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1.1 Introdução
Ao se analisar uma estrutura de concreto "doente" é necessário entender-se o porquê do
surgimento e do desenvolvimento da doença, buscando esclarecer as causas, antes da prescrição e
conseqüente aplicação do remédio necessário. O conhecimento das origens da deterioração é
indispensável, não apenas para que se possa proceder aos reparos exigidos, mas também para se
garantir que, após reparada, a estrutura não volte a se deteriorar. O estudo das causas responsáveis
pela implantação dos diversos processos de deterioração das estruturas de concreto é complexo,
sendo matéria em constante evolução.
O surgimento de problema patológico em dada estrutura indica, em última instância e de
maneira geral, a existência de uma ou mais falhas durante a execução de uma das etapas da
construção, além de apontar para falhas também no sistema de controle de qualidade próprio a uma
ou mais atividades.
Passando em revista as condições e falhas mais prováveis, pode-se estabelecer a seguinte
classificação quanto a origem das patologias de edificações:
Apesar da ABNT NBR 6118: 2007 promover um aumento significativo na vida útil das
estruturas, retardando o surgimento de manifestações patológicas, a durabilidade de uma edificação
dependerá muito da execução de cada uma dessas fases, pois são por meio do desempenho de
cada fase que terão origem as anomalias construtivas, afetando a durabilidade de um
empreendimento.
As manifestações patológicas, aos quais as edificações estão expostas podem ocorrer em
qualquer fase, considerando que a cada fase haverá um responsável.
Como por exemplo, se caso ocorra por inadequação do projeto, cabe ao projetista responder
por essas falhas. Se os problemas aparecem por falhas construtivas, relacionadas à execução ou à
escolha de materiais, a responsabilidade será do construtor ou engenheiro de execução. E por fim,
se os problemas derivarem da falta de manutenção da estrutura ou utilização inadequada, a
responsabilidade será do usuário.
A ocorrência de fenômenos naturais imprevisíveis também podem ser causas de
manifestações patológicas. Caso isso ocorra, a responsabilidade será das apólices de seguros, se a
Tópico 02 – Origem das Manifestações Patológicas Prof. Msc. Lauri Anderson Lenz
ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 12ª Edição nº 012 Vol.01/2016 Dezembro/2016
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Os dados da tabela acima são resultados de pesquisas realizadas em países europeus, onde
a qualificação de mão de obra e a aplicação de metodologias construtivas são bem mais avançadas
que no Brasil. Consequentemente, é de se esperar que a incidência de problemas construtivos na
fase de execução seja bem maior que o indicado. Contudo, os dados citados têm como proposito
alertar as empresas para a fase de projeto, que demonstra necessitar de uma maior atenção para
que se tenha um resultado mais eficiente.
A Lei de Sitter demonstra que os investimentos realizados na fase de projeto e planejamento
prévio traduzem-se em custos significativamente menores para obter o mesmo padrão de
durabilidade esperada para a estrutura (AZEVEDO, 2011, v.2, p. 1098).
Desde modo, conclui-se que os processos patológicos podem ter origens decorrentes em
uma ou mais etapas do processo construtivo de uma edificação, as quais são divididas em três
etapas básicas denominadas concepção, execução e utilização.
Sendo assim, um importante processo para obter um resultado satisfatório no tratamento de
problemas patológicos é descobrir qual a origem da doença, afinal, a identificação e tratamento
dessas anomalias nem sempre é fácil em razão de diversos fatores que contribuem para a destruição
das estruturas, contudo, descobrir a origem do problema, pode o primeiro passo na busca pela
“cura”.
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erros de dimensionamento.
A ABNT NBR 6118:2007, com grande exatidão, define os critérios gerais que devem ser
seguidos no desenvolvimento de projetos de estruturas de concreto armado e protendido, incluindo
os requisitos relacionados com a qualidade da estrutura, os quais estão classificados em três grupos
distintos, denominados: capacidade resistente, desempenho em serviço e durabilidade. Segundo M.
T. Azevedo (2011), em Concreto: Ciência e Tecnologia, v.2, o projetista deve indicar, principalmente
nos projetos estruturais, de forma clara as especificações dos materiais e as características que
possam interferir no comportamento dos elementos estruturais, como a resistência característica do
concreto, seja na idade padrão ou em outras idades, o modulo de deformação longitudinal,
coeficiente de Poisson. Lembrando que tais dados devem ser conferidos durante a execução, por
meio de ensaios com as amostras dos materiais empregados.
O projeto estrutural, ainda deve indicar o procedimento de manutenção, conforme indicado na
norma 6118:2007, item 7.8 Inspeção e Manutenção Preventiva, que diz:
7.8.1 Todo projeto estrutural deve levar em conta as estratégias que facilitem a inspeção e
manutenção preventiva da estrutura de concreto. 7.8.2 Um manual de uso, inspeção e
manutenção deve ser elaborado de acordo com 25.4.
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Ainda na norma ABNT NBR 6118:2007, item 25.4 Manual de Uso, inspeção e manutenção
diz:
Deve ser elaborado por profissional competente contratado pelo proprietário. Esse manual
deve conter todas as informações, dados e memorias do projeto, dos materiais, dos
produtos e da execução da estrutura. Esse manual deve especificar de forma clara e
objetiva os requisitos básicos de uso e manutenção preventiva que assegurem a vida útil
prevista e estar conforme com a ABNT NBR 5674 Manutenção de Edificações.
Procedimento.
Enfim, cabe ao projetista detalhar toda a estrutura do projeto, informando em cada tipo de
projeto os dados necessários para uma boa execução do empreendimento. E, para a criação de um
projeto completo, com qualidade, inicialmente, o projetista deve conhecer e avaliar as condições
ambientais, as quais o empreendimento estará sujeita.
Para isso, a NBR 6118:2007, SEÇÃO 6, classifica o meio ambiente em quatro classes de
agressividade, conforme sua localização e características, limitando fatores água/cimento e indicando
valores de resistência característica da compressão a ser adotados no projeto, e descreve
cobrimentos mais espessos para as armaduras internas, à medida que aumenta o grau de
agressividade ambiental.
No livro Patologia, Recuperação e Reforço de Estruturas de Concreto, Souza e Ripper (1998)
ressaltam as possíveis causas e falhas que podem ocorrer durante esta etapa de projeto, sendo
essas causas ou falhas originadas de um estudo preliminar deficiente, ou anteprojetos equivocados.
Os principais erros em projetos citados pelo autor que consequentemente pode trazer danos
patológicos a edificação, são:
Erro de dimensionamento;
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Azevedo (2011), em analise apresentada sobre o tem a proposto, ressalta que atualmente,
medidas estão sendo criadas a fim de minimizar problemas patológicos derivados de projetos, como
o desenvolvimento de projetos onde ainda na fase de concepção onde é discutida e avaliada a
interação de todos os sistemas inter-relacionados no processo de construção, como: arquitetura,
estrutura, fundações, instalações elétricas, hidrossanitárias, de ar-condicionado, impermeabilização,
vedações, revestimentos de pisos e paredes internas e de fachada, de forma compatibilizada, com a
intenção de racionalizar a construção, com o proposito de reduzir custos e evitar retrabalhos.
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Falta de cuidado com os ferros superiores das lajes, permitindo o seu rebaixamento;
Erros de vibração;
Falta de fiscalização;
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Cimento:
- compra, recebimento e estocagem;
- falta de controle das características físicas, químicas e mecânicas, limitadas por
normas.
Agregado miúdo:
- material fora das especificações;
- granulometria incompatível;
- contaminações por substâncias nocivas, limitadas por normas.
Agregado graúdo:
- material fora das especificações;
- granulometria incompatível;
- contaminações por substâncias nocivas, limitadas por normas.
- índice de forma excessivamente lamellar
Aço:
- resistência inferior ao especificado
- estocagem de maneira inadequada, favorecendo a oxidação das barras.
Água:
- PH fora dos limites recomendados (entre 5,8 e 8,0);
- excesso de substâncias nocivas, tais como:
- matéria orgânica;
- resíduos sólidos;
- sulfatos;
- açúcar, e;
- cloretos.
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Os problemas patológicos ocasionados por uso inadequado podem ser evitados informando-
se ao usuário sobre as possibilidades e as limitações da obra, como, por exemplo:
edifícios em alvenaria estrutural - o usuário deve ser informado sobre quais são as
paredes portantes, de forma que não venha a fazer obras de demolição ou de
abertura de vãos (portas ou janelas) nestas paredes, sem a prévia consulta e a
assistência executiva de especialistas, incluindo, preferencialmente, o projetista da
estrutura;
pontes - a capacidade de carga da ponte deve ser sempre informada, em local visível
e de forma insistente.
Exemplos típicos, casos em que a manutenção periódica pode evitar problemas patológicos
sérios e, em alguns casos, a própria ruína da obra, são a limpeza e a impermeabilização das lajes de
cobertura, marquises, piscinas elevadas e "playgrounds", que, se não forem executadas,
possibilitarão a infiltração prolongada de águas de chuva e o entupimento de drenos, fatores que,
além de implicarem a deterioração da estrutura, podem levá-la à ruiria por excesso de carga
(acumulação de água).
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