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DIREITO TRIBUTÁRIO
1. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
1.1. Inexistência de imunidade no caso de instituição de assistência social que
exerce atividade econômica não relacionada com suas finalidades institucionais –
(Info 551)
Determinada entidade de assistência social sem fins lucrativos que atende pessoas
com deficiência explora uma agência franqueada dos Correios. Em outras palavras,
ela é proprietária de uma agência franqueada dos Correios. A renda obtida com essa
atividade é revertida integralmente aos fins institucionais dessa entidade.
A venda das mercadorias nessa agência franqueada NÃO será imune de ICMS. Isso
porque a atividade econômica fraqueada dos Correios não está relacionada com as
finalidades institucionais da entidade de assistência social, ou seja, o serviço
prestado não possui relação com seus trabalhos na área de assistência social, ainda
que o resultado das vendas seja revertido em prol das suas atividades essenciais.
Logo, não se pode conceder a imunidade porque não está preenchido o requisito
exposto no ar. 150, § 4º da CF/88 e art. 14, § 2º do CTN.
STJ. 2ª Turma. RMS 46.170-MS, Rel. Min. Humberto Martins, j. 23/10/2014 (Info 551).
1.2. Instituição de assistência social que conseguiu, por meio de uma perícia,
provar que atende os requisitos do art. 14 do CTN terá direito à imunidade tributária
– (Info 535)
2. IMPOSTO DE RENDA
2.1. Súmula 598-STJ – (Info 614)
E o art. 30 da Lei 9.250/95? O STJ entende que a norma prevista no art. 30 da Lei
9.250/95 é uma regra aplicável apenas para a Administração Pública, de forma que
ela não vincula (limita) o juiz. Isso porque o magistrado, no momento de julgar, goza
do “livre convencimento motivado” (persuasão racional), podendo apreciar, de
forma motivada, as provas produzidas, conforme autorizado pelos arts. 371 e 479 do
CPC/2015:
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos,
independentemente do sujeito que a tiver promovido, e
indicará na decisão as razões da formação de seu
convencimento.
Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o
disposto no art. 371, indicando na sentença os motivos que o
levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões
do laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito.
Nesse sentido: STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 533.874/RS, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, julgado em 16/05/2017.
Obs: alguns autores afirmam que, com o novo CPC, não seria mais correto falar em
“livre” convencimento motivado. É o caso, por exemplo, de Fredie Didier:
“Todas as referências ao ‘livre convencimento motivado’
foram extirpadas do texto do Código. O silêncio é eloquente.
O convencimento do julgador deve ser racionalmente
motivado: isso é quanto basta para a definição do sistema de
valoração da prova pelo juiz adotado pelo CPC-2015. Não é
mais correta, então, a referência ao ‘livre convencimento
motivado’ como princípio fundamental do processo civil
brasileiro; não é dogmaticamente aceitável, do mesmo modo,
valer-se desse jargão para fundamentar as decisões judiciais.
(...)” (DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Vol.
2., Salvador: Juspodivm, 2015, p. 102-103).
2.5. Incide o IRPF sobre o valor do abono de permanência, mas somente a partir de
2010 – (Info 589) – IMPORTANTE!!!
Mudança de entendimento e eficácia ex nunc da nova posição: Ocorre que, até o STJ
pacificar a questão, houve muita polêmica sobre o assunto e o julgado acima
representou uma mudança de entendimento. Isso porque de 2003 a 2010, o
entendimento majoritário na jurisprudência era o de que não incidia imposto de
renda sobre o abono de permanência. Desse modo, como houve uma radical
alteração da posição, o STJ decidiu que, por questões de segurança jurídica, o
entendimento manifestado no REsp 1192556/PE deveria ter efeitos ex nunc, não
alcançando situações pretéritas. O mais interessante é que esta "modulação dos
efeitos" da decisão não foi proferida no momento em que o REsp 1192556/PE foi
julgado, mas somente em 2016.
2.8. Incide imposto de renda sobre o adicional de 1/3 (um terço) de férias gozadas
– (Info 573) – IMPORTANTE!!!
Incide imposto de renda sobre o adicional de 1/3 (um terço) de férias gozadas.
Essa verba tem natureza remuneratória (e não indenizatória) e configura acréscimo
patrimonial.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.459.779-MA, Rel. para acórdão Min. Benedito Gonçalves, julgado
em 22/04/2015 (recurso repetitivo) (Info 573).
Segundo o art. 950 do CC, se uma pessoa for vítima de dano físico que cause a
diminuição de sua capacidade de trabalho, ela deverá receber do causador do dano
pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da
depreciação que ela sofreu.
Tais valores estão sujeitos ao pagamento de Imposto de Renda (IR).
Assim, decidiu o STJ que os valores percebidos a título de pensionamento por
redução da capacidade laborativa decorrente de dano físico causado por terceiro, em
cumprimento de decisão judicial, são tributáveis pelo imposto de renda e sujeitam
a fonte pagadora à retenção do imposto por ocasião do pagamento.
Danos morais e danos emergentes: NÃO incide IR.
Lucros cessantes: INCIDE IR.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.464.786-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 25/8/2015
(Info 568).
3. IPVA
3.1. Termo inicial do prazo prescricional para cobrança de IPVA – (Info 588)
Regramento legal: As normas gerais sobre o IPVA (fato gerador, base de cálculo,
sujeito passivo etc.) deverão ser previstas em uma lei complementar nacional a ser
editada pelo Congresso Nacional (art. 146, III, "a", da CF/88). Ocorre que esta lei ainda
não existe. Em razão disso, os Estados-membros podem legislar sobre o tema,
conforme autorizado pelo art. 24, § 3º da CF/88, desde que respeitadas as demais
regras constitucionais.
Importante: o art. 150, § 1º da CF/88 prevê que a fixação da base de cálculo do IPVA
não está sujeita ao princípio da anterioridade nonagesimal. Isso significa que é
possível que o Estado, nos últimos dias do ano, altere a tabela de valor venal dos
veículos e essa mudança já valha a partir de 1º de janeiro do ano seguinte.
Alíquotas: As alíquotas serão fixadas por meio de lei de cada Estado-membro. A
CF/88, no entanto, determina que o Senado, mediante Resolução, defina alíquotas
mínimas do IPVA a fim de evitar a guerra fiscal (art. 155, § 6º, II, da CF/88). Logo, a
lei estadual não poderá estipular alíquotas menores que aquelas fixadas pelo Senado.
Isso com o objetivo de evitar que os Estados começassem a colocar valores muito
baixos de IPVA para "incentivar" os proprietários de carros a emplacarem seus
veículos nesses locais. A Constituição autoriza que as leis estaduais prevejam
alíquotas do IPVA diferenciadas segundo o tipo e a utilização do veículo.
Exemplo quanto ao tipo: a lei poderá prever que veículos utilitários poderão
pagar alíquotas menores que veículos de passeio.
Exemplo quanto à utilização: táxis poderão pagar alíquotas menores que
veículos particulares.
Caso o contribuinte, mesmo depois de notificado, não pague o IPVA, o Fisco poderá
ajuizar execução fiscal cobrando este imposto. A partir de quando é contado o prazo
para o ajuizamento desta ação? O prazo prescricional para a execução fiscal inicia-se
no dia seguinte à data estipulada para o vencimento do imposto. Isso porque, antes
dessa data, o pagamento não é exigível do contribuinte. Assim, por exemplo, se o
proprietário recebeu um carnê com data de vencimento para o dia 03/03, o prazo
prescricional para o Estado-membro ajuizar execução fiscal iniciará no dia 04/03, caso
o contribuinte não pague na data.
Qual é o prazo que o Fisco estadual possui para cobrar judicialmente o imposto? O
prazo prescricional é de 5 anos (art. 174 do CTN).
Releitura do art. 174 do CTN pelo STJ: O art. 174 do CTN estabelece o seguinte:
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário
prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição
definitiva.
Em concursos, se for cobrada a redação literal do art. 174 em provas objetivas, essa
alternativa está correta. No entanto, é possível que o entendimento do STJ seja exigido,
especialmente em provas discursivas ou orais.
4. ICMS
4.1. O valor da TUSD compõe a base de cálculo do ICMS – (Info 601)
O que acontece com o ICMS se o consumidor final do serviço fica inadimplente e não
paga a mensalidade? Neste caso, a empresa prestadora do serviço poderá pedir de
volta o valor que recolheu a título de ICMS alegando que o preço do serviço não foi
pago? NÃO.
Dessa forma, quando a empresa presta o serviço de forma onerosa (ou seja, impondo
um preço por isso), ela pratica o fato gerador do imposto. O fato de o consumidor não
ter pago o preço não muda nada o fato gerador, que já aconteceu.
Vale ressaltar que, mesmo o consumidor tendo se tornado inadimplente, isso não
significa que a prestação do serviço tenha sido “gratuita”. O contrato celebrado entre
a companhia e o cliente foi do tipo oneroso, considerando que havia previsão de
vantagens para ambos os contratantes. O fato de, durante a execução, o contratante
ter se tornado inadimplente não transforma a natureza do contrato celebrado. Ele
continua sendo oneroso.
Nas palavras do Min. Napoleão Nunes Maia Filho:
“15. No caso dos contratos onerosos, a relação jurídica
material estabelecida será marcada pela imposição de um
ônus para todas as partes do contrato; o que no caso em
análise é identificado pela obrigação da concessionária em
disponibilizar o serviço de comunicação contratado, bem
como pela obrigação do consumidor final retribuir o serviço
com o preço estabelecido. Nesse aspecto, para o direito
privado, o inadimplemento do consumidor final é
desinfluente para o reconhecimento, ou não, da onerosidade
do contrato.
16. O mesmo ocorrendo para o direito tributário. O
inadimplemento da obrigação civil assumida pelo contratante
(Consumidor-final) não interfere no reconhecimento da
ocorrência do fato gerador que enseja a exação.”
Fatos geradores: Eduardo Sabbag afirma que, resumidamente, o ICMS pode ter os
seguintes fatos geradores (Manual de Direito Tributário. 4. ed., São Paulo: Saraiva,
2012, p. 1061):
circulação de mercadorias;
prestação de serviços de transporte intermunicipal;
prestação de serviços de transporte interestadual;
prestação de serviços de comunicação.
Exemplo dado por Ricardo Alexandre: “A” é uma refinaria de combustíveis que vende
a gasolina para os distribuidores (“B”), que revendem para os postos de gasolina
(“C”), que, por fim, vendem ao consumidor final (“D”). Para o Estado é mais fácil
cobrar de “A” todo o tributo que irá incidir sobre a cadeia produtiva. Assim, “A”
pagará o imposto por ele devido como contribuinte e também os impostos que irão
incidir sobre as vendas futuras (nesse caso, pagará como substituto
tributário/responsável tributário). (ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário
esquematizado. 10ª ed. São Paulo: Método, 2016, p. 317-319).
Regime de valor agregado: Esse cálculo do valor que se supõe que a mercadoria será
vendida é feito mediante a aplicação do regime de valor agregado estabelecido no art.
8º da LC 87/96:
Art. 8º A base de cálculo, para fins de substituição tributária,
será:
I - em relação às operações ou prestações antecedentes ou
concomitantes, o valor da operação ou prestação praticado
pelo contribuinte substituído;
II - em relação às operações ou prestações subsequentes,
obtida pelo somatório das parcelas seguintes:
a) o valor da operação ou prestação própria realizada pelo
substituto tributário ou pelo substituído intermediário;
b) o montante dos valores de seguro, de frete e de outros
encargos cobrados ou transferíveis aos adquirentes ou
tomadores de serviço;
c) a margem de valor agregado, inclusive lucro, relativa às
operações ou prestações subsequentes.
Art. 8º (...)
§ 3º Existindo preço final a consumidor sugerido pelo
fabricante ou importador, poderá a lei estabelecer como base
de cálculo este preço.
A questão chegou até o STJ. A posição defendida pelo Fisco foi acolhida pelo
Tribunal? NÃO.
4.4. Cálculo do ICMS por dentro aplica-se também nos casos de substituição
tributária – (Info 585)
O ICMS integra a sua própria base de cálculo, sendo isso chamado de ICMS "por
dentro" ou "cálculo por dentro".
O ICMS por dentro está previsto no art. 13, § 1º, I, da LC 87/96, sendo considerado
constitucional pelo STF.
Essa mesma regra aplica-se para o ICMS substituição tributária, considerando que
se trata do mesmo tributo.
Assim, ainda que se adote a substituição tributária como forma de arrecadação de
ICMS, é legal aplicar-se a sistemática do "cálculo por dentro".
STJ. 2ª Turma. REsp 1.454.184-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 5/5/16
(Info 585).
Qual é o valor da operação com energia elétrica? Qual o preço da energia elétrica? O
preço da operação é a retribuição total que a empresa aufere pela energia que está
fornecendo.
Retirar a subvenção da base de cálculo seria conceder isenção de ICMS: Não obstante
a louvável intenção do Governo Federal de não onerar a tarifa de energia elétrica de
parcela carente da população, a concessão de subvenção não implica automática
isenção do montante na base de cálculo de ICMS. Utiliza-se aqui a mesma lógica
adotada pelo STJ na elaboração da Súmula n. 95: "A redução da alíquota do imposto
sobre produtos industrializados ou do imposto de importação não implica redução do
ICMS".
Não há razoabilidade em diminuir a base de cálculo do imposto estadual em razão da
concessão de subvenção econômica pela União. A exigibilidade do imposto é anterior
à concessão da subvenção econômica. Exigir a redução da base de cálculo do imposto
estadual, no caso, é implementar isenção heterônoma em hipótese não permitida pelo
art. 151, III, da CF/88:
Desse modo, a subvenção econômica faz parte do preço final da mercadoria, não
havendo razão para não incluir na base de cálculo do ICMS a subvenção em operações
com energia elétrica.
A única forma de isentar as concessionárias de energia elétrica de pagar o ICMS
sobre o valor da subvenção é mediante convênio, na forma da LC 24/1975, a qual
"dispõe sobre os convênios para a concessão de isenções do imposto sobre operações
relativas à circulação de mercadorias, e dá outras providências".
4.7. ICMS sobre serviços de TV por assinatura via satélite – (Info 569)
5. ISS
5.1. Incidência de ISS sobre montagem de pneus – (Info 573)
5.2. Competência para exigir ISS incidente sobre a prestação de serviço de análise
clínica – (Info 555)
Súmula 524-STJ: No tocante à base de cálculo, o ISSQN incide apenas sobre a taxa
de agenciamento quando o serviço prestado por sociedade empresária de trabalho
temporário for de intermediação, devendo, entretanto, englobar também os valores
dos salários e encargos sociais dos trabalhadores por ela contratados nas hipóteses
de fornecimento de mão de obra.
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 22/04/2015, DJe 27/4/2015.
7. IPI
7.1. Quais indústrias podem gozar da suspensão de IPI prevista no art. 29, caput e
§ 5º da Lei 10.637/2002? – (Info 612)
O crédito presumido de IPI previsto no art. 1º da Lei 9.363/96 que se refira a período
no qual o contribuinte tenha se submetido ao regime de tributação com base no
lucro presumido deve ser excluído das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL apuradas
pelo regime do lucro presumido.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.611.110-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 4/8/16 (Info
587).
Os produtos importados estão sujeitos a uma nova incidência do IPI quando de sua
saída do estabelecimento importador na operação de revenda, mesmo que não
tenham sofrido industrialização no Brasil.
STJ. Corte Especial. EREsp 1.403.532-SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel.
para o acórdão Min. Mauro Campbell Marques, Corte Especial, julgado em
14/10/2015 (recurso repetitivo) (Info 574).
OBS: O fato de o nome do tributo ser "Imposto sobre Produtos Industrializados" não
significa que só ocorra o fato gerador do IPI se houver imediata operação de
industrialização. Não é isso. O CTN definiu no art. 46 quais são os fatos geradores do
imposto e nele se inclui "a saída do produto industrializado do estabelecimento
industrial ou equiparado a industrial".
Assim, a saída do produto industrializado da empresa que o importou amolda-se
perfeitamente na hipótese do art. 46, II, do CTN.
7.6. Aquisição de veículo com isenção de IPI por pessoa com necessidades
especiais que teve o seu veículo roubado – (Info 559)
Imagine que João, rico advogado, decide importar, por conta própria, uma Ferrari
para utilizar durante os finais de semana de lazer. Quando o veículo chegar ao Brasil
e for ser realizado o desembaraço aduaneiro, João será obrigado a pagar o IPI, nos
termos do art. 46, I, do CTN?
NÃO. Não incide IPI no desembaraço aduaneiro de veículo importado por
consumidor para uso próprio. Isso porque o fato gerador da incidência do tributo é
o exercício de atividade mercantil ou assemelhada, quadro no qual não se encaixa o
consumidor final que importa o veículo para uso próprio e não para fins comerciais.
Além disso, se incidisse o IPI haveria violação ao princípio da não cumulatividade
já que o importador (consumidor final) não teria como abater o imposto na operação
posterior, considerando que ele vai ficar com o carro.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.396.488-SC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 25/2/2015
(recurso repetitivo) (Info 557).
8. II e IPI
8.1. Isenções de IPI e de II para instituições culturais – (Info 561) – CONCURSOS
FEDERAIS!!!
Incide ISS (e não ICMS) sobre o serviço de montagem de pneus, ainda que a
sociedade empresária também forneça os pneus utilizados na montagem.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.307.824-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
27/10/2015 (Info 573).
9. IPTU
9.1. Incidência de IPTU sobre imóvel parcialmente situado em APP com nota non
aedificandi – (Info 558)
João é dono de um imóvel urbano que foi declarado área de preservação permanente
(APP). Além disso, em 2/3 do seu imóvel foi instituída nota “non edificandi”, ou
seja, ele ficou proibido de construir qualquer coisa em 2/3 desse terreno. Diante
disso, João ajuizou ação contra o Município pedindo que o IPTU fosse cobrado
proporcionalmente e incidisse somente sobre 1/3 da área. O pedido de João pode ser
aceito?
NÃO. O IPTU continuará sendo pago sobre a totalidade do imóvel. Segundo
decidiu o STJ, o fato de parte de um imóvel urbano ter sido declarada como Área de
Preservação Permanente (APP) e, além disso, sofrer restrição administrativa
consistente na proibição de construir (nota “non aedificandi”) não impede a
incidência de IPTU sobre toda a área do imóvel.
Mesmo com todas essas restrições, o fato gerador do imposto (propriedade de
imóvel urbano) permanece íntegro, de forma que deve incidir o tributo
normalmente.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.482.184-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 17/3/2015
(Info 558).
(MPGO-2016): Com base no princípio da isonomia tributária, e tendo como fato
gerador a propriedade de bem imóvel, seria lícita, por exemplo, a cobrança de
tributo de proprietário de bem imóvel localizado ilegalmente em área de
preservação ambiental. BL: Info 558, STJ.
10. ITBI
10.1. Para que o Município cobre ITBI de um imóvel de Igreja, é preciso que ele
prove que esse bem está desvinculado de sua destinação institucional – (Info 534)
11. COFINS
11.1. Súmula 584-STJ – (Info 595)
12. PIS/COFINS
12.1. Incide PIS e COFINS sobre o percentual repassado pela empresa de transporte
à empresa rodoviária que vende as passagens – (Info 600)
12.2. Valores computados como receitas que tenham sido transferidos para outras
pessoas jurídicas integram a base de cálculo do PIS/PASEP e COFINS – (Info 594)
VIDE INFO 857 DO STF
O artigo 3º, § 2º, III, da Lei nº 9.718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que
integram o faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo
das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como
receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.144.469-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para
acórdão Min. Mauro Campbell Marques, j. 10/8/16 (recurso repetitivo) (Info 594).
O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu
faturamento, submetendo-se à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e
COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de
cálculo das referidas exações.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.144.469-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para
acórdão Min. Mauro Campbell Marques, j. 10/8/16 (recurso repetitivo) (Info 594).
Obs: o STF possui um precedente em sentido contrário: RE 240785/MG, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 8/10/2014 (Info 762).
Obs: Incide o PIS e a COFINS sobre atos ou negócios jurídicos praticados por
cooperativa prestadora de serviço com terceiros tomadores de serviço, resguardadas
apenas as exclusões e deduções legalmente previstas (STF. Plenário. RE 599362/RJ,
Rel. Min. Dias Toffoli e RE 598085/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 5 e 6/11/2014.
Info 766).
Assim, tem-se a seguinte distinção:
Atos cooperativos típicos: NÃO incide PIS/COFINS.
Atos não-cooperativos: INCIDE PIS/COFINS.
12.5. Inclusão do ISSQN no conceito de receita ou faturamento para fins de
incidência de PIS/COFINS – (Info 581)
O PIS e o PASEP foram criados separadamente, mas desde 1976 foram unificados e
passaram a ser denominados de PIS/PASEP. Segundo a Lei 10.637/2, a contribuição
para o PIS/Pasep incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa
jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil.
12.6. Incidência de PIS e COFINS em juros sobre capital próprio – (Info 577) –
Atenção! Concursos Federais!
Não são dedutíveis da base de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS o valor
destinado aos acionistas a título de juros sobre o capital próprio, na vigência da Lei
nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003. Não é possível classificar os juros sobre
capital próprio como sendo “lucros e dividendos” em razão de possuírem diferenças
jurídicas.
Logo, não se pode excluir da base de cálculo do PIS e da COFINS os JCP (juros sobre
capital próprio) invocando o art. 1º, §3º, V, "b", da Lei nº 10.637/2002 e o mesmo
dispositivo da Lei nº 10.833/2003, considerando que eles tratam apenas de "lucros e
dividendos".
STJ. 1ª Seção. REsp 1.200.492-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para
acórdão Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 14/10/2015 (Info 577).
13. PIS/PASEP/COFINS
13.1. Lei 10.865/2004 autorizou que decreto reduzisse ou restabelecesse as alíquotas
do PIS/PASEP e COFINS, de forma que o Decreto nº 8.426/2015 é válido – (Info 613)
A declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/98, pelo STF, não
afasta automaticamente a presunção de certeza e de liquidez da CDA, motivo pelo
qual é vedado extinguir de ofício, por esse motivo, a Execução Fiscal.
Três razões para isso:
1) existem casos em que a base de cálculo apurada do PIS e da Cofins é composta
integralmente por receitas que se enquadram no conceito clássico de faturamento;
2) ainda que haja outras receitas estranhas à atividade operacional da empresa, é
possível expurgá-las do título mediante simples cálculos aritméticos;
3) eventual excesso deve ser alegado como matéria de defesa, não cabendo ao juízo
da Execução inverter a presunção de certeza, de liquidez e de exigibilidade do título
executivo.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.386.229-PE, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 10/8/16 (recurso
repetitivo) (Info 591).
14. TAXAS
14.1. Isenção da taxa de registro de arma de fogo não se aplica para policiais
rodoviários federais aposentados – (Info 612)
15. CONTRIBUIÇÕES
15.1. CIDE-Remessas: A Lei 11.452/2007 foi isentiva, e não meramente interpretativa
– (Info 614)
O art. 2º, II, do DL 1.146/70 dispõe expressamente que a cooperativa que exerça
atividade de indústria de laticínios está sujeita à contribuição devida ao INCRA à
alíquota de 2,5% sobre a folha mensal dos salários de contribuição previdenciária
de seus empregados.
Assim, em regra, não há permissão para a diferenciação de alíquotas por
estabelecimento ou CNPJ do contribuinte, ou seja, a alíquota e a base de cálculo da
contribuição são uma só para toda a pessoa jurídica, de acordo com a "atividade
econômica preponderante" desenvolvida (art. 581, §§1º e 2º, da CLT).
Dito de outro modo, a diferenciação de alíquotas em razão da individualização de
estabelecimentos por CNPJ próprio entre a matriz e a filial da empresa não se aplica,
regra geral, em relação às contribuições devidas a terceiros previstas no art. 3º, da
Lei nº 11.457/2007.
O escritório (filial) da indústria, a despeito de possuir CNPJ próprio, dela não se
separa. Ao contrário, o escritório filial existe em função da matriz industrial,
consubstanciando com ela uma única pessoa jurídica e com objetivo único.
STJ. 2 Turma. REsp 1.634.693-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 22/11/16
(Info 594).
16. REFIS
16.1. Homologação da opção pelo REFIS e prestação de garantia ou arrolamento –
(Info 603)
Mesmo que a pessoa faça a adesão ao REFIS, os seus bens que estavam penhorados
na execução fiscal continuam penhorados.
Para ter direito de aderir ao REFIS, a pessoa deverá oferecer uma garantia à União,
salvo se o crédito já estiver garantido em medida cautelar fiscal ou execução fiscal.
Diante da conjugação dessas duas regras acima, conclui-se que:
Excetuadas as hipóteses em que o crédito está garantido em medida cautelar fiscal
ou execução fiscal, a homologação da opção pelo REFIS está sujeita à prestação de
garantia ou arrolamento.
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.349.584-MG, Rel. Min. Og Fernandes, j. 26/4/2017 (Info 603).
É possível excluir o contribuinte do REFIS, com fulcro no art. 5º, II, da Lei n.
9.964/2000 (inadimplência) caso ele esteja pagando prestações mensais ínfimas se
comparadas ao valor total do débito. Isso porque, nesse caso, fica demonstrada a
ineficácia do parcelamento para a quitação da dívida.
Desse modo, o STJ entende que é válida a “tese da parcela ínfima” para excluir o
contribuinte do REFIS.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.447.131-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 20/5/14
(Info 542).
IPVA: Trata-se de imposto estadual, previsto no art. 155, III, da CF/88. O Fisco
estadual passou a defender a tese de que, se o antigo proprietário não comunicar ao
DETRAN a alienação do veículo no prazo de 30 dias, ele passaria a ter
responsabilidade solidária pelos débitos de IPVA relativos a esse automóvel. Ex: em
setembro de 2015, João vendeu seu carro a Pedro; ocorre que João nunca enviou ao
DETRAN o comprovante de transferência da propriedade. Pedro não pagou o IPVA
relativo ao ano de 2016. O Fisco sustenta o argumento de que, como não houve a
comunicação de que trata o art. 134 do CTN, a responsabilidade pelo pagamento do
IPVA caberá solidariamente tanto ao atual como ao antigo proprietário.
A tese defendida pelo Fisco estadual foi aceita pelo STJ? A responsabilidade solidária
de que trata o art. 134 do CTB engloba o IPVA relativo ao período posterior à
alienação do veículo? NÃO. A responsabilidade solidária do ex-proprietário, prevista
no art. 134 do CTB, não abrange o IPVA incidente sobre o veículo no que se refere ao
período posterior à sua alienação.
É como se fosse o seguinte: a multa cobrada pelo Fisco serve para punir o infrator e
também para cobrir os custos decorrentes do fato de a Administração Tributária ter
tido que instaurar um procedimento para apurar o ocorrido. Se este procedimento não
foi necessário porque o contribuinte confessou e pagou antes da sua instauração, a
multa não será devida porque não houve este custo por parte do Fisco.
Por conta disso, o STJ, apoiado nas lições de Christiano Mendes Wolney Valennte
(Denúncia espontânea: uma análise econômica da jurisprudência do STJ. Revista
Fórum de Direito Tributário: RFDT, Belo Horizonte, v. 13, n. 74, p.81-100, mar. 2015)
entende que somente deve ser admitida a denúncia espontânea quando o Fisco é
preservado dos custos administrativos de lançamento. Daí ter surgido a Súmula 360,
que será analisada mais abaixo, tendo em vista que, nesse caso, já se parte do
pressuposto de que não haverá custo administrativo porque o tributo já se encontra
em condições de cobrança, haja vista ter sido constituído pelo contribuinte via
declaração.
Requisitos: Para que a denúncia espontânea seja eficaz e afaste a incidência da multa,
é necessário o preenchimento de três requisitos cumulativos: a) "denúncia" (confissão)
da infração; b) pagamento integral do tributo devido com os respectivos juros
moratórios; c) espontaneidade (confissão e pagamento devem ocorrer antes do início
de qualquer procedimento fiscalizatório por parte do Fisco relacionado com aquela
determinada infração).
Na denúncia espontânea o pagamento deve ser feito à vista; não vale parcelar: Para
ter direito ao benefício da denúncia espontânea, o devedor deverá efetuar o
pagamento integral de uma só vez. Se o contribuinte parcelar o pagamento, isso não
configura denúncia espontânea e ele não estará isento da multa. Essa previsão
encontra-se insculpida no § 1º do art. 155 do CTN: “Art. 155-A. O parcelamento será
concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica. § 1º Salvo disposição de lei em
contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas”.
Termo final para que haja a denúncia espontânea: Um dos requisitos para que haja
denúncia espontânea está no fato de que o devedor deverá confessar e pagar o débito
ANTES que o Fisco instaure contra ele "qualquer procedimento administrativo ou
medida de fiscalização, relacionados com a infração". Tem que confessar antes de ser
"descoberto". Se for depois, não adiantará nada. Segundo a doutrina (SABBAG, p.
668), o documento que demonstra que o Fisco instaurou procedimento administrativo
para apurar a infração é o "Termo de Início de Fiscalização", previsto no art. 196 do
CTN.
Obrigações acessórias: Segundo o art. 113 do CTN, a obrigação tributária pode ser: a)
principal; b) acessória. A obrigação tributária principal representa o ato de pagar o
tributo ou a multa. Trata-se de uma obrigação de dar dinheiro. Ex: pagamento do
IPTU. A obrigação tributária acessória representa os deveres burocráticos que devem
ser observados pelo contribuinte. São também chamados de “deveres instrumentais
do contribuinte”. Trata-se de uma obrigação de fazer ou não fazer. Ex: obrigação das
empresas de manterem a escrituração de suas receitas e despesas em livros próprios.
Normalmente, a legislação prevê que o contribuinte que deixar de cumprir a obrigação
tributária acessória terá que pagar uma multa. Ex: quem deixar de apresentar
determinada declaração para o Fisco terá que pagar uma multa. O benefício concedido
pela "denúncia espontânea" (art. 138 do CTN) não vale para o caso de confissão de
descumprimento de obrigações acessórias. Assim, se o contribuinte tinha até o dia XX
para apresentar a declaração e não o fez, ele terá que pagar a multa mesmo que vá até
o Fisco e "confesse" que atrasou a declaração, apresentando a destempo.
OBS: O STJ entende dessa forma porque o benefício da denúncia espontânea tem
como um dos objetivos "facilitar" o trabalho de fiscalização e arrecadação do Fisco,
reduzindo os custos da Fazenda. Se o contribuinte fez a declaração de débito, mas não
pagou nada, o crédito tributário já estará constituído (já houve confissão de dívida).
Logo, a nova confissão posterior do contribuinte não irá ajudar em nada o Fisco. Por
essa razão, o contribuinte não terá direito aos benefícios da denúncia espontânea.
A tese invocada pela empresa foi aceita pelo STJ? É possível o reconhecimento da
denúncia espontânea caso o contribuinte faça, em juízo, o depósito integral da dívida
para fins de questioná-la judicialmente? NÃO. O depósito judicial integral do débito
tributário e dos respectivos juros de mora, mesmo antes de qualquer procedimento do
Fisco tendente à sua exigência, não configura denúncia espontânea (art. 138 do CTN).
O depósito judicial integral não trouxe qualquer vantagem ou redução de custos para
a Administração Tributária. Não houve a chamada "relação de troca entre custo de
conformidade e custo administrativo" a atrair caracterização da denúncia espontânea
(art. 138 do CTN). STJ. 1ª Seção. EREsp 1.131.090-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 28/10/2015 (Info 576).
Presunção de que os Correios não repassaram esse custo aos tomadores de serviço: O
STJ entendeu que, no caso de ISS pago pelos Correios aos Municípios, existe uma
presunção de que a empresa pública não repassou esse custo aos tomadores de
serviço. Por quê? Porque os Correios, mesmo antes da jurisprudência se pacificar no
sentido da sua imunidade, sempre consideraram que não tinham obrigação de pagar
ISS por força do art. 12 do Decreto-lei 509/69, que diz o seguinte:
Art. 12. A ECT gozará de isenção de direitos de importação de
materiais e equipamentos destinados aos seus serviços, dos
privilégios concedidos à Fazenda Pública, quer em relação a
imunidade tributária, direta ou indireta, impenhorabilidade
de seus bens, rendas e serviços, quer no concernente a foro,
prazos e custas processuais.
Caso a empresa não pague este crédito tributário constituído, qual é o prazo para que
a Fazenda Pública ajuíze execução fiscal contra o devedor? 5 anos, conforme o art. 174
do CTN:
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário
prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição
definitiva.
O que acontece com o prazo prescricional neste caso? 1ª opção: continuará suspenso
até que haja o trânsito em julgado da decisão contrária ao contribuinte (até que sejam
julgados os recursos especial e extraordinário); 2ª opção: voltará a correr
imediatamente. Qual das duas alternativas foi acolhida pelo STJ? O STJ adotou a 2ª
opção, ou seja, o prazo prescricional voltará a correr imediatamente.
Desse modo, a fim de cumprir o mandamento constitucional previsto no art. 146, III,
"d", foi editada a LC 123/06, que estabelece tratamento diferenciado e favorecido para
as microempresas e para as empresas de pequeno porte, além de instituir um regime
único de arrecadação dos impostos e contribuições para essas empresas.
Feita esta breve revisão, imagine a seguinte situação hipotética: "ABC Comércio Ltda
- EPP" pediu para ser incluída no regime do Simples Nacional, tendo o requerimento
sido negado em virtude de ela não ter alvará de localização e funcionamento. Para o
Fisco, esta situação se enquadra na vedação contida no art. 17, XVI, da LC 123/06:
Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na
forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de
pequeno porte:
(...)
XVI - com ausência de inscrição ou com irregularidade em
cadastro fiscal federal, municipal ou estadual, quando
exigível.
Desse modo, as empresas com débitos junto à Fazenda Pública (federal, estadual,
distrital ou municipal) não podem aderir ou permanecer no Simples.
Alguns advogados passaram a defender a tese de que essa vedação do inciso V do art.
17 da LC 123/2006 é inconstitucional, considerando que a CF/88 não exigiu que as
microempresas e empresas de pequeno estivessem quites com a Fazenda Pública. Além
disso, isso seria uma forma de “coação” para exigir o pagamento dos tributos. O STF
concordou com isso? NÃO. O Plenário do STF decidiu que é CONSTITUCIONAL a
exigência contida no art. 17, V da LC 123/06. O STF afirmou que é possível que sejam
estabelecidas exclusões do regime simplificado com base em critérios subjetivos.
Dessa forma, não há óbice para que o legislador crie restrições de ordem subjetiva para
a adesão ao Simples. Afirmou-se que não seria razoável favorecer aqueles em débito
com o Fisco, que participariam do mercado com vantagem competitiva em relação aos
adimplentes. Ponderou-se que admitir o ingresso no programa daquele que não
possui regularidade fiscal, e nem que sequer pretende parcelar o débito ou suspender
seu pagamento, significaria comunicar ao adimplente que o dever de pagar seus
tributos seria inconveniente, pois receberia o mesmo tratamento dado ao
inadimplente. Assim, o art. 17, V não viola o princípio da isonomia, mas ao contrário,
confirma-o, pois o adimplente e o inadimplente não estão na mesma situação jurídica.
STF. Plenário. RE 627543/RS, rel. Min. Dias Toffoli, j. 30/10/13 (Info 726).
Decreto nº 2.730/98: O art. 83 da Lei 9.430/96 foi regulamentado pelo Decreto 2.730/98.
Veja o que preveem os arts. 1º e 2º do Decreto:
Art. 1º O Auditor-Fiscal do Tesouro Nacional formalizará
representação fiscal, para os fins do art. 83 da Lei nº 9.430, de
27 de dezembro de 1996, em autos separados e protocolizada
na mesma data da lavratura do auto de infração, sempre que,
no curso de ação fiscal de que resulte lavratura de auto de
infração de exigência de crédito de tributos e contribuições
administrados pela Secretaria da Receita Federal do
Ministério da Fazenda ou decorrente de apreensão de bens
sujeitos à pena de perdimento, constatar fato que configure,
em tese:
I - crime contra a ordem tributária tipificado nos arts. 1º e 2º
da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990;
II - crime de contrabando ou descaminho.
ACP contra o art. 2º, I, do Decreto 2.730/98: O MPF ajuizou ação civil pública contra o
art. 2º, I, do Decreto 2.730/98 alegando que ele é ilegal porque teria extrapolado a sua
função meramente regulamentar, já que restringiu indevidamente o art. 83 da Lei nº
9.430/96. Explico. O art. 83 da Lei 9.430/96 prevê que a representação fiscal deverá
ser encaminhada ao MPF sempre que o processo administrativo que tramitou na
Receita constatar "a exigência fiscal do crédito tributário correspondente". O art. 2º, I,
do Decreto 2.730/98, por sua vez, determina que o Auditor-Fiscal só deverá
encaminhar a representação fiscal se houver crédito tributário constituído e multa
agravada. Assim, de acordo com o Decreto, se a multa agravada for afastada durante
o processo administrativo, o Auditor estaria desobrigado de enviar a representação
fiscal.
A tese defendida na ACP foi aceita pelo STJ? O art. 2º, I, do Decreto 2.730/98 é ilegal
por contrariar o art. 83 da Lei 9.430/96? A Receita Federal deverá encaminhar a
representação fiscal mesmo que a multa agravada seja afastada? SIM. Segundo o STJ,
pela leitura dos citados dispositivos, conclui-se que o ato normativo secundário (isto
é, o Decreto 2730/98) inovou no mundo jurídico, criando mais um obstáculo para o
envio das representações fiscais ao MP, como se fosse preceito normativo originário.
Dessa forma, exorbitou da função meramente regulamentar dos Decretos expedidos
pelo Poder Executivo, conforme expresso no art. 84, IV, da CF/88.
26. PROCESSO TRIBUTÁRIO
26.1. O § 2º do art. 12 da Portaria 643/09 da PGFN é ilegal – (Info 591) - Apenas alguns
concursos federais!
A alienação de bens que foram objeto de arrolamento fiscal não depende de prévia
notificação ao órgão fazendário.
A Lei 9.532/97 não exige que a notificação ao órgão fazendário seja prévia à
alienação, mas simplesmente que exista a comunicação.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.217.129-SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 27/10/16
(Info 594).
29. PERDIMENTO
29.1. O erro na classificação aduaneira de produtos importados, sem a constatação
de má-fé do importador, não gera pena de perdimento – (Info 604)
O erro culposo na classificação aduaneira de mercadorias importadas e
devidamente declaradas ao fisco não se equipara à declaração falsa de conteúdo e,
portanto, não legitima a imposição da pena de perdimento.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.316.269-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 6/4/2017 (Info 604).
29.2. Mesmo tendo sido pagos os tributos, poderá ser decretado o perdimento caso
não tenha sido cumprida a legislação alfandegária – (Info 592)
A pena de perdimento não constitui sanção cujo fato gerador tenha por base a
inadimplência de tributo. Portanto, o fato de a empresa ter pago todos os tributos
relacionados com a importação da mercadoria não a exime de observar a legislação
alfandegária.
Em outras palavras, a quitação do tributo devido não significa que a importadora
tenha direito de descumprir as normas que disciplinam o direito alfandegário.
Mesmo tendo pago todos os tributos, poderá ser decretado o perdimento das
mercadorias caso não tenha sido cumprida a legislação alfandegária.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.385.366-ES, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 22/9/16 (Info 592).