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ESTUDO-VIDA

DE
ZACARIAS

Witness Lee
ESTUDO-VIDA DE ZACARIAS
CONTEÚDO

1. Uma Palavra Introdutória

2. As Visões de Consolação e Promessa (1)

3. As Visões de Consolação e Promessa (2)

4. As Visões de Consolação e Promessa (3)

5. As Visões de Consolação e Promessa (4)

6. As Visões de Consolação e Promessa (5)

7. As Visões de Consolação e Promessa (6)

8. Advertência a Israel para Voltar-se da Vaidade da Sua Religião


Ritualística para a Realidade de uma Vida Piedosa, e o Desejo de Jeová de
Restaurar Israel

9. As Profecias de Encorajamento (1)

10. As Profecias de Encorajamento (2)

11. As Profecias de Encorajamento (3)

12. As Profecias de Encorajamento (4)

13. As Profecias de Encorajamento (5)


14. As Profecias de Encorajamento (6)

15. Uma Palavra Com Respeito ao Espírito Humano e o Cristo Revelado


em Zacarias

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ESTUDO-VIDA DE ZACARIAS
MENSAGEM UM

UMA PALAVRA INTRODUTÓRIA

Leitura bíblica: Zc 1:1-6

Com esta mensagem começamos o estudo-vida de Zacarias.

I. O STATUS DE ZACARIAS

A. Neto de Ido e Filho de Berequias

Zacarias era neto de Ido e filho de Berequias (Zc 1:1). Em hebraico


o nome Ido quer dizer ―em um tempo designado‖; o nome Berequias quer
dizer ―Jeová abençoará‖; e o nome Zacarias quer dizer ―Jeová Se
lembrará.‖ Enfim, o significado total dos três nomes Zacarias, Berequias e
Ido é que num tempo designado Jeová abençoará e Jeová Se lembrará.

B. Nascido de uma Família Sacerdotal no Cativeiro


e Se Tornando um Profeta Que Retornou a Judá

Zacarias nasceu numa família sacerdotal no cativeiro (Ne 12:1, 4, 12,


16). Ele foi primeiro um sacerdote, e então se tornou um profeta. Ele
retornou à Judá com Zorobabel no tempo do profeta Ageu em cerca de 520
a.C. (Esdras 5:1). Zacarias e Ageu encorajaram a edificação do templo de
Deus sob as mãos de Zorobabel e Josué. Josué era o sumo sacerdote,
representando o sacerdócio, e Zorobabel, um descendente da família real,
era o governador de Judá, representando o reinado. Assim, o templo de
Deus foi edificado por meio do reinado com o sacerdócio. Da mesma
forma, na edificação da igreja como o Corpo de Cristo, tanto o sacerdócio
quanto o reinado são necessários.

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II. A ÉPOCA E O LUGAR DO MINISTÉRIO DE ZACARIAS

A época do ministério de Zacarias foi do segundo ano de Dario


Histapes (1:1; Esdras 4—6; diferente tanto do Dario em Daniel 9:1; 11:1
quanto daquele em Neemias 12:22), até cerca de 518 a.C., o quarto ano de
Dario (7:1).

III. A PALAVRA DE ABERTURA

O livro de Zacarias inicia com uma palavra de exortação aos filhos


de Israel para voltar a Jeová com a promessa de que Jeová Se voltará a eles
(1:2-6). Eles tinham voltado da Babilônia para Jerusalém, mas provável-
mente a maioria deles não tinha voltado a Jeová. O versículo 3 diz, ―Tornai
para mim, diz Jeová dos Exércitos, e tornarei para vós, diz Jeová dos
Exércitos.‖ Aqui temos um princípio: primeiro temos que nos voltar a
Jeová, e então Jeová Se voltará a nós.

IV. O OBJETIVO DA PROFECIA DE ZACARIAS

O objetivo da profecia de Zacarias é uma palavra amável de conso-


lação de Jeová e a promessa para Seu povo escolhido castigado que por
meio da redenção de Cristo, que em Sua humilhação se tornou o
Companheiro de seus sofrimentos no cativeiro deles.

V. O PENSAMENTO CENTRAL DA PROFECIA DE ZACARIAS

O pensamento central da profecia de Zacarias é que Jeová Se lembra


de Seu povo castigado e simpatiza com eles em seu sofrimento da ação
excessiva das nações, no levar a cabo a punição de Israel por Jeová. Deus
usou as nações para punir Israel, porém as nações foram muito longe no
levar a cabo a punição de Deus de Seus eleitos. Para o sofrimento de Israel
pela Sua punição, Deus enviou Cristo como Seu Anjo para estar com eles e
ir com eles por meio de seu cativeiro, que realizou uma excelente redenção
para a sua salvação. Ele também levantou ―ferreiros‖ para tratar com as

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nações que haviam tratado excessivamente com Israel (vv. 20-21). Por
meio de Zacarias, um profeta da restauração, Deus deu a Seu povo
castigado uma palavra amável de consolação e promessa, dizendo que Ele
traria de volta, para seu próprio país, o Israel disperso, com a expectativa
de um tempo de restauração e prosperidade (vv. 12-17; 2:1 – 4:14; 6:9-15;
8:1-23).

Nesse pensamento central há vários fatores importantes: A simpatia


de Deus, a redenção, a salvação, o Salvador, o Redentor e o Libertador. Por
causa de Sua simpatia, Deus veio para consolar o povo a quem Ele tinha
castigado. Nessa obra consoladora, Cristo foi enviado para cumprir a
redenção para a salvação deles, fazendo de Cristo o Salvador deles como
também o seu Redentor. Na redenção de Deus para salvação, Cristo é a
centralidade. Cristo veio a primeira vez para resgatar o eleito de Deus ao
ser crucificado e derramar Seu sangue. Sua segunda vinda não será para
resgatar, mas para libertar o eleito de Deus das mãos do Anticristo e trazer
um tempo de restauração e prosperidade. Assim Cristo é também o
Libertador, fazendo de Cristo a universalidade. Neste único versículo
vemos Cristo na cruz como o centro, e desse centro Cristo está Se
espalhando para a circunferência. Essa é a universalidade de Cristo.
Efésios nos diz que esse Cristo redentor que produziu o Corpo, a igreja, é
Aquele que a tudo enche em todas as coisas (1:22-23). Ele seguramente é a
centralidade e a universalidade no plano de Deus e na redenção de Deus.

VI. UMA COMPARAÇÃO ENTRE OS PROFETAS


ISAÍAS, DANIEL E ZACARIAS

Precisamos fazer uma comparação entre os três profetas, Isaías,


Daniel e Zacarias, em duas questões: na economia de Deus para com Seu
povo escolhido e em Cristo para o povo de Seu interesse.

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A. Na Economia de Deus para com Seu Povo Escolhido

1. Em Isaías

No que diz respeito à economia de Deus para com Seu povo


escolhido, Isaías revela que todas as nações são para Seu povo escolhido
quer seja de maneira positiva ou negativa. A verdadeira preocupação de
Deus é por Israel, e todas as nações são utilizadas por Deus para o
benefício de Israel, de maneira positiva ou negativa. Por exemplo, a
Babilônia sob o governo de Nabucodonosor foi usada de maneira negativa,
considerando que a Média-Pérsia governada por Ciro foi usada de
maneira positiva. Ciro foi escolhido por Deus e era Sua alegria. Deus o
considerou como o pastor do Seu povo no cativeiro deles.

2. Em Daniel

Todas as nações estão soberanamente debaixo do governo divino


de Deus para Israel ser a testemunha de Deus e testemunho na terra.
Satanás usou Nabucodonosor para destruir Judá e levar os judeus cativos
para Babilônia. A intenção de Satanás era terminar o testemunho de Deus
na terra com todas as Suas testemunhas. Mas ele não percebeu que entre
esses cativos, Deus tinha quatro jovens vencedores. Tudo o que Satanás
fazia, esses vencedores tinham uma maneira de se oporem a ela e anulá-la.
Eles venceram a dieta demoníaca, a cegueira diabólica e a sedução de
adoração de ídolo. Todos os dispositivos de Satanás somente resultaram
no testemunho de Deus que foi fortalecido e engrandecido pelos Seus
jovens vencedores. Por fim, a autoridade para governar a terra de
Babilônia estava nas mãos de Daniel e seus três amigos.

3. Em Zacarias

Em Zacarias os procedimentos de todas as nações com Israel são


para Israel experimentar Cristo em sua ignorância. A preocupação de
Deus por Israel é vista nos Seus procedimentos com todas as nações.

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B. Em Cristo para o Povo do Interesse de Deus

1. Em Isaías

O livro de Isaías desvenda Cristo em muitos pontos, principalmente


com respeito ao ser de Cristo, isto é, com respeito ao que Cristo é. Com
relação à Cristo para com o povo do interesse de Deus, em Isaías vemos
que Cristo é conduzido como Aquele que é todo-inclusivo para satisfazer
as necessidades do Israel castigado e das nações julgadas. Deus é muito
misericordioso em Seu procedimento não só para trazer Cristo para Israel,
mas também para com as nações. Portanto, Cristo não só é o Salvador de
Israel, mas também de todas as nações.

2. Em Daniel

O livro de Daniel revela que Cristo é Aquele que é excelente que


veio para ser crucificado para produzir a nova criação para unir-se a Ele
como Sua noiva e que voltará com Sua noiva para dar fim ao governo
humano e substituí-lo com o reino eterno de Deus. Em Daniel vemos que
Cristo em Sua crucificação é o marco entre a velha e a nova criação de
Deus. Em Sua aparição ao profeta, Ele era Aquele que é excelente e
precioso para apreciação e expectativa do povo de Deus. Em Sua aparição
aos poderes humanos na terra, Ele dará fim ao governo humano e se
tornará o reino divino em toda a terra pela eternidade.

3. Em Zacarias

Em Zacarias vemos que Cristo como o Enviado de Deus é um com o


sofrimento do povo de Deus para ser seu Redentor. Também vemos que
na Sua humilhação Ele continua com eles por meio do seu sofrimento para
ser seu Salvador de maneira perfeita e consoladora.

O livro de Zacarias não dá ênfase ao ser de Cristo ou Sua obra.


Antes, revela Cristo como Aquele que foi enviado para Israel como seu Rei,
de forma humilde, todavia Ele foi detestado, vendido, ferido, e trans-
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passado, e, por meio disso, realizou a redenção para eles. Cristo como o
Anjo de Jeová estava com eles no seu cativeiro. Finalmente, Cristo lutará
por Israel e será o Rei sobre toda a terra.

VII. AS SEÇÕES DESTE LIVRO

A. A Palavra Introdutória

A primeira seção do livro de Zacarias é a palavra introdutória em


1:1-6.

B. As Visões de Consolação e Promessa

A segunda seção de Zacarias consiste nas visões de consolação e


promessa (1:7-6:15). Essas visões incluem a visão de um homem como o
Anjo de Jeová montando em um cavalo vermelho e parado entre as
murteiras no fundo do vale (1:7-17); a visão dos quatro chifres e os quatro
ferreiros (1:18-21); a visão de um homem com um cordel de medir em Sua
mão (cap. 2); a visão de Josué o sumo sacerdote aperfeiçoado, estabelecido
e fortalecido pelo Anjo de Jeová com Zorobabel o governador de Judá (cap.
3); a visão do candelabro de ouro e duas oliveiras, uma à sua direita e a
outra à sua esquerda (cap. 4); a visão do rolo volante (5:1-4); a visão do
vaso de efa (5:5-11); a visão dos quatro carros (6:1-8); a palavra conclusiva
para confirmar as oito visões por meio da coroação de Josué como um tipo
de Cristo que edificará o templo de Deus e manterá os dois ofícios—o
sacerdócio e o reinado—em paz no Seu trono (6:9-15).

C. A Advertência a Israel e o Desejo


de Jeová de Restaurar Israel

A próxima seção (caps. 7-8) consiste na advertência a Israel de


voltar da vaidade de sua religião ritualística à realidade de uma vida
piedosa, e o desejo de Jeová de restaurar Israel.

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D. As Profecias de Encorajamento Centradas em Cristo

A última seção (caps. 9-14) abrange as profecias de encorajamento


centradas em Cristo. Essas profecias incluem a profecia relacionada às
nações ao redor de Judá em relação a Israel (cap. 9); a profecia relacionada
à visitação amorosa de Jeová a Israel (cap. 10); a profecia relacionada ao
viver de Israel sob a opressão do império romano (cap. 11); e a profecia
relacionada ao destino de Israel na grande guerra do Armagedom, na
salvação de sua casa, no milênio (caps. 12-14).

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ESTUDO-VIDA DE ZACARIAS
MENSAGEM DOIS

AS VISÕES DE CONSOLAÇÃO E PROMESSA

(1)

Leitura bíblica: Zc 1:7-21

Nesta mensagem consideraremos as duas visões de consolação e


encorajamento em 1:7-21. Ambas as visões são fortes consolações com
doces promessas de expectativa para o sofrimento o Israel.

I. A VISÃO DE UM HOMEM COMO O ANJO DE JEOVÁ


MONTADO NUM CAVALO VERMELHO E PARADO
ENTRE AS MURTEIRAS NO FUNDO DO VALE

A. Um Homem

O versículo 8a diz, ―Tive de noite uma visão, e eis um homem


montado num cavalo vermelho.‖ Este Homem é Cristo em Sua humani-
dade. Para Daniel, esse Homem era excelente; para Zacarias, Ele era muito
zeloso.

B. O Anjo de Jeová

O Homem aqui é o Anjo de Jeová (v. 11a). O Anjo de Jeová é o


próprio Jeová como o Deus Triúno (Êx 3:2a, 4-6, 13-15). O Anjo de Jeová
também é Cristo como a corporificação do Deus Triúno (Cl 2:9) e como o
Enviado de Deus (Jo 5:36-38; 6:38-39). O Anjo de Jeová também é o Anjo
de Deus que escoltou e protegeu Israel no caminho deles do Egito para a
terra prometida (Êx 23:20; 32:34; Jz 6:19-24; Is 63:9).

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C. Montado num Cavalo Vermelho

O Homem nesta visão está montado num cavalo vermelho (Zc 1:8a).
Em Apocalipse 6 o cavalo vermelho representa guerra que sempre envolve
matança, mas aqui o cavalo vermelho representa o mover rápido de Cristo
em Sua redenção mediante o derramar do Seu sangue.

D. As Murteiras

O versículo 8b diz, ―Ele estava parado entre as murteiras que


estavam no vale; atrás dele estavam cavalos vermelhos, baios e brancos.‖
Essas murteiras retratam o povo humilhado de Israel no seu cativeiro.

E. Permanecendo entre as Murteiras no Fundo do Vale

Como Cristo estava montado num cavalo vermelho, Ele estava


parado entre as murteiras que estavam no fundo do vale. O estar parado
de Cristo entre as murteiras que estavam no vale significa que Ele perma-
neceu fortemente entre o Israel capturado na parte mais baixa do vale em
sua humilhação. O Israel capturado estava na mais baixa parte do vale, e
Cristo estava pronto para fazer qualquer coisa por eles rapidamente.
Como Aquele sobre o cavalo vermelho, Cristo, o Redentor, era o Protetor
de Israel, pronto para fazer qualquer coisa por eles rapidamente de modo
a cuidar deles no cativeiro.

F. Atrás do Anjo de Jeová, Havia Cavalos


Vermelhos, Baios e Brancos

―Atrás dele estavam cavalos vermelhos, baios e brancos‖ (v. 8c).


Cristo estava montando num cavalo vermelho, e seguindo O estavam
cavalos de três cores diferentes. Os cavalos de três cores diferentes
indicam que a redenção de Cristo (o cavalo vermelho) conduz o Israel
arrependido (os cavalos baios) para ser justificado e aceito rapidamente
por Deus (os cavalos brancos). Embora eles fossem o povo redimido de
Deus (os cavalos vermelhos), todavia, visto que eles não eram puros, eles
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são retratados também pelos cavalos baios (a cor baia indica mistura). A
palavra vermelho indica redenção, e a palavra baio indica uma mistura.
Eles precisam contatar Deus e serem tratados por Ele de modo a ganhar
Deus e serem justificados por Ele, e assim tornarem-se aqueles retratados
pelos cavalos brancos. Uma vez que eles se arrependam, serão pronta-
mente aceitos por Deus e justificados por Ele.

Esta visão dos cavalos retrata a situação de Israel em seu cativeiro.


Aos olhos de Deus, Cristo o Redentor estava com eles tomando a
liderança, e eles, o povo redimido de Deus, estavam seguindo-O. Visto
que eles eram o povo redimido de Deus, eles aparecem, à primeira vista,
como cavalos vermelhos. Todavia, visto que eles não eram puros, eles são
retratados também pelos cavalos baios (a cor baia indica mistura). Eles
precisam contatar Deus e serem tratados por Ele de modo a ganhar Deus e
serem justificados por Ele, e assim tornarem-se aqueles que são retratados
pelos cavalos brancos. Uma vez que eles se arrependam, serão pronta-
mente aceitos por Deus e justificados por Ele.

G. Os Cavalos Vermelhos, Baios e Brancos Foram


Enviados por Jeová Para Percorrer a Terra

―Então perguntei: Meu senhor, quem são estes? Respondeu-me o


anjo que falava comigo: Mostrar-te-ei quem são estes. Respondeu o
homem que estava parado entre as murteiras e disse: São os que Jeová tem
enviado para percorrerem a terra. Eles responderam ao Anjo de Jeová que
estava parado entre as murteiras, e disseram: Nós temos percorrido a terra
e eis que a terra toda está quieta e em descanso‖ (vv. 9-11). Aqui vemos
que os cavalos vermelhos, baios e brancos, representando aqueles entre
Israel que seriam resgatados e trazidos de volta a Deus para Sua
justificação e aceitação, tinham sido enviados por Jeová para percorrer a
terra; e eles responderam ao Anjo de Jeová que estava parado entre as
murteiras que eles tinham percorrido a terra e tinham visto que toda a
terra estava quieta e em descanso.

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Esses versículos revelam que além de Cristo que tinha sido enviado
como o Redentor para cuidar de Israel em seu cativeiro, outros tinham
sido enviados por Deus para percorrer a terra para ver a situação das
nações. Como indicado pelo movimento dos cavalos, o povo de Deus
capturado ficou desestruturado e sem paz, sem descanso e sem o desfrute
da vida. As nações, pelo contrário, estavam quietas e em descanso (v. 11).
Isto indica que, aos olhos de Deus, todas as nações ao redor de Israel,
naquele tempo, estavam sentadas e desfrutando sua vida em paz e
quietude ao passo que os eleitos de Deus estavam sofrendo.

H. O Anjo de Jeová Intercede

No versículo 12 vemos que o Anjo de Jeová intercedeu por Israel.


―Então respondeu o anjo de Jeová: Até quando, Jeová dos Exércitos, não
terás tu compaixão de Jerusalém e das cidades de Judá, contra as quais
tens alimentado indignação estes setenta anos?‖

I. Jeová Responde ao Anjo Que Falou com Zacarias

Nos versículos de 13 a 17 temos a resposta de Jeová à intercessão de


Cristo por Israel. Jeová respondeu ao anjo que falou com Zacarias com
palavras boas, com palavras consoladoras, e o anjo disse a ele, ―Clama,
dizendo: Assim diz Jeová dos Exércitos: Zelo a Jerusalém e a Sião com
grande zelo‖ (v. 14). Pelo fato de as nações estarem sentadas e em paz
enquanto Jerusalém estava em dificuldade, Jeová estava com muito ciúme
por Jerusalém. Ele estava extremamente indignado com as nações que
estavam à vontade e ainda sentadas e quietas (v. 15a). Deus estava um
pouco indignado com Israel, porém as nações, em seu levar a cabo a
punição de Deus sobre Israel, tratou com Israel excessivamente (v. 15b).

O versículo 16 continua dizendo, ―Portanto assim diz Jeová: Acabo


de voltar para Jerusalém com misericórdia; nela será edificada a minha
casa, diz Jeová dos Exércitos, e o cordel será estendido sobre Jerusalém.‖
Medir é para o propósito de posse. Para Jeová fazer com que um cordel de

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medir fosse estendido sobre Jerusalém, significa que Ele possuiria aquela
cidade. Setenta anos foram determinados por Deus para Jerusalém, Agora,
Ele estava voltando para repossuir a cidade; assim, Ele levou um cordel de
medir para estendê-lo sobre ela (2:1). No versículo 17 Jeová continuou
dizendo, ―Torna a clamar, dizendo: Assim diz Jeová dos Exércitos: As
minhas cidades ainda se trasbordarão de bens; Jeová ainda confortará a
Sião, e ainda escolherá a Jerusalém.‖ Essa maneira de orar de Cristo por
Israel foi respondida por Deus.

II. A VISÃO DOS QUATRO CHIFRES E


DOS QUATRO FERREIROS

Nos versículos de 18 a 21 temos a visão dos quatro chifres e dos


quatro ferreiros.

A. Uma Resposta para a Intercessão de Cristo

Esta visão era a resposta à intercessão de Cristo por Sião e


Jerusalém (vv. 12-17).

B. Os Quatro Chifres

―Levantei os meus olhos, e vi, e eis quatro chifres. Eu perguntei ao


anjo que falava comigo: Que são estes? Ele me respondeu: Estes são os
chifres que espalharam a Judá, a Israel e a Jerusalém.‖ (vv. 18-19). Os
quatro chifres são os quatro reinos com seus reis—O império babilônico,
medo-persa, grego e romano—também retratados pela grande imagem
humana em Daniel 2:31-33 e pelas quatro bestas em Daniel 7:3-8, que
danificaram e destruíram o povo escolhido de Deus.

C. Os Quatro Ferreiros

―Jeová mostrou-me quatro ferreiros. Então perguntei: Que vêm estes


a fazer? Ele respondeu: Esses são os chifres que espalharam a Judá, de tal

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sorte que ninguém levantou a sua cabeça; mas estes são vindos para lhes
meterem medo, para abaterem os chifres das nações que levantaram o seu
chifre contra a terra de Judá a fim de a espalhar‖ (vv. 20-21). Os quatro
ferreiros (v. 20) são as habilidades usadas por Deus para destruir estes
quatro reinos com seus reis. Cada um dos três primeiros reinos—babilô-
nico, medo-persa e grego—foi assumido de maneira hábil pelo reino que o
seguiu (cf. Dn 5; 8:3-7). O quarto ferreiro será Cristo, como a pedra cortada
sem auxílio de mãos, que esmagará o império romano restaurado e, por
meio disso, esmagará a grande imagem humana como a totalidade do
governo humano em Sua volta (Dn 2:31-35).

Cada um dos três primeiros reinos—babilônico, medo-persa e


grego—foi assumido de maneira hábil pelo reino que o seguiu. A
Babilônia foi derrotada numa noite quando Dario o Medo veio e derrotou
Belsazar. Quão hábil foi Dario! Assim, como Daniel 8 revela, o bode da
Macedônia (o império grego sob as ordens de Alexandre o Grande) veio
pisotear o carneiro da Pérsia. A história nos diz que Alexandre o Grande
era muito hábil. Ele era um dos ferreiros que lidaram com os quatro
chifres. Depois o império romano veio para lidar com a Grécia. Estes
quatro impérios são os fatores centrais da história humana. Por fim, o
império romano restabelecido será esmagado em pó por Cristo como o
Ferreiro principal.

Todos os quatro impérios devastaram e destruíram Israel. Mas


todos eles foram ou, no caso do império romano restabelecido, será
destruído pelos quatro ferreiros levantados por Deus. Esta é uma
confortante e encorajadora palavra de promessa.

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ESTUDO-VIDA DE ZACARIAS
MENSAGEM TRÊS

AS VISÕES DE CONSOLAÇÃO E PROMESSA

(2)

Leitura bíblica: Zc 2

Nesta mensagem chegamos ao capítulo dois de Zacarias que é um


capítulo muito misterioso.

III. A VISÃO DE UM HOMEM COM UM


CORDEL DE MEDIR EM SUA MÃO

Neste capítulo Zacarias viu uma visão de um Homem com um


cordel de medir em sua mão. ―Levantei os meus olhos, e vi, e eis um
homem que tinha na mão um cordel de medir. Então perguntei: Para onde
vais tu? Respondeu-me ele: Para medir a Jerusalém, a fim de ver qual é a
sua largura, e qual o seu comprimento.‖ (vv. 1-2).

A. Um Homem

Este Homem é Cristo em Sua humanidade como o Anjo de Jeová,


Aquele que fala com Zacarias (vv. 1a, 2-3a; cf. Ez 40:3; Zc 1:9-11).

B. Um Cordel de Medir

A linha medindo (2:1b) significa medindo para possuir. Por


exemplo, quando compramos terra ou tecido, podemos medir seu
comprimento e largura primeiro. Depois que medimos a terra ou o tecido,
então procedemos para possuí-lo.

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C. Medindo Jerusalém

O homem com o cordel de medir tencionava medir Jerusalém de


maneira que Jeová pudesse repossuí-la depois de setenta anos do cativeiro
de Israel (vv. 2, 4b). Esta medição não era somente para saber a dimensão,
mas também para saber a condição e a situação. A medição foi feita por
um homem, não por um anjo. Um anjo não está qualificado para medir
qualquer coisa humana, pois ele não tem a natureza humana. Somente
Jesus, que tem tanto a natureza humana quanto a natureza divina, está
qualificado para medir Jerusalém.
Enquanto o templo é o sinal da casa de Deus, a cidade de Jerusalém
é um sinal do reino de Deus para Sua administração. A cidade de
Jerusalém foi medida e foi encontrada sem muros (v. 4), isto é, sem limite.
Isto indica que o reino de Deus é ilimitado, a dimensão do próprio Deus, e
que Deus mesmo é a dimensão de Seu reino.

D. Um Muro de Fogo ao Redor e a Glória no Seu Centro

―Pois eu, diz Jeová, lhe serei um muro de fogo ao redor, e serei a
glória no meio dela‖ (v. 5). Aqui vemos que o muro da cidade de
Jerusalém e a glória dentro dela é o próprio Jeová, indicando que Jeová
como Cristo será a proteção de Jerusalém em sua circunferência, e sua
glória em seu centro. Isto mostra a centralidade e universalidade de Cristo
na economia de Deus. Hoje, Cristo é a glória no centro da igreja, e é
também o fogo ardente em redor da circunferência da igreja para sua
proteção. Na Nova Jerusalém, o Deus Triúno em Cristo será a glória em
seu centro (Ap 21:23; 22:1,5), e esta glória brilhará mediante a muralha
transparente da cidade (Ap 21:11,18a,24) para ser sua proteção de fogo.

E. O Significado Crucial Desta Visão para o Povo de Sião

Zacarias 2:6-13 nos diz o significado crucial desta visão para o povo
de Sião.

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1. Jeová Os Espalhou Como os Quatro Ventos dos Céus

No versículo 6b Jeová declara algo com respeito ao Seu povo,


―Porque vos tenho espalhado como os quatro ventos do céu, diz Jeová.‖
Podemos pensar que Deus espalhou seu povo Israel quando eles foram
levados para o cativeiro. Entretanto, este versículo não diz que Deus os
espalhou, mas que Ele os propagou. Isso é como a propagação dos crentes
em Atos 8. Milhares de crentes estavam em Jerusalém, mas Deus não
estava satisfeito. Uma perseguição foi levantada a qual os propagou.
Aquela perseguição não foi boa, mas trouxe uma propagação gloriosa (At
11:19). Da mesma forma, se os filhos de Israel não tivessem sido
capturados, o testemunho de Deus teria sido limitado à pequena cidade de
Jerusalém com seu templo. Mas quando os filhos de Israel foram
espalhados para a Babilônia, quatro jovens tornaram-se testemunhas de
Deus e um testemunho para Ele (Dn 1:6). Desta maneira, o testemunho de
Deus foi espalhado para a Babilônia. Deus é grande e soberano e Ele tem
um coração alargado. Portanto, Ele quis que Seu testemunho fosse
espalhado para lugares longínquos.

2. Jeová Desejava que Eles Fugissem da


Terra do Norte Para Escapar

―Ah, ah! fugi da terra do norte, diz Jeová.... Ah! Sião, escapa tu que
habitas com a filha de Babilônia‖ (Zc 2:6a, 7). Aqui vemos que Deus quis
que Seu povo deixasse a Babilônia e voltasse para a terra santa.

3. Cristo como o Enviado por Jeová dos Exércitos


e como o Emissário, Jeová dos Exércitos

O versículo 8 diz, ―Pois assim diz Jeová dos Exércitos: Depois da


glória, Ele Me enviou contra as nações que vos despojaram; porque aquele
que tocar em vós toca na menina do Seu olho. Qual é o significado da
expressão ―depois da glória‖? Significa depois do retorno dos cativos. Nos
setenta anos do cativeiro de Israel, a glória esteve ausente do centro de
Jerusalém (Ez 11:23 e nota 1). Porém, quando os filhos de Israel retor-
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naram a Jerusalém, a glória também retornou. Embora Josué e Zorobabel
fossem piedosos, muitos dos que voltaram para Jerusalém da Babilônia
não eram. Não obstante, à vista de Deus, o retorno deles foi uma glória.
Portanto, ―depois da glória‖ significa ―depois do retorno.‖

A primeira parte do versículo 8 diz, ―Pois assim diz Jeová dos


Exércitos: Depois da glória, Ele Me enviou.‖ Quem é o Ele, e quem é o Me?
O Ele se refere a Deus, Jeová dos Exércitos, e o Me também se refere a
Jeová dos Exércitos. Jeová dos Exércitos enviou Jeová dos Exércitos. Isto
significa que Jeová dos Exércitos é o Emissor (vv. 9,11) e o Enviado.

No Antigo Testamento, Jeová é um título divino que se refere ao


Deus Triúno. Isto é revelado em Êxodo 3, onde vemos que Jeová é o Deus
de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Embora haja uma distinção
entre o Deus de Abraão e o Deus de Isaque e também entre o Deus de
Isaque e o Deus de Jacó, isso não significa que há três Deuses. Dizer que
há três Deuses é cair na heresia de triteísmo. Deus é triúno—o Pai, o Filho
e o Espírito. Efésios 1 nos diz que Deus o Pai nos escolheu e predestinou,
que Deus o Filho nos redimiu e que Deus o Espírito nos selou. Assim
temos o Pai escolhendo e predestinando com o Filho redimindo e o
Espírito selando. Este é o Deus Triúno, o único Deus. A palavra triúno é
composta do Latim tri, significando três, e uno, significando um; portanto,
três-um. Temos um Deus, o Deus único, mas Ele tem três-um.

O Pai, o Filho e o Espírito não são três Deuses separados, mas três
―hypostases... do único não dividido e indivisível Deus‖ (Philip Schaff). A
palavra grega para hypostasis, a forma singular de hypostases, é composta
de duas palavras gregas: hupo que significa ―embaixo‖ ou ―debaixo de‖ e
estase que significa ―apoio significativo.‖ Portanto, hypostases refere-se a
um apoio embaixo, um apoio em baixo de, que é, algo debaixo que
sustenta, uma substância de sustentação. O Pai, o Filho, e o Espírito são a
hypostases, um objeto de sustentação que compõe a única Deidade.

19
Em Zacarias 2:8 um dos três na Deidade enviou um outro dos três.
O Emissor é chamado de Ele, e o Enviado é chamado de Me. Certamente o
Ele se refere ao Pai, e o Me, ao Filho. Depois da glória, o Deus Triúno
decidiu fazer algo maravilhoso. A decisão era que o Pai enviaria o Filho.
Isto corresponde ao que é revelado em João 5 e 6. ―Quem não honra o
Filho não honra o Pai que O enviou‖ (5:23). ―Não busco a Minha própria
vontade, e sim a vontade Daquele Me enviou‖ (v. 30). ―As obras que o Pai
Me deu para que Eu as terminasse, as próprias obras que faço, testificam a
Meu respeito que o Pai Me enviou‖ (v. 36b). ―O Pai que Me enviou, Ele
mesmo tem dado testemunho de Mim‖ (v. 37a). ―Porque Eu desci do céu,
não para fazer a Minha própria vontade, e sim a vontade Daquele que Me
enviou (6:38). ―Ninguém pode vir a Mim se o Pai, que Me enviou, não o
atrair‖ (v. 44a). ―Assim como o Pai, que vive, Me enviou‖ (v. 57a).
Zacarias 2 e João 5 e 6 todos falam do Pai enviando o Filho. Tanto o Pai
quanto o Filho são Jeová.

Cristo como o Enviado por Jeová dos Exércitos e como o Emissor,


Jeová dos Exércitos, será contra as nações que despojaram o povo de Sião e
tocou-lhe como a menina do Seu olho. Nossos olhos são extremamente
sensíveis e imediatamente reagem a qualquer coisa que os toca. ―Seus
olhos‖ referem-se aos olhos do Pai. O povo de Deus lhe é muito querido, e
quem quer que os toque toca a menina do Seu olho. Esta foi uma palavra
de conforto, encorajamento e consolação a Zorobabel, Josué e todos os
outros que retornaram.

Zacarias 2:9 continua dizendo, ―Pois eis que agitarei a Minha mão
sobre eles, e eles virão a ser o despojo dos que os serviam; e sabereis que
Jeová dos Exércitos Me enviou.‖ Aqui vemos novamente que Jeová dos
Exércitos enviou Jeová dos Exércitos.

20
4. O Regozijo da Filha de Sião

No versículo 10 é ordenado a filha de Sião dar um grito para cantar


e regozijar, pois agora Jeová está vindo e habitará no meio dela. O Eu
neste versículo é a mesma Pessoa como o Ele e o Eu nos versículos 8 e 9.

5. Muitas Nações Se Unem a Jeová e Se Tornam Seu Povo

Naquele dia muitas nações se ajuntarão a Jeová, e serão o Meu povo;


habitarei no meio de ti, e saberás que Jeová dos Exércitos Me enviou a ti.
(v. 11). Neste versículo, uma vez mais tanto o Eu quanto o Me refere-se a
Jeová.

6. Jeová Herda Judá Como Sua Porção

Jeová herdará a Judá como a sua porção na terra santa, e ainda


escolherá a Jerusalém (v. 12).

7. Toda Carne Silencia Diante de Jeová

O versículo 13 diz, ―Cala-te, toda a carne, diante de Jeová; porque


ele se levantou da sua santa habitação.‖ Antes que a glória retornasse para
Jerusalém, Jeová estava silente, mas, depois da glória, Ele Se levantou de
Sua santa habitação. Toda a carne—incluindo a carne dos babilônios,
persas, gregos e romanos—deve estar silente. Somente Jeová tem o direito
de falar, e somente Ele é o fator decisivo. Hoje nosso Deus Triúno não
mais está silente em Sua habitação celestial. Ele está movendo, traba-
lhando e fazendo coisas na igreja. Isso indica que a glória está aqui na
igreja. A medida leva a tal glória para que todos nós nos silenciemos e
permitamos somente Deus falar.

21
ESTUDO-VIDA DE ZACARIAS
MENSAGEM QUATRO

AS VISÕES DE CONSOLAÇÃO E PROMESSA

(3)

Leitura bíblica: Zc 3

Nesta mensagem consideraremos a visão de consolação e promessa


em Zacarias 3. Esta visão é para o fortalecimento e o estabelecimento dos
cativos que voltassem a considerar a reconstrução do templo de Deus na
sua angústia.

IV. A VISÃO DE JOSUÉ O SUMO SACERDOTE APERFEIÇOADO,


ESTABELECIDO E FORTALECIDO PELO ANJO DE JEOVÁ
COM ZOROBABELO GOVERNADOR DE JUDÁ

Nos primeiros quatro capítulos de Zacarias, o Anjo de Jeová está


cuidando de cinco visões. Isto implica que Cristo como o Enviado de Deus
está sempre com o povo de Deus para cuidar deles. No capítulo três temos
uma visão que nos mostra que Josué o sumo sacerdote foi aperfeiçoado,
estabelecido e fortaleceu pelo Anjo de Jeová com Zorobabel o governador
de Judá. Josué, um líder mais importante entre o povo de Deus, estava sob
os cuidados do Anjo de Jeová. A maneira do Anjo de Jeová cuidar de
Josué foi medi-lo. Assim, o medir no capítulo dois continua no capítulo
três. Cristo veio medir Josué e assim cuidar dele.

A. O Anjo Mostra Zacarias a Josué o Sumo Sacerdote

O Anjo mostrou Josué o sumo sacerdote a Zacarias (v. 1a). Josué


representa Cristo como o Sumo Sacerdote enviado por Deus ao Seu povo

22
(Hb 3:1; 4:14-15; 7:26). Josué representa e significa Israel como uma nação
de sacerdotes (Zc 8:20-23; Is 2:2-4a).

B. Permanecendo Diante do Anjo de Jeová Para


Ser Aperfeiçoado, Estabelecido e Fortalecido

Josué estava de pé diante do Anjo de Jeová para ser aperfeiçoado,


estabelecido e fortalecido (Zc 3:1b-10). O Anjo de Jeová fez isto ao medi-lo.
Então, Josué se levantou diante do Anjo de Jeová com a finalidade de ser
medido por Ele.

1. Resistindo a Satanás que Permanecia à Sua Destra

Enquanto Josué estava de pé diante do Anjo de Jeová, ele foi


resistido por Satanás que estava à sua destra para acusá-lo (v. 1b). A
palavra Satanás quer dizer ―o acusador‖, ―o adversário‖, e é a base para a
palavra acusar no final do versículo 1. Um adversário é um inimigo
interno. Por exemplo, se alguém fora de sua família se opuser a você, essa
pessoa será sua inimiga. Mas se um membro de sua família o fizer, essa
pessoa será sua adversária. Tal adversário é uma ameaça mais séria do que
um inimigo. Como adversário, a intenção de Satanás era depreciar Josué
diante de seus companheiros (v. 8) e frustrar a reconstrução do templo de
Deus.

2. A Defesa de Jeová Estendeu a Ele

O versículo 2 diz, ―Jeová disse a Satanás: Que Jeová te repreenda, ó


Satanás; sim, repreenda-te Jeová que escolheu a Jerusalém: acaso não é
este um tição tirado do fogo?‖ A palavra de Jeová aqui indica duas coisas.
Primeiro, indica a determinação de Jeová para reconstruir Jerusalém,
desde que Ele a escolheu. Segundo, indica que Jeová faria algo por Josué,
desde que ele fosse um tição tirado do fogo (Am 4:11; Jd 23a). Quando o
Anjo de Jeová reprovou a Satanás, Ele parecia estar dizendo, ―Por que
você veio aqui para nos aborrecer? Eu sei que você é o acusador de Josué e
seu opositor. Também sei que, embora ele seja o sumo sacerdote do Meu
23
povo, ele não é bom o bastante. Ele é um tição tirado do fogo, mas ele está
em Minha mão. Satanás, Eu o repreendo.‖
Em Zacarias 3:1 e 2 temos três participantes: Josué, o Anjo de Jeová
e Satanás. Em nossa vida cristã, como povo escolhido de Deus, estamos
sempre neste tipo de situação. Deus está de frente a nós, e o maligno está a
nossa destra para nos resistir, nos opor, nos acusar e ser nosso adversário.
Esta é uma repetição da cena no jardim do Éden descrito em Gênesis 2,
onde Deus pôs o homem que tinha criado em frente às duas árvores—uma
denotando Jeová e a outra denotando Satanás. Zacarias 3 também é uma
repetição de Gênesis 2.

3. A Perfeição de Cristo como o Anjo de Jeová Estendida a Josué

Zacarias 3:3-10 nos mostra como a perfeição de Cristo como o Anjo


de Jeová foi estendida a Josué.

a. Removendo Suas Vestes Sujas

―Ora Josué estava vestido de vestes sujas, e posto em pé diante do


anjo. Este começou a falar e disse aos que estavam diante dele: Tirai-lhe
estas vestes sujas. A Josué disse: Eis que hei feito passar de ti a tua
iniquidade, e te vestirei de ricos trajos.‖ (vv. 3-4a). Recentemente, quando
estava considerando como o sumo sacerdote ainda poderia estar vestido
com vestes sujas, fui lembrado de como até mesmo os crentes na igreja
poderiam roubar (Ef 4:28). Podemos não roubar exteriormente, mas
intimamente podemos desejar algo que pertence à outra pessoa. Isso é
cobiça e ganância. Do mesmo modo, diariamente falamos muito, e os
assuntos que abordamos em nossa conversa ou fofoca podem ser sujos ou
com uma intenção maligna de difamar outros. É por isso que temos que
orar frequentemente, ―Senhor, me limpa. Eu percebo que ainda estou sujo
porque ainda vivo na carne que é completamente imunda.‖

O Anjo de Jeová sabia de todas as coisas concernentes a Josué e não


deu a Satanás nenhuma oportunidade para acusá-lo. Em tal situação Josué

24
pode não ter ficado em paz. Satanás estava ao seu lado, as vestes sujas
estavam nele e o Anjo de Jeová estava diante dele. Porém, a perfeição de
Cristo como o Anjo de Jeová foi estendida a Josué pela remoção das suas
vestes sujas, fazendo assim sua iniquidade passar dele.

b. Vestindo-O com Finos Trajes

―Eis que hei feito passar de ti a tua iniquidade, e te vestirei de ricos


trajos.‖ (vv. 4b, 5b). Um rico trajo, é uma veste apropriada ao ofício e
status de uma pessoa. Por exemplo, os juizes são vestidos com finos trajes.
Da mesma maneira, Josué também foi vestido com ricos trajos, com vestes
apropriadas ao seu ofício e status como sumo.

c. Coroando-O com uma Mitra Limpa Sobre Sua Cabeça

―Eu disse: Ponham-lhe sobre a cabeça uma mitra limpa. Puseram-


lhe, pois, sobre a cabeça uma mitra limpa, e vestiram-no de vestidos; e o
Anjo de Jeová estava perto, de pé‖ (v. 5). A mitra limpa significa que Josué
tinha sido plenamente purificado e estava, agora, limpo na presença de
Cristo como o Anjo de Jeová.

d. Incumbe-O

Nos versículos 6 e 7 Cristo como o Anjo de Jeová incumbe a Josué.


Aqui incumbir significa ―dar responsabilidade.‖

Em Sua incumbência a Josué, Cristo como o Anjo de Jeová disse,


―Assim diz Jeová dos Exércitos: Se andares nos meus caminhos, e
observares o que tenho prescrito, também tu julgarás a minha casa, e bem
assim guardarás os meus átrios, e te permitirei entrar e sair entre os que
estão aqui.‖ Com respeito a essa incumbência, gostaria de mostrar que na
administração de Deus entre o povo de Israel, havia três ofícios: os
sacerdotes, os reis e os profetas. A responsabilidade do sumo sacerdote era
ter clareza sobre as questões relacionadas ao povo de Deus e levar essas

25
questões a Deus e esperar até que Deus o iluminasse e lhe desse uma
resposta definida. O esclarecimento e a resposta vinham por meio do Urim
e o Tumim. Então, o sumo sacerdote recebia a decisão e a instrução de
Deus considerando as várias situações, e então passava a decisão e as
instruções ao rei que era responsável na administração de Deus para
realizá-las. Podemos comparar o dever do sacerdote àqueles da assem-
bléia legislativa do governo, e o dever do rei ao do presidente do poder
executivo. Da mesma maneira que o presidente é responsável por executar
as leis passadas pelo poder legislativo, assim os reis em Israel eram
responsáveis para levar a cabo as instruções recebidas de Deus pelo sumo
sacerdote. Porém, às vezes os sacerdotes e os reis eram fracos e
inadequados. Nessas ocasiões Deus levantava os profetas para falar para
Ele. Aqui em Zacarias tanto Josué o sumo sacerdote quanto Zorobabel o
rei estavam um tanto enfraquecidos e desencorajados. Então, Deus usou
Zacarias o profeta para falar por Ele e fortalecer e encorajar Josué e
Zorobabel. A visão no capitulo 3 está relacionada à decisão de Deus
concernente a Josué. Como veremos, a visão no capitulo 4 está relacionada
à Zorobabel e a sua responsabilidade de levar a cabo a decisão de Deus
para continuar e concluir a reconstrução do templo.

e. Fortalecendo-O com Zorobabel o Governador de Judá

Nos versículos de 8 a 10 Cristo como o Anjo de Jeová fortaleceu


Josué com Zorobabel o governador de Judá (Ag 1:1, 14).

1) Um Tipo de Cristo

O versículo 8 diz, ―Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e teus


companheiros que se assentam diante de ti; porque são homens de
presságio; porquanto eis que farei vir o meu servo, o Renovo‖. Isto se
refere à Zorobabel que é um tipo de Cristo como o Servo de Jeová, o
Renovo de Davi, em sua humanidade e fidelidade real (Zc 6:12).

26
2) A Pedra Que Jeová Colocou Diante de Josué

Zacarias 3:9 continua dizendo, ―Eis a pedra que tenho posto diante
de Josué; sobre uma só pedra estão sete olhos. Eis que eu esculpirei a sua
escultura, diz Jeová dos Exércitos, e tirarei a iniquidade desta terra num só
dia.‖ Esta pedra (Zorobabel) posta diante de Josué também simboliza
Cristo (Is 28:16; Mt 21:42). Zorobabel era uma pedra posta diante de Josué
para levar a cabo a economia de Deus.

a) Os Sete Olhos Estão Sobre Esta Pedra

Sobre esta pedra única (Cristo) estão os sete olhos (Zc 3:9a; 4:10).
Estes sete olhos representam o Espírito sete vezes intensificado (Ap 5:6).
Cristo é a pedra com os sete Espíritos como Seus olhos.

b) Jeová Esculpe a Escultura da Pedra

Eis que eu esculpirei a sua escultura (Zc 3:9b). Isso indica que Deus
trabalhará em Cristo como a pedra para a redenção, a salvação e a
edificação de Deus. Esculpir é cortar. Quando Cristo estava na cruz, Ele foi
esculpido, cortado, por Deus.

c) Jeová Remove a Iniquidade da Terra Santa Num Só Dia

Além disso, Jeová removerá a iniquidade desta terra num só dia (v.
9c). Isso indica que Cristo em quem Deus trabalhou redimirá o pecado da
terra de Israel num só dia, o dia da Sua crucificação (1Pe 2:24). Por meio da
Sua morte na cruz, Cristo o Cordeiro de Deus tirou o pecado do mundo
(Jo 1:29).

3) Cada Um dos filhos de Israel Convida Seu Próximo Para


Vir Debaixo da Videira e debaixo da Figueira

Zacarias 3:10 conclui, ―Naquele dia, diz Jeová dos Exércitos,


chamareis, cada um de vós ao seu próximo para debaixo da videira e para

27
debaixo da figueira.‖ Após nosso pecado ser tirado e nossa situação com
Deus ficar satisfeita, haverá paz entre nós e Deus e podemos vir para
desfrutar a videira e a figueira juntos. Isso retrata como desfrutamos
Cristo como a videira, a árvore de vida, e como a figueira, cheia do fruto
de vida. Cristo veio primeiramente cumprir a redenção, liberando o
Espírito e sendo cortado por Deus na cruz. Isso então resulta em Sua
redenção para nosso desfrute Dele como a videira e como a figueira. O
medir levado a cabo por Cristo como o Anjo de Jeová resulta em tal
situação maravilhosa.

28
ESTUDO-VIDA DE ZACARIAS
MENSAGEM CINCO

AS VISÕES DE CONSOLAÇÃO E PROMESSA

(4)

Leitura bíblica: Zc 4

Nesta mensagem consideraremos a visão de consolação e promessa


no capítulo quatro de Zacarias.

V. A VISÃO DO CANDELABRO DOURADO


E AS DUAS OLIVEIRAS

A. Uma Visão para Fortalecer Zorobabel


o Governador de Judá no Reinado

O sacerdócio e o reinado são os dois ofícios na administração de


Deus entre Seu povo. Esses dois ofícios sempre caminham juntos como um
par e nunca separarão. O sacerdócio pode ser comparado ao poder
legislativo do governo, e o reinado, ao poder executivo. Na administração
de Deus das questões legislativas são decididas pelo próprio Deus por
meio do Urim e do Tumim usados pelo sumo sacerdote. As decisões
tornam-se conhecidas por meio do sacerdócio e então são executadas,
realizadas pelo reinado.

Na vida da igreja hoje, precisamos do sacerdócio e do reinado. Por


meio do exercício do sacerdócio, somos levados à presença de Deus. Por
meio do exercício do reinado pelos mais velhos, os mais experientes, a
igreja é salva da anarquia e preservada em uma boa ordem. Para a vida da

29
igreja, nós como povo de Deus com Sua administração, devemos ter o
sacerdócio e o reinado.
Uma função do sacerdócio é nos ensinar a como adorar a Deus e
como ter a lembrança adequada do Senhor à Sua mesa. Não devemos
adorar a Deus ou devemos nos lembrar do Senhor segundo nosso conceito
natural. Em João 4:24 o Senhor Jesus disse, ―Deus é Espírito, e é necessário
que os que O adoram O adorem em espírito e veracidade.‖ Esse capítulo
também nos mostra que a adoração que Deus deseja é que bebamos Dele
como a água viva. Quanto mais O tomarmos como nossa água viva, mais
O adoramos. Não bebemos de Deus exercitando nossa mente, mas
exercitando nosso espírito. Ao considerar a lembrança do Senhor à Sua
mesa, também precisamos da instrução do sacerdócio. É crucial perce-
bermos que a maneira para nos lembrar do Senhor não é exercitar nossa
mente para recordar tudo o que Ele fez em Sua encarnação, viver humano,
crucificação e ressurreição; a maneira para nos lembrar Dele é desfrutá-Lo
ao comê-Lo e bebê-Lo. Quando participamos do pão e do cálice,
lembramos Dele e O adoramos.

As visões em Zacarias 3 e 4 estão respectivamente relacionadas com


o sacerdócio e o reinado. A visão anterior no capítulo três concernente a
Josué era para fortalecê-lo no sacerdócio. Fortalecer Josué era fortalecer o
sacerdócio e estabelecê-lo. A visão do candelabro dourado e as duas
oliveiras no capítulo quatro era fortalecer Zorobabel o governador de Judá
no reinado. Zorobabel não era um rei, mas um governador na posição de
um rei. Embora Zorobabel não fosse de fato um rei, ele era um renovo, um
descendente da família real de Davi. No capitulo 3, Josué foi medido, e
como resultado desse medir, ele foi fortalecido e estabelecido por meio do
limpar. No capitulo 4, Zorobabel foi medido de modo que ele pudesse ser
fortalecido e estabelecido para continuar e completar a reedificação do
templo. O fortalecimento de Josué no sacerdócio e de Zorobabel no
reinado ambos são para a reconstrução do templo.

30
B. O Significado do Sacerdócio de Josué e o Candelabro de Ouro

O sacerdócio de Josué significa o sacerdócio da nação de Israel para


com as nações para Deus. O candelabro de ouro significa o testemunho
brilhante da nação de Israel para com as nações para Deus. Deus escolheu
Israel para ser uma nação de sacerdotes (Êx 19:6). Sua intenção era usar a
nação de Israel como um sacerdócio para levar as nações a Deus para que
elas pudessem entrar na presença de Deus para serem iluminadas,
expostas, tratadas e transfundidas por Deus com as riquezas divinas.
Ademais, os sacerdotes deviam ensinar as nações como adorar e servir a
Deus. Além do mais, para que os sacerdotes fizessem isso, eles teriam que
estar familiarizados com a lei de Deus e Seus regulamentos. Além de ser
uma nação de sacerdotes, Israel era para ser um testemunho estável para
Deus. Então, no capítulo três temos o sacerdócio, e no capítulo quatro, o
candelabro.

C. O Candelabro

O anjo que falava com Zacarias o despertou e disse-lhe, ―Que vês tu?
Respondi: Vi, e eis um candeeiro todo de ouro, que tem o seu vaso em
cima, e sobre si as suas sete lâmpadas; há sete canudos, e cada um deles
vai unir-se a uma das lâmpadas que estão em cima do candeeiro‖ (Zc 4:2).
O candelabro aqui significa a corporificação do Deus Triúno.

1. Sua Substância

A substância do candelabro é ouro, retratando o Pai como sua fonte


e natureza.

2. Sua Forma

A forma do candelabro é um candelabro retratando o Filho como a


corporificação.

31
3. Sua Expressão

A expressão do candelabro é as sete lâmpadas, retratando o Espírito


como a expressão sete vezes intensificada.

4. Seu Suprimento

O suprimento do candelabro é os sete tubos para cada uma das


lâmpadas, retratando o Espírito sete vezes intensificados de Deus como
seu suprimento abundante (Fp 1:19b).

5. Cristo, a Nação de Israel e as Igrejas Locais

Primeiramente, Cristo é o candelabro como o testemunho de Deus


(Êx 25:31-39). Segundo, a nação de Israel é o candelabro como o teste-
munho de Deus. Terceiro, as igrejas locais são os candelabros como o
testemunho de Cristo (Ap 1:12, 20b).

D. As Duas Oliveiras nos Dois Lados do Candelabro

Zacarias 4:3 diz, ―Vi junto a ele duas oliveiras, uma à direita do
vaso e a outra à sua esquerda.‖ Essas duas oliveiras representam Josué o
sumo sacerdote e Zorobabel o governador na época, que era os dois filhos
do óleo, enchido com o Espírito de Jeová para a reconstrução do templo de
Deus (vv. 3-6, 12-14). Os dois filhos do óleo também são as duas
testemunhas nos últimos três anos e meio da presente era que serão
testemunhas de Deus na grande tribulação para o fortalecimento do povo
de Deus—os israelitas e os crentes em Cristo (Ap 11:3-12; 12:17). Essas
duas testemunhas são Moisés e Elias. Moisés, representando a lei, e Elias,
representando os profetas, que ambos testificam por Deus. A expressão ―a
lei e os profetas‖ (Lc 16:16) refere-se ao Antigo Testamento. A lei está
centrada em Moisés, e os profetas estão centrados em Elias. Esses dois,
Moisés e Elias, darão suporte e suprimento aos israelitas perseguidos e os
crentes durante a grande tribulação.

32
A nação de Israel é o candelabro, representando o testemunho de
Deus. O testemunho de Deus precisa brilhar. Para esse brilhar deve haver
o queimar, e para que haja o queimar, deve haver o suprimento de azeite.
Para ter o azeite, deve haver algumas oliveiras. As duas oliveiras nos dois
lados do candelabro são os dois filhos do óleo, Josué e Zorobabel.

Em Zacarias 4:11 o profeta diz ao anjo, ―Que são estas duas


oliveiras à direita do candelabro, e à sua esquerda?‖ No versículo 12
Zacarias continua perguntando, ―Que são estes dois ramos de oliveira, que
se acham junto às duas bicas de ouro, e que vertem de si ouro?‖ No
versículo 11 há duas árvores, e no versículo 12, dois ramos. Os dois ramos
fazem parte das duas árvores. Quando o vaso do candelabro estiver sem
óleo, as duas árvores suprirão óleo pelo fluir dos ramos para dentro das
duas bicas. O óleo fluirá então das bicas para o vaso, e do vaso para dentro
do candelabro.

O pronome relativo que no versículo 12 não refere às bicas, mas aos


ramos. ―Esses ramos vertem ouro deles mesmos.‖ Verter ouro é fazer o
ouro fluir. A palavra ouro aqui se refere ao óleo. O óleo e o ouro são um. O
óleo denota o Espírito, e o Espírito é Deus. Além disso, o ouro em
tipologia tipifica Deus. O ouro que enche o vaso é o Espírito; o Espírito é
Deus; e Deus é representado por meio do ouro. Quando aplicamos essa
questão a nossa experiência hoje, vemos que o Espírito que flui de nós é
Deus, e Deus é ouro. Então, quando ministramos Cristo a outros,
suprindo-os com óleo, estamos suprindo-os de fato com Deus. Deus está
fluindo de nós para dentro deles. Todos nós devemos ser oliveiras que
vertem Deus de nós mesmos para os outros. Dessa maneira o óleo será
suprido para o necessitado por aqueles que são oliveiras das quais Deus
está fluindo.

Vamos considerar mais além por que as duas árvores são chamadas
de os dois ramos. Nos capítulos 3 e 4, a mesma pessoa, Zorobabel, é
retratado por um renovo (3:8), uma árvore (vv. 3,11), e um ramo (v. 12).

33
Isto indica que Zorobabel mesmo não é a fonte. Ele não é uma árvore
completa em si mesmo; antes, ele é uma árvore que é, na verdade, um
ramo de uma outra árvore, e esta árvore é a fonte. Além do mais,
Zorobabel é também um renovo de outra árvore, que é Cristo. Cristo é a
única oliveira; e Zorobabel e todos os crentes de Cristo são ramos,
renovos, de Cristo (Jo 15:5a). Assim, todos os crentes são as muitas
oliveiras, não no sentido de serem árvores separadas, mas no sentido de
serem ramos de Cristo, a única oliveira. Ser ramo é ser uma ramificação.
Embora Cristo seja a única oliveira, muitos ramos tem resultado Dele. A
ramificação desses ramos é Cristo sendo ramificado. Esses ramos ou
renovos, são hoje as muitas oliveiras na terra. Você não é tal oliveira?
Assim, todos os crentes são as muitas oliveiras, não no sentido de serem
árvores separadas, mas no sentido de serem ramos de Cristo, a única
oliveira. Como ramos, precisamos suprir os outros com óleo, isto é, com o
Espírito, para que eles possam ser estimulados. Louvado seja o Senhor que
em Cristo somos oliveiras que suprem os outros com o Espírito sete vezes
intensificado!

E. Zorobabel, o Governador de Judá, Que Lançou


o Fundamento da Reconstrução do Templo,
Produziu a Pedra Angular

―Respondeu-me o anjo que falava comigo: Não sabes o que são elas?
Respondi: Não, meu senhor. Ele prosseguiu e me disse: Esta é a palavra de
Jeová a Zorobabel, a qual diz: Não por força nem por poder, mas por Meu
Espírito, diz Jeová dos Exércitos. Quem és tu, ó grande monte? diante de
Zorobabel tornar-te-ás uma campina; ele produzirá a pedra angular,
dizendo com aclamações: Graça, graça a ela.... As mãos de Zorobabel têm
posto os alicerces desta casa‖ (vv. 5-7, 9a). Zorobabel, o governador de
Judá que lançou o fundamento da reconstrução do templo produziu a
pedra angular, indicando que ele concluiria a reconstrução do templo de
Deus pelo Espírito de Jeová, não por força nem por poder. O profeta
Zacarias disse essa palavra a Zorobabel para sustentar, encorajar,

34
fortalecer e estabelecer a mão de Zorobabel para que ele pudesse
continuar a edificação do templo até sua consumação.

Enquanto que o capítulo três refere-se à morte de Cristo, a qual é


para redenção, o capítulo quatro fala do Espírito para levar a cabo a
economia de Deus. Conforme o Novo Testamento, a morte de Cristo para
nossa redenção, é seguida pelo Espírito. Hoje não somente devemos
ministrar Cristo aos outros, mas também devemos supri-los com o Espírito.
O Cristo que ministramos é Aquele que foi crucificado, que ressuscitou
dentre os mortos, e que em ressurreição tornou-se o Espírito que dá vida
(1Co 15:45b). Quando falamos aos outros sobre Cristo, devemos supri-los
com o Espírito.

F. A Pedra angular com Gritos de Graça

A pedra angular com aclamações de ―Graça, graças a ela!‖ indica


que Cristo, que é graça como pedra, sobre a qual estão os sete olhos de
Jeová, o Espírito sete vezes intensificado de Deus para a completação da
reconstrução do templo de Deus (3:9; 4:7-10; Ap 5:6). Produzir a pedra
angular é completar a edificação. Essa pedra angular é um tipo de Cristo.
Para a edificação de Deus Cristo é uma pedra em três aspectos. Cristo é a
pedra de fundamento para sustentar o edifício de Deus (Is 28:16; 1Co 3:11),
a pedra de esquina para juntar os membros gentios e judeus do Seu Corpo
(Ef 2:20; 1Pe 2:6), e a pedra angular para consumar o edifício de Deus.

As aclamações de ―Graça, graças a ela!‖ indica que a pedra é graça


em si mesma. A pedra angular é a graça de Deus para nós, e esta graça é
Cristo. ―E a Palavra tornou-se carne e armou tabernáculo entre nós... cheio
de graça e de realidade‖ (Jo 1:14). Isso revela que em Sua encarnação
Cristo trouxe Deus a nós primeiramente como graça e então como
realidade. Graça é Deus no Filho como nosso desfrute; realidade é Deus
desfrutado por nós no Filho. Quando Deus é desfrutado por nós, temos
graça. Quando Deus é percebido por nós, temos realidade. Tanto graça

35
como realidade são Cristo. A pedra angular é, portanto o Cristo que é a
graça de Deus para nós para ser a cobertura do edifico de Deus.

Zacarias 4:10 diz, ―Pois quem despreza o dia dos humildes começos,
esse alegrar-se-á vendo o prumo na mão de Zorobabel. Aqueles sete são os
olhos de Jeová, que percorrem toda a terra.‖ ―Estes sete‖, que são os
―olhos de Jeová‖, são os sete olhos sobre a pedra em 3:9. Apocalipse 5:6
fala de um Cordeiro com ―sete olhos que são os sete Espíritos de Deus.‖
Os sete olhos da pedra são os sete olhos de Jeová e também os sete olhos
do Cordeiro, Cristo. É crucial percebermos que a pedra, Jeová, e o
Cordeiro são um. Cristo o Cordeiro é a pedra, e Ele também é Jeová.
Assim os sete olhos da pedra e os sete olhos de Jeová são os sete olhos de
Cristo. De acordo com Apocalipse 5:6, estes sete olhos são os sete Espíritos,
que é, o Espírito sete vezes intensificado. Os sete Espíritos são os sete
olhos de Cristo. Isso indica que o Espírito Santo é os olhos de Cristo. Isso
indica que Cristo e o Espírito Santo, embora distintos, não estão separados.
Da mesma maneira que nossos olhos são essencialmente um com nosso
corpo, assim o Espírito Santo é essencialmente um com Cristo.

Cristo é a pedra esculpida por Deus o Pai (Zc 3:9). Este Esculpido é
Cristo, e o escultor é o Pai. Embora o Pai e o Filho sejam distintos, eles são
essencialmente um na realização da redenção eterna. Como resultado
dessa redenção, podemos desfrutar agora Cristo como o Espírito, até
mesmo como o Espírito sete vezes intensificado. Conforme a palavra de
Paulo em 2 Coríntios 13:14, temos o amor de Deus o Pai como a fonte, a
graça de Cristo como o curso, e a comunhão do Espírito Santo como a
transmissão para nosso desfrute. De tudo isso vemos que a redenção foi
realizada pelo Filho, e agora o Espírito é suprido a nós para a edificação de
Deus. A edificação da igreja será consumada por meio do Espírito.

36
ESTUDO-VIDA DE ZACARIAS
MENSAGEM SEIS

AS VISÕES DE CONSOLAÇÃO E PROMESSA

(5)

Leitura bíblica: Zc 5

As cinco primeiras visões que Zacarias viu (1:7–4:14), Deus falou


uma palavra confortadora, consoladora e encorajadora a Josué, Zorobabel
e ao povo. Deus disse que estaria com eles e faria algo por meio deles.
Dessa maneira Ele os encorajou a que não parassem a obra de edificação
no templo, mas que continuassem terminando a edificação do templo sob
o governo do sacerdócio de Josué, o sumo sacerdote, e do reinado de
Zorobabel, o governador. Considerando que as primeiras cinco visões
eram positivas, as últimas três visões que Zacarias viu (5:1-6:8) eram
negativas, porque dizem respeito ao juízo universal de Deus sobre as
pessoas más e o mal sobre a terra. Essas três visões são a visão do rolo
volante (5:1-4), a visão do vaso de efa (vv. 5-11), e a visão dos quatro
carros (6:1-8). Nesta mensagem consideraremos as duas visões registradas
no capítulo cinco.

VI. A VISÃO DO ROLO VOLANTE

A. O Significado do Rolo Volante

―E outra vez levantei os meus olhos, e olhei, e vi um rolo volante.


Perguntou-me o anjo: Que vês tu? Eu respondi: Vejo um rolo volante‖
(5:1-2a). O rolo volante significa a justa lei de Deus e sua justiça (justo
juízo). Sem julgamento, pode haver retidão, mas não haverá justiça.
Quando um caso particular estiver sujeito à julgamento justo, então haverá
justiça.

37
B. Seu Comprimento de Vinte Côvados e
Sua Largura de Dez Côvados

O comprimento do rolo volante sendo de vinte côvados e a largura


é dez côvados significam o testemunho da lei por dois quadrados de dez
côvados por dez côvados. O número dois é o número para testemunho, e o
número dez significa completação em plenitude. Portanto, a lei de Deus é
um testemunho ao mundo inteiro, e os dois quadrados de dez côvados por
dez côvados indicam a completação em plenitude da lei.

C. A Maldição

O versículo 3a diz, ―Ele me disse: Esta é a maldição que sai pela face
de toda a terra.‖ A maldição significa a punição de Deus no julgar pecados
conforme Sua lei justa. A lei de Deus é justa, e esta lei justa não tolera
injustiça. O fato de que o juízo de Deus é uma maldição indica que isto é
um assunto muito sério. Esse rolo volante será a base do juízo completo de
Deus sobre todo o pecado na terra.

D. O Significado de Furtar

Os versículos 3b e 4b falam daqueles que furtam. Furtar significa


pecar contra o homem, que são o resultado de ganância e cobiça. Hoje é
uma era de furtar. Negócios e comércios envolvem furtos. Todos são
gananciosos e cheios de cobiça. O apóstolo Paulo poderia guardar muitos
dos Dez mandamentos, mas ele não pôde cumprir o mandamento que diz
respeito à cobiça (Rm 7:7-8).

E. O Significado de Jurar Falsamente pelo Nome de Jeová

Zacarias 5 também fala a respeito daqueles que juram falsamente


pelo nome de Jeová (vv. 3c, 4c). Jurar falsamente pelo nome de Jeová
significa pecar contra Deus, os quais são resultados de um relacionamento
errado com Deus. Aqueles que juram falsamente dessa maneira não são
honestos, fiéis e sinceros com Deus. Eles podem reivindicar falar e agir em
38
nome de Deus, mas sua reivindicação é uma falsidade. Tal falsidade
certamente é uma ofensa a Deus.

A lei de Deus dada a Moisés tem duas seções: a primeira concer-


nente ao relacionamento entre o homem e Deus, e a segunda concernente
aos relacionamentos entre homens. Ser reto com Deus e com o homem é
ser justo. Aqueles que não são retos com ambos, Deus e o homem, sofrerão
o juízo de Deus.

F. O Julgamento de Deus dos Pecados Atinge


a Casa dos Pecadores e Reside Lá

Falando do julgamento de Deus, o versículo 4 diz, ―Fá-lo-ei sair, diz


Jeová dos Exércitos, e entrará ele na casa do ladrão, e na casa daquele que
jurar falsamente pelo meu nome; ficará no meio da casa do tal e a
consumirá juntamente com a sua madeira e com as suas pedras‖. A
descrição neste versículo indica que o exercício do juízo de Deus sobre os
pecados será extremamente sério e também assaz completo.

VII. A VISÃO DO VASO DE EFA

Os versículos de 5 a 11 descrevem a visão do vaso de efa que é o


vaso de medir, um recipiente capaz de conter um efa, usado para compra
e venda em negócios.

A. Seu Surgimento em Toda a Terra

―Então saiu o anjo que falava comigo e me disse: Levanta os teus


olhos, e vê que é isto que sai. Eu perguntei: Que é isto? Ele disse: É o vaso
de efa que sai. Disse ele mais: Esta é a sua semelhança em toda a terra‖ (vv.
5-6). Uma grande porcentagem da população mundial está envolvida com
negócios ou comércio. A aparência do comércio não é ruim; antes, em toda
a terra o comércio parece ter uma aparência adequada. Mas como veremos,
realmente o comércio de hoje é totalmente maligno.

39
B. Uma Mulher Sentada dentro do Vaso de Efa

―E uma mulher estava sentada dentro do vaso de efa. Prosseguiu o


anjo: Esta é a impiedade‖ (vv. 7b-8a). Isto significa que a iniquidade
contida no comércio, é como a cobiça, o engano e o amor ao dinheiro. O
vendedor ama dinheiro e tenta tirar dinheiro do bolso do comprador; o
comprador também ama dinheiro e tenta obter as coisas para si a um
preço baixo, por meio disso economizando dinheiro.

A visão em Zacarias 5 corresponde àquela de Babilônia, a Grande,


em Apocalipse 18. Essas visões nos mostram que, aos olhos de Deus a
iniquidade contida no comércio é uma forma de idolatria e fornicação.
Comércio é uma mulher adúltera cobiçosa por ganhar dinheiro.

C. Uma Tampa de Chumbo Sobre Abertura do Vaso de Efa

Em Zacarias 5:7 e 8 vemos que uma tampa de chumbo, um peso de


chumbo, colocado sobre a abertura do vaso de efa. Isto significa a restrição
da iniquidade no comércio pela soberania de Deus. A iniquidade está
escondida e restrita no comércio internacional. Se o comércio, especial-
mente o comércio internacional, pudesse ser restringido, toda a terra seria
santa.

D. Duas Mulheres que Vão Adiante

―Então levantei os meus olhos, e vi: eis que saíram duas mulheres‖
(v. 9a). A mulher tornando-se duas mulheres significa o duplo efeito do
comércio uma vez que ele se torna livre de restrição.

E. Duas Mulheres Saíram do Vaso de Efa entre a Terra e os Céus

―E o vento estava nas suas asas (ora tinham elas asas como as asas
da cegonha) e elevaram o efa entre a terra e o céu‖ (v. 9b). Tudo isso
significa a rápida difusão do comércio iníquo.

40
F. Uma Casa Edificada pela Mulher
na Terra de Sinear

―Perguntei ao anjo que falava comigo: Para onde levam elas o efa?
Respondeu-me: Para lhe edificar uma casa na terra de Sinear; quando a
casa tiver sido preparada, ela será estabelecida no seu lugar‖ (vv. 10-11).
Isto significa que a soberania de Deus fará a iniquidade no comércio, a
qual o povo de Israel aprendeu dos babilônios em seu cativeiro, voltar
para a Babilônia (a terra de Sinear). Deixe esta iniquidade voltar à Babi-
lônia. Todas as pessoas entre os eleitos de Deus devem ser honestas e
simples em seu viver.

41
ESTUDO-VIDA DE ZACARIAS
MENSAGEM SETE

AS VISÕES DE CONSOLAÇÃO E PROMESSA

(6)

Leitura bíblica: Zc 6

As visões em Zacarias 5 e 6 são todas concernentes ao julgamento


de Deus. No capítulo cinco a visão do rolo volante (vv. 1-4) revela que a
justa lei de Deus e sua justiça não podem permitir nenhuma injustiça na
terra. Devemos ser corretos com Deus e o homem; caso contrário,
sofreremos o julgamento de Deus. A visão do vaso de efa (vv. 5-11)
mostra-nos que a pior coisa na terra é o comércio. Aparentemente o
comércio é algo bom, mas, na verdade, é maligno, cheio de maldade.
Nesta mensagem continuaremos a considerar os dois assuntos revelados
no capítulo seis: a visão dos quatro carros (vv. 1-8) e a palavra final para
confirmar as oito visões neste livro (vv. 9-15).

VIII. A VISÃO DOS QUATRO CARROS

Em 6:1-8 temos a última das oito visões no livro de Zacarias—a


visão dos quatro carros.

A. O Significado dos Quatro Carros

―De novo levantei os meus olhos, e vi: eis que quatro carros saíam
dentre dois montes‖ (6:1a). Os quatro carros significam os quatro ventos
(vv. 4-8) dos quatro cantos da terra (Ap 7:1-3) para o julgamento de Deus
dos pecados sobre a terra. Estes quatro ventos são usados por Deus para
levar a cabo Sua administração em todo o universo. Em particular, eles

42
são usados por Deus para levar a cabo Seu juízo, não principalmente sobre
pessoas individuais, mas sobre nações, governos e reinos.
Na visão em Zacarias 1:18-21, Zacarias viu quatro chifres que foram
levantados para prejudicar e destruir o povo de Deus, Israel. Então Deus
preparou esses quatro ―ferreiros‖ para destruir esses quatro chifres. O
primeiro desses ferreiros foi o império persa, soberanamente usado por
Deus para destruir a Babilônia, o primeiro chifre. A Pérsia era um grande
império; seu território estendia desde o Mar Mediterrâneo até o Oceano
Índico. Certamente não era fácil para ninguém conquistar esse vasto
império. Mas Alexandre o Grande, um homem jovem, veio e rapidamente
derrotou tudo do império persa. Tudo isso estava debaixo do soprar do
vento soberano de Deus para trazer o segundo ferreiro para destruir o
segundo chifre. Então Júlio César veio com o exército romano e em pouco
tempo conquistou o império grego, fundado por Alexandre. O império
romano, o último chifre, tem perdurado até agora por mais de dois mil
anos.

1. Cada Carro é Equipado com Cavalos

―No primeiro carro eram cavalos vermelhos, no segundo carro


cavalos pretos, no terceiro carro cavalos brancos, e no quarto carro cavalos
baios com malhas‖ (6:2-3). O fato de cada carro estar equipado com
cavalos retrata o mover rápido do julgamento de Deus. De nosso ponto de
vista, o julgamento de Deus pode estar vindo lentamente. Entretanto,
segundo a visão de Deus, Seu julgamento vem rapidamente com um
mover rápido.

2. Cavalos de Cores Diferentes

Esses cavalos de cores diferentes, vermelho, preto, branco e


salpicado, representam as diferentes maneiras do julgamento de Deus.
Quando o Senhor Jesus vier, Ele será mais rápido que o vento; Ele será
como o relâmpago. O último vento trará Cristo como o último Ferreiro, o
consumador, que destruirá o anticristo com seu reino e pisará o grande

43
lagar. Num instante Ele esmagará a grande imagem humana (Dn 2) dos
dedos do pé para a cabeça, terminando todo o governo humano nesta
terra.

B. O Significado dos Dois Montes

Zacarias 6:1 fala de dois montes. Os dois montes significam um


testemunho do juízo de Deus na terra. Dentre os dois montes, os quatro
ventos vêm para testificar a toda à terra que Deus está no trono e que a
terra está sob Sua administração.

C. O Significado das Montanhas de Bronze

―E os montes eram de bronze‖ (v. 1b). Em tipologia o bronze


tipifica julgamento. Assim, esses dois montes de bronze tipificam montes
de julgamento. O julgamento de Deus vem para levar a cabo Seu
testemunho.

D. Aqueles Que Saíram da Terra do Norte Fazem


Repousar o Espírito de Deus na Terra do Norte

―E me chamou e me disse: Eis que aqueles que saíram para a terra


do Norte fazem repousar o meu Espírito na terra do Norte‖ (v. 8). Isto
significa que os julgamentos sobre os países do norte, Assíria e Babilônia
(Jr 1:14-15; 4:6; 6:1; 25:9; 46:10; Ez 1:4), deu descanso ao Espírito de Deus. O
julgamento sobre esses países foi um conforto para Deus.

IX. A PALAVRA CONCLUSIVA PARA


CONFIRMAR AS OITO VISÕES

Deus deu oito visões para confortar Israel. Zacarias 6:9-15 é a


palavra final para confirmar as oito visões de conforto, consolação e
encorajamento.

44
A. Por Meio da Coroação de Josué o Sumo sacerdote

As visões são confirmadas pela coroação de Josué o sumo sacer-


dote—tipificando Cristo em Seu sacerdócio—unido a Zorobabel o
governador de Judá, tipificando Cristo como o renovo de Davi em Seu
reinado, que mantém os dois ofícios, o sacerdócio e o reinado, em paz no
Seu trono. Antes da época de Zacarias, ninguém tinha mantido ambos os
ofícios, pois o sacerdócio é da tribo de Levi e da família de Arão, e o
reinado é da tribo de Judá e da família de Davi. Porém, o rei Uzias tentou
usurpar o oficio do sacerdócio (2Cr 26:18-21), mas Deus o castigou com
lepra, e ficou leproso até o dia de sua morte.

Em Zacarias 6:9-13 tanto Josué quanto Zorobabel são um tipo de


Cristo. Isso significa que duas pessoas tipificam uma pessoa. Cristo é o
Único a manter os dois ofícios do sacerdócio e do reinado. Quando Ele
vier, Ele reunirá o sacerdócio e o reinado sobre Seus ombros. Em toda
história, Ele é a única pessoa qualificada para conduzir os encargos destes
dois ofícios na administração de Deus. Por conseguinte, em Hebreus 7,
Cristo é tanto o Sumo Sacerdote quanto o Rei, como tipificado por
Melquisedeque (cf. Gn 14:18). Visto que Melquisedeque carregava os dois
ofícios, do sacerdócio e do reinado, ele foi um tipo de Cristo como Aquele
que carregaria tanto o sacerdócio quanto o reinado na administração de
Deus.

B. A Garantia da Conclusão da Reconstrução do Templo de Deus

―Eis o homem cujo nome é o Renovo; brotará do seu lugar, e


edificará o templo de Jeová. Ele edificará o templo de Jeová‖ (Zc 6:12b-
13a). Isto indica que a palavra conclusiva no capítulo 6 é para a segurança
da completação da edificação do templo de Deus (v. 15). A coroação de
Josué, foi uma garantia para o povo de que Deus faria algo para completar
a reedificação do templo.

45
C. A Esplêndida Coroa Sendo como um
Memorial no Templo de Jeová

―A coroa esplêndida será como um memorial no templo de Jeová‖


(v. 14). Isto significa o lembrar do Messias vindouro (Cristo) pelo povo
escolhido de Deus. A coroa com a qual Josué foi coroado foi removida de
sua cabeça e posta no templo. Ela devia ser um memorial para os filhos de
Israel a fim de lembrar o Messias vindouro, Aquele que viria para ser o
Rei e o Sacerdote, a fim de executar a administração de Deus, para o
cumprimento da economia de Deus.

46
ESTUDO-VIDA DE ZACARIAS
MENSAGEM OITO

ADVERTÊNCIA A ISRAEL PARA SE VOLTAR DA VAIDADE


DE SUA RELIGIÃO RITUALÍSTICA PARA A REALIDADE
DE UMA VIDA PIEDOSA, E O DESEJO DE
JEOVÁ DE RESTAURAR ISRAEL

Leitura bíblica: Zc 7-8

Nesta mensagem consideraremos Zacarias 7 e 8. Estes capítulos


abrangem a advertência a Israel para se voltar da vaidade da religião
ritualística (7:3-6; 8:19a) para a realidade de uma vida piedosa (7:7-14; 8:16-
17, 19b) e também o desejo de Jeová de restaurar Israel (8:2-23).

I. ADVERTÊNCIA A ISRAEL PARA SE VOLTAR DA


VAIDADE DE SUA RELIGIÃO RITUALÍSTICA PARA A
REALIDADE DE UMA VIDA PIEDOSA

A. Voltar da Vaidade de Sua Religião Ritualística

Zacarias 7:3-6 fala da vaidade da religião ritualística. Em particular,


esses versículos mencionam o choro e o jejum. O povo de Israel chorou,
jejuou e separou a si mesmo no décimo mês para expressar sua dor pelo
ataque e sítio a Jerusalém pelos babilônios (Jr 52:4). O povo chorou, jejuou
e separou a si mesmo no quarto mês para expressar sua dor pela
demolição da cidade de Jerusalém (2Rs 25:3-4). Israel chorou, jejuou
separou a si mesmo no quinto mês para expressar sua dor pela queima do
templo de Deus e a cidade de Jerusalém (Jr 52:12-13), e no sétimo mês para
expressar sua aflição pelo assassinato de Gedalias (2Rs 25:22-26).

47
B. Voltar para a Realidade de uma Vida Piedosa

Israel não foi somente advertido para voltar da vaidade da sua


religião ritualística, mas também voltar à realidade de uma vida piedosa.

1. Para Ouvir a Palavra de Deus

Primeiro, foi dito a Israel que desse ouvidos à palavra de Deus


proclamada pelos profetas (Zc 7:7, 11).

2. Julgar com Juízo Verdadeiro

Se o povo de Israel quisesse ter a realidade de uma vida piedosa,


eles teriam que julgar com juízo verdadeiro, mostrar misericórdia e
compaixão, cada um para com seu irmão, não oprimir a viúva e o órfão,
nem o estrangeiro e o pobre, e nenhum deles intentassem no seu coração o
mal contra seu irmão (vv. 9-10; 8:16b-17a).

3. Cada Homem Falando a Verdade ao Seu Próximo

Além disso, o povo de Deus foi incumbido de cada homem falar a


verdade ao seu próximo. Não era para eles intentarem mal em seus
corações contra o seu próximo, nem amassem o juramento falso, porque
todas essas eram odiadas por Jeová (8:16a, 17b).

4. Amar a Verdade e a Paz

Finalmente, os filhos de Israel deveriam amar a verdade e a paz (v.


19b). Eles foram advertidos para que voltassem da sua religião ritualística
com choro e jejum à realidade de uma vida piedosa, uma vida plena de
justiça, bondade, compaixão, verdade, e paz.

48
II. O DESEJO DE JEOVÁ DE RESTAURAR ISRAEL

Zacarias 8 revela o desejo de Jeová para restabelecer Israel. Esta é


uma questão preciosa.

A. O Desejo de Jeová e a Restauração de Israel

1. Jeová dos Exércitos Zela por Sião com um Grande Zelo

Jeová dos Exércitos zela por Sião com grande zelo. Sem dúvida, Ele
zela por ele com grande furor contra seus inimigos (v. 2). Embora Deus
seja amor, Ele tem grande furor contra os inimigos de Seu povo. Ele tem
zelo pelos Seus amados eleitos.

2. Jeová Retorna a Sião e Habita no Meio de Jerusalém

Assim diz Jeová: Tenho voltado para Sião, e habitarei no meio de


Jerusalém, e Jerusalém será chamada a cidade da verdade, e o monte de
Jeová dos Exércitos, o monte santo (v. 3).

3. Os Velhos e Velhas Habitarão nas Ruas de Jerusalém

Assim diz Jeová dos Exércitos: Ainda nas ruas de Jerusalém


habitarão velhos e velhas, tendo cada um na mão o seu cajado por causa
da sua muita idade (v. 4). Isso indica que a cidade estará numa situação
maravilhosa e que os velhos e velhas terão o verdadeiro desfrute de vida.

4. As Ruas da Cidade Estarão Cheias de


Meninos e Meninas Brincando

As ruas da cidade serão cheias de meninos, que brincarão nas suas


ruas (v. 5). Isso indica que a cidade estará tranquila e muito agradável.

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5. Será Maravilhosa Tanto aos Olhos do Resto
de Israel Quanto aos Olhos de Jeová

A situação de Jerusalém na restauração será tão maravilhosa tanto


aos olhos do resto do povo quanto aos olhos de Jeová (v. 6). Quando as
pessoas virem o deleite de Jerusalém, elas poderão dizer, ―Isso é maravi-
lhoso!‖ e Deus poderá dizer, ―Sim, isso é maravilhoso!‖

6. Jeová Salva Seu Povo da Terra do Oriente e da Terra do Ocidente

Assim diz Jeová dos Exércitos: Eis que salvarei o meu povo,
tirando-o da terra do oriente e da terra do ocidente; eu os trarei, e eles
habitarão no meio de Jerusalém; eles serão o meu povo, e eu serei o seu
Deus em verdade e em justiça (vv. 7-8). Acredito que a terra do oriente é a
Babilônia e que a terra do ocidente é a Espanha, pois naquela época a
Espanha era considerada a maior parte da terra, o lugar do pôr-do-sol.

7. Os Filhos de Israel São Encorajados à Serem Fortes

Assim diz Jeová dos Exércitos: Sejam fortes as vossas mãos, ó vós
que nestes dias ouvis estas palavras da boca dos profetas, que existiam nos
dias em que foi posto o fundamento da casa de Jeová dos Exércitos, isto é,
do templo, a fim de que fosse edificado (v. 9). Esta é uma palavra encora-
jando os filhos de Israel a serem fortes e valentes e finalizar a obra de
reedificação da casa de Deus.

8. O Resto dos filhos de Israel Ganham Salários


e Também Seus Animais

Pois antes daqueles dias não tinham os homens salários, nem os


animais lhes davam ganhos; nem havia paz para o que saía, nem para o
que entrava por causa do adversário; porque incitei todos os homens, cada
um contra o seu próximo (vv. 10-11).

50
9. Jeová Faz Com que o Resto de Israel Herde Bênçãos

Pois haverá a semente da paz: a vide dará o seu fruto, e a terra


produzirá a sua novidade, e os céus darão o seu orvalho; e farei que o
resto deste povo herde todas estas coisas (v. 12). Por causa dessas bênçãos,
toda a região será frutífera e produtiva para o desfrute do povo.

10. Jeová Salva o Povo e o Povo Torna-se uma Bênção

Como vós éreis uma maldição entre as nações, ó casa de Judá e ó


casa de Israel, assim eu vos salvarei, e sereis uma bênção; não tenhais
medo, mas sejam fortes as vossas mãos. Pois assim diz Jeová dos Exércitos:
Como resolvi fazer-vos o mal, quando vossos pais me provocaram à ira,
diz Jeová dos Exércitos, e não me arrependi; assim tornei a resolver nestes
dias fazer o bem a Jerusalém e à casa de Judá; não tenhais medo (vv. 13-15).
Deus será bom para eles em todos os sentidos.

11. Os Jejuns Tornam-se Gozo e Alegria e em


Festas Alegres para a Casa de Judá

Assim diz Jeová dos Exércitos: O jejum do quarto, e o jejum do


quinto, e o jejum do sétimo, e o jejum do décimo mês se tornará para a
casa de Judá em gozo e em alegria, e em festas alegres; portanto amai a
verdade e a paz (v. 19). Em vez de jejuns haverá festas alegres cheia de boa
comida para o desfrute do povo de Israel.

B. As Nações Vêm a Israel Pedir o Favor de Jeová,


e os filhos de Israel São Sacerdotes a Elas

As nações virão a Israel para pedir o favor, a graça, de Jeová, e os


filhos de Israel serão sacerdotes para elas (vv. 20-23). Antes desse tempo
toda a nação de Israel será um sacerdócio. Eles ensinarão os gentios, as
nações, a conhecer o caminho de Deus e a pessoa de Deus, e eles lhes
ensinarão a adorar e servir a Deus. Como sacerdotes, eles trarão as nações
à presença de Deus para que elas possam ser iluminadas, corrigidas e
51
favorecidas com todas as riquezas de Deus. Isto é o sacerdócio. No reino
milenar, depois que os judeus forem salvos na vinda do Senhor, eles se
tornarão os sacerdotes para ensinar todas as nações a se arrependerem.

1. Os Povos, Até mesmo os Habitantes de


Muitas Cidades, Virão à Israel

―Os habitantes de uma cidade irão à outra cidade, dizendo: Vamos


apressadamente para suplicar o favor [graça] de Jeová, e para buscar Jeová
dos Exércitos; eu também‖ (v. 21). O versículo 22 continua dizendo,
―Muitos povos e poderosas nações virão a buscar em Jerusalém a Jeová
dos Exércitos e a suplicar o favor de Jeová.‖ Espero que naquele dia em
todas as igrejas locais que a situação seja como essa. Sempre que alguém
disser, ―Vamos à reunião‖, outros possam dizer, ―Eu também irei.‖ Essa
será a situação no milênio. Não somente todo o povo de Israel, mas
também os gentios que estarão vivendo com eles buscarão a Deus.

2. Dez Homens Pegarão na Orla da Veste de


um Judeu Dizendo Que Irão Com Eles

―Assim diz Jeová dos Exércitos: Naqueles dias pegarão dez homens
de todas as línguas das nações, sim, pegarão da orla da veste daquele que
é judeu, dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus é
convosco.‖ (v. 23; Is 2:2-3a). De alguma maneira Jeová reverterá a situação
de Babel e lidará com o problema causado pelas diferentes línguas entre as
nações. Deus já fez isso uma vez, em Pentecostes (At 2). O que aconteceu
em Pentecostes é uma prefiguração do que ocorrerá durante a era do reino
milenar.

3. Os Filhos de Israel Serão Sacerdotes para as Nações

Os filhos de Israel serão os sacerdotes para as nações (Isa. 2:3b-4a).


A intenção de Deus segundo Êxodo 19:6 era ter Israel como uma nação de
sacerdotes, e Ele nunca esqueceu isso. Deus tem esperado por um tempo
oportuno para fazer isso, mas não tem, contudo, havido a chance de fazê-

52
lo. Na época da restauração, todos os Israelitas serão os sacerdotes. Eles
estarão muito ocupados como sacerdotes para as nações, ensinando-as
como adorar e servir o Senhor. As nações antigamente eram idólatras ou
ateístas, mas todas elas se voltarão a Deus, e Deus se voltará a elas para ser
o Seu Deus. Portanto, elas precisarão aprender a como adorar e servir o
Senhor.

Essa foi a palavra encorajadora falada aos filhos de Israel. Zacarias


parecia estar dizendo, ―Se esqueçam de jejuar e lamentar. Voltem-se para
Deus e voltem-se para uma vida piedosa. Então um tempo de restauração
virá entre vocês, e as nações se voltarão a vocês e voltarão a habitar com
vocês como povo de Deus. Vocês tomarão a frente para ajudá-los, ensiná-
los e acompanhá-los na adoração de Deus.‖

Durante o reino milenar, Israel estará na parte terrena, ao passo que


nós, os crentes do Novo Testamento, estaremos na parte celestial. Seremos
os reis, os co-reis com Cristo, e também seremos os sacerdotes, os
sacerdotes celestiais para servir a Deus. Porém, nem todos os crentes
estarão lá, mas somente os crentes vencedores. Estar ou não no reino
milenar que será um tempo de provas para nós, dependerá se formos ou
não vencedores em nossa vida cristã nesta era. Se formos vencedores,
estaremos na parte celestial do reino milenar como os reis e sacerdotes. Se
não, estaremos em algum outro lugar para sermos disciplinados e nos
tornarmos amadurecidos.

53
ESTUDO-VIDA DE ZACARIAS
MENSAGEM NOVE

AS PROFECIAS DE ENCORAJAMENTO

(1)

Leitura bíblica: Zc 9

O encargo de Zacarias era ajudar o povo de Israel que retornou a


ver o propósito de Deus. Naquela época o propósito de Deus era restaurar
o templo como o centro do Seu interesse. Por meio de Zacarias Jeová
parecia estar dizendo a eles, ―Eu não quero seu jejum e lamentação.
Esqueçam essas coisas. Eu peço-lhes até mesmo que esqueçam o que fiz no
passado para lidar com vocês. Vocês precisam saber o que quero que
façam hoje. Quero que vocês percebam que Meu desejo é que o templo
seja edificado pelo Meu povo para ser o centro e realidade do Meu
interesse na terra.‖ Hoje a intenção de Deus, Seu desejo, é que sejamos um
com Ele. Ele trouxe-nos de volta ao lugar genuíno, para a base, para a
fundação do templo. Deus quer que vejamos que o Seu interesse, desejo e
encargo é terminar a edificação desse templo.

Deus tem um encargo. Este encargo é que Ele possa ganhar um


povo nesta era para conhecer Seu coração, perceber Seu desejo e ser um
com Ele para edificar o Corpo de Cristo. Este é o desejo de Deus. O desejo
de Deus está relacionado à Sua economia. A economia de Deus é ter Cristo
como tudo, tê-Lo como o centro e a circunferência, a centralidade e a
universalidade do mover de Deus nesta terra. Todos nós precisamos ver
isso.

Ao longo do livro de Zacarias Cristo é revelado. No capitulo um


vemos Cristo como o Homem montado num cavalo vermelho para cuidar
do sofrimento do povo de Deus; no capítulo dois, como Aquele que está

54
medindo Jerusalém; no capítulo três, como Aquele que é o Sumo
Sacerdote, tipificado por Josué o sumo sacerdote e retratado pela pedra
com sete olhos; no capítulo quatro, como Aquele que é o verdadeiro Rei,
tipificado por Zorobabel e no capítulo seis, como o Único que está
qualificado para sustentar tanto o oficio do sacerdócio quanto do reinado
para a consumação da edificação do templo de Deus. Agora devemos
continuar a ver que esse Cristo todo-inclusivo está completamente envol-
vido com a história humana. A história humana desde Adão até a última
pessoa da raça humana não é nada sem Cristo. Entretanto, segundo a
economia de Deus, Cristo está intimamente envolvido com a história
humana. Isso significa que Cristo está envolvido com cada aspecto crucial
dos quatro impérios representados pela grande imagem humana em
Daniel 2. Como veremos, o Cristo revelado em Zacarias 9-14 é um Cristo
que está envolvido com a história humana de maneira refinada, particular
e até mesmo íntima.

As visões nos capítulos de um a seis de Zacarias eram principal-


mente para consolação dos filhos de Israel, ao passo que as profecias nos
capítulos de nove a quatorze são principalmente para o encorajamento
deles. Sem Cristo não há nem consolação nem encorajamento. A conso-
lação em Zacarias de 1—6 é Cristo, e o encorajamento em Zacarias de 9—
14 também é Cristo. Nesta mensagem consideraremos a primeira das
profecias de encorajamento.

I. A PROFECIA CONCERNENTE ÀS NAÇÕES AO


REDOR DE JUDÁ EM RELAÇÃO A ISRAEL

A profecia em Zacarias 9 diz respeito às nações ao redor de Judá em


relação a Israel.

A. Concernente à Destruição Realizada sobre as Nações


ao redor de Judá por Alexandre o Grande

A profecia nos versículos de 1 a 7 diz respeito a destruição realizada


sobre as nações ao redor de Judá por Alexandre o Grande, rei do império

55
grego (336-323 a.C., com a influência de seus quatro sucessores até 44 a.C.),
profetizada por Daniel em seu livro como o abdômen e as coxas da grande
imagem humana em 2:32c, como a terceira besta em 7:6, como o bode em
8:5, e como um rei poderoso em 11:3.

B. Jeová Protegendo Jerusalém com Seu Templo como Sua Casa

Zacarias 9:8 diz, ―Ao redor da Minha casa acamparei contra o


exército, para que ninguém passe nem volte; e não passará mais por eles o
exator: pois agora o tenho visto com os meus olhos.‖ Isso revela que
durante o ataque de Alexandre o Grande, Jeová protegeu Jerusalém com
seu templo como Sua casa. Embora Alexandre, um rei poderoso, tenha
causado dano a tantas nações ao redor de Judá, ele não causou muito dano
à Judá e Jerusalém, e não danificou em nada o templo.

C. Cristo É Bem Recebido Temporariamente como


o Rei em Jerusalém de Forma Humilde

Os dois versículos no capítulo nove estão relacionados com Cristo,


os versículos 9 e 10, são uma inserção. Isso significa que o versículo 11 é na
verdade a continuação do versículo 8. O versículo 9 diz, ―Regozija-te
muito, filha de Sião; exulta, filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei.
Ele é justo, e trás a salvação; ele é pobre e vem montado sobre um jumento,
sobre um potrinho, filho de uma jumenta.‖ Isso revela que Cristo viria de
maneira justa com salvação para nós e que Ele montaria num jumento,
filho de uma jumenta. Esse versículo foi cumprido nos quatro Evangelhos
quando Jesus Cristo entrou em Jerusalém a última vez. Ele veio como um
Rei, mas como um Rei humilde, um Rei humilhado, não montando em um
cavalo majestoso, mas em um jumentinho.

D. O Reino Milenar como um Tempo de Restauração

O versículo 10 diz, ―E destruirei os carros de Efraim e os cavalos de


Jerusalém, e o arco de guerra será exterminado. Ele anunciará a paz às

56
nações; o seu domínio se estenderá de mar a mar, e desde o Rio até as
extremidades da terra.‖ Isso se refere ao reino milenar que será um tempo
de restauração. No milênio, Deus fará cessar toda guerra. Esta palavra
concernente ao reino certamente deve ter sido um conforto e um
encorajamento ao povo de Israel.

A sequência nesse capítulo é muito significativa. Os versículos de 1


a 7 dizem respeito ao dano e devastação causados por Alexandre o Grande
às nações ao redor de Judá. Então o versículo 8 continua a dizer que o
próprio Jeová se acampou ao redor do Seu templo dentro da cidade santa.
Isso salvou Judá, Jerusalém e o templo da devastação de Alexandre.
Jerusalém e o templo foram poupados e salvos da devastação do inimigo.
Isso foi uma boa libertação e um sinal da restauração vindoura. Porém, a
restauração vindoura precisa da vinda de Cristo. Por isso, depois da
palavra no versículo 8 concernente à libertação de Jerusalém e o templo, o
versículo 9 diz que Cristo está vindo, sendo justo e trazendo salvação.
Finalmente, a situação está correta e adequada para a vinda de Cristo, e
Ele virá humildemente, e também de maneira íntima, montado num
jumento.

Qual deve ser o resultado da vinda de Cristo? Como o versículo 10


indica, após a Sua vinda, paz e restauração deverá estar aqui, e o domínio
de Deus também deverá estar aqui. Na restauração o primeiro item é paz:
―Ele anunciará paz às nações.‖ O segundo item é domínio: ―Seu domínio
se estenderá de mar a mar.‖

Entretanto, quando Cristo veio a primeira vez, Ele foi bem recebido
temporariamente e por fim foi rejeitado, detestado ao máximo, e levado à
morte para ser crucificado. Com relação à Sua rejeição pelos filhos de
Israel, o Senhor Jesus disse, ―Jerusalém, Jerusalém! Que matas os profetas
e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes Eu quis reunir os teus
filhos, como a galinha ajunta a sua ninhada debaixo das asas, e vós não
quisestes! Eis que a vossa casa vos é deixada deserta‖ (Mt 23:37-38). A
palavra casa denota a casa de Deus, a qual era o templo. Ela era a casa de

57
Deus, mas aqui ela é chamada ―sua casa.‖ A casa de Deus tinha se tornado
a casa deles, e ela seria totalmente destruída por Titus em 70 d.C. (Mt 24:2).

Porque os filhos de Israel rejeitaram Cristo o Rei, a restauração foi


suspensa por um templo, e o momento do julgamento sobre os filhos de
Israel começou, o qual durou aproximadamente vinte séculos. Portanto,
Cristo precisa vir uma segunda vez, desta vez não montando um jumento,
mas vindo como relâmpago (Mt 24:27). Então a paz e o reino eterno, como
o domínio de Deus, estarão na terra de mar a mar. Esta é a sequência de
acordo com o significado espiritual.

E. Concernente à Vitória dos Heróis Judeus


Macabeus Sobre Antíoco Epifânio

A profecia nos versículos 11 a 17 de Zacarias 9 diz respeito à vitória


dos heróis judeus Macabeus sobre Antíoco Epifânio, o rei da Síria (175-163
a.C.), o reino do norte, profetizado por Daniel em seu livro em 8:9-14, 23-
25 e 11:28-35. Antíoco Epifânio foi o primeiro tipo da vinda do Anticristo,
que fará as coisas malignas profetizado em Daniel 8:10-13, 23-25,; 11:30-
32a.

Deus levantou os heróis Macabeus para encontrar Antíoco e


derrotá-lo. Daniel 11:32b diz, ―Mas o povo que conhece o seu Deus se
tornará forte e ativo.‖ Creio que os Macabeus e os seus seguidores sabiam
que esta palavra se aplicava a eles e que eles foram encorajados por ela.
Eles mostraram força e agiram contra Antíoco Epifânio.

Zacarias 9:13 diz, ―Porque para mim curvei Judá como um arco e o
enchi de Efraim; suscitarei a teus filhos, ó Sião, contra os teus filhos, ó Javã!
E te porei, ó Sião, como espada de valente.‖ A palavra Javã aqui refere-se à
Grécia e é a chave para compreender os versículos de 11 a 17. Os filhos da
Grécia são Antíoco e os que estão com ele, e os filhos de Sião são os
Macabeus. Assim, o versículo 13 está dizendo que na época de Antíoco

58
Epifânio Deus despertaria Seus filhos, os filhos de Sião, contra os filhos da
Grécia.

Os versículos 14 e 15 continuam dizendo, ―Por cima deles será visto


Jeová, e as suas flechas sairão como o relâmpago; Jeová Deus tocará a
trombeta, e irá com o redemoinho do sul. Jeová dos Exércitos os defenderá;
eles devorarão, e pisarão aos pés as fundas; beberão, e farão alvoroço
como de vinho; e ficarão cheios como as bacias de sacrifício, como os
cantos do altar.‖ Nestes versículos deles e eles se referem aos Macabeus que
seriam defendidos por Deus.

O versículo 16 continua, ―Jeová seu Deus os salvará naquele dia


como o rebanho do seu povo; porque eles serão como as pedras de uma
coroa, elevadas sobre a terra dele. ―Aquele dia‖ refere-se a 25 de dezembro
de 161 a.C.

O versículo 17 conclui, ―Pois quão grande é a sua bondade, e quão


grande é a sua formosura! O trigo fará florescer os mancebos, e o mosto as
donzelas‖. Esta é uma palavra falada em congratulações aos Macabeus por
sua vitória.

A primeira parte deste capítulo está relacionada a Alexandre o


Grande, e a última parte, com Antíoco Epifânio. A palavra concernente à
Cristo, que está envolvido com a história humana, é inserida nos
versículos 9 e 10. Cristo, claro que, não veio durante o tempo do império
grego, mas durante o tempo do império romano. Como veremos em uma
mensagem posterior, Zacarias também profetizou com respeito ao império
romano.

59
ESTUDO-VIDA DE ZACARIAS
MENSAGEM DEZ

AS PROFECIAS DE ENCORAJAMENTO

(2)

Leitura bíblica: Zc 10

Nesta mensagem consideraremos a profecia de encorajamento em


Zacarias 10.

II. A PROFECIA CONCERNENTE À VISITAÇÃO


AMOROSA DE JEOVÁ A ISRAEL

A profecia no capítulo dez de Zacarias diz respeito à visitação


amorosa de Jeová a Israel. Como veremos, esta visitação amorosa é de fato
a vinda de Cristo a Israel.

A. Jeová Encoraja os filhos de Israel a Buscar Mais Bênçãos

―Pedi a Jeová chuva no tempo das chuvas serôdias, a Jeová, que faz
as nuvens de chuva, dá aos homens aguaceiro e a cada um, erva no
campo‖ (v. 1). A palavra chuva aqui significa bênção. Pedir por mais
chuvas é buscar mais bênção. Assim, nesse versículo Jeová está
encorajando os filhos de Israel a buscar mais bênçãos enquanto Ele é
favorável a eles. Enquanto Jeová for tão favorável a nós, devemos pedir-
Lhe que nos envie ainda mais favor. Considerando que Deus está nos
dando abundância de chuva, devemos pedir-Lhe mais chuva. Isso indica
que todos nós precisamos orar pelas bênçãos abundantes de Jeová.

60
B. Jeová Punirá os Falsos Pastores

Os versículos que 2 e 3a dizem, ―Porque os ídolos do lar falam


coisas vãs, e os adivinhos veem mentiras, contam sonhos enganadores e
oferecem consolações vazias; por isso, anda o povo como ovelhas, aflito,
porque não há pastor. Contra os pastores se acendeu a minha ira, e
castigarei os bodes-guias.‖ Entre os judeus no tempo antigo, muitos
possuíam ídolos domésticos, os quais eram imagens ou falsos deuses que
guardavam em suas casas. Todos esses falsos deuses e todos os adivinhos
falavam mentiras e falsos sonhos; eles confortavam em vão. Então, as
pessoas vagavam como ovelhas. Eles eram afligidos porque não havia
nenhum pastor. O versículo 3 nos diz que a ira de Jeová foi acendida
contra os pastores e que Ele castigaria os bodes-guias. Os pastores aqui são
os bodes-guias. Os pastores adequados são os profetas, as pessoas
adequadas que falam por Deus.

Hoje temos uma prática maravilhosa na vida da igreja. Encorajamos


todos os santos a profetizarem; fazemos de cada santo um profeta. No
mover do Senhor entre Seu povo hoje, o mais importante é falar por Ele.
Paulo encorajou todos os santos a profetizarem (1Co 14:1, 24, 31, 39a).

C. Jeová Visita a Casa de Judá como o Seu Rebanho

―Mas Jeová dos Exércitos tomará a seu cuidado o rebanho, a casa de


Judá, e fará desta o seu cavalo de glória na batalha‖ (Zc 10:3b). Deus veio
ao Seu povo de tal maneira graciosa para visitá-los. Sua visita a eles foi a
vinda de Cristo a eles. Claro que, o capítulo dez não menciona o nome
Jesus Cristo ou Messias, mas a palavra visita aqui deve ser compreendida
como a vinda de Cristo. Dois mil anos atrás Ele veio na forma de um
homem.

Esta porção da Palavra fala sobre o Pastor do rebanho de Deus. No


Novo Testamento o Senhor Jesus se comparou a um pastor. Ele veio como
o verdadeiro Pastor e condenou os outros pastores que eram os anciões, os

61
escribas e os sacerdotes. Eles eram pastores iníquos, mas o Senhor Jesus
era o único Pastor. Ele até mesmo nos disse que Ele era o bom Pastor que
dava Sua vida pelas ovelhas (Jo 10:11, 14-15). Por um lado, Jeová puniu os
falsos pastores; por outro lado, Ele, o verdadeiro Pastor, visitou Seu
rebanho.

Ao visitar Seu rebanho Ele faz dele como um cavalo de majestade.


Você é uma ovelha ou um cavalo de majestade? Todos nós precisamos
progredir de forma que não sejamos mais ovelhas, mas cavalos de
majestade. Depois de ser visitada por Jeová como o Pastor, cada ovelha
fraca entre o povo de Deus torna-se um cavalo de majestade.

D. De Judá Sairá a Pedra Angular, o Prego, o


Arco de Batalha, e Todos os Chefes Juntos

Zacarias 10:4 continua, ―De Judá sairá a pedra angular, dele a estaca
da tenda, dele o arco de guerra, dele sairão todos os chefes.‖ O pronome
dele três vezes usado neste versículo refere-se a Judá no versículo anterior.
O versículo 4 indica que quando nos tornamos cavalos de majestade, nos
tornamos uma pedra angular, estacas, arcos de guerra e chefes. Quando
nos tornamos cavalos, produzimos esses quatro tipos de coisas.

E. A Casa de Judá e o Povo de Efraim São como Homens


Poderosos que Pisoteiam Seus Inimigos

A casa de Judá e o povo de Efraim serão como homens poderosos


que pisoteiam seus inimigos, porque Jeová está com eles (v. 5). Jeová
fortalecerá a casa de Judá e salvará a casa de José. Jeová os trará de volta,
porque Ele tem compaixão deles, e será como se Ele não os tivesse
rejeitado. Jeová é o seu Deus, e Ele lhes responderá (v. 6). Seus corações se
alegrarão como que pelo vinho, e corações se exultarão em Jeová (v. 7).
Esta deve ser nossa situação e condição na vida da igreja hoje.

62
F. Jeová Assobia para Eles e Os Ajuntam

Os versículos de 8 a 12 revelam aspectos adicionais da visitação


amorosa de Jeová a Israel. O versículo 8 diz, ―Eu lhes assobiarei, e os
ajuntarei; porque os tenho remido; multiplicar-se-ão, como se têm
multiplicado‖. O assobio de Jeová não é estridente, mas moderado e suave,
algo como o cantar de um pássaro. Frequentemente durante nosso tempo
de reavivamento matinal, Jeová assobia a nós, nos chamando e nos ajun-
tando a Ele.

Os versículos 9 e 10 continuam, ―Eu os semearei por entre os povos,


e em terras remotas se lembrarão de mim; viverão com seus filhos, e
tornarão a vir. Também os farei voltar da terra do Egito, os congregarei da
Assíria e os trarei para a terra de Gileade e do Líbano; não se achará lugar
para eles.‖ O povo de Jeová certamente se multiplicará. Creio que veremos
muitos novos nas igrejas locais. Isso será a verdadeira multiplicação da
nova maneira.

O versículo 11 continua a dizer, ―Ele passará o mar de aflição e


ferirá as ondas no mar, e todas as profundezas do Nilo secarão; a soberba
da Assíria será abatida, e o cetro do Egito se retirará. O mar mencionou
que aqui é o Mar Vermelho que, junto com o Nilo, protege o Egito e o
mantém separado. Porém, Deus golpeará as ondas no Mar Vermelho e
secará o Nilo.

O versículo 12 conclui, ―Eu os fortalecerei em Jeová; e no seu nome


andarão, diz Jeová.‖ O Eu aqui é Jeová, indicando que Jeová fortalecerá
Seu povo Nele mesmo. Eles então andarão no Seu nome. Estar no nome de
alguém é ser um com a pessoa que é a realidade daquele nome. Estar no
nome de Deus é ser um com Deus em nosso andar diário, viver,
caminhada e ter nosso ser no nome de Deus.

Tudo do capítulo dez fala sobre a visitação amorosa de Deus.


Precisamos perceber e lembrar que esta visitação é na verdade a vinda de

63
Cristo. Posso testemunhar pela minha experiência que quando desfru-
tamos a visitação amorosa de Jeová, nossa situação é exatamente igual a
do povo de Deus descrita neste capítulo. Frequentemente após desfru-
tarmos tal visitação amorosa, nossa situação muda. Em Sua visitação
amorosa, Ele nos encoraja para que busquemos mais bênçãos. Somos
pequenos cordeiros, mas depois da Sua visitação amorosa, nos tornamos
cavalos. Não é que somos ousados ou fortes, mas depois da visitação de
Jeová com Seu querido toque, somos fortalecidos para nos tornar cavalos
de majestade na batalha. Por fim, o Senhor nos fortalece em Si mesmo de
maneira que possamos andar em Seu nome.

64
ESTUDO-VIDA DE ZACARIAS
MENSAGEM ONZE

AS PROFECIAS DE ENCORAJAMENTO

(3)

Leitura bíblica: Zc 11

Nesta mensagem consideraremos a profecia no capítulo onze de


Zacarias.

III. A PROFECIA CONCERNENTE AO VIVER DE ISRAEL


DEBAIXO DA OPRESSÃO DO IMPÉRIO ROMANO

A profecia em Zacarias 11 aborda o viver de Israel debaixo da


opressão do império romano. Como veremos, neste capítulo há evidência
que prova que está relacionado à tirania do império romano.

A. A Destruição Realizada na Vizinhança


de Israel pelo Império Romano

Os versículos de 1 a 3 revelam a destruição realizada na vizinhança


de Israel pelo império romano. O fogo no versículo 1 refere-se à vinda do
César romano para devastar o Líbano e o Jordão.

B. Os Filhos de Israel Caem nas Mãos dos


Seus Vizinhos e na Mão de Seus Reis

O viver de Israel sob a tirania do império romano é visto nos


versículos de 4 a 6. Os filhos de Israel caíram nas mãos dos seus vizinhos e
nas mãos de seus reis. Os vizinhos mencionados no versículo 6 se referem

65
aos reis e governadores subordinados ao império romano, como Herodes
e Pilatos, na região da Palestina. O rei no versículo 6 é César.

C. Jeová como Jesus Apascenta o Aflito do Rebanho de Israel

Nos versículos de 7 a 11 e 14, vemos Jeová como Jesus que


apascenta o aflito do rebanho de Israel. O versículo 7a diz, ―Assim
apascentei as ovelhas destinadas para o matadouro, verdadeiramente as
ovelhas mais miseráveis.‖ O ―Eu‖ aqui se refere a Jeová, como indicado no
versículo anterior. Jeová como Jesus veio para alimentar Seu povo, que
estavam prestes a ser massacrado, os aflitos do rebanho.

Os versículos 7b a 11 dizem, ―Tomei para mim duas varas; a uma


chamei Formosura, a outra chamei União; e apascentei as ovelhas.
Exterminei os três pastores num só mês; porque a minha alma se enfastiou
deles, e a sua alma também teve nojo de mim. Então eu disse: Não vos
apascentarei: o que morre, morra; o que há de ser exterminado, seja
exterminado, e os que restam, comam cada um a carne do seu próximo.
Tomei a minha vara Formosura e a fiz em pedaços, para destruir a minha
aliança que tinha feito com todos os povos. Foi quebrada naquele dia;
assim as miseráveis dentre as ovelhas que me respeitaram, reconheceram
que isto era a palavra de Jeová.‖ Aqui vemos que Jeová como Jesus trouxe
duas varas — Formosura e União. Formosura refere-se à graça, e União
refere-se a estar vinculado na unidade. Jesus veio como o Pastor para
alimentar o rebanho de Deus com graça, de modo que eles possam ter
unidade. Então Jeová como Jesus, pôs à parte os três pastores—os
sacerdotes, os anciões e os escribas. Ele os destruiu, e as suas almas O
detestaram. O Senhor Jesus como o Pastor adequado, foi rejeitado,
deixando os filhos de Israel como um rebanho sem qualquer pastor (Jo
10:11). Com respeito a Israel estar sem um pastor, Mateus 9:36 diz, ―Vendo
ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e errantes,
como ovelhas que não têm pastor.‖ Além disso, Ele quebrou a vara,
Formosura (Zc 11:10). Isso indica que Ele quebrou a aliança que Deus fez

66
por intermédio de Moisés, deixando o povo sem uma aliança para cobri-
los. Deste modo, Ele tirou a graça (Formosura).

O versículo 14 continua, ―Então fiz em pedaços a minha segunda


vara União, para dissolver a irmandade entre Judá e Israel.‖ Isso indica
que o amor unidor também foi tirado. Como resultado, a nação estava
dividida e cheia de guerras internas (v. 9). Desde o dia da crucificação de
Cristo, não tem existido nenhuma unidade entre os judeus. Embora os do
reino do norte, Israel, e os do reino do sul, Judá, fossem irmãos, a
irmandade entre eles foi feita em pedaços por causa do amor unidor que
foi feito em pedaços. Isso aconteceu enquanto eles estavam vivendo sob a
opressão do império romano.

D. O Messias, como o Pastor Adequado de Israel,


Foi Detestado, Agredido, Rejeitado e Vendido
por Trinta Moedas de Prata

Zacarias 11:12 e 13 revelam que o Messias, como o Pastor adequado


de Israel, foi detestado, agredido, rejeitado e vendido por trinta moedas de
prata, o preço de um escravo (Êx 21:32). O que é profetizado aqui foi
cumprido nos Evangelhos. O Senhor Jesus foi vendido sob o reinado do
império romano, e foi julgado pelas leis romanas.

Zacarias que 11:12 e 13 diz, ―Eu lhe disse: Se vos parecer bem, dai-
me a minha paga; e se não, deixai-vos disso. Pesaram, pois, por minha
paga trinta moedas de prata. Jeová disse-me: Arroja-as ao oleiro, esse belo
preço em que fui apreçado por eles. Tomei as trinta moedas de prata, e
arrojei-as ao oleiro na casa de Jeová‖. Isso indica claramente que Cristo foi
detestado, agredido, rejeitado e vendido. A fim de compreender estes
versículos e saber o que a prata proporcionou e quem a lançou na casa de
Jeová, precisamos estudar os quatro Evangelhos.

67
E. Os Filhos de Israel Deixados aos Cuidados de
Pastores Insensatos e Imprestáveis

Os sacerdotes, os anciãos, e os escribas como os pastores malignos


foram exterminados e Jesus como o Pastor apropriado foi crucificado,
rejeitado ao máximo. Portanto, os filhos de Israel foram deixados aos
cuidados de pastores insensatos e imprestáveis, que não quiseram cuidar
deles (vv. 15-17). Isto significa que após a crucificação de Cristo, não
houve liderança apropriada entre o povo de Israel. Eles lutaram um com o
outro, devorando um ao outro. Os pastores insensatos, imprestáveis, que
se levantaram entre eles, levaram-nos a mais sofrimentos. Esta espécie de
situação permitiu a Titus, o príncipe romano, devastar todo o país de Judá
em 70 d.C.

Este capítulo seguramente refere-se ao viver de Israel sob a tirania


do império romano. O próprio Senhor Jesus viveu sob o reinado das leis
romanas; Ele viveu sob o reinado de César, a mais alta lei, e também sob o
reinado de Herodes e Pilatos que eram governantes subordinados. Sob
esse reinado, Ele, o verdadeiro e adequado Pastor, foi rejeitado, agredido,
vendido e crucificado. Com respeito a isto, Mateus 26:31, uma citação
Zacarias 13:7, diz, ―Fere ao pastor, e espalhar-se-ão as ovelhas do
rebanho‖. Quando Cristo, o Pastor, foi posto à cruz, todas as ovelhas do
seu rebanho se espalharam.

Os capítulos de nove a onze de Zacarias desvendam Cristo de


maneira muito íntima. O centro das profecias nestes capítulos é Cristo
como o Messias rejeitado. No capítulo nove, Cristo veio e entrou em
Jerusalém como o Rei numa forma humilde. Em seguida, o capítulo dez
revela essa Pessoa amável, íntima e gentil como o Pastor vindo em Sua
visitação amorosa a Israel. Quando Ele tinha trinta anos de idade, Ele veio
para pastorear as pessoas. Durante os três anos e meio do Seu ministério
na terra, Ele ministrou suprimento espiritual ao povo escolhido de Deus.
O tempo do Seu ministério foi um tempo de pastorear, e muitos foram
ajudados pelo Seu pastorear. Porém, porque Sua ajuda se tornou muito

68
popular, os anciões, escribas e sacerdotes ficaram com inveja. Em sua
inveja, eles prenderam Jesus por meio da traição de Judas. Seguindo isto,
Ele foi julgado primeiro pelo sumo sacerdote segundo a lei de Deus e
então pelas leis do governo romano, Herodes e Pilatos, segundo a lei
romana. O Senhor Jesus foi completamente justificado. Pilatos falou para
os judeus que ele não podia encontrar nada errado com Jesus (Jo 18:38;
19:4), mas eles não lhe deram ouvidos, e suas vozes o superaram.
―Quando, pois, O viram os principais sacerdotes e os servidores, gritaram:
Crucifica-O! Crucifica-O! Disse-lhes Pilatos: Tomai-O vós e crucificai-O,
porque eu não acho culpa Nele‖ (Jo 19:6). Em vez de agir justamente,
Pilatos entregou Jesus nas mãos dos judeus. Eles levaram Jesus e então O
conduziram para um lugar chamado Gólgota, e lá eles O crucificaram.
Eles rejeitaram o Seu Rei ao máximo.

O Messias veio de maneira gentil, como um amigo íntimo para


visitar Seu povo Israel como Seu Rei. Se eles estivessem preparados, eles
teriam Lhe dado boas-vindas. Então o reino dos céus teria sido
estabelecido na terra, e o tempo da restauração teria chegado. Isto deveria
ter acontecido dessa maneira, mas por causa da rejeição de Israel de Cristo,
isso não aconteceu. Se percebermos isto, então compreenderemos o que é
revelado com respeito a Cristo em Zacarias de 9-11.

Mais detalhes com respeito a Cristo são revelados em Zacarias do


que em Daniel. Daniel revela principalmente que Cristo é Aquele que vai a
Deus para receber poder, autoridade e o reino. Tendo recebido o reino, Ele
virá para a terra como a pedra que esmaga golpeando a grande imagem
humana, isto é, para esmagar completamente o governo humano. Zaca-
rias desvenda Cristo intimamente como o Salvador e Redentor vindouro.
Inicialmente, Ele foi bem recebido pelo povo, porém, mais tarde, sob a
influência dos anciões, sacerdotes e escribas, eles mudaram sua opinião e
O detestaram. O Senhor Jesus foi vendido, julgado, sentenciado e posto na
cruz para morrer. Portanto, o Messias, que foi bem recebido tempora-
riamente, foi totalmente rejeitado. Como resultado, o povo de Israel foi
dividido, perseguido pelo império romano e disperso por toda a terra.

69
ESTUDO-VIDA DE ZACARIAS
MENSAGEM DOZE

AS PROFECIAS DE ENCORAJAMENTO

(4)

Leitura bíblica: Zc 12

Leitura bíblica: Zc 12:1-9; 14:1-7, 12-15,

O Cristo desvendado no livro de Zacarias é um Cristo que está


intimamente envolvido com a história humana. Os primeiros seis
capítulos revelam que Ele está envolvido com o império persa, e os
últimos seis capítulos revelam que Ele está envolvido com o império grego
e o império romano. Como temos visto, o centro das profecias nos
capítulos de nove a onze é Cristo como o Messias rejeitado. Nos capítulos
de doze a quatorze, Cristo é desvendado como o Messias que volta para
ser entronizado como o Rei, não somente sobre Israel, mas sobre todo o
mundo. Sua primeira vinda, descrita em Zacarias 9—11, foi humilde e
íntima; Sua volta, descrita em Zacarias 12—14, será com poder e
autoridade.

Zacarias 12—14 aborda a profecia concernente ao destino de Israel


em três assuntos: na grande guerra do Armagedom (12:1-9; 14:1-7, 12-15),
na salvação de sua casa (12:10-13:9), e no milênio (14:8-11, 16-21). Nesta
mensagem consideraremos a profecia de encorajamento relacionada ao
destino de Israel na grande guerra do Armagedom. Porém, primeiro eu
gostaria de dar uma palavra com respeito ao significado do espírito
humano como revelado em 12:1.

Este versículo diz, ―Sentença pronunciada por Jeová contra Israel.


Fala Jeová, o que estendeu o céu, fundou a terra e formou o espírito do

70
homem dentro dele.‖ Os céus são para a terra, a terra é para homem, e o
homem foi criado por Deus com um espírito para que ele possa contatar
Deus, receber Deus, viver Deus, cumprir o propósito de Deus para Deus, e
ser um com Deus. É maravilhoso que tal versículo como este esteja em um
livro do Antigo Testamento que desvenda um Cristo que está tão
envolvido com a história humana e políticas. Isso indica que em Sua
economia Deus planejou ter Cristo como a centralidade e a universalidade
de Seu mover na terra. Como o próprio Deus, Ele reina sobre toda a raça
humana, administrando a situação mundial era após era por milhares de
anos. Para Seu povo escolhido, que se importa com Ele como o Criador e
como o Redentor, há a necessidade de Ele criar um receptor de forma que
ele tenha a capacidade para receber tudo aquilo que Deus tinha planejado
para Cristo ser. Cristo é maravilhoso, mas se nós não tivéssemos um
espírito, como poderíamos recebê-Lo? Hoje em cada círculo de sociedade,
as pessoas não exercitam seu espírito. Até mesmo nos círculos religiosos, a
questão do espírito humano é negligenciada ou até mesmo oposta e
negada. Se negligenciarmos nosso espírito humano, não haverá maneira
para contatarmos Deus.

Em João 4:24 o Senhor Jesus disse claramente que Deus é Espírito e


que os que O adoram O adorem em espírito. Este é o princípio básico.
Adorar Deus é contatar Deus, receber Deus, desfrutar Deus e experienciar
Deus. Entretanto, muito poucos entre a raça humana hoje sabe que Deus é
um Espírito e que fomos criados por Deus com um espírito. Deus ordenou
que devêssemos contatá-Lo e recebê-Lo por meio do exercitar do nosso
espírito humano.

Na criação de Deus há princípios. Por exemplo, se quisermos ver


cores diferentes, temos que usar nossos olhos. Suponha que eu seja cego.
Eu posso ouvir as cores? Eu posso cheirá-las? Certamente não! Para ver
cores, temos que usar o órgão adequado. O princípio é o mesmo em
relação a nós e Deus. Deus é real, contudo alguns ousam dizer que não há
Deus. Claro que, se não exercitarmos nosso espírito, seguramente não
haverá Deus para nós. Não podemos tocar Deus por meio de nosso corpo

71
físico. Nem podemos compreendê-Lo por meio de nossa mentalidade, por
meio da nossa mente, pois este não é o órgão adequado para usar ao
contatar Jeová. Deus é Espírito. Se quisermos adorá-Lo, contatá-Lo e
recebê-Lo, temos que exercitar nosso espírito. Agradeça a Deus que em
Sua criação Ele fez três coisas cruciais, igualmente importantes—céus, a
terra, e nosso espírito. Nosso espírito, portanto, é tão crucial, tão
importante, como os céus e a terra.

Zacarias é um livro que desvenda Cristo como o centro e a


circunferência de Deus, contudo este Cristo está intimamente envolvido
com a história humana. Não somente qualquer um pode conhecer esta
Pessoa, mas o povo escolhido de Deus que percebem que têm que um
espírito pode conhecê-Lo. Ao ler o livro de Zacarias e contatar o Cristo
revelado neste livro, temos que saber primeiro que temos um espírito.
Então precisamos exercitar nosso espírito para orar, dizendo, ―Senhor,
quero ganhar o Cristo que é revelado em Zacarias.‖ Se exercitarmos nosso
espírito dessa maneira, sentiremos algo vivo tocando-nos profundamente.
É por isso que há neste livro tal versículo como 12:1, um versículo que nos
encarrega de prestar toda atenção ao receptor dentro de nós, nosso espírito
humano, para que possamos receber o Cristo revelado no livro de Zacarias.

O propósito de Deus é para que recebamos Cristo. Entretanto,


Cristo é complexo em tudo o que Ele é. Ele é todo-inclusivo, porque Ele é
muitos itens. Além disso, este Cristo todo-inclusivo está muito envolvido
com a história, políticas e governos. Como podemos entender tal Pessoa?
A única maneira é, depois de ler e estudar, nos voltar a oração. Quando
nos voltamos à oração, exercitamos nosso espírito. Nesse momento, Cristo
dispensa a Si mesmo para dentro de nós. Este é o dispensar celestial,
divino. Por intermédio deste dispensar recebemos Cristo como nossa vida,
nossa luz, nossa paciência, nosso amor, nosso tudo.

Embora Zacarias fosse um jovem, ele conhecia o segredo de


contatar Deus para receber o que Deus tinha revelado. Todos nós

72
precisamos aprender dele a exercitar nosso espírito para receber Deus e
receber o que Ele revelou.

Vamos agora continuar considerando a profecia no capítulo doze.

IV. A PROFECIA COM RESPETIO AO DESTINO


DE ISRAEL NA GRANDE GUERRA DO ARMAGEDOM,
NA SALVAÇÃO DA CASA DELES, E NO MILÊNIO

A. Na Grande Guerra do Armagedom

Os capítulos doze e quatorze nos mostram muitos aspectos do


destino de Israel na grande guerra do Armagedom.

1. A Maior Guerra entre Humanidade

A guerra do Armagedom será a maior guerra entre humanidade.


Ela terminará o governo humano na terra no final da grande tribulação
que virá; num curto período de tempo esta era se consumará.

2. Uma Guerra no Final da Grande Tribulação

Esta guerra acontecerá no final da grande tribulação de três anos e


meio (Mt 24:21; Dn 7:25; 12:7; Ap 11:2; 13:5).

3. Uma Guerra Motivada pelo Anticristo

A guerra do Armagedom será uma guerra motivada pelo Anticristo


para destruir Israel (Ap 16:12-16; 9:13-16; 19:19).

4. Uma Guerra Empreendida por Satanás


por meio de Seus Seguidores Humanos

Embora essa guerra seja motivada pelo Anticristo, será empreen-


dida por Satanás por meio de seus seguidores humanos contra Deus com

73
Seus santos (Ap 16:13-14; 17:14; 19:14; Zc 14:5b). Satanás tem seus
seguidores, e Deus tem Seus santos. Por milhares de anos, Satanás tem
exercitado seus dispositivos para ganhar pessoas para o seu exército. Deus
também tem trabalhado para preparar Seus escolhidos para ser Seu
exército. Finalmente, na grande guerra do Armagedom, haverá dois
exércitos—o exército terreno de Satanás e o exército celestial de Deus.

5. Uma Guerra Travada pelo Anticristo com Seus Seguidores


Diretamente contra Cristo com Seus Vencedores

A guerra do Armagedom será travada diretamente pelo Anticristo


com seus seguidores contra Cristo com Seus vencedores (Ap 19:19, 11, 14;
17:14). O Anticristo, a corporificação de Satanás, será o comandante do seu
exército, e Cristo, a corporificação de Deus, será o Comandante do exército
de Deus. Assim, por um lado, será uma guerra diabólica; por outro lado,
será uma guerra divina. Nessa guerra divina, Cristo destruirá o Anticristo
―pelo sopro da Sua boca‖ e o aniquilará ―pela manifestação da Sua vinda‖
(2Ts 2:8). Estas são as armas que Cristo usará para derrotar o Anticristo.

6. Uma Guerra que Será o Grande Lagar da


Cólera de Deus Pisoteado por Cristo

Esta guerra será o grande lagar da cólera de Deus pisoteado por


Cristo em Sua vinda para julgar o mundo (Ap 14:17-20; Is 63:1-6). Muitas
pessoas malignas que odeiam Deus se unirão ao Anticristo para lutar
contra Deus. Quando essas pessoas malignas se juntarem ao Armagedom,
elas na verdade serão as uvas a serem pisadas por Deus no lagar da cólera
de Sua ira. Ao reunir seus exércitos e muitas pessoas malignas, o Anti-
cristo, na verdade estará fazendo um trabalho para Deus.

7. As Nações Que Participarem Também


Serão Ajuntadas por Jeová Deus

As nações que participarem naquela guerra internacional contra


Jerusalém também serão ajuntadas por Deus. A metade da cidade de Jeru-

74
salém será levada em cativeiro, mas o restante do povo não será expulso
da cidade (Zc 14:2). Em Sua misericórdia Deus ainda preservará metade
do Seu povo eleito.

8. Jeová Fará de Jerusalém um Cálice de Tontear


e uma Pedra Pesada para Todos os Povos ao Redor

Jeová fará de Jerusalém um cálice de tontear para todos os povos


em redor e também para Judá, durante o sítio contra Jerusalém, isto é,
para os exércitos do Anticristo e para todas as pessoas malignas com ele.
Deus causará espanto nos seus cavalos e loucura nos seus cavaleiros (12:2-
4). Jerusalém não só precisará de proteção divina contra o Anticristo e seus
exércitos, mas também contra Satanás e seus demônios e espíritos
malignos. Podemos não saber como Deus fará de Jerusalém um cálice de
tontear e uma pedra pesada, mas sabemos que Ele fará isto.

9. Jeová Golpeará Todos Aqueles Que


Sitiarem Jerusalém durante Esta Guerra

Jeová golpeará todos aqueles que sitiarem Jerusalém durante a


guerra do Armagedom. A carne deles apodrecerá, estando eles de pé;
apodrecer-se-lhes-ão os olhos nas suas órbitas, e lhes apodrecerá a língua
na boca. Uma grande confusão da parte de Jeová estará entre eles; cada
um agarrará a mão do seu próximo, cada um levantará a mão contra o seu
próximo. Além disso, se ajuntarão as riquezas de todas as nações
circunvizinhas, ouro, prata e vestes em grande abundância. A mesma
praga, estará nos cavalos, nos mulos, nos camelos, nos jumentos e em
todos os animais que estiverem naqueles arraiais (14:12-15).

10. Jeová dos Exércitos Será a Força


dos Habitantes de Jerusalém

Jeová dos Exércitos será a força dos habitantes de Jerusalém e fará


dos líderes de Judá como um braseiro ardente debaixo da lenha e como
uma tocha entre a palha; eles devorarão, à direita e à esquerda, a todos os

75
povos em redor, e Jerusalém será habitada outra vez no seu próprio lugar.
Jeová salvará primeiramente as tendas de Judá, para a glória da casa de
Davi e a glória dos habitantes de Jerusalém. Naquele dia, Jeová protegerá
os habitantes de Jerusalém; e o mais fraco dentre eles, naquele dia, será
como Davi, e a casa de Davi será como Deus, como o Anjo de Jeová (Cristo)
diante deles. (Em 12:8 o Anjo de Jeová está em aposição a Deus.) Além
disso, Jeová procurará destruir todas as nações que vierem contra
Jerusalém (12:5-9).

11. Jeová como Cristo Vem com Seus Santos

Zacarias 14:3-7 revela que Jeová como Cristo virá então com Seus
santos e irá lutar contra Satanás, corporificado no Anticristo, e seus
seguidores, as nações.

a. Os Pés de Jeová como Cristo Estarão Sobre o Monte das Oliveiras

Os pés de Jeová como Cristo, estarão sobre o monte das Oliveiras,


que está defronte de Jerusalém para o oriente. O monte das Oliveiras será
fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale
muito grande; metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade,
para o sul (v. 4).

b. O Restante de Israel Fugirá para o


Vale das Montanhas de Jeová

O restante de Israel fugirá para o vale das montanhas de Jeová (v. 5).

c. Naquele Dia não Haverá Luz

Naquele dia não haverá luz; as estrelas luzentes (o sol, a lua e as


estrelas) se retirarão. Será um tipo de dia conhecido apenas a Jeová, não
dia nem noite. Mas acontecerá que a tarde haverá luz (vv. 6-7). Isso indica
que Deus mudará varias coisas no universo de modo a julgar os seres
humanos malignos e salvar Seus eleitos.

76
ESTUDO-VIDA DE ZACARIAS
MENSAGEM TREZE

AS PROFECIAS DE ENCORAJAMENTO

(5)

Leitura bíblica: Zc 12:10-14; 13:1-9

Na mensagem anterior vimos o destino de Israel na grande guerra


do Armagedom. Nesta mensagem consideraremos a profecia de encoraja-
mento com relação à salvação de casa de Israel.

Na Salvação da Casa de Israel

1. O Endurecimento Veio Sobre uma Parte de Israel

Romanos 11:25b diz que veio um endurecimento sobre uma parte


de Israel até que tenha entrado toda a plenitude dos gentios. No tempo
presente, Deus aparentemente abandonou Israel, e Israel tornou-se um
tanto endurecido. Este endurecimento continuará até que o tempo dos
gentios seja cumprido.

2. Todo o Israel Será Salvo

Quando a completação da plenitude dos gentios chegar, todo o


Israel será salvo (Rm 11:26-27). Esta será a salvação da casa de Israel. No
mesmo dia e ao mesmo tempo, serão salvos milhares de israelitas.

77
3. Talvez Aconteça Enquanto a Grande Guerra do
Armagedom Estiver Prestes a Terminar

Pode ser que esta salvação da casa de Israel aconteça enquanto a


grande guerra do Armagedom estiver prestes a terminar (cf. Zc 14:2-3). Ao
término da guerra do Armagedom, Cristo virá para terra, e o restante de
Israel verão Aquele a quem transpassaram, se arrependerão e lamentarão,
e crerão em Cristo e O receberão (Ap 1:7; Zc 12:10). Desta maneira todo o
Israel será salvo. Esta será a salvação da casa de Israel atribuída por Deus.

4. Jeová Deus Derramará sobre a Casa de Davi e sobre os


Habitantes de Jerusalém o Espírito de Graça e de Súplicas

Zacarias 12:10a diz, ―E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de


Jerusalém derramarei o espírito da graça e de súplicas; olharão para
aquele a quem traspassaram.‖ Em Atos 2 Deus derramou Seu Espírito
sobre toda a carne (v. 17), e três mil foram salvos. Mas quando Jeová
derramar o Espírito de graça sobre os habitantes de Jerusalém, muitos
milhares de Israel, até mesmo toda a raça de Israel, será salva.

O Espírito de graça em Zacarias 12:10 é um termo doce, e está em


contraste ao Espírito de poder em Atos 1:8 e 2:1-4. Devemos experienciar o
Espírito tanto como o Espírito de poder como o Espírito de graça. O
Espírito de poder é para nos fortalecer, mas o Espírito de graça é para
levar-nos ao desfrute do Deus Triúno. Em Atos 2 havia a participação no
poder divino por meio do Espírito Santo, mas não havia tanto desfrute do
Deus Triúno. Em Atos 2, no inicio da era da graça, a era da igreja, o
Espírito era principalmente o Espírito de poder. Mas em Zacarias 12, no
final, a consumação, da era da graça, o Espírito será principalmente o
Espírito de graça para o desfrute do Deus Triúno.

Na época da aparição da segunda vinda do Senhor, o restante de


Israel terá sofrido todos os tipos de sofrimentos. Eles sofreram a
destruição de Jerusalém em 70 d.C. e se espalharam para outros países.
Nesses outros países eles continuaram sofrendo perseguição. Hoje a
78
maioria dos judeus permanece na dispersão, mas muitos estão voltando à
nação de Israel. Na época do Anticristo, serão mortos dois terços em toda
a terra de Israel (13:8-9a). A metade da cidade de Jerusalém sairá para o
cativeiro (14:2). A metade que permanecer já não mais terá nenhum prazer
pela vida humana ou em adquirir bens e altas posições. Eles perceberão
que estão carentes de Deus e exercitarão seu espírito (12:1), não suas
mentes. Nessa conjuntura, eles se arrependerão, porque perderam o seu
prazer por tudo. O Espírito Santo será derramado sobre neles, e eles
seguirão seu espírito e estarão plenamente ocupados com Deus. Creio que
por eles terem aprendido que tudo aparte de Deus é vaidade e por
exercitarem seu espírito, o derramar do Espírito de Deus sobre eles será
intensificado. Os judeus no dia de Pentecostes eram teimosos e duros.
Consequentemente, o Espírito de poder foi derramado para inspirá-los a
se arrependerem. Mas os habitantes de Jerusalém em Zacarias 12:10 já
terão se arrependido; então, o Espírito de graça será derramado sobre eles
para que possam receber o Deus Triúno como o seu desfrute.

Zacarias 12:10a também nos fala que eles olharão para Aquele a
quem traspassaram. Isto significa que eles olharão para Cristo que foi
traspassado por eles. Apocalipse 1:7a se refere a isto: ―Eis que Ele vem
com as nuvens, e todo olho O verá, até mesmo aqueles que O traspas-
saram.‖ O traspassar de Cristo é o fundamento da redenção. Separado do
ser traspassado de Cristo, não haveria base para nossa redenção.

Os judeus arrependidos olharão para Aquele a quem traspassaram.


Embora tenha sido seus antepassados que traspassaram o Senhor Jesus,
Deus conta como se fosse feito por esses que se arrependeram. A razão
para isto é que aos olhos de Deus todo o povo de Israel é uma só pessoa.

a. Prantearão Sobre Ele com Prantos e Chorarão


Amargamente Sobre Ele com Choro Amargo

Zacarias 12:10b continua dizendo, ―Pranteá-lo-ão como quem


pranteia por um unigênito e chorarão por ele como se chora amargamente

79
pelo primogênito.‖ Um filho único é muito querido de seus pais, e um
filho primogênito tem honra entre os muitos filhos. O Israel arrependido
pranteará sobre Cristo como o único Filho de Deus e chorará
amargamente sobre Ele como o Filho de primogênito de Deus.

No Novo Testamento Cristo é revelado primeiro como o Filho


unigênito de Deus e então como o Filho primogênito de Deus. João 1:18
diz que o Filho unigênito que está no seio do Pai O deu a conhecer. João
3:16 nos fala que Deus amou o mundo de tal maneira que Ele deu Seu
Filho unigênito. Pela Sua morte e ressurreição, o Filho unigênito se tornou
o Filho primogênito (Rm 8:29; Hb 1:6a). Segundo o Novo Testamento,
Cristo ser o Filho unigênito é para sermos redimidos e recebermos vida
eterna. O tornar-se de Cristo como o Filho primogênito por meio da morte
e ressurreição é para nós nos tornarmos os filhos de Deus como herdeiros
para herdar todas as riquezas do que Deus é, isto é, receber, participar em,
e desfrutar todas as riquezas do Deus Triúno. No seu arrependimento,
Israel reconhecerá Cristo tanto como o Filho unigênito como o Filho
primogênito de Deus. Eles perceberão que como o Filho unigênito Cristo
os resgatou e trouxe-lhes a vida eterna e que como o Filho primogênito,
Ele fez deles os herdeiros para herdar as riquezas do Deus Triúno como o
seu desfrute.

b. Haverá Grande Pranto em Jerusalém

Naquele dia, será grande o pranto em Jerusalém, como o pranto de


Hadade-Rimom, no vale de Megido. A terra pranteará, cada família à
parte; a família da casa de Davi à parte, e suas mulheres à parte; a família
da casa de Natã à parte, e suas mulheres à parte; a família da casa de Levi
à parte, e suas mulheres à parte; a família dos simeítas à parte, e suas
mulheres à parte. Todas as mais famílias, cada família à parte, e suas
mulheres à parte (Zc 12:11-14). Aqui temos três tipos de famílias: a família
real de Davi, a família do sacerdócio (Natã e Levi), e a família de um
homem maligno (Simei que amaldiçoou a Davi). Zacarias usa essas

80
famílias como ilustrações. Todos aqueles que olharem para Cristo, O
traspassado, com um espírito arrependido, prantearão sobre Ele.

5. A Provisão Divina e a Preparação Soberana


para a Salvação da Casa de Israel

Chegamos agora a Zacarias 13, um capítulo sobre a provisão divina


e a preparação soberana para a salvação da casa de Israel.

a. A Provisão Divina de um Redentor com Sua Redenção

Esta provisão divina inclui um Redentor com Sua redenção (vv. 1-


7a).

1) Deus Providencia uma Fonte Aberta

Deus providenciou para a casa de Davi e os habitantes de Jerusalém


uma fonte aberta (o lado traspassado de Cristo—Jo 19:34, 37) para o
pecado e para a impureza. ―Naquele dia, haverá uma fonte aberta para a
casa de Davi e para os habitantes de Jerusalém, para remover o pecado e a
impureza‖ (Zc 13:1). O traspassar de Cristo abriu tal fonte. Esta é uma
questão de redenção.

2) Deus Cortou os Nomes dos Ídolos e Fez com


que os Falsos Profetas e o Espírito Imundo
Fossem Removidos da Terra

Deus cortará os nomes dos ídolos e fará com que os falsos profetas e
o espírito imundo sejam removidos da terra (vv. 2-4). Ele limpará essas
coisas negativas para o povo de Israel possa ser esvaziado para receber
Cristo.

81
3) Cristo Veio para Ser o Verdadeiro Profeta, Mas Foi Rejeitado
e Ferido em Seu Lado na Casa de Israel, Seus Parentes na Carne

Cristo veio para ser o verdadeiro Profeta (Mt 13:57) mas foi
rejeitado e ferido em Seu lado na casa de Israel, Seus parentes na carne (Zc
13:5-6; 12:10); e a ferida se tornou a base da redenção deles realizada para
eles na Sua morte (Jo 19:34, 37; Ap 1:7).

Zacarias 13:5 diz, ―Cada um, porém, dirá: Não sou profeta, sou
lavrador da terra, porque fui comprado desde a minha mocidade.‖ Os
versículos 2 a 4 falam de Deus fazendo com que os falsos profetas sejam
removidos da terra. Isso limpou o caminho para Cristo vir como o
verdadeiro Profeta. Porém, de acordo com o versículo 5, Ele disse que não
era um profeta, mas um lavrador da terra. Isto significa que Ele não era o
tipo de profeta, um falso profeta, mencionado nos versículos precedentes.
Ele veio como o verdadeiro Profeta.

O versículo 6 continua a dizer, ―Alguém lhe perguntará: Que são


estas feridas entre os teus braços? Então responderá ele: As com que fui
ferido na casa dos que Me amam. Neste versículo a frase ―dos que Me
amam‖ se refere aos parentes de Cristo, os filhos de Israel. Os filhos de
Israel O mataram, mas Ele considerou a ação deles como feridas daqueles
que O amavam. Isto é muito doce.

4) Cristo, o Companheiro de Jeová, Vindo como o Pastor Enviado


de Deus aos Filhos de Israel, Porém Foi Ferido até Morte por Eles

Cristo, o Companheiro de Jeová, veio como o Pastor enviado de


Deus aos filhos de Israel, porém foi ferido até a morte por eles (v. 7a; Mt
9:36; Jo 10:11; Mt 26:31; At 2:23). Zacarias 13:7a diz, ―Desperta, ó espada,
contra o meu pastor e contra o homem que é o meu companheiro, diz
Jeová dos Exércitos; fere o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas.‖ Cristo
era tanto um parente dos filhos de Israel como um Companheiro de Jeová.
Quando Ele estava pendurado na cruz, seus parentes O feriram, e Deus

82
chamou a espada para golpeá-Lo. Ele estava numa situação onde Seus
parentes estavam contra Ele e onde Deus, de quem Ele é um Companheiro,
também estava contra Ele.

A palavra no versículo 7a sobre ferir o Pastor é citada pelo Senhor


Jesus em Mateus 26:31. Ferir o Pastor significa atacar o Pastor. Imedia-
tamente após estabelecer a mesa, Ele disse aos Seus discípulos que seria
atacado e que eles, as ovelhas, seriam dispersas.

b. A Preparação Soberana de um Povo para


Receber o Redentor com Sua Redenção

Em Zacarias 13:7b a 9 vemos a preparação soberana de Deus de um


povo para receber o Redentor com Sua salvação. Em Sua salvação para a
casa de Israel, Deus proveu não somente redenção, mas também um povo
para receber Sua redenção. Da mesma maneira, Deus nos preparou antes
mesmo de nascermos para ser os recipientes da Sua salvação.

1) Deus Reage à Rejeição de Cristo pelos Filhos de Israel


e Volta a Sua Mão Sobre Eles como os Pequeninos

O versículo 7b diz, ―Voltarei a minha mão para os pequeninos.‖


Aqui os ―pequeninos‖ se refere ao povo de Israel. Isso indica que na Sua
preparação, Deus reagiu à rejeição de Cristo pelos filhos de Israel, e voltou
Sua mão sobre eles como os pequeninos, punindo-os por intermédio de
Titus o príncipe romano e seu exército em 70 d.C. e os espalhou para as
nações para serem desprezados, humilhados, perseguidos e destruídos ao
longo da era da graça até hoje (Mt 21:41a; 23:38; 24:2).

2) Na Grande Tribulação Dois terços Deles


Serão Exterminados pelo Anticristo

Na grande tribulação na consumação da era atual, em toda a terra


de Israel, dois terços deles serão exterminados pelo Anticristo em sua
perseguição dos judeus (Zc 13:8a; Ap 11:2; 13:7).

83
3) Um Terço do Restante Será Deixado na Terra

Um terço do restante será deixado na terra e será passado pelo fogo


e purificado como a prata e provados com se prova o ouro pela
perseguição do Anticristo (Zc 13:8b-9a). Estes serão aqueles que são
inscritos no livro como o registro secreto (Dn 12:1b).

4) Eles Invocarão o Nome de Jeová e Jeová Lhes Responderá

Eles invocarão o nome de Jeová, e Jeová lhes responderá. Jeová dirá


que eles são o Seu povo, e eles dirão que Jeová é o Deus deles (Zc 13:9b).
Eles serão salvos para o desfrute das riquezas do Deus Triúno, primeiro
no milênio para serem os sacerdotes para ensinar as nações e então na
Nova Jerusalém para participar em todas as bênçãos que Deus tem
ordenado de eternidade a eternidade. Esta é a salvação da casa para Israel.

84
ESTUDO-VIDA DE ZACARIAS
MENSAGEM QUATORZE

AS PROFECIAS DE ENCORAJAMENTO

(6)

Leitura bíblica: Zc 14:8-11, 16-21,

O centro das profecias nos capítulos de doze a quatorze é Cristo


como o Messias rejeitado vindo para ser entronizado. Nas duas mensa-
gens anteriores consideramos a profecia concernente ao destino de Israel
na grande guerra do Armagedom e na salvação da sua casa. Nesta
mensagem consideraremos primeiro a profecia de encorajamento com
respeito ao destino de Israel no milênio e então faremos uma comparação
de duas categorias principais dos acontecimentos nos livros de Daniel e
Zacarias. Seguindo isto, gostaria de dar uma palavra concernente à nossa
necessidade de sermos introduzidos na esfera da economia de Deus.

C. No Milênio

1. Águas Vivas Sairão de Jerusalém

No milênio não haverá sede. Águas vivas sairão de Jerusalém, a


metade delas irão para o mar oriental, o Mar Morto, e metade delas para o
mar ocidental, o Mar Mediterrâneo (14:8). Isto é semelhante ao registro no
livro de Ezequiel com respeito à água viva que flui do templo de Deus (Ez
47:1-2).

2. Jeová como Cristo É o Rei Sobre Toda a Terra

No milênio Jeová como Cristo será o Rei sobre toda a terra, e Ele
será um só Deus e o Seu nome um só nome (Zc 14:9).

85
3. Jerusalém Será Exaltada e Habitará em Seu Lugar

Jerusalém Será Exaltada e Habitará em Seu Lugar (v. 10).

4. O Povo Habitará em Jerusalém e


Não Haverá Mais Maldição

E habitarão nela, e não haverá mais destruição, porque Jerusalém


habitará segura (v. 11). Em vez de maldição, haverá bênção com segurança.

5. Todos Os que Restarem de Todas as Nações


que Vieram Contra Jerusalém, Subirão de Ano em Ano
para Adorar o Rei, Jeová dos Exércitos, e para
Celebrarem a Festa dos Tabernáculos.

E acontecerá que, todos os que restarem de todas as nações que


vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei, Jeová
dos Exércitos, e para celebrarem a festa dos Tabernáculos (v. 16). Aquele
que não subir a Jerusalém, para adorar o Rei, Jeová dos Exércitos, não virá
sobre ele a chuva, mas haverá praga com que Jeová ferirá as nações. Este
será o pecado deles (vv. 17-19). Porque a presente era é a era da graça,
Deus envia chuva sobre o justo e o injusto semelhantemente (Mt 5:45).
Mas a era vindoura será a era da justiça. Aqueles que não subirem para
Jerusalém para adorar o Rei e celebrar a Festa dos Tabernáculos não
receberão chuva. Isto é justo.

6. Santidade a Jeová dos Exércitos

No milênio, nas campainhas dos cavalos será gravado, ―Santidade a


Jeová‖; e as panelas da casa de Jeová serão como as bacias diante do altar
(Zc 14:20). As panelas são algo pequeno, e as bacias são algo grande. Mas
no milênio as panelas na casa de Deus serão tão grandes quanto às bacias
diante do altar. Sem duvida, cada panela em Jerusalém e Judá será
santidade a Jeová dos Exércitos; todos os que oferecerem sacrifícios virão e
delas tomarão e nelas cozerão; e nunca mais haverá novamente um

86
cananeu (ou, mercador) na casa de Jeová dos Exércitos por aquele dia (v.
21). Este é o destino de Israel no milênio.

UMA COMPARAÇÃO DE DUAS PRINCIPAIS CATEGORIAS


DE FATOS NOS LIVROS DE DANIEL E ZACARIAS

Vamos agora continuar a fazer uma comparação de duas principais


categorias de fatos nos livros de Daniel e Zacarias.

I. DAS COISAS CONCERNENTES AO GOVERNO HUMANO

A. No Livro de Daniel

Em Daniel a grande imagem humana significa todo o governo


humano na terra como um esqueleto (cap. 2). As quatro bestas que saem
do Mar Mediterrâneo dão um esboço do governo humano na terra (cap. 7).
Um carneiro e um bode com seus sucessores dão um esboço do império
persa e o império grego com seus sucessores, terminando com Antíoco
Epifânio, que é o primeiro tipo de Anticristo (cap. 8). O rei do sul e o rei do
norte dão um registro das guerras entre os sucessores do império grego,
terminando com Antíoco Epifânio, o primeiro tipo de Anticristo (cap. 11).
As setenta semanas dão um esboço do destino de Israel, do retorno do seu
cativeiro para a consumação da presente era, terminando com o Anticristo
(cap. 9).

B. No Livro de Zacarias

Em Zacarias a profecia concernente às nações ao redor de Judá em


relação a Israel dá alguns detalhes da invasão do império grego na terra
santa e a derrota de seu sucessor pelos heróis judeus (cap. 9). A profecia
concernente ao viver de Israel sob a opressão do império romano dá
alguns detalhes sobre o viver sob a tirania do império romano (cap. 11). A
profecia concernente ao destino de Israel na grande guerra do Arma-
gedom dá os detalhes de como o governo humano, tipificado pela grande

87
imagem humana em Daniel 2, será destruído em sua parte final, represen-
tado pelos dedos do pé da grande imagem humana (caps. 12, 14).

II. DAS COISAS CONCERNENTES À CRISTO

A. No Livro de Daniel

O livro de Daniel revela certos fatos cruciais com relação à Cristo.


De acordo com 9:26, a crucificação de Cristo, o Messias, foi a terminação
da velha criação e a germinação da nova criação de Deus em Sua ressur-
reição. Em 10:4-9 vemos o aparecimento do Cristo excelente, a centrali-
dade e universalidade do mover de Deus na terra, para Daniel para sua
apreciação, consolação, encorajamento, expectativa e estabilização. Daniel
7:13-14 desvenda a vinda de Cristo como o Filho do Homem com o
domínio eterno, glória e reino dados a Ele pelo Ancião de Dias, para que
todos os povos, nações e línguas possam servi-Lo. Finalmente, Daniel fala
acerca da aparição de Cristo como a pedra cortada sem auxilio de mãos
para golpear a grande imagem humana para terminar todo o governo
humano na terra e se tornar uma grande montanha, representando o reino
eterno de Deus que enche toda a terra (2:34-35).

B. No Livro de Zacarias

O livro de Zacarias revela muitas coisas concernentes à Cristo.


Primeiro, o Cristo redentor, como um homem e como o Anjo de Jeová, a
corporificação do Deus Triúno, foi enviado por Deus para estar com Seu
povo humilhado Israel no seu cativeiro, tipificado pelas murteiras nos
vales (1:8-11). Então Cristo, como um homem em Sua humanidade, era o
Enviado por Jeová dos Exércitos e também era o Emissor, Jeová dos
Exércitos, lidando com as nações que despojaram o povo de Sião e os
tocaram como tocam a menina do Seu olho (2:1, 8-10).

Seguindo isto, Cristo era o Servo de Jeová e o Renovo para ser a


pedra com sete olhos esculpida por Deus para a remoção da iniquidade da

88
terra santa para a edificação do templo de Deus (3:8-9). Cristo também era
a pedra angular de graça para a conclusão do edifício do templo de Deus
(4:7-9). Cristo como o Renovo para a edificação do templo de Deus se
assentará e reinará no Seu trono como um Sacerdote e como um Rei (6:12-
13).

Cristo como o Rei de Israel veio humildemente para Jerusalém


montando em um jumento, sobre um jumentinho (9:9), contudo Cristo
como o Pastor dos eleitos de Deus foi rejeitado e vendido ao preço de um
escravo, trinta moedas de prata (11:12-13). Cristo como o Companheiro de
Deus era o Pastor enviado de Deus, mas foi ferido até a morte (13:7).

Em Sua vinda, Cristo aparecerá aos filhos de Israel como seu


Redentor e Salvador, Aquele que foi transpassado por eles, e eles olharão
para Ele e prantearão sobre Ele (12:10). Cristo veio como o verdadeiro
Profeta, mas foi rejeitado e ferido por Israel que era Seus parentes, para
preparar uma base para a salvação deles e uma fonte aberta para o pecado
e a iniquidade deles (13:5-6, 1).

Ao término desta era, Cristo virá para permanecer sobre o Monte


das Oliveiras e pelejará com as nações que sitiam Jerusalém (14:3-4). Então
Cristo como Jeová será Rei sobre toda a terra no milênio (v. 9).

O Cristo desvendado em Zacarias, O traspassado com quem havia


uma fonte aberta, é a centralidade e universalidade da economia de Deus.
Como tal Pessoa, Ele está intimamente envolvido com a história humana,
em particular, com o império persa, o império grego, e o império romano.
O império romano foi especialmente útil para Cristo. Cristo nasceu sob o
governo do império romano. Sem o império romano, não teria sido
possível para Cristo nascer. Ele cresceu, levou a cabo Seu ministério, foi
crucificado, ressuscitado e ascendido sob o governo do império romano. A
morte de Cristo para a realização da redenção eterna de Deus foi
consumada sob o governo do império romano. A formação da igreja e
também a pregação do evangelho aconteceram sob o governo do império

89
romano. Seguramente, o império romano cuja influência na lei e cultura
continua ainda hoje, tem sido usado por Deus para cumprir Sua intenção
para fazer de Cristo a centralidade e universalidade da Sua economia.

UMA PALAVRA CONCERNENTE A NOSSA NECESSIDADE DE


SERMOS LEVADOS PARA A ESFERA DA ECONOMIA DE DEUS

Neste momento gostaria de dizer uma palavra concernente a nossa


necessidade de sermos levados para a esfera da economia de Deus.

A maioria dos cristãos considera que a Bíblia é um livro que lhes


ensina a serem bons, éticos, religiosos e espirituais. Isto não está errado; é
certo e bom. Mas isto é bom somente para seus próprios benefícios; isto
não é tudo para Deus. Ensinar pessoas a serem boas, morais, éticas,
religiosas e espirituais é apenas uma questão secundária na Bíblia. O
ponto principal na Bíblia diz respeito à economia de Deus, contudo, no
cristianismo hoje quase ninguém fala sobre a economia de Deus. Os livros
de Isaías, Daniel e Zacarias são sobre Cristo, não somente como nosso
Salvador, Redentor e Libertador, mas também como a centralidade e
universalidade do mover de Deus para cumprir Sua economia na terra.
Fora da restauração do Senhor, onde você pode ouvir tal palavra? Por
alguém dificilmente se importar com a economia de Deus, Jeová tem-se
demorado por quase dois mil anos. A situação mundial está pronta para o
Senhor Jesus voltar, mas e quanto à economia de Deus?

O centro da economia de Deus é ter um Corpo para expressar


Cristo. Por fim, este Corpo será a noiva de Cristo para encontrá-Lo como
Seu complemento [reprodução] e virá para a terra com Ele para levar a
cabo o passo final da economia de Deus. Hoje, a situação mundial está
pronta para Sua vinda, mas Jeová, contudo, não tem conseguido Seu
complemento. Portanto, Ele não tem caminho para voltar. Ele ainda está
esperando.

90
Ao longo dos séculos, Jeová tem trabalhado continuamente por
meio daqueles que O amam para restaurar as verdades perdidas. Mas por
causa da estagnação deles, Jeová tem que mover muito lentamente.
Martinho Lutero era forte em relação à justificação pela fé, um item básico,
mas não com relação à prática da igreja. Seguindo Lutero, os místicos
foram usados por Deus para restaurar a vida interior, e com Zinzendorf e
seus companheiros houve a restauração da prática da vida da igreja de um
modo inicial. Mais tarde, no décimo nono século, Deus usou os Irmãos
Unidos para restaurar a prática da vida da igreja de um modo muito mais
pleno. Porém, eles logo se degradaram. Então, no início deste século o
Senhor fez algo na China para obter a restauração da vida da igreja de
maneira plena. Hoje a restauração nesse sentido pleno chegou a nós.

Estou preocupado que os queridos santos que tem sido trazidos


para a restauração do Senhor tenham principalmente recebido primeiro
ajuda quanto à certeza da salvação e então em tais questões como piedade,
éticas, espiritualidade e vitórias. Todas essas coisas são muito boas.
Apesar disso, não creio que muitos entre nós na restauração do Senhor
tenhamos clareza quanto à economia de Deus. A economia de Deus é
dispensar Cristo aos Seus eleitos para que possam se tornar o Corpo de
Cristo primeiro para expressá-Lo e então a noiva de Cristo para se unir a
Ele e cumprir a economia de Deus no dispensar divino. Claro que, estou
contente que tantos tenham vindo receber ajuda para buscar Deus, buscar
Cristo, crescer em vida, e ser mais piedoso, mais espiritual, e mais
vencedor, mas não estou satisfeito com isto. Eu antes prefiro que todos nós
tenhamos olhos para ver a economia de Deus. Minha intenção, minha
meta, em todas estas mensagens é ajudá-los a avançar além da esfera da
busca pela espiritualidade para outra esfera para ver o desejo de Deus, o
bom prazer de Deus.

Segundo o Seu arranjo eterno, ou economia, Deus deseja ter a igreja,


uma igreja adequada no sentido bíblico. O cristianismo é a totalidade de
organização, mas a igreja revelada na Bíblia deve ser absolutamente
orgânica e cheia de Cristo como vida, cheia do Deus Triúno em Sua

91
consumação—o Espírito todo-inclusivo que dá vida—para edificar-nos
com a vida e natureza de Deus e nos unir com Ele como um só espírito.
Esta é a economia de Deus por meio do Seu dispensar.

Hoje no cristianismo, até mesmo entre os mais espirituais, o que é


ensinado não é alimento, mas açúcar. Este tipo de ensinamento prejudica
você mais do que o nutre. Se você ler estas mensagens somente com o
propósito de receber ajuda para ser um buscador de Deus, um buscador
de Cristo, e até mesmo crescer em vida, mesmo isto está na esfera do
açúcar. Você precisa de alimento sólido (Hb 5:11-14). Considerando que
leite é para bebês, alimento sólido é para os maduros. Entre os milhões de
cristãos hoje, quem não é um bebê? Temos conduzido os estudos-vida da
Bíblia durante dezessete anos, contudo muitos santos ainda estão
estagnados, demorando-se, vague-ando, na esfera de ser espiritual,
vitorioso, vencedor, e assim por diante. Muito poucos, até mesmo entre os
cooperadores, estão qualificados para dar uma mensagem sobre a
economia de Deus com o dispensar divino. Precisamos ser levados para
outra esfera, não a assim chamada esfera espiritual, mas a da economia de
Deus, o dispensar de Deus. Não ficarei satisfeito até que veja isso. Estou
muito contente que o Senhor tenha liberado todas estas verdades entre nós,
e tenho plena fé e segurança de que todas estas coisas serão finalmente
percebidas; contudo ainda anseio ver o cumprimento delas.

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ESTUDO-VIDA DE ZACARIAS
MENSAGEM QUINZE

UMA PALAVRA A RESPEITO DO ESPÍRITO HUMANO


E O CRISTO REVELADO EM ZACARIAS

Leitura bíblica: Zc 12:1; Is 42:5-6; Jo 4:24; 2Tm 4:22; Zc 3:9;


Ap 5:6; Zc 1:8-11, 20-21; 2:1-2, 5, 8-9, 11; 4:7, 2-3,
11-14; 9:9; 11:7-13; 14:9, 16-17; 4:9; 6:12-15, 1,

O livro de Zacarias revela que Cristo é maravilhoso e que Ele é a


centralidade e a universalidade da economia de Deus. Mas como podemos
receber tal Cristo? A forma e o instrumento pela qual podemos receber
Cristo é nosso espírito humano. Nesta mensagem, portanto, gostaria de
dar uma palavra concernente ao espírito humano e o Cristo revelado em
Zacarias.

VERSÍCULOS SEMELHANTES EM ZACARIAS E ISAÍAS

Nos livros de Zacarias e Isaías, ambos têm muito a dizer sobre


Cristo, há versículos semelhantes que falam claramente a respeito do
espírito humano. Zacarias 12:1 diz, ―Fala Jeová, o que estendeu o céu,
fundou a terra e formou o espírito do homem dentro dele.‖ Isto revela que
os céus são para a terra, a terra é para o homem, e o homem foi criado por
Deus com um espírito para que ele possa contatar Deus, receber Deus,
viver Deus, cumprir o propósito de Deus para Deus, e ser um com Deus.

Isaías 42:5 é um versículo semelhante a Zacarias 12:1. ―Assim diz


Deus, Jeová, que criou os céus e os estendeu, formou a terra e a tudo
quanto produz, que dá fôlego de vida ao povo que nela está e o espírito
aos que andam nela.‖ A palavra hebraica traduzida por fôlego aqui
também pode ser traduzida como espírito (cf. Pv 20:27). Estes versículos
semelhantes ambos mencionam três assuntos: os céus, a terra, e o espírito

93
humano. Considerando que Zacarias 12:1 fala de Deus formando o
espírito humano, Isaías 42:5 simplesmente fala de Deus dando um espírito
ao homem.

O versículo 6 continua a falar com respeito ao propósito de Deus ao


dar ao homem um espírito. ―Eu, Jeová, te chamei em justiça, tomar-te-ei
pela mão, e te farei mediador da aliança com o povo e luz para os gentios‖.
Aqui vemos que Deus pretende dar Seu Filho Cristo a nós como uma
aliança e como uma luz aos gentios. Tal Cristo é maravilhoso, mas a
menos que possamos recebê-Lo, Ele nada tem a ver conosco. Para receber
este Cristo, temos que ter um receptor dentro de nós, e este receptor é
nosso espírito humano. Deus nos deu um espírito de forma que possamos
receber, participar de, participar em e desfrutar Cristo como a aliança e
como a luz.

ADORADORANDO DEUS EM ESPÍRITO

Neste ponto gostaria de lembrá-lo da conversa de Jeová com a


mulher samaritana em João 4. O Senhor Jesus disse a ela, ―Aquele, porém,
que beber da água que Eu lhe der, de modo algum terá sede, para sempre;
pelo contrário, a água que Eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a
jorrar para a vida eterna‖ (v. 14). Quando ela Lhe pediu que lhe desse
desta água, Ele lhe disse para ir e chamar seu marido (vv. 15-16). A
intenção Dele era ajudá-la a conhecer seus pecados. Porém, ela imediata-
mente mudou a conversa para a questão de adoração, dizendo, ―Nossos
pais adoraram neste monte, vós, contudo, dizeis que em Jerusalém é o
lugar onde se deve adorar‖ (v. 20). O Senhor Jesus replicou, ―Mulher, crê-
Me, que vem a hora em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis
o Pai.... Mas vem a hora, e agora é, quando os verdadeiros adoradores
adorarão o Pai em espírito e veracidade... Deus é Espírito, e é necessário
que os que O adoram O adorem em espírito e veracidade‖ (vv. 21, 23-24).
João 4:24, um versículo maravilhoso, iguala-se à Zacarias 12:1 e Isaías 42:5.
Em Sua palavra à mulher samaritana, o Senhor Jesus parecia estar
dizendo, ―Mulher, você não sabe o que é adorar Deus. A verdadeira

94
adoração de Deus não é em um monte ou em Jerusalém—é em seu espírito.
Somente usando seu espírito você pode tocar Deus. Eu sou seu Deus, e
estou aqui como água viva para você beber de Mim. A maneira de beber
esta água viva é exercitar seu espírito. Isto é o que significa adorar o Pai.‖
Deus nos deu um espírito para que possamos adorá-Lo por beber Dele.

O SENHOR É COM NOSSO ESPÍRITO

Outro versículo crucial concernente ao espírito humano é 2 Timóteo


4:22. ―O Senhor seja com o teu espírito. A graça seja convosco.‖ Este
versículo não diz para que o Senhor seja com nossa mente, alma ou
coração; ele nos diz para que Ele seja com nosso espírito. Dentro do mais
profundo, no centro de nosso ser, temos um órgão particular—o espírito
humano—criado por Deus com a finalidade de recebê-Lo e contê-Lo.
Todos nós, especialmente os jovens, precisamos ver que hoje o Senhor
Jesus Cristo é com nosso espírito.

NOSSO ESPÍRITO E O ESPÍRITO SETE


VEZES INTENSIFICADO

Nosso espírito humano regenerado se assemelha a Cristo, que é o


Espírito (2Co 3:17). Considerando isto, Zacarias 3:9 diz, ―Porque eis aqui a
pedra que pus diante de Josué; sobre esta pedra única estão sete olhos; eis
que eu esculpirei a sua escultura, diz Jeová dos Exércitos, e tirarei a
iniquidade desta terra num só dia.‖ Esta pedra que foi esculpida com a
escultura de Deus para tirar o pecado do povo de Deus é Cristo. Os sete
olhos da pedra são ―os olhos de Jeová que percorre toda a terra de um
lado para outro‖ (4:10). Para entender o significado dos sete olhos,
precisamos considerar Apocalipse 5:6. ―Eu vi... um Cordeiro em pé, como
recém-imolado, tendo sete chifres e sete olhos, que são os sete Espíritos de
Deus enviados por toda a terra.‖ O Cordeiro aqui, que é a pedra em
Zacarias 3:9, é Cristo, e os sete olhos são o Espírito sete vezes intensificado.
Assim, o Cristo que foi esculpido por Deus para tirar nosso pecado possui
o Espírito sete vezes intensificado. De fato, Ele, o último Adão, tornou-se

95
Espírito que dá vida (1Co 15:45b), até mesmo o Espírito sete vezes
intensificado. Cristo hoje é o Espírito, e nós temos um espírito
particularmente formado por Deus para se igualar a Cristo.

Agora vamos continuar a considerar o Cristo que é desvendado no


livro de Zacarias. Na primeira parte deste livro (caps. 1-6), há cinco visões
concernentes à Cristo, e na última parte (caps. 9-14), muitos detalhes
concernentes a Ele.

VISÕES CONCERNENTES À CRISTO

Na primeira das cinco visões a respeito de Cristo, Cristo é desven-


dado como o Homem como o Anjo de Jeová montando em um cavalo
vermelho e parado entre as murteiras no fundo do vale (1:7-17). As
murteiras representam os humilhados, contudo precioso povo de Israel no
seu cativeiro. O fato de Cristo estar montando um cavalo vermelho indica
que Ele era O redentor. O fato de ser o Anjo de Jeová indica que Ele era o
Enviado por Deus para cuidar do Seu povo com muita expectativa
enquanto estavam no cativeiro.

Na segunda visão (vv. 20-21) Cristo é o último Artesão usado por


Deus para quebrar os quatro chifres—Babilônia, Pérsia, Grécia e o império
romano—o qual danificou e destruiu o povo escolhido de Deus (vv. 18-19).
Cristo não só será o Único para quebrar os quatro chifres, mas também
para esmagar todo o governo humano dos dedos dos pés até a cabeça,
como retratado pela grande imagem humana em Daniel 2.

Na visão seguinte Cristo é Aquele que mede Jerusalém para possuí-


la (Zc 2:1-2). Este não só possui Jerusalém, mas também se torna o centro
de Jerusalém como a glória no meio dela e a circunferência de Jerusalém
como o muro de fogo em redor dela (v. 5). Além disso, Ele é o Emissor e o
Enviado. Ele, Jeová dos Exércitos, enviou-Se como o Anjo de Jeová (vv. 8-9,
11).

96
Na quarta visão Cristo é desvendado como a pedra angular de
graça (4:7). Como indicado em 3:9, nesta pedra estão sete olhos, tipificando
os sete Espíritos, isto é, o Espírito sete vezes intensificado. Cristo é então a
pedra angular de graça para consumar a edificação de Deus com o
Espírito sete vezes intensificado.

A quinta visão envolvendo Cristo é a visão do candelabro de ouro e


as duas oliveiras (4:2-3, 11-14). O candelabro aqui significa a nação de
Israel como o testemunho coletivo de Deus que reflete todas as Suas
virtudes. Podemos dizer que este candelabro também é um tipo de Cristo,
a corporificação do Deus Triúno. Na época de Zacarias as duas oliveiras
eram Josué e Zorobabel, mas durante os três anos e meio da grande
tribulação, as duas oliveiras serão Moisés e Elias.

DETALHES CONCERNENTES À CRISTO

Os últimos seis capítulos de Zacarias são divididos em dois grupos:


capítulos de nove a onze, que falam da primeira vinda humilde de Cristo,
e capítulos doze a quatorze, que falam da segunda vinda vitoriosa de
Cristo.

Em Sua Primeira Vinda

Em Sua primeira vinda, Cristo veio como um Rei humilde e foi bem
recebido temporariamente como o Rei em Jerusalém de forma humilde.
Com relação a isto, 9:9 diz, ―Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha
de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e salvo, pobre, e montado
sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta.‖ Cristo
também veio como um Pastor (11:7-11), pastoreando em Formosura (graça)
e União (unidade). Porém, Ele, o Pastor adequado de Israel, foi detestado,
ferido, atacado, rejeitado e vendido por trinta moedas de prata (vv. 12-13).
Os filhos de Israel foram abandonados pelos falsos pastores, inúteis e
imprestáveis—os anciãos, os sacerdotes e os escribas—que não cuidavam
deles (v. 17).

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Em sua Segunda Vinda

Nos capítulos de doze a quatorze, vemos Cristo na Sua segunda.


Em Sua segunda vinda, Ele será não somente o Rei sobre Israel, mas
também sobre todo o povo na terra. ―Jeová será rei sobre toda a terra;
naquele dia um só será Jeová, e um só o seu nome‖ (14:9). Ele reinará
sobre toda a terra, e todos os povos da terra subirão para Jerusalém de ano
em ano para adorarem o Rei, Jeová dos Exércitos, e celebrar a Festa dos
Tabernáculos (v. 16). Para aqueles que se recusarem a subir para Jerusalém
para adorar o Rei, não haverá chuva (v. 17).

O CRISTO E O TEMPLO DE DEUS

O livro de Zacarias revela claramente que Deus deseja a recons-


trução do templo (4:9; 6:12-15). Porém, sem Cristo, tudo, inclusive o
templo, é vazio. Precisamos de Cristo, contudo, Cristo precisa de um
Corpo. Este Corpo é o templo de Deus, a casa de Deus, a expressão de
Deus, a satisfação de Deus. Portanto, hoje devemos enfatizar tanto Cristo
quanto a igreja. Concernente a Cristo, precisamos prestar atenção a ambos
os aspectos cruciais desvendados nos capítulos de um a seis e os detalhes
desvendados nos capítulos de nove a quatorze.

O JULGAMENTO DE CRISTO SOBRE


TRÊS CATEGORIAS DE COISAS

Finalmente, gostaria de mostrar que no livro de Zacarias podemos


ver o julgamento de Cristo. A visão do Rolo Volante (5:1-4), a visão do
vaso de efa (vv. 5-11), e a visão dos quatro carros (6:1-8) são visões de
julgamento. O julgamento de Cristo será levado a cabo pelos quatro carros
que saem de entre dois montes de bronze (v. 1). Bronze aqui significa
julgamento. Embora os dois montes de bronze não representem Cristo,
eles estão estreitamente relacionados com Cristo, porque Ele foi designado
por Deus para levar a cabo o julgamento sobre os vivos e os mortos (Jo
5:22; At 10:42; 17:31; 2Tm 4:1). Por um lado, Cristo é o Redentor e o

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Salvador; por outro lado, Ele é o Juiz. Como o Juiz, Ele levará a cabo o
julgamento de Deus.

De acordo com Zacarias, o julgamento de Cristo por toda a terra


será sobre três categorias de coisas negativas. Primeiro, Ele julgará o roubo
(5:3b, 4b). Roubar significa pecar contra o homem que é a questão de
ganância e cobiça. Segundo, Cristo julgará a questão de jurar falsamente
pelo nome de Jeová (vv. 3c, 4c). Jurar falsamente pelo nome de Jeová
significa pecar contra Deus que é a questão de um relacionamento errôneo
com Deus. Aqueles que juram falsamente dessa maneira, não se relacio-
nam com Deus em fidelidade e honestidade. Terceiro, Cristo julgará todo
o governo humano tipificado pela grande imagem humana em Daniel 2.
Ele, o último Artesão, virá como a pedra cortada sem auxilio de mãos e
esmagará esta grande imagem dos dedos dos pés até a cabeça. Assim, Ele
limpará a terra de todo roubo, todo falso juramento pelo nome de Jeová, e
tudo do governo humano.

Precisamos ver como o julgamento de Cristo está relacionado a nós


hoje. Devemos ter cuidado para não roubar dos outros de maneira alguma,
e também devemos ter cuidado para sermos honestos e fiéis com Deus.
Então, seremos corretos com o homem e também corretos com Deus.
Finalmente, precisamos ver que Cristo virá como a pedra cortada sem
auxilio de mãos e esmagará todo o governo humano e assim trazer o reino
eterno de Deus.

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