"::Z-t:!*Hofu sJt,
algús dizião que sem testamento nê decÌaração de gouernado'r do Rejno e r"'ftJVe)o,o,"í:.áz:lÍ*-lr,r,'r'í,9/n*0,
ií.",.
Litoria del Rei s'eu neto. outr'os a-firmão que pedro d.aÌ,caçouaque en,tãc Q,/z.tr;o,Vr-aynái,lfi
2r u wy',//& /2/ az tt!2í@4r4 2./b'í4ojt4zeú2.{r4tíJ eTtq
tlB
'seruia de escriuão da pur.idade e guaspar de carualho Chamceler mor derão -*r4á"sí,aápra"ra/azt&45, ! t
*oárul**oí*.2;*oÁr*.t*tz/turaÁí2"'72;aãr*,
'sua fee na prim'eira junta /fol.7/ que se fes depois de sr+amorle que a von-
'tade del Rej era nomear pera este cuidado do Reino e tutoria do p'rincepe a t-,,*"wf;-,o*V,4tfi,í.i.uy6*t,fua,fi *f D-ytú
O'á,âJ41/.r*.flá.a7.A-4,a.,r.tvroa,;$./rf-tã..ít
Rainha dona Catherina daustria sua molher por alguas rezoes que a mor
parte do Reino approuou: prìncipalmente o cardeal Infante do'm Henrique
a quem esta eleição del Rei parecia deuida assi por sua Virtude e inteú'eza
mui conhecida como por dereito das gentes e costume de Hespagna que
costuma dar esLe cuidado aos princepes do ssangue mais chegados pri-
meiro que as femeas: faleceo finalmente dipois dos sacramenLosda igreja
recebidos com deuação hauendo trinta e seis annos que reinaua, tendo
simq uo en ta e sinquo de s ua J dade a onz e dia s d e j u n h o n o a n o d o S õ r d e
m il e qu inh en tos e s inc oent a e s et e.

(H i s t o ri a d e Ì R e y d o m J o a m Ì I Ì )) d e A n t ó n i o de CastiÌho

B . P . de É v ora, c ódi c e C III/2-22, l ó1

364
HISTORIA DO P,RIMEIRO ANNO DEL REI DOÌM JOAM
o 3." IP]ELOMESMO AUTOR /fo1. 7/

Prometeo d'om Antonio Pinheiro Bispo de Leiria esoreuer as cousas que D, Antóuio
Pinheiro
'soçederãoem Porlugdl na pas e na guerra em tempo deÌ Rej dom João o
terceiro: depois lhe fizerão outros cuidados mudar o concelho,porrue,ntura
melhor aguardecidos.Porque estes seruiços a Verrdadepesão pouco entre
os Reis, e a maor parte dos ho,mensrecebe mal a lembrança de erros
alheos, e muito pior louuores de seus Visinhos, se pação os termos onde conceito de h
tória para
cada hum confia de sj que pode chegar.Doutra parte quem pesar atenta-' âutor
mente a Virtude da histo,ria (Cuia juizo he do ,tempo somente) não deue
recear tanto empregarsenella como tem obrigação de mostrar ao longe o
mais seguro parrlidonos rconselhosda uida o qual se deue a'huma pruden-
cia nascida de verdadeiras,lemlbranças.Po'rque os princepes se lhe Deus
não inspira mejos de iusto gouerno, he .forçado fiaremse doutros homens,
que algumas uesesestimão pouco o bem e socegodo pouo, e muito a incli-
nação dos Reis: e não mespantareise entreguesa seu proprio gosto, e a
lisonjaria .doutrem,fiquem oferecidos a grandes desastresasj 'que ,o'suiuos
costumãoperder.dema mente o miìhorrlugara tro'co'de falarem liures nas
materias destado só a memoria das cousaspassadasescrita com diligencia
e uerdade pode fazer este officio sem emgano,sem força, sem so,speilade
medrança ou ,cdbiça, trazendo a Ìume 'comcelhos temerarios, em presas
duuidozas,alteraçõesde leis e costumes,causasdonde os Vicios nacerão
para com menos trabalho se acharem remedios suaues em beneficio
publico, Com esta esperançatomei es'tecuidado / fol. 7 vo / não rme obri-
guo a outras leis saluo ao amor da Verdade por me parecertamÌbemoffi'cio
deuido ao filhos e netos del Rej dom ManueÌ: 'emquantonão albraçaresta
Jmpresa quem possa sair della com mais honrra sua Trarei hum pouco de
origem de P
longe o nascimento do 'Reino a conseruaçãoe crescimentodo esilado,por- tugal
que ao meno,snão se afogue huma lembrança dos portuguezesprimeiros
entre suas ,ruinas:'O nome ,de Portugdl foi ouuido em'Hespagnano tempo
que os Vandallose sueuosdeuaçarãonella o ìmperio Ro'mano.'Não se acha
dos portugueses o,utra memoria primeira antes he de 'crer, que naquella
entrada (ou loguo depois ,quandoflorecerão os Godos) Algüs galegos de
Bragua alargandoseus aos vencedorespel.lodireito da guer,ra,se ,recolhes-
ssem ao porto de Guaia so'breo Rio douro e nacessea cidade de Portugal
das Riliquias da Maia oferecida a fortuna do mar. O que menos duuida tem
a cidadc (
em comseruaçãoalgú rasto da lingua Romana u,m pouco es,lraguadae Porto

Igua'lmente a deuação dos muito's Varões sanctos e outros imdicios dos


costumes Antigo,s,quemostrão os PorrtuguezesHespanhoesnaturaes: e se
he serto o ,queescreueo conde .dom Pedro fitho del rRejdom Diniz quando

36s
os mouros tomarão Hespagna saÌuarão alguns portuguezes sua liber.dade A iudarão Dom Afonso alguns senhores de França entre elles se asinalou Henrique de
Borgonha
nos montes de Asturias d.ondepoucos annos ,depoisde serem com fauor hum principe burguonhão ,chamado Henrique filho de Eustacio, net'lo de
dos Reis de Liam e se resti,ltuirãode Portugal e da terra da maja que ficaua Reinaldo conde de Visamcom nascidos dos Antiguos Reis de borguonha:
. entre douro e minho, Ìançado o presidio dos mouros da outra parte do Rio erão seus primo's com irmãos, .o Fapa ,Calixto segundo e o Conde Reimão
l:."u" deu ocazião a esta empresa huma grande vitoria guanhada por industria Genrro del Rej Dom Afonço: por parte de sua mãj uinha da caza de Vngria
Raimundo de
TouÌouse
de carlo Martelo antre a .Ribeira de loiro e a cidade de Turs, segun,Co comose dos Annaes daquelle Rejno, e dalgumas memorias que ficarão em
escreue paulo emilìo onde mulej Abderramen perdera trezentos e setenta Hespagna principalmente na Historia de Sanctiaguo em Gualiza miihor
mil mou,rossaidos de Hespanhacom o mesmo impeto que entrarãoneÌla auerigoadas que outras openiois deferentes. Por esta conhecida nobreza
mas ro,tos de poucosfrancesesnaquellelugar, derão algum aliuio aos hes- de Henrrique e por sua Virtude muito mais ilustre lhe deu el Rej Infanta D. Te.
resa
panhoes e as armas dos mon,tanheses comessarãocada dia dar rnor espe- Dom Afonço Dona Tereja sua filha, e em dote com eÌla o Rejno de Por-
rança da liberdadeda pratia te que doimRamiro segundotomou a cidade tugal com alguma panLe da terra de Gua,liza Vagua por morte del Rej
AXboazar,o Castelo de Guaia florecendo ia em gualiza os rforaesde tras- Dom Garcia. Começaua o estado a quë da ponte Vedra do Castello de Condado por-
tucalense
::"u'".- tamara e vindo .o socoÌìrode antre douro e minho muita norbrezade frança 'lobeira te a cidade de ,Coimbra com o direito de conquistar não somente a
;ula que inda oie v.iu, e outra que o tempo guastou: defenderãoaquellas fron- estremadura, mas toda a terra que tinhão / fol. 8 vo / ocupada os mouros
teiras valerozamente guanhamdo poco a pouco a terra da ou.tra parte do enüre as ribeiras do Teio e odiana, mas o ,Conde entendeo pri,meiro refor-
Rio onde comseruauãomui,toscastellosrocheiros principalmentena comar- mar estas terras mal pousadas pellas reuol'tas da guerra prouendo princi-
qua de Tralos mõtes, Lam'eguoe Viseu: porque no tempo de,lRej dõ Afonço paÌmente os templos e necessidades do culto diuino em comendas a pre-
quinto e de seu genro dom fernamdo nauarro nao ha duuida viuerê os lados virtuozos nas cidades principaes do estado depois acho,usena impresa
auos de Dom Fernã.omendesBragançãoe os de dom pedro Ramiz fron- da terra sancta em companhia dos principaes francezes que comfederarão
rávora teiro de lameguo donde oje proce.deoa Caza de
tauora, Despois que el Rej naquella jo,rnada e da volta que fes a Hespagna não lhe fa,ltarão aluoroços
dom fernamdo / fol. 8 / vingou a m.o.r,tede dõ Afonço seu sogro e fez ren- que o forçarão desimular com os mouros e virão as armas em vinguança
der a 'maio'r parte de Beira e da estremaduraque ficaua da outra pa.rtedo dalguns leuantados. Morreo finalmente no meo desta Contenda deixando
Douro na prouincia chamada Luzitania veo repartir ,com tres fi.lhos os a socessao de Portugal mui duuidoza porque a Rajnha Dona Tereja não D. Afonso HeE.
vI de Reinos de Hespagna:deixamdo a dom sancho mais velho navarra castella. queria alargar o direito que tinha nelle pelo do,te de seu pai embaraçada
riques

'o A dom Afonso Ìiam, e alem diguo e a dom garcia gualizae as terras.depo,r- em outras Vodas cõ os Côndes de traua e T,rastamara: e doutra parte o
tugual que nouamen,leguanharão ale'm do Rio: mas dom sancho ou dese- filho dom Afonço em Idade de dézojto annos ficaua herdeiro somente de
ioso de incorporar as rforçasde Hespagnaou leuado de sobeia cobiça por virtude de seu paj e da criação 'que nelle fÌzera Do'm eguas moniz de Riba Égas Moniz
esta derradeirauõtade do paj na Ventura das Armas vaiendosseda força de douro a qual foi poderoza para dar ao mundo naquella Jdade hum prin-
contra seus Irmãos e dalgumas ocaziões que lhe de,rãoos vassaljlo,sdel cepe de rara bondade sem outro fauor da fortuna que os comselhos deste
Rej Dom garcia em gualiza malcontentes.de seu guouerno: deu lhe duas seu ajo e amor de alguns portuguezes que elie guan,hara po'r brandura e
batarlhas,huma em aguaca de Maias em que perdeo muita nobreza de grandeza despiritu e assi não somente tomou vingança de seu padastro e
Hespagna,outra emtre as uinhas .de santarem,na qual foì prezo e fora seu dos vizinhos que quizerão valer a sua maj mas comeleo a conquista dos batalha de
S. Mamede
campo roto de todo, se os portuguezestemperarão o aluoroço desta vito- mouros nascendolhe cada dia huma boa uentura do,utra: tomou por força
ria: mas desmandadosno feruor da preza, chegou de fresco socor,roRuy darmas muitos castellos na estramadura e todos os ,que ficauão antre Tejo
dias de Biuar em fauor dos castelhanose não so,menteliurou ei Rei e od.iana te que os portuguezes o proclamarao por Re,j e vençeo oom des
dom sancho, mas forçou o Irmão Dom garcia rendersea merce do eni- mil jffantes e dous mil de caualo no Campo dourique Mole'j Ismar com
batalha de Ou-
rrque
miguo uencido. Vindo dipois Dom ,Sanchoa rrorrer no cerco de Camora quatro Rejs de sua valia, era este o mais poderoz'o princepe nas partes do
chamarão as Inffantes suas Irmãs e os grandes de Hespagna a socessão occidente que os mouros chamarão AÌguarue, e ajuntara nesla Impreza
da coroa vagua, Dom Affonço sexto: acolhido a caza de Almion Rej de tanta gente de Africa e de hespagna tão escolhida nas armas e tam custu-
Toledo: e inda que lhe,tinha feito menagemd,epaz e amizade.Liuró depois mada a Vencer hespanhoesque de huma parte'fes milagrossa a Virtude dos
sua fee, e prometeo de Ali,manonpos cerco aquela cidade muito apertado: portuguezes e doutra fraquesa dos mouros parece que abateu a Vi'!o,ria:

JOO Jb/
mas comtudo a gloria della moueo o papa Alexandre terceiro como vigairo tempo nao somenteem afri.camas na mor parte de Hespagnase perdeo na
de Deos na terra approuar a Vontade daquelles soldad.o,s que o tinhão terra o trabalho e esperancados homens porque as searasde ter,ras del-
escolhido para Reljnar:Ficauão as Comancasde Sanlare'me Lisb'oa'p'orres- guadas oferecidas aos ardores do sol, desatauanseem sinza pura, e os
tituir: e socedeohuma emtrada dos mouros que emcheo todo este Reino Campos grossos desemparadosda humidade pro,pria e orualho do ceo
1184 despanto, e em lodas fornadas e periguro,sres,pland'eceoa virtude desle p'rin- recolhidos comsiguo / tol. I vo / gretavão em grandes abertas,esguotadas
ce'pe tam viua como aquelle a que huma vida muito cormpridanão seruio as fontes secasas Ri'beiras,parecia to.da a ,couzaviua sem ficar outra que
de mais que de sacrifi.ciocontino por honrra da ,religiãocrista. Socede,rão pasmo e desesperação, nem a industria dos pobres, nem fortuna dos ricos
Reis da pri-
no Reino oito Reis legitim,osnascidos del Rej Dom Afonço Henrriques de podiãorreparesta força diuina: porque hüs e oulros forçadosda ira do ceo
meira dinastia ou morrião a mingua, ou s'e ualião das rraizes desconhecidas,e doubros Peste gera
varão em varão os quais acabârãode lançar os mouros da terra pelejando
depois em lugar del:lescom vezin'hosemuejossosde seu crescimento:e nas- manjares infames com 'que se aiuntaua hu,mapeste geral a sterelidadedo
cidas as .diferençasantre huns e outrìoispor leues couzas vinhão tambe'm tempo e em parle socedeobem a el Rej dom Manuel este tra:balhodo
ra rom,per enfre sj p,eleÍiando/ ToL I / dam'basas parbescom duuidos'safor- mundo para leuar menos saude da uida: porque andando o Principe
tuna pella rrnaiorpante fauorauel aos portÌrgueses,mostrando quanto mais dom J,oãoe os in'ffantesdom luis e dom fernando mais velhos nas couta- Morte del-r<
D. MuueÌ
podia o amor dos Reis com hum pequeno Campo que grandes esquadrões das de saluaterra forão auizados como el Re,j seu pai cai,raem lis'boa de
de gentes darmas mouidos por cobiça ou esperançade presa. Não aju' hüa doença no mesmo dia em que elles partirão .co,maluoroço de corre-
daua pouco naquelle tempo a temperançada Vida, e o ze{o da honrra com rem o monte: esta noua o,sfez Recorlherpella posta e o Princepeachou Ia el
que viúão os filhos da,lgu,oinda que lempos porbres,não fal,tauão armas Rej descomfiadodos medicosentendendona lem'brançade seusdes,carguos
,Oauallos para ddf'enderem a patria, d,otes e mo,estero'sp,ara emparaÌÌemas e do que lhe mais comuinha inda que o não pusesseem pequenocuidado
filhas, sem aquelle sdbresa,ltoe desasocegoque oie tem os mais ricos tra- algumas lembranças do dezemparo dos seus que nes,t.etempo so'em ser
balhos da Vaidade e corbiçaoutros das diuidas, e outras tro,mentasque nos mais pesadas aos princepes mais poderozos co'mo acontese a todo,los
D. João I fas duuidar'qualpar,tidono,sfara.mais segu'ro.Despoisdel Rej dom João o homens multo conhecido,sdos outros e que üem pouca noti'cia de sj: ven-
primeiro a defender a li:berdade.dePortugal com aquellevalor que os cas- cendo a força deste sobresaltocom muita comfiançada bondadede Deus
telhanos confeçãoe tomarem Berberiae cidadede Septa na'boca do mar esforçou o spirito e ouue a Vontade diuina pella milhor hora de sua sal-
Infante D. Hen.
de leuante, começou o Jn.ffante Dom Henrrique seu filho descobrir nouas uação e tendo dantes algumas uezes que a .doençalhe daua luguar emco-
rique
praias em Af'rica llhas desco,nhecidas no mar oceano e outras estrellas mendandoao rPrincepeseu fllho a Rainha dona lianor cõ quem viuera dous
no ceo num'qua Imaginadas com que os Rejs se es'forçarão,co'mquis,La a annos casado,e sua filha de mama e a ynfanta D,onaJzabel ia em idade
Caminho marí-
maior parte da Costa de Africa e tentar o descobrimentoda India foi deos pera ter uida e am,o,r,parte dos Inffantes que ficauão sem elle, guardou
timo para a pera a derradei,rahora duas le-mibranças,
ÍDdia seruido guardar esta empresa A el Rej dom Manoel bisneto del Rei a primeira da obriguação que o
dom Jo,amo qual empregouna comquista e naueguaçãodella todo o tem'po Princepe tinha ao zelo da honrra de deos porque não teria desculpa em
de sua Vida e as milhores forças do Reino, e assi socediãoas couzas tam tempo que os portuguezes naueguauão e prantauão o evangeÌho em
prosperas que pode o comercio de o oriente emriquecer portugal mas terras estranhasdeixa,remasendernesteReino a eresiae desatinodaquelles
emtrando as di'licias de forracom ,o,crecimento destadoguasLarãomilhores que em Alemanha se 'comesauãoa leuantar contra a Jgreia catholica de
costumes e muita parte daquella Verdade antigua de que os portuguezes cujo oniao e autoridadependia a religião c,hristãem esperançade saluação
suião viuer porque tambem parecia imposiuel a temperançada vida e inlei' dos homensmandandoo Princepes'obpena de sua bençãoahraçassees,la
reza dos custumes em,tre tantas victorias e despois'como nes,tetempo os cauza per honrra de Deos e prdcedesseco'mmuilo riguor e oastiguoconlra
portuguezes guanharão antes he de crer pesassemais ante Deos atenção aquellesque ou o demonioou o desejode co,usasnouas fizessedesatinar,
cõ que procederão nestas impresas escarramesãoaos maiores perigos po'r pois a t'ençãodelies não era tanto deze,jode re,fo'rmaro,sCustumes como
sua honrra e crecimento da religião verdadeira pois descontou alguma apagaremde todo a msmoria de Deos antre os homens:A segundalem-
cobiça e na idade (que se não escuza em prosperidadesorbeia)a troco de brança foi d,oamor de seu pouo emcomendando-lhefizessedeÌlehum grande
tantas almas guanhadas corrião assi os annos em que começou a Rajnar tezouro muito dajuntar se repartisse Jgualmente com todos o direito
seca do ano de
Dom'Manoel te o derradeirode sua vida nes,tepor falta dagua escurado menos / foì. l0 / regurozo, e o uo.to nas sentenças mais brando querendo
1521

369
368
antes ser paj de seus vasallos como o obrigaua a lei natura{ que senhor hum teatr'o de hoito'degraosestado dalcatifaçasde Percia douro e seda
mal recdbido, começoulhea lançar a falha e posto em giolhos o Princepe e entretecidacom os balustros da madeira guarnecidosda mesma sorte
bejiou a mão a seu pa,je depois'delhe tomar a bençãocom os olhos arra- onda ficaua a cadeira Real a somrbrade hum docetlde lbrocado,emtanto
sados em lagrimas se recolheo numa camara. Chamou loguo el Rei a sahia dos paços da Ribeira Dom João Princepe herdeiro em hü Cauallo
Dom Aluaro da ,costa seu Guarda roupa mor a quem pedio tinta e papel fermoso a brida guarnecido de ,tella douro elle vestido numa opa de bro.
Árvaro
da para lhe fazer a merçe e honrra de que dom Aluaro tiuesse mais gu,o'slo
Losa cado roçaguante com hum calor de pedraria .rica Leuaua o caualo pella
mas dlle lembrandosemais do que perdia na Vida e no amor deÌ Rej que .Redeao Jffante Dom fernando de hüa parle, dom Antonio de taide doutra,
em toda a outra m'edrança,Respondeo-lhe,se me uos senhor morreis, não Dom francisco Lobo mogos fidalguos a fralda da opa da mão direita os
quero de V. A outra rne,rce,saluo me mandeis emterrar Viuo na uossa princepesdo sanguecom muitos senhoresda esquerdaos oficiaesmores
sepultura. Palauras que não parecião nacidas senão damor e saudadeque Camara da cidade e fidalgos de sua caza. H,ia o lfianle Dom Luis somente
lhe ficaua del Rej e por ser obra damor não ficarão sem ga'lardãop,o'rque a cauallo com o ssfsrqueReal a'leuantadocom,o cond.estableque e,r"ados
os filhos de ,Dom Aluaro vierão ao lugar que elle merece,rase na jndia se Reinos seguindodom João de menessesConde de Tarou'caprior do crato
enterrara viuo com el Rej morto como poruentura teria muitas vezes e Alferes mor do Reino com a bandaira emrrolada e antre elle e .o,sReis
rouuidoao,Conde Almeirante, vimdo Dom Gilianes seu filho e dom Duarte darmas porteiros de maças (todos conhecidospor suas insinias) ficauão as
da costa aquel'lelugar que a vir:lude e meresimentode Dom Aluaro pedia, 'charamellas, ministres, auisados não tocarem os estromenlos naquelie
neste tempo estaua a Rainha dona Lianor e as jffantes recolhida numa tempo por não magoanem a Rainha Viuva. Assi chegou ao patio de
Camara per ordem de dom nuno Manuel guarda mor e começandoel Rej S. Do,mingosonde o Cardealjmffamte Dom afo.nçoseu irmão o esperaua,
emtrar nos accidentes mortaes ajuntouse naquella Camara Dom Afonço ia com alguns prdlados do Reino como era custume surbioo principe ao
de Portugal Bispo devora, dom fernamdo de uascomcellosde menezes esfado de cima e asentadodebaxo daquelle doçal tom,o da mão do conde
Bispo de Lamego, frej Jorge Voguado da ordem de S. Domingos comfeçor de Villa noua Camareiromo,ro setro que teue todo o tempo que durou a
del Rei, o ,Duque de Bragança, o mestre de santiago, e os marquezesde cerimonia:e ficando os inffan,Lesdom Luis a mão direita com o estoque
torres nouas e uillareal, os Condes do Vimiozo de panella, feira, Porta- leuantad'0,o Jnffante dom fernando a esquerda, e o cardeal dom Afonço
legre, Tarouca, Villa noua, o biscondede ponte de lima, o Barão daluito, da parle donde o Condestabreestaua numa 'cadeiraguarne,cida de ceda:
com oulra muita nobresa do Rejno, e officiaes da caza, fazend.ae justiça, o Conde prior se pos numa ponta do teatro cõ a bandeira emrrolada
Deu o espi'ritoa nosso senhor aos .trezede dezemtbrode M. D. xxj de jdade defronte do Doutor pacheooescolhido por muitas letras e eloquenciapera arenga do do
tor Pachec(
de sinquoentae seis annos seis mesese treze dias dos quais Reinou vinta sÌgnificar aquelle ajuntamentocomo Deos fora seruido Leuar para si el
seis hum mes e dazanouedias, Princepe uerdadeiramente dino de mais 'Rei dom,Manoele deixar por çoseçoro princepeDom João seu fiiho pri-
longa Vida. A execusâode seu testamentoficaua emcomendadanelle a meiro nascidoJurado em Vida de seu pay pellos tres stados do Rejno e
dom diogo de souza Arcebispo de Bragua e a Dom Martinho de Castello oferecido naquelle Luguar salisfazer a todos com o juramento de lhe guar-
!â!ã"--9" branco conde de Villa noua, os quais ordenarão a sepultura e exequiasno dar justiça e litberdadede seus preuillegio,s,Leis, e costumescomo tambem
João
Iu
mosteiro de nossa senhora de bethelem na fo,rma que el Rej mandaua: cada hum dos que alj se aiuntarão tinhão obriguação de o reconhecerpor
e emlanto dom Pedro de castel branco, João fogaça e João brandão verea- Legitimo / fol. fi / Rej e fazerlhe preito e menegem de fee e lealdade
dores da cidade de LiSboa acordarão,renouaro plano publi'coque a lealdade deuida o Cardeal mouido contra o estado onde o Princepe ficara lhe
dos Portuguezes costuma fazer na morte dos Reis, seguindo todos a pe tomou yu,rarmentosoÌemne d.e guardar inteiramente justiça a todos e as
com a fidalguia do Reino e pouo da cidade, nunaluarez pereira vestido de honrras e li'berdadeantiguas a seus naturais dorbrando'sse ambo,ssobre os
uaso nú Cauallo a brida guarneci.doda mesma .sorteo qual arrastauaa gioÌhos ante huma mesa que tinha huma crus e hum Liuro do euangelho
ponta de húa bandeira / fol. lO v" / negra vindo da se e pella Rua noua te sagrado:tornamdo o cardeala seu luguar deu a primeira menagemo Jffante
'o Rossio,onde depoisde certas paìaurassolennesse quebrauãoos escudos
dom Luis pello foro do Reino metendo ambas as mãos nas do princepe e
Reaes em sinal, como aìguns dizem, do emparo do Reino perdido: seis beijando depois a direita com a qual ceremoniaprocederãotodos os outros
depois mandarãotoldar de uelas a entrada de S. Domingose armadotodo senhoresperguntado,ssomente de dom Anlonio de noronha escreuão da
aquelle patio de.Lapeçariacustou leuantar ao vezinho da porta da ygreia puridade se o iurauão assy e elles respondendona mes'maform.a que se

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palau,r,asem louuor de Adriano, apos o qual não se aúou naquelle c,o,m-
concebião as s,tipulaçõesno direito Romano: seguirão es,tessenhores de
claue amiguo ou enemiguo de huma e outra pa,rte que respei:Loparticular
ti;tolo o Cardeal e prelad'o'sdo Reino em nome do estado,ecl'esiásticoe
mouessepera deixar de aprouar o.sVo'tos primeiros, emtanto que a.lguns
finalmente as juStiças maiores e oficiais da camara como cabeçasd'o ter-
depois de terem o papa escolhido perguntauão de nouo que,mera por não
ceiro estado do pouo Cuios nomes e titollos particuÌaresnão escreueopor
não ter Verdadeira no,ticiade suas precedenciase não pr.eiudicarao direito auer duvida ser esta criação mllagroza e guiada pello ispir,ito sanclo. Corrjão
assi as couzasem Roma e antes que a noua cheguacetendo Ad,rianocerteza
dalgumas há ordem da história: Dadas eslas menagens disse tres vezes
da morle del Rei dom ManoeÌ com parecer do condestabree aÌ,mirantede
em uos Alta Rey darmas Portugual ouuide e o conde Alferez mor, Real,
caslella que cõ eÌlleasistião,aogouerno da HespagnaemuiarãoVizitar loguo
Real, por muito alto e poderozoprincepeEl Rej dom Joao'o3onoso senhor
el Rei e a Rainha viuua per dom Joâo taueira Bispo de cida Rodriguo pocos
a qua'l palaura repetirão os Reis darmas gritando em moria da primeira
annos cardeal de Toledo, o mesmo fizeráo alguns grandes daquelle Reino
proclamação que os portuguezes fize'rão no campo de ouri'que a el Rei
por seus parentes e criados afeiço,ad'o,s a coroa de Portugal: com cuio des- prineiros des
Dom Afonco primeiro quando no arraial defronte dos enemiguosofereceo pachos do mo
a .de pacho começouel Rei dar ordem as couzasde,justiçae da armadada India
aquelia bem afurtunada balalha. Deste lugar se recolheo el Rei a yg,r'eira
de narca
mrnsos dandocada dia maior espenança de sua prudencia:porquenaquellaidade de
S. Dominguos recebido de dom fernando de VascomseilosBispo de Lame-
dezanoue annos rompeo as esperan.çasVãs que aÌguns fidalguos criados
guo Capellão mor, e acompanhado dos Religiozo'sda caza da'capella e
com elle tinhao co,mcetbidas de sua brandura comfiados mais na grangearia
cabido da só foi elRei ao Altar de Jesus donde feita oração e'beijadas as
dos gustos del Rej que no uerdadeiroamor de seu seruiço.Mas elÍlecomtudo
rdliquias que o Bispo leuaua se tornou a recolher leu'andoja 'o septro na
,mãona me'smaordem com que emlrara dize'ndode quanndo o comde prior emtendomelhor quanto cõvinha ao bem do pouo ter por sospeitasua pr:o-
pria .a,feiçãoteue s,em,premais conta cõ a Velhice e experienciaque seu paj
as palauras com que foi I'euant,adoas quais respondiãoos Reis darmas e os
húa ues a prouara (principalmente do Conde de Villa noua / fol. 12 / de
ministr.osda musioacom grande estrondoemquantonão.chegoua porta da
dom Aluaro da costa) ,o,squais sempte;teuerãoseu lugar no Conseihoposto
Ribeira. A Rainha dona Lianor viuua e a Jrffante dona Izabel passarãoos
que culpados ante elle no terceiro casamentodel Rej Manoel e assi os tra-
primeiro,s dias de nojo no mosteiro de VdiueÌlas mas mudandosseel Rej
tou depois de os conhecer que ab,rio mui deuaguar o caminho pera a
dos passos da Ribeira depois as casas de Dom Pedro de sa vezinhas ao
medrança dos outros: Pno,ueologuo o officio de Regedor d,acaza da supli- Regcdor da
mosteiro dos santos o nouo, fez pasar a Ra'jnha,e jfante a ornbrasde Tris' Casa da SupÌi-
esas Daqui a vizou l,ogodo fale' cação a João da si,luaper renum,ciaçãode Aires d,asilua seu parja quem e a cação
Éo da cunha perto do valle de emxorbreguas.
dom Aluaro d.eCastro gouer[ardorda ,casado siuel de Lisboa fazia perpe-
r nìorre cimento de seu paj e soCessão no ReinOao emperadorcar'loquinto, a fran-
tuas lemtbrançasassistindocom êlles e,mdias limitados no meneoda justiça
primeiro Rei de frança, Ilenrrique o'clauo Rei de jnglaterra poÌtro's
,1"ï::' cisco particular. Celerbradas as ho,nrirasdel Rei veo ter á Corbedom fran,ciscocou- D, Francisco
ministros / fol. ll v" / que a coroa de portugaÌ tiíha, ou nas corrtes Coutinho
"ï""* tinho conde de Maria alua e de loulé (caza de mui antigua no'bresae auente-
daque,llesprincepes, ou mais perto dellas A dom Miguel da silua filho de
jada a muitas do Reino em terras, vassallos,,e padroardos)pello qual Res-
dom Aluaro co,nd.ede Ponlalegree,mbaixado.r neste,tempoem Roma emuiou
peito tinha prometido,el Rej dom Manoel o lff,ante dom fernamdo seu filho
comição para fazer o mesmo oficio ante o papa Leam decimo e dar obe-
pera cazaÍ com dona Guìomar Cou,tinhahúa só filha do Conde herdeira de
diencia de sua parte a sseeAposto,lica:mas neste tempo era o Papa ia fale-
seus estados,depois deste acordo emtre el Rej e o corlde começou o ma,r- Môrquês de
cido do primeiro de dezem'brono mesmo anno de vinte e hum de huma Torres Novas
quez de Torres nouas dom João dalem Castro fiÌho de dom jorge mestre de
, de mo,rte apresada e ficando a fortuna soceçãodo ponte,fica'loferecid'aa con'
r vl santiagoneto del Rej dom João o segundoaspirar o mesmopartido ou desi-
tenda dos dous bandos partidos hum dobrado em fauor do imperio o outro
mulando cõ a uontardedel Rej dom Manoel ou emguanadodalgüa palaura
de frança podera romper num sisma, se o cardeal Julio de medices inspi-
que lhe fizerão emterìderpor parte de dona guiomar: e elle detriminou da
rado de Deos não dena os seus uotos como perdidos ao caldeal Adriano
pedir por justissa,e o'Conde requereo a el Rej que o ouússe ermconsselh'o
Bispo Tortoza pouco conhecido naquella corte como estaua ausentedella
onde lhe fes es[a falla ja que as leis de Portugal deuaçarãoo foro antigo de
guouernando os estadosde Hespagna em nome do emporador nascido na
Hespanhapello qual os Caualeirosagrauadosdou,tro,spedião aos Reis em dissldio entre
cidade de Vtre que de'baixa fortuna, m,asleuantâdoáqueleluguar por mere- os dois nobres
luguar de ofereceremlibelos camposaprasadospara manterem com a lança
cimentos de muita virtude e douctrina dados os primeiro'sao de To'rtoza,
suas querellas:beijarei as mãos a Vossa Alteza fazerme Iustiça do m,arques
leuantouse o cardea{ de minerua fauoremcendo esta eleição com algumas

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do Torres nouas o qual contra minha uontade, oo'ntra as leis do Rejno e ,Frincepe de xvj annos, não faltou exemplo para aliuiar a magoa do dote
.asemtoque el Rej que deos tem Vos,sopaj, tem tomado, perLendeser casado de Maria alua perdido, porque vindo a ser Duque daveiro e a cazar com Duque de
Aveiro D. Joi
com dona guiomar minha fi'lha ohaman'docasamentolegitïmo aquelle que donna Juliana de menezesfilrha de dom fernãdo marques de Villa Real,
Lobo
nem Deo,s ordenou nem minha filha com,fessamas imuen'tousomente sua teue a mesma desgraça com dom João Lorbo herdeiro da 'baronia de
cobiça e falsidade de quem o quer emguanar:não fizerão verdadei,ramenle Aluirlo, ao qual falsidades e mentira dalguns terceiro.sque o grangeauão
maior afronta que 'estaos Iffantes de Carriam ás filhas do Cid Ruy dias com pe]Ia valia de seu paj fizerrãoemtender couzas em que esta prinrcesanunca
quem erão casados,porque se as deixarão no carmpodesamparadaserão cui'dara pera o Duque Julgar com'o não faìtou cas,ligo do ceo igualmente
seus maridos tomauam vingança de si e de sua honrra pnopria, da qual comtna os que forção a li,ber'dadedo matrimonio e contra a quelies/fol rB/
podião usar bem ou mal como cada huum fas do seu menos he isto que que procurão comtra rezão e Justiça cazamentos a furto. Mas tornando
defamar de hüa donzella inocente sem outra força damor que dezeS'ode as cousasdeste ano primeiro em que começou dom Joam a R.einarcuidado
minha fazenda Acodi sõr a demasia ,tam pesada e não seia esta quere'lla que o mais desuelaua,era o deseio de casar a Iffanta Dona Jzabel sua Infanta D. tsa
minha o primeiro exdmpro de sem justiça Vossa pois tendes na terra Irmã por desempenhar a palaura que tinha dado a seu paj e ferm,ezura e bel

luguar de Deos para ma não regardes:Em,tendao Marquez que deixando el vertude desta Princesaser deuida ao maior princepe do mund,o:este era o
Rej que / fol. 12 v"/ Deos tem minha fil,ha ia despossadanõ ella podia emperadorcarlos quinto que sospeitauãose conseruariaconse,ruarami- Carlos V
querer outra couza senão,o que fosse seu seruisso,nem o martquezdeuera zade em Portugal'comboas palauras,mas o estadode suas cousasforsa-
ter outro gosto trale Vossa Alteza este meu neguocio não como comtenda ria faser lingua cõ a Jglaterra para asegurar a casa de Borgonha que a
'e letigio dum eslad'o (inda que elle assi o prelende) m,ascomo huma couza fronteira de francaua comesaua desasogar: com a mesma sus'peitase ajun-
de toda minha honrra comtentamentoda Vida, e saluaçãode minha alma. taua o receo dalguma quebra antre Portugal e Castella: porque em uida
maguarão el Rej estas palauras e não faltou naque'lle comselho quem del Rej M'anuel fernão de magalhãeshum caualeiro esforçadoe de muiba Fernão de À4a,

eslranhasseao marques cometer huma em'presatam atreuida hauendopor experiencianas cousasda naueguacãodesnaturadodo Rejno por lhe duui- galhães

grando desacato todos poucos annos de,l Rej dom João por algüs fauores darem acrecerÌrlamento de huma pequenamorradia,inculcou ao emperador
que lhe tinha feito. E ainda que a principal cousa em que se o marques sua indusbriapara desco'brirpor noua viagem as Jlhas orientaesdo maluco
esforçaua era rler pedido licença a el Rej sendo princepe pera grangear de que a coroa de Portugal estau,ada posse do tempo que Afonso de Albu-
estas vodas aos Iffantes não deixauão de ofender os grauos do Conde assi querqueemuiou a ellas Antonio dabreu'como era Historia së duuida.Fer- António de
Abreu
por sua Velhice como pella con,ta que o marquez fazia do que el Rej não de magaihõesfasia demonstraçõesa parentescomo ficauão entre os
dom Manoel tinha acordadoe no comcelhose ouue noua culpa a licença meredianos d,a demarcação de. Castella feita entre el Rej Dom João o
cõ que o marque'sse escuzauaalcançadaem temp'o que os Princep'esnão ' segundo e os Reis catholicos cometeo finalmenrbea viagem e comprio a
tem mais direito no Reino que a esperançae socessão,e finalmente mal palarra que dera ao emperado,rhum nouo estreito da parte do poente
recdbida esta diligencia por muito adiantada,não foi o marquez ouuido, e numca cuidado por onde penetrou aquelle mares desconhecidoscõ raro
e, mes- acoÍdarão começaceesta cauza por sua prizão degradadoo mestre de san- espanto do mundo Inda que no so,cesoda jmpe,sapaguase co,ma p,ropri,a
i' riaso tiago fora da corte p,o'rse escuzarembandos enlLreos 'de sua Caza e a de morte a vingança mal tomada da patria mas os c,astelhan'os vendo o carni-
rm'ariaalu,a, apos isto procedeomuito tempo a catJzano Juizo da lgroja te nho descu'be'rto para nouo comerci,o das riquezas da quellas parfes mais
que por depoi,mentode Dona guiomar se deu a sentença em fauo,r do emcarecidasna europa em,chiãoo emperador de taes esperançâsque o
Iffante dom fernando, emfadadoia de uer este cazamentoposto em letigio, fizerão neste negocio pro,cedercom maior liberacão e acordo mais vaga-
mas persuadirxdo del Rej seu Irmão satisfes a uontade com que el Rej rozo que em todos os oulros dest'adocomo'ao diante veremos: e assi era
dom ManueÌ o deixaua ordenado posto que não faltauão Juizos no R'eino forçado el Rej dom joão espera.ra uinda do e,mperadora Hespagnapara
por uerem poucos anno'sdepois da morfe da I,ffante Dona guiomar, dos mouer o casamento da Inffanrla e atalhar os descomtentamentosque a
princepes que della nascerâo e do mesmo l,ffante dom Fernando que Jmpresa de Fernão de m,agualhõescomesauaja de semear em castella.
: Ma- ouuesse mais Justa sentençado ceo a Ruina da casa de Maria alua cu'jo Não falecião no mesmo tempo auisos de alguns portuguezesque nego-
estado se apagou de todo. Ao Marquez que entrara no negoci,ocontrracon- ceauão em frança como hum Joam Yarezano florentino se oferecia a el Verrazano
tade del Rej comfiado emtão fraca Justiça como era ,a licença de hum Rej francisco descobrir em o o'riente outros Reinos o'nde os portuguezes

374
ários fran- nauegarão e nos porto's de normandia hauer percebimentodarm,adasque pagna o emperador onde se cada dia esperauapara socegodas alteraçois alterações ,
ceses Castela
com fauor dos Almirantes da Costa 'de f,rança e disimuÍação de'l Rej de castella que se mouerão o ano dantes nas comunidadesdos pouos. Ohe-
/tol. 13 v"/ francisco conspirauão Ir pouoar a terra de sancta C,ruscha' gando logo mandou vizríar a el Rej Dom Jo'amp,or carlo Popeto s,euCama-
mada Brazil, descdberta e demarcada pellos porluguesesna segunda via- reiro Monsior derlaxaocõ o,rdemd.ere,formarpas e amizad,ecom este Rejno De Chaux, (
baixador cas
gem da jndia. Acudio logo eÌ Rej a esta demasia alem d,o'squeixumesque e huma ligua noua entre erllee CasSellacontra a caza d'e frança: mas no lhatro em I
auia nos portos de rPortugaldos cosairosdo Reino e acordouseno concelho ComseÌhode Portugal tiuerão por mais seguro partido não se embarca.rem boa

o da Sil- emuiarem a f,rança uor embaixador J'oão da siluei,ra filho de fernão da em parcialidadesemquan'tonão auia couzas maiores para romperem com
r, embaixa-
em França
silueira, o qual foi mui bem rece'bi'donaquella corte mas nos ne.guociosa frança, porque o,s roubos podião ter descontos e remedios ordinarios e
que hia importou menos sua Iornada e a Rezidenciade noue annosconti- declarar-se este Reino por imigo doutro tam poderozo era forçado d'efen. neutralidade
D. João III
nos naquella corte que a despeza que fez, porque a natureza do francezes der a nauegaçãocom d.espezadohrada, e assi poderia fundi,r muito pouco
he rezo,luerem o's neguocios mais arr'ezo,adosem fumo e em palauras e e a segurançaque poderia auer na co,niuraçãosomente ficaua na cortezia
rorato de tinihao Ia espedidoHono'rato Cais gentiÌ homem sa"boianoque em vida del dos anrigos,mas não obriguação de s,e'guiremem tud,ostla fortuna. A con-
embaixa-
' francês
Rej Dom Mano'el viera a este Reino para mouer o casamentode madama cordia e'reformação das pases foi somente abraçad,ae o,ferecidaboa von-
o Lisbq Carlota filha del Rei fran,cisco e aguora vinha com a mesma ordem de tade del Rej o acordo das couzas de frança: desenganaÌloo embaixador
acordar com elRej dom Joam o qual mertiatempo no meio escusarÌdose com daquella tenção que trazia com palauras de que ficou satisfeito e muto
a paiaura que tinha dada a el Rej dom Manuel de dar v.ida primeiro a mais das joias e merces que lhe ele Rei f ez e a hum filho seu que o acom-
Iffanta Dona jza'bel, segundo esta esp,erançaque el Rej daua de sj, assi panhou nesta i,o,rnada.Depois de sua partida começarãotratar no Conselho
era tratado e respondido na Corte de f,rançaJoam da siluei'ranão podendo da necessidadedo cazamentodel Rei cuidando alguns quanto lhe compria casamento d
D. Joâo III
acabar os negocio'sde sua Comição que enrlbarguara viagem de florentino para bom gouerno do Rejno e exemplo d,esua vi)da:e auendoaquelia idade
e poucos nauios de cos'airosqu.eauião nossa justissa por força pura e que- por tam pedgoza quanto hum Princepe soberano he mais desa,tadodas
bra do direito das gentes. Vagou neste tempo por morte de dom joão de leis outros não aprouauão esta pressa de seu cazamento,ou por o Ìogra-
omdo do meneses conde de Tarouca o priora.do do craio suplioo,uel Rej ao Papa rem mais lempo liure e afeiçoado ao$ passa tempos que cada hum lhe ofe-
Cmto
eleito por esLavagança em fauor do jmfante Dom Luis.seu lrmão, a udlta recia, ou por emtenderem que devia proceder a ou,tr:asobriguaçõesprimeiro
de Sousa do parabemdo Pontificadoque em seu nome leuou Aires de sousa,Comen- tendo os portuguezes segura a socessãoda coroa pellos lffantes de,l Rei
da'dor de sancla Maria dalcaçoua e com elle oferreceoda parte del Rei dom Manueú:os procuradores da camara leuados de algumas pa,laurasde
huma pequena Cruz do madeiro em que Christo nosso senhor p,adeceonq Dom Jemes Du,quede Bragança se a,rremesarãoa seu p'arecercõ menos D. Jaime, d
que de llr
monte Ca,luari'oguardada por gr,andeReliquia na te'rra da Abasia charnada tento do que elle por uen'tura qu,eriaporque sua tenção e,raacodir a hum gança

ste João antigu,am,enteEthiopia, e emuiado pello Preste Joam Rej dos Abexis a el grande aperlo em que pusera este Reino o comtrato del Re'j dom Manuel
Rej dom Manuel, a qual o papa beijou e recebeoe com deuaçãoe mostras quando cazov a derradeira u,es com a Rainha Dona Lianor a quem por
de con,tentame,ntoe assi comcedeo este beneficio a jnstancia del Rej, mas direito pertencia a tuto'ria da Jffanta Dona Maria sua.filha, como tambem
espedido em tal forma por culp,a de Ai'res de sousa que segundo dizem o a resütuição do dote com o p'agamentodas a'masao herdeiro d'o Rejno:
não entendeo,foi necesApos (sÍc) e lhe emuiar de nouo a reformar a letra e as,side'sejauao Duque da,liuiar es'teprg'soa Coroa se se procuras'edes-
rr João de
da expedição o Doutor Joam de faria que de,poisfoi chamcelermor deste pençaçãoem Roma pera el Rel' Cazar com a Rainha veuua de seu paj e o rainha D. Le,(
Faria nor, viúva
Reino co,rnondem de nâo passar de Hespagnaachando noua da partida do pouo r,eceozodesta diuida que soe carreguar p,ellamor pa'rtesobre os mais D. Manuel
Papa o qual emtend'endoa vinda do emperador e a necessidadeda sua porbnese não auia por erro solicitar o partido com demasiadoferuor: mas
emtrada em Roma não esperou huma armada que deste Reino e'le Rei nem a virtude da Rainha, nem a vergonha d,e seu emteado / fl.. 74v. /
arte de emuiaua entregue a Duarte de lemos da Trofa para o acompanharnaquella sofreo o cometimento pesand'oante cada hum mais o respeito da honesti-
Lemos jornad'a de Jtalia, panlindo mais apressadamente do que elle e João de faria dade publica que todo outro comcelho só Christouão barrorsoque neste Cristóvão Ba
roso
esperauão:depois teue o Indulto do Papa / tol. 14 / noua comtradição da Reino fazia as cousas do emperador maguado de christouão de m,e'llopo'r-
ordem d,eS. Joam cor,rendoo neguo,ci,o mais deuag'ardo que el Rej suspei- teìro mor o fazer mudar de hüa parte onde esbauacuberto a vista de
taua e veo a lume depois da morte do Papa adriano, smtanto chegoua Hes- el Rej deseiando vingar es'ta degraça procurou em castella nome de

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embaixado,re ,estranhauaiuntam,enteo aluoroço do pouo neste casamento pos s,ofrião,e emtendendoo gosto dcl Rej e o nego'ciopara que era esco'
' da Rainha, e algumas visitações del Rei a seu parecer sqbeiasmalsinadas lhido aceitoua Jmpresacontra parecer de seu paj Velho sesudoe de idade
com auisos secretos,como quem não duuida satisfazerao deseiode sua para a duuinhar os perigos daquelles que antes de Iançarem raizes na
vingança, posrloque fose cõ a propria ruina emtant,oque reco,lhendosse a graça dos Reis se afastão de seus olhos po,r qualquer ocasião: mas etr'le
corte em Rirba Teio de hum rebate de peste agasalhadasa Rainha e a medindo cõ seus spiri'toso roceo d'o paj não deixou de se fazer p,restesp'e,ra
Iffante dona lzab,elno Lauradio e oferecido o Duque de Bragançapara as Ir a Castella, onde el Rej emuiaua e assi se perceb'eoe partio deste Reino
guardar e acompantharte Almeirim onde as ele Rej esperaua por não seguido de muitos parentese ,amigosque o ac,ompanhauão com muirlo ap'a-
faltar ao Barroso testemunhas publicas de seus maos oficios em,bargou rato e despezae alem de muitos ginetes adestro e 'as pess'oasde seu
aquella jornada afirmando que o fazia por orde,mdo emperador o qual se seruisso guarnecidasde seda e douro na cop'a de sua mesa, na gua,rda
ouue por tam mal seruido deste desatino que não som'enielhe emuiou logo Roupa, Recam,ara,Es'cure,ceo a memoria das embaixadasatras: Anles que
or cabreirao doutor cabreira ouuidor do conselhoReal por socesso.rd,ocarguo mas o chegasea Corte de Castellateue hum auiso de posta Com'ona Ilha do Catbo rìau de Ma;
lhÉs
desterou da corte com rigurozo Castiguo: Poucos meses despois mandou Verde embargara a Justica hüa nao de Fernão de m,agalhãesLançada
. a este R'einoo B.ispode cordoua e o conde de Cabra para acompanharem naquella paragem cõ temporal, noua fora do tempo e poÌÌco azada para
rtida de a R.ainhacomo antes tinha assentadotant'o que cheguou a Hespagnamas Luis da silueira negocearbem cuja ordem era Yizitar o emperador da boa
dilatou a sua Jda'muita Jnstanciada Rainha para leuar consiguoa Jffante vinda a Hespagnacom auizo secrerloparra lançar mão de qual quer pra-
ã::;ï.n'""
dona Maria sua filha Vdlendossedo emparador seu Jrmão e de importu- ti'ca mouido sobre o Casamentodo Iffante e p,rocuraro concerto del,lecom
nações 'com el Rej seu emteado o que os pouos de Po,rtugalem n'enhum a satisfaçãoDo Reino posiuel:Mas esta força que a justiça fizera no Cabo
'modo sofrião delriminado,snão deixarem leuar deste Reino nem criar fora Ver.deLancando mão daquella nao e dos passageiroscer,rauatodo o cami-
delle huma Princesa de mona filha de seu Rej natural poìs não era de nho que se podia a'brir para o partido para os Casamentosera forçado a
de idade para Ruinar noutras panles e o gosto da Rainha sua mãj estâua Luis da silueira alterar a,comição de sua emhaixadapois releuauamostrar
oferecido a muitos trabalhos que enürePortugal e Casfella po'diãosoceder da pante del Rei o descomlentamentoque 'linha do emperado,rse esquecer
ìta D. Ma menos duuidozos do que era a sertesa de seu empano e remedio, não da obrigação de seu diuid,oe aceitar aluitres de hü portugues agrauado e
ria
hauendo por m,eÌìorinconuiniente de todos a defença do tratamento que inimigo da patria contudo entrou Luis da Silueira na corte milhor vestido
auia de terem amhos,osRejnos pelrlaIgualdadeque em Portugal'dãoos Reis que se a'rreceauainda que o emperador mal persuadidodalgunsRespondeo
'delle aos Jffantes ir:mãos seus o qual não he posiuel em outros Rejnos as queixasde Luis da silueira como quem tinha o negociode Maluc'oima'
onde ha Princepesgrandesque reconhessem hum só: em'lanto não esquesiE ginado por maior do que na uerdade nossas armadas o tinhão exprimen-
no concelho de Portugal a necessidadedo Casamentodel Rei de que ell'e tado, poque em nauegaçãotam comprida e offerecida a 'lormentas,nau-
trataua cõ gosto deseiandovir a lum,e,a troca da Jffanta Dona Jzatbelcom'o fragios e pouca verdadedos officiais, fundia a negoce'ação pouco, e não
tinha prometid'o 'a seu pai a quaÌ d,esejandoJgualmente os pouos de Cas- faltauão razõesa Luis da silueirapara aua iar ainda em menose desuiaro
tella fazendo muitas lem'brançasao emperador nas Cortes por seus pro- emperador do Interesse que ou'trem lhe emcaresìa, / fol. l5 vo / Nesta
curadores com esperançade segurarem as cousas de Hespagnae remirem porfia andou aiguns mesessem poder dobrar o emperadorassi na posse
as nesse cidades da Coroa em muita parte com o do'te da Jffanle e acordo como na propriedadeou o cegassea esperançadaquelle descobrimentoou
das duuidas de Maluco, / fol. 15 ,/ cuias esperancascada dia Ihe hiã'opa,re- sua cauza the paresessemais iusta parecendolheem fim mao concelho
cendo majores e para aluonoçaremo emperadoro emcarecião,comgr,andes romper com portugal em tempo que o asombrauãoas cousas da f'rança el
louuores a fermezura e Virtude desta princeza de sorfe qu,eo forão pouco Rej franciscose tinha ia declaradoem ltalia, Respondeoa luis da silueira
ii.1qi 9" a po'ucorendendo aos dezejos do pouo e ,auerparentescode Jnglaterra por por seuscomissariosque teria gosto nos casamentossendoel Rei contente
"â:',t"'rï* menos acertado Para negocio ,tam importante foj nomeado no Conselho de se acordaremas cousasde maüucopor Justiça,da qual palaurase con-
dos nossos Luis da siluelra herdeiro da Casa dGoes que os rnontanheses tentou Luis da silueira comfiad,ono direito de Portuga'I,e alegre de ihe
. da esbrada fundarão neste Rejno em tempo de Dom Affonço o primeiro ,ab,riremcaminho para tratar sem peio do nego'cio principaÌ a que hia
Criarase na Conte da primeira Jdade ond.efoi aceito a el Rej sendo Prin- mouido por outrem para mais gosto del Rej: Assi tornou este Reino, e foi
cepe por seu auiso brãdura, e noticia de boas lefras, quando aquelle.stem- bem Recebido dandolhe dl Rei audiencia purblica na qual lhe esqueceo

210
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beijar a máo ou por descuido ou por aluoroço: culpa mui Leue se a não de Rodes ,orndenão auia mais gente de guerra que oitosentoscaualeirosdo
agrauarão odios alheos:e inda que fora doudice enamais para perdoar pois Flospital e sinco mil gregos naturaes mai contentes do empe,radorde Cons-
merecia piedade: Mas alguns compitidores que tinhão ocupado o lugar de tantinopla Manuel ter dado Rodes á Re'ligião quando se perdeo Heerusa-
Luis da siluei,ra quando esteue em Casteilla,não I'he leuanta'rãoa lança lem: o Tu,rcopercebi'do,faleceo farbridioda Carreto gram mestre da ordem,
como os ,orbrigaua sua fidaìguia: antes fizerão desconfiarel Rej pondo outro 'em cuio lugar pella Rezão que asima dise, socedeoPhilipo vilhar lalisdam
nome aquelle desas'tree comesarãoacoimar nouas culpas poderozaspara frances valerozo, mas inimigo de frei Andre por competenciasantigas e
sesfriar no seu spirito o gosto e boa vontade que antes tinha mostrado a palauras entre elles de que o porlugues ficara milhor: po'lla qual rtazão e
antóniode Luis .da si,lueira.Culpáo algumas nesta mudança dom Antonio detaide que
de, depois
alguma sospeita que o gram meslre teria da magoa de frej Andre e por
r"'a^ õ""_ dipois foi Conde de Caslanheira,mas a meu Juizo cada hum delles foi uentura da,lgumas palaurassoltascomo aconteseaos homensjuizesde seus
tanheira oficial de sua ventura, porque dom Antonio emtendendo a bondade del culpou alguns gregos e enlre elles o gram chanceÌe're cõ
meresimentos,
Rej soube milhor g'rangear transformado todo em sua boa jnclinação, fracos indiclos de fauorecerem a natureza do Turco, procedeo contra os
. emcobria sempre a valia muj ,comedidoem sua medrança: Luis da silueira cuÌpados mandando publicamente dego'lar frej andre do Amaral não lhe
auia o crecimento do es,tadopor uerdadeiro fructo do seu seruiço,não he uale'ndotantas bandeirasganhadaspor sua uirtude aos mesÍnosimÍgos e os
de espantar se o colheo no mundo, onde o tinha semeado,mas contudo merecim.entosdos'muitos seruiços a reÌegiao christã: m'or'reofina'lmente morte de F!
André do Am
sofreo com maior igualdade despirito a inueia de seus enemigose a perda cõ merÌ'o,spa'cienciado que a sua alma naquele tempo deuia com taes ral
daquelle lugar do que mostrou tempe'rançaem sua prosporidade.No tempo palauras e protestaçõesque forão verdadeirastestemunhasde sua Ino-
que esteuve em Caslella socedeoa perda da jlha de Rodes com maior cencia: sospeitãoalgús permitir Deos aquella morte pollo decoro mal guar-
afronta dos Princepes christãos (descuidadosdo socorno dell,apellas dis- ,dadoao Bispo seu amo quando s'edesaueodelle e lhe pedio a s'aliSfaçãode
cordias que hauião entre si) do que foi a culpa assacadapollos francezes seu serulço com a espadana mão contra as le'is anligas do Rejno: não dei
Andrédo a frei andre do amaral Baylio e gnam chançaler da ho,rdemdo hospital de
ìral, Balio
xou o turco continuar os assaltos, minas, e recontros com que comesou
e Rodes Hieruzalem: era este Caualeiro portugues bem nascido, Criado em caza esta guerra e assolara / fol. 16 v' / a maior parte da llha e sem afroxar
de Dom Joam Galuam Bispo de Cuimbra do qual des'auindopor culpas do hum só dia aquellesimportunos rabates entregarãoseos cauaÌeinosdeses-
Bispo em'tregue a particulares afeições veo a ter a Rodes e Recebeoo perados de todo o socorro pello partido mais fauoravel acordado dambas
hatbito, alcansando aquelle luguar por muitos seruiços de guerra e more- as partes n.o mesmo dia em que Jgreia cele.braa memoria d'o nascimento
sera a h,onrra soberanadaquella Religião se o nao encontrarão os portu- de jesu .chisto nosso senhor, po'rque em lugar dos psalmos e sacrificios
guezes / fol. 16 / naturaes que se acharao na Religião emueiozosde sua daquella festa se ouuisem as trompetas dos vencedores'Tornando Luis
Virtude: tanto mais para estranhar antre Cauaüeirosquanto menos o mere- da silueira a Portugal de,rãologo presa a escolheremdeputadosde huma Conferência r
Badajoz sobre
ceo a este Rejno Frei Andre do amaral aquem elRei dom Manoel em moria parte e outra p,arao Juizo de maiuco e porque a iunta que se fes delles em ilha de Malut
dos muitos merecimentosacrecent,ouas Jnsinias do sua antiga linhagem, Badajos mais pareceode homens afeiçoados,que de juizes inteiros, e os
noua nobreza, não somente pellos auisos darmada de Mirocem em tempo letrados dambas as païtes aprofiando pe'rderãoo Rasboda justiça gastado
do Visorrej dom frãcisco dalmeida, e daRaes solimão gouernando lopo o negocio principal, darey noutro lugar conta delle com milhor satisfação
soares, mas da victoria naua,lque em nome da Religião por seu esforço e de quem lor esta historia, ajuntandoa toda no tempo em que se aueriguou
industria ouue darmada soldam da cai,ro quando pasaua de Grecia em per transaução entre el Rej e o emperador por dar noticia da'lgumascou-
Alexandria oo,m madeira cortada nas montanhas descandalorcom tenção zas dos estadosde fo'ra depois que o gouerno del Rej as começou alterar;
darmarem sues hüa fr,octapara a lançar os portuguezesda india: mas nem Ao tempo do falecimento del Rej dom Manuel, quiz el Rei seu filho con-
esta obrigação publica nem o esfo'rsode Frei Andre po'derãodobrar em 'seruaros ministros escolhidospor elle no mesmo lugar em que os leixara
fauor seu o animo dos portuguezes, antes auendo alguns annos que soli- seu, pai, e auendo por mais seruisso não experìentar noua industria
mano Grande senhor dos Turcos sufria pesadamentea Vizinhança de emquantoos negociosprocediãobem e a voz do pouo não bradaua polla
'Rodespo{la guerra e continos assaltosda Relegião,aconcelhadode muitos falta do gouerno e justiça, começauaneste tempo a ser pouada a costa da
dias fes grande percebimentode gente de guerra nauios a,ntelhariae moni- prouincia da Sancta Cruz chamada Brazil descubertacontra 'o poente nas a província
Smta Cru
çoes aiuntados em segredoe com armada desacustumadaveo sobre a Ilha primeiras pra'jas do mundo nouo que daquella parte achou primeìro

380 38t
Pedralues Cabral na segunda viagem da jndia, era terra sadia, uiçosa e seu lugar dom Henrrique seu lrmão'foi dom Duarte esco,lhidopara gouer-
para criar muito gado, roças daçucar; algodam, outros r4antimentos de nar o estado da jndia e dom luis monteiro mor do Principe por capitam
rmto do que se pudera fazer hum estado mui rico, se no ooncelhodo Rejno ouuera mor do mar daquellaspartes: todos tres filhos do Conde prior merece-
rasrr dores das ho,nrrasque portugal deuia aos seruiços antigos e nobresadeste
milhor or'dem para salargar e creçer: mas as colunias dos portuguezes
emuidos par'a amançar esla terra erão malfeitores e degradad,osdo Reino sangue:só Dom Duarte não res'pondeoá opinião det Rej ou afogassemdeli-
por culpas nascidasdo ocio que os f,orçauaviuerem do alheo, e nao he cias da Jndia a spe,rançade sua virtude ou sobeia co'biçafoss,enelle mais
muito se ensinados em cadeas publi.cas aos piores custumes a,brissem poderoza.Achou ormus leuantado,as oouzasde Cambaiae Dio, em Rom- sucessos da
lndia
outra escolha naquellas pa,rtes onde os naturaes aprendessemviuer des- pimen'to, e ouuerão algús que a f.onte donde nascerão os desastres de
,contentes d'e nosso trato e conuerçaçãodando atruimento aos francezes maÌaca e partes do sul fora descuido e poÌrrcogouerrÌo de Dom Duarte:
para os irem'buscar tam longe de europa.Muitos annos depois des,cobrioo E na uerdade em seu tempo fauoreceo tanto a ocasião de emriquece(src)
tempo mais destaterra, de que daremosemformaçãoem seu Lugar: ficauãc os amigosque quasi se perdeoa Reputaçãoprimeira dos Portugueses entre
as forças que esta coroa tem na fronteiras de Berberia menos proueitozas os mouros e dom Duâ,rteouue a obriga,çãoda justiça por derradeiracomo
, nos derradeiros anos del Rej dom Manoel; porque nos primeiros em que deu a entender em algús cargos que tirou e proueo a sua Vontade. Che-
começou a Reinar quando os Reis de Mar:rocose de fes acabarãode perder guado a Jnd.iateue auiso de dom Garcia coutinho Capitão de Ormus da D. Garcia Cou-
tinho
a reputação primeira pellas gue,rras de casa e pouco respeito que os noute em que os mouros se leuantarão por querer el Rej dom / fol.77 v" /
'Alarues tinhão acaba'dohum delles tiuerão os portuguesesocasião não Manoerlreformar Alfandega daqueÌleReino, e a conspiraçãocom que mete-
sómente para ganhar lugares fortes nos portos de Berrberiae a Vasalar rão a fio da espadatodos os P,orgueses (sic) achadosfora da fortaleza e
polÌa terra dentro muitos Alcaides que paguauão de pareas á Coroa de noulros portos desteReino como foi Rui Botto na Jlha de Barem martiri- Rui Botto,
D. Luís de Me-
Fortugal a despezaque a guarníção/ fol. lZ / daquelleslugares fazia: zado por .comfessara Rdlegìáo catholica: Mandou logo o gouernador em neses, Manuel
poucos anos depois comesouleuantarseentre os mouros concorder'eüe- sacorro de ormus dom Luis seu Jrmão ,co,marmada ordinaria, e apoz elle de Sousa Tava-
res, Femão Va
gião, os filho,s do xarife de Dara, e tiranizar a milhor parte de Af.rica, por Joam roiz de noronha pr.ouido nauagante de Dom garcia da mesma f'or- Cernache, Tri+
fraquesa dos Reis della apagadade todo aquella casa dos merines de fez: taleza, os quais acharão noua com quanto esforço Ihe tinha socorrido tão Vü da
Veiga
Afloxarão tambem as armas dos Portuguezese os mouros tambem guiados Manuel de sousatauares e fernão vas Csrnachecõ dous nauios darmada
de Capitães mais valerozos forão píoucopouco sacodindoo Jugo primeiro que andauãonaquelle estrei;loda outra parte de Aratbia:emtrando na for-
oo de ficando as fo'rtalezasganhadaspellos Portuguesesmais custosase pesadas talesa tres dias primeiro Tristão Vas da ueiga a tempo que os mouros
@os tinhão os nossos sercadose.elle com,o beneficio da noite e Roido das
a esta Coroa 'do que Jmportaua o senhorio delÌas, e contudo el Rej
. dom Manuel não deixou nunca de as prouer de presidio seguro e capitães ondas emganara o Corpo da guarda não somente teue esta uentu,ra,mas
esforçados:mouido do conselho del Rej dom Joam seu bisauo,quando ao tercei,rodia que descobrioda fortalesa Manoel de s,ousaposto que os
tomou a Cidade de septa em B.erberiaso por a adestrar a nobreza de por- mouros detriminassempor tolher aos nossos fauor defender{hea desem-
tugal no exerçi'o das armas, e não emfraquecer e se fiminar com a segu- baraçam,Trislão Yaz não duui.douromper por meo delies e ajudar os Capi-
rança da paz: po,rquenum mesmo tempo florecem os bens della com igual fães de socorro, os quais cercaua hum cardume de nauios de remo comiu-
lembrança da guerra, que entre os Reis Vizinhos po.dianascer de qua,lquer rados de morrer nesta emprezaprimeiro que os nosos tomasemporto, e
desauença.Por esta Resãosostinhao peso daque'llasfronteirasposto que asim duma parte e daoutra se peleijo,ucom brauo esforço e perigo dos
em outras partes do mundo se fasião conhecer os po,rtuguesespor seu nossosse a mare os nã,0trouxera contra afortaleza donde Vare,jandoarte-
esforço com mais proueito desta Coroa, e as esca,ramuças de Africa não 'lharia afastou os inimigos. Aìegrou dom luis esta noua inda que achou a Ormu

seruissem demais que ensinar os mouros a perder o med.oe a faseremse Cidadede ormus asoladae os mouros Ja recolhidosa Ilha de queixome
grandes mestres de guerra como aconteceo em leues recontr,osa outras vesinhade persiapor consselhode hum Raesxarafo justica mor de ormus
nações: Jsto en,tendeobem elRej dom Joam o 3o quando alargou algumas Auto,r de toda esta conjuração mas ia nesle tempo desemganadoda defe-
fortalesas com milhor concelho do que teue quem as conquistou.Mas no rença de sua JnduStria a Virtude dos nosos. Este mouro vendo a fraqueza
te ano de xxj tirara el Rej dom Manoel do gouerno de Tanger com Duarte de del Rej Tu'ruxa e reseando a culpa que lhe auia de dar quando se acor-
-lÍo
)Vema-
rânger meneses criado na guerra de Africa onde ganhara honrra e deixando em dassecom o gouernad,orcomo tinha por certo ordenarlhe a morte por não

382 383
ter contra sj e em seu lugar Leuantou por Rei Manuxa moço de pouca xarafo, deulhe o gouernador el Rej Manudoca por genrro e reslituio ao
Jdade filho del Rej Ceifadim que afonço de Albuquerque fez tributarios. offlci,o primeiro que em effeito era o poder e neruo de Ormus cõ o qual
Era forçado a dom Luis dessimular esta morte e outras demasiasde que pode xarafo vingarse do bando conlrario principalmente do xabadim, e
os Portuguesesacusauãoxaropo por restituir aquelÌaCidade ao Comersio dom luis trenado neste tempo do estreito, mostrouse descontente do gouer-
primeiro, e ainda que secreta mente lhe auo.rressecexarofo quis seruir ao nad,or e mui'to mais da fortuna não lhe oferecer naquella Jornada ocasião
tempo e acordarsecom elle em nome da Coroa de Portugal Jsentando de ganhar alguma hon,r.ra, saluo hum assaÌto na Costa dAra,bia em huma
aquelle estadodos CapitãesPortuguesescõ obrigaçãod,oxarafo pagar as cidade chamada xaer onde socorro apressado deÌ Rej, e hü temporal Rio
parcas deui'dase satisfasera perda do lauantamentomas em segredopro- / fal. 18v" / lhe fizerão so,ço'brar algum despojo. Dentro no estreito
meleo a Raes Xahadim culpado na morte deÌRej Tu,runxao cargo e iugar esperou por dom Rod,rigo de lima embaixador na cor,le de Abasia (cha- D. Rodri
de xarafo se lhe tirasse a Vida: o que não veio a efeiüopor culpa do Ìim
mada por erro do Preste joam) emquanto a monção Ìhe deu lugar mas des-
gouernador / fol. L8 /, porque emtretanto teue noua del Rej dom Manuel confiado de sua Vinda partio d,o porto de macua e de caminho deu na villa
falecido e da maior parte darmada deste Rejno do ano de xxij enuerna- de sofaralem do cabo de fartaqui ia despoiado dos mouros.
Pedro de Cas- rem em monçabique, onde dom Pedro de Castro hum dos capitães della
tro
Não socederão mais prosperas as cousas da parte do sul; antes perderão os ilha de
restituira aos senho,resd,e Zanzibir e Penha vassalosdesta Coroa, a llha nossos na jlha de samatra a fortalesa de Passem, a primeira que os Por- tn
de querimba liranizad,apor ele Rej de mo'cabaça,per donde seu Jrmão tugueses alargarão na Jndia depois do desco,brimento della, desconfiad,os
dom Manuel nesta impresa e os despoisenemigossoçarbrados no mar para de a defenderem mais por receo do pe'rigo, que aperto forçado: fica esta
desta j,ornadalhe não ficar mais que a honrra: e espedidaa armada do Ilha vezinha de malaca conhecida por nauegação e comerci,o nosso, de
Reino e a de dom Luìs pera o es,breito de mequa fes outra prestespera ir cuio sitio, fertilidade e riquesa da Ioão de Barros verdadeira noticia, he Joãode I
Francisco Pe- em pessoaao Reino de ormus deixandoem goa FranciscopereiraPestana repartida .em muitos Rejnos pola fralda do mar, pouoados de mouros
reira Pestana
Capitão della (nomeadopor seu esforço e prudenciana guerra entre os esLrangeiros de Persia, e Aralbia, e fica o sertam della o'cup'adode mouros
socessoressecretosdo Estado da Jndia) o qual cõ a detençado gouernador naturaes menos poderosos, e inda que todos em'fraquece a deferença da
em ormus sosteuehúa guer.rado ldalçao, despidaaquella Cidade de guar- religião e discordias que os moÌÌros tem emtre sj contudo podem defen-
nição: porque a frol dos homês de guerra acompanharâoo gouernador derse dos inimigos e cada hú Rei per si, por em perigo muitas Veses as
naquel'la jo,rnada e o jdalçao espreitando nossa fraqueza apnoueitouse armadas de Portugal. Tinhão os P'ortugueses no Reino de Pacem a forta- reinodc I
Rui de Melo desta ocasiãopara cobrar as tanadariasde Goa que Rui de melo lhe tinha lesa que fundara Jorge daibu,que,rque quando tornou a gouernar malaqua,
ganhado na gue,rrade narsinga das quaes se restituio neste tempo com era Capitao della dom Andre AnrrÍques das Alcaçouas amigo del Rej de D. Àndrú
pouca culpa de Francisco p,ereiraque não quis auenturar perder a Cidade a Pedir acolhido neste tempo a Pacem com esperança de se resti,tuir com 'quc
remao -Eanes tro,oo das tanarias que Fe'rnam deanes souto maior sostentou valeroza- fauor noss'o daquelrleReino donde Ìançaua Abrahemo Raja que o mesmo
de Sotomaior
mente emquanto pode ganhamdo huma vitoria estranhano Rio do sul, Rej de pedir criara em sua caza nascido de hú seu escrauo e por seu bene-
mas os mouros reforçadoscada dia mais ocuparãoa tena que depoissegu- ficio emuestido no Rejno daChem; os naturaes de pedi,r fauorecendo a for-
raram por concerto de pas: em tanto chegou o gouernador a Ormus com tuna do vencedor conspirarão ,contra o Rej natural, e 'o chamarão para lhe
pe,rda de hüa Gale que o descuido e pouca vegia de dous capitães da sua emtregar seu estado com tençan de fazerem outra em'trega delÌa e dos
armada deixarão leuar a hús mouros de mequa: e achou na forta.lezade Portugueses que estauão em Paçem aquelle tirano leuanlado contra seu
ormus o mesmoxa,rafoacolhido a ella receosada m,orte.queDom luis dei- senhor que tinha. traição tramada daqual escasamento pode escapar el
xaua negoceada,era es[e mouro alem de sua valia e riquezagrande o'ficial Rej de Pedir, e os P,ortugueses que leuou por mar ficando no Rio de mare
de palaurasboas,pode persuadirao Gouernadorsua Jnnocenciae descarga vasia ofe,recidos ás frechas e zargunhos dos Jnimigos, emcrauando a maior
da coniuraçãopaçada e da morte del Rej Turunxa tendo as testemunhas parte delles, entre os quais morreo dom Manue'l seu jrmão do Capitam de
ausentese ganhadaa vontadefina,lmentedo Gouernador,assentarãoambos 'Pacem: de cuia morte tomoÌr logo hum ag,ouro da perda daquella fortaleza,
paz e com.co,rdiacom a mesma obrigaçãode restituiremos mouros o dano porque tambem A'brahemo animado da que,lla treição bem aforlunada
Recebido no aleuanlamenlo e pagarem secenta xarafij,j de parias e,m mandou por hum Jrmão seu sojugar todo o Reino de Paçem comfiad'o de
lugar dos quinse mil que os Reis de ,orm,ussoião pagar, e por se,gurar o ganhar a fortalesa emquanto os Porlugueses desmajados desesperasem

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doutro fauor. Dom Antoni'o com este Receo e dezejosque tinha de lograr do imiguo que auenÌura neste tempo e nossos trabalhos fizião cada dia
em terra de paz huma presa riqua vsurpada a el Rej dom Manoel e aos sol- mais poderozas.Cometera fazer guer,ra dentro em Bintão por comcelho
c@rho dados contra direito / fol. l9 / da guerra entregou a Aires coelho aquella de hum mercador agrauadodel Rej o soce,g,o da imp'resao fes t.o'rnarrepen- MaÌaca

fortalesa inada que fa'lta de monições e mantimentos oom artelharia bas- dido a malaca. Mandou ao Rio muar vesinho de malaca dom sanchoemrri-
tente para soster os ameasosde Abrahemo Ra.ja,nauegandopella costa de ques de barbacenae em sua companhiaDuarte Coelho e outros capitães D. Smcho H
riques
'tião de samatra encontrou Bastiam de sousa e Martim correa na Viagem da escolhidoscom tenção de tomarem nella armada Jnemiguacomo estaua
Mdtim
.;l;--- Banda, os quais auisaods do correo de Pacem acordarã,odarlhes socorro auisado mas Anrrique leme humdos capitães sem ordem de dom Sancho
e elles por sua pa,rtee Aires coelho com os da Forta,lezarebatarã valeroza- dese,joso ganharhonrra como acontesena Jndia, adiantouse,e mandouhúa Duarte Coe
mente dous ou üres assaltosque fizerão reilirar os mouros onde os nossos Iancha'rareconhecer o Rio quand'o os Jnimigos mandarão por outra sua Henrique Le
,os pe'rdião de vista: Arribou em'tanto dom Andre ao porto de paçem a espreitar a nossa armada, e emcontradas ambas as lancharas acodio
força de hum temporal e por acre,centarnoua culpa, a f,raquesacõ que par- Anrrique leme ao estrond,odos arcabusesno mesmotempo que rompeo do
fíra, fez hü comselh,ode guerra cõ a gente milhor emtendidahonde vota- ceo hum tem'poraldasatinado,a força do qual o leuou meo sossobradopello
' Rio asima no meo darrnada dos mouros onde as suas mãos perceo cõ
rão, hüs por lhe i'r pouco na honrra que elle deseiauaperder, outros por lho
medo representar g perigo m,aior, ser milhor partido alargarê a fortale'sa oulros Capitães da conserua que lhe quizorão acodir, e emsinarão a
emquanto tinha desuiados,os Amigos e podia saluar a artelharia, a qual Dom Sancho cõ este desastrealçar as velhas e não exprementarema for-
recolhida com pouca ordem sajrão do porto deixando a fortalesa nas mãos tuna em tã conhecida ventagê. Mas poucos dias depois não ihe faltou
'dos Acheões quasi num mesm.otempo qu'e pare'cia no mar socorro del Re'j outra ocasiãopara psrider a uida com s'euJrmão dom Antonio Henrriques D. António riques
H

de Dariõ amigo nosso e outro de malaqua que o mesmo medo lhe fazia no porto do Reino de pam: fo,rão ali ter cõ hú junco e dous nauios nego-
Âronsoimposiuel. Era ya desbaratadana china a armada de Martim Afonso de cear mantimentos para malaca confiados na verdade do Rej e auido p'or
Melo
mello no porrto de tamou, doutra mais po'derosados Chijs declaradospor amigo nosso o quâl em segredocasara com húa filha del Rej de Bintão e
rina inimigos nossos, pe,r industria de Mahomet Alodin, que Afonso de AÌbu- parese que prome,leraá esposae marras as uidas daqueldesPortuguesses:
querque lançou de Malaqua e neste tempo Rejnaua na Jlha de Bintam tam maldade estranhainda que antiga naquelÌesReis do ori'ente,esta foi come-
magoada daquela perda que alem de nos faser guerra continua e ser sem- tida de'p,oisque dom sanchocom a presa de emuiar o socorro espedioos
apura pre serrado o estreito de singa pura cõ suas lancharas armadas persuadia nauios dos mantimentose ficou em hum de presidio que nelÌe tinha, emga-
a todos .os Reis daquelle oriente Vesinhos como entrauamos á som'b,ra nado em tanta segurançade paz, na rboafee na qual perdeotambem a uida
damisade e cornercio e pouco a pouco ganhauamosna te,rra tiranizando a aspos elle Andre de brito que uin'do do Reino de siam emtandoneste porto André de Bl
nauegaçãoliure com outras forças e injurias de que os Reis nossosamigos com a mesma comfiança.Dom Gracia He'nmiquesdetriminou rest.ituir estas D. Garcia H
riques
podião dar fee. Estes queixumes del Rej de Bitao e aÌgumas dem'a.sias de perdas animado de Jorge de Al'bu,querqueque não podia desempa,rar
deAn- simão dandrade quando foi a china aluorocou aquelle estado de sorte que Malaca em tantos apertos e sorgindo cõ 'a sua armada de fronte de Bintão,
ade esperauao inim'igo fora para auerigoar a contenda, laqueximana Capitão
não somente prenderão e mataram o,s Portugueses que la deixou, mas
sai,rão ao encontro a Martim Af'onço de mello, não lhe deixando fazer da armada del Rej de Bintão receou este emcontro polla noticia que tinha
auguada nem rece'beroutro gazalhado saluo de suas bombardas,com que da Virtud'e dos Fo,rtuguessese contra a vontade que tinha de Molei
romé foi forçado a martim Afonso alçar as uellas tendo Ja perdido Joam tomé mahamet cõteue os seus e mandou hüa Almadia reconhecernossa armada
hum d,os maiores homés e eforçados Capitães do seu tempo. Jorge de cujo atreuimentomoueo os nossosmandarédous carauelõesno alcanssem
Albuquerquenão tinha menos trabalhado,com as cousasde Malaca desa- delÌa que o 'deseiode vingança fez meter pell,o Rio onde forão tomados
socegadaspor industria del Re'j de Bintam que em vingança de sua perda dos mouros e dom sancho desesperouda jornada aconselhadofazer esta
tinha aquelle estado em sobressatlo contino posto que lhe não faltasse guerra quando milhor ho'ra the oferecese,mas / fol 20 / ernlantoo enimigo
muito esforsso e prudencia com,otinha mosLradona guerra da jndia, mas nã,0afloxaua nê na Jlha de saua socedianossâs cousasmilhor: tam custu-
te Àlbu- neste gouerno de malaca não som'ente era forçado.a Jorge de Al.buquerque mados estauãotodos aqueliesvisinhos de malaca em iuriar os Portuguesses
rque peleiiar com os mouros, ma cõ a fome e os Ares passadosdo ceo que lhe ou por força.sou treição. Em maluco de quem era capitão Antonio de Brito Brito,Àntónio d
caPi
id,opouo a pouco gastando as forçadas partidas e desiguaesàs / fol. 19v" / auia dous Reis daquellas l,lhas de ti.dor e ternate amigos dos Fortuguesses de Malus

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dos quaes deseiandocada hum em competência(posto que parentes)ami- onde o Apostoll,o estaua sepultado: com a quaÌ noua fìzerão os nossos
rernate sade nossa escolheoAntonio de Brito a Ilha de ternate pa'ra setuar a for- cauar a terra, aos sinco palmo'sacharão huma campa de pedra laurada da
talesa que et Rej dom Manuel a rogo destes princepez mandara edificar parte de denlro de letras antigas que dauão fee ser este templo edeficado
'em maluco porque tam'bem o Rej desla Ilha defunto em tempo de fernão por são Thome Apostolo de Deos no tempo do Rej sagamque lhe dera a
de magalhões (quando emtrou nestas partes por caminho desconhecido) disima do porto de liam porque com g,randeprotesto de s'eussocessores
tóniode comseruar amizade nossa como prometera a Antonio da Breu, e em tudo não quebracemem aigum tempo esta doaçáo, estas reliquias sanctasguar-
Abreu
ou por 'esperançasde inte,ressede negoceaçã'o,ou por receo de nossas dadas em hum cofre da china guarnecido de prata leuou Manue'lde frias
ar'mas se mo,straua afieigoadaaos Portuguesses fi,caua Ca,chidarro'espor a d'echime ficarão ,emtreguesa dom Duarle onde estÌuerãoate o tempo de D. Constmt
de Braganç
titor do princepe Bohat herdeiro de ternate, cõ fauor dos Portuguesseshia d'om costantino de Bragança vizorrei da Jndia que por hum religiozo de
crescendoem forças e grandesatanto que fez desconfia,rde sua Verdade e s. franciscoas passoua Jg'reiade S. Thome na cidadede Goa, emquanio
da menagem dada quando aceitou o .gouernoa Rainha veuua, e os prince- estas cousas,corriamassi na Jndia el Rej dom Joam prouia o estado della
paes de ternate aiuntando a suas sospeita o crescimentoda fo,rtalesaarte- cõ as armadas,ordinariasdescontente'de muitos ,queixumesque tinha cada
' lharria nelda prantad,a e o muito apanelho que auia para cachid.arro'es ano daquelle gouerno e muifo mais da grande apressãoque auia neste
emtreguar o Reino aos Portuguessesquerendo Antonio de brilo aceitalo Rejno com a guerra de Africa assi pella despesadella s'emoutro proueito
cõ qualquer partido de pareas, pois o poder nosso hera muito, e amizade que repartir suas forças e crecerem as diuidas de sua fazenda começou
entre elle e o Capitírm era sobeja:Almançor Re,jde tidor magoadode Anto- tambem ,Lrataremcomselho de reformação daquellespresidio'scorn que ia presidios d
Moridôos
nio de Brito estimar menos sua amisade e ,o sitio que lhe oferecia desejou dessimulando ate des,co'briralguma ocasião daliuiar esta carga: tinha
de reuoluer as cousas de ternate e aconce,lhoua Ra'inhaveuua sua filha emuiado a castella depois de luis da silueira Ped,rorCorneade Atouguia e Pedro Corr
Atouguia
desempa,rasseo Rejno e pusesse os filhos em saluo e auendo que d'esta o doutor Joam de faria ambos de seu Comselho para corrrerêos casamen- de Joáo de Fa
maneira ficaria úerna,ledespousadoe for.catia aos Fortuguessesmudar o tos a troco do que Ìuis da silueira tinha palaura'doemperadore juntamente
ooncelho a quem importaua sostentar fortaleza naqueliaspartes pello inte- cõ o negorciode maluco que daremos informação oomo prometi e naquelle
resse da negoceacão,esta trama emtendeo Anbonio de Brito e não deu tempo acharão os em'baixadoresem castella dom Bernardo Manuei filho
tempo a Rainha pera executar o concelho de seu pa'j porqu'e lhe tomou de dom Ioam Manoel Camareiro mor del Rej falecid;oe alcaide mor de D. Bernard
Manuel
os filhos de caza pera segurar a fortaleza (como penh,orda palaura del Rej sanctarem, era dom Bernardo hom,em igualmenle esforcado e leu'e nos
Bolefe defunlo) com a qual f'orça se aluoraçarão os da llha de tidor de concelhos:'ou fosse por sol.tar a algumas palauras ou por qualquer mao
sorte que vierão romper guerra cõ os nossose ficarã'oganhando'dellaper- oficio que tentasse fazer em casa da excelente senhoraviuua neste tempo Joáo Figuei
' derem a llha de maqcem de que Almancor ,eos Reis de Ternate erão senho- e guar'dadapor Ioam figueira no casteilo de lisboa foi acusadoante eÌ Rei
res iguais como a a,juda que os ,Po,rtuguesesderáo a chachidarroes,e por Joam de souro caualeiro da ordem de santiago de se atreuer persuadir À excele[te
nhom
póstolo assim per.derãoo Luguar principal de tidor posto no cume dum monte. aquella Princeza sua llberdade oferecerndosseleuaia a frança em hum
romé Nesie mesmo tempo de 'dom Duarte mandou ele R.ei dom Joam buscar a Galeam seu /'fol. 2l / como homê que fasia só cõ seu spirito a conta de
smander sepultura do Apostollo S. Thome na costa de ichoromandelpara descubrir huma Jmpresa tam douda e por não ser muito alhea de sua condiçao man- João Osóri

algumas ri,liquias suas e as fazer guardar com deuida veneraçãop'ostoque dou el Rej guardar no castellode sanlarem donde corend,o esta causa seus
algúas se achacem na prouincia chamada Hoie diab'er, dom Duarte termos e uindose a entend,erser mais leue do que ,lhe fora pintado deu GiI Homem
Aveiro
nuerde / fol. 20 vs / d,evdeste carguo a Manuel de frias capitão daquella costa que ordem a gil homem de Aueiro a quê o tinha emtregue com hüa esquadra
Frias com algüs sacerdotese hum architeto foram ter a meliampor (onde era de cauáleirosda guarda pera o despedir e aliuiar a púzão a dom B.ernard,o
fama d,aquella sepultura do Aposto,lo, cida'de as,soladae posta por terra, para sair della e lançarsse em Castel,ladonde negociauão cõ os nossos
mas de muita grandeza e magnificos edificios quanto mostrauão suas embaixadores,restituisse a graça del Rej mas ,ellesemtendedoseu pouco
ruinas 'entre as quais descobrirão as reliquias de hti templo espaçosode socego não somente fi,zerãocom el Rej este o,fficio friamente, mas lem-
que se laurara húa ca,pellacontra oriente laurada por for.a e por dentro de brarão ao emperador o desgosto que el Rej teria lançado mão de seu
muitas cruses espelhadaspolla ordem daquelle tempo. Afirmão os natu- seruisso,e assi foi fo,rçadoa dom Be,rnardofazer o,utra peregrinaçãomais
raes da ter,ra por antigua memoria guardada de ano em ano ser este luguar comprida onde acab'oumal comtente. Não dejxauão os embaixadorescon-

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tinuar cõ o acordo dos Casamentos de que luis da silueira trouxera pala- pella prudencia espirito que emxergou nelle e a deuaçãoque d,om Miguel
ura do emperador, que alem de afeição particular que tinha a Jfante mostrou sempre a casa dos rnedices se afeiçoou tanto a sua Industria e
dona jzdbel, era Jmp.ortunadodos procuradoresdas co'rtes'quese fizerão prudenciaque acabou naqueÌla corte os negociosde mayor peso despa-
em madrid e ToÌedo pello desuiarem de Jmgiaterra a'ceitasseo partid,ode chados á jnsrtanciad'el Rei principalmente na ordem de xpús reformada Ordem

Portugal por a uisinhança dos Rejnos confederaçãodelles, e esperançade nestetempo e'fauorocidada seeApostolicacad.adia com maioresindultos: Cristo

se aueriguar a causa de maluco e a ajuda de custo que lhe podia faser fora esta ordem da caualariainstituidapor el Rej dom Diniz na fronteira de
tamanho dote como sospeitauãolrasia oonsigo a Ifante dona jzabel alem casfro marim antes que os mouros fossemlançadosdandaluzia:vindo neste
da cla.resade seu sangueVi'rtude ,e fermosura, que auenteiauaa todas as tempo a crecer com a soceçãodos bens confiscadosaos caualeirostem-
princesasdo mundo, neste Rejno tam'bemnão deseiauãoos pouos menos plarios que residião em toma,r quando dom Afonso xi de caste'llaen.trou
o casamento del Rej d,om Joam pellos perigos da jdade 'e afeições a que pello Algarue e pos em grande aperto Crasto marim, acordarã.opassar
podia emtregarse com pouca honrra sua, porque ja auia quê lhe estra- daquellafronteira ao conuenbodos templariosque aguoratem em Thomar Tomar

nhasse algumas Cousas que os Velhos não Custumãoa mançebosnê os onde pella o'briguaçãoque tinhão a coroa de Portugale e profição á ordem
, mancebos á propria fraquesa: e assi se ajuntarão os nossos embaixadores daj por diante ficarão sempre em seruiço d,os Reis gouernadosp,orrmes-
em Bu,rgos no ano de xxiiij a noue de Iulho .com o gram cham'celerMer- tres elegidosemtre sj dos comendadoresde mais merecimentoachandos,e
curio de Gati'nara e dom Fernamdo da vega comendadormor de castella, em fodalas,jornadase impresasque socediãoem Portugal.Vindo a Rejnar D. João
mentode e assenrtarãoque el .Rei d,omJoam espossasea Jfanla dona catherina filha dom J,oamo primeiro dessejozode conseruar a Virtude dos Porrtuguesses
t;:' j:L
del Rei dom Fellipe e da Rainha dona Ioana jrmã do emperador e ouuesse na destresada guerra tomou em Berberia aos Reis de fes a cidade de CeuÈa

dr Áustria em dote 'cõ ella dusentas mil dobras de ouro castelhanasda va'lia que Sesta para ter huma escola de caualeiros naquella fronleira e asombrar
tiuessesao tempo do casamentopagasem tres annos seguintesdepois do doutra parte os vesinhosse quisessemreuoluerHespagna:e p,oremtender
matrimonio consumado,e não somentese acordarãono dote e o'brigação quanto custariaa sua coroa a d,espesa de hum presidioconti'nodetermin'ou
das arras, mas reformãdo de nouo pazes a amizades antigas e auendoas com fauor da see ApoStolica recolher em septa as ordens militares insti-
por mais segu,rascom a vezinhança deste contrato, e logo no ano seguinle tuidas pera / fol.22 / guerra dos m,ouroscomo aguora se a'juntáoem malta
de xxv veio a es'teReino Carlo Popeto m,onsiorde lachaus por quem el Rei os caualeirosdo Hospital: mas este conceìhodel Rej dom Joam atalhou
Ia fora vizitado do emperad'orcom Ioam de cunhega fidalgo castelhano sua morte e ficou somente,o cuidado dacrecentaro mestradode xpús a.o
comendadorda ordem de / fol. 2L v' / santiago:Acharão el Rej em lorres Jfante,d,omHenriqueseu filho cuio gouernadore administradorera, o qual Infmte D. Ë
nouas no principio 'de outubro, e com outras proctÌrações da parte do lembrado da detenção de seu p,a.jempregou toda sua Industria e fo,rças
ntónio4e emperador. Junfos cõ dom Antoni,o de noronha primo del Rej e escriuão de seu es'tadona nau,egaçãoe des,cubrimentoque fundarão ,o Jmperio de
)ronna
da sua puridade que depois foi conde de linharescom Pedro Correa de Portugal com tanta honrra e a acre,centamentoda or"demque por seu
Atouguia cuia jndustria e de Joam de faria correa o negocio do caza- tito'lo e pola grandesade seu eslado (pois fas ventagema todos os do
mento del Rej dom Joam em castella, e o assento d.o d'ote da Jnfante mund,o)não merecia menos ,Respeitoe escolha da que oje fas em castella
dona jzabel e celebrarão os esposorios tra'tados o'brigandosseel Rej na profiçãodos caualeirosde Santiagoe de Calatraua.Socedeoa dom Hen-
dom Joam darlhe em dote nouecentasmil dobr'asdo ouro e a despesade rrique o Jffante dom Fernando seu s,olbrinhofi;lho del Rej dom Duarte e Infote D.
nentode sua guarda R'oupa,eRecamaracõ toda a mais que fizesse,te a emtragar em apos elle el Rej dom Manoel: acrecentadaesta ordem de muit.asjgrejas de nando

:ï:'.J:Ï hum dos lugares da Raja antre Portugal e Castella: magnificen'ciamais seu padroado e outras em diuersosBispadosde Portugal dos quais pro-
para emuejar que os maiores estadosdo mundo, porque estes deu Deos a curo leuantar preceitoriaspera satisfaseros serviçosde guerra e outros
caza daustria com grandes obriguaçõesde presidiose despesasque igualão merecimentosno Rejno que consumião,o patrimonio Real, oferecendosse
a gr.andesae proueitos delles, mas só a el Rej dom Joam deu spirito para muitos homõs fidalgos a,o seruiso publico confiadosnesta satisfaçao:cõ
não recear do,te tam excesiuo: tanto era o des'ejode emparar a Jfante e maior aluoroço dispois que forão dispensadosno uoto da ,cas'tidadee se
satisfaserA palaura que tinha dada a seu paj: Resediainda neste ano de ouue por mais seruiço de Deos acudi.rá limpesa do sangue:cheguarão as
tf:""j^ xiiij na corte de Roma dom Miguel da silua com a mesmaauloridad'ee valia couzas da ordem estado e grandesa que igualauão muita parte do Rej,no,
::
-" ante Clemente vij que tiuera em vida del Rej dom Manoel cõ leo x.o o quai
nr",ï" e não parecendo R,esãoe'mlregarse a hum vassaiio curjo poder e valia

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podesse desasocegarP,ortugal descontentedo Rej ou leuado doutro inte. mesmo ano o ConseÌhode Portugal auiso de dom Joam coutinho capitam D. João Couti
nho, capitão de
resse, e as satisfaçõesdos seruiços putblicosser obriguaçãoda coroa pois de Arzi,lla que depois f,oi Conde do Redondo como mahomet Rej de fes AEila
sostinhão o peso da guerra, pedido el Rej dom joam o 3o, ao Papa Adriano derradeiro do sangue dos marines vinha cerca'r aque'llavilÌa com emueia
a ,administração desta ordem como tiuera seu paj persuadido o sancto dos xarifès cuio nome e reputaçãoera Ja neste tempo mui grande em Ber-
padre das razões que Dom Miguel lhe Representara,concedeolheem sua 'beria, leuaua as pos sij a maior parte dos mouros assi pello fauor que
vida a administração deste mestrado, e pella ,tardançadas letras da expe- tiuera em fes e em mamocos d,osReis enguanadoscom as mosLrasde sua
dição torn.ou el Rej o ano seguinte a posse delle achandosseem a corte na religiâo falça como da ventura daquelÌasImpresas com que tinha asom-
Villa de Tom.arjuntos os caua'leirose;frei,resa xxiiij de julho no mesmo ano 'brado Africa e ganhado a esperançado jmperio della com alguma que'bra
de xxiiij" e vestido por sua deuação n'o manto da ordem com a Jnsinia da 'dosReis de Portugalque ia em tempo del Rei Dom Manoei pel'lamorte de
tulo da crus que os cauaÌeiros trazem, acompanhadod,o.s{ffantes seus Irmãos de nuno friz deta.jdee prisão de lopo Barriga receaua a potencia destesxari- Nuno Fema.
des de Ataíde,
:.ï 'o' dom Jorge mestre de Santiago de dom Prior comendadormor Caualeiro fes leuantadosde pouco a maior grandesado que por uentura cuidarão: Lopo Bariga
freires que se pode,rã'oajunlar no coro do Comuen'toonde se fazia o Capi- Aluoraçoussecom esta noua o Reino, e emquanto os comendador'es
, tolo recebeo o estoque,a bandeira, as chaues,o sello da mão dos caua,Ìeiros / fol.23,/ das ,ordensos donatariosda coroa se percebiãopara socorrerde
Ja ordenados para fazer ,este oficio, e assi cõ grande contentamento dos Arzila pareceobem a e'l Rej dom Joam emuiar diante hum socorrodarmas
Caualeiros e aluoroço de todos deceo de coro contra a capela mor que monições em hum galeam e carauella darmada emcomendad.asa Vasco Vasco Femm-
des César
ficaua no meo da jgreja onde ouuio missa oficiada pel,losfreires e musicos triz cezar caualeiro muito conhecido pella facanha que fez em Azamor e
d"
:t91io da sua Capella,cõmuita solenidade/ fol.22v" / fez caualei,ro
tuíde
p.orsua mão muilas vito,ri.asque dantes alcançara no mar de leuante como se fas men-
dom Antonio de Atajde que depois fes conde da Castanheirae a elle e a çã'ona chnonicadel Rei dom Manoel e neste tempo tam amigosdo seruisso
Antonio da silueira deu ,o habito daqueülaordem que depois em vida de del 'Rej que se ofereceometer este socorro em Arzila e acompanhar
nio da Paulo 3" procurou ajuntar perpe'tuamenteà Coroa quando vagarão os mes- dom franciscoemquantoo cerco duraua por não poder a obriguaçãoque
Lveira trados de santiago e Auis por tinha a seu nome: porque desta linhagem se acha em Portugal mui antiga
dom Jorge dalem Castro filho natural del
Rej dom Joam ii" neste mesm,oanno se auerigoou de todo o cazamentoa mem.oriaou uenha dos cesareasRomanos,ou do valle de cesarnas As'tu- Genealogia de
César
troco emtre a Jfante dona Catherina daustria e el Rej dom Joam o 3o a rias de ouedo: e Jndo Ja na costa do Algarue defronte do cabo de santa
qual foi emtregue a xiiij de feuereiro pello Conde saluaterra,e Bispo de Maria emcontrou quatro Galeõesde francezesque cometerãoe esbom,bar-
)atarina segoue ao Jfante dom Luis e Duque de Bargança onde foi recebida com dearão por espaço de duas horas com igual espanto dos enemigos ao combate naval
*ot tantos praseres esforço com que peleiou defendendosecom estranho vaÌor te que hum
Ë, e festas publicas como sempre mereceo a este Rejno e a
jfanta dona Jzabel no ano seguinle que foi de xxv dotou ei Rej dom Joam dard,ope'rdidolhe alrauessou hum p,e e doutra parte queimado dos artifi-
ao emperador nouecentos mil dorbrasdouro confo,rmea capitolação d,os ci,os do fogo que os françeseslançarão no nosso galeão mostrou assi
comissarios de torres nouas e foi emtregue esta princesa pello marquez de ardendo de quanto milhor mente morrera que emtregasseviuo o que elles
Villa Real acompanhadaate eluas del Rej seu jrmão e Jffantes e todos os emtrando no galeam não consentirão antes o curarão Ìogo e trataram
senhoresde Portugual tomando emtrega della o Arcebispo de ToÌedo duque milhor do que custumão os venced'ores,posto que dezeiassemdar por
sêsde de Calabria e de Bejar que trazião todos seus parentes e muita nobresa tetem,unhano processodaquella tomadi,aser de boa guerra, o não pude,ão
r Real oonsigo acabarcom el.leoferecendosse mil uezes a morte antes que testemunhar
olndeo manquezde Villa Real fez tanta despesae seruiço cõ tanta
Nommdia
magnifi,cenciae esplendor que lho foi nesseçarioficar muitos dias dep'ois huma falcidade e assi foi leuado a hum cas'tellode norrmandiadonde noite
deÁrva- sentindo a falta que lhe fez esta sobeia despesa,o pagamento deste dote escurase lançou por huma fresta leuando consiguoos lençoes partidos e
Andrade alados pellas pontas e aos s,onsdos sinos de hum mosteiro vezinh'ode
fes fernão daluez dandrade que pe,llo credito que ganho nelle em Castella
e muita satisfação que o emperador por sua parte e el Rej auendossepor monjes onde foi atinando se recolheo entre elles e auizou Joam da siluerra
mui seruido delle lhe fizerão muita honrra e merse vindo a maior ualia que nosso embaixador de seus traÌbalhosper 'cuia ordem veo a corte de frança
teue naquelletempo neste Rey'noposto que não faltou quem o conhecesse onde achou dom BernardoManoeÌ desauindode todo de Hespanae dese-
nelle por parente chegado â Caza de lemos e como tal o fizesse conheser \ozo fazer oom el Rei de frança maos orficiosem dano desta coro,aenten-
em galisa daquellessenhores:Tornamdo as cousas de fora teue neste derão de,lleque vemdiam m,asfo'j finalmente preso e'casfigadoem poder dos

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franceses e vasco frÍz cezar to,rnou a este Rejno guanhand,omais honrra companhiahúa Armada de xvj naos e tres mil homens de guerra escolhidos
com sua prizão que cezat em ou,tra viagem, porque não lemos que se em muita parte da criação dos Reis que he a Calidade mais conhecida
defendese peleiiando nê Ì.esgatassetam barato quando foj preso. E algu- antre os Fortugueses,chegarão á enceada de Malaca onde lhe ca,lmouo
da Sil- mas couzas de que Joam da silueira pelÌo perigo d.o.scorreos não podia vento de todo e sem verem causa alguma, começarãoas ondas do mar a
rcim
avizar el Rej.dom Joam,,trouxe vasco friz ceÍtezadesemguanando da conta crecer, atbalancearãose as naos, as cauernas e conuesesestala're Lremer
que podia fazor das cousasde Fra,nça.No mesmoano socedeoem marro- cõ que os marinheiros se derão por emca'lhad'os nalgum baixo começando
Baniga cos a outro Caualeiro de muito nome chamado lopo Barrigua preso no cada hum de se po'r em ordem para saluar / fol. 24 / A vida: Vas'co da
desbaratode nuno frz detaideque na estrebariade mahametxarife onde o Gama receou a principio o perigo, mas e,ntendend,o se'r terremoto do mar
trouxera a furtuna da guerra o vinhâo ver de muito / fol. 23 v' / longe comesando,a sondar em altura qu.eo seguraua rindosse pera os soldados
muitos mouros de Berberiapella noticia de seu esforço:e emtre estesveo com rosto a,legrelhes disse, esforcaiuos senhores que o mar de cambaia
hum mouro de Tremecemcide Hale hauid,opor bom caualeiroque a mesma oomeçaa tremer de nos e logo a vista dos nossos tomou Dom Jorge de D. Jorge Mene-
ses
fama trouxera vendo lo'poBarrigua naquelleestadose chegoua elÌe zom- menesses huma nao dos mouros de mequa antes que chegassea Caul onde
bando das cousasque conLauãoos outros, e diselheque lhe pesauanã'ono o conde Almeirante se declarou po viso Rej e mand'ouvizitar a fortalesa
ver liure porque lhe ,ouuerade rancar as barbase dizendoisto remeteocom sem sair em terra por João desouro ouuidor geral daquelleestad,opaj de João Osório,
pai de Jerónimo
a mão para lhe dar mostra da força, mas logo Barrigua não achandooutras dom jeronimo osorio Bisp'odo Algarue que pouco depois emnobrece,o Hes- Osório
armas mais perto para reparar esta iniuria ualeose de hum pedaço de pana com sua virtude e doutrina e estranha eloquencia,chegou esta
tranca com a qual atordoou o mouro de sorte que cahio logo morto e o armada a Goa gouernada então por francisco pereira pestanna como
mesmo fizera doutros dous se lhe não sugirão:o xarife por honrra da dissemosde que auia alguns queixumescom Justissae sem ella os quaes Francisco Pe-
reira Pestana
caualaria ouuera de fauo,recero sucess,o tendo lopo Barriga por desculpa o Visorrei ouuio e fez satisfazer o juramento das partes sem outra proua
delÌe a sorberbado mouro: não quis ganhar honrra com elle, antes o man- nem justi,ficação.Emtanto que mandou francisco pereira ìeuar o dinheiro
dou com tanta crueza asoutar que chegou quasi ao derradeiro termo da que tinha em caza ante o visorrei pedindo lhes sa,tisfesesse a quantoslhe
vida sem lhe ouuiremnunquahum grito ou gemidona maior furia daquelles pedissemjustiça de lhe sobre a palaurade cada hum sem mais juramentos
asoutesdos quais teue aviso eÌ Rej dom João a quem foi moslrado a camiza por entendor não fa,lar em verdade não lhe valeo esta jnuenção porque os
p Men- de lopo Barriga chea de sang e deu logo ordem para seu Resgate a fran- tempos e a cobiça delles culparão os homens mais valerozose mais ino-
raide de
fim
cisco mendesAlcaide m,o,rde cafim e poucosdias depoisde sair de catiuo centes,o Visorrej o priuou da capitania e o mandou liurar da prizam e
sahio a hum rebate de mouros corredoresatrauesandohum caminho que com este zello de restituir a disciplina da guerra que ia pouco a pouco
hia das hortas d.ar nas tranqueiras foi deguolado de huma lança darre- caindo entre os Portuguezese fazellos conhecerpor uerdadeinose esfor-
m'eço e morreo hum dos esforçadosCaualeir,osdaquelle tempo: e no ano çados com.oforão no tempo que descobrirãoa jndia partind.osepera co'chim
Ie Mclo, seguintede xxv forão os xarifes sobre cafim d.eque era capitãoGracia de emcomendadaa yeronim'o de sousa a Costa do mala;baronde em poucos Jerónimo dc
itão Sousa
mello, o qual valendosedos mouros de pazese dos caualeirose soldados dias desbaratouo capitam cotiale que nos tolhia os manlimentose aspos
portugueses,sahio a emconbraros imiguos, e estando hüs a vista dos elle dom Jorge Telo que cõ hüa s,ofusta fez tantas presasque derão a pri-
outros no câmpo comecando de húa escaramuçaleue trauarse entre hús meira esperançade tornar as cousas da jndia ao estado primeiro, este D. Jorge Tclo

e outros húa batalha de sangue, crecerão os mouros como quem tinha cuidadodesueÌauatanto o Visorrei que veo adoecerde huma doençamor-
espreitadoas forças que auia em cafim e assi peleiiarãocom tanta ven- tal de que fa,leceono mesmo ano de xxiiij no derradeiro de dezenrbro morte de Vasco
da Gma
tagem que os nossos meos desbaratos se forão r,etirando a cidade com auendo tres mezes que tomara o gouerno da jndia e tinha comelido major
io de alguma perda de mo,rtose catiuos como foi Antonio de mello filho do capi- pezo dos negociosdella: acharãona pr.imeirasoceção(que he huma pro-
rpo Pei-
:ancisco tam ,que ali morreo, Lopo peixoto, francisc'o machad,oque os mouros uisão secreta d,oReino em que vaj nomeado por el Rej futuro socessordo
Edo leuarão prezos a hum Castello de sarudante. gouerno por ordem) dom Henrrique de menessesque neste tempo estaua D, Henrique dç
Meneses
Partira no ano de xxiiij d.esteRejno dom Vasco da Gama para socederno em goa na vagantede FranciscoPereira pestanae entendendosua eleição
gouerno a d'om Duarte a quem el Rej d,om Manoel por descobrir a jndia partio logo para Coúim e de caminho tomou muitos Paros de pimenta que
r Gamafizera Conde da Vidigueira e almeirante do mar de Oriente e leuãdo em sua uinhão do malabar e outros espalhoupella oosla desbaratados,emfreou

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mui'tos cossairìosque andauão defronte de C.ananorpondo fo'go A muitas co,n!o, sincoenta e tres paros 'carregadosde pimenta e todos os outros
aldeas suas po lho rogar o Rej da tema oonfederadocom os Portuguesses. desbaratadose finalmentetodo iugar por uingançaassoiadoe destruidodo
Acenderão / fol. 24 v" / emtanto os mou'ros como custumão outra ues a fogo; cõ estasduas vitorias se rscolheo o gouernadordom Henrrique em
guerra de calecut começadadalgüas duuidas de hüa parte e da outra fica- Cananor donde foj a cochim.
rão sospeitas,e romperáo em algüasafrontas as quaesacudio dom Hen- Entanto O CamOridezembaraçadO da guerra de seusvezinhosvend'oemtrar
rrique com sinquoentanauios de toda a sorte e onde aueria dous mil o jnuerno tempo em que os Portuguesesnão podião ser socorridos,deter-
mi'nou cecar a forLalezade CaÌecut de que era Capitão dom Joam de lima D. Joãode
homës de guerra, e assi foì ter a Pa,nanena costa de calecu'ta,li não lhe Lima
fazend,o raram 'dalgüas perdas d.ePortuga'I, foilhe forçado com,etelo lug,ar assentadanaquellapraja onde em todo o tempo rompeo mar aparcelado, e
inda que forte e por lhe fogo depoisde meter á espadae a sacoo prezedio onde bateis pequenosnão podião sahir com grande caÌmaria,esperandoo
dos m.ouros:acharão alguma artelharia nossa e o corpo de hum Portugues Cam,ori esta emtradâ do inuerno e o sitio da fortalesa donde podia ser
leuantado 'que gouernou esta guerra. De Pananese pos o gouernadora socorido ajuntou muiia gente de guerra muita munição e arteÌharia ou
vista de Calecut asonbrandoos inimigos de medo e pondo fogo a muitas para fazer render a fortaleza ou com fome e aperto do cerco forcar o
naos qu.e esta'uãono porlo e os nossos recolhidos na forlalesa animados prezidio dos Portuguessesá entrega do Imigu,o' Logo mandou diante hú
com aquella viSta sahirão della num corpo e queimaramos arra'baldesvesi- Capitâo'comdoze mil naires onde entrauahü sicilianoque andaualançado
nhos. Esforçado o nosso presidio e o inimigo que de m,edoe espantovirou enfre os mala,resgrande Architecto que se achara no cerco de Rodes em
os nauios darmada a.hum porto de Col'efeda mesma,cos.taseis legoasde seruissodo Turco: per industria deste arbrirão,os de calecuthuma câua e
Calecut oontra o norte da praja Jngreme serrado em rredondo e aparelhado trincheira de 18 peesde largura em forma de mea com que cercauãoa for-
para varejar a seu saluo artelharia para todas as partes no mais alto tinhão taTezae da parle do mar onde acabaua a trincheira leuantarãoduas estan-
os mouros sua trincheira e moniçõese sento e sinquoenlaParos em baixo cias donde artelharia vareiaua toda aquella praja desparandoem traues:
com as proas viradasao mar de sorte que pareciadefençauela toda a força Ao rredor da cauvaleuantarãosinco baluaÍtesigualmenteapartadosd,onde
de f,oratendo em sim vinte mil homêsde guerra,mas o gouernadorsabendo batiam os mouros da fortalezacom artelhariagrossa,e posto que da for-
quanta gente era mandou lançar fer,rono mesmo porto donde espreitando talesa não se perdessecuidado de emxotar os ministros desta 'orbrae os
o sitio do lugar determinoude'o cometernum mesmotempo por tres par- nossossaissemmuilas uezesdar nelles,todauia a força da gente de man-
imão <lc tes. Mandou d'om simão de menesesguiar tresentossoldadospor hüa das tas, frincheirase instanciade ,capitãessairão cõ sua tenção,não auia na
eneSes
bandas da terra onde ficaua o repairo e moniçãosobre o porto, e elle cõ fOrtalesamais que trese,ntossoldadossem outra espeiançasaluo socorro
sento e sincoenta somente pella .outra parte, deu ordem á gente do mar do mar e emchendoo Capitão darea duas ordensde pipas reparadaspelia
parte de fOra, fez huma couraça ate o mar dOnde assestgupor antre as Arqútecto
que fizesse rosto ás naos do porto, e assi por todolas partes se trauou siciliano
peleija no mesmo tempo os enemigosque estauãoprouidos darlelharia e pipas artelhar.iaque afastasse os imigos dambalas parles e por âlgumas
'esperauãovalerse della e afastarnosde longe e podernos desbaratara fustas ligeirasauisou ao gouernadordo Estado daquelafortalesa.Emtanto
seu sâluo com menos perigo, mas desenganouos hum fumo que se ale- comesandoacressero jnverno na entrada de junho o mesm'oçamori emtrou
uantou entre tanto da escorua de húa bombarda e cegou os Imigos para os em Calecut cõ n,ouentamil homës de guerra, hüus destros no ârco da
nossos poderem emtre tanto com pouco perigo subi,rá estancia e num frecha, outros na espadae rodella e outros tão bem arcabuzeirosque na
mesmo tempo a gente d'o mar aferrar os paros e as companhiasdos sol- destresadas Armas se puderãofazer temer posto que / fol.25v'/ deptizi-
dados por terra pregar as bandeirasonde os Inimigostinhão mais cerLasas veis á vista. Alojado este esquadrãoo Architeto de Sicilia deu mostras de
esperançasde sua soÌuação:Antes de sentirema perda de suastrincheiras suasobras ao Cam,oride que tomou cõfia'nçacerta de nossaRuina cõ pouca
porque os Portuguesesse esforçauãocada ues mais: Vendo os mour:ospor perda sua, o siciliano vindo á fala cõ os nossossobre saluo conduto fez
cuja jndustria e concelholhe rompiam os de Calecuttantasuezespaz ate que grande força cõ os persuadirá emtregada fortalesaparecendoa defenção
a mor parte fugio posto que algüs peleijandocomo desesperados de vitoria della negociopossiuel:Este consselhoesteuedom Ioam de lima tão longe
quiserâo morer nas mãos d'osvencedores:/ fol. 25 / morre'rãoquinze dos dagradecerao Siciliano que acompanhadode poucos sahio logo da forta-
nossos e ficarão feridos quorenta e noue e o lugar e armada em nosso lesa para trauar os inimigos,mas cuslou caro este atriuimento poque os
poder cõ tresentase setentepessasdartelhariagrossa e outra meuda sem portuguezesrodeados dos imigos feitos em hum corpo 'ferindo e matando

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nelles denodadamente recebendo tambem outras feridas esecasamente da nao nem da fortalesa lhes podia seruir andando huns de mestura com
acharão colheita na fortalesa: Da'j po,r diante embrauecidoscada ues mais outros, sem igual perigo de todos, em peleja tam duuidosa perderão os
os cora.çõesde uüs e dos outros, começarãoa bater e defendera fortaleza nossosquatro soldadose ficarão muitos feridos embaraçados nos uestidos
com maior força: dam,basas partes se aproueitarão da arlelharia, mas os em que se lançarão no mar mas assi emtrarão a despeito dos naires nos
de Calecut tinhão algumas peças'quelancauãopelowos de hum palmo em muros da fortalesa chegandomuito perto de a poderem emtrar com aquelÌe
diametro mas com destresa mui desigual po,rrqueos Jndios bonbardeiros impeto quando nos hião seguind'o,onde Manoel cernichevendo hum amì- Manuel Cer-
niche
mal exersitados fazião os tiros fraoos rraros e jncertos, e os que cahião guo seu rodeado de muitos naires lhe acodio e emparou valerozamente
nos mouros erão re,batidosna fortaleza da obra: os tiros dos Portuguezes posto que cançado e tam ferido que espirou poucos dias depois ganhando
desparados depressa e a ponto com muita f,orça quando os jmigos che- a honra com que os Romanospagauãoaquem defendiahum natural seu
gauão a fortalesafazia muita perda e estragonaquellagente meia despida: mas emquanto os sol.dadosda fortaleza trabalhauão por recolher nella
mas reparada leuemente em tam sobejo numero dos najres que acodiao esta gente de socorro doutra parte vendo os Jmigos a fortalesa desem-
huns sobre os outros e não receauão suprir oom suas uidas as mort.es paradadetreminarãocometellae sobiãoIa pellasescadasquandoD,omJoam
dos outros em que mingua da gente punha em grande aperto aos Po,rtu- de lima lhe acodio com aquellapouca gente voando e as lançadase espin-
guezes o Capitão Rerpartindo pellas stancias mais fracas os soldados de guardadase a força de bombas de fogo rebentarão aquelle assalto: E fize'
major esfiorçoem esquadrasque pode escolher ficou com o resto daqueles rão recolher o.s indios a suas trincheiras hüs feridos e outros queimados.
Duarte da Fon-
poucos soldadospara vigiar e acodir a qualquerparte que se offerecesse O outro Capitâo do socorro Duarte da fonsecaque ficaua ancoradomais seca
perigo: os quaesalem do trabalho da pelejae das feridas hião consomindo longe da fortaleza, como dissemos,visto o perigo de seu oompanheiropor
as vegias do dia e da noute, e o capitão oom tanto trabalho faltaua tempo hü escrito atado núa sela pedio a Dom Jo,amde lima o auisasedo que
para acodir ás gritas e rebatesque em cada estanciaem todo o tempo se faria dessi o qual lhe respondeoa quanto perigo se ofresia emtrar na forta-
ouuião:Dom Henriquecom a primeira noua destecerco mandoulogo duas lesa com tam fraco socorro: seu parecer era tornarse a co'chim a pedir
:ristóvão naos oom sento e quarenta soldados de que erão Capitâes Cristouão quinhentoshomens ao gouernadorsoldadosveihospoluora e mantimentos
rrte, Duarte para sostereste serco e assi se fez a vella para Cochimna maior força das Cochim
. Fonse€
Susarte e Duarte da fonseca, o Primeiro chegou mais perto da fortalesa
com sua gente por se adiantar hü pouco mais e the socedermilhor a via- tormentas daquella Jnuernada e / fol. 26 v' / ausando o guouernador d,o
Àntónio da Sil-
gem. Duarte da fonseca por não partir no mesmo tempo acalm,oulheo aperto da fortalesa, despachoulogo Antonio da silueira cõ os soldados e veiÍa
vento e não se pode ajuntar com elÌe ficando mais longe do porto onde moniçõesque dom Joam de lima deseiauaficand,oentretanto prouendo
lançou anco.ra,jnda que os nossosse aluorassessem com a vista das naos hüa armadamais poderosapera elle mesmo em pessoasoco,rrera Calecut,
punha todos em grande Cuidado, o delgado socorro que uião nellas tanto que o mar sofresse nauegação.Teue o camari este auizo e empre-
receando não perderem / fol.26 / naquela ocaziamo sofrimento de tant'os gaua todas suas forças acabaraquellaimpresado cerco antes que 'os For-
João de trabalhos.Dom Joam de Lima saindoa praja e não uendo mais que oitenta tuguessescriassemalgumas forças: o Architecto siciliano deseiosode se
Lima
homês de guerra acenoua Antonio Susartedigo cristouãosusarteque em uender bem não faltaua ao Camarj leuara hum monte de terra pelÌa Jnven-
nenhúa maneira saisse ern terra oferecido a partido tão desigual que os ção dos Turcos conlra a forLalesa igualando com ela minada por baixo
mesmos soldadosde socor'roparesiadesatinocometeremvendo ,o Campo da terra e nalgüas partes fes setuar tabucos donde algüas pedras fortes
dos jndios e a muita gente que ro.deauaaquella fortalesa, só christouão grossas Caião do ar dentro na fortalesa com estrago espantozo, mas
sus.artedeseiozoganhar honrra se lançou nü Paro cõ trinta e sinco soldados nenhüa Jnuençãodestas apr'oueitouo 'Camori porque os nossosrebatião ás
que o quizerão seguir por sua Vontade deixando ordem ao outros que the arcabuzadasto.daa esperançado assalto,as minas atalharãooutras contra
fizessemeles peiar a praia dos inimigos ao tempo que tomassema terra, e minas de nossa parte e os trabucos se lhe falta artificio pella mor parte
assi força de rem,o forão á sombra da nossa artelharia donde os tornou a tornão a cair no lugar onde os armão efazem mais perda aos seus: asj que
rdbater sem lhe deixar tomar porto hum Rolo de mar como acontese e o Camori se desemganoue pos sua derradeiraesperançano jnuerno que hia
tornamdo os marinheirosa mesmaporfia sairãoos imigos dos valos e assi crescendoe a minga dos mantimentosque auia na fortalesacom a qual se
nús se meterão pe'lla agoa e defendião a saida ao P'ortuguessesonde se nâo emguanarase soubera fazercesenhor do mar e defender com quaÌquer
trauou entre elles e o imigo huma braua peleia. Porque nõ a artel'haria armadao socorro que os Portuguesespedião,Dom Joam de Lima vendo os

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imigos Ja desesperadosnão tinha maior receo que o da fome e dezëiaua Portuguesses que lhe sairão ao campo cõ grande afronta e pouca honrra
ver ja o socorrìoque pedira por duarte da fonseca este chegou a Calecut dos mouros, e el Rej de linga liure de hum grande cerco com húa ajuda
ADtónio da por meio de grandes perigos e entrou Antonio da silua com elle numa pequena dos Porluguesses porque Raja nara genrro del Rej de Bintao tinha
Silva
noute socegadapouco a pouco nos bateis dos nauios ao tempo que as sen- cercado Bintao e perder.a seis sentos soldados e ficando Ìhe muitos feridos
tinelìas da fortalesa estauãoa fala com os naires e elles lhe persuadiãose sem os nossos perderem mais que hum só portugues da Ilha de maluco
emtregassemao camorj e os nossoslhe lançauãoma'ntimentosfrescos e forão algüs nossos de emrriquecer aos poucos chamados Celebas e não nos
regalos com que o Camorj que'brouo espirito de todo porque emtrelanto deixando tomar porto húa tempestade cruel forão ter a huma Iiha des-
o jnuerno aca,bauae o mar deu lugar a Dom Henrrique chegar com sua uiada trezentas lego.aspouoda de genle mança que os agazalhou dandosse
armada defronte de cahul donde começou a varejar com artelharia os a entender por acenos e algúas palauras dos malucos que lhe ficarão do
Jmigos alojados ao Redor da fortalesa onde tambem os bombardeirosnão come.r'ciodelles homens e molheres de bclas feições e corpos bem forma-
estauão ociozos e de hüa parte e da outra afastarãoaquelle campo tão dos alegres e de boa sombra no rosLo criam os machos a barba e o cabelo
longe que poderão os nossos tomar terra liure e sem poder mais que trinta vestidos de hüas teas de eruas mui br,andas com que cobrem os corpos na
Portugueses com dusentos homens feridos, fez leuantar aqueÌle campo sua fabrica apÌloueitãose.das / fol.27 v"'/ epinhas dos peixes em lugar de
mortos e a fogo tres mil malabaresonde faÌeceoqueimado o Architeto ferramenta, não tinhão os Portuguesses noticia desta Ilha tomou o nome iÌha de Gomt
de Siqueira
primeiro de Gomes de siqueira o piloto que a descobrio E a graduou na
siciliano, deuido o Castig'oa quem desemparaa fee da Relegiam.Dom Hen-
rrique alojou o campo vezìnho á fortalesa onde o 'Camori por rrecear que carta de mariar: não achou .o mesmo gazalho no Estreito de Arabia Eitor Heitor da
Silveira
lhe mandasetalhar e por fogo nos palmaresque he uida dos jndios lhe da silueira que defendia com alguns nauios armados aqueila passagem
mandou pedir / fol. 27 / tregoasde quatro dias, e neste tempo lhe cometeo cuja costa lhe defenderão os mouros da sidade de ofar a desembarcação
pazes, cõ as quais sendo podera acordar pello camorj não querer entregar e foilhe forçado castigar este atriuimento desbar,atandoos que lhe sahião
hú Portugues leuantado e correndo este negocio com algumas dilações veo a praja do mar, e metida a ferro e a fogo aquella cidade: as Ilhas de maçua
dom Henrrique a emfadarseassi da pouca verdadedos mouros que auia em e Malaca, onde dantes os Portuguesses forão mal recebidos; amançou eitor
Calecul como dos consselhosleues de Camorj e detriminou tirar o presidio da silueira de sorte que as fez tributarias da coroa de Portugal, e auendo
D. Rodrigo <
de Calecut assoladaa fortaleza de todo por que tambem a mesma ordem seis anos que dom Rodrigo de lima andaua por em,baixador na corte de
Lima, embaix
trazia del Rej Dom Joam o Conde Almirante segundo dom Henrrique que Presto Joam Rej de A'basia, veo ter ao porto de Archico cõ outro embai- dor na Cor
do Preste Joi
entendera do seu Regimento: Reco{hìdoaos nauios darmada 'o presidio de xador e vindo pello mesmo Rei emuiado com cartas e prezentes pera uir
Calecut, artelharia e a fazenda dos Portuguesesmandou dom Henrique em sua companhia a corte de Portugal, nesta mesma em'baixada se achar,a
francisco Aluares sacerdote ,de muita coriosidade deligencia estranha que Padrc Francisr
minar a fortaleza secretamentee laurando pouco a pouco o fogo sospei- Álvares
tarão os malabaresque com a pressado nosso recolhimento ficaria algum escreue aquella viagem cõ grande satisfação dos que a 1em, e emformou
particularmente o santo padre dos costumes, leis, relegiam daquelìas terras
depois em terra cuia cobiça 'os fes entrar desatinadamenteonde o fogo
ateado foi dar no lugar da poluora que fes rebentar por todas as partes do Preste dando ao santo padre obediencia em seu nome como a pastor
os muros e espadaçoua major parte dos indios entre as Ruinas daquella só da Igreia catholica que neste tempo esLaua em Bolonha e o recebeo
C@him fortaleza e assi se recolheo o gouernadora Cochim donde partio com outra com muito aluoroço.
Cmuor armada de xvij nauios para cananor desueladode muitos dias para tentar Por morbe de dom Henrrique de menesses, ajuntarãose em comcelho os
Diu a Jmprezade Dio em cam'baia,adoeceode huma fehre mortal que o gastou capitães majs Antigos da Jndia, pera abrirem a segunda soceção do
gouernador que pella ordem do Reino se costumaua emtregar ao veador da
morte de de todo não hauendo dous annos que gouernaua morreo no ano de
D. Henrique de fazenda; aiharão o nome de Pedro mascarenhas neste tempo capitão de Pedro de Mí
Mmeses
M. D. xxvj com cuia uida e prudencia pareceque tornou a florecer de nouo carenhas, cal
o nome dos Porbuguessesprimei,roporque assi na guerra como na paz se malaca varão esforçado na guerra e de condiçao magnifica mui aceito aos tão de Malac

fez conhecer por esta Virtude e enimigo de toda a cobiça couza mui rara homes fidaÌgos e toda a outra gente de guerra, mas auia nesta socessão
de achar nestaspaftes: Derred'ordestetempo socederãotaobem as couzas embaraço com ausencia de Pedro mascarenhas que não podia vir a jndia
saÌuo com tempo feito, e as oousas daquella estado não sofrião dilação tam
de Malaca mais prosperas,porque tendo as el Rej de Bintam poslas em
grande aperto cõ çerco por mar e por terra, foj des'baratadode poucos cõprida ficãdo Calecut de guerra e ameaçando as armas d.e Cambaja nossas

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armadas não faltaua sospeita tambem doutra armada do Turco que punhâ jmigos que começarãoa desmaiar logo e lagarem o Campo deixando nelle
os Portuguesesem maior receo e parecia fraco conselho esperarêa vinda Lopo Vas de
/ tol. 28vo/ companheiros muitos nnortos e mal feridos'
de Pedr.omascarenhasdesemparandoo estado da jndia, por esta razão era sampaj o por queosnossossoldadosnãom et essem Bacanor asacoecom
de parecer Afonço mexia veedor da fazenda (cuja autoridade naquella que
esta ocazião quebrasseas passes asentadascom el Rej de narsinga
nso Maia,
dor da Fa-
zenda consulta era muilo pesada)que sem dilatarem húa só hora, abrissema pri: lhe não seruião em tempo de tanta reuolta pella sospeitada uinda do Turco
menra socessãotendo por mais s'eruissodel Rej guouernar quem / fol.28 / contentou-sesomente com o despojo darm'ada,e teue mão nos soldados
elle tinha escolhido,que fazer eleiçãonoua entre pessoasde tanta calidade que a vito,ria leuaua Ja desmandadosfazendo recolher todos os nauíos
que auia de sofrer mal qualrquerr/entagementre sj não duuidando (sic) de onde recolheo oitenta ,bon'badasalgumas de bronze e mandou por fogo aos
Pedro Mascarenhas,quanto mais folgaria de acertarem todos o comse.lho Jnimigos sem perder mais que quatr,oso.ldadosnossos em tamanho estrago
do bem publico que o zello de sua honrra ou outro qualquer interessepar- dos malabares.,com esta noua ficou o camorj desconlenteque sentio com
ticular: e posto que alguns ouuessem,esta inuençã.opor mui periguosa estranha magoa o arrependimento de se não ter acordado com os Portu-
D|Ete

de pellas razões que aponlou dom Duarte de saa aprofiou afonço mexia e guessespor qualquer partido, AlcanEada esta victo'ria fes se prestes o
segurou o perigo dos Bandos que era o que se mais receaua obrigandosse Guouernador pera destruir por terra Dabul onde se acolhiam as naos de
o rìomeado na terceira socessãocom juramento solenne restetuir o guo- mequa contra o assento tomado com o idalcão, e donde sahião alguns
uerno a Pedro mascarenhasvindo de malaca,com o qual a.cordoficarão em cossairos que desaso'cegauão a Costa de malabar' Chegando a Dabul' o
parte satisfeitos seus amigos: foj a terceira socessãoa,bertaonde estaua Tanador da terra veo emconlrar o gouernador fora do porto em hú so
nomeado lopo Vaz de sampajo neste tempo Capitam de cochim o qual se nauio e lançandosseaos pes delle descarregoussedaquellasculpas pondoas
po Vaz de
apaio, capi-
de CocÌrim
entregoÌr do gouerno comforme ao acordo deste consseÌhoJurando de o t,odasao xeque que elle socederaprometendode nouo sua obedienciae
restiluir a Pedro mascarenhas,o Primeiro cuidado seu foi prouer a guarda lealdade do que o gou,ernadorse contentou com a condição de lhe emtre-
daquelles mares que os Poituguessessohião defendertomada a seu carguo garem as cuslas da guerra, satisfeito este partido tornousse o gouernador
a costa de malatbaronde teue auiso que húa armada de'Calecut em guarda para go,a.acom.panhado desta armada vi.ctorioza.Emtanto el Retjdom Joarn
de muitas naos com doze mil homês de guerra aparelhadospera sairem do antes de entender a morle d,edom Henrrique de menessesmandou quatro
porto ,o'fereciaa primeira ocazião: Pareceo a lopo vas milhor comcelho a naos a India com cartas derigidas a Afonço mexia onde the mandauanouas
preço de os cometer e o luguar donde estauão escõdidospara sse ajudar socessões,mudado do terceiro lugar ao segundol'opoVas de sampaio' e no
da estreiteza do Rio e sem espera,routro socorro de goa posto que o tinha terceiro ficaua P,edromascarenhascontra a ordem por onde fora declarado
prouido com,eteoesla jmpreza com mil homens de guerra: Aportou final- gouernad,or/.../ de dom Henrrique. Afonço mexia aproueitoussedestas
mente em cananor e achando a armada recolhidano mesmo Rio auentu- palauras contra a tenção del Rej de cujo juizo não se podia prezumir
rouse cõ dous soldadosreconhecerênum catur o sitio delle, o que fes numa quizessealterar a socessãohuma ues decla,adapois era direito acquerido a
noite de pouco luar, e achou a madre do Rio como he costumedos mala- cada huma das partes e deuia pesar mais que as palauras que afonço
bares to,da embaraçadade estacadasde sorte que lhe tolhia a nauegação mexia leuauâo em fauor de lopo Vas de sampajo: tanto pode nos parece-
de lhe não ficando outra nauegaçãoaos nauios dos malabares,saãluo huma res humanos o resp,eitode qualquer odio ou amizade:Assi comecou lopo
boca estreita por ond,epodião passar a fio a hum asposoutro somente mas Vas a gouernar desatado da obrigação de restituir o gouerno que tinha
empregados muibo.sJndios dos nossos mergulhadores em desarreigar a jurado a Pedno mascarenhasparecendo lhe que tinha por sj as paiauras
estacadae desatar os lios da madeira de que oqqralabaresforma,rãoaquella de que afonço mexia tambem se ajudaua, mas os homens bem inclinados
machina deu santiago nelÍes leuando dous bateis reparadoscõ suas mãtas auião que fazião fotga a Pedro m'ascarenhas'-
para fora com peças dartelharia apo,sos quaeshia o resto darm.adatambem
emfiada pella estreiteza do Rio, sacodidosos Portuguezespoll.asllhargas
darcabuzaria mas não foi poderoza para os entrete,r:antes se meterão no
meio darmada do enemigo, onde ouue huma briga mui braua, feitos os
mouros num corpo para defenderem aos nossosa dezembarcação:mas os d'e castilho,
' Termlna aqui o manuscri to dâ v'lda del Rey D. João IIl 'de António
Fortugueses saltando val,erozamenteem terra, vierão a espada cõ os ta1 como se enc onra no manus c ri to da B i bl i otec a P úbl i c a de É v ora.

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