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MARX

exem plo, do lin h o, n a m er ca dor ia qu e já fu n cion a com o m er ca dor ia


din h eir o, por exem plo, o ou r o, é a for m a pr eço. A “for m a pr eço” do
lin h o é, pois:
20 va r a s de lin h o = 2 on ça s de ou r o
ou , se 2 libr a s est er lin a s foi o n om e m on et á r io de 2 on ça s de ou r o,
20 va r a s de lin h o = 2 libr a s est er lin a s
A dificu lda de n o con ceit o da for m a din h eir o se lim it a à com -
pr een sã o da for m a equ iva len t e ger a l, por t a n t o, da for m a va lor ger a l
com o t a l, da for m a III. A for m a III se r esolve, r et r oa t iva m en t e, n a
for m a II, a for m a va lor desdobr a da e seu elem en t o con st it u t ivo é for m a
I: 20 va r a s de lin h o = 1 ca sa co, ou x m er ca dor ia A = y m er ca dor ia B .
A for m a m er ca dor ia sim ples é, por isso, o ger m e da for m a din h eir o.
4. O c a rá te r fe tic h is ta d a m e rc a d o ria e s e u s e g re d o

À pr im eir a vist a , a m er ca dor ia pa r ece u m a coisa t r ivia l, eviden t e.


An a lisa n do-a , vê-se qu e ela é u m a coisa m u it o com plica da , ch eia de
su t ileza m et a física e m a n h a s t eológica s. Com o va lor de u so, n ã o h á
n a da m ist er ioso n ela , qu er eu a obser ve sob o pon t o de vist a de qu e
sa t isfa z n ecessida des h u m a n a s pela s su a s pr opr ieda des, ou qu e ela
som en t e r ecebe essa s pr opr ieda des com o pr odu t o do t r a ba lh o h u m a n o.
É eviden t e qu e o h om em por m eio de su a a t ivida de m odifica a s for m a s
da s m a t ér ia s n a t u r a is de u m m odo qu e lh e é ú t il. A for m a da m a deir a ,
por exem plo, é m odifica da qu a n do dela se fa z u m a m esa . Nã o obst a n t e,
a m esa con t in u a sen do m a deir a , u m a coisa or din á r ia física . Ma s logo
qu e ela a pa r ece com o m er ca dor ia , ela se t r a n sfor m a n u m a coisa fisi-
ca m en t e m et a física . Além de se pôr com os pés n o ch ã o, ela se põe
sobr e a ca beça per a n t e t oda s a s ou t r a s m er ca dor ia s e desen volve de
su a ca beça de m a deir a cism a s m u it o m a is est r a n h a s do qu e se ela
com eça sse a da n ça r por su a pr ópr ia in icia t iva .110
O ca r á t er m íst ico da m er ca dor ia n ã o pr ovém , por t a n t o, de seu
va lor de u so. E le n ã o pr ovém , t a m pou co, do con t eú do da s det er m in a ções
de va lor . P ois, pr im eir o, por m a is qu e se difer en ciem os t r a ba lh os ú t eis
ou a t ivida des pr odu t iva s, é u m a ver da de fisiológica qu e eles sã o fu n ções
do or ga n ism o h u m a n o e qu e ca da u m a dessa s fu n ções, qu a lqu er qu e
seja seu con t eú do ou for m a , é essen cia lm en t e dispên dio de cér ebr o,

110 Recor da -se qu e a Ch in a e a s m esa s com eça r a m a da n ça r , qu a n do t odo o r est o do m u n do


pa r ecia est a r t r a n qü ilo — pou r en cou rager les au tres.*
*
P a r a en cor a ja r os ou t r os. — Depois da der r ot a da s r evolu ções de 1848/49 com eçou n a
E u r opa u m per íodo da m a is obscu r a polít ica r ea cion á r ia . E n qu a n t o, n est e t em po, a s r oda s
a r ist ocr á t ica s e t a m bém a s bu r gu esa s se en t u sia sm a r a m pelo espir it ism o, especia lm en t e
por fa zer a m esa a n da r , desen volveu -se n a Ch in a u m poder oso m ovim en t o de liber t a çã o
a n t ifeu da l, pa r t icu la r m en t e en t r e os ca m pon eses, qu e en t r ou pa r a a H ist ór ia com o a r evo-
lu çã o de Ta ipin g. (N. da E d. Alem ã .)

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OS ECON OMIS TAS

n er vos, m ú scu los, sen t idos et c. h u m a n os. Segu n do, qu a n t o a o qu e ser ve


de ba se à det er m in a çã o da gr a n deza de va lor , a du r a çã o da qu ele dis-
pên dio ou a qu a n t ida de do t r a ba lh o, a qu a n t ida de é dist in gu ível a t é
pelos sen t idos da qu a lida de do t r a ba lh o. Sob t oda s a s con dições, o
t em po de t r a ba lh o, qu e cu st a a pr odu çã o dos m eios de su bsist ên cia ,
h a via de in t er essa r a o h om em , em bor a n ã o igu a lm en t e n os difer en t es
est á gios de desen volvim en t o.111 F in a lm en t e, t ã o logo os h om en s t r a -
ba lh a m u n s pa r a os ou t r os de a lgu m a m a n eir a , seu t r a ba lh o a dqu ir e
t a m bém u m a for m a socia l.
De on de pr ovém , en t ã o, o ca r á t er en igm á t ico do pr odu t o do t r a -
ba lh o, t ã o logo ele a ssu m e a for m a m er ca dor ia ? E viden t em en t e, dessa
for m a m esm o. A igu a lda de dos t r a ba lh os h u m a n os a ssu m e a for m a
m a t er ia l de igu a l objet ivida de de va lor dos pr odu t os de t r a ba lh o, a
m edida do dispên dio de for ça de t r a ba lh o do h om em , por m eio da su a
du r a çã o, a ssu m e a for m a da gr a n deza de va lor dos pr odu t os de t r a ba lh o,
fin a lm en t e, a s r ela ções en t r e os pr odu t or es, em qu e a qu ela s ca r a t er ís-
t ica s socia is de seu s t r a ba lh os sã o a t iva da s, a ssu m em a for m a de u m a
r ela çã o socia l en t r e os pr odu t os de t r a ba lh o.
O m ist er ioso da for m a m er ca dor ia con sist e, por t a n t o, sim ples-
m en t e n o fa t o de qu e ela r eflet e a os h om en s a s ca r a ct er íst ica s socia is
do seu pr ópr io t r a ba lh o com o ca r a ct er íst ica s objet iva s dos pr ópr ios pr o-
du t os de t r a ba lh o, com o pr opr ieda des n a t u r a is socia is dessa s coisa s e,
por isso, t a m bém r eflet e a r ela çã o socia l dos pr odu t or es com o t r a ba lh o
t ot a l com o u m a r ela çã o socia l exist en t e for a deles, en t r e objet os. P or
m eio desse qü ipr oqü ó os pr odu t os do t r a ba lh o se t or n a m m er ca dor ia s,
coisa s física s m et a física s ou socia is. Assim , a im pr essã o lu m in osa de
u m a coisa sobr e o n er vo ót ico n ã o se a pr esen t a com o u m a excit a çã o
su bjet iva do pr ópr io n er vo, m a s com o for m a objet iva de u m a coisa for a
do olh o. Ma s, n o a t o de ver , a lu z se pr ojet a r ea lm en t e a pa r t ir de
u m a coisa , o objet o ext er n o, pa r a ou t r a , o olh o. É u m a r ela çã o física
en t r e coisa s física s. P or ém , a for m a m er ca dor ia e a r ela çã o de va lor
dos pr odu t os de t r a ba lh o, n a qu a l ele se r epr esen t a , n ã o t êm qu e ver
a bsolu t a m en t e n a da com su a n a t u r eza física e com a s r ela ções m a t er ia is
qu e da í se or igin a m . Nã o é m a is n a da qu e det er m in a da r ela çã o socia l
en t r e os pr ópr ios h om en s qu e pa r a eles a qu i a ssu m e a for m a fa n t a s-
m a gór ica de u m a r ela çã o en t r e coisa s. P or isso, pa r a en con t r a r u m a
a n a logia , t em os de n os desloca r à r egiã o n ebu losa do m u n do da r eligiã o.
Aqu i, os pr odu t os do cér ebr o h u m a n o pa r ecem dot a dos de vida pr ópr ia ,
figu r a s a u t ôn om a s, qu e m a n t êm r ela ções en t r e si e com os h om en s.

111 Not a à 2ª ediçã o. E n t r e os a n t igos ger m a n os o t a m a n h o de u m M orgen * de t er r a er a


ca lcu la do segu n do o t r a ba lh o de u m dia , e da í den om in a do M orgen T agw erk (t a m bém
T agw an n e) (ju rn ale ou ju rn alis, t er r a ju rn alis, jorn alis ou d iu rn alis), M an n w erk , M an n s-
k raft, M an n sm aad , M an n h au et et c. Ver MAURE R, Geor g Lu dwig von . E in letu n g zu r Ges-
ch ich te d er M ark -, H ofit-, u sw . Verfassu n g. Mu n iqu e, 1854, p. 129 et seqs.
*
J eir a . (N. dos T.)

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Assim , n o m u n do da s m er ca dor ia s, a con t ece com os pr odu t os da m ã o


h u m a n a . Isso eu ch a m o o fet ich ism o qu e a der e a os pr odu t os de t r a ba lh o,
t ã o logo sã o pr odu zidos com o m er ca dor ia s, e qu e, por isso, é in sepa r á vel
da pr odu çã o de m er ca dor ia s.
E sse ca r á t er fet ich ist a do m u n do da s m er ca dor ia s pr ovém , com o
a a n á lise pr eceden t e já dem on st r ou , do ca r á t er socia l pecu lia r do t r a -
ba lh o qu e pr odu z m er ca dor ia s.
Objet os de u so se t or n a m m er ca dor ia s a pen a s por ser em pr odu t os
de t r a ba lh os pr iva dos, exer cidos in depen den t em en t e u n s dos ou t r os.
O com plexo desses t r a ba lh os pr iva dos for m a o t r a ba lh o socia l t ot a l.
Com o os pr odu t or es som en t e en t r a m em con t a t o socia l m edia n t e a
t r oca de seu s pr odu t os de t r a ba lh o, a s ca r a ct er íst ica s especifica m en t e
socia is de seu s t r a ba lh os pr iva dos só a pa r ecem den t r o dessa t r oca . E m
ou t r a s pa la vr a s, os t r a ba lh os pr iva dos só a t u a m , de fa t o, com o m em br os
do t r a ba lh o socia l t ot a l por m eio da s r ela ções qu e a t r oca est a belece
en t r e os pr odu t os do t r a ba lh o e, por m eio dos m esm os, en t r e os pr o-
du t or es. P or isso, a os ú lt im os a pa r ecem a s r ela ções socia is en t r e seu s
t r a ba lh os pr iva dos com o o qu e sã o, ist o é, n ã o com o r ela ções dir et a m en t e
socia is en t r e pessoa s em seu s pr ópr ios t r a ba lh os, sen ã o com o r ela ções
r eifica da s en t r e a s pessoa s e r ela ções socia is en t r e a s coisa s.
Som en t e den t r o da su a t r oca , os pr odu t os r ecebem u m a objet i-
vida de de va lor socia lm en t e igu a l, sepa r a da da su a objet ivida de de
u so, fisica m en t e difer en cia da . E ssa cisã o do pr odu t o de t r a ba lh o em
coisa ú t il e coisa de va lor r ea liza -se a pen a s n a pr á t ica , t ã o logo a t r oca
t en h a a dqu ir ido ext en sã o e im por t â n cia su ficien t es pa r a qu e se pr o-
du za m coisa s ú t eis pa r a ser em t r oca da s, de m odo qu e o ca r á t er de
va lor da s coisa s já seja con sider a do a o ser em pr odu zida s. A pa r t ir
desse m om en t o, os t r a ba lh os pr iva dos dos pr odu t or es a dqu ir em r ea l-
m en t e du plo ca r á t er socia l. P or u m la do, eles t êm de sa t isfa zer det er -
m in a da n ecessida de socia l, com o t r a ba lh os det er m in a dos ú t eis, e a ssim
pr ova r ser em pa r t icipa n t es do t r a ba lh o t ot a l, do sist em a n a t u r a lm en t e
desen volvido da divisã o socia l do t r a ba lh o. P or ou t r o la do, só sa t isfa zem
à s m ú lt ipla s n ecessida des de seu s pr ópr ios pr odu t or es, n a m edida em
qu e ca da t r a ba lh o pr iva do ú t il pa r t icu la r é per m u t á vel por t oda ou t r a
espécie de t r a ba lh o pr iva do, por t a n t o lh e equ iva le. A igu a lda de de
t r a ba lh os toto coelo112 difer en t es só pode con sist ir n u m a a bst r a çã o de
su a ver da deir a desigu a lda de, n a r edu çã o a o ca r á t er com u m qu e eles
possu em com o dispên dio de for ça de t r a ba lh o do h om em , com o t r a ba lh o
h u m a n o a bst r a t o. O cér ebr o dos pr odu t or es pr iva dos a pen a s r eflet e
esse du plo ca r á t er socia l de seu s t r a ba lh os pr iva dos sob a qu ela s for m a s
qu e a pa r ecem n a cir cu la çã o pr á t ica , n a t r oca dos pr odu t os — o ca r á t er
socia lm en t e ú t il de seu s t r a ba lh os pr iva dos, por t a n t o, sob a qu ela for m a

112 Tot a lm en t e. (N. dos T.)

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OS ECON OMIS TAS

qu e o pr odu t o de t r a ba lh o t em de ser ú t il, ist o é, ú t il a os ou t r os — o


ca r á t er socia l da igu a lda de dos t r a ba lh os de difer en t es espécies sob a
for m a do ca r á t er do va lor com u m a essa s coisa s m a t er ia lm en t e dife-
r en t es, os pr odu t os de t r a ba lh o.
P or t a n t o, os h om en s r ela cion a m en t r e si seu s pr odu t os de t r a -
ba lh o com o va lor es n ã o por qu e con sider a m essa s coisa s m er os en vol-
t ór ios m a t er ia is de t r a ba lh o h u m a n o da m esm a espécie. Ao con t r á r io.
Ao equ ipa r a r seu s pr odu t os de difer en t es espécies n a t r oca , com o va -
lor es, equ ipa r a m seu s difer en t es t r a ba lh os com o t r a ba lh o h u m a n o. Nã o
o sa bem , m a s o fa zem .113 P or isso, o va lor n ã o t r a z escr it o n a t est a o
qu e ele é. O va lor t r a n sfor m a m u it o m a is ca da pr odu t o de t r a ba lh o
em u m h ier oglifo socia l. Ma is t a r de, os h om en s pr ocu r a m decifr a r o
sen t ido do h ier oglifo, descobr ir o segr edo de seu pr ópr io pr odu t o socia l,
pois a det er m in a çã o dos objet os de u so com o va lor es, a ssim com o a
lín gu a , é seu pr odu t o socia l. A t a r dia descober t a cien t ífica , de qu e os
pr odu t os de t r a ba lh o, en qu a n t o va lor es, sã o a pen a s expr essões m a t e-
r ia is do t r a ba lh o h u m a n o despen dido em su a pr odu çã o, fa z época n a
h ist ór ia do desen volvim en t o da h u m a n ida de, m a s n ã o dissipa , de m odo
a lgu m , a a pa r ên cia objet iva da s ca r a ct er íst ica s socia is do t r a ba lh o. O
qu e som en t e va le pa r a est a for m a pa r t icu la r de pr odu çã o, a pr odu çã o
de m er ca dor ia s, a sa ber , o ca r á t er especifica m en t e socia l dos t r a ba lh os
pr iva dos, in depen den t es en t r e si, con sist e n a su a igu a lda de com o t r a -
ba lh o h u m a n o e a ssu m e a for m a de ca r á t er de va lor dos pr odu t os de
t r a ba lh o, pa r ece à qu eles qu e est ã o pr esos à s cir cu n st â n cia s de pr odu çã o
m er ca n t il, a n t es com o depois dessa descober t a , t ã o defin it ivo qu a n t o
a decom posiçã o cien t ífica do a r em seu s elem en t os deixa per du r a r a
for m a do a r , en qu a n t o for m a de cor po físico.
O qu e, n a pr á t ica , pr im eir o in t er essa a os qu e t r oca m pr odu t os
é a qu est ã o de qu a n t os pr odu t os a lh eios eles r ecebem pelo seu , em
qu a is pr opor ções, por t a n t o, se t r oca m os pr odu t os. Tã o logo essa s pr o-
por ções a m a du r ecem , a lca n ça n do cer t a est a bilida de cost u m eir a , ela s
pa r ecem pr ovir da n a t u r eza dos pr odu t os de t r a ba lh o, de m odo qu e,
por exem plo, 1 t on ela da de fer r o e 2 on ça s de ou r o t êm o m esm o va lor ,
com o 1 libr a de ou r o e 1 libr a de fer r o t êm , a pesa r de su a s difer en t es
pr opr ieda des física s e qu ím ica s, o m esm o peso. De fa t o, o ca r á t er de
va lor dos pr odu t os de t r a ba lh o a pen a s se con solida m edia n t e su a efe-
t iva çã o com o gr a n deza s de va lor . As ú lt im a s va r ia m sem pr e, in depen -
den t em en t e da von t a de, da pr evisã o e da a çã o dos qu e t r oca m . Seu
pr ópr io m ovim en t o socia l possu i pa r a eles a for m a de u m m ovim en t o
de coisa s, sob cu jo con t r ole se en con t r a m , em vez de con t r olá -la s. É

113 Not a à 2ª ediçã o. Qu a n do, por t a n t o, Ga lia n i diz: O va lor é u m a r ela çã o en t r e pessoa s —
“La Ricch ezza è u n a r a gion e t r a du e per son e” —, ele dever ia t er a cr escen t a do: u m a r ela çã o
ocu lt a sob u m a ca pa m a t er ia l. (GALLIANI. Della M on eta. p. 221, t . III da coleçã o de
Cu st odi. “Scr it t or i Cla ssici It a lia n i di E con om ia P olit ica ”. P a r t e Moder n a , Milã o, 1803.)

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m ist er u m a pr odu çã o de m er ca dor ia s t ot a lm en t e desen volvida a n t es


qu e da exper iên cia m esm a n a sça o r econ h ecim en t o cien t ífico, qu e os
t r a ba lh os pr iva dos, em pr een didos de for m a in depen den t e u n s dos ou -
t r os, m a s u n iver sa lm en t e in t er depen den t es com o m em br os n a t u r a l-
m en t e desen volvidos da divisã o socia l do t r a ba lh o, sã o o t em po t odo
r edu zidos à su a m edida socia lm en t e pr opor cion a l por qu e, n a s r ela ções
ca su a is e sem pr e oscila n t es de t r oca dos seu s pr odu t os, o t em po de
t r a ba lh o socia lm en t e n ecessá r io à su a pr odu çã o se im põe com violên cia
com o lei n a t u r a l r egu la dor a , do m esm o m odo qu e a lei da gr a vida de,
qu a n do a a lgu ém a ca sa ca i sobr e a ca beça .114 A det er m in a çã o da
gr a n deza de va lor pelo t em po de t r a ba lh o é, por isso, u m segr edo ocu lt o
sob os m ovim en t os m a n ifest os dos va lor es r ela t ivos da s m er ca dor ia s.
Su a descober t a su per a a a pa r ên cia da det er m in a çã o m er a m en t e ca su a l
da s gr a n deza s de va lor dos pr odu t os de t r a ba lh o, m a s de n en h u m
m odo su a for m a m a t er ia l.
A r eflexã o sobr e a s for m a s de vida h u m a n a , e, por t a n t o, t a m bém
su a a n á lise cien t ífica , segu e sobr et u do u m ca m in h o opost o a o desen -
volvim en t o r ea l. Com eça post festu m e, por isso, com os r esu lt a dos
defin it ivos do pr ocesso de desen volvim en t o. As for m a s qu e cer t ifica m
os pr odu t os do t r a ba lh o com o m er ca dor ia s e, por t a n t o, sã o pr essu post os
da cir cu la çã o de m er ca dor ia s, já possu em a est a bilida de de for m a s
n a t u r a is da vida socia l, a n t es qu e os h om en s pr ocu r em da r -se con t a
n ã o sobr e o ca r á t er h ist ór ico dessa s for m a s, qu e eles a n t es já con si-
der a m im u t á veis, m a s sobr e seu con t eú do. Assim , som en t e a a n á lise
dos pr eços da s m er ca dor ia s levou à det er m in a çã o da gr a n deza do va lor ,
som en t e a expr essã o m on et á r ia com u m da s m er ca dor ia s levou à fixa çã o
de seu ca r á t er de va lor . É exa t a m en t e essa for m a a ca ba da — a for m a
din h eir o — do m u n do da s m er ca dor ia s qu e objet iva m en t e vela , em vez
de r evela r , o ca r á t er socia l dos t r a ba lh os pr iva dos e, por t a n t o, a s r e-
la ções socia is en t r e os pr odu t or es pr iva dos. Qu a n do eu digo ca sa co,
bot a s et c. se r ela cion a m a o lin h o com o a cor por ifica çã o ger a l de t r a ba lh o
h u m a n o a bst r a t o, sa lt a a os olh os o a bsu r do dessa expr essã o. Ma s qu a n -
do os pr odu t or es de ca sa co, bot a s et c. r ela cion a m essa s m er ca dor ia s
a o lin h o — ou a o ou r o e à pr a t a , qu e em n a da m u da a coisa — com o
equ iva len t e ger a l, a r ela çã o dos seu s t r a ba lh os pr iva dos com o t r a ba lh o
socia l t ot a l lh es a pa r ece exa t a m en t e n essa for m a a bsu r da .
Ta is for m a s con st it u em pois a s ca t egor ia s da econ om ia bu r gu esa .
Sã o for m a s de pen sa m en t o socia lm en t e vá lida s e, por t a n t o, objet iva s
pa r a a s con dições de pr odu çã o desse m odo socia l de pr odu çã o, h ist o-
r ica m en t e det er m in a do, a pr odu çã o de m er ca dor ia s. Todo o m ist icism o

114 "Qu e se deve pen sa r de u m a lei qu e se pode im por a pen a s por m eio de r evolu ções per iódica s?
É , pois, u m a lei n a t u r a l, qu e se ba seia n a in con sciên cia dos pa r t icipa n t es." (E NGE LS,
F r iedr ich . “Um r isse zu ein er Kr it ik der Na t ion a loekon om ie”. In : Deu tsch -Fran zoesisch e J ah r-
bu ech er. E dit a do por Ar n old Ru ge e Ka r l Ma r x, P a r is, 1844.)

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OS ECON OMIS TAS

do m u n do da s m er ca dor ia s, t oda a m a gia e a fa n t a sm a gor ia qu e en e-


voa m os pr odu t os de t r a ba lh o n a ba se da pr odu çã o de m er ca dor ia s
desa pa r ecem , por isso, im edia t a m en t e, t ã o logo n os r efu giem os em ou -
t r a s for m a s de pr odu çã o.
Com o a E con om ia P olít ica gost a de r obin son a da s,115 a pa r ece pr i-
m eir o Robin son em su a ilh a . Moder a do por or igem , ele pr ecisa sa t is-
fa zer , en t r et a n t o, a vá r ia s n ecessida des e, por isso, t em de execu t a r
t r a ba lh os ú t eis de difer en t es espécies, fa zer fer r a m en t a s, fa br ica r m ó-
veis, dom est ica r lh a m a s, pesca r , ca ça r et c. Nã o fa la m os a qu i da s or a ções
e coisa s sem elh a n t es, por qu e n osso Robin son se com pr a z n ela s e con -
sider a t a is a t ivida des r ecr eio. Apesa r da diver sida de de su a s fu n ções
pr odu t iva s ele sa be qu e ela s sã o a pen a s difer en t es for m a s da a t ivida de
do m esm o Robin son , por t a n t o, som en t e m odos difer en t es de t r a ba lh o
h u m a n o. A pr ópr ia n ecessida de o obr iga a dist r ibu ir seu t em po m in u -
ciosa m en t e en t r e su a s difer en t es fu n ções. Se u m a ocu pa m a is, ou t r a
m en os espa ço n a su a a t ivida de t ot a l depen de da m a ior ou m en or di-
ficu lda de qu e se t em de ven cer pa r a con segu ir o efeit o ú t il pr et en dido.
A exper iên cia lh e en sin a isso, e n osso Robin son , qu e sa lvou do n a u fr á gio
o r elógio, o livr o r a zã o, t in t a e ca n et a , com eça , com o bom in glês, logo
a escr it u r a r a si m esm o. Seu in ven t á r io con t ém u m a r ela çã o dos objet os
de u so qu e ele possu i, da s diver sa s oper a ções r equ er ida s pa r a su a
pr odu çã o e, fin a lm en t e, do t em po de t r a ba lh o qu e em m édia lh e cu st a m
det er m in a da s qu a n t ida des desses difer en t es pr odu t os. Toda s a s r ela -
ções en t r e Robin son e a s coisa s qu e for m a m su a r iqu eza , por ele m esm o
cr ia da , sã o a qu i t ã o sim ples e t r a n spa r en t es qu e a t é o sr . M. Wir t h
dever ia en t en dê-la s, sem ext r a or din á r io esfor ço in t elect u a l. E t oda via
já con t ém t oda s a s ca r a ct er íst ica s essen cia is do va lor .
Desloqu em o-n os da ilh a lu m in osa de Robin son à som br ia Ida de
Média eu r opéia . E m vez do h om em in depen den t e, en con t r a m os a qu i
t odos depen den t es — ser vos e sen h or es feu da is, va ssa los e su ser a n os,
leigos e clér igos. A depen dên cia pessoa l ca r a ct er iza t a n t o a s con dições
socia is da pr odu çã o m a t er ia l qu a n t o a s esfer a s de vida est r u t u r a da s
sobr e ela . Ma s, ju st a m en t e por qu e r ela ções de depen dên cia pessoa l
con st it u em a ba se socia l da da , os t r a ba lh os e pr odu t os n ã o pr ecisa m

115 Not a à 2ª ediçã o. Rica r do t a m bém n ã o est á livr e de su a r obin son a da . “E le fa z im edia t a m en t e
o pesca dor e o ca ça dor pr im it ivos, com o possu idor es de m er ca dor ia s, t r oca r o peixe e a
ca ça , em pr opor çã o a o t em po de t r a ba lh o m a t er ia liza do n esses va lor es de t r oca . Nessa
opor t u n ida de ele ca i n o a n a cr on ism o de fa zer com qu e pesca dor es e ca ça dor es pr im it ivos,
pa r a ca lcu la r o va lor de seu s in st r u m en t os de t r a ba lh o, u t ilizem a s t a bela s de a n u ida des
de u so cor r en t e em 1817 n a Bolsa de Lon dr es. Os ‘pa r a lelogr a m os do sr . Owen ’* pa r ecem
ser a ú n ica for m a de socieda de qu e ele con h ecia a lém da bu r gu esa .” (MARX, Ka r l. Z u r
Kritik et c. p. 38-39.)
*
Rica r do m en cion a os “pa r a lelogr a m os do sr . Owen ” em seu escr it o On Protection to Agri-
cu ltu re. 4ª ed., Lon dr es, 1822. p. 21. E m seu s pla n os u t ópicos de u m a r efor m a socia l, Owen
pr ocu r ou com pr ova r qu e t a n t o sob o a spect o da r en t a bilida de com o da vida dom ést ica ser ia
m a is con ven ien t e a ssen t a r u m a colôn ia em for m a de u m pa r a lelogr a m o. (N. da E d. Alem ã .)

202
MARX

adquirir form a fantástica, diferente de sua realidade. Eles entram na


engrenagem social com o serviços e pagamentos em natura. A form a natural
do trabalho, sua particularidade, e não, com o na base da produção de
mercadorias, a sua generalidade, é aqui sua form a diretamente social. A
corvéia m ede-se tanto pelo tempo quanto o trabalho que produz merca-
dorias, m as cada servo sabe que é certa quantidade de sua força pessoal
de trabalho que ele despende no serviço do seu senhor. O dízim o, a ser
pago ao cura, é mais claro que a bênção do cura. Portanto, como quer
que se julguem as máscaras que os hom ens, ao se defrontarem aqui,
vestem , as relações sociais entre as pessoas em seus trabalhos aparecem
em qualquer caso com o suas próprias relações pessoais, e não são disfar-
çadas em relações sociais das coisas, dos produtos de trabalho.
P a r a obser va r o t r a ba lh o com u m , ist o é, o t r a ba lh o dir et a m en t e
socia liza do, n ã o pr ecisa m os volt a r à for m a n a t u r a lm en t e desen volvida
do m esm o qu e en con t r a m os n o lim ia r da h ist ór ia de t odos os povos
civiliza dos.116 A in dú st r ia r u r a l pa t r ia r ca l de u m a fa m ília ca m pon esa ,
qu e pr odu z pa r a seu pr ópr io u so cer ea is, ga do, fio, lin h o, peça s de
r ou pa et c., con st it u i u m exem plo m a is pr óxim o. E ssa s diver sa s coisa s
defr on t a m -se à fa m ília com o pr odu t os difer en t es de seu t r a ba lh o fa -
m ilia r m a s n ã o se r ela cion a m en t r e si com o m er ca dor ia s. Os t r a ba lh os
difer en t es qu e cr ia m esses pr odu t os, la vou r a , pecu á r ia , fia çã o, t ecela -
gem , cost u r a et c., sã o n a su a for m a n a t u r a l fu n ções socia is, por ser em
fu n ções da fa m ília , qu e possu i su a pr ópr ia divisã o de t r a ba lh o n a t u -
r a lm en t e desen volvida , a ssim com o a t em a pr odu çã o de m er ca dor ia s.
Diferenças de sexo e idade e as condições naturais do trabalho, que m udam
com as estações do ano, regulam sua distribuição dentro da fam ília e o
tempo de trabalho dos m embros individuais da família. O dispêndio das
forças individuais de trabalho, m edido pela sua duração, aparece aqui,
porém , desde sua origem como determ inação social dos próprios trabalhos,
porque as forças de trabalho individuais a partir de sua origem só atuam
como órgãos da força com um de trabalho da família.
Im a gin em os, fin a lm en t e, pa r a va r ia r , u m a a ssocia çã o de h om en s
livr es, qu e t r a ba lh a m com m eios de pr odu çã o com u n a is, e despen dem
su a s n u m er osa s for ça s de t r a ba lh o in dividu a is con scien t em en t e com o
u m a ú n ica for ça socia l de t r a ba lh o. Repet em -se a qu i t oda s a s det er -
m in a ções do t r a ba lh o de Robin son , só qu e de m odo socia l em vez de

116 Not a à 2ª ediçã o. “É u m pr econ ceit o r idícu lo, difu n dido r ecen t em en t e, de qu e a for m a de
pr opr ieda de com u n a l qu e se desen volveu de m odo n a t u r a l seja especifica m en t e for m a esla va ,
a t é m esm o exclu siva m en t e for m a r u ssa . E la é a for m a or igin a l, qu e podem os com pr ova r
en t r e r om a n os, ger m a n os, celt a s, da qu a l, por ém , u m m ost r u á r io com plet o com m ú lt ipla s
pr ova s se en con t r a a in da h oje en t r e os h in du s, m esm o qu e pa r cia lm en t e em r u ín a s. Um
est u do m a is exa t o da s for m a s a siá t ica s de pr opr ieda de com u n a l, especia lm en t e da s in dia n a s,
com pr ova r ia com o da s dist in t a s for m a s de pr opr ieda de com u n a l desen volvida n a t u r a lm en t e
r esu lt a m difer en t es for m a s de su a dissolu çã o. Assim podem ser der iva dos, por exem plo, os
difer en t es t ipos or igin a is de pr opr ieda de pr iva da r om a n a e ger m â n ica da s difer en t es for m a s
de pr opr ieda de colet iva in dia n a .” (MARX, Ka r l. Z u r Kritik et c. p. 10.)

203
OS ECON OMIS TAS

in dividu a l. Todos os pr odu t os de Robin son er a m exclu siva m en t e pr o-


du t o pessoa l seu , e, por isso, dir et a m en t e objet os de u so pa r a ele. O
pr odu t o t ot a l da a ssocia çã o é u m pr odu t o socia l. P a r t e desse pr odu t o
ser ve n ova m en t e com o m eio de pr odu çã o. E la per m a n ece socia l. Ma s
pa r t e é con su m ida pelos sócios com o m eios de su bsist ên cia . P or isso,
t em de ser dist r ibu ída en t r e eles. O m odo dessa dist r ibu içã o va r ia r á
com a espécie pa r t icu la r do pr ópr io or ga n ism o socia l de pr odu çã o e o
cor r espon den t e n ível de desen volvim en t o h ist ór ico dos pr odu t or es. Só
pa r a fa zer u m pa r a lelo com a pr odu çã o de m er ca dor ia s, pr essu pom os
qu e a pa r t e de ca da pr odu t or n os m eios de su bsist ên cia seja det er m i-
n a da pelo seu t em po de t r a ba lh o. O t em po de t r a ba lh o desem pen h a r ia ,
por t a n t o, du plo pa pel. Su a dist r ibu içã o socia lm en t e pla n eja da r egu la
a pr opor çã o cor r et a da s difer en t es fu n ções de t r a ba lh o, con for m e a s
diver sa s n ecessida des. P or ou t r o la do, o t em po de t r a ba lh o ser ve si-
m u lt a n ea m en t e de m edida da pa r t icipa çã o in dividu a l dos pr odu t or es
n o t r a ba lh o com u m e, por isso, t a m bém n a pa r t e a ser con su m ida
in dividu a lm en t e do pr odu t o com u m . As r ela ções socia is dos h om en s
com seu s t r a ba lh os e seu s pr odu t os de t r a ba lh o con t in u a m a qu i t r a n s-
pa r en t em en t e sim ples t a n t o n a pr odu çã o qu a n t o n a dist r ibu içã o.
P a r a u m a socieda de de pr odu t or es de m er ca dor ia s, cu ja r ela çã o
socia l ger a l de pr odu çã o con sist e em r ela cion a r -se com seu s pr odu t os
com o m er ca dor ia s, por t a n t o com o va lor es, e n essa for m a r eifica da r e-
la cion a r m u t u a m en t e seu s t r a ba lh os pr iva dos com o t r a ba lh o h u m a n o
igu a l, o cr ist ia n ism o, com seu cu lt o do h om em a bst r a t o, é a for m a de
r eligiã o m a is a dequ a da , n ot a da m en t e em seu desen volvim en t o bu r gu ês,
o pr ot est a n t ism o, o deísm o et c. Nos m odos de pr odu çã o da velh a Ásia
e da An t igu ida de et c., a t r a n sfor m a çã o do pr odu t o em m er ca dor ia , e,
por t a n t o, a exist ên cia dos h om en s com o pr odu t or es de m er ca dor ia s,
desem pen h a pa pel su bor din a do, qu e por ém se t or n a t a n t o m a is im -
por t a n t e qu a n t o m a is a s com u n ida des en t r a m n a fa se de declín io. P ovos
pr opr ia m en t e com er cia n t es só exist em n os in t er m ú n dios do m u n do a n -
t igo, com o os deu ses de E picu r o117 ou com o os ju deu s n os por os da
socieda de polon esa . Aqu eles a n t igos or ga n ism os socia is de pr odu çã o
sã o ext r a or din a r ia m en t e m a is sim ples e t r a n spa r en t es qu e o or ga n ism o
bu r gu ês m a s eles ba seia m -se n a im a t u r ida de do h om em in dividu a l,
qu e n ã o se despr en deu do cor dã o u m bilica l da liga çã o n a t u r a l a os
ou t r os do m esm o gên er o, ou em r ela ções dir et a s de dom ín io e ser vidã o.
E les sã o con dicion a dos por u m ba ixo n ível de desen volvim en t o da s
for ça s pr odu t iva s do t r a ba lh o e r ela ções cor r espon den t em en t e lim it a da s
dos h om en s den t r o do pr ocesso m a t er ia l da pr odu çã o de su a vida , por -
t a n t o, en t r e si e com a n a t u r eza . E ssa r est r içã o r ea l se r eflet e idea l-

117 Segu n do a idéia do a n t igo filósofo gr ego E picu r o, os deu ses exist ir a m n os in t er m ú n dios,
os espa ços en t r e os m u n dos; eles n ã o t êm n en h u m a in flu ên cia n em sobr e o desen volvim en t o
do u n iver so n em sobr e a vida do h om em . (N. da E d. Alem ã .)

204
MARX

mente nos cultos da Natureza e nas religiões populares da Antiguidade.


O reflexo religioso do mundo real somente pode desaparecer quando as
circunstâncias cotidianas, da vida prática, representarem para os homens
relações transparentes e racionais entre si e com a natureza. A figura do
processo social da vida, isto é, do processo da produção m aterial, apenas
se desprenderá do seu místico véu nebuloso quando, como produto de
homens livremente socializados, ela ficar sob seu controle consciente e
planejado. Para tanto, porém , se requer um a base material da sociedade
ou um a série de condições materiais de existência, que, por sua vez, são
o produto natural de um a evolução histórica longa e penosa.
A E con om ia P olít ica a n a lisou , de fa t o, em bor a in com plet a m en -
118
t e, va lor e gr a n deza de va lor e o con t eú do ocu lt o n essa s for m a s.
Ma s n u n ca ch egou a per gu n t a r por qu e esse con t eú do a ssu m e a qu ela
for m a , por qu ê, por t a n t o, o t r a ba lh o se r epr esen t a pelo va lor e a m edida
do t r a ba lh o, por m eio de su a du r a çã o, pela gr a n deza do va lor do pr odu t o
de t r a ba lh o.119 F ór m u la s qu e n ã o deixa m lu ga r a dú vida s de qu e per -

118 A in su ficiên cia da a n á lise de Rica r do da gr a n deza de va lor — e ela é a m elh or — ser á
dem on st r a da n os Livr os Ter ceir o e Qu a r t o desse escr it o. Qu a n t o a o va lor em ger a l, a E co-
n om ia P olít ica clá ssica , em lu ga r a lgu m , dist in gu e expr essa m en t e e com con sciên cia cla r a
o t r a ba lh o, com o ele se r epr esen t a n o va lor , do m esm o t r a ba lh o, com o ele se r epr esen t a n o
va lor de u so de seu pr odu t o. Na t u r a lm en t e, ela fa z de fa t o essa dist in çã o, pois por u m la do
con sider a o t r a ba lh o sob o a spect o qu a n t it a t ivo, por ou t r o sob o a spect o qu a lit a t ivo. Nã o
lh e ocor r e, por ém , qu e a m er a difer en ça qu a n t it a t iva en t r e os t r a ba lh os pr essu põe su a
u n ida de ou igu a lda de qu a lit a t iva , por t a n t o, su a r edu çã o a t r a ba lh o h u m a n o a bst r a t o. Ri-
ca r do, por exem plo, decla r a -se de a cor do com Dest u t t de Tr a cy, qu a n do est e diz: “Vist o qu e
é segu r o qu e som en t e n ossa s ca pa cida des física s e espir it u a is sã o n ossa r iqu eza or igin a l,
é o u so dessa s ca pa cida des, cer t a espécie de t r a ba lh o, n osso t esou r o or igin a l; é sem pr e esse
u so a qu ele qu e cr ia t oda s a qu ela s coisa s, qu e den om in a m os r iqu eza . (...) Além disso é sa bido
qu e t oda s essa s coisa s r epr esen t a m a pen a s o t r a ba lh o qu e a s cr iou , e se ela s t êm u m va lor
ou a t é m esm o dois va lor es difer en t es, en t ã o a pen a s podem t ê-los a pa r t ir (do va lor ) do
t r a ba lh o do qu a l eles se or igin a m ”. (RICARDO. T h e Prin ciples of Pol. E con . 3ª ed., Lon dr es,
1821. p. 334.* ) Apen a s in dica m os qu e Rica r do a t r ibu i a Dest u t t seu pr ópr io sen t ido m a is
pr ofu n do. Dest u t t , de fa t o, diz, por u m la do, qu e t oda s a s coisa s qu e for m a m a r iqu eza
“r epr esen t a m o t r a ba lh o qu e a s cr iou ”, por ou t r o la do, por ém , qu e ela s r ecebem seu s “dois
va lor es difer en t es” (va lor de u so e va lor de t r oca ) do “va lor do t r a ba lh o”. E le ca i a ssim n a
su per ficia lida de da econ om ia vu lga r , qu e pr essu põe o va lor de u m a m er ca dor ia (a qu i do
t r a ba lh o) pa r a por m eio disso det er m in a r depois o va lor da s ou t r a s m er ca dor ia s. Rica r do
o lê de t a l for m a qu e, t a n t o n o va lor de u so com o n o va lor de t r oca , r epr esen t a -se t r a ba lh o
(n ã o o va lor do t r a ba lh o). E le m esm o, por ém , dist in gu e t ã o pou co a s du a s fa ces do ca r á t er
do t r a ba lh o qu e se r epr esen t a du pla m en t e, qu e é obr iga do por t odo o ca pít u lo “Va lu e
a n d Rich es, t h eir Dist in ct ive P r oper t ies” a se h a ver , com m u it o esfor ço, com a s t r ivia -
lida des de u m J .-B. S a y. N o fim , ele fica , por t a n t o, t odo su r pr een dido qu e Dest u t t con cor de
com ele sobr e o t r a ba lh o com o fon t e de va lor e a in da a ssim com Sa y, sobr e o con ceit o
de va lor .
*
Com pa r e DE STUTT DE TRACY. É tém en ts d ’Id éologie. P a r t es Qu a r t a e Qu in t a . P a r is,
1826. p. 35-36. (N. da E d. Alem ã .)
119 É u m a da s fa lh a s bá sica s da E con om ia P olít ica clá ssica n ã o t er ja m a is con segu ido descobr ir ,
a pa r t ir da a n á lise da m er ca dor ia e, m a is especia lm en t e, do va lor da s m er ca dor ia s, a for m a
va lor , qu e ju st a m en t e o t or n a va lor de t r oca . P r ecisa m en t e, seu s m elh or es r epr esen t a n t es,
com o A. Sm it h e Rica r do, t r a t a m a for m a va lor com o a lgo t ot a lm en t e in difer en t e ou com o
a lgo ext er n o à pr ópr ia n a t u r eza da m er ca dor ia . A r a zã o n ã o é a pen a s qu e a a n á lise da
gr a n deza de va lor a bsor ve t ot a lm en t e su a a t en çã o. É m a is pr ofu n da . A for m a va lor do
pr odu t o de t r a ba lh o é a for m a m a is a bst r a t a , con t u do t a m bém a for m a m a is ger a l do m odo
bu r gu ês de pr odu çã o qu e por m eio disso se ca r a ct er iza com o u m a espécie pa r t icu la r de

205
OS ECON OMIS TAS

t en cem a u m a for m a çã o socia l em qu e o pr ocesso de pr odu çã o dom in a


os h om en s, e a in da n ã o o h om em o pr ocesso de pr odu çã o, sã o con si-
der a da s por su a con sciên cia bu r gu esa u m a n ecessida de n a t u r a l t ã o
eviden t e qu a n t o o pr ópr io t r a ba lh o pr odu t ivo. P or isso, ela t r a t a a s
for m a s pr é-bu r gu esa s do or ga n ism o socia l de pr odu çã o com o os pa dr es
da Igr eja a s r eligiões pr é-cr ist ã s.120

pr odu çã o socia l e, com isso, a o m esm o t em po h ist or ica m en t e. Se n o en t a n t o for vist a de


m a n eir a er r ôn ea com o a for m a n a t u r a l et er n a de pr odu çã o socia l, deixa -se t a m bém n eces-
sa r ia m en t e de ver o específico da for m a va lor , por t a n t o, da for m a m er ca dor ia , de m odo
m a is desen volvido da for m a din h eir o, da for m a ca pit a l et c. E n con t r a m -se por isso en t r e
econ om ist a s, qu e con cor da m in t eir a m en t e com a m edida da gr a n deza de va lor por m eio
do t em po de t r a ba lh o, os m a is con t r a dit ór ios e con fu sos con ceit os de din h eir o, ist o é, da
figu r a t er m in a da do equ iva len t e ger a l. Isso a pr esen t a -se de for m a m a is ca ba l, por exem plo,
n o t r a t a m en t o do sist em a ba n cá r io, n o qu a l já n ã o ba st a m a s defin ições ba n a is do din h eir o.
Com o a n t ít ese, por t a n t o, cr iou -se u m m er ca n t ilism o r est a u r a do (Ga n ilh et c.), o qu a l vê n o
va lor a pen a s a for m a socia l ou , m a is pr ecisa m en t e, a pen a s su a a pa r ên cia sem su bst â n cia .
— E pa r a escla r ecer de u m a vez por t oda s, en t en do com o E con om ia P olít ica clá ssica t oda
econ om ia desde W. P et t y qu e in vest iga o n exo in t er n o da s con dições de pr odu çã o bu r gu esa s
com o a n t ít ese da econ om ia vu lga r , qu e a pen a s se m ove den t r o do n exo a pa r en t e, r u m in a
con st a n t em en t e de n ovo o m a t er ia l já h á m u it o for n ecido pela econ om ia cien t ífica ofer ecen do
u m en t en dim en t o pla u sível dos fen ôm en os, por a ssim dizer , m a is gr osseir os e pa r a o u so
ca seir o, da bu r gu esia , e lim it a -se, de r est o, a sist em a t iza r , peda n t iza r e pr ocla m a r com o
ver da des et er n a s a s idéia s ba n a is e pr esu n çosa s qu e os a gen t es da pr odu çã o bu r gu esa
for m a m sobr e seu m u n do, pa r a eles o m elh or possível.
120 "Os econ om ist a s t êm u m m odo pecu lia r de pr oceder . P a r a eles h á a pen a s du a s espécies
de in st it u içã o, a s a r t ificia is e a s n a t u r a is. As in st it u ições do feu da lism o sã o a r t ificia is, a s
da bu r gu esia , n a t u r a is. E les igu a la m -se n isso a os t eólogos, qu e t a m bém dist in gu em dois
t ipos de r eligiã o. Toda r eligiã o, qu e n ã o su a pr ópr ia , é u m a in ven çã o dos h om en s, a su a
pr ópr ia n o en t a n t o u m a r evela çã o divin a . — Assim por t a n t o h ou ve h ist ór ia , m a s a gor a
n ã o h á m a is." (MARX, Ka r l. M isère d e la Ph ilosoph ie. R épon se a la Ph ilosoph ie d e la
M isère d e M . Prou d h on . 1847. p. 113.) Ver da deir a m en t e en gr a ça do é o sen h or Ba st ia t , qu e
im a gin a qu e os a n t igos gr egos e r om a n os t er ia m vivido a pen a s do r ou bo. Qu a n do por ém
se vive m u it os sécu los do r ou bo, t em qu e h a ver con st a n t em en t e a lgo pa r a r ou ba r , ou seja ,
o objet o do r ou bo t em qu e r epr odu zir -se in cessa n t em en t e. P a r ece, por t a n t o, qu e t a m bém
os gr egos e r om a n os t in h a m u m pr ocesso de pr odu çã o, por t a n t o, u m a econ om ia , a qu a l
for m a va a ba se m a t er ia l de seu m u n do, t a n t o qu a n t o a econ om ia bu r gu esa for m a a do
m u n do a t u a l. Ou t a lvez Ba st ia t qu eir a dizer qu e u m sist em a de pr odu çã o, qu e se ba seia
em t r a ba lh o escr a vo, se a póia n u m sist em a de r ou bo? E le coloca -se, en t ã o, em t er r en o
per igoso. Se u m giga n t e do pen sa m en t o com o Ar ist ót eles, em su a a pr ecia çã o do t r a ba lh o
escr a vo, er r ou , por qu e dever ia u m econ om ist a a n ã o em su a a pr ecia çã o do t r a ba lh o a ssa -
la r ia do a cer t a r ? Apr oveit o essa opor t u n ida de pa r a r efu t a r , de for m a br eve, u m a objeçã o
qu e m e foi feit a , qu a n do do a pa r ecim en t o de m eu escr it o Z u r Kritik d er Pol. Oek on om ie,
1859, por u m jor n a l t eu t o-a m er ica n o. E st e dizia , m in h a opin iã o, qu e det er m in a do sist em a
de pr odu çã o e a s r ela ções de pr odu çã o a ele cor r espon den t es, de ca da vez, em su m a , “a
est r u t u r a econ ôm ica da socieda de ser ia a ba se r ea l sobr e a qu a l leva n t a -se u m a su per es-
t r u t u r a ju r ídica e polít ica e à qu a l cor r espon der ia m det er m in a da s for m a s socia is de con s-
ciên cia ”, qu e “o m odo de pr odu çã o da vida m a t er ia l con dicion a r ia o pr ocesso da vida socia l,
polít ica e in t elect u a l em ger a l” — t u do isso est a r ia a t é m esm o cer t o pa r a o m u n do a t u a l,
dom in a do pelos in t er esses m a t er ia is, m a s n ã o pa r a a Ida de Média , dom in a da pelo ca t oli-
cism o, n em pa r a At en a s e Rom a , on de dom in a va a polít ica . E m pr im eir o lu ga r , é est r a n h á vel
qu e a lgu ém pr efir a su por qu e esses lu ga r es-com u n s a r qu icon h ecidos sobr e a Ida de Média
e o m u n do a n t igo seja m ign or a dos por a lgu m a pessoa . Deve ser cla r o qu e a Ida de Média
n ã o podia viver do ca t olicism o n em o m u n do a n t igo da polít ica . A for m a e o m odo com o
eles ga n h a va m a vida explica , a o con t r á r io, por qu e lá a polít ica , a qu i o ca t olicism o, de-
sem pen h a va o pa pel pr in cipa l. De r est o ba st a pou co con h ecim en t o, por exem plo, da h ist ór ia
r epu blica n a de Rom a , pa r a sa ber qu e a h ist ór ia da pr opr ieda de fu n diá r ia con st it u i su a
h ist ór ia secr et a . P or ou t r o la do, Dom Qu ixot e já pa gou pelo er r o de pr esu m ir qu e a ca va la r ia
a n da n t e ser ia igu a lm en t e com pa t ível com t oda s a s for m a s econ ôm ica s da socieda de.

206
MARX

At é qu e pon t o u m a pa r t e dos econ om ist a s é en ga n a da pelo fet i-


ch ism o a der ido a o m u n do da s m er ca dor ia s ou pela a pa r ên cia objet iva
da s det er m in a ções socia is do t r a ba lh o dem on st r a , en t r e ou t r a s coisa s,
a dispu t a a bor r ecida e in sípida sobr e o pa pel da Na t u r eza n a for m a çã o
do va lor de t r oca . Com o o va lor de t r oca é u m a m a n eir a socia l específica
de expr essa r o t r a ba lh o em pr ega do n u m a coisa , n ã o pode con t er m a is
m a t ér ia n a t u r a l do qu e, por exem plo, a cot a çã o de câ m bio.
Com o a for m a m er ca dor ia é a for m a m a is ger a l e m en os desen -
volvida da pr odu çã o bu r gu esa , r a zã o por qu e a pa r ece cedo, em bor a
n ã o da m esm a m a n eir a dom in a n t e e, por t a n t o, ca r a ct er íst ica com o
h oje em dia , seu ca r á t er fet ich ist a pa r ece a in da r ela t iva m en t e fá cil de
pen et r a r . Na s for m a s m a is con cr et a s desa pa r ece m esm o essa a pa r ên cia
da sim plicida de. De on de pr ovier a m a s ilu sões do sist em a m on et á r io?
Nã o r econ h eceu a o ou r o e à pr a t a qu e eles r epr esen t a m , com o din h eir o,
u m a r ela çã o socia l de pr odu çã o, por ém , n a for m a de objet os n a t u r a is
com in sólit a s pr opr ieda des socia is. E a E con om ia m oder n a , qu e so-
br a n ceir a olh a o sist em a m on et á r io de cim a pa r a ba ixo, n ã o se t or n a
eviden t e seu fet ich ism o logo qu e t r a t a do ca pit a l? H á qu a n t o t em po
desa pa r eceu a ilu sã o fisiocr á t ica de qu e a r en da da t er r a or igin a -se
do solo e n ã o da socieda de?
P a r a n ã o a n t ecipa r , por ém , lim it a m o-n os a qu i a da r m a is u m
exem plo r ela t ivo à pr ópr ia for m a m er ca dor ia . Se a s m er ca dor ia s pu -
dessem fa la r , dir ia m : É possível qu e n osso va lor de u so in t er esse
a o h om em . E le n ã o n os com p et e en qu a n t o coisa s. Ma s o qu e n os
com pet e en qu a n t o coisa s é n osso va lor . N ossa pr ópr ia cir cu la çã o
com o coisa s m er ca n t is d em on st r a isso. N ós n os r ela cion a m os u m a s
com a s ou t r a s som en t e com o va lor es de t r oca . Ou ça m os a gor a com o
a fa la d o econ om ist a r evela a a lm a da m er ca d or ia :
“Valor (valor de troca) é propriedade das coisas, riqueza (valor
de uso) do homem . Valor, nesse sentido, implica necessariamente
troca, riqueza não.121 Riqueza (valor de uso) é um atributo do hom em,
valor um atributo das mercadorias. Um homem , ou um a com uni-
dade, é rico; um a pérola ou um diamante, é valiosa. (...) Uma pérola
ou um diamante tem valor com o pérola ou diam ante".122
At é a gor a n en h u m qu ím ico descobr iu va lor de t r oca em pér ola s
ou dia m a n t es. Os descobr idor es econ ôm icos dessa su bst â n cia qu ím ica ,
qu e se pr et en dem pa r t icu la r m en t e pr ofu n dos n a cr ít ica , a ch a m , por ém ,
qu e o va lor de u so da s coisa s é in depen den t e de su a s pr opr ieda des

121 ”Va lu e is a pr oper t y of t h in gs, r ich es of m a n . Va lu e, in t h is sen se, n ecessa r ily im plies
exch a n ges, r ich es do n ot ." (Observation s on som e Verbal Dispu tes in Pol. E con ., Particu larly
R elatin g to Valu e, an d to S u pply an d Dem an d . Lon dr es, 1821. p. 16.)
122 "Rich es a r e t h e a t t r ibu t e of m a n , va lu e is t h e a t t r ibu t e of com m odit es. A m a n or a com m u n it y
is r ich a pea r l or a dia m on d is va lu a ble. (...) A pea r l or a dia m on d is va lu a ble a s a pea r l
or dia m on d." (BAILE Y, S. Op. cit., p. 165 et seqs.)

207
OS ECON OMIS TAS

en qu a n t o coisa s, qu e seu va lor , a o con t r á r io, lh es é a t r ibu ído en qu a n t o


coisa s. O qu e lh es con fir m a isso é a est r a n h a cir cu n st â n cia qu e o va lor
de u so da s coisa s se r ea liza pa r a o h om em sem t r oca , por t a n t o, n a
r ela çã o dir et a en t r e coisa e h om em , m a s seu va lor , a o con t r á r io, se
r ea liza a pen a s n a t r oca , ist o é, n u m pr ocesso socia l. Qu em n ã o se
lem br a a qu i do bom Dogber r y, en sin a n do a o vigila n t e Sea coa l:123
“Ser u m h om em de boa a pa r ên cia é u m a dá diva da s cir cu n s-
t â n cia s, m a s sa ber ler e escr ever pr ovém da n a t u r eza .”124

123 SH AKE SP E ARE . M u ch Ad o Abou t N oth in g. At o III. Cen a III. (N. da E d. Alem ã .)
124 O a u t or de Observation s e S. Ba iley a cu sa m Rica r do de qu e ele t er ia t r a n sfor m a do o va lor
de t r oca de a lgo a pen a s r ela t ivo em a bsolu t o. Ao con t r á r io. E le r edu ziu a r ela t ivida de
a pa r en t e, qu e est a s coisa s, dia m a n t e e pér ola , por exem plo, possu em com o va lor es de t r oca ,
à ver da deir a r ela çã o, qu e se ocu lt a por t r á s dessa a pa r ên cia , à su a r ela t ivida de com o m er a s
expr essões do t r a ba lh o h u m a n o. Se os r ica r dia n os r espon dem a Ba iley com gr osser ia , m a s
n ã o com a cer t o, isso se deve som en t e a qu e eles n ã o en con t r a r a m n o pr ópr io Rica r do
n en h u m a explica çã o sobr e a con exã o in t er n a en t r e va lor e for m a va lor ou va lor de t r oca .

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