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Comportamento Governado por Regras na Clínica Comportamental: Algumas

Considerações (Carlos Augusto de Medeiros)

No presente capítulo, o autor tem como intenção abordar, de forma geral, o uso
de regras como forma de intervenção psicológica na Clínica Comportamental. Para
tanto, inicia a discussão expondo que a Psicologia e suas práticas terapêuticas não se
fundamentam em conselhos, sugestões ou instruções.
Neste contexto, para a Análise Comportamental, os conselhos, como
concebemos, são tratados como regras. Estabelece-se, assim, que as regras são
estímulos discriminativos verbais que assinalam ou especificam determinadas
contingências.
Na sequência, o autor sustenta que as regras, para a clínica comportamental,
devem ser utilizadas apenas em situações específicas. Isto é, as regras não devem ser
utilizadas indiscriminadamente, sem que existam razões claras que justifiquem sua
necessidade. Tal conclusão, por sua vez, advém de estudos empíricos baseados em
dados recolhidos na área de pesquisa sobre comportamento governado por regras.
O autor nos aponta possíveis consequências passíveis de observação no caso em
que as regras emitidas pelo terapeuta são seguidas pelo seu cliente e também quando
não são.
Quando seguidas, as regras podem reforçar comportamentos nos quais se nota a
dependência (em relação à figura do terapeuta); baixa assertividade; submissão; punição
e, em particular, o não reforçamento do seguimento de regras. Quando não seguidas,
observa-se a ocorrência de resistência (a emissão de regras por outra pessoa é uma
situação aversiva); distorção do tato (mentir sobre o seguimento das regras); frustração
por formular uma autorregra e não conseguir segui-la (sentir-se incompetente);
incoerência entre o dizer (formular uma autorregra, por exemplo) e o fazer (seguir a
autorregra);
A partir das colocações expostas, o texto conclui que as regras ou autorregras
exercem um significativo controle sobre o comportamento, tratando-se, apesar disso, de
um controle discriminativo e não unicamente causal. Observa-se, portanto, que as regras
não causam diretamente a ocorrência ou não de comportamentos relacionados às
contingências descritas por elas.
O autor alerta que o uso de regras pode ser tentador ao terapeuta, por produzir
resultados imediatos. No entanto, recomenda que o terapeuta deve, sobretudo, criar
condições para que o cliente resolva seus problemas. Enfatiza-se, assim, que o cliente
emita suas próprias autorregras, ao invés de seguir regras impostas pelo terapeuta.
É necessário, contudo, que o terapeuta utilize determinados procedimentos para
que realmente seu cliente siga as regras, ou que tenha seu comportamento modificado,
fazendo-o compreender as relações existentes entre seu comportamento e as
consequências deste, aprendendo a lidar com novas contingências.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MEDEIROS, C. A. Comportamento Governado por Regras na Clínica


Comportamental: Algumas Considerações. Em: de-Farias, A. K. C. R (Org.), Análise
Comportamental Clínica (pp. 95-111). Porto Alegre. Artmed, 2010.

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