brasileira contemporânea: urgência e revolta no corpo da escrita. Os participantes poderão escolher o dia 10 (a partir das 19h) ou o dia 15 de dezembro (a partir das 14h) para comparecer, e terão direito à certificação de 3 horas. A formação irá discutir a ideia de contemporâneo na ficção brasileira contemporânea, apresentando escritores como Rubem Fonseca, Marcelino Freire, João Gilberto Noll, André Sant’Anna e Lourenço Mutarelli. A partir das leituras em conjunto, mediadas pelo educador Anderson Proença de Andrade, objetivar-se-á pensar a função dessa literatura, bem como os temas sobre a qual versa: as sexualidades dissidentes, a fúria das diferenças sociais ante a miséria e a discriminação, a violência urbana e o revanchismo de discursos de teor fascista. Em breve, mais novidades!
TEXTOS QUE NORTEARÃO A DISCUSSÃO
O que é o contemporâneo?, de Giogio Agambem
A arte da oscilação, de Gianni Vattimo Ficção brasileira contemporânea, de Karl Erik Schøllhammer Alguns contos da ficção brasileira contemporânea
UM PANORAMA
Ser contemporâneo em arte, de acordo com o filósofo
Giorgio Agamben, não é sinônimo de ser atual. Partindo de uma ideia de Roland Barthes (“o contemporâneo é o intempestivo”), Agamben defende que “pode-se dizer contemporâneo apenas quem não se deixa cegar pelas luzes do século e consegue entrever nessas a parte da sombra, a sua íntima obscuridade [...]. Contemporâneo é, justamente, aquele que sabe ver essa obscuridade, que é capaz de escrever mergulhando a pena nas trevas do presente”.
Ser contemporâneo, dessa forma, faz criar uma
desconexão com o presente. E essa desconexão, a priori, imperceptível pelo senso comum, pelas convenções, compromete-se em flagrar, em flashes e estilhaços, o não convencional, o insuspeito, o obsceno, o ilícito, o interdito. Sob essa ótica o filósofo Gianni Vattimo, em “A arte da oscilação”, artigo de “A sociedade transparente”, deduz que a obra de arte, em uma conjuntura pós-moderna, está imersa no mundo da comunicação generalizada e só se insurge com criatividade e liberdade via Shock (termo de Walter Benjamim) e Stoss (termo de Heidegger). O Shock (a sempre perspectiva de morte) e o Stoss (um choque, uma angústia e desenraizamento) permitem ao leitor uma experiência em que é convidado a rever suas concepções tidas anteriormente como verdades; e, nesse sentido, “o encontro com a obra de arte é como o encontro com uma pessoa que tem uma visão própria do mundo com a qual a nossa deva confrontar-se interpretativamente”.