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1 Aplicações da instrumentação.........................................................................................................1
2 Configurações e descrições funcionais............................................................................................2
2.1 Elementos funcionais...............................................................................................................2
2.2 Transdutores ativos e passivos.................................................................................................3
2.3 Modos de operação analógico e digital....................................................................................4
2.4 Modos de nulo e de deflexão...................................................................................................4
2.5 Entradas e saídas......................................................................................................................4
3 Características de desempenho estático e dinâmico........................................................................1
3.1 Características estáticas...........................................................................................................1
3.1.1 Calibração estática...........................................................................................................1
3.1.2 Erros aleatórios e sistemáticos.........................................................................................2
3.1.3 Faixa.................................................................................................................................3
3.1.4 Faixa dinâmica.................................................................................................................3
3.1.5 Resolução.........................................................................................................................3
3.1.6 Limiar...............................................................................................................................3
3.1.7 Sensibilidade estática.......................................................................................................3
3.1.8 Deriva...............................................................................................................................4
3.1.9 Linearidade.......................................................................................................................4
3.1.10 Histerese e outras não linearidades................................................................................5
3.1.11 Ajustes............................................................................................................................6
3.1.12 Precisão..........................................................................................................................6
3.1.13 Exatidão.........................................................................................................................6
3.1.14 Exemplo sobre calibração estática.................................................................................7
3.2 Características dinâmicas.........................................................................................................9
3.2.1 Sistemas lineares no domínio do tempo...........................................................................9
3.2.2 Resposta ao degrau.........................................................................................................10
3.2.3 Resposta em frequência..................................................................................................10
3.2.4 Exemplos de sistemas de ordem zero, um e dois...........................................................11
3.3 Outras características.............................................................................................................18
3.4 Aspectos numéricos...............................................................................................................18
3.4.1 Algarismos significativos...............................................................................................18
3.4.2 Representação de incertezas...........................................................................................19
3.4.3 Cálculo e propagação de incertezas...............................................................................19
3.4.4 Erro máximo..................................................................................................................21
3.5 Exercícios...............................................................................................................................22
4 Transdutores e Sensores................................................................................................................28
4.1 Transdutores de temperatura..................................................................................................28
4.2 Transdutores de pressão.........................................................................................................29
4.3 Transdutores de força.............................................................................................................33
4.4 Transdutores de vazão............................................................................................................34
4.5 Transdutores de posição.........................................................................................................38
4.6 Transdutores de inclinação, aceleração e giroscópios...........................................................42
4.7 Transdutores de nível.............................................................................................................43
4.8 Outros Transdutores...............................................................................................................44
No mundo atual avaliamos, muitas vezes, que a solução de todos os problemas passa por
uma análise computacional e que estes sistemas devem ser os mais eficientes. De um modo geral
as pessoas já se convenceram que, no futuro, os computadores poderão resolver todos os
problemas existentes. Os computadores, entretanto, não costumam ser os elementos críticos para
a maioria dos problemas existentes e sim os atuadores ou sensores capazes de integrá-los ao
mundo real.
m A B C D E
O elemento sensor primário é aquele que primeiro recebe energia do meio e produz uma
saída (sinal) que varia em função da quantidade a ser medida (mensurando). Em metrologia este
elemento é chamado de sensor sendo definido como “o elemento de um sistema de medição que é
diretamente afetado por um fenômeno, corpo ou substância que contém a grandeza a ser medida.”
(VIM). Observe que o elemento primário sempre retira energia do meio. O sensor ideal é aquele
que elimina este efeito de carga e não influencia sobre o que se deseja medir. Adicionalmente ele
deve ser afetado apenas pelo mensurando desejado. A saída deste sensor primário sempre é uma
variável física como deslocamento ou tensão. Algumas vezes é necessário transformar esta
variável em outra mais fácil de ser tratada ou manipulada. Esta é a função do elemento conversor
de variável. É interessante notar que nem todos os instrumentos incluem este bloco e outros
incluem mais de uma transformação de variáveis. Também é importante dizer que algumas vezes
um único elemento físico é responsável por um ou mais blocos deste diagrama.
É importante observar que todos os instrumentos de medição são criados para operarem
em uma faixa de valores sendo que o seu máximo costuma ser chamado de valor nominal. O valor
nominal, na verdade, é mais do que isso, ele corresponde ao valor da grandeza que serve de guia
para a utilização apropriada do instrumento. Assim ele pode ser o valor máximo de medida de um
voltímetro ou de uma proveta mas também pode ser o valor de um resistor ou da sua potência
máxima.
Transdutores passivos serão aqueles cuja energia para seu funcionamento é fornecida total
ou quase que totalmente pelo sinal de entrada. Por outro lado um transdutor ativo é aquele que
uma fonte auxiliar fornece a maior parte da energia necessária para o funcionamento do
transdutor. Esta definição pode gerar algumas confusões. Uma chave, por exemplo, pode ser um
transdutor ativo uma vez que a energia para ligar ou desligar o restante do circuito vem de uma
fonte externa e não da chave ou do objeto que ativou a chave. Amplificadores são elementos
naturalmente ativos pois a energia na saída do amplificador não vem da fonte de sinal mas sim da
fonte de energia. Assim um transdutor resistivo pode ser considerado como ativo, uma vez que ele
precisa ser alimentado por fontes de tensão ou corrente para resultar em uma tensão de saída.
Neste caso a energia na saída do transdutor não é fornecida por ele mas sim pela fonte.
Um transdutor passivo, por outro lado, é aquele que provê sua própria energia, ou a deriva
do próprio fenômeno que está sendo medido. Um exemplo poderia ser um termopar, normalmente
utilizado para medir temperatura, uma vez que a saída do transdutor é uma tensão proporcional a
uma diferença de temperatura.
Atenção especial deve ser dada a estas definições pois elas podem ser utilizadas com
sentidos diferentes em diferentes bibliografias Um sentido mais eletrônico, por exemplo, é
comumente atribuído a elas e, neste caso, resistores e chaves seriam transdutores passivos. Os
próprios termos, sensor e transdutor são usados com sentidos diferentes em diferentes textos e até
mesmo em dicionários. Todas estas diferenças existem pois a instrumentação é usada e estudada
por diversas áreas com jargões diferentes, mas mesmo restringindo a área a evolução da
instrumentação ao longo dos anos levou a mudanças nos conceitos e definições para torná-los
mais claros e menos ambíguos. Neste texto, de um modo geral, os termos sensores e transdutores
serão usados de forma indistinta, mas se você tiver trabalhando com metrologia, não cometa este
sacrilégio! Recomenda-se ainda que, em textos escritos, defina-se cada termo logo após o seu uso
inicial, ou que seja citada uma referência para o significado dado a cada termo, neste caso
recomenda-se o VIM do ano vigente.
Instrumentos de medida que funcionam no modo de deflexão apresentam uma saída que
muda proporcionalmente com mudanças na entrada. Classicamente são instrumentos com
ponteiros que apresentam deflexão em virtude de uma força que se opõe a um dispositivo de mola,
por exemplo. Instrumentos que operam com nulo necessitam de uma realimentação (manual ou
automática) para equilibrar a saída, ou seja, manter os ponteiros ou indicadores em uma posição
de equilíbrio ou zero. Utilizam um sensor de equilíbrio entre uma quantidade desconhecida e uma
quantidade padrão. Em geral possui maior exatidão e sensibilidade (razão entre a variação de saída
e a variação correspondente de entrada – veja definição na seção 3.1.7) mas uma pobre resposta
dinâmica. Equipamentos de nulo costumam ser muito exatos porém costumam apresentar pior
resposta temporal que os instrumentos de deflexão.
O instrumento ideal é aquele que responde a um único tipo de estímulo, ou seja, não é
influenciado por variáveis distintas daquelas que se deseja medir. Este instrumento ideal não
existe e sempre teremos que conviver com entradas que interferem diretamente na saída ou que
modificam a função de transferência do instrumento (Figura 1.2).
Interferência
Modificador Saída
+
Sinal
Entradas que interferem diretamente na saída podem ser, por exemplo, vibrações ou
inclinações em equipamentos mecânicos ou com partes hidráulicas ou ainda o campo de 60 Hz
gerado pelas linhas de energia e que induzem tensões em diferentes elementos alterando
diretamente a saída do equipamento. Entradas que modificam funções de transferência podem
ser, por exemplo, a temperatura, alterando as dimensões de um equipamento mecânico ou valores
Para resolver este problema ou minimizar sua influência podemos buscar sensores ou
transdutores que respondam a um único tipo de estímulo e sejam mais insensíveis a interferências
e as variáveis modificadoras. Isto é difícil de obter então outras estratégias normalmente são
empregadas. As principais estratégias são a realimentação com alto ganho de malha, como nos
casos de servo mecanismos, correções matemáticas da saída a partir de estimativas de como as
interferências e os modificadores afetam a saída do equipamento, filtragens e a inclusão de outros
sensores que medem as interferências e os modificadores e os cancelam na saída do equipamento.
Mais detalhes sobre este tipo de abordagem podem ser obtidos no Guia para a Expressão
da Incerteza de Medição (GUM).
Já os erros sistemáticos correspondem a erros previsíveis mas que não se devem a um uso
inadequado dos instrumentos. Nesta família de erros podemos listar os erros instrumentais
(equipamento não calibrado, danificado…), erros característicos do instrumento (diferença entre a
curva ideal e a curva real de calibração…), erros dinâmicos (caso um equipamento seja calibrado
em condições estáticas e usado em medidas dinâmicas, tempo de resposta inadequado, resposta
em frequência, distorções de amplitude e fase…), e erros ambientais (aqueles derivados do
ambiente onde o sistema de medição é utilizado como temperatura, pressão, vibrações, choques,
altitude…). A presença de erros sistemáticos pode ser descoberta realizando a medida com
diferentes dispositivos, diferentes métodos, mudança nas condições de medida e até mesmo
trocando o operador. O termo tendência (bias) é comum para designar a estimativa de um erro
sistemático.
Além destes, também nos deparamos com erros grosseiros devidos ao uso inadequado do
instrumento como erros de leitura, erros de cálculo e registro de resultados e erros de inserção
(aqueles onde o instrumento é inserido de forma incorreta no local da medição, como por exemplo
o uso de um voltímetro com impedância de entrada da mesma ordem de grandeza dos resistores
sobre os quais se deseja medir a tensão) ou erros de aplicação (causados pelo operador, tais como
o fechamento de um sensor de pressão com bolhas de ar em seu interior). Estes erros devem ser
evitados a qualquer custo.
Informações sobre erro podem ser fornecidas na forma absoluta, relativa ou ambas.
Quando apenas uma informação de erro absoluto, ou o erro relativo a um valor fixo, é fornecida
este costuma ser o erro máximo apresentado pelo dispositivo. Este valor pode representar um erro
proporcionalmente pequeno quando estamos realizando medidas próximas do valor nominal do
dispositivo, mas proporcionalmente elevado quando a medida é feita para valores pequenos. Por
exemplo, se um dispositivo pode medir até 100 N com erro de 0,1% (0,1 N) ele pode errar 100%
quando medir coisas da ordem de 0,1 N. Se o erro for apresentado de forma relativa ao valor que
está sendo medido o dispositivo de medida deve ser capaz de perceber variações de entrada cada
vez menores quando estamos medindo valores baixos da grandeza. Por exemplo, se um dispositivo
apresenta erro de 0,1% do valor medido ele pode errar 0,1 N quando medir 100 N ou 0,0001 N se
estiver medindo 0,1 N. No primeiro exemplo fica claro como é ruim fazer medidas longe do valor
nominal do dispositivo e o segundo exemplo mostra que quando a medida se aproximar de zero as
incertezas também devem zerar, o que é impossível. Alternativamente o erro de alguns
dispositivos é fornecido com um valor absoluto e outro relativo. Neste caso ou o erro total é a
soma dos dois erros em cada valor medido ou o maior erro é usado.
Assim como ocorre para a definição de faixa, a faixa dinâmica é estipulada com relação a
saída dos equipamentos calibrados (entrada e saída com a mesma unidade) e com relação a
grandeza que se deseja medir, para o caso dos sensores e transdutores. O termo faixa dinâmica, ou
span, também pode ser utilizado apenas para indicar a variação máxima de entrada, saída ou
variáveis modificadores. Quando a faixa dinâmica for utilizada para fazer normalizações, por
exemplo, como no cálculo da linearidade ou histerese, emprega-se a faixa dinâmica da grandeza
onde é calculado o erro (normalmente na saída). De qualquer forma, a faixa dinâmica é um escalar
cujo valor é igual à diferença entre o máximo e o mínimo de uma determinada grandeza.
3.1.5 Resolução
Esta especificação é a menor mudança incremental do parâmetro de entrada que causa
uma variação detectável no valor de saída do sensor. A resolução pode se expressa como um
percentual da faixa dinâmica ou em valores absolutos. Em sistemas digitais a resolução está
fortemente ligada ao nível de quantização (conversores analógico para digital e vice-versa) e em
sistemas analógicos ao ruído, que aumenta a incerteza de medição e limita o menor valor
detectável do mensurando.
3.1.6 Limiar
Maior valor de um mensurando e que não causa variação perceptível na indicação
correspondente. Assim como na resolução o seu valor pode depender, por exemplo, de ruído ou
atrito.
3.1.7 Sensibilidade estática
Quando uma calibração estática é realizada a sensibilidade corresponde a inclinação da
curva de calibração. Esta inclinação pode variar com a relação a entrada (quando a relação entre
entrada e saída é não linear) e neste caso duas coisas podem acontecer: a sensibilidade estática
deixa de ser um parâmetro importante (casos muito não lineares ou onde a exatidão requerida é
grande) ou uma reta de calibração é fornecida e os desvios com relação a está reta são
considerados erros. É interessante notar que a cuva de calibração para um elemento sensor é
FS
Reta de
Calibração FSS
Curva de
Calibração
Média
Entrada
Figura 1.1: Avaliação da linearidade.
a) y b) y c) y
x x x
d) y e) y
x x
Figura 1.2: Não linearidades mais comuns. a) Histerese; b) Saturação; c) Rompimento; d) Zona
Morta; e) Bang-Bang. Entrada na abcissa e saída na ordenada.
O ajuste de zero é feito para tornar a saída do sistema de medição igual a zero quando a
entrada for nula. Também pode ser atribuído a diferença entre o valor de saída realmente
observado e aquele especificado para uma dada condição. O ajuste de ganho ou sensibilidade, por
sua vez, é realizado para fazer com que a saída do dispositivo varie conforme prescrito. Estes
ajustes não devem ser confundidos com calibração, que é um pré-requisito para o ajuste, e muito
provavelmente, após um ajuste, o sistema deve ser recalibrado.
Saída Saída
Curva
Ideal
Ajuste de offset
Ajuste de Curva
Sensibilidade Real
Ajuste de offset
Entrada
Entrada
Figura 1.3: Ajuste de zero (esquerda) e de sensibilidade (direita).
Exatidão
Veracidade de Medição
Precisão
Figura 1.4: Relação entre precisão, veracidade de medição e exatidão.
Assim como outras características de desempenho a inexatidão pode ser dada de forma
percentual calculada com relação ao valor medido, valor do fundo de escala ou faixa dinâmica
(seção 3.1.4). Este último é o recomendado pela IEC 61298-2 mas, mesmo para a faixa dinâmica,
existem variantes (faixa dinâmica de saída ideal ou faixa dinâmica de entrada nominal).
3.1.14 Exemplo sobre calibração estática
Uma tabela de calibração foi feita com três ciclos de medida onde a entrada foi
gradativamente aumentada e diminuída. A tabela a seguir mostra os erros relativos obtidos pela
diferença entre cada medida e seu valor de referência dividido pelo valor máximo de saída (IEC
61298-2). Com esta tabela de erros é possível determinar diretamente a não repetibilidade, a
histerese, a inexatidão e o erro máximo:
Não repetibilidade (tracejado – dif. máxima nas mesmas condições): 0,13-0,08 = 0,05%
A linearidade também pode ser encontrada se uma reta de calibração for especificada.
Saída Linearidade
Histerese
FS
FSS
Curva
Média
Entrada
Figura 1.5: Diferenças entre as forma de cálculo da histerese e da linearidade.
n
y (t )= ∑k i⋅e λ ⋅t +y p (t )
i
(3.2)
i =1
onde yp é a solução particular que tem o mesmo formato da excitação x. As constantes ki são
obtidas pelas condições iniciais e os expoentes λi são as raízes da equação característica.
Apesar de não haver limites para a ordem do sistema costumam ser estudados apenas os
sistemas de ordem zero, um e dois. Sistemas de ordem zero correspondem a sistemas que não são
descritos por equações diferenciais e, portanto, não apresentam nenhuma dinâmica temporal na
resposta. Sistemas de primeira ordem apresentam equações diferenciais de ordem 1 com apenas
uma exponencial. Sistemas de segunda ordem (equações diferenciais de ordem 2) apresentam duas
exponenciais que podem ter expoentes reais ou complexo conjugados, o que pode levar ao
A IEC 61298-2 também recomenda que neste teste sejam anotados o tempo de
estabilização (settling time) da saída em 99% do seu valor final, o tempo em que a saída permanece
em zero (dead time), os tempos e amplitudes de sobrepassos (overshot), o tempo de subida entre
10% e 90% do valor final (rise time), o tempo de resposta (tempo até a primeira vez que a saída
atinge 90% do seu valor final), constantes de tempo entre outros. Na Figura 1.6 são apresentados
algumas das características listadas.
Normalmente são analisadas desde frequências que permitam obter o ganho estático do
sistema (frequência zero) até frequências onde a saída corresponda a 10% do sinal de entrada ou a
fase apresente variação de 360º. Também devem ser marcados os pontos onde o ganho seja
máximo ou reduzido para 70% do valor basal além dos pontos onde a fase atinja 45 º ou 90º (IEC
61298-2 ).
Figura 1.7: Resposta em frequência de cinco sistemas de segunda ordem. Detalhes na seção 3.2.4.
3.2.4 Exemplos de sistemas de ordem zero, um e dois
Sistemas de ordem zero, um e dois serão ilustrados com exemplos elétricos, mas, por
analogia, poderiam ser sistemas de qualquer natureza.
Para o sistema de ordem zero da Figura 1.8, supondo que a entrada x do sistema seja a
fonte de tensão vs e a saída seja a tensão v sobre o resistor R2, a equação da saída pode ser obtida
algebricamente por meio de (3.5).
vs
i TOT = (3.3)
R 1+ R 2+ R 3
vs
v= ⋅R (3.5)
R 1 +R 2 +R 3 2
Observa-se que a saída é independente do tempo. Isto significa que, se a entrada muda, a
saída muda instantaneamente, ou seja, a resposta a um degrau será um degrau e um gráfico de
resposta em frequência mostra ganho constante com fase nula para todas as frequências. Na
prática os sistemas de ordem zero são apenas uma idealização da realidade, afinal todos os
sistemas elétricos apresentam capacitâncias e indutâncias parasitas, os sistemas mecânicos sempre
apresentam massa e alguma elasticidade, ou seja, todos os sistemas sempre apresentam uma
dinâmica temporal. Acontece que nos sistemas de ordem zero esta dinâmica pode ser considerada
insignificante se comparada a velocidade com que as grandezas de entrada variam.
v
i C +i R = (3.6)
R
e sabendo que
temos
dv v v
C⋅ C + C = (3.8)
dt R R
dv C v C v
+ = (3.9)
dt R⋅C R⋅C
1
S+ =0 (3.10)
R⋅C
1
− ⋅t
v C =k 1⋅e R⋅C
+k 2 (3.11)
Isto significa que a saída do sistema não muda instantaneamente, ou seja, existe uma
dinâmica temporal entre a entrada e a saída (3.11). Neste caso a dinâmica temporal é controlada
pela exponencial. Observa-se para t=R·C, 2·R·C, 3·R·C… que a exponencial se reduz a e-1, e-2, e-3… e
por esta razão o produto R·C é chamado de constante de tempo do circuito (τ). Toda exponencial
decrescente apresenta 37% de seu valor inicial em τ, 14% em 2·τ, 5% em 3·τ, 2% em 4·τ e 0,7% em
5·τ. A Figura 1.10 mostra a resposta do circuito para uma entrada em degrau. Nesta simulação
v=1 V e R·C=1 s.
t r ≈2,197⋅τ (3.12)
O mesmo circuito também pode ser analisado pelo domínio da frequência, usando fasores
(3.13) ou Laplace (3.16). Neste caso calcula-se a chamada função de transferência (razão entre
saída e entrada) cujo módulo (3.15) corresponde ao ganho ou a sensibilidade em cada frequência
(Figura 1.11). Observa-se que, tanto no domínio do tempo quando no domínio da frequência a
[ ]
V C ( j ω) V ( j ω) 1 1 1 R⋅C
H C ( j ω)= = ⋅ ⋅ = = (3.13)
V ( j ω) 1 j⋅ω⋅C V ( j ω) 1+ j⋅ω⋅R⋅C 1
+R j⋅ω+
j⋅ω⋅C R⋅C
1 1− j⋅ω⋅C⋅R 1− j⋅ω⋅C⋅R
H C ( j ω)= ⋅ = (3.14)
1+ j⋅ω⋅C⋅R 1− j⋅ω⋅C⋅R 1−ω2⋅C 2⋅R 2
1
H C ( j ω)= ∢ [−arctan (ω⋅C⋅R ) ] (3.15)
√ 1+( ω⋅C⋅R ) 2
Para simplificar a notação podemos substituir j⋅ω por S (Laplace). Neste caso
a
H C ( S )= (3.16)
S +a
Com esta notação é fácil perceber que máx (H C (S ))=1 quando S →0 . Também é possível
observar que o denominador apresenta o mesmo formato e a mesma raiz da equação característica
da equação diferencial de ordem 1, ou seja, a=1/τ. Este padrão se repete para todas as funções de
transferência de ordem 1. Nas funções de transferências as raízes do denominador são chamadas
de polos do sistema e, neste caso, estão relacionadas com a constante de tempo e indiretamente
com o rise time.
Já para um sistema de segunda ordem, como o da Figura 1.12, uma equação diferencial de
ordem 2 é necessária para equacionar a saída (no nosso caso iL – corrente no indutor) em função
da entrada (no nosso caso I – fonte de corrente independente). Assim
i C i R i L= I (3.17)
e sabendo que
di L
v R=v C =v L =L⋅ (3.18)
dt
d 2iL 1 di L 1 I
+ ⋅ + ⋅i L = (3.20)
dt 2
R⋅C dt C⋅L C⋅L
1 1
S2 + ⋅S + =0 (3.21)
R⋅C L⋅C
ω0
S2 + ⋅S +ω20 =0 (3.22)
Q
As raízes s1 e s2 podem ser reais ou complexas e, neste último caso, segundo a fórmula de
Euler, a solução pode conter senos e cossenos amortecidos (multiplicados por exponenciais reais).
Na Figura 1.13 são apresentadas as soluções para ω0=1 e Q=0,5 (raízes reais e iguais), Q=0,707
(raízes com parte real igual à imaginária), Q=1, 2 e 10 (raízes com parte real menor que a
imaginária).
[ ]
I L ( j ω) 1 1 1
H L ( j ω)= = I ( j ω)⋅ ⋅ ⋅
I ( j ω) 1 1 j ω⋅L I ( j ω) (3.24)
+ j⋅ω⋅C +
R j⋅ω⋅L
1
C⋅L
H L (S )= (3.25)
1 1
S 2+ ⋅S +
R⋅C C⋅L
Figura 1.14: Resposta em frequência de sistemas de segunda ordem. Verde Q=0,5; azul Q=0,707;
vermelho Q=1; azul claro Q=2; magenta Q=10.
Outras características funcionais podem ser informadas. As mais comuns são a isolação
elétrica do dispositivo em condições de temperatura e umidade distintos, consumo energético,
flutuação do sinal de saída (ripple), limites ajustáveis, flutuações com temperatura (drift) ou de
longo tempo, impedâncias de entrada e saída, características de dispositivos pneumáticos como
consumo de ar, consumo de gás, fluxos entre outros. Cada dispositivo deve vir com informações
complementares específicas de acordo com cada aplicação.
Antes de mais nada é necessário definir algarismos significativos e casas decimais. A forma
mais fácil de entender estes conceitos é com exemplos. O número 0,0453, por exemplo, tem apenas
3 algarismos significativos, mas 4 casas decimais, enquanto que o número 4,350 tem 4 algarismos
significativos e apenas 3 casas decimais. Ou seja, o último algarismo de um determinado valor ou
medida representa uma incerteza associada a este valor ou medida. Se a medida indica 101 V é
mais provável que a resposta certa esteja mais próxima de 101 V do que de 100 ou 102 V. Se a
medida indica 101,0 V é mais provável que a resposta verdadeira está mais próxima de 101,0 V do
que de 100,9 ou 101,1 V. Entretanto, para o caso de números inteiros que terminam com zero isto
pode não ser verdade. O valor 10.000 Ω pode ter sido obtido com cinco algarismos significativos
ou menos. Para evitar esta confusão estes números são melhores apresentados na notação
científica. Assim, 1,00·104 Ω possui 3 algarismos significativos e 1,0000·104 Ω possui cinco
algarismos significativos.
Assim, se uma medida for obtida como uma média de outras medidas, como por exemplo, a
média de 5202 g, 5202 g e 5203 g, deve-se tomar cuidado com a apresentação do resultado. A
apresentação do número 5202,3333 (o valor da média) não é muito indicada, pois todas as contas
foram realizadas com apenas quatro algarismos significativos, então é melhor apresentar o
resultado com quatro algarismos significativos. Para apresentar o valor da média é importante
informar que o valor foi obtido por uma média de três medidas, cada qual com quatro algarismos
significativos.
Absolutas – t=100±2s
Relativas – t=(100s±0,02)
Percentual – t=100s±2 %
3.4.3 Cálculo e propagação de incertezas
Para o caso de medidas repetidas, onde as estimativas do mensurando podem ser feitas por
processos estatísticos é possível determinar um desvio padrão desta medida. Este desvio padrão se
refere a incerteza padrão da medição. Assim, uma incerteza padrão combinada pode ser
obtida considerando-se a incerteza padrão individual de cada elemento que afeta a estimativa do
mensurando. Esta incerteza padrão combinada pode, então, ser utilizada para estimar um
intervalo onde o valor verdadeiro de um mensurando provavelmente se encontra. Isto é feito com
o cálculo da incerteza de medição expandida, que corresponde a incerteza padrão combinada
multiplicada por um valor constante (fator de cobertura) para aumentar o intervalo de valores
prováveis para o mensurando.
a
ε= (3.26)
√3
Porém, se considerarmos que existe mais probabilidade da medida assumir um valor mais
próximo do centro da escala, por exemplo, mas sem que haja indícios de que uma distribuição
normal se aplique ao caso, pode-se utilizar uma distribuição triangular para o intervalo [-a; +a],
neste caso o desvio padrão é dado por
a
ε= (3.27)
√6
Uma vez que as incertezas padrões Tipo A e Tipo B podem ser determinadas basta saber
como pode ser obtida a incerteza padrão combinada. Supondo as grandezas X1, X2,…, Xn com seus
respectivos valores numéricos estimados x1, x2, …, xN, e incertezas associadas εx1, εx2, …, εxN (cada
uma destas incertezas definida como um desvio padrão). Supondo uma grandeza R que se
relaciona com as grandezas Xi através de uma função R = F(X1, X2, …, XN). R pode ser expressa
como
R =r +ε (3.28)
√[( ) ] [( ) ] [( ) ]
2 2 2
∂F ∂F ∂F
ε= ⋅ε x1 + ⋅ε x2 + ...+ ⋅ε xN (3.29)
∂ X1 ∂X2 ∂XN
Para o caso particular em que F é uma soma ou uma subtração de grandezas então a
incerteza absoluta pode ser obtida pela raiz quadrada da soma dos quadrados das incertezas. Por
exemplo, se T 1=(200±4) s e T 2=(100±2) s , então
Para o caso particular em que F apresenta apenas produtos ou divisões então a incerteza
relativa pode ser obtida pela raiz quadrada da soma dos quadrados das incertezas relativas. Por
exemplo, se L3=551±1⋅10−6 m e T 1=100±2 s , então
Exemplo: Um voltímetro tem exatidão de 1% do valor do fundo da escala (FS) e está sendo
utilizado para medir uma tensão de 30 V, na escala 0 – 200 V. Calcule o erro limite percentual
2
Erro %= ⋅100 %=6,7 %
30
Observe que para valores relativos ao fundo de escala a exatidão absoluta é constante mas
o erro percentual é variável.
Erro limite=14⋅10−6⋅0,928571+2⋅10−6⋅1=15μ V
Supondo que a exatidão declarada fornece limites simétricos para uma correção aditiva do
valor medido (com esperança igual a zero e com igual probabilidade de estar em qualquer parte
dentro dos limites), então a incerteza padrão Tipo B é
15μ V
εTipoB = =8,7μ V
√3
1) Determinar os tipos de erros para cada um dos 4 gráficos abaixo. Considere a linha cheia
como a curva ideal e a curva tracejada a curva real.
90
80
70
60
V. Saída (mV)
50
40
30
20 Subindo
10 Descendo
0
0 10 20 30 40 50 60
P. Entrada (kPa)
13) O uso de transdutores não lineares afeta a exatidão ou a precisão de uma medida?
14) O ruído aleatório de média zero afeta a exatidão de uma medida, sua precisão, ambos
ou nenhum deles?
17) Num experimento você vai utilizar a célula de carga abaixo para construir uma balança
cujo fundo de escala é 50 kgf. a) Projete um condicionador de sinais para a ponte de forma que o
sinal de saída ocupe 50% da faixa de entrada do seu AD (considere que a instrumentação é ideal e
sem ruído) b) Nestas condições, qual a equação para determinar a força a partir do valor lido pelo
AD? c) Estime o offset máximo esperado (em kgf). d) Estime a precisão (em kgf). e) Estime a
exatidão (em kgf). f) Se você substituir o AD por um voltímetro quantas casas depois da vírgula
18) A tabela a seguir mostra as especificações de uma célula de carga cujo valor nominal
(fundo de escala) é de 1,1 N. Se este sensor for alimentado com 10 V, informe: a) qual a
sensibilidade (V/N)? b) qual a precisão (em N)? c) qual o erro máximo (em N)? d) qual o offset
máximo?
22) Para o sensor de pressão 163PC01D48, cujas informações do manual estão transcritas a
seguir, responda: a) Qual a sensibilidade? b) Qual a faixa de frequência? c) Como a histerese pode
ser menor do que o erro de linearidade? Use um desenho para explicar como isto ocorre. d) Qual a
equação da curva de calibração mais provável? e) Qual a informação de manual está errada? Que
valor você acha que é correto para ela?
2⋅t
r≈ (4.1)
3⋅(α A−αB )⋅(T 2−T 1 )
Uma outra forma de medição de temperatura pode ser feita com um pirômetro óptico
(Figura 1.2). Nesse caso a energia térmica irradiada (comprimentos de onda do visível – entre 400
e 700 nm – ou infravermelho – entre 700 e 2000 nm) por um corpo é captada, filtrada e comparada
com a radiação térmica produzida por um filamento aquecido. Como a intensidade da energia
térmica é função do comprimento de onda (lei de Planck) é possível comparar os comprimentos de
onda (ou cor) emitidos pelo objeto em estudo e pelo filamento. No exemplo da Figura 1.2 a medida
que o filamento vai sendo aquecido sua cor se confunde com a do fundo (centro). Este é o modelo
de pirômetro mais antigo e o mais barato. Originalmente ele funcionava na faixa do visível entre
400 e 700 nm de comprimento de onda. Sistemas mais sofisticados utilizam comparações com mais
cores para compensar efeitos de emissividade dos objetos. Com estes sistemas é possível, com
facilidade encontrar dispositivos com erros da ordem de 2%).
Diversos tipos de sensores de pressão são apresentados na Figura 1.3. O mais simples é
uma coluna de líquido (mais comumente água ou mercúrio) com tubo em U ou inclinado, mas
também são muito comuns os tubos de Bourdon em forma de C, torcido, helicoidal ou espiral,
diafragmas, cápsulas e foles. Em todos estes casos a pressão produz uma deformação do sensor, e
esta deformação pode ser medida com algum outro sensor eletrônico. Assim como no exemplo de
pares bimetálicos, as alterações de dimensão desses sensores de pressão podem ser medidas com
potenciômetros, transformadores diferenciais do tipo LVDT, sensores indutivos ou encoders
digitais. Nos sistemas com diafragmas podem ser utilizados potenciômetros, strain gauges
(extensômetros), LVDT (transformador linear diferencial), sensores indutivos, sistemas de
relutância variável, sensores capacitivos, sensores ópticos ou piezoelétricos entre outros. Boa
parte destes sensores eletrônicos serão estudados no decorrer do curso.
p− p ref
h= (4.2)
ρ⋅g
A ideia principal dos sensores de pressão mostrados na Figura 1.3 se traduz numa
variedade maior ainda de implementações, e que podem ser associadas a diversos outros sensores
responsáveis pela conversão final para um sinal elétrico. Esta grande combinação de opções torna
o mundo dos sensores praticamente ilimitado e, não raro, encontramos sensores feitos sob medida
Figura 1.3: Dispositivos para medida de pressão. a) coluna líquida; b) tubo de Bourdon em C; c)
tubo de Bourdon torcido; d) diafragma; e) diafragma integrado; f) cápsula; g) fole.
Tubos de Bourdon e foles podem ser associados a simples arranjos mecânicos para que a
mudança de pressão resulte em mudança perceptíveis de deslocamento (Figura 1.4). O resultado
pode ser apresentado em um mostrador com ponteiro ou este deslocamento pode afetar a posição
de um potenciômetro, LVDT ou outro sensor cuja saída seja elétrica.
Figura 1.4: Implementações mecânicas de sensores de pressão com tubos de Bourdon e foles. No
diagrama inferior direito o movimento do fole atua sobre o núcleo de um LVDT.
Além dos sensores apresentados muitos outros existem com base em propriedades físicas
ou químicas diferentes. Este texto não tem a pretensão de apresentar todas ou a maioria das
formas de medir uma determinada grandeza, mas de servir de exemplo. O sensor apresentado na
A pressão também pode ser uma forma de medir indiretamente a temperatura. Neste caso
um tubo de Bourdon pode ser empregado em conjunto com um bulbo para armazenar um gás
sensor (Figura 1.8). Neste caso a pressão no interior do sistema varia com a temperatura e o tubo
de Bourdon transforma variação de pressão em deformação. Sistemas mecânicos ou elétricos
podem ser usados para converter esta deformação em um registro de temperatura.
Figura 1.6: Sensores de pressão usando fibras ópticas. Acima, em conjunto com um diafragma;
abaixo, com a modificação de características da fibra.
Sensores de força são muito semelhantes aos sensores de pressão e muitas vezes
compartilham os mesmos princípios de funcionamento. Nesse caso, o diafragma, cápsulas, foles, e
outros são substituídos por uma peça rígida, com deformação imperceptível a olho nu. O desenho
da peça mecânica deve favorecer a transmissão das forças para o eixo de maior sensibilidade de
outros sensores de deformação, responsáveis pelo sinal elétrico final.
Os mesmos extensômetros que podem ser fixados aos diafragmas dos sensores de pressão
podem ser posicionados nestas peças rígidas para a medida de força aplicada a elas ( Figura 1.9). A
deformação das peças é percebida pelos extensômetros e transformada em uma variação de
resistência. As peças rígidas definem a faixa de operação do sensor e devem permanecer sempre
em sua região de deformação elástica para preservar a integridade do sensor.
Sensores de vazão também ocupam uma posição importante na indústria e podem ser
feitos de muitas formas diferentes como os tubos de Pitot, fio quente, anemômetro laser, sistemas
eletromagnéticos, ultrassom, sistemas de orifício fixo ou variável, efeito Venturi, sistemas de fluxo
laminar, turbina, vortex, transporte térmico, efeito Coriolis dentre outros.
Dentre os dispositivos mais simples estão aqueles que transformam vazão em diferença de
pressão acrescentando obstáculos a passagem do fluido. A diferença de pressão antes e depois do
obstáculo é proporcional ao fluxo. O obstáculo pode ser de vários tipos como tubos capilares,
orifício fixo (Figura 1.11) ou variável (para tentar evitar ou compensar não linearidades do
sistema). Um exemplo é apresentado na Figura 1.11.
Num sistema como este, com orifício fixo, circular, e fluido incompressível, sofrendo
apenas a ação da gravidade na direção vertical, e na condição de regime permanente, a vazão pode
ser calculada, aproximadamente, como
√ [ ( )]
2⋅( p1 – p2 )
v 2= 2
(4.3)
A
ρ⋅ 1− 1
A2
onde p1 e p2 indicam as pressões medidas antes e depois do obstáculo (ver figura) e A1 e A2 são as
áreas antes de depois do obstáculo (ver figura). Outras geometrias para conversão de vazão em
diferença de pressão são apresentadas na Figura 1.12.
v =√2⋅g⋅h (4.4)
enquanto nos sistemas onde o fluído é conduzido em um tubo fechado a vazão pode ser
determinada como
v= √ 2⋅( p t− p)
ρ (4.5)]
Figura 1.13: Medidores de vazão: rotâmetro, disco nutante, medidor lobular, e turbina.
Muitas outras formas de medição de vazão também estão disponíveis. Exitem métodos que
empregam o efeito Corilolis, sensores eletromagnéticos, e de diluição, por exemplo, todos
mostrados na Figura 1.15. No medidor que emprega o efeito Coriolis um tubo vibra de forma
quase que imperceptível e, quando um fluido passa por ele, a interação entre a vibração do tubo e
a vazão do fluído produzem uma força de torção proporcional a vazão. O sensor eletromagnético,
por sua vez, se aplica a fluidos condutivos. Nesse caso, um campo magnético externo envolve o
duto e a passagem do fluido condutor produz uma tensão elétrica que pode ser captada nas
laterais do duto. Sistemas de diluição também são empregados em alguns casos. Nestes
dispositivos uma determinada quantidade é inserida no sistema, em condições controladas, e
medida novamente em outro local. Em função das diferenças de concentração é possível
determinar a vazão no sistema. No exemplo da Figura 1.15 a diluição é térmica, então qualquer
medidor de temperatura pode ser utilizado para completar o transdutor.
Apesar de associarmos naturalmente a medida de vazão aos fluidos nem sempre isso é
verdade. Algumas vezes é importante medir a vazão de sólidos como grãos ou minérios que
passam por uma esteira, por exemplo. Nestes casos é possível construir um medidor de vazão
como o apresentado na Figura 1.16.
Uma outra variação sobre o mesmo tema é o inductosyn (Figura 1.18). Nele um indutor
plano é estampado sobre um trilho fixo e a posição de uma peça móvel, com uma ou duas bobinas
planas, é determinada em função do sinal induzido nas bobinas móveis. Observe que num sistema
com duas bobinas móveis elas não estão em fase espacial com a bobina fixa, o que permite
determinar a direção do movimento, de forma similar ao que acontece com o encoder.
Outros sensores elétricos estão disponíveis para medidas tanto de deslocamento linear
quanto angular. Para medidas angulares (Figura 1.19) cita-se o transformador rotativo (1 bobina
fixa), o resolver (duas bobinas de estator a 90°) e o synchro (três bobinas de estator a 120°).
Em todos estes sistemas indutivos indutores acoplados onde a tensão induzida é função do
ângulo uma ou mais bobinas são excitadas com um sinal senoidal e uma ou mais bobinas
apresenta
Figura 1.19: Resolver (esquerda) e transformador rotativo (direita – em corte, duas bobinas).
Bem menos sofisticados, mas muito mais comuns, são os sensores de proximidade, que são
sensores de posição para objetos próximos (Figura 1.22). Sistemas que incluem laser (que detectam
se houve transmissão ou reflexão de um feixe) e sensores capacitivos ou indutivos (que alteram
suas capacitâncias ou indutâncias em função da proximidade de algum objeto) são os mais
Figura 1.27: Sensores de nível por pressurização e por transmissão de um feixe luminoso, sonoro
ou de radiação.
Muitas outras grandezas podem ser medidas e alguns exemplos extras são apresentados
nesta seção. Na Figura 1.30 pode ser vistos alguns sensores de umidade onde diferentes materiais
higroscópicos alteram sua forma, dimensão, permissividade ou condutividade com a umidade.
Na Figura 1.32 são apresentados um modelo bastante completo de eletrodo para a captação
de biopotenciais e um eletrodo para medida de pH.
5.1 Potenciômetro
Neste texto nos ateremos aos potenciômetros lineares conectados a um circuito cuja
impedância de entrada é RL (Figura 1.2). Considerando que a resistência entre o contato deslizante
e a referência seja x·Rp e 0≤x≤1, a tensão de saída pode ser obtida por meio de (5.1)
R L // x⋅R p
v out =v in⋅ (5.1)
R L // x⋅R p +(1−x )⋅R p
α⋅R p⋅x⋅R p
α⋅R p +x⋅R p
v out =v in⋅ (5.2)
α⋅R p⋅x⋅R p
+(1−x )⋅R p
α⋅R p +x⋅R p
α⋅x⋅R 2p
v out =v in⋅ (5.3)
α⋅x⋅R 2p +α⋅(1−x )⋅R 2p +x⋅(1−x )⋅R 2p
α⋅x
v out =v in⋅ (5.4)
α+ x⋅(1−x )
Observa-se que a saída depende não só de x, mas também de α. Para que a saída dependa
apenas de x é necessário que RL e, consequentemente, α, sejam infinito. Neste caso
v out
=x (5.5)
v in
Se o erro relativo entre a função de transferência real e a ideal for definido como
erro=
( ) ( )
v out
v in real
−
v out
v in ideal
(5.6)
( ) v out
v in ideal
então
α⋅x
−x
α +x⋅(1−x ) (5.7)
erro=
x
−x⋅(1−x )
erro= (5.8)
α+x⋅(1−x )
logo
α⋅(2⋅x−1)=0 (5.12)
x =0,5 (5.13)
Então o maior erro relativo, em relação ao valor ideal, ocorre quando o contato está no
meio do curso. Neste caso o erro máximo é dado por (5.17)
−0,25
erro máx = (5.15)
α+0,25
−1
erro máx =
1+ α (5.16)
0,25
−1
erro máx = (5.17)
1 +4⋅α
−1
erro máx = =20 % (5.18)
1 +4
Na Figura 1.3 são apresentadas as curvas de erro absoluto e relativo com relação a posição
x além dos valores de vout para o caso ideal e real onde vin=1 V, RL=10 kΩ e Rp=10 kΩ. Como pode
ser visto na Figura erros relativo e absoluto máximo não ocorrem para o mesmo valor de x. Isso é
esperado, pois, uma vez que as equações de erro são diferentes os máximos devem ocorrer em
pontos diferentes. Então, para cada critério de erro escolhido para análise, o máximo ocorre em
um x diferente, e pode ou não ser dependente de α.
As características de desempenho analisadas até aqui são estáticas e algumas vezes são as
únicas consideradas, pois o potenciômetro é, do ponto de vista elétrico, um sistema de ordem zero.
Entretanto, do ponto de vista mecânico, os potenciômetros possuem massa e atrito que limitam
sua utilização em altas frequências ou com velocidades elevadas de deslocamento do contato.
Um strain gauge é um elemento resistivo que produz uma mudança na sua resistência
elétrica em função de uma deformação mecânica (strain). São dispositivos que apresentam
pequenas variações de sinal e que são normalmente utilizados como parte integrante de uma
ponte de Wheatstone (um sistema de medida diferencial com base em dois divisores de tensão).
As deformações as quais os strain gauges são submetidos devem ser elásticas, para não
danificar o sensor. Nesta situação a tensão mecânica sobre os materiais produz uma deformação
deste material que é proporcional a força aplicada e ao chamado módulo de Young. Esta é a lei de
Hook aplicada aos materiais.
F ΔL
σ = =E⋅ε =E⋅ (5.19)
A L
Assim, os strain gauges costumam ser especificados em termos da sua deformação máxima
(ε) que é um adimensional. Normalmente os valores desta deformação são da ordem de με (micro
strains) que corresponde a 10-6 m/m de deformação. Strain gauges podem ser imaginados como
fios de diâmetro bastante reduzido e que, quando sob ação de uma força, deformam-se, alterando
comprimento e área de seção transversal (Figura 1.4). Esta variação dimensional se reflete em uma
variação de resistência (5.20)
ρ⋅L
R= (5.20)
A
∂ R ∂ ρ⋅L
=
∂R ∂R A ( ) (5.21)
( )
⋅ + ⋅ + ( )
∂ R ∂ ρ⋅L ∂ ρ ∂ ρ⋅L ∂ L ∂ ρ⋅L ∂ A
= ⋅ ⋅
∂ R ∂ρ A ∂ R ∂ L A ∂ R ∂ A A ∂ R ( ) (5.22)
L ∂ ρ ρ ∂ L ρ⋅L ∂ A
1= ⋅ + ⋅ − 2 ⋅ (5.23)
A ∂R A ∂R A ∂R
L ρ ρ⋅L
∂ R= ⋅∂ρ+ ⋅∂ L− 2 ⋅∂ A (5.24)
A A A
∂R
R (
L ρ ρ⋅L
= ⋅∂ρ+ ⋅∂ L− 2 ⋅∂ A ⋅
A A A
A
ρ⋅L ) (5.25)
∂ R ∂ρ ∂L ∂ A
= ρ + − (5.26)
R L A
ΔR Δρ ΔL Δ A
= ρ + − (5.27)
R L A
Para elementos de secção transversal circular (grande maioria dos strain gauges não
limitados), a variação relativa da secção transversal está ligada a variação de diâmetro, tal que
Δ A π⋅(d + Δ d )2−πd 2
= (5.28)
A π⋅d 2
Δ A d 2 +2⋅d⋅Δ d + Δ d 2 −d 2
= 2 (5.29)
A d
Δ A 2⋅d⋅Δ d
≈ (5.30)
A d2
Δ A 2⋅Δd
≈ (5.31)
A d
Por outro lado a variação relativa de diâmetro está relacionada com a variação relativa de
comprimento através de chamada razão de Poisson (υ). Usualmente 0<υ<0,5 sendo que para o
volume se manter constante é necessário que υ=0,5 (caso da borracha e de fluidos
incompressíveis). A maioria dos materiais se deforma quando sobre ação de uma força
modificando o seu volume inicial. Para o ferro fundido a razão de Poisson vale 0,17, para o aço
vale 0,303 e para o alumínio e o cobre vale 0,33. Então
2⋅Δ d ΔL
=2⋅ν⋅ (5.32)
d L
assim
ΔA ΔL
=2⋅ν⋅ (5.33)
A L
No que diz respeito a variação relativa de resistividade é possível relacioná-la com uma
variação relativa de volume, uma vez que a resistividade depende da amplitude das vibrações na
rede metálica. Bridgeman mostrou que, em metais, a variação relativa de resistividade é
proporcional a variação relativa de volume, e que uma extensão no material reduz a mobilidade
dos elétrons, ou seja, aumenta a sua resistividade. Esta variação de resistividade como resultado de
um estresse mecânico é chamada piezo resistividade, e a contante de proporcionalidade C, de
Bridgeman, para as ligas mais comuns em strain gauges está entre 1,13 e 1,15, enquanto que para a
platina ela chega a 4,4. Assim
Δρ ΔV
ρ =C⋅ V (5.34)
ΔV ΔL Δ A
= + (5.35)
V L A
Δ V Δ L 2⋅Δ d
= + (5.36)
V L d
ΔV ΔL
= ⋅(1+2⋅ν) (5.37)
V L
Δρ ΔL
ρ =C⋅(1+ 2⋅ν) L (5.38)
ΔR Δρ ΔL Δ A
= ρ + − (5.39)
R L A
ΔR ΔL ΔL ΔL
=C⋅(1+ 2⋅ν) + −2⋅ν⋅ (5.40)
R L L L
ΔR ΔL
= ⋅[ 1−2⋅ν+C⋅(1+2⋅ν) ] (5.41)
R L
Agrupando-se todas as constantes em uma só, chamada fator de gauge (me ou G em alguns
livros)
ΔR ΔL
= ⋅me (5.42)
R L
Δ R /R
me= (5.43)
Δ L /L
Vários materiais podem ser usados para a confecção de strain gauge, resultando em
diferentes fatores de gauge e faixas de operação. Materiais isotrópicos, por exemplo, apresentam
me≈2, ligas isoelásticas me≈3,2, e a platina me≈6.
A Tabela 5.2 mostra a sensibilidade (fator de gauge) para strain gauges de diferentes
materiais. Por ela é possível inferir que as variações de resistência ΔR/R são bastante pequenas.
Normalmente obtém-se somente alguns poucos milivolts de variação de tensão na saída de um
transdutor strain gauge. Variações maiores podem ser obtidas com elementos semicondutores,
como silício, que apresentam mais efeitos piezo resistivos do que de variação de dimensão. Nos
semicondutores a tensão afeta principalmente o número e a mobilidade dos portadores e os efeitos
piezo resistivos dependerão do tipo de material semicondutor, dos seus portadores, e da
orientação cristalográfica com relação a força aplicada. Para barras de silício tipo P com o eixo
dominante na direção (1,1,1), por exemplo, é possível obter me(1,1,1) da ordem de 100 a 175, sendo
tal valor dependente de dopagem. Uma vez que um strain gauge de fio possui, me entre 2 e 6,
pode-se dizer que um strain gauge de silício é muito mais sensível, mas também é muito mais
sensível a variações de temperatura!
Dentre os materiais não semicondutores é possível observar que a platina possui um fator
de gauge relativamente grande e, por suas características químicas, pode ser usada em ambientes
corrosivos. Entretanto, a platina também é usada como termômetro o que introduz erros por vezes
inaceitáveis.
Os tipos não limitados são, normalmente, mais lineares que os limitados, mas devido as
dimensões são empregados apenas para montagens industriais. Normalmente são fios com
dimensões capilares de difícil manipulação manual.
Figura 1.5: Alguns modelos de strain gauges limitados. Strain gauge quadruplo com direções
perpendiculares, simples, triplo e para deformação radial.
Para a base dos extensômetros limitados são utilizados papel, resina epóxi, fenólica ou
poliamida. O adesivo utilizado para colar o sensor costuma ser feito de ciano acrilato, resina epóxi
ou cola cerâmica. Para proteção do sensor empregam-se verniz, epóxi, borracha RTV e massa 3M.
α 0⋅R 0
α 25= (5.46)
R 25
α 0⋅R 0
α 25= (5.47)
R 0 +R 0⋅α 0⋅25
α0
α 25= =0,00355 Ω/Ω/ K (5.48)
1+ α 0⋅25
[ ( ) ( ) ( )( ) ]
3
T T T T
R T =R 0 + R 0⋅α T −δ⋅ –1 ⋅ −β –1 ⋅ (5.53)
100 100 100 100
onde
α⋅β
C =− (5.57)
100 4
Na equação proposta pela IEC 60751 R0 e todos os coeficientes são definidos para T0=0 ℃ e,
por esta razão, (T-T0) se reduz a T nas equações (5.53) e (5.54).
O RTD mais comum é o de platina (normalmente 50, 100, 200, 500, 1.000, 2.000 Ω) que é
inerte e razoavelmente linear para uma ampla faixa de temperatura, apesar de um pouco caro.
Cobre (normalmente 10 Ω) é bem mais barato, também é bastante linear numa ampla faixa de
temperatura, mas oxida com facilidade. O RTD de níquel (normalmente 50, 100, 120 Ω) também é
razoavelmente inerte e tem a maior sensibilidade, mas apresenta uma faixa de utilização menor.
Para temperaturas mais altas o tungstênio pode ser usado. Para temperaturas muito baixas
existem RTD de carbono e vidro, germânio e filmes finos de ródio e ferro. Muitos outros modelos
estão disponíveis para aplicações específicas. Curvas de resistência normalizada em função da
temperatura para alguns dos RTD mais comuns são apresentadas na Figura 1.7.
Para o RTD de platina com resistência de 100 Ω (PT100), um dos mais populares RTD, a
equação de Callendar-van Dusen apresenta coeficientes α=0,003850 Ω/Ω/℃, β=0,10863 e δ=1,4999.
Os coeficientes da equação (5.44) para os RTD de platina, níquel e cobre são apresentados na
Tabela 5.4. Para calcular a temperatura a partir das equações (5.44), (5.53) ou (5.54) é necessário
resolver equações polinomiais de grau dois ou três com cálculo de raiz quadrada ou métodos
iterativos. Isso pode consumir muito tempo de processamento em controladores mais simples e,
nestes casos, um ajuste polinomial pode ser feito para o cálculo da temperatura diretamente em
função da resistência. A exatidão da media obtida com este método é apresentada na Tabela 5.5.
Tabela 5.5: Exatidão de um RTD de platina com o uso de polinômio de diferentes ordens
Ordem do Exatidão em ℃ Exatidão em ℃
polinômio (-200 até 850 ℃) (-50 até 150 ℃)
1 <20,2 <0,55
2 <1,7 <0,007
3 0,16 <0,0001
4 <0,018 ~0
5 <0,002 ~0
PSoC 3, PSoC 4, and PSoC 5LP – Temperature Measurement with an RTD, Cypress – AN70698
Como já foi mencionado, os sensores propriamente ditos podem ser formados por fios
enrolados ou por filme metálico (Figura 1.8). Os de filme metálico apresentam características
Para sensores mais rápidos é necessário menor massa o que pode ser conseguido, em parte,
com materiais de resistividade maior, pois é possível obter a mesma resistência com menos fio.
Valores de resistência mais altos para os RTD facilitam a interconexão com cabos longos (a
resistência dos fios, neste caso, deve ser bem menor que do RTD).
PD
δ= (5.58)
ΔT
Como todos os sensores, o RTD também deve ser estável, mas o drift térmico costuma
limitar a resolução em altas temperaturas. Mesmo assim os RTD costumam apresentar uma boa
sensibilidade, alta exatidão, baixo custo (para os sensores de cobre e níquel) e elevada estabilidade
(para o sensor de platina – desvios de 0,1 ℃/ano em ambiente industrial e 0,0025 ℃/ano em
laboratórios). Isto acaba por conferir ao RTD uma boa relação de compromisso entre sensibilidade,
estabilidade e linearidade.
Observa-se também que alguns materiais utilizados como RTD são empregados como
strain gauges e por esta razão os RTD também serão sensíveis a deformações mecânicas que
devem ser evitadas ou compensadas. E para finalizar a seção vale a pena observar que os nomes
5.4 Termistores
Termistores são resistores sensíveis à temperatura (Figura 1.9), que apresentam resistência
variando com coeficiente positivo (PTC) ou negativo (NTC). Os termistores, diferente dos RTD,
são formados por elementos semicondutores (óxido metálico sinterizado e coberto por epoxy ou
vidro, nos casos mais comuns) onde o número de portadores de carga é alterado com a
temperatura.
( )
2,3
T
R(T )=R 0⋅ (5.59)
T0
Os NTC são os termistores mais comuns para medidas de temperatura, mas também
podem ser empregados com base no seu autoaquecimento. Quando funcionam como um medidor
de temperatura a resistência de um termistor NTC pode ser descrita aproximadamente por uma
exponencial (5.60). Esta aproximação é válida para uma faixa de aproximadamente 50 ℃
R(T )=R0⋅e
β⋅
( 1 1
–
T T0 ) (5.60)
( )⋅e
−
β β
R (T )= R 0⋅e T0 T (5.61)
β β
ln [R (T )]= − + ln[ R 0 ] (5.62)
T T0
Este modelo exponencial normalmente permite medidas com erro de ±0,3 ℃ para uma
faixa dinâmica de 50 ℃. Modelos mais sofisticado podem ser utilizados para melhorar as
estimativas de temperatura e aumentar a faixa de atuação do transdutor. O modelo empírico de
três parâmetros (5.64), com base na equação de Steinhart-Hart, por exemplo, leva o erro para
±0,01 ℃ numa faixa dinâmica de 100 ℃, e o modelo de quatro parâmetros (5.65) leva a erros para
0,00015 ℃ na faixa de 0 a 100 ℃. Este cuidado todo com a qualidade da medida, entretanto, exige
recalibrações toda vez que o transdutor for trocado, pois normalmente os valores de β variam
R (T )=R ⋅e
( B C
A+ + 3
T T ) (5.64)
0
R (T )=R ⋅e
( B C D
A+ + 2+ 3
T T T ) (5.65)
0
Da mesma forma que para os RTD também é possível calcular a sensibilidade relativa de
um termistor. Considerando o modelo de um parâmetro (5.60), a sensibilidade relativa α pode ser
descrita por (5.66). Supondo β=2648 em 25 ℃, obtém-se um α=0,0355 Ω/Ω/K, ou seja, 10 vezes
maior do que no PT100. Algumas vezes este valor é escrito como 3,55%/K (simplificando a razão
Ω/Ω). A faixa normal de sensibilidade para NTC vai de 3 até 7%/K. Curvas reais de alguns NTC
são apresentadas na Figura 1.10. Para os PTC modelados por 5.59 α=0,77%/K, o dobro do PT100.
dR (T )/dT B
α= =− 2 (5.66)
R (T ) T
A contante de dissipação térmica (δ) dos termistores (normalmente entre 0,5 e 10 mW/℃)
também é muito importante para garantir a qualidade da medida. Por exemplo, se uma medida
requer um erro menor do que 0,1 ℃, mas o termistor apresenta δ=3 mW/℃, ele precisa dissipar, no
máximo 0,3 mW. Esta é uma condição limite que considera o transdutor como única fonte de erro.
Em uma situação real a potência terá que ser no mínimo duas ou três vezes menor. Quando o
termistor opera nesta faixa considera-se que ele está numa região linear entre tensão e corrente
que as vezes é chamada de região de potência nula ou modo R×T (Figura 1.11).
Para potências mais altas o termistor entra numa região de funcionamento com
autoaquecimento. Nesta região o transdutor não é usado para medida de temperatura, mas utiliza
suas características para funcionar como limitador de corrente ou medidor de perda de calor. Estes
costumam ser chamados de modo de queda de tensão ou variação de corrente no tempo.
O modo de queda de tensão costuma ser utilizado em medidores de fluxo, nível, vácuo ou
outros dispositivos que resfriam o termistor alterando a queda de tensão sobre ele. No modo de
variação de corrente com o tempo o termistor pode ser usado para limitar a corrente de partida de
um circuito. A medida que o tempo passa o autoaquecimento reduz sua resistência permitindo o
fluxo de uma corrente de regime permanente substancialmente maior. Esta estratégia é
comumente empregada em dispositivos que requerem uma partida lenta ou um aumento
gradativo da corrente. Para esta aplicação é necessário conhecer além das características elétricas
do transdutor, a sua capacidade térmica e seu calor específico, pois
dT
P =V T⋅I T =δ (T −T a )+C⋅ (5.67)
dt
Figura 1.11: Curva V × I de termistores (NTC elements – Epcos – General technical information).
A região linear ocorre para potências muito baixas. A parte alta da curva é utilizada com o
transdutor no modo de autoaquecimento.
P
T =T a + ⋅[1– e −(δ /C)⋅t ] (5.68)
δ
Em regime permanente
2 V 2T
I ⋅R T = =δ⋅(T −T a)
T (5.69)
RT
Termistores podem apresentar uma razoável estabilidade com o tempo apenas em casos de
pré envelhecimento. Nestes casos é possível obter variações equivalentes a 0,01 ℃ para uma faixa
de 70 ºC. Uma estabilidade intermediaria pode ser obtida cobrindo o elemento sensor com vidro
mas a constante térmica ficará pior. Além disto é necessário atenção na troca de termistores para
que eles apresentem características semelhantes.
Se a exatidão não for importante este sensor pode ser linearizado com associação de
resistores. Isto pode ser conseguido, para uma faixa limitada de temperatura, colocando-se um
resistor fixo em série ou em paralelo com o termistor (Figura 1.12). Embora isto acarrete uma
redução na sensibilidade do dispositivo, a sensibilidade original do termistor é relativamente alta,
o que ainda garante um resultado final satisfatório. Neste caso os erros obtidos estão na faixa dos
2,5%.
R P⋅R T
R= (5.70)
RP + RT
dR R 2P dR
= ⋅ T (5.71)
d T ( R T + R P ) dT
2
d 2R
dT 2 |
T =T C
=0 (5.72)
β−2⋅T C
Rp=R TC⋅ (5.73)
β+2⋅T C
Uma outra linearização comum, e que envolve uma faixa de operação, pode ser obtida para
qualquer função não linear fazendo com que variações iguais de temperatura correspondam a
variações iguais na resistência equivalente. Assim, para temperaturas extremas T1 (mais alta) e T3
(a mais baixa) podemos escrever
T 1−T 2 =T 2 −T 3 (5.74)
R P⋅R T 1 R ⋅R R ⋅R R ⋅R
− P T2 = P T2 − P T3 (5.76)
( R P + R T 1 ) ( R P +R T 2) (R P + R T 2) ( R P + R T 3)
Transdutores resistivos podem apresentar variações de resistência que vão desde 0,001%
até 10.000% nos casos extremos. Como uma variação de resistência não é um sinal propriamente
dito estas variações devem ser transformadas em tensão e corrente. Os circuitos que são ligados
aos transdutores fornecem energia para os mesmos aquecendo-os, e isto normalmente é
indesejado. Além disto todo o circuito ligado ao transdutor pode ser simplificadamente substituído
por seu equivalente Thévenin de tal forma que a impedância do Thévenin interage com a
resistência do transdutor afetando as tensões e correntes no circuito final. Apesar das
características dinâmicas das medidas serem importantes os transdutores resistivos podem, com
facilidade, ser utilizados com corrente contínua em medidas estáticas. Uma série de características
e problemas estáticos relacionados as medidas e aos circuitos de medidas podem ser investigados
nestes casos. Linearizações, cancelamento de interferências, ganhos elevados e habilidade para
cancelar efeitos resistivos dos fios de interligação, principalmente para medidas remotas ou em
ambiente onde a temperatura varie significantemente são alguns dos problemas que devem ser
tratados. Para tanto é necessário conhecer os amplificadores e circuitos mais comuns para estas
aplicações, bem como ter uma ideia de como funcionam os principais elementos utilizados para ler
os sinais analógicos e convertê-los em digital e vice-versa. Outros circuitos não lineares ou de
corrente alternada também podem ser bastante úteis, mas não serão tratados neste momento.
6.1 Introdução
Por ter sido projetado para ser versátil e funcionar em circuitos com realimentação
negativa este amplificador é construído com ganhos extremamente elevados. Tão elevados que na
maioria das vezes vamos considerar que seu ganho é infinito. O erro desta suposição é, na maioria
das vezes, desprezível. A Figura a seguir mostra um diagrama com realimentação negativa. O
ganho de malha aberta do amplificador operacional está representado por Ad(S), vi é o sinal de
entrada e vo o sinal de saída. A malha de realimentação negativa é formada pelo bloco β(S). Em
circuitos práticos a realimentação é feita por resistores e capacitores. O conjunto completo forma
um novo amplificador com características e nomes próprios que vão depender da rede de
realimentação, como veremos mais adiante. Apesar do ganho infinito do AO a sua saída é finita e
o ganho do circuito realimentado também. Isto será fundamental para o equacionamento de
circuitos
vi vo
Ad(S)
+ _
β(S)
vo(S) Ad (S )
= (6.2)
v i (S ) 1+ Ad (S )⋅β(S )
v o (S ) 1
lim = (6.3)
A (S)→∞ v i (S )
d
β
Observa-se que, mesmo com o ganho infinito do AO a sua saída é finita e o ganho do
circuito realimentado também. Isto será fundamental para o equacionamento de circuitos
envolvendo AO.
Aol⋅ωC
Ad (S )= (6.4)
S +ω C
Aol⋅ωC
vo(S ) ( S + ωC )
= (6.5)
v i (S ) A ol⋅ωC
1+ ⋅β
( S +ωC )
Aol⋅ωC
vo (S ) ( S + ωC )
= (6.6)
v i (S ) ( S + ωC ) + A ol⋅ωC⋅β
( S + ωC )
vo(S) A ol⋅ωC
= (6.7)
v i (S ) S +ωC⋅(1+ Aol⋅β)
Aol
vo(S ) 1+ A ol⋅β
= (6.8)
v i (S ) S
1+
ω C⋅(1+ A ol⋅β)
1 O nó terra é o ponto do circuito a partir do qual são medidas as diferenças de potencial para as entradas e saídas
do AO. Neste ponto também são ligadas as duas fontes de alimentação. O nó terra é a referência para medidas de
tensão.
Mesmo assim, na maioria das vezes o projeto leva em conta um AO com características
ideais. As características reais são importantes apenas para a escolha do AO de forma a atender os
requisitos do projeto. Por exemplo, em instrumentação costuma ser importante a escolha de AO
de baixo ruído, em aplicações onde a temperatura varia muito talvez seja importante um circuito
com pouco drift térmico, se a impedância de saída do sensor for muito alta talvez seja necessário
escolher AO com impedância de entrada também elevada. Uma vez que o AO tenha sido escolhido
para atender as exigências do projeto a escolha das características necessárias para o AO tenha
sido feit
+
v =0 (6.10)
então
vo
=−v − (6.11)
Ad
-
Equacionando o nó da entrada v ,
v − −v i v −−v o
+ =0 (6.12)
R1 R2
temos que
v i⋅R 2 + v o⋅R 1
v −= (6.13)
R 1+ R 2
logo
vo vi⋅R 2 + vo⋅R 1
=− (6.14)
Ad R1 + R 2
vo R2
=− (6.16)
vi R1
1 100.000 1 -0,002%
10 100.000 10 -0,011%
v − −v i v −−v o
+ =0 (6.18)
R1 R2
vi
iR = (6.20)
1
R1
Esta corrente caracteriza uma impedância de entrada igual a R1 e isto pode fazer com que
tanto um circuito que é ligado na entrada do amplificador quanto o próprio amplificador
interfiram no funcionamento um no outro. A Figura 1.5, por exemplo, ilustra bem este caso. O
circuito ligado antes do amplificador inversor apresenta resistência de saída Rth1 que está em série
com R1.
vo R2
=− (6.21)
vi R 1 + Rth1
Observa-se que a tensão na saída do circuito ligado ao inversor também foi alterada.
Quando não estava conectado, o circuito apresentava saída vx=Vth1, porém, depois de interligado
ao amplificador inversor, apresenta a saída
R1
v x=Vth1⋅ (6.22)
Rth 1 + R 1
v + =v i (6.23)
− R1
v =v o⋅ (6.24)
R 1+ R 2
e como
vo
v + −v− = (6.25)
Ad
então
vo (R1 + R2 )⋅Ad
= (6.27)
v i R 1+ R 2+ R1⋅Ad
vo R1+ R2
= (6.28)
vi R +R
R 1+ 1 2
Ad
v o R 1+ R2
= (6.29)
vi R1
v i – 0 v i−v o
+ =0 (6.30)
R1 R2
v o R 1+ R2
= (6.31)
vi R1
Mais uma vez o ganho do amplificador realimentado, quando Ad tende a infinito, é igual
aquele calculado considerando que as duas entradas do AO tem o mesmo valor. Podemos notar,
também, que nesta configuração o menor ganho é o unitário, que pode ser obtido se R1=∞
(circuito aberto) ou R2=0 (curto circuito). Neste caso o circuito do amplificador não inversor é
chamado de buffer. O buffer possui ganho unitário e, assim como o amplificador não inversor,
pode ser utilizado para isolar estágios amplificadores. Isolar, aqui, é usado para indicar que os
circuitos anterior ou posterior não afetam nem são afetados pelo amplificador. Isto se deve
novamente aos equivalentes Thevenin. No caso do amplificador não inversor a impedância de
saída é zero (o que é ótimo), e a impedância de entrada é infinita (o que também é ótimo).
Como podemos observar este amplificador apresenta várias fontes de entrada e, portanto,
pode ser equacionado utilizando o princípio da superposição de fontes. Aqui levaremos em conta
que o AO possui características ideais de funcionamento, assim, a saída será dada pela equação
v o =−R4⋅
( v1 v2 v3
+ +
R1 R2 R3 ) (6.32)
Se R1=R2=R3=R, então
R4
v o =− ⋅(v +v + v ) (6.33)
R 1 2 3
Observe que, assim como o amplificador inversor, o amplificador somador não possui
impedância de entrada infinita. As resistências R1, R2 e R3 correspondem respectivamente as
impedâncias das entradas 1, 2 e 3.
O cálculo da tensão de saída pode ser feito facilmente por superposição, uma vez que
existem duas fontes atuando sobre o circuito. Quando v2 é zero a entrada v1 é aplicada a um
amplificador inversor. Quando v1 é zero a entrada v2 passa por um divisor de tensão e é aplicada a
um amplificador não inversor.
R2 R2 R 1 + R 2
v o =−v 1 +v 2 ⋅ (6.34)
R1 R 1 + R2 R 1
R2
vo = ⋅(v −v ) (6.35)
R1 2 1
O amplificador subtrator amplifica a diferença entre duas tensões. Idealmente aquilo que
as duas tensões têm em comum não é amplificado. Na prática isto não acontece, pois as duas
resistências R1 e as duas resistências R2 não são idênticas e assim cada entrada é amplificada de
forma um pouco diferente. A Figura 1.9 mostra um amplificador subtrator com quatro resistências
diferentes, uma fonte comum as duas entradas e um par de fontes produzindo uma tensão
diferencial.
Este amplificador pode ser estudado por superposição. Para a entrada vcm e v2
R 4 R 2+ R 1
v o =( v cm +v 2 )⋅ ⋅ (6.36)
R 3+ R 4 R 1
R2
v o =− ⋅(v + v ) (6.37)
R1 cm 1
[
vo =
R1⋅R4− R2⋅R3
]
R1⋅( R3+ R4 )
R
R1
R 1+ R2 / R1
⋅v cm− 2⋅v 1 + 4⋅ ⋅v
R3 1+ R 4 / R3 2
(6.38)
Observe que as entradas v1 e v2 são amplificadas de forma diferente e que só há uma forma
de cancelar a tensão de modo comum, fazendo
R2 R 4
= (6.39)
R1 R3
R2
vo = ⋅(v −v ) (6.40)
R1 2 1
Como o ganho de modo comum costuma ser muito baixo podemos usar a chamada
rejeição de modo comum, ou CMRR que pode ser expressa linearmente (6.41) ou em dB (6.42)
Ad
CMRR= (6.41)
Acm
CMRR=20 log ( )
Ad
Acm
(6.42)
vo
Ad= (6.43)
vd
Quando o problema se apresenta como na Figura 1.8, a tensão diferencial (vd) pode ser
obtida pela diferença entre v1 e v2 enquanto a tensão de modo comum (vcm) pode ser obtida pela
média entre as duas tensões. Fazendo isso, o ganho de modo comum da equação (6.38) passa a ser
Acm =
[ R 1⋅R 4 −R 2⋅R 3
R 1⋅( R 3+ R 4) ] (6.45)
e o ganho diferencial pode ser obtido considerando que v1 = −vd/2 e v2 = +vd/2, assim
1 R ⋅R +R ⋅R +2⋅R 2⋅R 4
Ad = ⋅ 1 4 2 3 (6.46)
2 R 1⋅(R 3 + R 4 )
Substituindo (6.45) e (6.46) em (6.41) obtemos (6.47), uma equação para a CMRR do
subtrator em função da falta de casamento entre as resistências. Considerando que o ganho ideal
do subtrator (G) é determinado pela razão entre R1 e R2, a equação (6.47) pode ser simplificada até
que se obtenha (6.48). A dedução está em Precision Matched Resistors Automatically Improve
Differential Amplifier CMRR – Here’s How, da Linear Technology.
G+1
CMRR R ≈
ΔR (6.48)
4⋅
R
onde ΔR/R corresponde a tolerância dos resistores (metade do valor informado pelos manuais para
o casamento entre as resistências).
A Tabela 6.3 mostra como a CMRR do circuito pode mudar com relação a tolerância dos
resistores. Observe que para resistores com tolerância de até 0,1% a CMRR do subtrator é
relativamente pequeno. A solução para este problema é integrar os resistores ou todo o circuito,
ou aumentar o ganho do subtrator (para aumentar o ganho diferencial). Exemplos destes circuitos
integrados são o AMP03, o AD628, AD629 da Analog Devices, e os INA149 e INA146 da Texas
Instruments que apresentam CMRR próximos a 100 dB.
1 1 1
CMRR = + ≈ (6.49)
CMRR +CMRR AO 4⋅(CMRR R +CMRR AO ) CMRR R +CMRR −1
−1 −1 −1
R AO
Observe que a própria impedância da fonte pode causar um desbalanço nos resistores e
diminuir a CMRR da configuração. Por esta razão é desejável uma topologia onde a impedância de
entrada seja extremamente elevada. A construção integrada deste amplificador também minimiza
os erros entre as resistências e propicia uma CMRR maior.
Acm =
[ R 1⋅R 4 −R 2⋅R 3
R 1⋅( R 3+ R 4) ] (6.50)
1 R ⋅R +R ⋅R +2⋅R 2⋅R 4
Ad = ⋅ 1 4 2 3 (6.51)
2 R 1⋅(R 3 + R 4 )
1
v o= ⋅v + 100⋅v d (6.52)
102 cm
Ad 100
CMRR= = =10200≈80 dB (6.53)
Acm 1/102
que também poderia ser obtido por (6.47) ou, usando a aproximação da equação 6.48
100 +1
CMRR≈ =5050≈74 dB
4⋅0,005
Esta topologia apresenta alta rejeição a tensões de modo comum, ganho elevado, ganho
ajustável apenas com um resistor, impedância de entrada (diferencial e de modo comum) elevada
em ambas as entradas. Nesta configuração o primeiro estágio é responsável pelo ganho e o
segundo estágio é responsável pelo CMRR e para que este valor seja elevado o amplificador de
instrumentação é comercializado em um único integrado.
R+ R3
v o 1=v 1⋅ (6.54)
R
R3
v o 2 =−v 1⋅ (6.55)
R
R+ R3
v o 2 =v 2⋅ (6.56)
R
R3
v o 1=−v 2⋅ (6.57)
R
R2
vo = ⋅(v −v ) (6.58)
R1 2 1
então
R 2 R+2⋅R3
vo = ⋅ ⋅(v 2−v 1 ) (6.59)
R1 R
vo =
R2
R1 (
⋅ 1+
2⋅R3
R )
⋅(v 2−v 1) (6.60)
(
v o =( v 2 – v 1)⋅ 1+
R4 2⋅R 4
+
R3 RG ) (6.61)
ou sem o resistor RG
( )
v o =( v 2 – v 1)⋅ 1+
R4
R3
(6.62)
R +R
v o =(v 1 −v 2)⋅ 2 1 (6.66)
R1
Exemplos deste amplificador são o AD8129 e AD8130 da Analog Devices e podem ser
utilizados em conjunto com os amplificadores operacionais diferenciais completos. Com este
circuito é possível criar buffer, circuito de ganho 2 sem resistores, somadores não inversores,
inversor com alta impedância de entrada, e o clássico amplificador de instrumentação com CMRR
elevado até alguns MHz. Alguns cuidados são importantes: as tensões diferenciais não podem ser
altas; as duas entradas diferenciais não são iguais, então não podemos trocar a entrada de
realimentação e as cargas capacitivas devem ser evitadas.
O amplificador operacional real é bem diferente do ideal. Seu ganho diferencial (Ad) é da
ordem de 105 ou 106 vezes. Os melhores CMRR estão próximos de 100 dB. As impedâncias de
entrada diferencial (Rid) e de modo comum (Ricm) são da ordem de alguns MΩ e, como
consequência, as correntes nas entradas do AO (Ib) são da ordem de μA ou nA e não são iguais.
Além disto a saída não é zero quando as duas entradas estão aterradas. Isso adiciona um efeito de
offset (Vos) no AO. Para finalizar, a impedância de saída (Ro) não é nula. Um modelo mais completo
do AO, levando em conta todas estas características reais, é apresentado na Figura 1.17. Neste
modelo foram consideradas apenas características estáticas (de corrente contínua). Características
dinâmicas também devem ser consideradas em algumas aplicações. De um modo geral todas estas
características (estáticas e dinâmicas) se tornam importantes em problemas de alto desempenho e
nestes casos vale a pena consultar um especialista (um engenheiro eletrônico).
Também vale a pena lembrar que quase todos os sinais apresentam valor zero para entrada
zero, então, quando lemos que um sinal pode varia de 10 a 20 mV, por exemplo, provavelmente
esta é uma informação sobre os valores máximos deste sinal e não sobre a faixa de valores. A
resposta correta vai depender do tipo de sinal e você terá que pesquisar. Muitas vezes, também, os
Resistências podem ser medidas de duas formas básicas, por métodos de deflexão ou de
zero. Os métodos de zero costumam ser mais exatos, porém mais lentos. Alguns problemas
relativos as medidas, entretanto, são comuns aos dois métodos e serão apresentados, neste texto,
uma única vez. Neste capítulo os conceitos serão apresentados em um contexto mas podem e
devem ser estendidos para todos os casos.
Os métodos de medida por deflexão são simples, pois necessitam apena que uma corrente
ou tensão seja aplicada ao transdutor. A variação de resistência, então, se traduz também numa
variação de corrente ou tensão dependendo de como se faz a medida. Para estes casos é necessário
que as fontes sejam muito estáveis e precisas. Assim, mesmo para as fontes de corrente as
referências de tensão serão importantes. Eventuais erros de exatidão podem ser compensados pois
irão se refletir em erros de tendência. Resistências dos fios e terminais podem ser compensadas
facilmente empregando-se uma medida com quatro fios, excitação por corrente e medida de
tensão (Figura 1.1, esquerda).
Medidas diferenciais também são comuns, pois as vezes as resistências variam pouco o que
se traduz em um sinal com offset muito elevado. Nas medidas diferenciais o offset pode ser
removido por comparação com resistências dummy, que apresentam a mesma resistência do
transdutor e, muitas vezes, variações idênticas com a temperatura ou outras grandezas que não
são de interesse (Figura 1.1, direita). Uma variação deste esquema pode ser feita com apenas uma
fonte de corrente e medidas diferenciais de tensão sobre cada resistência. Neste caso a saída pode
ser obtida pela subtração ou razão das tensões. A subtração pode ser realizada com um
amplificador diferencial enquanto que a razão pode ser implementada com circuitos divisores ou
um conversor AD cujo valor máximo corresponda a uma tensão de referência.
Figura 1.1: Algumas formas comuns de medida de resistência. A esquerda o método com quatro
fios e a direita uma medida diferencial. Em ambos os métodos as medidas de tensão são feitas
entre os pontos A e B.
Para qualquer caso também vale a pena lembrar que o autoaquecimento, se não for
necessário para a medida, deve ser evitado. Se o circuito for alimentado por fonte de tensão a
potência máxima ocorre quando a resistência do transdutor for igual à resistência do equivalente
Apesar das duas formas serem possíveis a mais comum é aquela com alimentação em
tensão. Nela, considerando que Av é o ganho do amplificador e Vcc é o valor da fonte de
alimentação, a tensão na saída do amplificador será
v o =Av⋅Vcc⋅( R3
−
R4
R 2 + R 3 R 1 + R4 ) (7.1)
enquanto que, para o circuito alimentado com fonte de corrente, o sinal na saída do amplificador é
dado por
Figura 1.3: Modelo de ponte de Wheatstone ligado a um amplificador com impedância de entrada
ZL.
R3
v TH 1=v⋅ (7.3)
R2 + R3
R 2⋅R3
RTH 1= (7.4)
R 2+ R3
R4
v TH 2=v⋅ (7.5)
R1 + R 4
R1⋅R4
RTH 2= (7.6)
R1 + R4
v TH =v TH 1−v TH 2=v⋅
( R3
− 4
R
R 2 + R 3 R 1 + R4 ) (7.7)
Com as equações apresentadas fica evidente que a relação entre a tensão de saída da ponte
e a variação de resistência dos elementos sensores pode ser bastante complexa. O uso mais
simples da ponte inclui apenas um elemento sensor. Supondo que R3=R 0⋅(1+Δ) e que
R 1 R2
k= = (7.9)
R 4 R0
v TH =v⋅
[ R0⋅(1+ Δ)
−
R4
R 2+ R 0⋅(1+Δ) R1 + R4 ] (7.10)
[
v TH =v⋅
R0⋅(1+ Δ) 1/R 0
⋅ −
R 4 1/ R4
⋅
R 2+ R 0⋅(1+Δ) 1/R 0 R1 + R4 1/ R4 ] (7.11)
v TH =v⋅ [ (1+ Δ)
−
1
k +(1+ Δ) k +1 ] (7.12)
v TH =v⋅
[ k⋅Δ
(k +1)⋅(k +1+Δ) ] (7.13)
Desta forma fica evidente que a sensibilidade da ponte depende da relação entre as
resistências e que não é linear com relação a entrada (Δ). A sensibilidade da ponte pode ser
calculada como
v TH =v⋅ Δ (7.15)
2⋅(2+Δ)
o que significa que a saída não é linear com relação as variações de resistência, mas para
aplicações menos exigentes e com Δ≪2
v TH ≈v⋅Δ (7.16)
4
Este limite para Δ pode ser conseguido com certa facilidade quando usamos strain gauges,
mas isto pode não ocorrer quando os sensores forem RTD, por exemplo. Neste caso pode ser mais
interessante reduzir a sensibilidade da ponte alterando a relação entre as resistências. Isto também
torna a ponte mais linear.
R⋅R⋅(1+Δ) R⋅R
RTH = + (7.17)
R+ R⋅(1+ Δ) R+ R
R⋅(1+ Δ) R
RTH = + (7.18)
2+Δ 2
RTH =R⋅
1 1
2 2 (7.19)
ou seja, não é constante e varia de forma não linear com relação a Δ. Mais uma vez, para
aplicações menos exigentes e com Δ≪1
RTH =R (7.20)
Observe que tanto a tensão quanto a resistência de Thévenin variam em função das
variações de R3, e que RTH é aproximadamente igual as demais resistências empregadas na ponte.
Isto quer dizer que o uso de sensores com impedância baixa é desejado, pois os erros relativos
oriundos destas variações e da impedância de entrada do amplificador serão baixos. Outras
possibilidades de montagem da ponte estão listadas na Tabela 7.1.
R0 R0 R0·(1+Δ) R0 Δ Δ
2( 2+ Δ) (4 +Δ)
R0·(1+Δ) R0 R0·(1+Δ) R0 Δ Δ
(2+Δ) 2
R0 R0 R0·(1+Δ) R0·(1–Δ) 2Δ Δ
2
(4 +Δ 2)
R0 R0·(1–Δ) R0·(1+Δ) R0 Δ Δ
2 2
A alimentação em corrente também apresenta um caso não linear, onde apenas uma
resistência da ponte varia. Mesmo nesta situação este tipo de alimentação pode ser vantajosa em
casos de alimentação remota, pois sofre menos influência da resistência dos fios e, portanto,
favorece o uso de cabos mais baratos e com menos fios (como será visto mais adiantes) além de ser
mais imune a interferências externas.
R v
v - =v o⋅ = o (7.21)
2⋅R 2
v +−v o v - −v o v
i in= = =− o (7.22)
R R 2⋅R
vo
v in =v +=v - = (7.23)
2
v in
R eq = =−R (7.24)
i in
Substituindo o circuito pelo seu equivalente Thévenin (Req) e a fonte vin em série com a
resistência R pelo seu equivalente Norton, é fácil perceber que a corrente na carga, de cima para
baixo, é igual a
v in
i RL= (7.25)
R
v in
i RL=− (7.26)
R
Levando em conta que a tensão na saída do operacional é vO1 e a tensão sobre a carga é vRL,
então
- ( v1 −v - )
v O 1 =v −R2⋅ (7.27)
R1
+ (v 2−v + )
v RL=v −R 2⋅ (7.28)
R1
-
( )
v O 1 =v ⋅ 1+
R2
R1
−v 1⋅
R2
R1
(7.29)
+
v RL=v ⋅ 1+( ) R2
R1
−v 2⋅
R2
R1
(7.30)
considerando as tensões nas duas entradas do AO são iguais (v+=v-) e que R≪R2 ou um buffer seja
colocado para a realimentação de vRL, então
v O 1 – v RL
i RL = (7.31)
R
1
[( ) R R R R
( )
i RL = ⋅ v +⋅ 1+ 2 −v 1⋅ 2 −v +⋅ 1+ 2 +v 2⋅ 2
R R1 R1 R1 R1 ] (7.32)
R 2 (v 2 – v 1)
i RL = ⋅ (7.33)
R1 R
Análise das realimentações: A1 recebe realimentação negativa (RN) através da entrada não
inversora de A3 e realimentação positiva (RP) através de A2 e da entrada inversora de A3. Como o
ganho dos dois caminhos do subtrator (entradas inversora e não-inversora) são iguais em módulo,
a RN é mais forte, porque a RP ainda passa pelo divisor resistivo formado por R e RL. Como
resultado disto o circuito possui realimentação negativa, o que permite o uso das técnicas
estudadas.
R4
v oA 3 =i L⋅R⋅
R3
vi v
=− oA 3
R1 R2
R 2⋅R 3
i L=− ⋅v
R1⋅R 4⋅R i
v omáx −v Limáx
R= , onde vomáx é a máxima tensão de saída do AO.
i Lmáx
11 V −10 V
R= =1 k Ω
1 mA
R 2⋅R 3
Como i L=− ⋅v (a corrente independe de RL)
R1⋅R 4⋅R i
R4 R ⋅v 100 k⋅(−10)
então =− 3 i =− =10
R3 R i⋅R⋅i O 100 k⋅1 k⋅1 m
Tanto nas pontes alimentadas com fonte de corrente quanto naquelas alimentadas com
fonte de tensão a saída depende da fonte. Isso significa que oscilações (ripple) na fonte se
propagam para a saída da ponte, levando a variações indesejadas. O mesmo acontece para os
potenciômetros ou circuitos cuja medida é feita a 2 ou 4 fios. Para esta aplicação as fontes
precisariam ser muito estáveis e ter pouco ruído, mas não precisam ter muita potência. Por outro
lado, fontes tradicionais usadas para alimentar circuitos podem ser ruidosas e apresentarem drift
elevado com tempo ou temperatura. Estas características normalmente não são problemáticas pois
os AO e outros circuitos com medidas diferenciais têm imunidade a estas variações (PSRR, por
exemplo). Como consequência destas diferentes requisições foram projetadas fontes de tensão
específicas para referência. Alguns modelos são apresentados na Tabela 7.2.
Tabela 7.2: Circuitos de referência de tensão.
Parâmetro AD581L LM399A LT1021A MAX671C REF10A REF102C
Saída
10/10 6,95/10 10/10 10/10 10/20 10/10
(V/mA)
Drift c/ Tempo
25 20 15 50 50 5
(ppm/1000h)
Drift Térmico
5 0,6 2 1 8,5 2,5
(ppm/K)
Regulação (V)
50 10 4 50 100 100
(ppm/Vmáx)
Regulação (I)
50 3 25 1 800 10
(ppm/mAmáx)
Ruído (μVpp)
40 6 6 50 30 5
(0,1-10 Hz)
Com base em Sensors and signal conditioning, Ramon Pallàs-Areny & John G. Webster. John Wiley & Sons, Inc, 2001
Mesmo com a sensibilidade das pontes dependendo da tensão de alimentação esta não
pode ser aumentada indistintamente, pois leva a aquecimento dos sensores, e se este problema for
diminuído ao máximo, com a redução dos valores para fonte, a sensibilidade também fica muito
diminuída. Além disto, fontes de alimentação para a ponte devem ser muito estáveis, pois
variações na tensão de alimentação produzem variação na sensibilidade da ponte. Para resolver
este problema pode se utilizar fontes de referência (Tabela 7.2) para alimentar as pontes. Existem
fontes de referência muito mais precisas do que as fontes de alimentação como por exemplo o
AD589 (1,2%), o REF195 (0,2%) e o AD588 (0,01%) da Analog Devices. Uma alternativa para o uso
de fontes de referência é a medida na qual a tensão da fonte de alimentação é utilizada para
corrigir o ganho do canal de medição. Na Figura 1.7 a fonte de alimentação da ponte é usada como
referência para o máximo valor de conversão do conversor analógico digital (ADC). Com este
arranjo o conversor se adapta as variações da fonte produzindo uma medida menos sensível a elas.
Figura 1.7: Medida com ponte de Wheatstone e correção contra variações na tensão de
alimentação.
Apesar de todos estes cuidados, se a ponte for não linear a saída do circuito será não linear.
Isto não afeta a exatidão da medida, mas dificulta a leitura do sinal e as não linearidades devem ser
corrigidas de alguma outra forma. Para analisar este efeito podemos lançar mão de um exemplo
numérico. Considerando o circuito da Figura 1.8 alimentado com VB=10 V e com resistências de
R=100 Ω na ponte, então
1/ R
v o real = Av⋅V B⋅ Δ ⋅
2⋅(2+ Δ) 1/ R
( )
V Δ R/ R
v o real = Av⋅ B⋅ (7.34)
4 1+Δ R/ 2 R
V
( )
v o ideal =Av⋅ B⋅
4
ΔR
R
(7.35)
2,49875−2,500000
Erro= =−0,05 % (7.36)
2,500000
24,8756−25,00000
Erro= =−0,5 % (7.37)
25,00000
Assim sendo se percebe que a ponte apresenta uma linearidade de ΔR/2, independente do
sensor colocado nela ser ou não linear. Como visto em (7.13) a não linearidade pode ser alterada
modificando-se a razão entre as resistências, mas neste caso a sensibilidade fica reduzida. O
problema da linearidade deve, então, ser resolvido de outra forma. Para linearizar esta ponte
podem ser utilizados alguns circuitos com amplificadores operacionais, tomando cuidado para que
Observe que no circuito da Figura 1.9 a ponte foi empregada como os resistores de dois
amplificadores, um inversor (com o sensor na realimentação – o que torna a saída do AO linear
com Δ) e um somador não inversor (que remove o offset e inverte o sinal)
R+Δ R
v o 1 =−V B⋅ (7.38)
R
v +2 −V B v +2 −v o1
+ =0 (7.39)
R R
VB ΔR
v +2 = ⋅ (7.40)
2 R
vo =
VB ΔR
⋅ ⋅ 1+
2 R
R1
R2 ( ) (7.41)
Os circuitos da Figura 1.10 também podem ser utilizados para linearizar pontes com um ou
dois elementos variando, conforme indicado, e alimentação em fonte de tensão. A desvantagem
destes circuitos é que as pontes precisam ser abertas, o que nem sempre é possível, pois algumas
vezes a ponte é comprada lacrada. De qualquer forma, os dois circuitos são circuitos somadores.
v o =−V B⋅ ( 2⋅R
ΔR
) (7.42)
V o =−V B⋅
( ΔRR ) (7.43)
v o =Av⋅
Vcc *
4
⋅( Δ R/ R
1+Δ R/ 2 R ) (7.44)
(
Vcc *=Vcc – −v o⋅
R5
R6 ) (7.45)
(
v o 1+
ΔR
2R )Av
= ⋅ Vcc+
4 (v o⋅R5 Δ R
R6
⋅
R )( ) (7.46)
se
Av⋅R 5
R 6= (7.48)
2
então
Av⋅Vcc Δ R
vo = ⋅ (7.49)
4 R
7.5.1 Instrumentação para medidas remotas
Para medidas remotas, onde a ponte está distante do circuito de excitação e captação, é
possível empregar técnicas que compensam os erros introduzidos pelos longos fios. Os métodos
mais conhecidos são os de extensões de três fios para a interconexão de um único elemento que
varia ou de seis fios para interconectar toda a ponte.
O esquema da Figura 1.12 ilustra o problema. Neste exemplo o elemento sensor esta
distante 30 metros do resto da ponte e a interconexão é feita por fios AWG 30, de cobre, com um
total de RFIO=10,5 Ω @ 25 ℃ e TC=0,385%/℃. A resistência dos fios tira a ponte do equilíbrio, o que
pode ser compensado com uma resistência RCOR=21 Ω, entretanto variações de temperatura levam
novamente a ponte ao desequilíbrio.
Figura 1.13: Medida em ponte de Wheatstone com elemento sensor distante e compensação com
três fios.
Observa-se agora, um erro de offset nulo e um erro de sensibilidade de apenas 0,08%FS. Isto
ocorre pois a ponte ficou balanceada com a resistência dos fios que levam ao sensor e que variam
com a temperatura, mantendo a ponte permanentemente em equilíbrio.
Caso toda a ponte esteja distante pode se adotar o uso de seis fios para interconectá-la
(Figura 1.14). Neste caso o maior problema é manter a alimentação da ponte o mais constante
possível. A resistência dos fios, entretanto, varia com a temperatura, o que se traduz em variações
na tensão de alimentação da ponte.
O circuito apresentado na Figura 1.14 mostra como a alimentação sobre a ponte pode ser
mantida constante independente da impedância dos fios. Este sistema de medida com seis fios é,
algumas vezes, chamado de ponte de Kelvin. Apesar do efeito dos fios ter sido removido ainda é
importante manter a estabilidade da fonte de alimentação da ponte. A outra forma de evitar
problemas com os longos fios de interconexão é utilizar fonte de corrente para a alimentação da
ponte. Em qualquer um dos casos é importante atentar para a corrente de saída requerida dos
amplificadores operacionais. Com alimentação de 10 V e resistências de 350 Ω a corrente na saída
dos operacionais é da ordem de 30 mA o que pode ser um problema.
O efeito de termopar ocorre entre fios de diferentes materiais como a solda e o cobre
(aproximadamente 2 μV/℃) ou Kovar (material utilizado em alguns terminais de circuitos
integrados) e o cobre (aproximadamente 35 μV/℃) ou entre cobre e terminais de borneiras,
conectores, chaves… Este problema só pode ser evitado mantendo as conexões que formam os
termopares na mesma temperatura, o que significa conexões próximas e sem barreiras entre elas.
Para minimizar problemas com offset e drift (causados por efeito termopar ou introduzidos
pelo próprio amplificador) a escolha dos amplificadores pode ajudar. Os operacionais OP177 e
OP1177 apresentam baixo offset, drift, IB e ruído. Alternativamente podem ser empregados
integrados com arquitetura chopper estabilizadas como o ADA4528, o AD8629 ou o AD8630,
OPA335 e INA326. Também podem ser empregadas excitações alternadas com ondas quadradas ou
senoidais. No caso da excitação com onda quadrada (Figura 1.15) a polaridade da fonte VOS, que
representa o offset do amplificador e dos efeitos de termopar, não é afetado pela inversão da
polaridade da fonte, então a subtração das medias realizadas com a duas polaridades elimina esta
tensão de offset. O tratamento matemático pode ser feito com filtros passa baixas, ou digitalmente
após a conversão de um AD.
onde VO é a tensão na saída da ponte sem offset, VA e VB são as saídas da ponte levando em conta
as tensões de offset e para cada polaridade de alimentação.
A Figura 1.16 mostra uma forma prática de inverter a polaridade na tensão de alimentação
da ponte usando uma ponte H (um DRV8832, por exemplo).
Os amplificadores chopper foram desenvolvidos a muito tempo (no fim dos anos 40, início
dos anos 50), e não são um tipo especial de amplificador, mas uma técnica de amplificação cujo
objetivo é minimizar características indesejáveis de CC. O amplificador chopper utiliza técnicas de
CA para desacoplar as baixas frequências devido a Vos e Ib. A melhora mais notável se dá no drift
com a temperatura de Vos e Ios. O amplificador chopper pode introduzir um fator de redução de 50
vezes nestes drifts. A Figura 1.17 mostra um esquema simplificado de um amplificador chopper.
Na Figura 1.17 cada chave funciona como um modulador ou demodulador, uma vez que o
sinal em sua saída é equivalente ao produto do sinal de entrada por uma onda quadrada. Observe
que este é um sistema amostrado, e como acontece em todo sistema amostrado o espectro de
frequências do sinal de entrada é copiado para frequências maiores. Como o sinal de modulação é
uma onda quadrada o sinal de entrada é copiado em torno dos harmônicos ímpares da portadora.
Após a chave, na entrada do amplificador (Vy) são somados ao sinal amostrado todos os ruídos e
offsets que serão amplificados. Após a segunda chave o sinal está sincronamente demodulado (Vo)
e retorna ao seu espectro original. Os offsets são removidos pelo capacitor na saída do
amplificador e um filtro passa baixas reconstrói o sinal original na saída do amplificador chopper
(Vout), filtrado todas as cópias espectrais de frequência elevadas.
Como este é um sistema amostrado o sinal de entrada (Vin) deve ter frequência bem menor
que a de chaveamento. Esta, por sua vez, é da ordem de centenas a milhares de Hz na maioria dos
sistemas.
Muitos outros circuitos podem ser utilizados em condicionadores de sinais para sensores
resistivos dentre os quais podemos citar os multiplicadores analógicos, filtros, amplificadores de
ganho programável, potenciômetros digitais e amplificadores de transcondutância. Alguns destes
circuitos são apresentados nas próximas secções.
7.7.1 Amplificador de ganho programável (PGA)
Amplificadores de ganho programável são amplificadores com ganhos pré estabelecidos e
que podem ser selecionados digitalmente. O tipo mais simples, apresentado na Figura 1.18,
apresenta entradas digitais cuja lógica combinacional é capaz de selecionar um entre diversos
ganhos possíveis (4 no caso do PGA103). Alguns circuitos mais sofisticados, como o MAX9939
apresentam uma interface serial (do tipo SPI) que permite programar diversos parâmetros do
amplificador. Neste caso os ganhos podem ser programados entre 0,2 V/V e 157 V/V além de
permitir a compensação de offset e oferecer recurso de shutdown para minimizar consumo. Outros
recursos comuns, internos aos PGA, são os multiplexadores (MUX) e seleção de ganhos binários
ou para osciloscópio (x1, x2, x5, …). Também estão disponíveis circuitos para ganho variável,
ajustados analogicamente (VGA) como o AD8338.
i O =gm⋅( v + −v - ) (7.51)
gm=K⋅I B (7.52)
Na Figura 1.22 são apresentados alguns circuitos empregando OTA. Há circuitos que
multiplicam ou emulam impedâncias, ligadas ao nó terra ou flutuantes. Observa-se a pouca
presença de resistências para a polarização o que também facilita seu uso em filtros.
i in=gm (7.53)
1
Z in= (7.56)
gm 1⋅gm 2⋅Z L
Na Figura 1.23 são apresentados circuitos somadores e diferenciadores. Como as saídas são
em tensão sempre há um OTA funcionando como carga do circuito (impedância). No canto
superior esquerdo há um amplificador diferencial com impedância de saída não nula. Abaixo um
amplificador diferencial com impedância de saída nula e, a direita, um amplificador somador de
diferenças com impedância de saída não nula.
As principais aplicações para este tipo de amplificador são o controle automático de ganho,
os multiplicadores e divisores de tensão, circuitos moduladores e filtros. Apesar disto este tipo de
amplificador pode ser utilizado em praticamente todos os casos onde um operacional comum
também é utilizado. Isto, entretanto, não consiste em nenhuma vantagem pois as características do
OTA não o auxiliam nestas tarefas mais comuns. Como exemplos de OTA podemos citar o clássico
Circuitos mais modernos, com múltiplos recursos também são facilmente encontrados. O
AD7730 (Figura 1.26), por exemplo, é um circuito integrado específico para medidas em ponte de
Wheatstone e está preparado, entre outras coisas, para medidas com seis fios e apresenta
internamente circuitos digitais para compensação de offset e conversão analógico para digital
(AD). Seu uso requer programação feita por uma interface digital SPI o que facilita sua interface
com microcontroladores. Um outro exemplo é o PGA309 (Figura 1.27), que assim como o AD7730
apresenta vários recursos que podem ser programados. Internamente o circuito está preparado
para linearizar pontes com saída não linear, realizar compensação de temperatura, detectar falhas
e reduzir efeitos de offset, mas não apresenta conversor AD embutido, ou seja, sua saída é
analógica.
Figura 1.26: Diagrama interno do circuito AD7730, usado para medias em ponte de Wheatstone.
7.8 Exercícios
Tipo CEA-06-25UW-120
No do lote R-A56AD133
6) Considerando que a célula de carga CTMB200, para a faixa de 0-200 kg, deve ser
interligada a um conversor AD de 12 bits com tensões de entrada de ±10 V determine: a) o circuito
que deve ser ligado a célula de carga para que se obtenha a máxima resolução possível na saída do
AD (forneça as características de cada um dos blocos); b) a resolução que se obtém com esta
montagem; c) a equação da curva de calibração final; d) linearidade (aproximada).
7) O circuito abaixo, chamado de malha de Anderson (Anderson loop), pode ser utilizado
em substituição a ponte de Wheatstone? Explique o seu funcionamento considerando que cada
símbolo de amplificador operacional representa um amplificador de instrumentação com ganho
unitário (C. R. Rodrigues, Medidas Elétricas Ia - ESP314, UFSM). Qual valor você escolheria para
Rref? Qual a influência de RW1, RW2, RW3, RW4, RW5, RW6 e RW7 sob a saída do circuito?
9) Para os circuitos em ponte mostrados na próxima figura: a) Provar que as equações para
vo e os valores de linearidade de cada uma das pontes abaixo estão corretos (não use casos
particulares). b) Explicar o significado da unidade %/% apresentada para a linearidade. Use o
problema 3 como exemplo para o cálculo da linearidade em um caso real. d) Na sua opinião, qual a
razão para o valor da impedância de Thévenin de cada ponte não ter sido apresentado na tabela?
10) Linearizar um termistor que tenha R25=2000 Ω e B=3528 com resistências em paralelo,
calculadas pelas fórmulas abaixo (duas linearizações diferentes). A faixa de interesse para medida
de temperatura é de 0 a 100 ℃. a) Fazer o gráfico da resistência do termistor em função da
temperatura; b) Encontrar uma reta de calibração, determinar a sensibilidade, e a linearidade; c)
Refazer as letras a e b para cada linearização do termistor; d) Determinar qual a melhor
linearização para esta aplicação.
12) Descreva formas de minimizar os problemas causados por uma fonte não muito
regulada (com flutuação de tensão ao longo do tempo) usada para alimentar uma ponte de
Wheatstone.
13) Para o circuito indicado na figura seguinte a ponte é ajustada de forma que, quando
não há esforço longitudinal na barra de aço, a tensão de saída é nula. Considerando que o
diâmetro da barra é D, o Módulo de Young do aço é E, os strain gauges possuem fator de gauge K,
a tensão de alimentação é V e a tensão de saída é Δ V, determine a expressão para a força
(PETROBRAS, Engenheiro de Equipamentos Júnior 2004). a) Resolva sem considerar deformação
no resistor de compensação; b) Resolva considerando a razão de Poisson.
15) Para o circuito da questão 14: a) O que deve ser feito para levar a ponte a um local
distante 30 metros do resto do circuito ao qual ela está interconectada, com fios AWG 30, de cobre,
com Rfio=10,5 W @ 25 ℃ e TC=0,385%/℃, sem que a resistência dos fios interfira na medida; b)
Qual será o efeito de uma variação de temperatura de 50 ℃? c) Que vantagens e desvantagens
existem em excitar esta ponte com um sinal AC? d) Desconsiderando a precisão dos componentes
quais elementos são críticos para a qualidade da medida? Justifique suas respostas.
16) Para o circuito a seguir: a) Calcule a tensão Eo em função das variações de resistência
W. Considere que a equação do multiplicador é 10·(Z1-Z2)=(X1-X2)·(Y1-Y2) e B é a parcela da tensão
de saída do amplificador de instrumentação que chega a entrada Y1 do multiplicador. b) Para que
serve este circuito? c) Qual a função do potenciômetro? d) Sabendo que o erro máximo na saída
do multiplicador é de 0,25% quando o seu uso é recomendado?
18) Alguns multímetros utilizam apenas 2 fios para as medidas de resistência (injetam
corrente e medem a tensão sobre a resistência), outros, entretanto, apesar de utilizarem o mesmo
princípio de funcionamento apresentam 4 fios para a medida. Quais as vantagens e desvantagens
de cada método? Use circuitos para ilustrar.
20) O circuito a seguir é utilizado para medir temperatura quando RSEN é um RTD. a)
explique como funciona o circuito; b) considerando que os componentes são ideais calcule a
linearidade; c) diga quais são os componentes críticos e se o amplificador operacional apresentado,
associado aos resistores R1 e R2, poderiam ser substituídos por um amplificador subtrator
integrado (caso todos os terminais estivessem disponíveis para se realizar a montagem abaixo).
Neste caso, explique os benefícios desta troca; d) substitua o bloco “Amp” pelo seu circuito real; e)
calcule os componentes para um PT100 (R=100 Ω @ 0 ℃, e α=3907·10–6 Ω/Ω/K) operando na faixa
de 0 a 100 ℃ (use uma escala simples para permitir a leitura da temperatura diretamente com um
multímetro).
49,4 k Ω
Pressão nominal: 15 PSI=30,5438 polegadas de mercúrio RG =
G −1
22) Explique como o circuito a seguir funciona (avalie o funcionamento para a frequência
zero). a) A1 está com realimentação negativa? Se a realimentação for positiva corrija o problema.
b) Se a saída do circuito corresponde a saída de A2, qual a função da saída Ratio Output? c) Este
circuito é recomendado para aplicações que requerem elevado CMRR (mais do que se obtém com
um amplificador de instrumentação). Considerando especificamente os erros causados pelo CMRR
da fonte, este circuito seria necessário para uma instrumentação de 12 bits? d) Qual a função de
Q1? e) O LTC1150 é um amplificador chopper. Que características ele confere ao circuito?
23) O circuito a seguir foi projetado para leituras de temperatura usando RTD entre -200 e
+600 ℃. O amplificador A4 da ganho e filtra o sinal que é entregue a um conversor AD de 12 bits.
a) Como funciona o resto do circuito? b) Qual a função de A3? c) Qual a equação da tensão na
saída de A3 em função da temperatura? d) As resistências dos fios (Rw1=Rw2) introduzem algum
erro de sensibilidade ou offset?
Sistemas de aquisição de sinais e controle (1.1) são utilizados para fazer a interface entre o
mundo analógico e o mundo digital, ou seja, quando sinais analógicos, amplificados e filtrados por
um condicionador de sinais, devem ser lidos por um sistema microprocessado, seja ele um
computador ou um dispositivo dedicado, ou quando este sistema microprocessado deve enviar
sinais para o mundo analógico. Na aquisição o sinal analógico é filtrado por um passa baixas, é
selecionado por um multiplexador (MUX), é amostrado por um sample and hold (S&H) e,
finalmente, é convertido para digital por um conversor analógico para digital (AD). O sinal digital
é, então, enviado para o microprocessador. No controle um sinal analógico deve ser gerado, então
o microprocessador envia um sinal digital (um pulso) para um reconstrutor de ordem zero (ROZ)
que retém o valor e o envia para um conversor digital para analógico (DA). Finalmente o sinal é
filtrado por um passa baixas e fica disponível para uso. Nesta cadeia, nem todos os blocos
precisam estar presentes e outros blocos, como aqueles de entrada e saída digitais, podem estar
disponíveis nos dispositivos comerciais. Mais informações podem ser obtidas no livro The Data
Convertion Handbook da Analog Devices.
Figura 1.1: Cadeia de aquisição e geração de sinais analógicos. Da esquerda para a direita: filtro
passa baixas, multiplexador, sample and hold, conversor analógico para digital, microprocessador,
reconstrutor de ordem zero, conversor digital para analógico e outro filtro passa baixas.
Conversores analógico para digital (AD, A/D ou ADC) e digital para analógico (DA, D/A
ou DAC) são comumente empregados em áreas onde a medição, monitorização ou controle de
grandezas analógicas são realizadas por intermédio de sistemas digitais. Basicamente estes
componentes recebem sinais analógicos e os convertem para digital e vice-versa aplicando um
fator de conversão determinado, normalmente por tensões de referência que devem ser fornecidas
aos conversores. Estes circuitos normalmente operam com valores digitais positivos, em
complemento de dois, complemento de um, bit sinal, código de Gray entre outros. As saídas e as
entradas analógicas podem ser em tensão ou corrente. Os fatores de escala envolvidos nesta
conversão normalmente fazem com que os máximos analógicos e digitais correspondam aos
valores das tensões de referência ou uma fração delas. A Figura 1.2 mostra um símbolo
simplificado destes componentes com codificação digital monopolar.
MSB +FS
(111...11)
Entradas
Digitais N - bits Saída
N - Bits DAC Analógica
0 ou -FS
LSB (000...00)
VREF
MSB
+FS
(111...11) Saídas
Entrada N - bits
Dititais
Analógica ADC
N - bits
0 ou -FS LSB
(000...00)
Figura 1.2: Conversores analógico para digital ADC e digital para analógico DAC: possíveis
escalas e símbolos. LSB corresponde ao bit menos significativo, MSB ao mais significativo.
Figura 1.3: Função de transferência ideal de um conversor AD. LSB significa bit menos
significativo e representa a resolução do AD.
Como não é possível discriminar os infinitos valores analógicos com um número finito de
bits, cada número binário corresponde a uma faixa de valores analógicos. O erro, entre o valor
exato de tensão e aquele quantificado pelo número digital pode ser considerado como ruído. Este
ruído de quantização pode ser feito tão pequeno quanto o necessário aumentando o número de
bits utilizados para discriminar os diferentes valores analógicos, ou seja, a resolução do conversor.
Faixa dinâmica
Resolução= (8.1)
2 n bits
Sinal
SNR = (8.2)
Ruído
SNR=20 log
( 1/21 )
n
(8.4)
A conversão de um sinal analógico em digital pode ser vista nas Figuras 1.5 e 1.6. Nelas
estão sobrepostos os sinais originais e digitalizados além da diferença entre eles. Esta diferença
corresponde ao erro de quantização que pode ser considerado como ruído. Para um sinal
determinístico, como um seno (Figura 1.5), o erro não se parece com um ruído, mas para sinais
complexos, rico em harmônicos e aleatórios, ou quase, o erro assume um formato que se parece
com um ruído aleatório (Figura 1.6) cuja amplitude corresponde a ±1/2 LSB.
Figura 1.5: Conversão analógico/digital de um sinal senoidal puro. Verde é o sinal real, vermelho é
o sinal quantificado e azul é o erro entre o real e o quantificado.
Figura 1.9: Linearidade diferencial (desvio com relação ao esperado para 1 LSB).
Como se todos estes problemas não fossem suficientes, existe ainda um problema
associado a frequência de amostragem (digitalização) do sinal analógico. A frequência de
amostragem (fs) deve ser mantida fixa e bem determinada para que o sinal possa ser processado
matematicamente. Esta frequência não pode ser menor do que duas vezes a frequência da maior
componente espectral do sinal analógico (W). Esta regra é conhecida como teorema da
amostragem de Nyquist. Se esta regra não for obedecida se observa um efeito chamado aliasing. O
aliasing consiste no erro de interpretação da frequência do sinal que se está sendo medindo. Na
Na prática não é possível amostrar um sinal com frequência um pouco maior que 2·W
(largura de banda do sinal) pois sempre existirá ruído de alta frequência misturado ao sinal. Além
disto, o filtro passa baixas necessita de algumas décadas de frequência para atenuar o sinal até que
ele não cause um erro de aliasing significativo. Por exemplo, uma atenuação de 40 dB na saída de
A escolha dos filtros também devem levar em conta a introdução de erros de ganho e fase.
Se erros de fase não forem importantes (normalmente sinais DC, quase DC ou senoidais) é
possível levar em conta apenas o erro de ganho. Se erros de fase são importantes (normalmente
sinais com distribuição de frequência) então deve ser levado em conta erros de ganho e de fase
(desvio de fase com relação a um filtro de fase linear).
De uma forma geral, sinais periódicos e com morfologia complexa como ondas quadradas,
dentes de serra ou mesmo sinais de ECG, por exemplo, precisarão ser amostrados em frequências
bem superiores as suas frequências fundamentais (100x ou mais). Para estes sinais, filtros
Butterworth ou Bessel (ou uma combinação deles – filtro Besselworth) são os mais recomendados
devido a baixa distorção de fase. Um filtro Bessel de 3 polos vai apresentar um erro de pelo menos
0,75% (equivalente ao AD de 7 bits) em 0,4·fc (onde fc é a frequência de corte do filtro). Assim, a
redução do erro de amplitude e fase na banda passante pode ser obtido com o aumento da
frequência de corte do filtro. Uma solução de compromisso seria aplicar a frequência de corte do
filtro 2,5 vezes acima da maior frequência do sinal (fc=2,5·W). A frequência de amostragem seria
função da ordem do filtro e do erro que se aceita. Supondo um erro de 1% um filtro Bessel de 7a
ordem necessitaria de uma frequência de amostragem de 6·fc, se a ordem do filtro cai para 3, a
frequência de corte sobe para 11·fc. Mais detalhes sobre este tipo de análise pode ser obtido no
livro Analog I/O Design: Acquisition, Conversion, Recovery, Patrick H. Garrett, 1981.
8.1.1 Exercício
Conecte um gerador de funções a um osciloscópio digital. Selecione uma frequência baixa
com formato senoidal. Ajuste o osciloscópio até que ele consiga mostrar o sinal adequadamente
na tela. Sem mexer no ajuste do osciloscópio aumente a frequência do gerador de funções. No
osciloscópio você verá a frequência aumentar e depois diminuir. Quando a imagem na tela do
osciloscópio for igual à imagem original: 1) Qual a frequência de amostragem do osciloscópio? 2)
Qual a próxima frequência do gerador de funções que aparecerá na tela do osciloscópio como se
fosse a mesma frequência? 3) Como evitar que este erro ocorra quando se está utilizando o
osciloscópio?
Conversores DA são circuitos analógicos que executam somas ponderadas onde os valores
dos resistores não dependem diretamente da ponderação necessária. Isso é feito para evitar que
erros pequenos nos resistores das maiores ponderações encubram os bits menos significativos. A
topologia mais comum para esta tarefa é a da rede R-2R (Figura 1.14).
1 V n0
i 0= ⋅ (8.8)
6⋅R 8
1 V n1
i 1= ⋅ (8.9)
6⋅R 4
1 V n2
i 2= ⋅ (8.10)
6⋅R 2
1
i 3= ⋅V (8.11)
6⋅R n 3
Rr 1
Vs= ⋅ ⋅( 8⋅V n 3 + 4⋅V n 2 +2⋅V n 1 +V n 0 ) (8.12)
6⋅R 8
8.2.1 Reconstrutores
Em muitas aplicações, principalmente naquelas que utilizam microprocessadores, o
número binário que deve ser convertido para analógico é fornecido ao conversor DA por alguns
microssegundos. Para que o valor analógico permaneça na saída do DA mesmo depois da
operação de escrita é comum a utilização de um latch na entrada do DA. Este latch pode ser
endereçado pelo microprocessador como se fosse uma posição de memória (este procedimento é
conhecido como endereçamento de porta de saída). O circuito total, latch e conversor DA é
conhecido como reconstrutor de ordem zero (ROZ) pois este circuito realizada uma interpolação
de ordem zero entre dois valores fornecidos pelo microprocessador.
8.2.2 Conversores integrados
Um circuito típico de DA com latch e conexões a um microcontrolador é apresentado na
Figura 1.15. O conversor DA do esquema é um modelo clássico dos mais simples, com interface
Nas Figura 1.16 e 1.17 a frequência do PWM não é tão grande quando comparada com a
frequência do sinal, então a qualidade do sinal reconstruído é baixa. Neste texto isso foi feito para
facilitar a visualização do sinal PWM. Se a frequência do PWM fosse duas décadas maior que a
frequência do sinal, por exemplo, o sinal de PWM seria desenhado como um borrão. De qualquer
forma as características de desempenho de um PWM costumam ser piores que as de um DA
convencional enquanto sua grande vantagem é a simplicidade de implementação. Os PWM são
bastante comuns em sistemas de baixo custo e para controle de sistemas lentos como motores e
válvulas, que naturalmente já filtram o sinal.
8.3 Multiplexadores
O multiplexador (MUX) é um dispositivo chaveador que permite interligar sua saída a uma
de várias entradas. A Figura 1.18 mostra um multiplexador 2:1 (com duas entradas e uma saída). O
funcionamento deste multiplexador analógico é muito semelhante ao do multiplexador digital,
porém seu funcionamento é otimizado para este tipo de sinal (isolação, valores das resistências de
ligado e desligado, faixa de tensão, planura da resistência em função da tensão, entre outros).
Estas chaves analógicas apresentam resistências de ligado que tipicamente são da ordem de
200 Ω. Chaves mais modernas podem ser encontradas com resistências de ligado da ordem de
100 Ω ou menos. Observe que devido a simetria da chave a resistência de ligado depende da tensão
de controle sendo sempre igual ao paralelo de uma resistência de ligado e outra de desligado.
Capacitâncias parasitas, limitações de tensão, distorções harmônicas, crosstalk e outros problemas
estão presentes neste tipo de circuito.
O circuito amostrador (Figura 1.20) ou sample and hold (S&H) é um dispositivo capaz de
acompanhar um sinal aplicado a sua entrada e congelar, em sua saída, o valor instantâneo desta
tensão quando um sinal de controle é acionado (Figura 1.21). O sinal de controle é uma entrada
digital capaz de comutar o amostrador do modo sample (modo onde a saída acompanha a entrada,
como se fosse um buffer) para o modo hold (modo onde a saída mantém-se inalterada,
Figura 1.21: Gráficos da tensão de entrada e saída de um sample and hold em função do sinal de
controle deste amplificador. S significa sample e H significa hold.
Apesar de a simplicidade muitas melhorias podem ser feitas no circuito da Figura 1.20.
Buffers ou amplificadores podem ser adicionados antes ou depois do circuito conferindo a ele alta
impedância de entrada e baixa impedância de saída, realimentações também podem ser
empregadas para melhorar a capacidade de rastrear tensões entre outros.
Amplificadores de entrada devem ter alta capacidade de fornecer e drenar corrente em sua
saída para que o capacitor de armazenamento seja rapidamente carregado com o valor correto da
tensão, mesmo depois de transitórios. Também deve ser um componente de baixa tensão de offset
para que ela não interfira no valor da tensão que será armazenada no capacitor, principalmente
quando este sistema estiver trabalhando com ganho diferente do unitário. Já o amplificador de
saída deve possuir elevada impedância de entrada, o que se traduz em uma baixa corrente de
A chave utilizado no S&H é um dos principais elementos neste tipo de amplificador. Uma
série de características são importantes a começar pela velocidade de abertura que deve ser
elevada. Isto é importante para que o capacitor não se carregue com tensão diferente daquela em
que estava a entrada quando chega o sinal de amostrar. Uma baixa corrente de fuga (traduzida
como uma elevada impedância da chave, quando aberta) impede que o capacitor mude seu valor
enquanto a tensão de saída deve permanecer estável. Uma baixa impedância quando está abeta
impede que o hajam quedas de tesão entre a entrada e o capacitor.
Levando-se em conta o circuito de controle, que aciona a chave, deseja-se que haja pouca
ou nenhuma transferência de cargas elétricas para a saída da chave. Quando isto ocorre (em
função de capacitâncias parasitas), a tensão sobre o capacitor de armazenagem também sofre
influência do sinal de controle. Por fim, o capacitor deve ser de elevada qualidade, o que se traduz
em um dielétrico de baixa absorção.
8.4.1 Modos de operação
Como podemos ver na Figura 1.22 existem 4 momentos distintos no funcionamento de um
circuito amostrador. Quando o circuito está seguindo o sinal de entrada (modo track), quando ele
passa do modo track para o modo hold, quando ele está no modo hold e quando ele passa do modo
hold para o modo track. Em cada uma destas etapas uma série de fatores e acontecimentos
importantes estão presentes em todos os S&H. A Figura 1.23 mostra um gráfico com todos os
efeitos existentes durante cada um destes momentos.
Figura 1.22: Os quadro momentos de um amplificador amostrador: Dois estados fixos e duas
transições.
O modo track está em operação sempre que a chave do S&H está fechada. Nesta condição o
S&H comporta-se como um amplificador comum, onde a velocidade do amplificador vai depender,
principalmente, do capacitor de hold. Este capacitor colocado como carga do amplificador do
primeiro estágio insere mais um polo no amplificador e, desta forma, piora a sua resposta em
frequência. Neste momento também são importantes todas as características de frequência dos
AO, tais como offset; não linearidade; ganho; settling time; largura de banda (resistência da chave);
slew rate; e corrente de polarização.
Na transição para o modo hold a abertura da chave causa perturbações no S&H e, portanto,
altera o valor final armazenado no capacitor. A transição entre o modo track e o modo hold é
mostrada com mais detalhes na Figura 1.24. Nela podemos ver que existe um atraso entre o sinal
de controle e a real abertura da chave, que é chamado de atraso de controle. O tempo de abertura
da chave, transientes formados por efeito indutivo ou capacitivo durante a abertura da chave, a
incerteza do exato momento em que a chave abre e um offset por transferência de carga do
circuito de controle para o capacitor são os principais problemas associados a este momento.
Quando no modo hold a chave do S&H está aberta. Nesta condição o S&H comporta-se
como uma fonte DC. Os erros associados a este estado estão ligados ao capacitor que deve reter
cargas mantendo constante a tensão de saída do amplificador. Dos principais problemas
associados com este modo cita-se o decaimento que corresponde a perda de carga no capacitor
devido à fuga ou circuitos a ele ligados (R de fuga do capacitor, corrente de polarização do
E finalmente a transição para o modo track está relacionada com o tempo de aquisição:
tempo que o capacitor demora para carregar a informação. Entretanto este modo não influencia
nem causa nenhum tipo de erro durante o modo hold que é o modo principal de operação.
Existem diversos circuitos para realizar a conversão AD dos quais podemos citar o sigma-
delta, dupla rampa, aproximação sucessiva (aritmética, delta e geométrica), pipeline e o conversor
flash. A escolha da arquitetura depende da aplicação, da frequência de amostragem e do número
de bits desejado (Figura 1.25).
Figura 1.25: Arquiteturas de conversores analógico para digital, sua frequência máxima de
amostragem e resolução.
8.5.1 Conversor flash
No conversor flash (Figura 1.26) um circuito analógico com diversos comparadores de
tensão produzem um sinal digital que, após ser fornecido a um codificador com prioridade, resulta
em um número digital proporcional a tensão analógica de entrada do circuito (Tabela 8.2). Esta é a
arquitetura de conversor AD mais rápida pois é puramente combinacional, entretanto a
complexidade do circuito cresce rapidamente com o número de bits (o número de entradas do
comparador é igual a 2 n, onde n é o número de bits do AD) e isso limita a resolução destes
conversores..
Tabela 8.2: Funcionamento do conversor flash da Figura 1.26.
Resumindo estes conversores são muito rápidos, muito caros, e apresentam número
reduzido de bits.
8.5.2 Conversor por aproximação sucessiva
Em um conversor por aproximação sucessiva as estimativas do valor digital
correspondente a entrada analógica são produzidas internamente no conversor. Estas estimativas
são convertidas por um DA e comparadas analogicamente com o sinal de entrada até que o valor
digital estimado seja equivalente ao valor analógico de entrada. Um diagrama esquemático deste
tipo de conversor é apresentado na Figura 1.27.
No circuito da Figura 1.27 um sinal Iniciar dispara o início de uma conversão. A máquina
sequencial amostra o sinal de entrada, zera o registrador de aproximações sucessivas (SAR) e testa
a saída do comparador analógico. O SAR é atualizado em função da saída do comparador
analógico e um novo ciclo de comparação e atualização do SAR se inicia. O processo é repetido até
que o valor digital correspondente a entrada analógica seja determinado. Neste ponto a máquina
sequencial carrega o valor do SAR para saída.
Diferentes algoritmos podem ser empregados para a atualização do SAR. O mais simples
zera o SAR e incrementar o seu valor até que a saída do comparador mude. Este algoritmo,
chamado de aproximação aritmética, é muito lento e não costuma ser implementado, mas uma
variação dele, aproximação por rastreio ou delta, ainda é encontrado em alguns conversores. Na
aproximação por rastreio o contador não é zerado e o contador do SAR é incrementado ou
decrementado para rastrear as mudanças na entrada. O algoritmo mais comum, entretanto, é o de
aproximação geométrica, onde o registrador SAR é inicializado com metade do seu valor máximo.
Dependendo do resultado da comparação a próxima atualização leva o SAR para a metade de cima
ou metade de baixo da sua faixa. O processo se repete para cada bit do AD. A aproximação
realizada assim tem número fixo de pulsos de clock (equivalente ao número de bits do SAR) e é
mais comum entre os AD, na verdade, é tão comum que normalmente é chamada apenas de
aproximação sucessiva.
Apesar do número de pulsos de clock necessários para a conversão ser fixo (aproximação
geométrica) o tempo para a conversão aumenta muito com o número de bits pois com o aumento
da resolução é necessário esperar mais tempo até que todos os sinais analógicos estabilizem com
um erro menor do que o da resolução. Por esta razão, quando o número de bits aumenta muito
uma outra topologia costuma ser empregada.
8.5.3 Conversor pipeline
Uma alternativa intermediária entre o conversor flash e o de aproximação sucessiva
(geométrica) é o conversor pipeline, que divide a conversão em diferentes estágios de poucos bits,
mas muito rápidos. Uma possível implementação é apresentada na Figura 1.28. No esquema, o
sinal analógico é convertido por um AD flash de poucos bits, rápido, e este valor digital é
reconvertido para analógico e subtraído do sinal original. O estágio seguinte de conversão usa
uma estrutura semelhante e melhora a aproximação com mais bits. Ao final, uma lógica de
correção e, eventualmente, uma tabela de calibração implementada em memória, são utilizadas
para corrigir os erros propagados nos diferentes estágios.
Como os valores de saída são obtidos após uma filtragem passa baixas (estimativa do valor
médio) é necessário obter muitas amostras do sinal no modulador sigma-delta antes de ter um
resultado da conversão, mas, mesmo assim, sempre existirá um ripple de saída (ruído). Uma
maneira de diminuir o ruído é aumentar a frequência do modulador sigma-delta. Estes
moduladores funcionam muito acima da frequência de Nyquist, fazendo o que se chama de
oversampling ou sobreamostragem. Moduladores de primeira ordem para um conversor AD e
outro para um conversor DA são apresentados nas (Figuras 1.30 e 1.31). Na verdade duas coisas
podem ser feitas para melhorar a razão sinal ruído, uma é o aumento da frequência do modulador
outra é o aumento das realimentações do conversor aumentando sua ordem de 1 para 2, 3, 4 ou 5.
Uma relação entre a frequência de amostragem, a ordem do conversor e a relação sinal ruído de
cada modelo de conversor sigma-delta pode ser visto na Figura 1.32.
Figura 1.31: Conversor digital para analógico sigma-delta. MS bit é o bit mais significativo
(equivalente a comparação). DDC é um conversor digital para digital.
Com este procedimento é possível obter duas equações e duas incógnitas que nos
permitem equacionar o conversor da seguinte forma:
1
Δ V 1 =− ⋅(V in⋅2 n⋅Δ t ) (8.13)
R⋅C
1
Δ V 2=− ⋅(V ref⋅λ⋅Δ t) (8.14)
R⋅C
Δ V 1 + ΔV 2=0 (8.15)
1 1
⋅(V in⋅2n⋅Δ t)= ⋅(V ref⋅λ⋅Δ t) (8.16)
R⋅C R⋅C
8.6 Exercícios
50
40
Espectro (dB)
30
20
10
2) Deseja-se digitalizar um sinal de EMG (faixa de frequências de 10 Hz até 2 kHz) que
passou por amplificador e filtro. O ganho do condicionador varia de 0 até -3dB na banda de
passagem e chega a -18dB* em 25 kHz. O conversor AD possui resolução de 8 bits, faixa de
amplitude de entrada de ±5 V impedância de entrada de 50 kΩ e taxa máxima de amostragem de
50 kS/s. Especifique a frequência de amostragem mínima para o AD.
4) Um sinal de ECG cuja amplitude máxima, pico a pico, pode estar entre 1 e 20 mV foi
amostrado por um conversor AD de 16 bits. O sinal do ECG não foi amplificado. A faixa de
6) Um sinal de emissões otoacústicas era, há 15 anos, amplificado 10.000 vezes, até que sua
amplitude apresentasse faixa dinâmica de 24 V e era, então, lido por um conversor AD de 16 bits.
Percorrendo a Internet você encontrou um esquemático moderno onde foi empregado um
amplificador de 4 vezes e um conversor AD de 24 bits com faixa dinâmica de entrada de 2,4 V.
Supondo que não exista interferência externa e o sensor de captação de sinais seja o mesmo nos
dois circuitos, qual deles você escolheria baseado na qualidade do sinal amostrado (sinal/ruído)?
10) Um osciloscópio digital está sendo usado para fazer uma medida. Você aperta no botão
“auto set” para obter um ajuste rápido. Você corre o risco ter amostra sinais com “aliasing”? Qual
deve ser o algoritmo do “auto set” para minimizar este risco, caso ele exista?
11) Em sistemas de baixo custo onde o sistema de aquisição conta com um MUX, um
sample & hold (S&H) e o AD é possível, para evitar problemas com aliasing, adicionar um filtro
passa baixas entre o MUX e o S&H? Se sim, quais vantagens e desvantagens do método?
Resistores de filme metálico são mais indicados para aplicações de precisão pois costumam
apresentar uma exatidão melhor, um TC mais baixo e menos ruído (ruído 1/f) que os resistores de
carbono. Normalmente estes resistores são feitos de Nichrome, óxido de estanho ou nitreto de
tântalo. A exatidão é da ordem de 0,1 até 1% com TC variando entre 10 e 100 ppm/℃ e faixa entre
10 e 301 kΩ com tolerâncias entre 0,5% e 1%. Estes resistores costumam apresentar uma ótima
resposta em frequência (até 100 MHz, nos melhores casos). A aplicação típica destes componentes
são osciladores e filtros ativos.
R1
G=1+ (9.1)
R2
onde R1=9,9 kΩ, ¼ W com TC=25 ppm/℃ e R2=100 Ω, ¼ W com TC=50 ppm/℃. Neste exemplo,
uma variação de 10 ℃ leva a erros da ordem de 250 ppm/℃ (dez vezes a diferença entre os TC).
Observe que isto é equivalente a 1 LSB em um conversor de 12 bits. O uso de resistores com TC
iguais não significa que este problema está resolvido uma vez que alguns resistores, como os de
compósito de carbono, podem ter coeficientes térmicos bem elevados com TC=1.500 ppm/℃ ou
mais. Nestes casos qualquer pequena diferença nos TC pode ser significativa e mesmo uma
variação de 1% nestes TC resulta em uma diferença de 15 ppm/℃.
Para o caso de resistores de pequeno valor (<10 Ω) o vilão pode ser a resistência de trilhas,
fios e interconexões, que passam a ter valor não desprezível. Ademais, o TC do cobre, por
exemplo, é de aproximadamente 3.900 ppm/℃, e mesmo que o resistor utilizado tenha TC baixo, o
TC do cobre adicionando resistência ao circuito faz com que o TC equivalente seja muito maior do
que o do resistor.
Para piorar ainda mais as coisas o TC dos resistores e o próprio valor das resistências pode
mudar após vários ciclos de calor e frio. O valor dos resistores também pode mudar com a tensão
aplicada por razões completamente diferentes do autoaquecimento.
9.1.2 Elementos parasitas
Resistores apresentam capacitâncias e indutâncias parasitas que podem ser pronunciadas
em altas frequências (Figura 1.1). Estes elementos parasitas são expressos em termos de erro
percentual da impedância com relação a resistência em corrente contínua. Os resistores de fio
bobinados são aqueles que apresentam os maiores erros. Mesmo para os resistores ditos não
indutivos pode ser encontrada indutância de 20 μH para valores menores que 10 kΩ, e 5 pF para
resistores com mais de 10 kΩ. Estas características levam ao surgimento de oscilações e aumento
no tempo de estabilização para respostas ao degrau, ou seja, alterações dinâmicas associadas a
resposta em frequência.
Efeitos termoelétricos também podem ser importantes. Resistores de fio bobinado podem
gerar 2 μV/℃, este número sobe para 20 μV/℃ em resistores de filme metálico comuns, ou 400 μV/
℃ para resistores de carbono. Mesmo assim isto não costuma ser um problema muito grande pois
as tensões de cada terminal tendem a se cancelar se a temperatura nos terminais for a mesma.
Isto, entretanto, nem sempre acontece e vai depender da forma e local onde os componentes estão
conectados. Por exemplo, componentes deitados sobre a placa tendem a apresentar a mesma
temperatura em ambos os terminais, mas isto pode não ser verdadeiro caso os resistores sejam
colocadas na vertical como na Figura 1.2.
9.3 Capacitores
Capacitores reais são produzidos com os mais variados dielétricos e, por isso, apresentam
características distintas tanto no que diz respeito ao valor da capacitância, quanto a faixa de
frequência em que podem ser utilizados, a tensão de funcionamento e outros. Assim, capacitores
reais estão longe do ideal. A Figura 1.3 apresenta um modelo equivalente para capacitores. Na
Figura C é o capacitor, Rp modela as perdas, ESR é a resistência de terminais e placas, ESL modela
a indutância de terminais e placas, RDA-CDA modela a absorção dielétrica (DA).
9.3.1 Absorção Dielétrica
A absorção dielétrica está associada a polarização do dielétrico. Capacitores que ficam
muito tempo carregado polarizam o dielétrico. Isto causa uma espécie de histerese ou efeito
memória no capacitor. Considerando que o modelo apresentado (Figura 1.3) está correto e que o
capacitor está carregado, parte da carga é armazenada em C e parte em CDA. Mesmo depois de
curto-circuitar os terminais do capacitor e esperar que a tensão em seus terminais caia a zero não
é possível garantir que a tensão sobre CDA será nula (há uma constante de tempo associada a esta
descarga). Isto significa que, ao abrir os terminais do capacitor, uma tensão residual pode aparecer
em seus terminais. O efeito pode ser visualizado na Figura 1.4.
Mica, vidro 5%
A indutância e a resistência de terminais e placas (ESL e RSL), por outro lado, afetam
diretamente o comportamento da resposta em frequência do capacitor. Assim, capacitores com
diferentes dielétricos e processos de fabricação serão recomendados para diferentes faixas de
frequência. Na Figura 1.5 observa-se o comportamento em frequência de dois capacitores
produzidos por processos diferentes. Para baixas frequências os capacitores se comportam como
tal, mas para altas frequências o capacitor se comporta como um indutor e para uma frequência
intermediaria apresenta ressonância série com impedância limitada ao valor de RSL.
Eletrolítico 1 s
Cerâmica 100 s
Vidro 1.000 s
Todos estes elementos parasitas (ESR, ESL e Rp) são apresentados de forma conjunto por
meio de um parâmetro conhecido como fator de dissipação (DF). O DF é definido pela razão entre
resistências e reatâncias, ou seja, é um parâmetro que mede a ineficiência do capacitor
relacionando a energia perdida com a energia armazenada. Como uma aproximação Q≈1/DF.
9.3.3 Tolerância
Adicionalmente, a obtenção de capacitores de precisão não é fácil. Sob demanda é possível
encontrar capacitores com tolerância de 0,5 ou 1% (cerâmica NP0, alguns filmes finos) mas valores
comuns estão entre 5 e 10%. A temperatura e a frequência também influenciam a capacitância, a
DF e a DA. Coeficientes térmicos da ordem de 30 ppm/℃ (cerâmica NP0) e de 100 a 200 ppm/℃
são comuns (poliestireno e polipropileno). A faixa de operação também varia muito. Alguns
capacitores de filmes finos funcionam até 85 ℃ enquanto que os de teflon funcionam até 200 ℃.
0,001%
Barato, disponível com baixa DA, Funciona até +105°C, grande, alta
Polipropileno to
ampla faixa de valores indutância
0,02%
0,3%
Boa estabilidade, barato, baixa Grande, limitado a aplicações de 8
Poliéster to
indutância bits, alta indutância
0,5%
Circuitos eletrônicos são susceptíveis a ruído de três formas principais: o ruído pode ser
recebido com o sinal que se deseja tratar, o ruído pode ser gerado internamente no circuito ou ele
se deve a uma interferência externa, devido a fatos naturais, como raios, ou a fontes artificiais,
como circuitos chaveados, motores, fontes de potência entre outros. Para a análise completa do
problema é necessário o uso das leis de Maxwell, porém é possível simplificar a análise do
problema, em muitos casos, empregando componentes R, L e C para modelar a forma como a
interferência se propaga. Esta aproximação é válida se considerarmos que todo o campo elétrico
está dentro dos capacitores, os campos magnéticos estão concentrados nos indutores e as
dimensões do circuito são muito menores que as dos comprimentos de onda em análise.
Alguns exemplos ajudam a entender melhor o que está acontecendo em cada caso. Um
exemplo comum é aquele onde o fio terra (retorno de corrente) e os fios de alimentação são
compartilhados entre as fontes, os condicionadores de sinal, os circuitos digitais, e outros circuitos
ruidosos conforme mostrado na Figura 1.1. Esta é uma situação comum, mas devido a impedância
de fios e trilhas o ruído gerado por um circuito se propaga para os demais. Isto ocorre porque
circula, pelo retorno, não apenas a corrente do sensor e do condicionador de sinais, mas também a
corrente de outros sistemas ruidosos (fontes, circuitos chaveados, sistemas digitais, motores entre
outros). Estas correntes podem ser elevadas e de alta frequência o que significa que fios e trilhas,
modelados como resistores e indutores, apresentam, na prática, potenciais diferentes em
diferentes pontos do circuito. Assim, o ruído pode se propagar para o circuito de captação e
condicionamento de sinais onde a informação apresenta amplitude, muitas vezes, menor do que a
do ruído gerado. De um modo geral este ruído pode ser diminuído reduzindo a impedância das
trilhas de terra e alimentação e usando terras distintos para circuitos de sinal e circuitos ruidosos.
Figura 1.2: Forma de propagação de ruído por indutância mútua entre fios próximos. Lfio1, Lfio2 e
M são indutâncias parasitas.
Finalmente o acoplamento também se dá por efeito capacitivo quando dois fios estiverem
separados entre si, mas com um campo elétrico entre eles (Figura 1.4). Este acoplamento parasita
(C1 e C2) pode formar um divisor de tensão propagando ruídos. O uso de malhas aterradas
(blindagem) pode evitar este divisor de tensão mas se a malha não envolver completamente o cabo
o divisor capacitivo continuará existindo. Acoplamentos capacitivos ocorrem principalmente em
sistemas de alta impedância, logo, a redução da impedância do sistema (R na Figura 1.4) reduz a
propagação de interferência por acoplamento capacitivo (tensão de ruído sobre R). Por outro lado
fios e peças metálicas não aterradas podem se tornar uma entrada para este tipo de interferência.
Este acoplamento pode ser reduzido com a diminuição do comprimento de fios e trilhas, uso de
trilha central aterrada em 1 lado (ou 2 lados se a frequência for elevada) e redução da impedância
de carga.
Figura 1.4: Forma de propagação de ruído por acoplamento capacitivo. Uma fonte V1 produz ruído
sobre uma carga R em um fio distante e não interconectado. C1 e C2 correspondem as
capacitâncias parasitas do circuito.
Nas próximas seções serão apresentadas as formas mais comuns para minimizar estes
problemas com aterramento, cabeamento e blindagem. Apesar de não estar explícito, sempre que
se analisam acoplamentos capacitivos, indutivos e laços de terra é importante levar em conta as
impedâncias da fonte de sinal e cabos. Costuma-se utilizar resistências concentradas para os
cabos, junto as fontes, e uma resistência muito menor para malhas em acoplamentos indutivos.
Um outro exemplo do livro Op Amp Applications Handbook é mostrado na Figura 1.5. Nela
um amplificador chopper estabilizado (AD8551) com tensão de offset da ordem de 1 μV amplifica
um sinal V1, e a saída é medida entre vo e G2. A corrente de polarização do amplificador, ao passar
pela resistência de terra (RGND), produz um erro de offset maior que o do amplificador. Se este
mesmo segmento de trilha entre G1 e G2 for percorrido por outras correntes o erro será ainda
maior. Uma mudança de layout na placa conectando R2 diretamente a G2 poderia resolver o
problema. Uma alternativa seria modificar a configuração do amplificador de não inversor para
subtrator. Desta forma as diferenças de tensões entre G1 e G2 seriam atenuadas como tensões de
modo comum. Mais uma vez, está é uma solução pontual que só resolve o problema deste
amplificador. Assim, uma solução geral para minimizar os problemas referentes as impedâncias
entre diferentes pontos de terra costuma ser implementada separando os fios terras dos circuitos
ruidosos e não ruidosos. Normalmente esta solução é relatada apenas para o fio terra, pois é nele
que se concentram as correntes e estes problemas, mas o mesmo ocorre com as alimentações.
Figura 1.5: Problemas de aterramentos em circuitos de precisão. O erro causado por Rgnd e a
corrente de polarização do AD8551 é maior que a tensão de offset do integrado.
Figura 1.6: Tipos de aterramento. De cima para baixo: em série, em estrela e com plano de terra.
As resistências R e as indutâncias L são parasitas.
Os planos de terra são alternativas muito usadas em placas de circuito impresso. Se bem
utilizados eles minimizam a impedância de retorno (quando a área do plano de terra é elevada e
não existem estrangulamentos) e área de laços que captam interferência por acoplamento indutivo
(Figura 1.8). Assim, boas práticas recomendam que se evite a concentração de conexões cortando
um plano terra, que se mantenha pelo menos 75% de área para o plano. De um modo geral o uso
do plano de terra é vantajoso e, em placas multicamadas, planos para as demais alimentações
também são recomendados (é da alimentação que saem todas as correntes que retornam pelo
terra). Adicionalmente podem ser implementados diferentes planos de terra atendendo a sinais
ruidosos e não ruidosos que depois devem ser interligados como numa ligação estrela.
Isso também pode ser feito entre placas que se unem a um barramento comum ou que
formam painéis ou gabinetes. A Figura 1.9 mostra dois destes casos. No exemplo correto o retorno
usado pelos circuitos está diretamente conectado ao terra principal enquanto que no outro o terra
é conectado ao gabinete, um dos lugares mais ruidosos que se pode encontrar num equipamento.
Área Área
Plano de Plano de
Terra Terra
Terra
Figura 1.8: Efeitos do plano de terra sobre a redução de área em laços.
Correto Errado
Terra eletrônico
Terra da rede
Figura 1.9: Interligação de terras em painéis e gabinetes.
10.2.1 Laços de terra
Laços de terra são um problema comum entre circuitos distintos separados por uma
distância grande e alimentados pela rede ou em circuitos analógicos com baixa tensão de entrada.
Ao se interconectar terras que estão em potenciais distintos se formam os chamados laços de
terra, ou seja, um laço por onde circulam correntes de ruído e interferência (Figura 1.10). Quanto
menor for a razão entre o sinal e o ruído mais importante será quebrar estes laços. Isto pode ser
feito com o correto aterramento dos cabos, usando amplificadores isoladores, choques de modo
comum (choque ou balun – Figura 1.11), anéis de ferrite nos cabos (ferrite beads – Figura 1.12),
caixas blindadas e flutuantes e circuitos balanceados (equilibrando as correntes de modo comum –
Figura 1.13). Se o acoplamento dos dois circuitos for feito de forma diferencial é possível usar par
trançado e cabos blindados.
Figura 1.10: Laços de terra e formas de quebrá-lo. Com transformador isolador, isolação óptica e
choque de modo comum.
O uso de acopladores óticos permite a isolação completa mesmo com tensões diferenciais
elevadas entre os terras, mas seu uso apresenta melhor resultado quando o sinal é transmitido
digitalmente, uma vez que sua linearidade não é boa. Circuitos balanceados também são uma
alternativa viável uma vez que as correntes de modo comum podem produzir tensões facilmente
eliminadas por amplificadores diferenciais.
A isolação provida por transformador ou por acoplador óptico pode ser genericamente
obtida com os chamados amplificadores isoladores. Estes amplificadores também servem quando
se deseja isolação galvânica (impedância infinita para corrente contínua) entre locais diferentes do
Note que alguns destes amplificadores apresentam transformadores e portanto não são um
simples circuito integrado. Muitas vezes estes circuitos são modelos híbridos ou construídos com
componentes discretos e encapsulados em um único invólucro. Observe também que os
amplificadores isoladores necessitam de fontes de alimentação independentes para o lado isolado.
Isto significa, inclusive, dois terras diferentes e não conectados. Estes amplificadores estão caindo
em desuso e estão sendo substituídos por isoladores digitais, mais fáceis de serem produzidos. Leia
mais em Move Over Iso Amp—Make The Switch To Digital Isolation.
Com os novos isoladores cada vez mais simples e com menos recursos se torna necessário
investir também em fontes de alimentação isoladas. Exemplos de conversores CC/CC são os E_T e
F_T da Mornsun, com isolação de 3.000 Vdc em encapsulamento SMD, os AY_D e BY_D, da
mesma fabricante, com isolação de até 12.000 Vdc, o 722 da Texas com isolação de 3.500 Vdc, ou o
ADUM6000, da Analog Devices, com isolação de 5.000 Vdc.
10.3 Cabeamento
Observe, nesse exemplo, que a malha do cabo coaxial não está aterrada (chave aberta) e o
ruído propagado pela fonte V1 sobre uma carga R1 é resultado do divisor de tensão entre os
capacitores C1, C3 e C2 (de alguns pF até centenas de pF) e a própria carga. Por outro lado se a
malha for aterrada (chave fechada) este divisor é quebrado evitando que a fonte V1 contamine a
carga R1. É claro que para que isso aconteça é necessário que a blindagem envolva todo o cabo, o
que nem sempre acontece nas extremidades. Além do mais, o divisor de tensão depende de
Figura 1.17: Uso de cabo coaxial para redução de interferência por acoplamento capacitivo. Todas
as capacitâncias do circuito são parasitas e a fonte V1 representa a fonte de interferência.
De um modo geral, reduzir o comprimento dos fios e cabos, usar malhas aterradas de um
só lado (dos 2 lados em casos de alta frequência), reduzir o valor das cargas e os pontos metálicos
não aterrados reduz os efeitos de acoplamento capacitivo.
10.3.2 Acoplamento indutivo
Todo o fio é uma indutância e em altas frequências a reatância indutiva destes fios pode ser
não desprezível. As fórmulas apresentadas em (10.1) e (10.2) servem apenas para fios cilíndricos e
trilhas retangulares de circuito impresso, mas dão uma boa ideia dos valores envolvidos. Assim,
1 cm de fio com diâmetro de 0,5 mm, em 10 MHz pode ter uma impedância de 0,46 Ω (7,26 nH).
Trilhas de circuito impresso com 1 cm de comprimento, 0,25 mm de largura e 0,038 mm de
espessura tem resistência de 19 mΩ/cm e indutância de 9,59 nH/cm o que resulta em reatâncias
indutivas da ordem de 2 Ω para uma frequência de 150 MHz. Estas impedâncias se somam as
resistências das trilhas criando uma impedância elevada em altas frequências que pode estragar
um aterramento.
[
L TRILHA =0,00020⋅l⋅ ln
2⋅l
w +h
+0,22350⋅ ( )
w +h
l ]
+ 0,5 [μ H ] (10.2)
Laços e indutâncias mútuas também podem ser reduzidos com o uso apropriado de cabos
blindados ou trançados. (Figura 1.18). No primeiro caso (A), sem o cabo coaxial, um grande laço se
forma captando interferência. Em (B), com a malha aterrada de um só lado, a corrente flui pelo
caminho original mantendo uma grande área de laço. No caso (C) a corrente flui parte pela malha
parte pelo caminho original reduzindo o efeito de laço efetivo, mas o melhor resultado é obtido no
caso (D), onde a área do laço formada pelos dois condutores é mínima. Observe que os efeitos
Para o caso de irradiação, os circuitos (C) (D) também são os que menos geram ruído.
Nestes casos o que ocorre é que a malha é percorrida por uma corrente em intensidade
semelhante à do condutor interno (mas com direção oposta). Em altas frequências o acoplamento
magnético entre os dois condutores faz com que a corrente flua pela malha e não pelo terra (a
corrente no centro do cabo é igual a corrente na malha) tornando o caso (C) idêntico ao caso (D).
Desta forma as correntes em sentidos opostos geram campos que se anulam e o cabo coaxial se
comporta como um choque de RF, mas se houver um desequilíbrio entre as correntes este efeito
fica reduzido e o circuito passa a gerar algum ruído. Para baixas frequências os efeitos são
limitados pois parte da corrente circula pelo terra e não pela malha.
Figura 1.18: Formas de aterramento de malha em cabos coaxiais. As duas figuras de cima
apresentam laços grandes enquanto que as duas de baixo laços pequeno.
Nos casos em que a corrente não circula pelo condutor central (Figura 1.19) o aterramento
dos dois lados pode gerar uma tensão de ruído no laço de terra que aparece como tensão de
entrada do amplificador (a tensão no indutor acoplado se cancela, mas a tensão sobre a resistência
RS se mantém).
Na Figura 1.20 são apresentados os resultados de testes feitos com diversas configurações
de cabos coaxiais e cabos trançados com relação ao ruído (Noise Reduction Techniques in Electronic
Systems de Henry W. Ott). Um sinal de 50 kHz e 0,6 A foi aplicado a uma bobina de 10 espiras com
23 cm de diâmetro. Foram avaliados 12 cabos, cada um formando 3 espiras de 17,8 cm de diâmetro,
colocados envoltos no campo magnético da primeira espira. O ruído foi medido sobre o resistor de
1 MΩ. O resistor de 100 Ω representa a fonte. Apesar dos ensaios enfatizarem a interferência por
acoplamento magnético, campos elétricos também estavam presentes. Por esta razão estes
resultados não podem ser generalizados indistintamente mas mostram tendências.
Normalmente a blindagem está associada ao uso de cabos coaxiais com malha externa (até
100 MHz), mas este não é um requisito fundamental nem garante a eficiência. Por exemplo, se os
cabos coaxiais não forem terminados com uma conexão de 360°, para evitar acoplamentos
capacitivos onde a malha não protege o condutor interno, o efeito da blindagem fica reduzido. Da
mesma forma, pares trançados (até 100 kHz) podem ser utilizados com bom resultado caso as
voltas sejam menores do que 1/20 da distância até a fonte de interferência ou menores do que 1/8
do menor comprimento de onda do sinal que está sendo transmitido. Cabos flat também podem
ser utilizados para transmissão de dados até 150 MHz. Acima disto o cross-talk pode produzir, por
efeito capacitivo, interferência nos cabos laterais. Nesses casos o uso de terras intercalados
(terra-sinal-terra-sinal ou terra-sinal-sinal-terra) pode ajudar a melhorar a qualidade do sinal.
Alguns cabos flat também apresentam uma malha abaixo ou em torno dos fios, mas para máximo
efeito toda esta malha deve ser ligada a uma conexão plana de terra. A Figura 1.21 mostra
exemplos de cabo coaxial e seus conectores, cabo flat, e pares trançados com blindagem.
De um modo geral devemos reduzir os laços e separar cabos em grupos de fios: 1) fios de
alimentação CA, retorno CA, aterramento de chassi; 2) fios de alimentação CC, retorno CC, e
referência; 3) sinais digitais e retornos; 4) sinais analógicos e retornos. Para reduzir radiação
manter pequenas as áreas, usar frequência mais baixa possível, tempos de chaveamento não
menor do que o necessário e baixas correntes. Manter os cabos de sinais longe de aberturas, cabos
CA e CC, transformadores, motores e solenoides. Par trançados funcionam bem até 100 kHz,
cabos coaxiais até 100 MHz e gias de onda para frequências acima de 1 GHz. Também podemos
considerar que cabos longos se transformam em linhas de transmissão.
c
Desacoplamento ruim Desacoplamento bom
Figura 1.23: Propagação de ruído pela fonte de alimentação em circuitos chaveados.
10.4 Gabinetes
A blindagem de objetos e lugares ocorre por absorção e perdas ou por reflexão. Quando
uma onda eletromagnética atravessa um meio a amplitude dela decai exponencialmente. A
profundidade para que a amplitude caia a 63% do valor inicial é chamada de skin depth e é
dependente da frequência, do material e de seu coeficiente de atenuação. Bons materiais são
mumetal e aço, mas alumínio e cobre também oferecem proteção, porém em menor intensidade.
Para que exista reflexão, por outro lado, é necessário uma diferença de impedância entre os meios.
Para campos elétricos a reflexão ocorre na primeira superfície enquanto que os campos
magnéticos são refletidos na segunda superfície. Isto requer materiais mais grossos para atenuar
campos magnéticos.
Recursos como caixas metálicas, caixas plásticas com carga condutiva, encaixes
condutores, tampas de ventilação, vidros e LCD condutivos devem ser empregados sempre que
necessários, impedindo que campos elétricos entrem ou saiam da caixa. O tamanho das aberturas
também deve ser avaliado para que impeçam a onda de entrar na caixa (dimensões das aberturas
proporcionais aos comprimentos de onda, servindo como um guia de onda). Conexão dos cabos e
filtros de linha também devem ser avaliados.
10.5 Peças
3) Mostre (com modelos e equações) como interligar uma célula de carga em um lugar
distante (1 metro) e imerso em campo eletromagnético de 60Hz.
4) Cabos coaxiais podem ser utilizados para evitar a irradiação de campos magnéticos. Isto
acontece quando a corrente fluindo pelo cabo (I1) é a mesma que flui pela malha (Is). Com base na
figura ao lado determine a frequência a partir da qual esta blindagem se torna eficiente. Considere
LMALHA=M, não adicione fontes de ruído, considere que o plano de terra tem resistência nula, mas a
malha não. Desenhe o modelo e equacione o problema.
5) Para o caso abaixo, onde Vs é uma fonte de sinal que se conecta ao amplificador Amp
por meio de um cabo coaxial, as capacitâncias são parasitas, Vt e Vcm são fontes de ruído e a
malha já está conectada a fonte Vs, (a) determine se vale a pena conectar a malha aos pontos A, B
ou C para minimizar a propagação de ruído pelo circuito. b) A conexão já existente entre a malha
e a fonte Vs ajuda na blindagem do circuito?
6) Mostre que se um equipamento transmite dados para outro usando corrente e não
tensão o sinal fica menos sujeito a interferências por acoplamento indutivo. Use modelos para
explicar o fato.
7) Mostre como um amplificador isolador pode ser usado para quebrar laços de terra,
minimizando a propagação de ruídos.
Ruído elétrico é todo o tipo de perturbação que se sobrepõe a uma informação elétrica.
Para evitar confusão, a partir deste momento, a palavra sinal passa a representar a informação útil
ao passo que a palavra ruído será utilizada para referenciar qualquer tipo de perturbação elétrica
sobre um determinado sinal. O ruído elétrico nos operacionais se deve ao ruído inerente a cada
dispositivos que o compõe (transistores, resistores, etc.).
Existem várias formas de ruído elétrico sendo que cada uma destas formas está associada a
algum evento físico ou a alguma característica de confecção do componente. A seguir, são listados
os principais tipos de ruído, suas fontes e seus efeitos e sua representação. A Texas Instruments
tem dois bons textos sobre o assunto, o Op Amp Noise Theory and Applications e o Noise Analysis
In Operational Amplifier Circuits.
Este ruído é causado pela agitação térmica dos elétrons em uma resistência. O ruído
térmico é constante ao longo de todo o espectro de frequências e no osciloscópio apresenta um
formato semelhante ao da Figura 1.1. Por conter todas as frequências este ruído também é
chamado de ruído branco. A tensão eficaz gerada pelo ruído térmico pode ser calculada com a
equação 11.1.
Este ruído está associado com uma corrente fluindo através de uma barreira de potencial.
Isto significa que ele é formado pela flutuação instantânea de corrente elétrica, causada pela
emissão aleatória de elétrons e lacunas. Schottky, em 1918, mostrou que este ruído tem densidade
de potência constante com a frequência e que pode ser estimado conforme (11.2).
onde q é a carga do elétron (1,6·10-19 C), ICC é a corrente média em Ampere e B é a banda passante
em Hz.
Também conhecido por Excess Noise, Flicker Noise, ruído 1/f e ruído de baixa frequência, o
ruído de contato é causado, dentre outras coisas, pela variação da condutividade devido ao contato
imperfeito entre dois materiais (por exemplo, silício e alumínio). Este tipo de ruído aparece
sempre que existe junções entre materiais de qualquer tipo, como em semicondutores, chaves e
pontos de solda, e está sempre associado a passagem de corrente elétrica. A equação 11.3 mostra a
intensidade da corrente que modela este ruído.
K M⋅I CC⋅√ B
If RMS = (11.3)
√f
onde KM é uma constante que depende do material, ICC é a corrente média em Amperes, B é banda
passante em Hz e f é a frequência.
Nota-se que o ruído de contato aumenta com a diminuição da frequência o que pode
torná-lo preponderante nesta região, porém, se a corrente for mantida baixa o ruído térmico pode
ser tornar dominante. A Figura 1.2 mostra a aparência deste ruído no osciloscópio. Para dois
resistores de 1 kΩ, um de carbono e outro de fio, o ruído térmico é o mesmo e proporcional a
resistência. Porém, com a passagem de corrente elétrica o resistor de carbono apresenta mais
ruído que o resistor de fio devido a variação de condutividade no contato imperfeito do resistor.
Várias são as fontes de ruído e todas podem estar presentes ao mesmo tempo em um
mesmo circuito. Quando isto ocorre e os ruídos não são correlacionados, ou seja, são
independentes, a soma das fontes de ruído produz uma potência total que é igual a soma da
potência de cada fonte, de acordo com a equação 11.4. Em outras palavras o ruído RMS total é
obtido pela raiz quadrada da soma dos quadrados dos demais ruídos RMS (11.5). Isto acontece
porque o valor RMS de um ruído de média zero corresponde ao desvio padrão da sua distribuição
de probabilidade (Figura 1.3) e ruído nada mais é do que uma incerteza. Algumas vezes,
entretanto, é mais fácil obter o valor pico a pico do ruído. Nestes casos, é comum dividir este valor
por 6 para se obter uma informação RMS de corrente ou tensão (Figura 1.3).
√
V Tot (RMS )= V 21 RMS +V 22 RMS +... +V 2nRMS (11.5)
A curva de tensão e corrente de ruído para um AO típico é mostrada na Figura 1.4. Nota-se
as unidades nV/√Hz e pA/√Hz para cada frequência específica. Se desejarmos conhecer o ruído
para uma faixa de frequências basta integrar este ruído na faixa de frequência desejada. Observe
também que há um ruído 1/f preponderante para as baixas frequências, mas que fica praticamente
constante a partir da chamada frequência de corte. Quando a faixa de interesse não inclui a
frequência de corte, ou é três décadas maior que ela, o efeito deste ruído de baixa frequência pode
ser desprezado. Quando esta faixa for importante a integral pode ser calculada como
onde fMáx e fMin são as frequências máximas e mínimas da faixa de interesse, VNplano a tensão de
ruído na faixa plana, e fNC a frequência de corte do ruído 1/f. Se fNC não for dada ou não puder ser
obtida pelo gráfico ela pode ser calculada como
onde VN(f) é uma tensão de ruído na região 1/f para uma frequência fx.
2 2
[(110 nV / √ Hz ) −(9,5 nV / √ Hz ) ]⋅10
f NC ≈ 2
=1330 Hz
(9,5 nV / √ Hz )
√
V N (RMS )=9,5 nV / √ Hz⋅ 1330⋅ln ( 10000
10 )
+(10000−10)=1,315μ V
Exemplo: Mostrar que a integral do ruído branco (vN) numa banda determinada por um
filtro passa baixas de primeira ordem é equivalente a integral de um retângulo nesta mesma banda
multiplicada por 1,57.
√ | |
f2 2
1
v Ntot = ∫|v N |2⋅ 1+ j⋅2⋅π⋅f ⋅R⋅C
⋅df
f1
√
∞
1
v Ntot =v N ⋅ ∫ ⋅df
2
1+ ( 2⋅π⋅f ⋅R⋅C )
RMS
0
v Ntot =v N ⋅
RMS
√ 1
( 2⋅π⋅R⋅C )
2
∞
⋅[ tan−1 ( 2⋅π⋅f ⋅%R⋅C ) ]0
v Ntot =v N ⋅
RMS
√ 1
( 2⋅π⋅R⋅C )
2
∞
⋅[ tan−1 ( 2⋅π⋅f ⋅%R⋅C ) ]0
onde vNRMS é o ruído em V/√Hz e a banda de integração corresponde a frequência de corte do filtro
multiplicada por 1,57.
Todos os ruídos apresentados podem ser modelados por fontes de tensão ou corrente
associadas ao elemento gerador de ruído. Um resistor, por exemplo, será representado por uma
associação série entre o resistor e uma fonte de ruído térmico. Para os circuitos mais complexos e
amplificadores operacionais as tensões e correntes de ruído são inseridas nas entradas do circuito,
como as fontes de tensão de offset e correntes de polarização dos AO. A Figura 1.5 mostra estes
modelos para um amplificador operacional.
Para avaliação da qualidade de um sinal também se utiliza a chamada razão sinal ruído
(SNR), definida conforme equação 11.8. Quanto maior a razão SNR melhor a qualidade do sinal.
SNR=20⋅log
( v Sinal
v Ruído
RMS
RMS
) (11.8)
NF =10⋅log
( )SNR in
SNR out
(11.9)
NF =10⋅log
( Sinal in⋅Ruído out
Sinal out⋅Ruídoin ) (11.10)
NF =10⋅log
( )
V 2NA
V 2NS
(11.12)
NF =10⋅log
( v 2T +v 2N +i 2N⋅R S
V 2NS ) (11.13)
Exemplo: Para o amplificador cuja tensão e corrente de ruído são apresentadas na Figura
1.4, supondo que ele está conectado a um gerador com impedância de 2 kΩ (National
Semiconductor, Application Note 104, May 1974). a) Calcular o ruído equivalente total na entrada
do amplificador operando a 1 kHz (por unidade de frequência); b) Calcular o ruído equivalente
total na entrada do amplificador operando entre 1 kHz e 10 kHz; c) Calcular a relação sinal ruído
na entrada do amplificador, supondo que o sinal do gerador possui apenas 4 mVRMS.
V T =√ 4⋅k⋅T⋅R⋅B=5,7 nV/ √ Hz
v N |1 kHz =9,5 nV / √ Hz
√
V TN = v 2N +v 2T +i 2n⋅R 2S =11,16 nV / √ Hz
b)
c)
SNR=20⋅log
( )
VS
V TN
=71 dB
Como a análise realizada neste capítulo sempre trata de tensões e correntes muito
pequenas nem sempre é fácil ter uma noção clara da ordem de grandeza dos erros que estão sendo
discutidos. Em sistemas digitais, a resolução de equipamentos é sempre mais facilmente
compreendida pois a medida é quantizada em um número finito de possibilidades. Nesta secção é
calculado o erro total em um sistema de aquisição de sinais com medida em ponte e o resultado é
comparado com a resolução equivalente de um AD, de forma que fique mais simples de se
entender as preocupações apresentadas anteriormente.
Um problema comum, descrito em In-Amp Bridge Circuit Error Budget Analysis, consiste
em determinar os erros (ou incertezas) de uma circuito composto por uma ponte de Wheatstone
ligada ao amplificador de instrumentação (um AD620B no problema em questão). A saída do
amplificador é conectada a um conversor AD e deseja-se saber qual a resolução do conversor para
que a saída fique estável.
Observa-se que foi calculado o erro de CMR para o sinal de modo comum em CC (obtido
na ponte alimentada com 10 V). Este erro resulta em um offset na saída do amplificador. Não foi
calculado quanto pode resultar de ruído de 60 Hz devido ao CMR do amplificador. Observa-se
também que todos os erros de offset ou ganho podem ser compensados mas os erros relativos a
ruído e não linearidade do amplificador não. Assim, todos os erros que podem ser compensados
são usados para a estimativa do pior caso, mas não do melhor. A soma das incertezas foi feita de
forma direta considerando-se apenas a sua contribuição relativa. Esta é uma forma simples que
superestima os erros e pode ser considerada como uma estimativa do erro limite.
11.9 Exercícios
2) Monte uma tabela de erros para o circuito medidor de corrente com o AD629. A linha de
60 Hz induz um ruído de 1 Vpp. O erro de ganho é de 0,05%, e o drift de ganho é de 10 ppm/℃ , o
erro de não linearidade é de 10 ppm, a tensão de offset é de 1 mV, o drift de offset é de 20 μV/℃, o
CMR para DC é de 77 dB e para AC é de 141·10- 6, o ruído entre 0,01 e 10 Hz é de 15 μVpp.
Considere os valores para 25℃ e uma variação de temperatura de 60℃. Qual a melhor resolução
para um conversor AD permanecer insensível a todos estes erros?
Assim como os resistores, capacitores e indutores também podem ser utilizados como
sensores ou transdutores. Por serem ativos requerem uma fonte de excitação externa,
normalmente uma fonte de corrente alternada. O sinal de saída também costuma ser um sinal
alternado e os circuitos de condicionamento de sinal normalmente requerem alguma forma de
demodulação. Como a excitação é alternada a faixa de frequência dos sinais de interesse fica
limitada a uns 10% da frequência de excitação.
A
C d =ε0⋅εR⋅ (12.1)
d
Figura 1.1: Alguns arranjos possíveis para transdutores capacitivos. As variações de área são
produzidas pelo deslocamento relativo entre as placas.
k
ε= (12.2)
T −T C
Além das aplicações como medidores de umidade também são muito comuns os sensores
de proximidade e deslocamento (para faixas menores que 1 mm a resolução pode ser
subnanométrica), sensores de pressão (em conjunto com diafragmas), como nos microfones, ou
sensores de ou força (em conjunto com elementos elásticos). Aplicações menos comuns empregam
variações no dielétrico para medidas de espessura, nível, produtos químicos, ou temperatura.
12.1.1 Variações dimensionais
Normalmente as variações dimensionais dos sensores capacitivos estão restritas as
variações de área ou de distância ente as placas. Estas variações podem tornar o sensor linear ou
não dependendo de como se faz a medida (impedância ou admitância). A avaliação rápida destas
eventuais não linearidades e da sensibilidade obtida com cada arranjo é interessante para a
A⋅ε0
C g= (12.3)
lg
ε ⋅ε
C d =A⋅ R 0 (12.4)
ld
Uma vez que as duas capacitâncias estão em série a capacitância equivalente é calculada
como
1
C=
1 1 (12.5)
+
Cd C g
A⋅εR⋅ε0 A⋅ε 0
⋅
ld lg
C= (12.6)
A⋅εR⋅ε0 A⋅ε0
+
ld lg
A 2⋅ε R⋅ε20
l d⋅l g
C= (12.7)
A⋅ε0⋅(ε R⋅l g +l d )
l d⋅l g
A⋅ε 0
C=
l (12.8)
l g + εd
R
l g =l g 0 +Δ l g (12.9)
A⋅ε0
C=
l (12.10)
l g 0+ Δ l g + εd
R
dC Δ C C−C 0 C
= = = −1 (12.11)
C0 C0 C0 C0
No presente exemplo
b
C 0= (12.12)
x 0 +c
b
dC C x +c
= −1= −1 (12.13)
C0 C0 b
x 0 +c
dC x 0 +c
= −1 (12.14)
C 0 x +c
dC x 0+ c
= −1 (12.15)
C 0 x 0 +dx + c
dC 1
= −1
C0 dx (12.16)
1+
x 0 +c
dC dx dx 2
=1− + −1 (12.17)
C0 x 0 +c (x 0 +c )2
( ) ( )
2
dC −1 dx 1 dx
= ⋅ + ⋅
( ) ( )
2
C0 c x0 c x0 (12.18)
1+ 1+
x0 x0
que é da forma
( ) ( )
2
dC dx dx
=α1⋅ +α 2⋅ (12.19)
C0 x0 x0
1 1
α1 = e α2= (12.20)
( ) ( )
2
c c
1+ 1+
x0 x0
Fazendo as substituições de b, c e x
( ) ( )
2
dC −1 dl 1 dl g
= ⋅ g + ⋅ (12.21)
( ) ( )
C0 l l g0 ld 2 l g 0
1+ d 1+
εR⋅l g 0 ε R⋅l g 0
onde
−1 1
α1 = e α2= (12.22)
( ) ( )
2
l l
1+ d 1+ d
εR⋅l g 0 ε R⋅l g 0
α2
|α |= 1
(12.23)
( )
1 l
1+ d
εR⋅l g 0
Observa-se que todas as coisas que reduzem a não linearidade também reduzem a
sensibilidade relativa, ou seja, para este arranjo não é possível otimizar a não linearidade do
A variação de capacitância com relação a variação do gap também pode ser avaliada da
mesma forma.
A⋅εR⋅ε0
C= (12.24)
l g⋅εR +l d
dC εR⋅ε0⋅A ε2R⋅ε0⋅A 1
=− ⋅ε =− ⋅ (12.25)
( )
2 R
dl g (l d +εR⋅l g ) l 2d εR⋅l g 2
1+
ld
dC
dl g
C0
[ lg
≈− ⋅ε R⋅ 1−2⋅ε R⋅ +3⋅ εR⋅
ld ld
lg 2
ld
−... ( ) ] (12.26)
XC 1
V 1 =V FONTE⋅ (12.27)
XC 1 + XC 2
XC 2
V 2 =V FONTE⋅ (12.28)
XC 1+ XC 2
εR⋅ε0⋅A
XC 1 = (12.29)
l g 0+ Δ l g
εR⋅ε0⋅A
XC 2 = (12.30)
l g 0 −Δ l g
l +Δ lg
V 1 =V FONTE⋅ g 0 (12.31)
2⋅l g 0
l −Δ l g
V 2 =V FONTE⋅ g 0 (12.32)
2⋅l g 0
Os indutores são formados por espiras condutoras e podem estar associados a elementos
ferromagnéticos ou outras bobinas que modificam o comportamento global do indutor. Esta
versatilidade permite muitos arranjos para os transdutores indutivos. Neste texto serão
apresentados transdutores que funcionam por alteração da relutância magnética ou por
indutância mútua.
12.2.1 Transdutores de relutância variável
A indutância pode ser expressa como
ϕ
L =N⋅ (12.34)
i
Fmm N⋅i
ϕ= ℜ = ℜ (12.35)
de forma muito semelhante a lei de Ohm. Observe que é possível fazer uma analogia entre a Fmm
e a tensão elétrica, ϕ e a corrente elétrica e ℜ e resistência elétrica. Esta analogia é válida
inclusive para o cálculo da relutância equivalente quando o caminho do fluxo inclui elementos
com diferentes características magnéticas. Para bobinas circulares cujo comprimento é bem maior
que a área, a relutância magnética equivale a
1 l
ℜ= μ0⋅μ R⋅ (12.36)
A
−7
onde μ 0=4⋅π⋅10 H/m é a permeabilidade magnética do vácuo, μR é a permeabilidade
magnética relativa do meio, l é o comprimento da bobina e A a área de secção reta.
Como vantagens os sensores indutivos são muito pouco sensíveis a variações de umidade e
outros contaminantes como poeira e fuligem, não apresenta atrito e são muito sensíveis. Da
mesma forma que nos sensores anteriores, medidas diferenciais costumam ser menos sensíveis a
campos externos, temperatura, variações na tensão de alimentação e frequência da fonte. As
principais aplicações para este tipo de sensor são as medidas de deslocamento e posição e sensores
de proximidade para objetos metálicos (principalmente em ambientes sujos e úmidos), mas podem
fazer parte de uma gama maior de transdutores para medida de pressão, força, nível, contagem de
carros e outros.
Pode ser demonstrado que neste caso a indutância do transdutor é dada por:
μ0⋅Ag⋅N 2
L= (12.38)
lg +
(Ag⋅lm
Am⋅μ R )
que tem forma
b
L0= (12.39)
x 0 +c
onde b=μ 0⋅Ag⋅N 2 , c =( Ag⋅lm)⋅(Am⋅μ R )−1 e x 0 =l g 0 . Desta forma, assim como no exemplo do
sensor capacitivo, é possível calcular uma sensibilidade relativa para este sensor e avaliar sua
sensibilidade e sua não linearidade empregando expansão por séries de Taylor. Como o formato
das equações é o mesmo é possível aproveitar os cálculos anteriores tal que
dL 1
= −1 (12.40)
L0 dx
1+
x 0 +c
1 2
e como =1−A +A +.. . , então
1+A
( ) ( )
2
dL −1 dx 1 dx
= ⋅ + ⋅ (12.41)
( ) ( )
2
L0 c x 0 c x0
1+ 1+
x0 x0
Como todo circuito RLC o indutor real é regido por uma equação diferencial de segunda
−1/2
ordem tal que a frequência de ressonância é ω0 =(L⋅C ) e o fator de qualidade
Q=ω 0⋅L⋅R−1 .
Sendo assim, no circuito RLC proposto, a resistência R pode ser escrita em função de Q
ω⋅L
R= (12.42)
Q
Z L =( R+ X L )// X C (12.43)
Z =
( ω⋅L
Q
+ j⋅ω⋅L )⋅
1
j⋅ω⋅C
(12.44)
L
ω⋅L 1
+ j⋅ω⋅L +
Q j⋅ω⋅C
−j
Z L=( ω⋅LQ + j⋅ω⋅L )⋅ ω⋅L + j⋅ ω ⋅L⋅C −1 ω⋅C
(12.46)
( )
2
Q ω⋅C
− j⋅ω⋅C
Z L=(ω⋅L
Q
+ j⋅ω⋅L ⋅ 2
ω ⋅L⋅C )
ω⋅C
+ ( ω ⋅L⋅C −1 )
2
(12.47)
( ω2⋅L⋅C )
Supondo que Q ≫1 (R é baixo), então ≪( ω2⋅L⋅C −1 ) e
Q
ω⋅L j⋅ω⋅L
Z L= + (12.49)
Q⋅( 1−ω ⋅L⋅C ) ( 1−ω2⋅L⋅C )
2
ω⋅L
Z L= + j⋅ω⋅L (12.50)
Q
Esta expressão vale até que ω=(L⋅C )−1/ 2 e nestas condições Q efetivo <Q . Além
disso, há, também, um efeito de aumento da indutância efetiva, uma vez que esta pode ser
entendida como
∂L EQ 1
= (12.54)
∂ L (1−ω2⋅L⋅C )2
∂L
∂ L EQ = (12.55)
(1−ω2⋅L⋅C )2
de onde
∂L
∂L EQ (1−ω 2⋅L⋅C )2
= (12.56)
L EQ L
(1−ω2⋅L⋅C )
∂L EQ ∂L 1
= ⋅ (12.57)
L EQ L (1−ω2⋅L⋅C )
Os erros de offset costumam ser menores do que 1%, problemas de distorção harmônica por
saturação do núcleo podem ser mantidos tão baixos quando o desejado, mas se isto não for
possível uma filtragem passa baixas para o terceiro harmônico frequentemente resolve o
problema. Uma resolução de 0,1% é facilmente obtida, o sistema não tem atrito e o tempo médio
de falhas de alguns dispositivos chegam a ser de centenas de anos. Além disto os LVDT oferecem
isolamento elétrico entre o mensurando o circuito evitando a formação de laços de terra. LVDT
também são famosos pela repetibilidade, especialmente do zero (o que os torna ótimo para esta
finalidade), elevada sensibilidade e linearidade (usualmente melhor do que 0,05%).
Os LVDT são usados para medidas de deslocamentos de centenas de μm até vários cm,
podendo obter resoluções de 0,1 μm. São comuns as excitações de 1 até 24 V e frequências de
excitação de 50 até 20 kHz.
12.2.3 Outros transdutores indutivos
Outros transdutores indutivos comuns são os sensores de corrente de Foucaut (eddy
current) ou correntes parasitas (relutância variável), os synchros, resolvers, e os inductosyn
(indutância mútua) além dos magnetoelásticos, magnetoestritivo.
12.3 Exercícios
1) Mostre a melhor maneira de conectar dois transdutores capacitivos em uma ponte AC.
Calcule a tensão na saída da ponte. a) Qual a condição necessária para linearidade? b) A fonte de
alimentação pode ser contínua ou alternada? Justifique. c) Mostre, com um diagrama em blocos,
como obter um sinal contínuo na saída da ponte, mesmo se a fonte de alimentação for alternada.
d) Se a fonte de alimentação for alternada, qual a influência da frequência do sinal de entrada
(mensurando) sobre a tensão de saída no item c.
ε⋅A
C 1=
h
ε⋅A ε⋅A
C 1= e C 2=
d +x d −x
4) A ponte de Schering, uma das mais importantes pontes CA, é muito utilizada para
medições de capacitores e também para a medição de propriedades isolantes, isto é, em condições
com ângulos de fase muito próximos de 90 0. Calcule os valores de C3 e R3 (figura a seguir) em
função dos demais componentes da ponte.
5) Quais as topologias das pontes de Maxwell, Hay e Wien? Determinar para que servem e
como funcionam (equacionando) estas pontes.
Os comparadores são construídos especialmente para realizar esta função gerando em sua
saída um sinal com características digitais. O símbolo do comparador é o mesmo do AO, os
estágios de entrada e intermediários são construídos da mesma forma, mas o estágio de saída é
projetado para trabalhar saturado ou cortado, muito parecido com uma porta lógica. Eles não
possuem compensação de frequência, não apresentam boas características de offset, drift, ruído,
enfim, eles não são feitos para funcionar como amplificador. Por outro lado apresentam baixo
tempo de propagação, baixo rise e fall time, a tensão de saída chega muito próxima a tensão de
alimentação, tem as entradas protegidas contra elevada diferença de tensão, apresentam baixo
consumo e melhor estabilidade. Mais detalhes podem ser encontrados no Using Op Amps as
Comparators da Analog Devices e no Op Amp and Comparators – Don’t Confuse Them! da Texas
Instruments.
13.1 Símbolo
13.2 Características
Diferente do AO, que é projetado para funcionar com realimentação negativa, em região
linear, e tensões iguais nas entradas inversora e não inversora, o comparador é feito para trabalhar
em malha aberta ou com realimentação positiva. Assim, sua saída é digital no sentido de que pode
operar em apenas dois níveis estáveis de tensão. Por esta razão, muitas vezes os comparadores
estão prontos para interfacear com circuitos digitais e de potência e não raro apresentam
alimentações diferentes para o estágio de saída, que também pode estar em coletor ou dreno
aberto (open collector ou open drain). Um exemplo de comparador com tensões de saída diferentes
das tensões de alimentação do comparador é o clássico LM311 (Figura 10.2), onde um transistor
está conectado a saída do comparador. Neste transistor tanto o emissor quanto o coletor não estão
conectados o que permite escolher livremente a alimentação deste estágio inclusive com tensões
maiores do que a máxima permitida para alimentar o integrado. Nos casos de coletor ou dreno
aberto é necessário o uso de um resistor de pull-up calculado de acordo com as características do
circuito que se deseja montar (velocidade, consumo, capacidade de fornecer corrente, tensão de
saída ...).
Como os comparadores foram projetados para não usar realimentação negativa a máxima
tensão diferencial de entrada (Vd) torna-se um parâmetro importante no projeto. Para evitar
problemas por excesso de tensão diferencial, o circuito de proteção apresentado na Figura 10.3
pode ser adotado, caso não esteja implementado no integrado. Em alguns comparadores,
entretanto, a entrada pode chegar até a tensão de alimentação.
O circuito da Figura 10.4 consiste de um comparador em malha aberta. Desta forma, uma
pequena diferença de tensão entre as entradas já é suficiente para saturar o comparador com a
tensão positiva ou negativa de alimentação. Este tipo de comparador pode ser utilizado para
detectar a passagem de um sinal por qualquer valor de tensão basta alterar a fonte usada para a
comparação. Nestes casos o gráfico de saída, apresentado na Figura 10.5, desloca-se para a direita
ou esquerda de acordo com a tensão aplicada. Note que para representar o funcionamento do
circuito foi utilizado um gráfico onde é desenha a saída em função da entrada.
O gráfico da Figura 10.5, representa uma simulação com uma entrada senoidal de
frequência igual a 10 Hz no circuito comparador de tensão do tipo detetor de passagem por zero.
Figura 10.5: Simulação de um comparador por cruzamento de zero (comparador simples com
tensão de comparação 0 V).
13.3.2 Limitação da tensão de saída
Algumas vezes deseja-se que a tensão na saída do comparador não seja a tensão de
alimentação. Muitos comparadores, como dito, apresentam estágios de saída com alimentação
diferente que permite adequar facilmente os níveis de tensão necessários na saída do comparador.
Se o comparador estiver sendo realizado com um AO, entretanto, este recurso não está disponível.
Nestes casos, um pouco mais complexos que o anterior, é necessário que o comparador tenha
realimentação negativa em algumas situações. Como se este fator complicador da análise não
fosse suficiente, a realimentação normalmente não é implementada com componentes lineares
tendo sua parcela modificada como uma chave (existe ou não existe realimentação) ou
progressivamente de forma a manter constante certos parâmetros (como se fosse um regulador de
tensão). Este é o caso típico do circuito mostrado na Figura 10.6.
Este detector funciona basicamente como o anterior porém, agora, a tensão de comparação
se deve não apenas a uma tensão mas a um somatório de tensões. O resultado deste somatório é
que mudará a saída do comparador (Figura 10.9). O equacionamento do problema pode ser feito
Figura 10.10: Comparador em janela e um gráfico (em função do tempo) demonstrando seu
funcionamento.
Com este tipo de saída (coletor aberto), o comparador só pode fornecer a tensão de
alimentação negativa pois não possui o circuito que o liga com alimentação positiva. Isto deve ser
i R 1=i C 1 (13.1)
v REF dv
=C 1⋅ i (13.2)
R1 dt
Se a corrente iC1 < iR1 o diodo zener está polarizado diretamente, neste caso a tensão de
saída é aproximadamente igual 0,7 V. Se iC1 > iR2 então o zener está polarizado reversamente e a
tensão de saída corresponde a tensão de zener. A aplicação mais comum para este circuito é como
trigger em osciloscópios analógicos.
13.3.6 Comparador com histerese
O comparador de nível, ou comparador simples, mostrado no início deste capítulo, pode
oscilar quando o sinal está próximo do nível de comparação. Isto ocorre porque o ruído
adicionado ao sinal faz com que o comparador seja acionado várias vezes.
Para evitar este tipo de problema foram criados os circuitos comparadores com histerese. A
histerese nada mais é do que a mudança automática do nível de comparação logo após uma
comparação bem-sucedida, criando uma região, ao redor do ponto de comparação, onde o ruído
existente sobre o sinal não consegue afetar a saída do comparador. Para isso são criados dois
níveis diferentes de comparação, comutados entre si automaticamente, para que o ruído não
interfira na comparação. Quando o nível mais baixo do limiar de comparação está ativo, por
exemplo, o nível mais alto esta desligado. Se um sinal vencer este nível mais baixo de comparação,
então o nível de comparação é modificado para o nível mais alto impedindo que o ruído comute o
comparador novamente.
Para que o nível de comparação seja alterado automaticamente ele é escolhido em função
da tensão de saída. Para o circuito da Figura 10.13 os níveis de comparação são
Vcc⋅R 2
P 1= (13.4)
(R 1 + R 2 )
−Vcc⋅R 2
P 2= (13.5)
(R 1 + R 2 )
Figura 10.14: Simulação dos comparadores de nível com e sem histerese na presença de ruído:
v(o1) é a saída do comparador com histerese com R1=3·R2, e v(o2) é a saída do comparador
simples.
Figura 10.15: Saída do comparador com histerese em função do sinal de entrada. Simulação com
R1=3·R2.
Para resolver este tipo de problema foram criados circuitos retificadores ativos, a base de
amplificadores operacionais. A vantagem destes circuitos é que todas as deficiências do diodo são
compensadas pelo AO sendo possível montar um circuito com características bem próximas da
ideal. Para mais detalhes de cálculo e escolha dos componentes leia Op Amp Rectifiers, Peak
Detectors and Clamps da Microchip.
O retificador de meia onda inversor é apresentado na Figura 1.2. Para um sinal negativo na
entrada (vi) o diodo conectado entre a saída do circuito e a saída do AO (D2) está diretamente
polarizado, fechando a malha de realimentação negativa através do resistor. A queda de tensão
sobre o diodo, o que inclui todas as suas não linearidades, é compensada na saída do AO. Para
tensões de entrada de valores positivos o diodo que está diretamente polarizado é aquele que
realimenta o AO (D1) de forma a transformá-lo em um buffer. Neste caso como o outro diodo (D2)
está cortado, a saída do circuito é nula. Para reduzir problemas com as correntes de polarização do
operacional é possível inserir um resistor na entrada positiva com valor R/2. As formas de onda na
saída do circuito e na saída do AO são apresentadas na Figura 1.3.
Figura 1.3: Formas de onda do retificador de meia onda de precisão. A entrada é senoidal, a saída
do AO apresenta degraus e a saída do circuito apresenta apenas a entrada retificada.
Como o AO demora para sair da saturação e possui um slew rate finito, o tempo de descida
ou subida no semiciclo negativo é maior que zero. Colocando o diodo de realimentação (D1) o
operacional não estará saturado em -VCC durante o semiciclo positivo da onda de entrada e
portanto será muito mais rápido para acompanhar o sinal vi.
Figura 1.5: Formas de onda para o retificador de onda completa, inversor, de precisão.
Figura 1.7: Formas de onda para os retificador de onda completa, não inversores, de precisão.
O terceiro exemplo, mostrado na Figura 1.8 utiliza o retificador de meia onda conectado a
entrada de um amplificador subtrator. Este circuito apresenta como característica favorável o fato
de apresentar elevada impedância de entrada. Para tensões de entrada negativas o retificador de
meia onda e o sinal de entrada aparece multiplicado por dois no anodo de D6. Nesta situação o
segundo amplificador multiplica esta tensão por -2 e a entrada vi por 3. O resultado é que o sinal
de entrada aparece invertido na saída do segundo operacional ( vo=−2⋅2⋅vi +3⋅vi ). Quando a
entrada é positiva a tensão no catodo de D5 é uma cópia da tensão de entrada e neste caso a saída
é positiva e com a mesma amplitude da entrada ( vo=−1⋅vi +2⋅vi ).
O detetor de pico é um circuito bem simples que pode ser implementado conforme
mostrado na Figura 1.9. Neste circuito, sempre que a tensão de entrada for maior que a tensão
sobre o capacitor, o diodo conduz e o capacitor se carrega com o valor presente na entrada. São
dois os inconvenientes desta configuração: 1) a queda de tensão no diodo (impede o uso com
sinais de baixa amplitude) e 2) o fato de não haver como reinicializar o circuito com uma tensão
baixa no capacitor.
Para solucionar o primeiro problema podemos usar detetores de pico ativos como os
mostrados na Figura 1.10. O detetor ativo emprega dois amplificadores operacionais, um para
substituir o diodo e outro para evitar que a carga descarregue o capacitor. O segundo AO deve ter
baixa corrente de polarização e as duas realimentações ajudam a compensar perdas e acumulo de
erros. O resistor R e o diodo D servem para reduzir as correntes de fuga que podem descarregar
C1. Quando D2 está cortado R traz para o anodo de D a tensão vo (igual a vC1), mantendo o diodo D
com tensão nula sobre ele, porém cortado e sem corrente de fuga. Para o segundo problema
podemos usar uma chave analógica para descarregar o capacitor quando desejarmos ou um
resistor em paralelo com o capacitor, o que confere um efeito de memória ou filtro ao detetor.
Tanto para os retificadores quanto para os detetores de pico a escolha dos diodos é
importante. Todo o diodo apresenta características não lineares e capacitâncias parasitas que
interagem com o restante do circuito e limitam a frequência de operação do mesmo. Efeitos
estranhos devido a distorção harmônica podem ocorrer principalmente em altas frequências. Para
a maioria das aplicações diodos de sinal como o 1N4148 é suficiente. Quando o offset e a corrente
de leakage tornarem-se importantes é possível construir um diodo curto-circuitando dreno e fonte
de transistores FET como o 2N4117A. Em aplicações onde a velocidade é mais importante talvez
seja necessário recorrer a diodos rápidos como o Schottky.
15.1 Integrador
vi – v–
i= (15.1)
R1
1
v – – v o= ⋅∫ i dt (15.2)
C1
1
v – – v o= ⋅∫ (v i −v – )dt (15.3)
R 1⋅C 1
como v – =0.
1
v o (t )=− ⋅∫ v i (t )⋅dt (15.4)
R 1⋅C 1
1
vo (S ) C ⋅S (15.5)
=− 1
vi (S ) R1
1 1
v o (S )=− ⋅v i (S )⋅ (15.6)
R 1⋅C 1 S
1 vi vi
vo=− ⋅∫ vi dt =− ⋅(t final – t inicial )=− ⋅Δ t
R 1⋅C 1 R 1⋅C 1 R 1⋅C 1
Figura 12.2: Circuito integrador básico. Vos é a tensão de offset e IB a corrente de polarização.
Teoricamente o ganho do integrador para frequência zero tende a infinito. Desta forma os
efeitos de IB e VOS impedem que a integração seja feita por longos períodos de tempo, pois nestas
condições o AO satura. Podemos minimizar este problema usando AO com entrada FET, que
reduzem a corrente IB. Uma alternativa é apresentada no circuito abaixo. A inserção de R2 diminui
o ganho DC do integrador para
vo R2
=− (15.9)
vi R1
R2
vo( V OS )= ⋅|V | (15.10)
R 1 OS
Para minimizar os erros com IB neste novo circuito podemos usar as técnicas já estudadas
inserindo um resistor entre terra e a entrada não inversora do AO
R2
R 3= (15.11)
R1
1
assim ficamos com erro reduzido a ⋅∫ I OS⋅dt
C1
1
// R 2
vo C 1⋅S R 1 (15.12)
=− =− 2⋅
vi R1 R 1 R 2⋅C 1⋅S + 1
3
f operação = (15.13)
2⋅π⋅R 2⋅C 1
Figura 12.4: Curvas de resposta em frequência do integrador puro e do integrador com perdas.
Uma aplicação muito comum para o integrador com perdas consiste no cálculo do valor
médio da tensão de entrada. A média da tensão na saída do integrador com perdas corresponde a
média da tensão de entrada multiplicada pelo ganho CC do circuito.
Exemplo: O circuito da figura a seguir foi simulado com excitação de frequências 200 Hz e
2 kHz, ambas com formato senoidal de amplitude unitária e 1 V de offset. Qual a tensão de saída
para cada uma destas exitações?
v o 500
Av = = =10
v i 50
1 1 1
p 1= = = =200 rad/s
R 1⋅C 1 500 k⋅0,01μ F 0,005
200
p 1= =31,8 Hz
2⋅π
v o =Av⋅v i
Tempo de estabilização
1 5
t =5⋅τ=5⋅ = =0,025 s
p 1 200
vo
vi
R
=− 2⋅
1
R 1 R 2⋅C⋅S +1 | s =1256 rad/s
vo
=1,37 V p =2,74 V pp
vi
vo
vi
R
=− 2⋅
1
R 1 R 2⋅C⋅S +1 |
s =12560 rad/s
vo
=0,15V pico =0,30 V pp
vi
dv
i C =C 1⋅ C (15.14)
dt
v C =v i (15.15)
dv
i C =C 1⋅ i (15.16)
dt
dv
v o =−R 1⋅C 1⋅ i (15.18)
dt
dv
v o =−R 1⋅C 1⋅ i (15.21)
dt
dv
dt
V
(
v o =−R 1⋅C 1⋅ i =−R 1⋅C 1⋅ final
−V inicial
t final −t inicial )
Para um Dt=0,25 ms e um Dv=1,25 V, vo=–5 V. Para Dt=0,5 ms e um Dv=2,5 V, vo=+5 V.
15.2.1 Derivador prático
Teoricamente, em altas frequências o ganho do derivador tende a ∞ . Isto torna o
derivador muito sujeito a ruídos e problemas de estabilidade. Na prática, este circuito sem polos é
impossível de ser realizado, pois o capacitor e o AO ideal não existem. Mesmo assim, com os polos
que o capacitor e o AO real inserem no circuito, a faixa de operação deste circuito continua sendo
muito ampla e os problemas de ruído e instabilidade não desaparecem. Os derivadores práticos
utilizam um limitador de ganho em altas frequências como mostrado na Figura 12.6.
Esta redução de ganho em altas frequências pode ser obtida pela inserção de um resistor R2
ao circuito original, tal como indicado na Figura 12.7.
v o −R 2
= (15.22)
v i R2
vo −R 1 C 1⋅S R S
= =−R 1⋅ =− 1⋅
vi 1 R 2⋅C 1⋅S +1 R2 1 (15.24)
+R 2 S+
C 1⋅S R 2⋅C 1
16.1 Introdução
As equações do modelo de Ebers Moll, considerando a tensão térmica V T = K⋅T ⋅q−1 , são
I ED=I ES⋅(e V −1 )
/V T
BE
(16.2)
I CD =I CS⋅( e V BC /V T
−1 ) (16.3)
I E =I ED −α R⋅I CD (16.5)
onde IES e ICS são correntes reversas de saturação (da ordem de 10 - 11 A); αF é o ganho direto (da
ordem de 0,99 a 0,999); αR é o ganho reverso (da ordem de 0,01 a 0,001); m é uma constante
empírica (depende do tipo de transistor: Ge=1 e Si=2); K é a constante de Boltzman (1,381·10- 23 J/
K); T é temperatura absoluta (Kelvin); q é a carga do elétron (1,602·10- 19 C)
vi
=α F⋅I ES⋅(e −1 )−I CS⋅( e −1 )
V /V T −V CB / V T
iC = BE
(16.7)
Ri
vi
=α F⋅I ES⋅( e −1 )−I CS⋅( e −1 )
−vo /V 0 T
(16.8)
Ri
pois
q⋅V BE 1,602⋅10−19⋅0,7
=
m⋅K⋅T 1⋅1, 381⋅10−23⋅300
=27 , 07 (16.10)
e e V / V >>1 . Esta aproximação implica em erros que podem ser estimados facilmente. Por
BE T
v o =−V T⋅ln
( vi
R i⋅α F⋅I ES ) (16.11)
v o =−k 1⋅ln
() vi
k2
(16.12)
onde k 1=V T e k 2 =R i⋅α F⋅I ES . Esta relação logarítmica entre a corrente de coletor e a tensão de
saída é válida por 9 décadas da corrente IC. Na prática, entretanto, a topologia apresentada na
Figura 13.2 é muito suscetível a variações de temperatura, e uma faixa de variação de IC muito
menor é conseguida. Mesmo após todas as compensações possíveis (Figura 13.3) apenas 6 décadas
costumam ser viáveis para esta aplicação. Na equação 16.11 as dependências com a temperatura
são:
K⋅T
VT= (16.13)
q
onde VG é uma tensão dependente da tensão de gap do transistor (o chamado potencial de Band-
Goy – da ordem de 1,11 V) e B é uma constante dependente dos níveis de dopagem e da geometria
utilizada na confecção do transistor. Desta forma, para uma corrente de emissor constante, IES
dobra a cada 10 Kelvin, ou seja, para uma variação de temperatura de 100 ℃ IES aumenta 1.000
vezes. Por esta razão este circuito simples não costuma ser usado. No circuito da Figura 13.3, o
transistor Q3 injeta uma corrente IREF na base de Q2. D1, D2, Cc e Rc são utilizados apenas para
proteção dos transistores e compensação em frequência.
/V T
i C 2 ≈α F 2⋅I ES 2⋅eV BE 2
(16.15)
V BE 2 =V T 2⋅ln
( I REF
α F 2⋅I ES 2 ) (16.16)
como V BE 1=– v o 1
v o 1=−V T 1⋅ln
( vi
R i⋅α F 1⋅I ES 1 ) (16.17)
então
V C 2 =−V T 2⋅ln
( vi
R i⋅α F 1⋅I ES 1 )
+V T 2⋅ln
I REF
α F 2⋅I ES 2( ) (16.18)
V C 2 =−V T⋅ ln
[( vi
R i⋅α F⋅I ES
−ln
) ( )]
I REF
α F⋅I ES
(16.19)
V C 2 =−V T⋅ln
( vi
R i⋅I REF ) (16.21)
(
v o =v o 2 = 1+
R
R (T ) )
⋅V C 2 (16.22)
Desta forma o erro devido a IES fica eliminado e o erro devido a T é compensado no
amplificador de saída que tem o ganho variável com a temperatura. Os valores de R2 e R(T) podem
ser escolhidos de tal forma que a temperatura seja compensada em uma ampla faixa de valores
(normalmente entre -25 ℃ e +100 ℃). R(T) normalmente é um RTD com variação de 3.500 a
3.700 ppm/K. Erros de 1% ou menos são obtidos para uma faixa dinâmica de 6 décadas na corrente
IC.
Várias outras topologias são possíveis. Uma solução simples emprega dois amplificadores
logarítmicos (Figura 13.2) ligados a um amplificador subtrator. Este processo também elimina os
erros devidos as variações IES. A compensação de temperatura pode ser feita nos resistores de
entrada do subtrator, usando RTD com o mesmo coeficiente térmico usado no exemplo anterior.
Com esta topologia é possível usar a segunda entrada com uma corrente de referência ou como
outro sinal. Se um segundo sinal for utilizado o circuito calcula o logaritmo da razão entre os dois
sinais. Qualquer que seja a solução será sempre necessário usar transistores casados e na mesma
temperatura do resistor de compensação. O melhor desempenho costuma ser obtido com circuitos
integrados, mas resultados bastante satisfatórios podem ser obtidos com amplificadores
operacionais e transistores integrados. A resposta em frequência fica limitada aos ganhos, a faixa
de tensão de entrada, ao transistor, ao amplificador operacional e outras. Para o cálculo do
logaritmo em outra base basta ajustar o ganho da configuração. O uso de transistores PNP não é
comum, pois suas características construtivas são piores o que leva a erros maiores.
vo
iC = (16.23)
R
vo
=α F⋅I ES ( e −vi /V T
) (16.26)
R
v i⋅R 2
=v BE 1−v BE 2 (16.28)
R 1+ R 2
v i⋅R 2
R 1+ R 2 (
R v
=−V T⋅ln 3⋅ 0
R 0 V REF ) (16.30)
R ⋅V
v 0 = 0 REF ⋅e
−
( ⋅
R2
R +R V
1 2
vi
T
) (16.31)
R3
17.1 Multiplicação
x⋅y
v o= (17.1)
k
O multiplicador real também apresenta uma série de erros que são causados por offsets e
não linearidades ().
(x +x OS )⋅(y +y OS )
v o =(1+k E )⋅ +v OS +h (x ,y ) (17.3)
10
onde: kE é o erro de ganho; h(x,y) são não linearidades (termos como x2, y2, x2y, xy2, …); xOS e yOS
correspondem a tensão de offset das entradas (multiplicadores reais apresentam uma saída
diferente de zero quando ao menos uma das entradas está em zero volts. Este valor na saída é
chamado de feed through); vOS é a tensão de offset na saída quando x=y=0.
a última parcela desta fórmula, representa não linearidades. Este termo pode ser quantizado se
deixarmos uma das entradas do multiplicador fixa e variarmos a tensão na outra entrada. Se
levantarmos a curva vo versus vi não teremos uma reta (resposta do multiplicador ideal). Uma
análise da equação 17.4 revela que, mesmo com os offsets e erros na variável k, a saída deveria ser
uma reta. Esta distorção é função de uma série de outros fatores que dependem do método
utilizado para a multiplicação e são agregados neste fator único. Além dos problemas com offset os
multiplicadores reais apresentam uma série de limitações CA como, settling time diferente de zero,
slew rate finito, frequência de corte finita, xOS e yOS em função da frequência, não linearidade em
função da frequência entre outros.
17.1.1 Multiplicador por transcondutância variável
O multiplicador de transcondutância variável pode ser implementado com OTAs ou com
transistores utilizando as características favoráveis do par diferencial. Circuitos muito simples,
entretanto, como o da Figura 17.2, apresentam problemas com variações de IE devido a tensão vY.
Estas variações causam uma grande excursão da tensão de modo comum de vo. No exemplo, a
tensão VBE do transistor da entrada vy foi desconsiderada, mas isso nem sempre pode ser feito. O
circuito multiplicador integrado mais comum é uma evolução do multiplicador apresentado e
emprega a chamada célula de Gilbert, onde mais de um par diferencial com acoplamento cruzado
são utilizados para melhorar o desempenho do multiplicador. Um bom material sobre o assunto
pode ser encontrado com facilidade no manual do já obsoleto MPY100 da Burr Brown e no
Tutorial Analog Multipliers da Analog Devices.
IE
v o= ⋅R ⋅v (17.6)
VT L x
RL
v o= ⋅v ⋅v (17.8)
R E⋅V T x y
V BE 2 =v 1 −v 2 =V T 2⋅ln
( )
v y / Ry
I ES 2
(17.10)
V BE 4 =v 3−v 2 =V T 4⋅ln
( )
v o /R o
I ES 4
(17.12)
( )( )
v x/ Rx
v z / Rz
v /R
= o o
v y /R y
(17.17)
v x⋅v y R o⋅R z
v o= ⋅ (17.18)
v z R x⋅R y
v x⋅v y
v o= (17.19)
10
x =10−v x (17.20)
y =10−v y (17.21)
A saída do multiplicador é
x⋅y 1 v ⋅v
= ⋅(100 – 10⋅v x – 10⋅v y +v x⋅v y )= x y + 10−v x−v y (17.22)
10 10 10
v x⋅v y
v o= (17.23)
10
17.2 Divisão
v x⋅v o
=−v y (17.25)
10
v
v o =−10⋅ y (17.26)
vx
v 2o −v x
= (17.27)
10⋅R R
v 2o =−10⋅v x (17.28)
v o =√ −10⋅v x (17.29)
v
v o =10⋅ x (17.30)
vo
v o =√ 10⋅v x (17.31)
17.2.2 Circuito conversor RMS-DC
Um conversor dito explícito de valor RMS para DC pode ser obtido pelo circuito da Figura
17.7 superior. Para o circuito da Figura 17.7 inferior o conversor é dito implícito.
√
T
1
v oRMS = ⋅∫ v 2x (t )⋅dt (17.32)
T 0
1 v 2x
R⋅C ∫ v o
v oRMS =− ⋅ − ⋅dt (17.33)
1
v 2o = ⋅∫ v 2x⋅dt v 2O =
1
R⋅C ∫ X
⋅ v 2 ⋅dt (17.34)
R⋅C
v o=
√ 1
R⋅C
⋅∫ v 2x⋅dt (17.35)
18.1 Introdução
Existem integrados prontos para geradores de função. Exemplos são o MAX038, o ICL8038
e o XR2206. Estes integrados estão todos obsoletos. Um dos poucos circuitos que sobraram para
esta função foi o NTE864. Novos circuitos para estas funções utilizam técnicas digitais para a
geração de formas de onda assim como o AD5932 e o AD9833.
Os osciladores harmônicos são circuitos lineares que produzem senoides com baixa
distorção harmônica. Para que eles funcionem é necessário que os polos da função de
transferência estejam sobre o eixo jω. Quando isto acontece a solução para a equação diferencial
que rege o circuito apresenta como solução uma senoide não amortecida. A teoria de sistemas
lineares diz que um sistema realimentado pode oscilar e a condição fundamental para que isto
ocorra é que o ganho de malha seja igual a -1180o, ou seja, haja uma rotação de fase de 360o. Os
osciladores mais comuns nesta categoria são os de deslocamento de fase, Hartley e Colpitts que
apresentam um giro completo de fase ou aqueles formados por sistemas com avanço e atraso de
fase como os osciladores em ponte de Wien e Sallen-Key.
Osciladores não harmônicos são aqueles onde técnicas não lineares são empregadas para
produzir uma oscilação. Os modelos apresentados neste capítulo empregam comparadores e
integradores para gerar ondas quadradas e triangulares como apresentado no diagrama de blocos
da Figura 1.1. A saída de um comparador com histerese é entrada para um circuito integrador,
responsável por alterar a tensão de entrada do comparador, fazendo-o trocar de estado. Para
produzir sinais senoidais a saída triangular é distorcida por circuitos conformadores. A distorção
Para calcular a frequência de oscilação do circuito basta determinar o tempo necessário até
que o capacitor se carregue com cada uma das tensões de comparação. O integrador deste circuito
apresenta perdas e a onda obtida sobre o capacitor não é perfeitamente triangular. Quando menor
for a histerese mais triangular será a onda sobre o capacitor.
R1
V H =V OM⋅ (18.1)
R 1+ R 2
R1
V LH =−V OM⋅ (18.2)
R 1 +R 2
Como
onde τ é a constante de tempo, vo a tensão inicial e v∞ a tensão final no capacitor (supondo que ele
pudesse se carregar eternamente). Então, o tempo para carregar o capacitor com vF é
T =−τ⋅ln
( v∞ – v F
v∞ – v0 ) (18.4)
Aplicando isto ao problema e considerando o início da oscilação com a menor tensão sobre
o capacitor, podemos calcular o tempo de carga do capacitor (T1)
v ∞ =V OM (18.5)
R1
v F =V OM⋅ (18.7)
R 1 +R 2
( )
R1
1−
R 1+ R 2
T 1 =−τ⋅ln (18.8)
R1
1+
R 1+ R 2
T 1=−τ⋅ln
( R2
2⋅R 1 + R 2 ) (18.9)
T 1=τ⋅ln
( 2⋅R 1
R2
+1
) (18.10)
T =2⋅R⋅C⋅ln
( 2⋅R 1
R2
+1
) (18.11)
1
v oTRI (t )=−v oQUA⋅ ⋅t +v oTRI (t 0 ) (18.12)
R a ,b⋅C
R1
v oTRI =−v oQUA⋅ (18.14)
R2
onde
Assim, levando em conta que o capacitor inicia o ciclo carregado com seu menor valor, a
equação 18.12 pode ser reescrita para encontrarmos o tempo de carga do capacitor (T1)
2⋅R 1
T 1= ⋅R ⋅C (18.17)
R2 a
Considerando que R=Ra=Rb, então T1=T2 e o período total da onda (T) é calculado como
4⋅R 1⋅R⋅C
T= (18.18)
R2
Algumas alterações simples podem ser feitas neste circuito permitindo o controle de
diversos parâmetros da onda. Alterações em Ra ou Rb alteram o duty cycle e a frequência da onda.
Para alterar apenas a frequência, sem modificar o duty cycle, é possível usar o circuito da Figura
1.6.
onde 0≤x≤1, então o tempo de carga do capacitor pode ser recalculado como
R1 1 R1
+v oQUA⋅ =x⋅v oQUA⋅ ⋅T 1−v oQUA⋅ (18.20)
R2 R⋅C R2
2⋅R 1 R⋅C
T 1= ⋅ (18.21)
R2 x
4⋅R 1⋅R⋅C
T 1= (18.22)
R 2⋅x
1
v subida =v REF 1⋅ ⋅t (18.23)
R⋅C
−t / ( R chON⋅C )
v descida=v REF 2⋅e (18.24)
Uma outra possibilidade é mostrada na Figura 1.10. Note que este circuito também
apresenta uma chave para descarregar rapidamente o capacitor e um comparador para o
acionamento da mesma.
Neste exemplo o comparador apresenta saída em coletor aberto, a chave fecha com
controle em zero e R4 muito maior do que R3, R2 e R1.
R3
v MAX =V⋅ (18.26)
R 1+ R 2+ R 3
v MIN =V⋅
( R 2 // R 3) (18.27)
R 4 + ( R 2 // R 3 )
R3 −t / ( R ⋅C )
v descida=V⋅ ⋅e chON
(18.28)
R 1+ R 2+ R 3
Além dos geradores harmônicos uma forma simples de se obter uma onda senoidal é
através da conformação de uma onda triangular. Três alternativas para fazer isto são a utilização
da característica logarítmica de um par diferencial ou de circuitos com ganho variável
(construídos com diodos atuando como chave) e o uso funções matemáticas e de expansão em
séries. Filtros não costuma ser utilizados para esta tarefa pois não é fácil sintonizar um passa
faixas em diferentes frequências modificando-se apenas um componente. Ademais, um gerador
em ponte de Wien é tão complexo quanto um filtro passa faixas. Estas e outras alternativas são
bem exploradas no Application Note AN263 - Sine Wave Generation Techniques da National
Semiconductor.
18.4.1 Conformação usando par diferencial
O amplificador diferencial com transistores não pode ser considerado linear se o sinal
aplicado a sua entrada for de grande amplitude, ou seja, muito maior do que 25 mV. A Figura 1.11
mostra um par diferencial e a sua curva de tensão de saída versus entrada para tensões de entrada
até ±100 mV.
Considerando que as séries de Taylor para o seno e para a tangente hiperbólica são muito
semelhantes
x 3 x5
Taylor [ sen (x ) ] =x – + −... (18.30)
3 ! 5!
x 3 2⋅x 5
Taylor [ tanh (x ) ] =x− + −... (18.31)
3 15
essa característica não linear do par diferencial pode ser utilizada para transformar uma onda
triangular em uma aproximação para a senoide. Esta abordagem permite valores de tensão de
entrada da ordem de 200 mVpp com distorção harmônica total (THD) de 1 a 0,1%. Com circuito da
Figura 1.12 obtém-se 0,6% de distorção com o ajuste dos potenciômetros. O de 10 kΩ é utilizado
para ajuste de simetria e o de 5 kΩ para ajustar o formato da onda senoidal.
Figura 1.12: Circuito conformador de onda triangular em senoidal usando par diferencial.
18.4.2 Conformador com diodos
Um conformador com diodos pode ser construído de forma a chavear resistores que
modificam a relação entre entrada e saída do conformador a cada novo chaveamento (Figura 1.13).
O circuito comporta-se como se diferentes ganhos fossem aplicados ao sinal de entrada
dependendo da sua amplitude. Se a entrada é uma onda triangular ganhos cada vez menores são
aplicados a medida que a tensão de entrada aumenta (Figura 1.14). No exemplo da Figura 1.13,
onde V1, V2, V3 e V4 são tensões positivas, os diodos D1, D2, D3 e D4 estão normalmente cortados. A
Este divisor resistivo atenua a transferência do sinal de entrada para a saída. Observando a
Figura 1.14 observa-se que a medida que os diodos entram em condução a inclinação da curva vo
contra vi diminui. A curva da Figura 1.14 deve ser construída de forma a transformar uma reta (vi)
numa aproximação de senoide (vo).
Por exemplo, para uma onda triangular com tensão entre 0 e 9V é possível criar ¼ de
senoide com as tensões de saída estipuladas em 3,0, 4,2, 5,2, 5,8 e 6,0 V. Usando a equação 18.32
podemos calcular os valores de vi correspondentes. Se os pontos de quebra tivessem sido
determinados a partir da entrada então a equação 18.33 pode ser usada para determinar as tensões
de saída correspondentes.
v ix ≈v oMAX⋅sen−1
( )
v ox
v oMAX
(18.32)
Os valores para as fontes de tensão devem ser obtidas a partir de vox descontando-se as
quedas de tensão sobre os diodos. Considerando-se uma queda de 0,6 V sobre os diodos as fontes
deveriam assumir os seguintes valores: V1=2,4 V, V2=3,6 V, V3=4,6 V, V4=5,2 V e V5=5,4 V. A
implementação prática das fontes pode ser realizada com o divisor de tensão apresentado na
Figura 1.15.
Figura 1.15: Conformador com diodos para transformar onda triangular em senoidal.
Neste circuito R≫RF (para que os resistores das fontes não interfiram nas associações de
resistores do conformador). Alternativamente podem ser utilizados buffers para isolar as fontes do
circuito do conformador. A tensão de 10 V, em ambos os casos deve ser bem regulada.
Uma vez determinados os valores de tensão de entrada e saída para os pontos de quebra
(pontos de condução dos diodos) determinam-se os resistores. De maneira geral, quando os diodos
conduzem anexam mais um resistor ao circuito, transformando-o no equivalente da Figura 1.16
onde Ra=R e Rb é o paralelo dos resistores que estiverem conduzindo no momento (R1, R2, R3 e R4).
Δv i Ra
=1+ (18.34)
Δ vo Rb
Δv i
=1 (18.35)
Δ vo
Δv i v i 3 −v i 2 Δ vi R
= =1,6 ; =1+ ; R 1 // R 2 =1,67⋅R ; R 2 =2,31⋅R (18.37)
Δ v o v o 3 −v o 2 Δ vo R 1 // R 2
Δv i v i 4 −v i 3 Δ vi R
= =2,5 ; =1+ ; R 1 // R 2 // R 3 =0,667⋅R ; R 3=1,11⋅R (18.38)
Δ v o v o 4 −v o 3 Δ vo R 1 // R 2 // R 3
Δv i v i 5 −v i 4 Δ vi R
= =7,5 ; =1+ ; R 1 // R 2 // R 3 // R 4 =0,154⋅R ; R 4 =0,2⋅R (18.39)
Δ v o v o 5 −v o 4 Δ vo R 1 // R 2 // R 3 // R 4
O circuito completo pode ser visto na Figura 1.17 e as tensões de entrada e saída na Figura
1.18, que também mostra uma tensão senoidal pura para referência (o desenho mais arredondado).
Se as fontes de referência forem ideais ou forem isoladas com buffers a tensão de saída ficará
ainda melhor.
Este circuito serve apenas para conformar o semiciclo positivo da senoide. Para obter a
senoide completa é necessário duplicar o circuito para o semiciclo negativo.
18.4.3 Conformador por série de Taylor
Uma função do tipo sen(x) pode ser expandida em uma série de potências como a série de
Taylor. Cada elemento da série pode ser implementado eletronicamente resultando em uma boa
aproximação para a senoide. A expansão de Taylor para o seno é
x 3 x5
Taylor [ sen (x ) ] =x – + −... (18.40)
3 ! 5!
que pode ser truncada nos dois primeiros termos com erro de aproximadamente 0,6%. Esta função
pode ser implementada com multiplicadores como na Figura
x3
sen(x )≈x − (18.41)
6
Figura 1.19: Conformador de triangular para seno usando multiplicadores e expansão por série de
Taylor.
Esta função precisa ser manipulada para que possa ser implementada com os circuitos
apresentados. Uma solução é mostrada em 18.43 cuja implementação em diagrama de blocos é
mostrada na Figura 1.20.
x 2,827
sen(x )≈x − =x −0,15924⋅e 2,827⋅ln(x ) (18.43)
6,28
Figura 1.20: Conformador de onda triangular para senoidal usando expansão em séries.
Os circuitos mostrados aqui valem apenas para sinais positivos. Para contornar o problema
o circuito deve ser aumentado com o uso de retificadores e amplificadores inversores.
Hoje em dia uma das melhores maneiras de produzir um sinal senoidal de frequência
variável emprega circuitos conhecidos como Direct Digital Synthesis (DDS). No DDS os valores de
amplitude do sinal senoidal são gravados em memória (conversor fase amplitude na Figura 1.21)
que é endereçada por um contador (acumulador de fase na Figura 1.21). No caso da Figura 1.21 o
contador implementado é incrementado de acordo com a palavra de controle, assim é possível
controlar a frequência do sinal senoidal ajustando tanto a palavra de controle como o clock do
circuito. Em circuitos como este se obtém com certa facilidade frequências entre 1 Hz e 20 MHz
com incrementos de 0,004 Hz e THD menores do que 0,01%. Um filtro passa baixas pode ser
utilizado para melhorar a qualidade da senoide reconstruída. O cuidado com filtro passa baixas
nestes casos é que ele deve ter frequência de corte variável. Caso isto não aconteça a amplitude do
sinal senoidal diminui a medida que a frequência aumenta. Um bom texto sobre DDS é o A
Technical Tutorial on Digital Signal Synthesis da Analog Devices.
18.6 Exercícios
1) Desenhe o gráfico vo x vi para o circuito abaixo. Os diodos têm queda de tensão de 0,7V.
Para que serve este circuito?
19.1 Introdução
Mesmo quando não são utilizadas para medidas em nulo circuitos em ponte continuam
apresentando características interessantes que os tornam uma boa alternativa para interfacear
sensores capacitivos e indutivos. Com uma excitação em corrente alternada uma ponte de
capacitores, indutores ou resistores torna-se uma generalização da ponte de Wheatstone onde
cada braço da ponte é formado por uma impedância.
Sensores capacitivos, por outro lado, costumam apresentar capacitâncias menores do que
500 pF, e para que elas apresentem reatâncias de valores razoáveis a excitação deve ter frequência
entre 10 kHz e 100 MHz. Se estas reatâncias forem baixas as pontes também poderiam ser
balanceadas com resistências de valor semelhante. Se as reatâncias capacitivas forem muito
elevadas pode ser necessário usar resistências de valores elevados que podem ser da mesma ordem
de grandeza de outras impedâncias parasitas ou indesejadas.
Para contornar o problema das reatâncias elevadas pode-se lançar mão do uso de quatro
sensores capacitivos ou de transformadores. O uso dos transformadores com o terminal central
aterrado também reduz o efeito das capacitâncias parasitas do sensor ou cabo para o nó terra
(Figura 1.2), não requer amplificação diferencial, permite a isolação galvânica da medida e quebra
laços de terra. A capacitância parasita entre terminais do sensor também pode ser reduzida com
blindagem dos mesmos. Estas pontes são chamadas de Blumlein ou pontes com transformadores,
mas apesar das muitas vantagens não funcionam bem para frequências elevadas devido as
saturações e perdas no núcleo. Frequências até 20 kHz são comuns, mas com a escolha correta do
núcleo e algum esforço é possível chegar até 100 kHz.
O uso de frequências elevadas também poderia ser uma alternativa para reduzir as
reatâncias, entretanto, isso torna o projeto mais difícil. Com frequências elevadas a banda de
passagem e a capacitância de entrada dos amplificadores, o efeito de linha de transmissão, e outros
efeitos parasitas ou indesejados devem ser levados em conta no projeto. Por esta razão, as vezes é
preferível trabalhar com frequências mais baixas e aceitar que a impedância destes sensores é alta.
Para corrente contínua, por exemplo, a impedância muito elevada destes sensores requer
resistências adicionais no circuito para polarização dos AO que, por sua vez, precisam apresentar
impedância de entrada muito elevada. As perdas nos capacitores também são um problema que
deve ser avaliado.
Figura 1.2: Circuitos em ponte para medidas de sensores diferenciais reativos. Cp são
capacitâncias parasitas.
Figura 1.3: Circuito de condicionamento para sensores capacitivos simples. Cp são capacitâncias
parasitas, Cx o sensor.
SR
f MAX = (19.1)
2⋅π⋅V MAX
C 1 – C2
v a=v i⋅ (19.3)
C 1 +C 2 +C 3
C1 – C2 C3
v o =v i⋅ ⋅ (19.4)
C 1 +C 2 +C 3 C 4
19.3 Blindagem
Sensores capacitivos costumam ter impedância tão elevada que as capacitâncias parasitas e
do ambiente tem influência significativa no desempenho do sensor. Como estas capacitâncias
mudam com o movimento relativo do sensor eles costumam ser blindados, ou seja, envoltos em
uma caixa metálica lacrada que se conecta a um dos terminais do sensor (Figura 1.5). Assim, a
capacitância do outro terminal para a blindagem é constante. Esta estratégia funciona bem se o
terminal conectado a blindagem for aterrado, caso contrário a capacitância parasita para o nó
terra pode afetar a medida. Um sistema de dupla blindagem, com uma segunda caixa não
conectada a nenhum terminal pode ser utilizado para os casos onde nenhum terminal do sensor é
aterrado. A segunda caixa é aterrada de forma que tanto a capacitância para a blindagem quanto a
capacitância para o nó terra são mantidas constantes, afetando apenas a sensibilidade do sensor (o
mensurando só afeta a capacitância do sensor que é apenas uma parcela da capacitância total).
Uma alternativa para reduzir o efeito destas capacitâncias é aumentar o potencial das
caixas para um valor próximo ao do condutor, assim a tensão sobre as capacitâncias parasitas é
nula e o efeito delas também. Esta técnica se chama blindagem ativa e requer um amplificador
adicional para elevar o potencial da blindagem. A Figura 1.6 mostra como isto é feito em cabos
coaxiais. O modelo para análise leva em conta as impedâncias de entrada do amplificador
(diferenciais e de modo comum) e seu ganho finito. Considerando-se as impedâncias de modo
comum iguais, observa-se que a impedância de entrada do circuito com blindagem ativa continua
dependendo da capacitância de cabos (ZCp) porém agora a impedância é multiplicada pelo ganho
de malha aberta do amplificador operacional (19.8).
Figura 1.6: Blindagem ativa de cabos. Acima e a esquerda blindagem passiva, a direita blindagem
ativa, abaixo modelo para blindagem ativa. Vs e Zs são o equivalente Thévenin do sensor e sua
alimentação, Cpp é a capacitância de cabo. Zd é a impedância diferencial de entrada do
amplificador e Zcn e Zcp são as impedâncias de modo comum das entradas negativa e positiva do
amplificador operacional.
( ) ( )
1 1 1 1 v 1 1
v a⋅ + + + − s – v o⋅ + =0 (19.5)
Z s Z Cpp Z d Z Cp Zs Z Cpp Z d
v o =Ad⋅( v a −v o ) (19.6)
vs
=( A d +1 )⋅( Z d // Z Cpp // Z Cp ) (19.8)
is
19.4 Demoduladores
Demoduladores são circuitos que vão transformar os sinais alternados da excitação (ωp), e
que foram modulados em amplitude pelo sensor, no sinal original de baixa frequência (Figura 1.7).
Para que tudo funcione de forma correta a maior frequência não desprezível do sinal de entrada
(ωm) deve ser menor que a frequência da portadora, ou seja, da excitação. Na prática, para se obter
um sinal com baixo ripple ao final do processo, ωp deve ser umas 10 vezes ou mais o valor de ωm.
Se for importante a informação de fase então a demodulação deve ser síncrona caso contrário
circuitos que calculam o valor médio retificado, RMS ou valor de pico podem ser usados. Com a
demodulação síncrona é possível obter a fase do sinal, que pode indicar o sentido do mensurando,
como no caso do LVTD.
Os demoduladores também podem ser construídos com componentes discretos. Neste caso
a estabilidade e baixa distorção do sinal de excitação são importantes. Para esta tarefa podem ser
utilizados osciladores com DDS ou circuitos específicos para interface com sensores reativos como
o AD2S99 da Analog Devices ou o 4423, da Burr Brown, e os SWR200 e SWR300 da Thaler que
geram senos e cossenos em frequências selecionáveis. A demodulação propriamente dita pode ser
realizada por qualquer circuito multiplicador e um filtro passa baixas para o cálculo do valor
médio do sinal. Para simplificar a etapa de multiplicação é muito comum transformar o sinal
senoidal do oscilador em uma onda quadrada. Desta forma o sinal modulado é multiplicado por +1
ou por -1, o que pode ser implementado por chaves que comutam circuitos de ganho, ou por
circuitos retificadores de precisão onde os diodos que fazem a retificação são substituídos por
chaves. Desta forma a pseudo retificação é feita no semiciclo positivo ou negativo. Um exemplo
deste demodulador empregando chaves é o AD630 da Analog Devices.
t t t
ωm ω ωp ω ωm 2ωp ω
Sinal Sinal
t t
Oscilador
ωp ω ωp ω
Para os casos onde se deseja medir o ângulo de fase de uma impedância é possível usar
demoduladores em quadratura (Figura 1.9). Neles o oscilador do demodulador deve estar em fase
ou 90º defasado do oscilador que excita os sensores. O sinal obtido na saída do d emodulador
corresponde, então, ao sinal em fase e quadratura ou parte real e imaginária de uma impedância.
Alternativamente é possível empregar um circuito série de uma impedância desconhecida com
uma resistência conhecida. A tensão sobre as duas impedâncias é medida. Uma serve como
referência de corrente a outra de tensão. A demodulação, neste caso pode ser feita digitalmente.
19.5 Exercícios
2) Um transdutor com quatro sensores capacitivos ligados em ponte é usado para medidas
de pressão. Cada sensor apresenta uma resposta Z±ΔZ de tal forma que ΔZ é uma variação linear
com relação a pressão. O circuito é excitado por uma fonte de 10 kHz. a) A excitação CA impõe
alguma limitação na banda de frequências ao sinal de entrada? b) Mostre o circuito para o
condicionamento de sinais de forma que na saída tenhamos um sinal de corrente contínua
proporcional a pressão aplicada. Para este caso a banda do sinal de entrada é de 10 Hz. c) Como
podemos determinar se a pressão é positiva ou negativa? d) Há alguma vantagem na utilização
deste tipo de sensor (capacitivo) em vez de strain-gauges?
3) O circuito a seguir deve ser usado com sensores reativos e excitação CA. A) determine
uma expressão para a tensão de saída; B) mostre como interligar este circuito a um LVDT (mostre
as conexões – primário e secundários); C) mostre como interligar a entrada SYNC na fonte Vo
para fazer o circuito funcionar (use circuitos, desenhos e cálculos); D) explique se este circuito tem
ou não a capacidade de detectar o sentido do deslocamento medido (use gráficos, formas de onda e
cálculos); E) explique quais componentes e suas características são críticas para o circuito
5) Vasculhando a Internet você encontrou o diagrama de blocos abaixo indicado para uso
com LVDT. a) Explique como funciona. b) Diga como são feitos os blocos DA, AM e LPF (mostre
os esquemáticos). c) O Bloco AM pode ser substituído por uma chave? Como? d) Como devemos
projetar LPF? e) Para esta aplicação é necessário algum cuidado especial com os componentes ou
layout de placa e cabos?
Em 1822 Seebeck descobriu que dois metais diferentes conectados em um circuito com as
junções em temperaturas diferentes (Figura 1.1), é percorrido por uma corrente elétrica. Se o
circuito for aberto uma diferença de potencial aparece entre os terminais. A força eletromotriz de
Seebeck, responsável pela corrente circulante depende dos tipos dos metais envolvidos e é
aproximadamente proporcional a diferença de temperatura entre as duas junções. O coeficiente
Seebeck SAB define que a diferença de potencial em função da temperatura dependa da diferença
de potencial termoelétrico (SA e SB) tal que
dV AB
S AB= =S A −S B (20.1)
dT
Material A
i
T2 T1
T2>T1 Material B
Figura 1.1: Efeito Seebeck.
Material A
Calor Calor
Absorvido Liberado
+V-
Material B
Figura 1.2: Efeito Peltier.
2 dT
q=J ⋅ρ – J⋅σ⋅ (20.3)
dx
T2 T1
+ V -
+
T2 T1 V
-
Figura 1.3: Uso simples de um termopar.
Normalmente o valor de γ não é tão elevado, de modo que para uma boa faixa de
temperatura o comportamento pode ser descrito como praticamente linear. A sensibilidade do
termopar, para uma dada temperatura T2 é dada por (20.5)
∂V
S= =α+2⋅γ⋅T 2 (20.5)
∂T 2
Para a escolha dos materiais que formam os termopares comerciais considera-se que o
valor de γ deve ser baixo, os metais devem ser resistentes a oxidação, mesmo em altas
temperaturas e devem ter baixa variação de resistividade com a temperatura. Isto limita as
possibilidades de metais ou ligas. A escolha do tipo de termopar deve ser feita em função da faixa
de uso, da linearidade e do ambiente (agressivo ou não). De um modo geral os termopares
apresentam uma boa estabilidade temporal, confiabilidade, são mais exatos do que os RTD para
baixas temperaturas. O pequeno tamanho permite respostas temporais rápidas, da ordem de mili
segundos, não sofrem com autoaquecimento e podem ter fios longos sem maiores problemas.
N Nirosil/Nisil [-200/1.300] 28
Os circuitos mais simples para a medição podem ser vistos na Figura 1.5. A tensão do
transdutor é aquela estabelecida somente entre os metais contidos entre a região quente ( T2) e a
região que define a temperatura de referência T1 (normalmente o banho ou a posição onde o
sensor de junta fria é colocado). A partir daí dois condutores de cobre levam tal tensão para o
voltímetro (que é considerado estar na temperatura ambiente). Nesta condição a tensão medida
pelo voltímetro é proporcional a diferença de temperatura T2-T1.
Para medidas distantes estão disponíveis extensões. Estas extensões são fabricadas com os
mesmos materiais dos termopares e devem ser ligadas respeitando-se a polaridade dos mesmos,
ou seja, materiais iguais devem ser ligados juntos. Também estão disponíveis conectores
específicos para placas de circuito impresso e gabinetes.
T2 T1 Tamb
T1 0 ºC Tamb
1
S= ⋅T (20.6)
Y0
D =ε⋅E (20.7)
1
S= ⋅T +dp⋅E (20.8)
Y0
Umas das formas mais simples de modelar um transdutor piezoelétrico é considerar que
ele é primariamente um capacitor com dielétrico polarizável e que se deforma. Assim, este sensor
apresenta uma parte elétrica equivalente a um capacitor e uma parte mecânica que se movimenta.
A parte mecânica pode ser modelada como um sistema massa mola amortecedor cujo análogo
elétrico é um circuito RLC série. Desta forma um sensor piezoelétrico pode ser primeiramente
modelado como o circuito da Figura 1.7.
Z AB=
1
j⋅ω⋅C E (
// R M +
1
j⋅ω⋅C M
+ j⋅ω⋅L M
) (20.10)
Z AB=
(
R M + j⋅ ω⋅L M –
1
ω⋅C M ) (20.11)
C
1−ω2⋅L M⋅C E + E + j⋅ω⋅R M⋅C E
CM
Z AB=
(
R M + j⋅ ω⋅L M –
1
ω⋅C M
−ω3⋅L 2M⋅C E +
2⋅ω⋅L M⋅C E
CM
–
CE
2
ω⋅C M
−ω⋅R 2⋅C E
) (20.12)
C 2E 2 2⋅C E 2 2 2 2⋅ω⋅L M⋅C 2E
2
+1−2⋅ω ⋅L M⋅C E + +ω ⋅R M⋅C E − + ω4⋅L 2M⋅C 2E
CM C M C M
que apresenta duas ressonâncias, uma série (dependente de CM e LM) e outra paralela (dependente
de CE, CM e LM). Para determinar as ressonâncias basta igualar a parte imaginária de ZAB a zero
2 2 4 2 2 2 2
ω ⋅L M⋅C M – C M −ω ⋅L M⋅C M⋅C E +2⋅ω ⋅L M⋅C M⋅C E – C E −ω ⋅R M⋅C M⋅C E =0 (20.13)
1 1
ω2A = + (20.14)
L M⋅C M L M⋅C E
2 1
ωR = (20.15)
L M⋅C M
Observa-se que para baixas e altas frequências o sensor piezoelétrico se comporta como
um capacitor e para frequências intermediárias apresenta duas ressonâncias. Para a maioria das
aplicações o sensor será usado nas frequências abaixo da ressonância, mas para osciladores e
aplicações em ultrassom, por exemplo, deseja-se justamente a ressonância. Mesmo com um
comportamento predominantemente capacitivo, em baixas frequências, as perdas não são nulas e
o sensor acaba se descarregando e não sendo utilizado em corrente contínua. As características do
sensor são dependentes da temperatura e desaparecem acima da temperatura de Curie de cada
material (que está na ordem de 150 a 700 ℃). Como a impedância do sensor normalmente é muito
alta (baixo valor de capacitância e elevada resistência de perdas) costuma ser necessário o uso de
amplificadores especiais como os eletrômeros ou amplificadores de carga. Sensores piezoelétricos,
entretanto, costumam ser muito sensíveis (chegam a ser 1.000 vezes mais sensíveis do que um
strain gauge), são de baixo custo, dimensões reduzidas, respondem em frequências elevadas e
podem ser construído de forma a responder a estímulos em direções bem definidas o que os torna
interessantes para medidas de vibração, força e pressão.
q=dp⋅F (20.16)
Para que o efeito fotovoltaico exista é necessário que exista uma barreira de potencial.
Além dos semicondutores existem outras formas de criar esta barreira mas os semicondutores são,
sem dúvida, a forma mais comum. Dependendo do comprimento de onda são utilizados materiais
diferentes e, algumas vezes, camadas extras de semicondutores não dopados são empregadas para
melhorar o desempenho do sensor. Filtros e lentes óticos também são empregados. Os sensores
fotovoltaicos são mais lineares, mais rápidos e apresentam menos ruído do que os fotocondutores,
mas para cargas de impedância alta a linearidade diminui e o tempo de resposta aumenta.
Fotodiodos funcionam pelo mesmo princípio das células fotovoltaicas, mas são
modificados internamente e otimizados para trabalhar com polarização reversa da ordem de 5 a
30 V, normalmente. Isto alarga a região de depleção e permite uma resposta mais rápida do sensor,
uma vez que os portadores criados na região de depleção são acelerados e rapidamente coletados
nos terminais. Fotodiodos especiais, de avalanche, são ainda mais sensíveis, mas frequentemente
requerem ajustes individuais de polarização. Atuando desta maneira, com uma polarização reversa
A corrente de curto circuito gerada por um fotodiodo, no modo fotovoltaico, pode ser
muito pequena mas pode variar significativamente em função da intensidade de luz sobre o
fotodiodo sendo linear numa faixa de 6 a 9 décadas de intensidade de luz. A Tabela 20.3 apresenta
valores para o diodo SD-020-12-001, cuja sensibilidade é de aproximadamente 0,03 μA/fc (fc
significa foot-candles ou pé candela) tem área de 0,2 mm2, Cj=50p F, Rsh=1 GΩ @ 25 ℃ e máxima
corrente de saída linear de 40 μA.
Tabela 20.2: Diferenças entre os modos fotovoltaico e fotocondutivo
Fotovoltaico Fotocondutivo
Figura 1.10: Modelo de um fotodiodo. A fonte de corrente inclui a corrente de sinal e de ruído. No
modo fotocondutivo I corresponde a corrente de sinal e ruído subtraída da corrente de escuro.
Sensores autogeradores são bem diferente dos sensores resistivos ou reativos que
basicamente requerem medidas de impedância. Estes sensores têm características muito variadas
que vão desde o caso onde o sensor é basicamente uma fonte de tensão com baixa impedância de
saída e operam em baixas frequências, até os casos onde os sensores apresentam impedância de
saída bastante elevada e requerem amplificadores de banda larga. Neste capítulo são apresentadas
algumas características importantes para o condicionamento de sinais destes sensores
empregando exemplos numéricos para ajudar a esclarecer aspectos importantes. Basicamente é
dada atenção as questões de offset e drift, importante para os sensores termoelétricos, e as
questões relativas aos eletrômeros, amplificadores especiais com impedância de entrada que
podem chegar a alguns TΩ e apresentam correntes de polarização inferiores a pA. Os eletrômeros
são importantes para sensores de alta impedância, mas o nome pode ser usado para determinar
um tipo de AO ou uma configuração de amplificação de tensão.
Idealmente a saída de um amplificador é zero quando a sua entrada também é zero, mas
isto não acontece na prática devido as inúmeras fontes de erro ou simplificações que são feitas
para o modelo ideal do amplificador. A Figura 1.1 mostra um amplificador inversor com suas
fontes de tensão de offset e correntes de polarização. Considerando, também, que o AO apresenta
resposta em frequência equivalente a um polo simples, então
[
v o= −
R2
R1 ( ) R
R1 ( )] R
⋅v in + 1+ 2 ⋅v os +i BN⋅R 2−i BP ⋅R 3⋅ 1+ 2 ⋅
R1
1+
1
1
Ad⋅β
(21.1)
[
v o= −
R2
R1 ( ) R
R1 ]
⋅v in + 1+ 2 ⋅v os +i os ⋅
1+
1
1
Ad⋅β
(21.2)
Para o amplificador não inversor valem as mesmas considerações. Neste caso os resistores
R1 e R2 devem ser escolhidos para minimizar os efeitos das correntes de polarização (Rfonte=R1//R2 ).
Alternativamente é possível adicionar um resistor onde está a fonte de vos com valor Rx=Rfonte-R1//
R2). Isto é feito para balancear a impedância vista pelo AO em cada entrada e reduzir o efeito das
correntes de polarização. Em aplicações de alta frequência ou banda larga pode ser interessante
usar capacitores em paralelo com estes resistores para filtrar o ruído térmico.
Amplificadores de baixo drift podem ser obtidos com amplificadores monolíticos especiais
ou com amplificadores chopper ou de autozero. Contatos de metais diferentes em diferentes
temperaturas devem ser evitados. Sensores com sinais de baixa tensão devem ser soldados
diretamente nas placas evitando ruídos de contato ou termoelétricos.
Figura 1.2: Amplificador para fotodiodo no modo fotovoltaico e seu modelo equivalente.
A escolha do operacional também deve ser criteriosa. Bons amplificadores bipolares como
o OP07 apresentam VOS muito baixo, mas as correntes de polarização são muito maiores que as
correntes do fotodiodo. O OP07, por exemplo, tem VOS=10 μV e IB=4.000 pA! Mesmo um OP97
(superbeta com compensação de IB) tem IB=100 pA. Ainda é um valor elevado, mas a corrente de
polarização é insensível a variações de temperatura, enquanto nos amplificadores FET IB dobra
para cada 10 °C. Então, em função das correntes de entrada muito baixas devemos escolher um
amplificador operacional adequado para este condicionador. A Tabela 21.1 apresenta alguns
possíveis amplificadores JFET, o que é uma boa escolha se a temperatura não variar muito durante
a medida. Os amplificadores AD são BiFET de canal P com entrada JFET e transistores bipolares
Para entender o que significa uma corrente de alguns pA basta estudar as correntes em
uma PCB (placa de circuito impresso). A isolação entre duas trilhas paralelas de 2,54 cm de
comprimento, afastadas de 12,7 mm em uma placa limpa de epóxi e vidro, é de aproximadamente
1011 Ω a 125 ℃. Se 15 V forem aplicados a estas duas trilhas circula pela placa uma corrente de
150 pA. Por esta razão é necessário dedicar muita atenção a montagem deste circuito. A placa de
circuito impresso deve ser de boa qualidade (vidro e epóxi) sem resíduos, limpa, selada contra
umidade. Cabos e conexões até o sensor devem ser curtos e de baixa capacitância ou elas devem
ser modeladas com o sensor. A resistência de interconexão deve ser elevada, feita com blocos
maciços de teflon, ou as trilhas da PCB, que levam às entradas inversora e não inversora, devem
ser protegidas com um circuito de guarda (Figura 1.3) permanecendo distantes das tensões de
alimentação e ajuste de offset.
O circuito de guarda evita que correntes de fuga fluam pela PCB em direção as entradas
inversora e não inversora contaminando a medida. A guarda é um pouco mais difícil de ser feita
em encapsulamento SOIC, mas, mesmo assim, é possível obter resultados razoáveis com o layout
apresentado (Figura 1.3). Para o integrado escolhido (AD795JR) os pinos 1, 5 e 8 não são
conectados, mas podem ser utilizados para ajudar a criar o circuito de guarda. Mesmo assim na
configuração não inversora o circuito de guarda envolve a tensão de alimentação e os resultados
da guarda podem não ser satisfatórios. Se isto ocorrer é possível usar outros integrados, como o
AD549K, que tem encapsulamento TO99. O TO99 permite que o circuito de guarda seja feito em
torno dos pinos de entrada envolvendo-os completamente. Outra opção é o uso de isolador e
conexão direta entre o sensor e os terminais do amplificador (Figura 1.3). Este isolador é
obrigatório para amplificadores onde a ordem de grandeza de IB é de fA. O isolador deve ser de
teflon sem uso, limpo e sólido. Para minimizar ainda mais as correntes de fuga todo o circuito
pode ser blindado com metal aterrado para evitar a contaminação com sinais parasitas.
No que diz respeito ao circuito, o resistor de realimentação deve ser especial (filmes finos,
cerâmica ou vidro como isolante) com baixa tolerância (1% ou menos) e coeficiente térmico
(TC≤50 ppm/℃). Se for utilizado um capacitor em paralelo com este resistor, para filtrar altas
frequências, este capacitor deve ter baixas perdas no dielétrico (teflon, polipropileno ou
poliestireno, por exemplo).
Figura 1.4: Influência da tensão de offset e correntes de polarização no amplificador para fotodiodo
no modo fotovoltaico.
A compensação de IB com um resistor RX=Rsh//R (da entrada positiva para o terra) poderia
ser feita, mas como Rsh varia com a temperatura, esta compensação não tem efeito. Além do mais
a tensão sobre RX polariza o fotodiodo no modo fotovoltaico aumentando a não linearidade do
sensor. A presença de RX também introduz mais uma parcela de ruído térmico no sistema. Por
todas estas razões este resistor normalmente não é utilizado neste circuito. Os erros devidos a VOS
e IB são apresentados na Tabela 21.2. Observa-se que os erros mais importantes se devem
especificamente a IB, principalmente para temperaturas acima da temperatura ambiente.
Tabela 21.2: Erros de offset para o amplificador com AD795K
0 ℃ 25 ℃ 50 ℃ 70 ℃
Efeitos termoelétricos devem ser minimizados para este amplificador pois os valores de
tensão gerados podem inviabilizar a medida. Um termopar formado pela interconexão de fios de
cobre com Kovar (utilizado nos terminais dos encapsulamentos TO99) pode gerar tensões de
aproximadamente 35 μV/℃ e termopares formados pela junção de cobre com solda pode gerar
tensões de 1 até 3 μV/℃. Nestes casos é necessário assegurar que os pontos de formação de
termopares mantenham-se a mesma temperatura.
R
R⋅C⋅S +1
G VN =1+ (21.3)
Rsh
Rsh⋅Cj⋅S +1
Rsh R
+
Rsh⋅Cj⋅S +1 R⋅C⋅S +1
G VN =
Rsh
Rsh⋅Cj⋅S + 1
G VN =
Rsh +R
⋅
( Rsh+ R Rsh+ R )
Rsh⋅R⋅C Rsh⋅R⋅Cj
+ ⋅S +1
(
G VN = 1+
R
Rsh)(τ ⋅S + 1
⋅ D
τ⋅S +1 ) (21.4)
onde
τ=R⋅C (21.6)
Para determinar a densidade de ruído na saída do AO em função do ruído que ele introduz
no circuito é necessário utilizar as curvas de densidades de ruído do amplificador (Figura 1.7, a
esquerda) e multiplicá-la pelo ganho GVN (Figura 1.8).
V VN =V N⋅G VN (21.7)
V IN =I N⋅R⋅
( 1
R⋅C⋅S +1 ) (21.8)
O efeito das demais fontes também deve ser calculado. A amplitude total de ruído na saída
do amplificador pode ser estimada somando-se os efeitos de cada fonte em separado. Vale lembrar
que a soma é feita com a raiz quadrado da soma dos quadrados (valor RMS de ruídos
independentes). A tensão de ruído térmico (VTR e VTRsh) dos resistores é de 4 μV/√Hz.
( )(
V VTR =
V TR
R
⋅
R
R⋅C⋅S +1 ) (
=V TR⋅
1
R⋅C⋅S +1 ) (21.9)
( )(
V VTRsh =−
V TRsh
Rsh
⋅
Rsh
⋅
)( ) (
R
Rsh⋅Cj⋅S +1 Rsh
⋅
Rsh⋅Cj⋅S +1
R⋅C⋅S +1
V
)
=− TRsh⋅R⋅
Rsh
1
(
R⋅C⋅S +1 ) (21.10)
( )
R
(
V Sinal =−I⋅
Rsh
Rsh⋅Cj⋅S +1
⋅ )R⋅C⋅S +1
Rsh
(21.11)
Rsh⋅Cj⋅S +1
(
V Sinal =−I⋅R⋅
1
R⋅C⋅S +1 ) (21.12)
As densidades de ruído foram integradas considerando que todas foram filtradas por um
passa baixas de primeira ordem na frequência de corte 1/τ (Figura 1.8). Isto é verdade para todas
as fontes de ruído com exceção de VN e IN. O ruído 1/f tem influência predominante até 12 Hz, mas,
aceitando um pequeno erro de estimativa, pode ser considerado constante, pois a integração é
feita até 167 kHz. IN, por outro lado, aumenta para frequências acima de 50 kHz, mas como o
amplificador limita sua banda a (R·C)-1 o erro desta aproximação também é pequeno. Assim, cada
integral foi feita por retângulos, considerando o ruído constante na banda de passagem para cada
fonte de ruído, e multiplicando o resultado por 1,57. A influência de cada componente sobre o
ruído total na saída do amplificador é apresentada na Tabela 21.3.
Total 37,6 μVRMS
A primeira coisa a observar é que apesar da polarização, do ponto de vista de sinal este
amplificador é idêntico ao anterior, e todas as equações e gráficos apresentados antes continuam
sendo válidas. Ajustes devem ser feitos apenas para os valores dos componentes, mas algumas
considerações podem ser feitas por comparação com o modo fotovoltaico. Como a corrente é bem
maior a resistência R é bem menor. A capacitância Cj é da ordem de grandeza da capacitância de
entrada do AO e, por isso, as duas devem ser computadas juntas. A resistência Rsh é muito maior
que R e na maioria das aplicações pode desconsiderada. A banda de frequências deve ser
aumentada com a redução de R e C. O valor de R fica limitado pelo ganho requerido do circuito e o
valor de C deve ser escolhido de forma a maximizar a banda, mas deve manter o circuito estável.
Assim, as constantes de tempo 21.5 e 21.6 podem ser aproximados por τD=R·Cj (considerando C
bem menor do que Cj) e τ=R·C.
C=
√ Cj
2⋅π⋅R⋅f u
(21.14)
A escolha do amplificador deve prever entrada FET (por causa das baixas correntes do
sensor), capacitância de entrada (Cin) baixa (para não piorar a resposta do sensor) e frequência de
ganho unitário elevada (GB ou fU). Uma boa figura de mérito é a razão entre GB e Cin. Na Tabela
21.4 são apresentados alguns possíveis amplificadores para esta tarefa. O AD823 apresenta a
menor razão GB/Cin e se configura numa boa escolha.
Tabela 21.4: Amplificador operacionais para o circuito de condicionamento do fotodiodo no modo
fotocondutivo.
AO GB (MHz) Cin (pF) GB/Cin IB (pA) VN (nV/√Hz)
AD845 16 8 2 500 18
AD795 1 1 1 1 8
Considerando que se deseje um fundo de escala de 10 V para uma corrente de 100 μA,
então R=100 kΩ. O AD823 possui fU=16 MHz e Cin=1,8 pF que somada a capacitância de 4 pF do
fotodiodo resulta numa capacitância Cj equivalente de 5 pF. Com estes valores fD=274 kHz,
C=0,76 pF e f=2,1 MHz. Capacitores cerâmicos variáveis podem ser utilizados para o ajuste final de
C. Capacitores ligados em T também podem ser utilizados. O resistor R pode ser substituído por 3
resistores de filme de 33,3 kΩ, para reduzir capacitâncias parasitas. Para simetria do circuito R2
deve ser adicionado com o mesmo valor de R. O capacitor C2 filtra ruídos em R2, mas deve ter
baixas perdas (polipropileno, por exemplo).
Para o amplificador de carga ideal, com a fonte de corrente em paralelo com o capacitor
Cs, e o amplificador contendo apenas o capacitor C a tensão de saída é
1
1 C⋅S q
v o =−( q⋅S )⋅ ⋅ =− (21.15)
Cs⋅S 1 C
Cs⋅S
( )
R
(
v o =−(q⋅C )⋅
RS
)
R S ⋅C S ⋅S +1
⋅
R⋅C⋅S +1
RS
=−q⋅
R⋅S
R⋅C⋅S +1
(21.16)
R S ⋅C S ⋅S +1
vo R⋅S
= (21.17)
q R⋅C⋅S +1
Para sensores de quartzo, a resistência de fuga do capacitor C fica entre 10 GΩ e 10 TΩ,
com capacitâncias entre 10 pF e 100 nF. Para sensores cerâmicos as capacitâncias variam entre
10 pF e 1 nF e a resistência de fuga varia de 100 MΩ até 10 GΩ. Por esta razão é comum o uso de
um resistor R que ajuda na polarização do amplificador.
O circuito tem banda limitada basicamente pelo AO. O aumento do capacitor C reduz a
banda.
( )
q 1
v o =− ⋅
C j⋅f (21.18)
1+
fH
O uso de uma resistência série entre a fonte e a entrada inversora ajuda na estabilidade do
circuito, e adiciona um polo de altas frequências tornando o circuito mais independente do AO.
Ele também protege o AO contra correntes elevadas que possam surgir em virtude de altas-
tensões. Este resistor costuma ter valores entre 1 kΩ e 10 kΩ.
1) O circuito abaixo mede temperaturas entre 400 oC e 600oC com um termopar tipo J e
compensação eletrônica de junta fria. O LM134 é uma fonte de corrente cuja saída depende
linearmente da temperatura: I (μ A)=227⋅[273+Tamb ( o C )]/ R8 (com o sentido indicado). O
termopar apresenta saída ET(T) tal que ET(400oC)=21,846mV e ET(600oC)=33,096mV. A
compensação de junta fria deve funcionar para temperaturas entre 10 e 40 oC. a) Determine a
expressão da tensão na saída do amplificador operacional. b) Determine os valores dos
componentes para que a saída seja de ±10V na faixa de operação do circuito.
2) Quais cuidados devemos ter com a montagem (layout de placa, escolha dos
componentes e cabeamento) de um circuito condicionador de sinais com elevada impedância de
entrada e alto ganho (como nos amplificadores para fotodiodos em modo fotovoltaico). Justifique
sempre, use desenhos se necessário.
8) Este circuito foi projetado para ser um termômetro. O manual informa que a
sensibilidade de saída é de 10mV/ºC e que a exatidão é de 1ºC para a faixa de 0ºC até 650ºC. O
manual também informa que o LT1025 deve ficar próximo das conexões do termopar. Sabe-se que
a sensibilidade do termopar tipo E (Cromel-Constantan) é de 60,9μV/ºC em 25ºC, e apresenta
variação de aproximadamente 75mV para a faixa de -270 a 1000ºC. Explique: A) como funciona o
circuito (use gráficos e determine valores importantes); B) quais as funções do LT1025 e do
LT1021; C) como devem ser escolhidos os operacionais (use valores para ajudar); D) se o uso de
circuito de guarda ajuda a melhorar o desempenho do circuito. E) Determine qual a sensibilidade
do termopar em temperaturas próximas de 650ºC;
11) O circuito abaixo foi montado com um termopar do tipo K cuja sensibilidade é de
aproximadamente 41 μV/℃. O resistor R1 foi escolhido de forma que 200 mV de saída
correspondam a 200 ℃ de entrada. Apesar do banho de gelo o circuito não está funcionando. Os
componentes foram testados individualmente e não apresentam problemas. a) Se este é todo o
circuito, é necessário algum cuidado especial com o layout da placa para que ele funcione? b) Que
características são desejáveis para o amplificador de instrumentação? c) O que precisa ser feito
para que o circuito funcione? Justifique todas as suas respostas.
12) Descreva em poucas linhas quais são as diferenças e semelhanças entre um amplificador
de trans impedância e um amplificador de carga? Fale da resposta em frequência, do projeto dos
componentes, do efeito dos cabos e do ruído.
14) Um amigo seu, da química, pediu para você fazer um amplificador para um sensor de
pH. O equivalente Thevenin do sensor é uma fonte de tensão controlada pelo pH, conforme
mostrado no gráfico abaixo, em série com um resistor de cujo valor típico varia entre 100MΩ e
1GΩ. O circuito precisa responder até frequências de 5Hz. a) mostre o circuito para que a saída
varie de 0 até 1,4V para pH de 0 até 14. b) aplique uma correção para temperatura, usando um
PT146 de 1kΩ @3500ppm/ºC. c) Tirando o RTD, diga se algum componente do seu circuito precisa
22.1 Introdução
Todos os sinais podem ser representados por um gráfico no domínio do tempo (função do
tempo) ou por um gráfico no domínio da frequência (função da frequência). Quando se fala em
frequência se fala dos infinitos cossenos que somados com amplitude, fase e frequência
apropriados são capazes reproduzir o sinal original. Este é o conceito por detrás da série e
transformada de Fourier e também de Laplace. Nesta representação, um seno ou um cosseno são
desenhados pelos gráficos de amplitude e fase em função da frequência (a frequência do seno ou
do cosseno). O desenho, portanto, corresponde a uma raia espectral indicando o módulo
(amplitude) e outra indicando a fase deste sinal na frequência deste seno ou cosseno. Para sinais
mais complexos, como ondas quadradas, triangulares e outras, uma soma de infinitos cossenos são
necessários. Cada sinal possui uma representação única que o distingue dos demais.
Sinais ainda mais complexos, não periódicos, como sinais de EEG, ECG ou EMG, por
exemplo, também podem ser decompostos por somas de senos e cossenos. Assim como para as
ondas periódicas, normalmente estes sinais apresentam amplitudes menores para as frequências
maiores. Também os ruídos podem ser decompostos por soma de senos e cossenos. Um ruído
brando, por exemplo, assim como um impulso, possui todas as infinitas frequências com a mesma
amplitude. A diferença entre eles está apenas no gráfico da fase. O termo ruído branco é uma
alusão a luz branca que é composta de todos os comprimentos de onda do espectro visível. Outros
ruídos coloridos também existem, em função da faixa de frequência que eles ocupam.
Sinais reais são uma mistura (soma) de informações com ruídos, offsets e drifts. Uma
análise em frequência destes sinais contaminados provavelmente mostrará amplitudes elevadas
para a frequência zero (offset) e próximas (drifts) além das frequências que compõe o sinal e o
ruído. Apesar de varições locais da amplitude a tendência mais comum é que as amplitudes
decaiam com a frequência até a amplitude do ruído.
Para lidar com estes sinais existem os filtros seletores de frequência. Estes filtros são
circuitos que amplificam de forma diferente sinais de diferentes frequências. Estes filtros estão
presentes em quase todos os circuitos, nem que seja para minimizar ruídos de alta frequência,
retirar o nível CC de sinais, selecionar uma faixa de frequências de interesse, retirar a
interferência de 60 Hz ou para evitar o aliasing em sinais amostrados (processamento digital de
sinais).
Hoje em dia muitos programas de computador estão disponíveis para auxiliar no projeto
de filtros. Alguns, como o MATLAB (ou OCTAVE), permitem o cálculo dos polinômios
(aproximações) para diferentes graus e frequências de corte, bem como o desenho da resposta em
frequência destes filtros. Outros, como o FilterCAD, da Linear Technology, o FilterPRO ou o
Webench Filter Design, da Texas Instruments, o Filter Wizard da Analog Devices, o FilterLAB da
Microchip, o Mr. Filter ou o Op Amp Filter Design permitem o projeto de filtros com
amplificadores operacionais (AO). Mesmo assim, a especificação dos filtros continua sendo uma
escolha do projetista e não há software que defina o melhor filtro para cada aplicação.
O estudo clássico dos filtros passa pela análise de suas funções de transferência. Nestes
circuitos as funções de transferência serão frações com polinômios no numerador e denominador.
Estas funções de transferência podem ser funções de ganho ou funções de atenuação (perdas).
Quando o módulo da função de ganho for maior que a unidade (1) a saída do filtro é maior que
sua entrada. Quando o módulo da função de ganho for menor que a unidade (1) a saída do filtro é
menor que sua entrada. Do ponto de vista da atenuação ocorre exatamente o oposto, uma vez que
a atenuação pode ser escrita como uma função do ganho, tal que
1
Atenuação= (22.1)
Ganho
A escolha pelo termo atenuação se deve ao fato de que os primeiros filtros apresentavam
ganho máximo igual à unidade (1) e, portanto, era mais sensato falar em atenuação. Além disto a
função de atenuação da maioria dos filtros era polinomial, o que tornava a análise da atenuação
mais simples (o ganho era uma constante dividida por um polinômio e a atenuação era um
polinômio dividido por uma constante). Neste capítulo serão abordados principalmente os filtros
polinomiais.
Para as amplitudes o mais comum é o uso do dB, pois facilita a análise de funções de
transferências e seu desenho no diagrama de bode. Quando se converte de ganho para atenuação e
vice versa basta trocar o sinal da grandeza que está em dB.
A Tabela 22.1 mostra as funções de ganho que podem ser obtidas com os fatores de
primeira e segunda ordem. Na tabela observa-se nomes relacionados as frequências que são
amplificadas ou atenuadas. Os quatro principais tipos são o passa baixa (PB), o passa alta (PA), o
passa faixa (PF) e o rejeita faixa (RF ou notch, no seu caso mais conhecido).
Filtros de ordem mais elevada são formados pela ligação em cascata de filtros de primeira e
segunda ordem, mas o projeto deve ser feito todo de uma só vez. Ligar vários filtros iguais, em
cascata e com a mesma frequência de corte, por exemplo, faz com que a atenuação na frequência
de corte seja diferente da atenuação especificada para um só filtro (em dB as atenuações de cada
filtro se somam). Por esta razão foi preciso desenvolver uma metodologia para o projeto de filtros
de qualquer ordem. Esta metodologia passa pelo desenho do gabarito de cada filtro. A partir deste
gabarito determina-se a ordem dos filtros necessária para atender os requisitos de cada projeto.
22.4 Gabaritos
K
Integrador
S
σ0
Passa baixa 1ª ordem K
S +σ 0
S
Passa alta 1ª ordem K
S +σ 0
2
ω0
Passa baixa de 2ª ordem K ω
S 2+ 0 S +ω20
Q
S2
K
Passa alta de 2ª ordem 2 ω0 2
S + S +ω0
Q
ω0
S
Q
Passa faixa (2ª ordem) K 2 ω0 2
S + S +ω0
Q
S 2 +ω 20
Rejeita faixa (2ª ordem) K 2 ω0 2
S + S +ω0
Q
Funções de maior ordem são obtidas pelo produto destas funções.
Nesta normalização a frequência limite da banda de passagem é ω̅p=1, a frequência limite
da banda de rejeição é ω̅s, a atenuação permitida na banda de passagem é Amáx e a mínima
atenuação exigida para a banda de rejeição Amin.
(A) (D)
Amin Amin
Amáx Amáx
wp ws w1 w3 w4 w2
(B) (C)
Amin Amin
Amáx Amáx
ws wp w3 w1 w2 w4
Figura 1.1: Gabaritos dos filtros seletores em termos de atenuação. (A) passa baixa, (B) passa alta,
(C) passa faixa, (D) rejeita faixa
Amin
Amáx
wp ws
Figura 1.2: Gabarito de um filtro passa baixa.
ω p=1 (22.2)
ω
ω s=ω s (22.3)
p
1
T ( S̄)=
S̄+1
1 ωp
T (S)= = .
S/ω p +1 S +ω p
Solução 2: Sabendo que um filtro passa baixa de primeira ordem tem função de
transferência T(S)=σ0∕(S+σ0) basta substituir σ0 por ωp.
ωp
T (S)=
S+ω p
ω 2p
T (S)= 2
S +0,707 ω p S+ω 2p
22.5.2 Transformação passa alta para passa baixa normalizado
O filtro passa altas é aquele onde as baixas frequências são mais atenuados que as altas
frequências. Por esta razão este tipo de filtro é muito utilizado para a remoção de níveis de CC,
offsets e drifts. Como visto na Tabela 22.1, estes filtros apresentam a parcela S no numerador, o que
garante ganho 0 para ω=0 independentemente da ordem do filtro. Se um sinal não possui
componentes de CC e apresenta algum offset, este offset pode ser removido com um filtro passa
altas. Se o sinal possui componentes de CC e offset, este offset não pode ser removido com um
filtro passa baixas, caso contrário a componente CC do sinal será eliminada. Nestes casos é
Para normalizar
ω p=1 (22.4)
ω
ω s=ω p (22.5)
s
Amin
Amáx
ws wp
Figura 1.3: Gabarito de um filtro passa alta.
Para desnormalizar basta substituir S̅ por ωp∕S na equação do filtro passa baixa
normalizado ou fatorar o filtro em seções de primeira e segunda ordem e substituir σ0 ou ω0 por
ωp.
1 S
T (S)= =
ω p /S+1 S +ω p
Solução 2: Sabendo que este filtro é um passa alta de primeira ordem ele tem equação
T(S)=σ0∕(S+σ0). Substituindo σ0 por ωp temos
S
T ( S )=
S +ω p
S2
T (S)=
S2 +0,707 ω p S+ω 2p
Amin
Amáx
w3 w1 w2 w4
Figura 1.4: Gabarito de um filtro passa faixa.
Para normalizar o filtro é necessário fazer com que as atenuações Amín e Amáx sejam iguais
nas bandas de rejeição e passagem e que as frequências do filtro atendam a seguinte condição
ω0 =√ ω1⋅ω2= √ω 3⋅ω4 , com banda de passagem entre ω1 e ω2.
ω p=1 (22.6)
ω −ω
ω s=ω 4−ω3 (22.7)
2 1
Para desnormalizar basta substituir S̅ por (S2+ω02)∕(B·S) na equação do filtro passa baixas
normalizado. Nesta equação B=ω2-ω1=ω0∕Q.
ωp
S
1 BS Q
T (S)= 2 2 = 2 =
S + ωp S +BS+ ω2p S 2+ ω p S+ ω2p
+1 Q
BS
Atenuação Atenuação
Amin
Amáx
wp ws w3 w1 w2 w4
Amin
Amáx
w1 w3 w4 w2
Figura 1.5: Gabarito de um filtro rejeita faixa.
Para normalizar o filtro é necessário fazer com que as atenuações Amin e Amáx sejam iguais
nas bandas de passagem e rejeição e que as frequências do filtro atendam a seguinte condição
ω0 =√ ω1⋅ω2= √ω 3⋅ω4 , com banda de passagem entre ω1 e ω2
ω p=1 (22.8)
ω −ω
ω s=ω 2−ω1 (22.9)
4 3
Para desnormalizar basta substituir S̅ por (B·S)∕(S2+ω02) na equação do filtro passa baixas
normalizado. Nesta equação B=ω2-ω1=ω0∕Q.
1 S 2+ ω2p S 2+ ω2p
T (S)= = 2 =
B⋅S
+1 S +BS+ ω2p S 2+ ω p S+ ω2p
S 2+ ω2p Q
(2⋅π⋅20)2
S̄ =
s2 +(2⋅π⋅60)2
s 2+(2⋅π⋅60)2
T ( s)=
s 2 +( 2⋅π⋅20⋅s)+(2⋅π⋅60)2
s 2+ ω20 s2 +(2⋅π⋅60)2
T (s)= 2 =
s + B⋅s+ω02 s2 +(2⋅π⋅20⋅s)+( 2⋅π⋅60)2
Tão difícil quanto a escolha da frequência de corte e sua atenuação máxima é a definição
de onde inicia a banda de atenuação e qual a atenuação mínima desejada para esta frequência. Em
alguns poucos casos, como para o filtro notch, estes valores são bem determinados. Para o restante
é necessário alguma ponderação. O segundo caso mais simples é o caso do filtro anti aliasing, já
que a amplitude do sinal na metade da frequência de amostragem deve, ao menos, atender a
algum critério de razão sinal ruído (e o AD disponível ajuda a definir um ruído aceitável para a
instrumentação). Para os demais casos é possível, também, adotar critérios de razão sinal ruído. A
razão sinal ruído (SNR) é formalmente definida para sinais com aparência aleatória e média zero.
Nestes casos a SNR é definida como a razão entre a potência do sinal e a potência do ruído.
Novamente aqui é difícil definir qual é a potência do ruído e qual é a potência do sinal uma vez
que os dois estão misturados. A razão entre valores RMS (valor eficaz) também é usada para a
mesma definição e sofre dos mesmos problemas. Como estas estimativas são complexas e
requerem processamento de sinais nós, nesta disciplina, usaremos a amplitude dos sinais quando a
informação de potência ou valor RMS não estiverem disponíveis. Complicando ainda mais as
coisas a SNR pode ser calculada para toda a faixa de frequências ou para bandas mais estreitas
(caso da potência), ou para trechos específicos do sinal (caso das amplitudes). Por exemplo, num
sinal de ECG pode ser que as ondas P e T tenham amplitude muito menor do que o complexo
QRS, neste caso um ruído com valor fixo de amplitude, pode parecer pequeno no complexo QRS e
grande quando estiver nas ondas P e T.
Amáx=1 dB
Amin=40 dB+20 dB+1 dB=61 dB
22.7 Aproximações
Uma vez que os gabaritos tenham sido determinados é necessário encontrar um polinômio
que atenda as especificações do projeto. Existem vários tipos de funções de transferência, algumas
são polinomiais (Butterworth, Chebyshev I e Bessel) outras não polinomiais (Cauer e Chebyshev
II). Nos filtros não polinomiais, zeros sobre o eixo jω ajudam a obter uma atenuação mais rápida
na banda e transição, mas pioram as características de fase e de resposta temporal. Os filtros
polinomiais são aqueles em que o passa baixa normalizado apresenta ganho definido por uma
constante no numerador e um polinômio no denominador (apenas um polinômio de atenuação).
A seguir são apresentados alguns polinômios que podem ser empregados para o projeto de
filtros e algumas características de cada um destes polinômios. Nem todos são comuns, mas todos
podem ser utilizados para este fim. Ao final são apresentadas os principais critérios empregados
para a escolha das aproximações, uma tabela com os principais filtros e indicações sobre os mais
comuns.
Bessel – BS
Pelo exposto acima, observa-se que, via de regra, melhores características de fase estão
associadas a melhores características temporais. Assim, os principais critérios (os mais comuns) de
escolha para estas aproximações são:
Ordem do filtro (Cauer, Chebyshev, Halpern, Legendre...);
Uma síntese das principais características para os filtros mais comuns são listadas na
Tabela 22.2.
Tabela 22.2: Principais características das aproximações mais comuns
Polinômios Faixa de Passagem Faixa de Rejeição Fase Grau do Filtro
Antes de apresentar a solução para o cálculo de alguns filtros considere que a função de
atenuação H(ω) possa ser escrita como
K (ω p)=ε (22.12)
[ ]
1
Amáx
10
2 (22.14)
ε= 10 −1
com Amáx em dB
22.8.1 Para aproximação de Butterworth
A aproximação de Butterworth é uma das mais simples e foi a primeira a ser sistematizada
n
K (ω)=ε ωω ( ) (22.15)
p
[ ]
1
2⋅n
ω
|H (ω)|= 1+ε2⋅ ω ( ) (22.16)
2
p
[ ]
2⋅n
ω
A (ω)10⋅log 1+ε2⋅ ω p ( ) (22.17)
1
ω=ε ⋅ ω
ωp
n
( ) (22.18)
ou seja
1
ω=ε n⋅ ω
ω ( ) (22.19)
p
onde Amáx e Amin estão em dB; ω̅s é calculado de quatro formas diferentes dependendo do tipo de
filtro que se esteja calculando (veja normalização dos filtros PB, PA, PF e RF).
H(S̅)·H(−S̅)=1+(−S̅2·n), solução normalizada para ωp=1 e ε=1, H(S̅) apresenta todas as raízes sobre o
círculo de raio unitário.
H k=
cos
[ ( k −1 )⋅π
2⋅n ] (22.25)
sen
k⋅π
2⋅n ( )
para obter as raízes
S k =e
j π⋅
2 ( 2⋅k+ n−1
n ) (22.26)
onde k = 1, 2, ...
Para desnormalizar a atenuação máxima basta substituir S̅ por n√ε·(S̅) no filtro passa baixa
normalizado. Para desnormalizar em frequência bast a substituir S̅ por S∕ωp
-10
Magnitude (dB)
-20
-30
-40
-50
0
Fase (graus);
-200
To: Y(1)
-400
-600
104 105
Freqüência (rad/seg)
[ ]
Amáx
10
2 = 0,5088
ε= 10 −1
n⩾
log
[ ( 100,1⋅Amin −1)
( 100,1⋅Amáx −1 ) ] = 8,76 (usar 9)
2⋅log ω s
com ( ω s=
15000
10000 )
k=1, S k =−0.1736±0.9848 i , S̄ 2 +0,3472⋅S̄ +1
k=2, S k =−0.5000±0.8660 i , S̄ 2 + S̄ +1
k=5, S k =−1 , S +1
ω0 ω02 ω02
T ( S )= ⋅ ⋅ x
( S +ω 0) (S 2 +1,8794⋅ω0⋅S +ω 20) ( S 2 +1,5321⋅ω 0⋅S +ω02)
ω 20 ω20
⋅
(S 2 +ω0⋅S + ω20 ) ( S 2+ 0,3472⋅ω 0⋅S +ω20 )
onde ωp=ωp∕n√ε=6,773·104 rad/s.
Exemplo 2: Projetar um filtro Butterworth passa altas, com ordem não menor do que três e
que atenda as seguintes especificações: ganho máximo da banda de passagem igual a 0dB; ganho
mínimo na banda de passagem igual a -3 dB; ganho máximo na banda de atenuação igual a -
20 dB; frequência de passagem de 10 kHz; frequência de atenuação de 5 kHz.
ωp=1 rad/s, ωs=(10/5) rad/s.
Amáx=3 dB, Amín=20 dB
[ ]
Amáx
10
2 ≅1
ε= 10 −1
n≥
log
[ 100,1⋅Amin −1
100,1⋅Amáx −1
≥3,31
]
2⋅log ω̄S
S k =e
(
j π⋅
2
2⋅k+ n−1
n )
S2 S2
T ( S )= ⋅
S 2 +0,7654⋅ω0⋅S +ω 20 S 2 +1,84878⋅ω 0⋅S +ω02
onde ω0=2·π·10.000 Hz.
Para estimar o grau do filtro é muito comum o uso de gráficos e para a determinação dos
polinômios costuma se utilizar tabelas. Em programas como o MATLAB ou o OCTAVE, por
exemplo, existem funções específicas que estimam a ordem de filtros (buttord, cheb1ord, cheb2ord
e ellipord) ou calculam seus coeficientes (besself, butter, cheby1, cheby2, ellip). Outros programas,
como o Filter Wizard da Analog Devices, fazem o projeto da parte eletrônica com base nas
informações dos gabaritos de ganho ou atenuação. Na sequência são apresentadas as soluções
tabeladas para alguns filtros e exemplos de gráficos utilizados para a determinação do grau dos
filtros.
22.8.3 Gráficos de resposta normalizados
Para determinar o grau de um filtro, sem usar as equações deste filtro, é muito comum o
uso de gráficos como o apresentado na Figura 1.7. Nela estão as respostas de filtros passa baixa
normalizados Butterworth, Chebyshev com ripple de 1 dB e Bessel, de graus 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e
10. Para determinar o grau apropriado basta desenhar sobre estes gráficos as atenuações máximas
e mínimas e a frequência de início da banda de rejeição.
22.8.4 Soluções tabeladas
Apesar de existirem algoritmos para o cálculo dos filtros é muito comum encontrarmos
tabelas com os polinômios normalizados. A seguir são apresentados algumas tabelas com os
polinômios mais comuns. Nelas a função de transferência é separada em seções de primeira e
segunda ordem. Estão indicados os graus dos filtros (N), o valor de ω e Q de cada seção. Para os
filtros de grau ímpar, uma das seções é de primeira ordem e não apresenta Q. Neste caso ω
corresponde a σ nas soluções padronizadas.
2 1,00000 0,707107
2 1,00000 0,577350
Tabela 22.5: Parâmetros para filtros de Chebyshev (ripple de 0,5 dB na faixa de passagem)
N ω1 Q1 ω2 Q2 ω3 Q3 ω4 Q4
2 1,23134 0,863721
2 0,8623 0,9564
Exemplo 1: Calcule o filtro passa baixa, Chebyshev, com n=5, ωp=10 kHz, ωs=15 kHz,
Amáx=1 dB, Amin=25 dB
Diagrama de Bode
-10
Magnitude (dB)
-20
-30
-40
-50
0
Fase (graus);
-200
-400
-600
104 105
Freqüência (rad/seg)
0,12283⋅ω 5p
T (S)=
( S̄+ 0,2895⋅ω p )⋅( S̄ 2+ 0,4684⋅ω p⋅S̄ +0,4293⋅ω2p)⋅( S̄2 +0,1790⋅ω p⋅S̄+0,9883⋅ω2p)
Exemplo 2: Projete um filtro que atenda as seguintes especificações: Tenha ganho de -1dB
nas frequências de 1.000 e 5.000 Hz; Tenha ganho de aproximadamente 2 dB na frequência de
2.000 Hz; Atenue 20 dB em 8 kHz; Tenha ganho nulo em DC.
Filtro passa faixas com f1= 1.000 Hz, f2= 5.000 Hz, f4= 8.000 Hz. Este filtro é um passa faixa
onde f3 não foi informada. Então podemos ajustá-la de forma a deixar o filtro simétrico.
f0=(f1·f2)0,5=2236 Hz
f3=(f2·f1)∕f4=625 Hz.
Este filtro apresenta ganho de 2 dB, mas os gabaritos de filtros normalizados são para
ganho de 0 dB. A forma de resolver isto é com um amplificador após o filtro, assim, o ganho pode
ser implementado no final pois ele não influencia no formato da curva, porém, devemos ter
atenção. Se o ganho deve ser de +2 dB na faixa de passagem e de -1 dB em f1, há uma variação
permitida de 3 dB na faixa de passagem! Então, podemos alterar o ganho para 0 dB e a Amáx para
3 dB. Após o projeto, inserimos um ganho de 2 dB para ajustar os valores do projeto.
K=0 dB
Amáx=3 dB
Amín=20 dB
ωp=1 rad/s
ωs=(ω4–ω3)∕(ω2–ω1)=1,84 rad/s
Determinar a aproximação
Como não há especificações que impeçam o uso de qualquer aproximação, podemos usar
um Butterworth.
1 1
T ( S̄)= ⋅
1 1
( S̄+ ⋅S̄+1) ( S̄+ ⋅S̄+1)
1,30656 0,541196
Amin=35 dB, fs=3.500 Hz
Amáx=3 dB, fp=1.000 Hz
Projetar o filtro
1 1
T PB ( S̄)= 2
⋅ 2
S̄ + 0,7653⋅S̄ +1 S̄ +1,8477⋅S̄+1
Desnormalizar
onde ω0=2·π·3.500 rad/s
Suponha que após o projeto do filtro você percebeu que era necessário um ganho de x5.
Para fazer isto você adicionou um amplificador não inversor após o filtro. Nesta condição, diga
quanto será a atenuação na frequência de 3.500 Hz?
Outra forma de calcular é multiplicar o ganho em 3.500 Hz (0,707) por 5. O resultado é 3,53,
ou seja, 10,97 dB.
Uma vez colocada as principais etapas para o projeto dos filtros seletores de frequência é
possível descrever em detalhes o mecanismo para o projeto de um filtro deste tipo. São necessárias
pelo menos 9 etapas descritas na sequência:
(3) Normalizar as frequências do filtro (em alguns casos não precisa ser feito);
(7) Desnormalizar as frequências do filtro (em alguns casos pode ser feito antes da etapa 6);
Nesta disciplina serão estudados alguns filtros ativos RC ligados em cascata. Nestes
projetos devemos preferencialmente, dividir o filtro em seções de primeira e segunda ordem,
interligar as seções em cascata (esta característica que facilita o projeto também é responsável pela
maior sensibilidade destes filtros a variações nos componentes), evitar capacitores eletrolíticos, e
dar preferência a capacitores de polipropileno, mica e cerâmica, distribuir o ganho entre todas as
seções, utilizar um possível passa baixas como primeiro estágio de filtragem para eliminar as altas
frequências e diminuir problemas com slew-rate, colocar uma eventual seção passa altas como
estágio de saída para diminuir problemas com offset, manter a banda de passagem o mais plana
possível, sempre, manter polos e zeros próximos.
22.10.1 Filtros a capacitor chaveado
Uma abordagem bastante comum para a integração de filtros é a utilização da técnica de
capacitor chaveado. Diversos fabricantes produzem integrados com filtros a capacitor chaveado
como os MF100 da National, o TLC04 da Texas Instruments, o MAX7491 e os MAX7401/MAX7405
da Maxim, o LTC1062 da Linear Technology além de blocos de capacitor chaveado para uso
genérico como o LTC1043 da Linear Technology. Muitas vezes o filtro vem pronto dentro do
circuito integrado e nenhum componente externo é necessário. Nestes casos a aproximação e a
ordem do filtro devem ser escolhidos quando o circuito integrado é comprado. Cada modelo vem
com um filtro específico que não pode ser modificado. Nestes circuitos a frequência de corte
depende apenas da frequência de um clock (uma onda quadrada) que pode ser facilmente criada
usando as atuais placas de aquisição de sinais. Estes integrados costuma ser pequenos, com 1
entrada, 1 saída, 1 entrada para o clock e 1 ou 2 entradas para as fontes de alimentação.
Também existem modelos mais sofisticados onde todos os tipos de filtro estão disponíveis
(PB, PA, PF e RF) e as aproximações podem ser escolhidas (são os chamados filtros universais). Um
bom texto sobre este assunto pode ser encontrado em Take the Mystery Out of the Switched
Capacitor Filter da Linear Technology. A Cypress apresenta um texto sobre filtros de segunda
ordem a capacitor chaveado em PSoC1. Algumas páginas dizem respeito exclusivamente ao PSoC
mas há muita informação sobre estes filtros em Understanding Switched Capacitor Filters.
Neste abordagem um capacitor é chaveado com altas frequências de forma que a corrente
média que circula no capacitor pode ser modelada como a corrente de um resistor. A Figura 1.8
mostra como o resistor de um integrador é substituído por um capacitor chaveado.
Em um segundo instante a chave W1 está aberta e a chave W2 está fechada. Nesta condição
o capacitor C se conecta ao circuito com o AO fazendo circular corrente entre ele e o capacitor C2.
Se a frequência de chaveamento for muito elevada a corrente média que circula pelo
capacitor C pode ser modelada como
C⋅v i
iC = (22.27)
TC
por associação
vi
i= (22.28)
Req
então
TC
Req= (22.29)
C
vi
iC = (22.30)
Req
Esta relação é válida inclusive para o cálculo de constantes de tempo que, tanto no
integrador original quanto no integrador com capacitor chaveado é
=Req⋅C2 (22.31)
Esta relação é muito favorável para o uso destes filtros em circuitos integrados pois a
constante de tempo torna-se independente do valor dos capacitores do circuito. Na verdade a
C2
=T C⋅ (22.32)
C
22.10.2 Filtros variáveis de estado
Os filtros variáveis de estado apesar de necessitarem de no mínimo três AO apresentam
muitas vantagens que tornam atrativa a sua integração. Estes filtros podem ser utilizados em
funções de transferências com Q elevado (10<Q<500) e frequências de corte mais altas que aquelas
possíveis para as topologias de um só amplificador. Além do mais, uma mesma topologia de
circuito permite a implementação de filtros passa baixas, passa altas e passa faixa. O ajuste do Q e
de ω0 são simples e relativamente independentes além de permitirem sintonia (ajuste da
frequência de corte) controlada por tensão.
Por todas estas razões é muito comum encontrarmos esta topologia integrada em circuitos
como o UAF42 da Texas Instruments, o LTC1563 e o LTC1568 da Linear Technology e os MAX270
e MAX271, MAX274 e MAX275 da Maxim (estes últimos implementam em um só integrado filtros
de até oitava ordem – com seções de segunda ordem em cascata).
A⋅ω0⋅v PA B⋅ω20⋅v PA
v PA =v i− − (22.33)
s s2
v PA s2
= (22.34)
v i s 2 + A⋅ω0 s+ B⋅ω02
v PF s⋅ω 0
= 2 (22.36)
v i s + A⋅ω 0⋅s+ B⋅ω20
v PB ω 20
= (22.38)
vi s 2 + A⋅ω 0⋅s+ B⋅ω 20
ω 0=
√ K3
R1⋅R 2⋅C 1⋅C 2
(22.39)
Q=
1+ K 3 √
1+ K 4 K 3⋅R1⋅C 1
⋅
R 2⋅C 2
(22.40)
K 4⋅( 1+ K 3 )
K PB= (22.41)
K 3⋅( 1+ K 4 )
K PF =−K 4 (22.43)
Normalmente a escolha dos componentes é feita de forma que R1=R2, C1=C2, e K3=1.
Estes filtros permitem algumas modificações interessantes. Uma delas é o controle da frequência
de corte usando multiplicadores e controle por tensão (Figura 1.11).
Se as três saídas originais do filtro forem somadas de forma apropriada, para produzir uma
saída vo, pode-se obter, neste ponto, qualquer função de transferência de segundo grau, incluindo
aquelas com zeros complexo conjugados.
Figura 1.11: Circuito de um filtro variáveis de estado com sintonia feita por tensão.
2⋅K4
KPa=KPb= (22.44)
1+K4
Ec
ω 0= (22.45)
10⋅R⋅C
1 +K4
Q= (22.46)
2
Exemplo 1
A Burr Brown fabricava um integrado híbrido (UAF42), cujo diagrama em blocos está
desenhado abaixo. De posse deste integrado, de capacitores, AO e resistores, projetar um filtro de
3 ordem de Chebyshev, passa alto, com máxima atenuação na banda de passagem de 1 dB e
frequência de corte de 2 kHz. O filtro deve ter módulo 2 na frequência de passagem. Desenhar o
circuito indicando os pinos do circuito integrado. Usar a menor quantidade de componentes.
Da tabela dos polinômios de Chebyshev com atenuação máxima de 1 dB e n=3. O filtro
passa baixas normalizado é:
0,99420 0,49417
T ( S )= ⋅
( S + 0,49417⋅S +0,99420 ) ( S +0,49417 )
2
ω 0 2⋅π⋅2000 12566
S= = =
S S S
0,99420 0,49417
T ( S )=2⋅ ⋅
( )( 12566
)
2
12566 12566 +0,49417
+0,49417⋅ + 0 , 99420
S 2 S S
0,99420⋅S 2 0,49417⋅S
T ( S )=2⋅ ⋅
2
(0,99420⋅S + 6210⋅S +157904356 ) ( 0,49417⋅S + 12566)
S2 S
T ( S )=2⋅ 2 ⋅
( S +6246⋅S + 158825544) (S +25428)
ω 0=
√ K3
R1⋅R2⋅C 1⋅C 2
, e Q=
1+ K 3
⋅
√
1+ K 4 K 3⋅R 1⋅C 1
R2⋅C 2
K 4⋅( 1+ K 3)
K PA = .
1+ K 4
ω 0=√ 158825544=12602
ω0
Q= =2
6210
Q=2=
√ R1
R2
R1 =4⋅R2
1
ω 20=12602 2=
4⋅R22⋅(1000⋅10-12 )2
R2 =39676 Ω
R1 =158705Ω
Falta projetar o filtro de 1 ordem, com ganho 2. Isto pode ser realizado com o AO que está
sobrando no integrado. A função de transferência
2⋅S
T ( S )=
S +25428
Rf S
T ( S )=− ⋅
Ri 1
S+
C⋅Ri
onde
1
=25428 .
C⋅Ri
Se C=1000 pF , Ri =39326 Ω
Rf =2⋅Ri=78562 Ω
22.10.3 Exemplo 2
Utilizando um filtro variáveis de estado, projete um equalizador de ganho que possua as
características da figura e tabela abaixo.
vc |T(S)|
+4V +12 dB
+1V 0 dB
+0,25 -12 dB
Este equalizador deve ter sua curva de ganho ajustável por tensão externa (v C). O desvio
máximo dos parâmetros é de 5%. Use valores comerciais para os componentes.
ω0
S 2+ K S + ω 20
Q
T ( S )=K 0⋅
2 ω0
S + S + ω 20
Q
Projeto do filtro
Fazendo
então
1 1
ω 0= ⋅
C √ R1⋅R 2
Q=
√ R1
R2
=2
R1
=4
R2
R1 =4⋅R2
R2 =0 , 25⋅R1
Substituindo em ω0
1 1
ω 0= ⋅
C⋅R1 √0,25
−4
C⋅R1 =3,1831⋅10
Assim
R1
R2 = =11 , 75 k Ω
4
Conferindo os desvios
T ( S )=v PA +v C⋅v PF +v PB
Assim vc=Ki, ou seja, vc =4 V para K1=4, vc =1 V para K0=1, vc=0,25 V para K2=0,25.
22.10.4 Configurações de um único amplificador operacional
Filtros com um único AO normalmente não estão disponíveis em integrados mas podem
ser facilmente implementados de forma discreta. As duas configurações de filtros mais utilizadas
são a MFB e a Sallen Key. A topologia dos dois filtros é mostrada na figura a seguir.
Note que no desenho das topologias MFB e Sallen-Key estão representadas as impedâncias
de cada configuração. O filtro Sallen Key pode apresentar ganho se o buffer for trocado por um
amplificador não inversor. A medida que as impedâncias são trocadas por resistências ou
capacitores a função do filtro muda (próxima tabela).
PB PA PF PB PA PF
Z1 R C R R C R
Z2 R C C C R -
Z3 C R R R C C
Z4 C R R R C C
Z5 - - C C R R
Função de transferência:
m
Vos R1⋅C4⋅C3⋅R2
=
Vi s
[
s 2 +s⋅
1
1
−
]
m−1
1
R1⋅C4 R2⋅C4 R2⋅C3 R1⋅R2⋅C3⋅C4
Comparando as duas equações podemos verificar como cada componente afeta os valores
de K, Q e T0. Uma solução para ajustar os componentes é:
C3 = C4 = C, e R1 = R2 = Rx
1
Rx=
ω0⋅C
Q ³ 0,5
1
m= 3−
Q
m=|K|
m=K=1
R1=R2=1
2Q
C4=
0
1
C3=
2 0 Q
C3=1
C4= 3Q
1
R2=
3 0
4
m=K=
3
OBS.: Para qualquer uma das soluções podem ser realizados escalamentos de impedância.
Para isto basta multiplicar os resistores e dividir os capacitores simultaneamente por um fator “b”.
22.10.6 Passa baixas MFB
Circuito:
Função de transferência:
1
Vo (s ) R1⋅R3⋅C2⋅C5
=−
Vi( s )
s 2 +s⋅ [1
+
1
+
1
+
1
]
R1⋅C2 R3⋅C2 R4⋅C2 R3⋅R4⋅C2⋅C5
Vo (s ) K⋅ω20
=
Vi( s ) ω
s 2 +s⋅ 0 +ω02
Q
Comparando as duas equações podemos verificar como cada componente afeta os valores
de K, Q e ω0. Uma solução para ajustar os componentes é:
Fazer
C5 = X·C2
[ √ ]
2
1 4⋅Q ⋅(|K|+ 1)
R4 = ⋅ 1± 1−
2⋅Q⋅ω 0⋅C X
R
R1 = 4
|K|
1
R3=
ω02⋅R4⋅C2⋅C5
Bom para KQ>100 e ganho de malha aberta dos amp. op. > 80 dB
22.10.7 Passa altas Sallen-Key
Circuito:
Função de transferência:
Vo (s ) s 2⋅m
=
Vi( s )
[
s 2 +s⋅
1
+
1
−
m−1
+
1
]
R3⋅C2 R3⋅C1 R4⋅C1 R4⋅R3⋅C1⋅C2
Comparando as duas equações podemos verificar como cada componente afeta os valores
de K, Q e T0. Uma solução para ajustar os componentes é:
Fazer C1 = C2 = C, e R3 = R4 = Rx
1
Rx=
ω0⋅C
1
m= 3− , para Q ³ 0,5
Q
m=|K|
As soluções alternativas, propostas para o filtro passa baixas Sallen-Key, podem ser
utilizadas e o filtro pode ser desnormalizado diretamente nos componentes.
Função de transferência:
Vo (s ) K⋅s 2
=
Vi( s ) ω
s 2 +s⋅ 0 +ω02
Q
Comparando as duas equações podemos verificar como cada componente afeta os valores
de K, Q e T0. Uma solução para ajustar os componentes é:
Fazer C1 = C3 = C
C1
C 4=
|K|
Q
R 5= ⋅( 2⋅|K|+ 1)
ω 0⋅C
1
R2 =
ω 0⋅Q⋅C⋅( 2⋅|K|+1 )
Bom para KQ>100 e ganho de malha aberta dos amp. op. > 80 dB
22.10.9 Passa Faixa Sallen-Key
Circuito:
m
s⋅
Vo (s ) R1⋅C5
=
Vi( s )
[
s 2 +s⋅
1
+
1
+
1
−
m−1
+ ]
R1+R4
R1⋅C5 R3⋅C2 R3⋅C5 R4⋅C5 R1⋅R3⋅R4⋅C2⋅C5
ω
K⋅s⋅ 0
Vo (s ) Q
=
Vi( s ) ω
s 2 +s⋅ 0 +ω02
Q
Comparando as duas equações podemos verificar como cada componente afeta os valores
de K, Q e T0. Uma solução para ajustar os componentes é:
Fazer C2 = C5 = C
R1 = R3 = R4 = Rx
Rx= √2
ω0⋅C
m= 4− √
2
Q
K=
m
R 1⋅C 5 (
=ω 0⋅ 2⋅√ 2−
1
Q )
22.10.10 Passa faixas MFB
Circuito:
Função de transferência:
1
s⋅
Vo (s ) R1⋅C4
=−
Vi( s )
s 2 +s⋅[ 1
+
1
+ ] 1
C4⋅R5 C3⋅R5 C3⋅C4⋅R 1⋅R5
ω
K⋅s⋅ 0
Vo (s ) Q
=
Vi( s ) ω
s 2 +s⋅ 0 +ω02
Q
Comparando as duas equações podemos verificar como cada componente afeta os valores
de K, Q e T0. Uma solução para ajustar os componentes é:
Fazer C3 = C4 = C
2⋅Q
R5=
ω 0⋅C
K =−2⋅Q⋅ω 0
22.10.11 Rejeita faixa (ou Notch)
O filtro rejeita faixa também é chamado de notch pois muitas vezes é utilizado para
eliminar uma determinada frequência ou uma faixa de frequências muito estreita. Isto é muito
utilizado para reduzir a interferência de sinais de 60 Hz em instrumentos de precisão.
22.10.12 Rejeita faixa Sallen-Key (modificado – com rede duplo T)
Circuito:
C1=C2=C, R1=R2=R
C4=2C, R5=R/2
1
0=
R⋅C
K=m , m<2
22.10.13 Rejeita faixa MFB (modificado)
Circuito:
Observe que o circuito rejeita faixa MFB funciona como se fosse “1 - PF” MFB. O projeto
pode ser feito com as seguintes relações:
˙
C3=C4 , Rb=R5 , Ra=2 R1
R5
K=
R52⋅R1
1
0=
C⋅ R1⋅R5
Q=
1 R5
2 R1
22.10.14 Exemplo 1
Projetar um filtro PA do tipo MFB com as seguintes características: fo=1,5kHz, Q=0,7,
K=20 dB. As características do filtro não podem sofrer desvio maior que 5%. Usar valores
comerciais para os componentes. Garantir que o filtro funcione até uma frequência de 100kHz.
Calcular o produto ganho-faixa do AO necessário para que esta especificação seja atendida.
Justificar o procedimento de cálculo.
Solução:
K =−A=−10
Q= B
2A
Q=0,7= B
2 A
B=70,56
com valores de resistores com precisão de 10% uma boa escolha para os resistores é
A frequência de corte é
1
ω0 =2⋅π⋅f 0=
R⋅C⋅√ B
1
C= =2,694 nF
2⋅⋅ f 0⋅R⋅ B
Variação nos parâmetros do filtro pode ser avaliada na equação original dos parâmetros
(veja tabela de parâmetros para os filtros MFB):
Q=0,6983, ΔQ=−2,5%
K 0=−10, Δ K =0 %
A determinação do produto ganho faixa pode ser realizada se for encontrado o ganho da
malha de realimentação (ver revisão de amplificadores operacionais). O limite de funcionamento
deste filtro ocorre quando o ganho diferencial do AO se torna igual ao ganho de rede de
realimentação (nas altas frequências teremos um divisor de tensão entre C4 e C1 – veja figura
abaixo).
O ganho da rede é
| |
v 0( S )
v –( S )
=|A( S )|
S 2+
1
[ (C + C + C ) C
⋅ 1 4 3 + 3 ⋅S +
] 1
( )
v 0 (S ) C C 3⋅(C 1 + C 4 ) R5 R2 C 3⋅(C 1 + C 4 )⋅R5⋅R2
= 1+ 1 ⋅
[ ]
v – (S ) C4 1 C1 1 1 1
S 2+ + + ⋅S +
R5 C 2⋅C 4 C 3 C 4 C 4⋅C 3 R5 R2
Este resultado também poderia ser obtido considerando que em altas frequências apenas os
capacitores são importantes. Nesta situação os resistores poderiam ser retirados do circuito e o
ganho do filtro seria
1 1
+
v 0 C 1⋅S C 4⋅S C
≈ =1+ 1
v– 1 C4
C 1⋅S
assim
( )
1+
C 1 2⋅π⋅GBW
C4
=
2⋅π ⋅ f 0
GBW= f máx⋅ 1+
( ) C1
C4
=1,1 MHz
22.10.15 Exemplo 2
Para o circuito da figura abaixo mostre como: 1) Reduzir a metade o ganho da
configuração; 2) Dobrar o ganho da configuração. Utilize apenas componentes passivos. Não altere
os parâmetros w0 e Q. Mostre as equações que você utilizaria para estas alterações.
Use componentes com valores práticos (não precisam apresentar valores comerciais)
C3=1,
C4= 3⋅Q ,
1
R2= ,
30
1
R1= ,
Q 0
4
m=K=
3
ω 20
T ( s)= 2 ω
s + 0 s+ ω 20
Q
7439,492 7439,492
T ( s)= ⋅
s 2 +5693,96 s +7439,492 s2 +13745,95 s+7439,49 2
Podemos implementar este filtro com dois circuitos passa baixas de segunda ordem ligados
em cascata.
Na primeira seção
Para obter componentes com valores práticos podemos desnormalizar este Sallen Key
dividindo todos os capacitores por um fator e multiplicando todos os resistores pelo mesmo
fator. Os resistores da realimentação (“R” e “R(m-1)”) não precisam ser escalonados pois não
influenciam em w0 nem em Q. Devemos respeitar, apenas, a relação entre eles, que determina o
ganho da configuração.
Fazendo =108
Para obter um ganho unitário podemos usar um divisor resistivo no lugar de R1.
R11//R12 = R1
Então
R12=(R1R11) / (R11-R1)=40,8kW
Fazendo =108
R12=(R1R11) / (R11-R1)=96kW
22.10.17 Exemplo 4
Projetar um filtro rejeita faixa de 2 ordem com Q=5 e f 0=120Hz. É aceitável um erro
máximo de 10%. Utilizar apenas um filtro PF ativo e algum outro circuito ativo que não seja filtro
mas que empregue apenas 1 AO.
T ( S )=K 1 −K 2⋅
S
=K 1⋅
(
S 2 + 1−
K2
K1)a⋅S +b
2
S +a⋅S +b S 2 +a⋅S +b
Se fizermos K2=K1
S 2 +b
T ( S )=K 1⋅ 2
S + a⋅S + b
Com filtro Sallen-Key, cujo ganho é positivo, o sinal original deve ser subtraído do sinal na
saída do filtro. Com filtro MFB, cujo ganho é negativo, o sinal original deve ser somado ao sinal na
saída do filtro.
22.11 Exercícios
40
35
3) Sintetize o filtro passa baixas de segunda ordem Sallen Key com a solução de Saraga e
valores razoáveis de componentes.
158884000
T ( s)= 2
s + 1256⋅s+158884000
1 1 4
Use C3=1 , C4= 3Q , R2= , R1= , m= ganho= .
0
3 Q 0 3
4) Projete o filtro passa baixas, sem ripple na banda de passagem e com Amáx=0,5 dB,
Amin=12 dB, ωp=1000 rad/s, ωs=3000 rad/s.
2Q 1
Para o projeto use um Sallen–Key: m= K=1 , R1=R2=1 , C4= ω , C3= 2 ω Q .
0 0
5) Supondo que o sinal de interesse está compreendido entre 0 e 5 Hz mas que um ruído de
60 Hz e seus harmônicos é 2 vezes maior do que o sinal presente na saída do AD620. Projete um
filtro para obter uma razão sinal ruído de 100 vezes (só a equação).
7) Você precisa fazer um filtro para um condicionador de sinais e optou por uma realização
com capacitor chaveado. Na loja onde você foi comprar o filtro haviam circuitos com
aproximações de Butterworth, Bessel, Chebyshev e Elíptico, todos com as mesmas características
de grau e frequências de corte. Qual aproximação você escolhe se o seu projeto privilegia: A) A
banda de passagem mais plana possível. B) A maior atenuação da banda de rejeição; C) A melhor
resposta ao degrau. D) A morfologia do sinal.
10) Um termômetro foi projetado com um PT100 de modo que a sua saída é linear com a
temperatura e insensível ao comprimento dos cabos. O coeficiente térmico do sensor é de
3907·μΩ/Ω/K e sua resistência é de 100 Ω em 0 ℃. A saída entre 0 e 2 V representa as temperaturas
entre 0 e 200 ℃. a) Supondo que a banda do sinal seja menor do que 1 Hz e um ruído de 60 Hz
esteja atrapalhando a medida. Projete (gabarito, PB normalizado, estimativa da ordem do filtro
usando as assíntotas do diagrama de Bode) o filtro para reduzir a interferência de 60 Hz em 1.000
vezes. b) Para, o filtro, quais aproximação poderiam ser usadas? Justifique suas respostas.
12) Supondo que o espectro de frequências de um sinal seja dado pela função abaixo, e que
se aceita aliasing de frequências cujas amplitudes sejam menores do que 1% da máxima. a) qual a
menor frequência de amostragem para o sistema? b) Projete um filtro (até a equação) para que a
frequência de amostragem seja 70% do valor calculado sem desrespeitar o critério adotado para o
aliasing na letra a.
6282
|H (ω)|
√( 6282−ω2 )2+(888⋅ω)2
13) Um filtro passa baixas (0dB na banda de passagem) com frequência de corte em 70 Hz
(-3dB) foi utilizado para filtrar dois sinais simulados, sem ruído. O primeiro com frequências 10,
30, 50 e 70 Hz e o segundo uma onda quadrada com período de 3 s. No primeiro caso o sinal
filtrado parece estar atrasado e não parece uma cópia do sinal original, no segundo caso parece
que o ganho em CC não é 1. Dado que o filtro está bem calculado e não há erros de projeto diga: a)
Por que o ganho parece diferente de 1? b) Por que o sinal filtrado está diferente do sinal original,
mesmo estando as frequências do sinal dentro da faixa de passagem do filtro?
C1=C2; K4=K3=1.