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Técnico Celielson de Aguiar Brito
Chefe Pro Tempore do DACL
Portaria nº 144/2018/GR/UNIR, de 28/02/18
Banca Examinadora
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Orientador: Prof. Dr. Edinaldo Flauzino de Matos (DACL - UNIR)
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Membro: Profa. Ma. Janine Félix da Silva (DACL - UNIR)
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Membro: Prof. Me. João Elói de Melo (DACA - UNIR)
Guajará-Mirim
2018
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“Quando faço qualquer arte, jamais penso nas outras; mergulho na criação como se somente
fizesse aquilo toda a vida. Por isso não consigo colocar níveis, dizer o que foi, ou o que é mais
importante para mim. Sei que viver é o mais importante”
(André Carneiro)
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Resumo: No presente artigo objetiva-se analisar a temática sobre literatura de Ficção Científica
brasileira sob a compreensão conceitual teórica e ficcional estabelecida no conto “A Máquina
de Hyerónimus” de André Carneiro, da coletânea A Máquina de Hyerónimus e outras
histórias (1997). O estudo desenvolveu-se mediante pesquisa bibliográfica sobre a teoria da
literatura de Ficção Científica em conjunto à análise do conto proposto comparável aos
elementos essenciais de análises da narrativa. O artigo compõe-se de uma espécie de resenha
crítica, no que se refere à literatura de Ficção Científica (teórica), na qual valemo-nos do aporte
teórico, uma vez que ponderamos os pressupostos analíticos do ensaio crítico do próprio escritor
em pesquisa. Também, há um breve histórico biográfico e analítico sobre a vida e obra do autor
e a análise interpretativa do conto em proposição de leitura. Disto, conclui-se que estudar tema
“literatura de Ficção Científica” e avaliar o assunto por meio do conto de André Carneiro, sob
a perspectiva do próprio autor, possivelmente contribuirá para divulgação de estudos literários
sobre o tema.
1 Introdução:
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TCC (artigo) apresentado ao DACL do curso de Letras do Câmpus da Unir de Guajará-Mirim como requisito
parcial para obtenção de título de Licenciatura em Letras Português e respectivas Literaturas sob a orientação
do prof. Dr. Edinaldo Flauzino de Matos.
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Acadêmico do Curso de Letras Português e respectivas Literaturas da turma 2014, do Câmpus de Guajará-
Mirim – Unir.
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SILVA, Cesar. Introdução ao estudo da Science fiction. Disponível em:
<http://almanaqueafb.blogspot.com.br>. Acesso em: 04 mar. 2018.
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É uma publicação não profissional e não oficial, produzido por entusiastas de uma cultura particular fenômeno
(como de um gênero literário ou musical) para o prazer de outros que compartilham seu interesse.
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O volume está dividido em cinco capítulos. Sendo que na “Introdução”, Carneiro busca
definir o gênero, não sem alguma dificuldade, como todos que já o tentaram. Compara a ficção
científica à poesia (outro formato literário no qual Carneiro é fluente) e ressalta a
interdependência da ficção literária ao gênero e à ciência. Nessa conjuntura, Carneiro propõe
uma inversão, pois, salienta que a ficção tem que ser um pouco científica, enquanto que a
ciência tem que ser um pouco ficcional. O estudioso também pondera sobre os preconceitos ao
gênero, como um todo, normalmente dirigidos a certo tipo de ficção científica que de fato existe
e que, muitos afirmam ser dominante. Contudo, para carneiro, não passa de ficção científica de
má qualidade, a qual o estudioso ousou nomear de space opera.
Na opinião do crítico, a space opera é a ficção científica de objetivo comercial, ou seja,
produzida com objetivo de atender à necessidade de mercado (consumo). Sendo assim, esse
tipo de ficção não apresenta qualidade literária, no sentido de alcançar estilo e conteúdo.
Atualmente, esse termo é usado para designar um tipo específico de fantasia tecnológica, não
necessariamente, vazia de conteúdo, embora ainda seja o mote preferido dos autores que não
querem se comprometer para além dos resultados mercadológicos.
Carneiro também observa que a ficção científica de má qualidade se encontra aos
montes em todos os subgêneros, considerando que não há nenhum deles que esteja imune a
falta de talento, pois, segundo o estudioso, há muito já se tentou criar outros termos para
designar a ficção científica ruim e, por algum tempo, optou-se por usar o termo anglófono sci-
fi, mas o referido termo também pressupõe um tom pejorativo e preconceituoso, uma vez que
se refere a ficção científica praticada fora da literatura (cinema, tv, quadrinhos, teatro, etc), que
tem seus próprios padrões de qualidade. Então, uma definição sumária advinda do próprio
André Carneiro que, sem meias palavras, propõe o que considera o melhor termo para se referir
à ficção científica ruim: “o puro e simples lixo”.
No segundo capítulo, “Das raízes à s.f. atual”, o autor faz um levantamento histórico do
gênero, com exemplos de proto-fc, apresenta os fundadores do romance fantástico
(principalmente da literatura gótica) e os primeiros autores que deram formato ao gênero.
Carneiro não se furta em criticar a qualidade dos textos de Júlio Verne, em contraposição aos
de H. G. Wells, que considera muito superior, finalizando com a evolução do pulp nos EUA e
o desenvolvimento das revistas de ficção científica e fantasia, responsáveis pelo crescimento e
popularização do gênero.
O crítico também apresenta um arranjo cronológico sobre as raízes pré-históricas do
gênero desde a antiguidade. Desse modo, destaca os romances de utopia que fazem parte da
ficção científica desde Platão. Esses romances se destacam pela resistência apresentada como
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um meio de expor ideias e teorias, conforme entrecho: “É verdade que não é fácil a um romance
levar a sua tese a uma excessiva evidencia sem sufocar o interêsse humano ou a comunicação
dramática com o leitor” (CARNEIRO, 1968, p. 31).
O terceiro capítulo, “A ciência na vida contemporânea”, o estudioso avalia o impacto
dos avanços da ciência no cotidiano e o reflexo desse fenômeno na ficção fantástica moderna.
Carneiro divide o capítulo em subtópicos: “A moderna ficção científica”, em nove
subcategorias, comentadas e exemplificadas individualmente com a citação de diversos
exemplos em resenhas curtas. O autor demonstra no referido capítulo o quanto esse tipo de
ficção implica num leitor voraz e heterogêneo. O estudioso cita leituras tanto de livros de outros
autores brasileiros como de estrangeiros, traduzidos ou não do inglês, francês e outras línguas.
Ou seja, um verdadeiro guia de leitura que aponta muitos dos mais expressivos títulos do
gênero. Pode-se dizer que o crítico o valoriza o trabalho da Editora GRD, pois, entre suas
citações, constam praticamente todos os livros publicados pela editora até aquela data.
Também, nesse capítulo, há um destaque para os seguintes gêneros: o conto, a novela e
o romance, considerados pelo crítico como um pano de fundo para criação artística, pois
traduzem atualmente as inquietações do ser humano referente as divergências sociais, o meio
pelo qual os homens comunicam suas dúvidas, certezas e esperanças. Desse modo, define que
são “Estórias que fazem esboçar um sorriso, ou escalpêlo que penetra, mensagens de futuros ou
para o futuro, reminiscências de passados nostálgicos [...]” (CARNEIRO, 1968, p. 47). Ainda,
nesse capítulo, Carneiro destaca os pensadores e os cientistas do século dezenove como
responsáveis pelo desajuste entre a sociologia, a moral e a filosofia de hoje, cuja correntes de
pensamentos ainda não se ajustaram a época da cibernética, da parapsicologia e da conquista
espacial.
No quarto capítulo, o estudioso apresenta os temas principais e constantes situações
típicas do gênero: a) Guerra nuclear; b) Viagens espaciais; c) A Terra sendo invadida por outros
seres espaciais; d) Temas parapsicológicos; e) Mutantes; f) Robots e andróides; g) Viagem no
tempo; h) Temor a um mundo mecânico; i) O homem, as religiões e as filosofias sendo
confrontados por seres de outros planetas no futuro.
No quinto capítulo, “Valor e expansão da ficção científica”, Carneiro destaca a ficção
científica não-literária, mais uma vez, por meio de minuciosos exemplos, nos quais avulta a
presença do gênero no cinema, considerado como o melhor veículo para a expansão da ficção
científica depois da literatura. Nesse capitulo, é apresentado uma relação em conjunto a uma
lista de títulos que contempla unanimidades e raridades pouco lembradas. O crítico também
reserva uma parte desse capítulo, exclusivamente, à ficção científica no Brasil, na qual se detém,
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[...] um gênero cuja caracterização estética será constituída por dois fatores: a) Uma
renovação e uma expansão da capacidade imaginativa dos escritores. b) Um nôvo
campo com enriquecimento de nossa capacidade de emoção. (CANEIRO, 1968, p. 7)
Carneiro fala sobre os preconceitos que o gênero literário suscitou como ficção
científica, tendo especificação a literatura de cordel. A ficção científica (Ficção Científica)
analisada (de preferência, nos países norte-americanos) com um aprofundamento maior,
salientando um entendimento social, com atribuições específicas; considerando que recebe uma
denominação exclusiva de “space-opera” (ópera espacial). O autor critica essa Ficção
Científica (space-opera) como de má qualidade, na qual possui uma finalidade comercial,
infiltrando características publicitárias empresariais ou corporativistas, ausente da essencial
importância literária. Em outras palavras, a crítica considera a Ficção Científica, embora não
havendo definições claras e exatas, em contrapartida muito menos sendo ficção, constituirá em
uma literatura de cordel. Disto, pode-se observar que na Ficção Científica, os personagens
possuem menos relevância que as ideologias que a obra produz, pois de acordo com Carneiro,
deve-se haver uma liberdade completa.
A ficção científica em comparação com a ciência, não exige raciocínios precisos ou
rigorosos, mas propositalmente ficcional. Na ciência, as ideologias da FC devem ser aceitas,
assim como as crenças através da fé. Já na ficção, não se deve analisar de uma única forma
(imaginária), mas com a perspectiva de se alcançar uma possível concretização científica. Dessa
proposição, Carneiro destaca que no começo das inovações cinematográficas, novos meios de
comunicação das artes evidenciavam-se com a performance de expressão estética. As
tecnologias avançaram e propiciaram facilitar cada vez mais a vida do homem. Dessa forma,
todo esse desenvolvimento científico induzirá ou transformará a direção dos dispositivos
literários.
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SANTOS, Ricardo Guilherme. In: SOMNIUM: Homenagem para André Carneiro. Ed. CLFC, edição especial
111. São Paulo. mar. 2015.
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É uma publicação oficial do Clube de Leitores de Ficção Científica.
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ALEXANDRE, Silvio. In: SOMNIUM: Homenagem para André Carneiro. André Carneiro: o decano da ficção
científica brasileira. Ed. CLFC, edição especial 111. São Paulo. mar. 2015.
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inéditas de Graciliano Ramos, Hilda Hilst, José Lins do Rego, Otto Maria Carpeaux e Sérgio
Milliet, além do próprio André Carneiro.
A respeito das suas obras, especificamente, as prosas da literatura de ficção científica,
seus reconhecimentos foram pouco manifestados no Brasil. No entanto, era mais destacado
nacionalmente com suas poesias.
Em 1949, publicou o primeiro livro de poesia Ângulo e Face (Clube de Poesia, 1949),
na qual, com grande admiração pelo público, ganhou prêmios e homenagens com o sucesso
nacional. Mais tarde, em 1963, divulgou sua outra produção de poesias, Espaçopleno (Clube
de Poesia, 1963), que também conseguiu ganhar o público sendo comtemplado com o prêmio
“Pen Clube” de São Paulo e, com a mesma obra, recebeu o prêmio “Alphonsus de Guimaraens”,
em 1966, da Academia Mineira de Letras. Com o livro Pássaros Florescem de 1988, também
ganhou o Prêmio Nacional Nestlé. E, por fim, em seu último livro de poesia, André Carneiro
apresenta a coletânea Quânticos da Incerteza (Redijo, 2007), com a organização do professor
Osvaldo Duarte da Universidade Federal de Rondônia, expondo suas poesias mais maduras.
Carneiro foi mais representado no exterior por suas produções de ficção científica,
salientando o romance colaborativo de ficção científica internacional Tales from the Planet
Earth (St. Martins, 1986). No que se refere aos seus contos, o primeiro livro literário em prosa
foi Diário da Nave Perdida (Edart, 1963), pelo qual ganhou o prêmio de Melhor Livro do ano,
do Departamento Cultural da Prefeitura de São Paulo. Um dos seus mais importantes romances
foi Amorquia (Aleph, 1991), no qual, uma minuciosa análise do pesquisador Alexandre, relata:
[...] uma sociedade onde o amor exclusivo é uma doença. A fidelidade é o primeiro
indício de desagregação e insanidade. As mães já não são importantes. O sexo
ensinado nas escolas é praticado livremente. A morte só ocorre por acidente físico,
sendo apenas motivo de curiosidade (SOMNIUM, 2015. p. 11).
O estudioso, para complementar ainda mais suas obras, organiza o primeiro estudo, em
língua portuguesa, sobre ficção científica, o livro que se tornou referencial básico para o
presente trabalho Introdução ao Estudo da Science Fiction, no qual apresenta e discute,
alguns dos principais conteúdos teóricos referente a Ficção Científica nacional, em que,
também, recebeu o Prêmio Literário Câmara Municipal de São Paulo. Também, é importante
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salientar que, além de escritor de contos de Ficção Científica, Carneiro se destaca como
roteirista no cinema profissional, onde desenvolveu seu trabalho ao lado de talentosos
profissionais do cinema brasileiro como Abílio Pereira de Almeida, Roberto Santos e Walter
Hugo Cury. Vale ressaltar, também, que ele foi um dos primeiros fotógrafos artísticos do
Modernismo brasileiro, tendo marcos fotográficos expostos no Tate Gallery, em Londres.
No que se refere aos conhecimentos sobre hipnose, André Carneiro realizou pesquisas
no Instituto Quevedo, no qual se destacou em seu aprendizado e análise na parapsicologia e
hipnose, tornando-se um dos membros brasileiros de uma importante instituição internacional,
a Parapsychological association nos Estados Unidos. Segundo o escritor Roberto Causo,
Carneiro
[...] trouxe para a ficção científica não apenas textos de qualidade, mas questões
importantes e de peso junto ao mainstream8 literário, como a denúncia do
conservadorismo social, a referência à cultura das drogas, a impermanência do real e
as dificuldades de comunicação na modernidade, rendendo-lhe comparações com
Franz Kafka e os mágicos realistas latino-americanos (SOMNIUM, 2015, p. 15).
Sem a Literatura acumulada nos séculos, o ser humano estaria muito mais próximo da
animalidade que ainda o caracteriza nas páginas policiais. Em minhas oficinas
ninguém gasta muito tempo com aquela americana lista de soft, hard etc. Falamos em
cenas que não saem da memória, em emoções que derramam lágrimas, falamos em
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Mainstream é utilizado para designar a tradicional ou mimética ficção realista, em oposição ao gênero ficção
(como ficção científica), romances e mistérios, bem como a ficção experimental.
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ideias e como expressá-las com eficiência. Quem entra em um Museu não fica
procurando renascentistas, impressionistas, dadaístas, cubistas ou abstracionistas. O
espectador inteligente não procura escolas ou datas, procura obras primas.
(SOMNIUM, 2015, p. 28).
O conto “A máquina de Hyerónimus” trata da relação dupla amorosa de dois casais que
envolve a invenção de uma máquina de desejos. Conforme o texto, a invenção, “[...] a máquina
seria uma tentativa para... influenciar à distância... seres humanos, ou... a transmissão de
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mensagens diretas...” (CARNEIRO, 1997, p. 41). Assim, a temática do conto apresenta uma
máquina manipulada por um inventor. Porquanto, a máquina tinha o objetivo primordial,
explorar o drama experienciado pelo narrador-personagem na obra. O texto é narrado em
primeira pessoa. Desse modo, quando o contexto é direcionado a momentos vivenciados, e
opiniões próprias do narrador-personagem, percebe-se o claramente o envolvimento do
narrador-personagem. Conforme o entrecho: “Meu amigo sempre trabalhava na máquina de
Hyerónimus, que dobrara de tamanho. Quando eu perguntava o que pretendia com ela, já que
nunca vira colocar insetos lá dentro, ele desconversava” (CARNEIRO, 1997, p. 39, grifo
nosso).
O narrador-personagem atua como protagonista, e, é precisamente, o que está mais
próximo do universo transcrito. Esse narrador personagem pode ser analisado com maior
notoriedade, pois ele narra na primeira pessoa a trama na qual está envolvido igualmente como
personagem. Há vários pronomes que autenticam a presença forte desse narrador-personagens
e suas ações dentro da história. “Roberto colocou cuidadosamente uma espécie de capacete em
minha cabeça. Eu sentia um formigamento, mas ele disse que era sugestão.” (CARNEIRO,
1997, p. 42, grifo nosso). Em outro entrecho do conto, pode-se observar essa representação
efetiva desse narrador-personagem.
Esta combinação é tipicamente a das autografias das confissões, dos relatos nos quais
o narrador conta sua própria vida retrospectivamente. Possui, em consequência, um
saber mais significativo de cada uma das etapas anteriores de sua vida e pode,
portanto, prever, quando fala dos seus cinco, dez ou quinze anos, o que acontecerá
mais tarde. Pode também ter reunido conhecimentos sobre pessoas que encontrou
anteriormente e não hesita em intervir em sua narrativa para explicar ou comentar sua
vida e a maneira como ela a conta. (p. 82, 2007).
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Roberto era diferente daquilo que se convencionou chamar de ‘cientista louco’. Ex-
publicitário, autor de um livro sobre física dos ‘quanta’, sem nenhum sucesso, era
rico, vivia de rendas. Casado pela segunda vez com mulher bonita, bem vestido, falava
pouco, era o oposto dos paranoicos talentosos descrevendo planos mirabolantes”
(CARNEIRO, 1997, p. 40, grifo nosso).
Roberto, como diz, seu melhor amigo, o Narrador: “inteligente, culto, discreto, e
entendia de cibernética” (Carneiro, 1997, p. 39). Um inventor que se aproveita de uma máquina
que mata insetos, a fim de aperfeiçoá-la para uma ‘máquina dos desejos’. É ex-publicitário,
escritor de um livro pouco reconhecido, rico e vive de rendas da bolsa de valores. Não era um
cientista famoso, uma vez que, falava pouco e mantinha-se retraído e, mesmo casado com
Marina, não argumentava abertamente, ao contrário de seu amigo, sobre suas invenções. A sua
importância no texto o coloca dentre um dos protagonistas, considerando a invenção da
máquina. Sob a teoria de Reuteniana, os personagens “[...] permitem as ações, assumem-nas,
vivem-nas, ligam-nas entre si e lhes dão sentido. De certa forma, toda história é história de
personagens” (REUTER, 2007, p. 41, grifo do autor).
Marina, companheira de Roberto, sempre o ajudava em suas invenções no laboratório e
tinha um certo conhecimento, uma vez que sabia montar e ligar alguns aparelhos. Todavia, não
tinha nenhuma ideia sobre a máquina de Hyerónimus e/ou para o que servia, mas percebia um
zelo maior do seu marido sobre essa máquina misteriosa. Logo, mais tarde, acabará envolvida
em um romance proibido com o ‘Narrador’. Na trama, Marina, sendo uma mulher atraente, é a
primeira pessoa que promove a infidelidade, na trama, com o Narrador. Sua atitude sedutora,
por conseguinte, termina, o desejo concupiscente nele que, posteriormente, se deixa envolver
no ato profano. Ademais, com o auxílio da máquina, em sua segunda utilização, ao que tudo
indica, “o desejo” ocasionará a suposta morte de Roberto e a concretização de um triângulo
amoroso.
Angélica, cônjuge do ‘Narrador’, cursa inglês e leva uma vida conjugal divergente; ora
morando com o marido, ora em um apartamento diferenciado. Isso, segundo o autor, como uma
forma de evitar a rotina repetitiva das pequenas brigas. É, também, amiga de Roberto e,
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Concupiscência: anseio pelos prazeres sensuais; desejo sexual exagerado.
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5 Considerações Finais
Referências Bibliográficas
ALEXANDRE, Silvio. In: SOMNIUM: Homenagem para André Carneiro. André Carneiro: o
decano da ficção científica brasileira. Ed. CLFC, edição especial 111. São Paulo. mar. 2015
LIMA, Luiz Carlos de. História da Física: Dualidade Quântica. Disponível em:
<http://www.das.inpe.br/~alex/Ensino/cursos/historiadaciencia/artigos/Historia_da_Fisica_30.
pdf>. Acesso em: 22 mai 2018.
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RODRIGUES, Pedro. Que a força esteja contigo: Ephraim Fischbach. Disponível em:
<https://noticiasespaco.blogs.sapo.pt/2015/10/>. Acesso em: 20 mai. 2018.
SANTOS, Ricardo Guilherme. In: SOMNIUM: Homenagem para André Carneiro. Ed. CLFC,
edição especial 111. São Paulo. mar. 2015.