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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SUPERVISÃO E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL - PROFª: WELLINGTA


MAGNOLIA LACERDA LEITE DE ANDRADE - (Celular: (83) 99968-4400*98771-9424*99163-1413 – E-mail:
wellingtaa@hotmail.com) Material da Disciplina: Gênese da Supervisão Educacional – CINTEP/FNSL –
Ano 2016
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SUPERVISÃO E ORIENTAÇÃO
EDUCACIONAL

PROFESSORA: WELLINGTA MAGNOLIA LACERDA LEITE DE ANDRADE


(Celular: (83) 99968-4400*98771-9424*9163-1413 –
E-mail: wellingtaa@hotmail.com)

PLANO DE CURSO

DISCIPLINA: Gênese da Supervisão Educacional


Carga Horária: 40h Ano: 2016

EMENTA: Antecedentes Históricos da Supervisão. Evolução do Processo. A supervisão


educacional na realidade educativa brasileira. A Lei de Diretrizes e Bases e a Supervisão
na Educação Nacional. A supervisão e os PCNS.

OBJETIVOS

Geral: Conhecer e refletir sobre a Supervisão Educacional com base nos antecedentes
históricos e fazeres pedagógicos atuais da realidade brasileira, tomando como referências
a política, economia, cultura e sociedade.

Específicos:

 Discutir a educação como elemento norteador dos fazeres pedagógicos da


Supervisão Educacional;

 Conhecer diferentes espaços e formas de atuação da Supervisão Educacional;

UNIDADES TEMÁTICAS

 História, conceitos e funções da Supervisão Educacional


 A educação como elemento norteador da prática em Supervisão Educacional
 Diferentes espaços e formas de atuação da Supervisão Educacional
 Socialização dos saberes e experiências vivenciadas nas escolas
 Compreensão e análise da organização e gestão do trabalho pedagógico dos espaços
de educação formal e informal
 Supervisão Educacional, o PPP e a LDB
 Elaboração de Plano de Ação a ser desenvolvido pelo(a) Supervisor(a) Escolar.

METODOLOGIA

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 ESTRATÉGIAS DE ENSINO: aulas expositivo-dialogadas, leituras e produção de
textos, debates, seminários, relato de experiências, elaboração de um Plano de Ação do
Supervisor(a) na escola (individual e/ou em grupo).

 RECURSOS TÉCNICO-PEDAGÓGICOS: papel ofício, jornais, revistas, cola, tesouras,


livros, textos, slides, data show, vídeos e lousa.

 AVALIAÇÃO: Diagnóstica, Formativa e Processual - mediante o a observação e


acompanhamento do desempenho intelectual (individual e coletivo) do(a) aluno(a), através
de atividades orais e escritas, como debates, apresentação do Plano de Ação, vivência e
sistematização de experiências e dos saberes advindos da prática pedagógica nas escolas
e em supervisão educacional, e ainda, produção de textos (os critérios serão estabelecidos
durante o módulo e conforme a natureza das atividades acadêmicas sugeridas).
Construção de um Plano de Ação do Supervisor Educacional na Escola.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

ALVES, Nilda (coord). Educação e supervisão: o trabalho coletivo na escola. 7ª ed. São Paulo:
Cortez, 1995.

____________& GARCIA, R. L. (orgs). O fazer e o pensar dos supervisores e orientadores


educacionais. São Paulo: Loyola, 1986.

ANDRÉ, Marli, M. E. D. A. O que dizem as pesquisas sobre o ensino nas salas de aula do 1°
grau? Fórum educacional, n° 4, out/dez, 1988.

BRZEZINSKI Iria. Pedagogia, pedagogos e formação de professores: busca e movimento.


Campinas, SP: Papirus, 1996. (Col. Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).

CARNEIRO, M. A. LDB Fácil: leitura crítico-compreensiva artigo a artigo. Petrópolis, RJ: Vozes,
1998.

FAZENDA, I.C.A. A Prática de Ensino e o Estágio Supervisionado. São Paulo: Papirus,1994.


GADOTTI, Moacir. História das Idéias Pedagógicas. São Paulo: Ática, 1993.

PETERS, N. A. O Supervisor Escolar em Ação. 2ª ed. Sagra. Porto Alegre: Sagra, 1990.

RANGEL, M.(Org.). Supervisão Pedagógica: princípios e práticas. Campinas, SP: Papirus, 2003.

SILVA, N.S.F.C da. Supervisão Educacional: uma reflexão crítica. 4ª Ed. Petrópolis: Vozes, 1987.

SILVA & ROCHA. Supervisão Escolar. 2ª ed. Porto Alegre: Sagra, 1985.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1 A SUPERVISÃO EDUCACIONAL NO BRASIL

1.1 Conceito e Função

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Em virtude da falta de uma análise mais ampla do significado das funções do
supervisor educacional, inspetor escolar, orientador pedagógico e coordenador pedagógico
e da omissão das reais competências e campo de atuação desses profissionais na Lei nº
9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –, é possível notar
nomenclaturas diferenciadas utilizadas pelos sistemas de ensino em nosso país.
Encontramos o supervisor educacional, o orientador pedagógico, o inspetor escolar e o
coordenador pedagógico, atuando de maneiras semelhantes, de acordo com as exigências
locais. Assim, alguns autores caracterizam a função do supervisor escolar por meio de
diversos prismas: aquele que coordena, supervisiona e acompanha, com a
responsabilidade de integrar, reunir esforços e liderar o trabalho da equipe docente.
Mary Rangel (2003) afirma que a supervisão educacional tem um sentido amplo,
ultrapassando as atividades da escola e refere-se aos aspectos estruturais e sistêmicos da
educação em nível macro. E ainda, considera o supervisor educacional um agente
articulador de práticas educativas visando à qualidade da formação humana para o pleno
exercício da cidadania.
O Art. 64 da Lei nº 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –
utiliza-se apenas das nomenclaturas inspeção, supervisão e orientação educacional para
referir-se ao profissional da educação atuante nas funções de orientador e coordenador
pedagógico. Com fundamentação na legislação vigente e por meio da análise evolutiva ao
longo da história da educação e da supervisão em nosso país, acredita-se que as ações
do supervisor educacional estariam voltadas para o planejamento, a avaliação e a
reformulação das diversas etapas do processo ensino-aprendizagem, buscando o
melhor desempenho da escola em sua tarefa educativa. É o profissional que atua
junto ao professor no desenvolvimento metodológico com o objetivo de melhorar o
rendimento escolar do aluno.
Enfim, o entendimento da realidade, o fazer a educação e a formação de profissionais
da educação devem estar de acordo com as grandes concepções e transformações da
ciência. Com a evolução acerca desses conceitos, avançamos para novos compromissos e
responsabilidades, entre eles o de transpor o espaço e o tempo da escola com a imposição
de um novo paradigma para a supervisão educacional: uma prática voltada não somente
para a qualidade do trabalho pedagógico, mas também para a construção de um
conhecimento emancipatório, num âmbito político, administrativo e educacional
mais amplo. Hoje, espera-se que o supervisor desenvolva um trabalho articulador, que
ofereça subsídios para novas políticas e novas formas de gestão a fim de acompanhar as
transformações ocasionadas nesta era de globalização dos conhecimentos e da política
mundial.
Nesse sentido, o supervisor educacional deve estar inserido no contexto escolar,
articulando novas práticas educativas, favorecendo o desenvolvimento pleno de um
currículo diferenciado que atenda às diferenças culturais e pessoais e ainda
contribuindo para a formação continuada do corpo docente, visando o seu
crescimento profissional e à melhoria do processo ensino-aprendizagem.

1.2 A Origem da Supervisão Educacional

Etimologicamente, supervisão significa "visão sobre": função de, ação ou efeito de


supervisionar. Nesse sentido, aparece no cenário sócio-político-econômico e
educacional como função de controle, em que a racionalidade é o princípio que
fundamenta a garantia da execução do que foi planejado. Para se chegar à origem da
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supervisão educacional, é necessária uma abordagem sobre a questão do trabalho no
processo capitalista, pois, com o intuito de uma melhoria na qualidade e na quantidade da
produção, nasceu na indústria a ideia de supervisão.
A partir do século XVIII, ocorreram inúmeras inovações tecnológicas, que modificaram
substancialmente a vida das sociedades humanas, ocasionando mudanças significativas
na organização econômica, com a passagem de um modelo de economia agrária e
artesanal para um modelo de economia industrial. Como consequência, consolidaram-se
novas formas de organização do trabalho produtivo em grandes centros urbanos, gerando
a necessidade de um trabalho supervisionado, de modo a garantir a qualidade e o sucesso
da produção.
Espelhando-se na indústria, a supervisão estendeu-se para outros segmentos da
organização social, chegando ao âmbito educacional. Ao longo dos anos, a prática do
supervisor educacional esteve voltada para a coordenação e o controle da prática
educativa, assim como a interpretação dos significados das políticas educacionais,
assegurando o cumprimento dos princípios e finalidades da educação.
Com a primeira regulamentação do curso de pedagogia por meio do Decreto-Lei nº
1.190, de 4 de abril de 1939, que organizou a Faculdade Nacional de Filosofia da
Universidade do Brasil, foi criado o chamado "Esquema 3 + 1", ou seja, esquema pelo qual,
em cursos de duração de três anos, dentre os quais se incluía o de pedagogia, o educando
poderia obter o bacharelado, que se acrescentava ao diploma de licenciatura após mais um
ano do chamado "Curso de Didática". Assim, o bacharel em pedagogia, sem a formação
complementar do Curso de Didática, era reconhecido apenas como técnico em educação.
Por meio desse Decreto, o licenciado em pedagogia tinha direito de lecionar em Escolas
Normais e em classes da 1ª Fase do Ensino Fundamental.
Em 1942, com a promulgação do Decreto-Lei nº 4.244, houve uma preocupação
implícita com a ação supervisora em nível escolar, voltada para o âmbito pedagógico,
direcionada à análise e melhoria do currículo e melhor desempenho no processo ensino-
aprendizagem. Nessa perspectiva, o papel do supervisor educacional passa a constituir-se,
de um modo geral, num conjunto de ações voltadas para a assistência pedagógica ao
professor no sentido de ajudá-lo a desenvolver uma metodologia que promovesse a
melhoria do processo ensino-aprendizagem.
Ao final dos anos 50 e início dos anos 60, foi introduzido no Brasil o Programa
Americano Brasileiro de Assistência ao Ensino Elementar – o PABAEE – que tinha como
finalidade treinar professores brasileiros em cursos nos Estados Unidos, na perspectiva de
trazer ao Brasil inovações metodológicas, com o objetivo de influir na prática pedagógica
das escolas da rede pública.
Em 1961, um novo acordo reformulou os objetivos do PABAEE, estendendo o
treinamento aos administradores e supervisores escolares. Tal reformulação aconteceu
atendendo às demandas do campo educacional brasileiro relativas à influência do
programa e à necessidade de assistir professores já treinados em outras escolas. Assim,
os supervisores, fundamentados no modelo americano, passaram a exercer suas funções,
enfatizando o trabalho tecnoburocrata educacional e tornando a prática educativa
extremamente maçante, rotineira e pouco criativa. Seu trabalho estava voltado não para
uma análise ampla dos problemas que atingiam a escola primária, mas para a
supervalorização dos métodos de ensino, adotando como solução para ensinar apenas a
teoria e a técnica.
No final da década de 60, foi aprovado pelo Conselho Federal de Educação o Parecer
nº 252, de 1969, que reformulou os cursos de pedagogia. Com essa reformulação, o curso
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de pedagogia foi organizado na forma de habilitações, que, seguido de um núcleo comum
centrado nas disciplinas de fundamentos da educação, deveriam oferecer uma parte
diversificada de acordo com a habilitação, garantindo, assim, uma função específica
para atuar na área educativa. Nesse contexto, foi aberto o caminho para o
reconhecimento profissional da atividade do supervisor no sistema de ensino.
Nos anos 70, a supervisão ganhou força institucional com a lei que reformulou o ensino
de 1º e 2º graus, Lei nº 5.692/71, após constatação do Conselho Federal de Educação de
que era necessário promover mudanças na Lei nº 4.024/61. No Art. 33, citou-se a formação
exigida para a atuação dos supervisores em instituições educacionais, valorizando, assim,
a função.
No contexto da Lei nº 5.692/71, sentiu-se a necessidade da ação de um supervisor
voltado para o pensar e agir com inteligência, equilíbrio, liderança e autoridade no que diz
respeito aos conhecimentos técnicos e de relações humanas, ou seja, um trabalho
tecnicista voltado para o processo didático e o controle da qualidade.
Na década de 80, a prática do supervisor educacional foi vista sob o aspecto
funcionalista, voltado para concepções tecnoburocráticas do ensino, ou seja, o
especialista que apenas percebia a escola de modo passivo, negando-se a estimular o
caráter dinâmico e evolutivo das instituições educacionais. Nesse sentido, o supervisor foi
concebido como o profissional que não aceitava a mudança para não haver desequilíbrio,
que não permitia o caráter criativo que levava à transformação, chegando ao ponto de
acentuarem-se posições em favor de excluí-los do sistema educacional.
Entretanto, os fatos do cotidiano escolar, as transformações do processo educacional,
assim como as inovações metodológicas, mostraram que a função do supervisor tinha uma
atuação necessária e importante à organização e ao encaminhamento do trabalho
pedagógico.
Em 20 de dezembro de 1996, foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, Lei nº 9.394/96. Contudo, em sua redação, não deixou claras as reais
incumbências do supervisor educacional nas instituições de ensino, mas, de forma
implícita, valorizou a atuação desse profissional no sentido de articular ações voltadas para
a garantia da qualidade do ensino. Em última análise, o papel do supervisor passa a
constituir-se num somatório de esforços e ações contextualizadas com sentido de
promover a melhoria do processo ensino-aprendizagem. E esse esforço volta-se
constantemente ao professor, no sentido de auxiliá-lo e coordenar suas ações.

2 A SUPERVISÃO E O NOVO CONTEXTO ESCOLAR E SOCIAL

Conforme a análise das concepções históricas e das ações que historicamente


realizavam no contexto social, profissional, pode-se afirmar que a partir da promulgação da
Constituição Federal de 1988, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei n.
9.394/96 e dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), documentos do Ministério da
Educação e Desporto (BRASIL,1998) o trabalho de supervisão escolar passou a ter outros
papéis. Além da conotação fiscalizadora da supervisão, os profissionais estão mais
comprometidos com o ensino e com a valorização da aprendizagem dos alunos, com
melhorias dos aspectos pedagógicos. Visivelmente se percebe, nas escolas, que mesmo
ainda muito comprometidos com a administração escolar, com trabalhos burocráticos das
escolas, os supervisores estão mais preocupados com as melhorias do ensino e da
aprendizagem, como na promoção do crescimento individual e coletivo da clientela escolar.
É nesse contexto que está situado o novo supervisor escolar, não mais aquele supervisor
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de antigamente, da década de 70, por exemplo, controlador, que causava temor a todos os
professores, com funções mais burocráticas do que pedagógicas. Atualmente, o supervisor
escolar é mais educador do que um profissional técnico e burocrático.
Essa postura da nova supervisão escolar também é esperada pela sociedade, pois os
grupos sociais esperam que as transformações sociais sejam iniciadas a partir das salas de
aula. A sociedade em geral, os sistemas de ensino, as escolas e a práxis pedagógica dos
educadores necessitam de uma transformação para o urgente resgate da qualidade das
relações humanas e com a natureza, do mundo do trabalho e das condições sociais, bem
como para buscar a realização de um ensino com qualidade.
Comparando o posicionamento das leis brasileiras no que diz respeito á
democratização da sociedade, percebe-se que os novos posicionamentos da supervisão
escolar vêm ao encontro dos princípios da democracia, da sociedade e do exercício da
cidadania de todos os segmentos sociais. Nas escolas, a supervisão escolar não está mais
centrada especificamente no profissional da área, existe sim um trabalho de partilha, de
intercâmbio, de apoio, entre o supervisor escolar, os professores, os alunos e suas
famílias. Esse intercâmbio, engrandece, fortalece e dá um direcionamento coerente e
sistêmico para o processo ensino e aprendizagem. Neste universo de partilha, caberá ao
supervisor escolar, criar as principais condições para o estabelecimento de ações entre
escola, família e sociedade, que na íntegra deverão propiciar os alicerces de uma nova
escola e de uma sociedade mais justa. Esse trabalho é bastante complexo, uma vez que o
contexto escolar é extremamente incoerente. Para constatar essa incoerência, é
necessário apenas que se analise a situação física das escolas, os seus aspectos
arquitetônicos, o ambiente das salas de aula, algumas vezes espaços apertados, sem
ventilação, cheirando a mofo. A quantidade de alunos por sala de aula é outro problema
sério, sem falar da falta de sistematização dos currículos, das dificuldades para
implementar novos conteúdos, para desenvolver atividades pedagógicas que efetivem a
prática da inclusão e da interação escolar e social dos alunos e de suas famílias.
Por outro lado, estas mesmas dificuldades servem de motivação para que nas escolas,
possamos agir com inteligência, com equilíbrio, com liderança e autoridade, para que de
fato o trabalho de supervisão escolar seja cada vez mais competente, objetivo, direcionado
para as individualidades e para o coletivo.

3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A SUPERVISÃO ESCOLAR

Durante anos, a política educacional brasileira conduziu à supervisão escolar funções


no âmbito burocrático e técnico, retirando a dimensão educativa da atuação deste
´profissional, transformando-o em um dos principais agentes da ação centralizadora do
poder público. Assim, a função supervisora vem constituindo-se com o passar do tempo,
por meio de poucas conquistas no que diz respeito à legislação, encontros de profissionais
da área e aprofundamento dos conceitos da efetiva prática supervisora.
Até o momento, muito se discute sobre o papel destinado a esse profissional e sua
função nas escolas, uma vez que muitos autores, entre eles Mary Rangel (2001, 2003), já
propõem nova postura do profissional com o objetivo de tirar a imagem fiscalizadora
atribuída ao supervisor: ... A ideia e o princípio de que o supervisor não é um "técnico"
encarregado da eficiência do trabalho e, muito menos, um "controlador" de "produção"; sua
função e seu papel assumem uma posição social e politicamente maior, de líder, de
coordenador, que estimula o grupo à compreensão – contextualizada e crítica - de suas
ações e, também, de seus direitos (RANGEL, 2003, p. 150-151).
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Assim, diante do contexto atual, no qual a escola passa não somente por uma questão
de adaptação às mudanças do meio, mas pela questão da evolução para acompanhar a
realidade global no sentido de preparar sua clientela para um novo paradigma, procura
projetar as necessidades do amanhã na figura do supervisor educacional, pela articulação
de seus conhecimentos e experiências. Nessa perspectiva, a dinâmica escolar, seu
processo de desenvolvimento e atuação no mundo estão hoje intimamente relacionados à
atuação desse profissional. Hoje, diante da crescente mudança na área educacional,
observa-se que os educadores já se preocupam com a reestruturação do processo ensino-
aprendizagem, desenvolvendo e aprofundando as concepções pedagógicas refletidas nos
métodos adotados, os quais favorecem a realização da aprendizagem, a qualidade do
resultado e a transformação de potencialidades em capacidades. E para que esse
processo seja desenvolvido nas unidades escolares, a presença do supervisor educacional
será de extrema relevância para a dinamização das ações.
Sob essa perspectiva, uma das funções dos supervisores educacionais é estimular os
professores a tornarem-se motivadores na pesquisa de novos conhecimentos,
selecionadores dos saberes oferecidos aos alunos e reformuladores do conteúdo e da
prática de ensino.
Diante das mudanças ocorridas no âmbito educacional, o supervisor educacional
passa a ser visto não mais como um agente controlador e fiscalizador da prática educativa,
e, sim, como um facilitador, mediador, investigador e, algumas vezes, dificultador em
situações de acomodação. Esse profissional da educação exerce funções diferenciadas e
diversificadas nas instituições escolares. No momento atual, algumas atividades são
indissociáveis ao seu trabalho na perspectiva de acompanhar e inserir no contexto escolar
os novos paradigmas presentes na sociedade. Propiciar momentos de estudo com os
professores com os quais trabalha, num processo de educação continuada dentro do
ambiente escolar, é uma das atividades primordiais do supervisor educacional. Ele deve
incumbir-se de garantir, orientar e auxiliar essa formação, a fim de que os professores
desenvolvam e aperfeiçoem suas habilidades, renovando conhecimentos, repensando a
práxis educativa e buscando novas metodologias de trabalho.
Além da orientação necessária às inovações metodológicas e práticas educativas, o
supervisor necessitará desenvolver entre o corpo docente a motivação, que, por meio da
valorização, será o estímulo para que o professor se envolva e progrida constantemente
em relação às questões educacionais. A dinamização dos conselhos de classe pelo
supervisor educacional leva os professores a uma reflexão acerca da melhoria qualitativa
do processo ensino-aprendizagem, oportunizada pela troca de vivências e pela
realimentação do potencial educativo da equipe. A ação conjunta e interdisciplinar fomenta
o espírito de equipe e contribui para o aperfeiçoamento do professor e de todo o corpo
pedagógico-administrativo.
Contudo, por meio da análise das funções primordiais à supervisão, verifica-se, ainda,
uma lacuna entre a função atual dos supervisores educacionais voltada para as inovações
e transformações no plano social, educacional, tecnológico, científico e a prática cotidiana
de alguns profissionais, que direcionam seu trabalho para atividades voltadas para o
burocrático de forma controladora e fiscalizadora.
Dessa forma, ao longo da história da supervisão educacional no Brasil, nota-se pouca
evolução em termos de inovações da prática cotidiana.
Convivemos, ainda, com um grande abismo entre a prática desejável e a prática
realizada. Defrontamo-nos com uma lacuna que muito influencia no processo de
transformação responsável pela prática do supervisor. Transformação que impulsiona os
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profissionais da área a refletirem sobre suas práticas, buscando inovações nos padrões de
convivência entre direção, professores, responsáveis e alunos, incentivo ao
aperfeiçoamento profissional dos professores, discussão da prática avaliativa, construção
do Projeto Político Pedagógico e de um currículo diversificado voltado para as
necessidades da comunidade.
Nesta perspectiva, os supervisores escolares devem ser exímios agentes de integração
e agilizadores de ações, de trabalhos que motivem as diferentes equipes escolares em
busca de uma melhor identidade da escola, e, por conseguinte, de um melhor e mais
consistente trabalho pedagógico e social. Estas diretrizes estão inseridas no contexto da
LDB 9.394/96 que entre outros fatores, visa criar na escola um espaço para um intercâmbio
de experiências e encontro de várias práticas docentes, possibilitando a busca de novas
estratégias ou alternativas coerentes com um novo caminhar.
Como prática educativa, a supervisão educacional, independentemente da formação
específica em uma habilitação no curso de pedagogia, em cursos de pós-graduação ou
como conjunto de conteúdos desenvolvidos no curso de pedagogia, constitui-se num
trabalho profissional que tem o compromisso de garantir os princípios de liberdade e
solidariedade humana, no pleno desenvolvimento do educando, no seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho e, para isso, assegurar a
qualidade do ensino,
da educação, da formação humana.

[...] a ideia e o princípio de que o supervisor não é um "técnico" encarregado da


eficiência do trabalho e, muito menos, um "controlador" de "produção"; sua
função e seu papel assumem uma posição social e politicamente maior, de
líder, de coordenador, que estimula o grupo à compreensão – contextualizada e
crítica - de suas ações e, também, de seus direitos (RANGEL, 2003).

4 QUEM É O SUPERVISOR ESCOLAR?

Deverá ser um profissional altamente comprometido com a causa educacional, que além
de sólido conhecimento da sua área de atuação, deve estar em aberto para descobertas
assumindo uma atitude de busca permanente.

4. 1 O trabalho da Supervisão deverá desenvolver-se através de três etapas que


são:

*Planejamento em suas diversas dimensões.

*Acompanhamento e Apoio aos Professores.

*Controle (Avaliação) – Reflexão-Ação-Reflexão.

4. 2 DEVERÁ TER DENTRE OUTROS, ESTE OBJETIVO:

- Contribuir para o aperfeiçoamento do processo educativo.

4. 3 Na Prática:

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- Elaborar um plano de trabalho para o desenvolvimento das atividades da supervisão de
acordo com os objetivos da escola e o diagnostico da realidade escolar;

- Coordenar as atividades de planejamento, de execução, de avaliação e recuperação do


processo ensino-aprendizagem, com a participação de todos os envolvidos;

- Elaborar a Proposta Pedagógica da Escola em conjunto com os professores e a


comunidade escolar.

4. 4 ORIENTAR O CORPO DOCENTE QUANTO:

- Ao planejamento de ensino (anual, semestral, bimestral, mensal, quinzenal, semanal e


diário);

- A utilização do diário de classe;

- A elaboração do plano de recuperação paralela, reforço e recuperação final;

- A utilização de métodos e técnicas de ensino que atendam as necessidades dos(as)


alunos(as);

- A orientação quanto a confecção e manejo de material didático e a utilização das novas


tecnologias de informação e comunicação;

- Ao sistema de avaliação do processo ensino-aprendizagem em vigor;

- A elaboração de textos e trabalhos, etc.;

- Adotar ou sugerir medidas de caráter preventivo que reduzam ou eliminem afeitos que
comprometem a qualidade do processo educativo na escola;

- Dinamizar atividades que proporcionem o contínuo o aperfeiçoamento e atualização do


corpo docente ( ex.) encontros , debates, execuções de seminários, dramatizações, teatros
, clubes de leituras e outras atividades didáticas culturais;

- Divulgar matéria de interesse, relativo ao campo educacional estimulando sua aplicação


no processo pedagógico;

- Avaliar continuamente o processo ensino–aprendizagem para diagnosticar as


necessidades, tendo em visto o seu aperfeiçoamento;

- Promover semanalmente encontro com os professores para o planejamento;

- Verificar temporariamente o nível de aprendizagem de cada turma e junto com os


professores buscar soluções para os alunos com mais problemas de aprendizagem;

- Realizar continuamente uma autoavaliação do seu plano de ação realizado na escola


com vista no seu aperfeiçoamento.
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- Estabelecer mecanismos que favoreça o cumprimento de normas urgente no que se
refere;

*Ao sistema de avaliação de aprendizagem;

*Ao índice de aprovação;

*Recuperação

*Adaptação

*Seleção

* Registro da vida escolar dos alunos;

*Organização e distribuição global da escola.

- INCENTIVAR O RELACIONAMENTO INTERPESSOAL COM:

*Professores, alunos e demais funcionários da escola, pais e comunidade escolar.

- Programar e dinamizar atividades que propiciem a integração escola-comunidade (ex.


Comemorações das festas cíveis, mensagens, bilhetes, avisos, etc;

- Realizar um trabalho integrado com a coordenação central, diretores, professores,


funcionários, alunos e familiares de forma ética, criativa e construtiva.

5 IMPORTANTE: OUTRAS FUNÇÕES E PAPEL DO SUPERVISOR ESCOLAR

 A função do supervisor escolar está centrada na ação pedagógica, processos de


ensino e aprendizagem. Entendemos que o papel do supervisor escolar é muito importante,
junto ao corpo docente e discente e toda equipe técnica escolar; não apenas um
solucionador de problemas, mas também que o mesmo desenvolva trabalhos relacionados
à prevenção da indisciplina e das dificuldades de aprendizagem na escola.
 Visto que a indisciplina e as dificuldades de aprendizagem está relacionada não
apenas a um problema único, mas que muitas vezes acaba envolvendo aspectos
relacionados à família, situações sociais, escola, comunidade, entre outros; cabe ao
supervisor possibilitar métodos que auxiliem na ação/reflexão das práticas pedagógicas.
Dessa forma cabe ao supervisor escolar analisar em ação conjunta com os
professores, as contradições existentes entre o fazer pedagógico e a proposta pedagógica.

6 ALGUMAS ATRIBUIÇÕES E SUGESTÕES PARA A AÇÃO DO SUPERVISOR


ESCOLAR

6. 1. Socializar o saber docente (troca de experiências)

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- Promover encontros semestrais, para divulgação das ações pedagógicas desenvolvidas
pelo professor em cada semestre (experiências individuais que obtiveram êxito). O
supervisor planejará esse momento com convite-roteiro de apresentação, onde todos
deverão ser informados no início do ano letivo. Os trabalhos apresentados poderão ser
premiados de acordo com sugestões do corpo técnico. (ex: publicação em revistas, na
internet, jornalzinho da escola, certificados de participação, entre outros).

6. 2. Discutir permanentemente o aproveitamento escolar e a prática docente.

- Realizar reuniões mensais para discutir as dificuldades em sala de aula, procurando


promover ações que viabilizem a recuperação dos alunos que estão com dificuldades na
aprendizagem. O supervisor deverá confeccionar uma ficha de acompanhamento individual
do aluno, onde os professores deverão mensalmente analisar e preencher quadro de
estatística de desenvolvimento e evolução.

6. 3. Assessorar individualmente e coletivamente o corpo docente no trabalho


pedagógico interdisciplinar.

-O supervisor deverá manter contato individual com cada professor, onde cada um
preencherá uma ficha com suas dificuldades, ansiedades e necessidades; e coletivamente
a construção de projeto interdisciplinar.

6. 4. Coordenar e participar dos conselhos de classe.

- Promover reuniões bimestrais para avaliação do desempenho de aprendizagem dos


alunos. Elaborar lista de ações para solucionar dificuldades.

6. 5. Planejar e acompanhar o currículo escolar.

-Fazer planejamento dos planos de aula e de curso, quinzenalmente, com apoiando os


professores e o próprio, do supervisor.

7 SUPERVISOR: TÉCNICO X EDUCADOR

*O papel do supervisor como técnico deve estar voltado para ação pedagógica, sendo
conhecedor do seu devido papel, tendo assim uma ação pedagógica eficaz, instigando no
outro a busca pelo conhecimento, devendo ser um articulador, orientador, mediando
discussões que levem a reflexão, ou seja, sendo um parceiro do professor.

*O supervisor como educador deve ser ético e promover reflexões éticas que incentivem
as virtudes da boa convivência, tanto na sala de aula, quanto entre todos os membros da
escola a fim da existência de um ambiente harmonioso e consequentemente haja
valorização da comunidade na qual o aprendiz está inserido, uma vez que a educação
pode ser um veículo de acomodação ou transformação. Considerando que a construção do
conhecimento processa-se através da alteridade, o trabalho deve ser desenvolvido através
da interação com o outro.

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8 Reflexão - SUPERVISÃO ESCOLAR: um olhar para o contexto histórico brasileiro

A escola, historicamente, responde aos interesses da sociedade capitalista a qual está


inserida, bem como sua organização e funcionamento.

O cargo de supervisor, presente na história escolar, por um longo período foi


responsável direto pela reprodução do modelo industrial nos meios educacionais.

Ainda hoje, mesmo que discretamente, isso acontece. O supervisor é aquele que
inspeciona se um determinado modelo de escola está sendo aplicado, a grande diferença
está em uma responsabilidade na participação mais direta junto aos professores da escola.

A educação brasileira compreendida a partir de determinantes históricos apresenta-se


em constantes mudanças de acordo com os interesses de classe, prevalecendo os
interesses dominantes.

Ao longo dos anos, com uma visão progressista, avaliam-se as metodologias visando o
favorecimento de uma educação a serviço da transformação social. A escola passa ser
entendida como a interventora entre o educando e o mundo da cultura construída
socialmente.

A ação supervisora, parte integrante do processo educacional tem sua origem, nos
primórdios das comunidades primitivas, onde a educação se dava de forma difusa e
diferenciada. O tipo de produção de existência se dava de forma coletiva, ou seja, para se
apropriar dos meios de vida trabalhavam coletivamente. A educação coincidia com a
própria vida, sendo uma ação espontânea. Os adultos educavam, de forma indireta, por
meio de uma vigilância discreta, protegendo e orientando as crianças pelo exemplo,
supervisionando-as “a supervisão deve aparecer aos olhos dos alunos como uma simples
ajuda às suas fraquezas”.

Atenção - No Brasil, a ideia de supervisão aparece a partir de 1549, no plano de


ensino formulado pelo Padre Manuel da Nóbrega. Foi destacada, principalmente após sua
morte, com adoção do “Ratio Studiorum”, em 1570.

Com a instituição das reformas pombalinas, especificamente em 28 de junho de 1759,


com a expulsão dos Jesuítas e a extinção do seu sistema de ensino foram criadas as aulas
régias, ficando descaracterizado a função do supervisor concentrada no prefeito dos
estudos. Nesta fase da história, Saviani (2006) apresenta a nova função do supervisor: (...)
a ideia de supervisão englobava os aspectos políticos administrativos (inspeção e direção)
em nível de sistema concentrados na figura do diretor geral, e os aspectos de
direção,coordenação e orientação do ensino, em nível local, a cargo dos comissários ou
diretores dos estudos, os quais operavam por comissão do diretor geral dos estudos.

Com a Independência do Brasil, são instituídas as escolas de primeiras letras, em 15


de outubro de 1827, foi determinado o “método de ensino mútuo” onde o professor
absorvia a função de docência e de supervisão. Segundo Almeida apud Saviani (2006, p.
22):
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Durante as horas de aula para as crianças, o papel do professor limitou-se a
supervisão ativa de círculo em círculo, de mesa em mesa, cada círculo e cada mesa tendo
à sua frente um monitor, um aluno mais avançado, que ficava dirigindo. Fora destas horas,
os monitores recebiam, diretamente dos professores, uma instrução mais completa, e não
era raro ver os mais inteligentes adquirirem a instrução primária superior.

Esse modelo durou pouco tempo, em 1834, o Império postula que essa função seja
exercida por agentes específicos. Como apresenta Almeida apud Saviani (2006, p 23): (...)
as escolas de ensino mútuo, por uma razão qualquer, não correspondem às nossas
esperanças: eu me velo obrigado a confirmar esta observação. O bem do serviço,
Senhores, reclama imperiosamente a criação de um Inspetor de Estudos, ao menos na
capital do Império. É uma coisa impraticável, em um país nascente, onde tudo está para
ser criado, e com o péssimo sistema de administração que herdamos, que um ministro
presida ele próprio aos exames, supervisione as escolas e entre em todos os detalhes.

Em 1854, a reforma Couto Ferraz, estabeleceu uma supervisão permanente. As


atribuições eram a de supervisionar todas as escolas, colégios, casas de educação,
estabelecimentos de instrução primária ou secundária, públicas ou particulares, cabendo-
lhe também presidir exames dos professores e conferir-lhes o diploma, autorização de
abertura de escolas particulares e correção de livros.

Vários foram os debates que se travaram no final do período monárquico,


apresentando a necessidade de uma organização de um sistema nacional de educação.
Saviani (2006, p. 24) apresenta que “neste contexto, a ideia de supervisão vai ganhando
contornos mais nítidos ao mesmo tempo que as condições objetivas começaram a abrir
perspectivas para se conferir a essa ideia o estatuto de verdade”.

No início do período republicano, com a reforma da instrução pública de São Paulo,


Casemiro dos Reis Filho discorda das atribuições burocráticas sobre as técnicas
pedagógicas na função do inspetor e afirma, segundo Almeida apud Saviani (2006, p. 24),
que “burocratizar a ação educativa é fazer incidir sobre a rotina a preocupação do inspetor,
que deveriam ser orientadores”. No entanto, não houve consolidação desta reforma,
ficando a direção e a inspeção de ensino sob a responsabilidade de um inspetor geral, em
todo o estado, auxiliado por dez inspetores escolares, voltando-se a prática anterior.

O Estado Novo, período caracterizado por uma ideologia antiliberal e antidemocrática


marcada por uma política de corte fascista que pretendia eliminar todas as forças de
resistência no país (BRZEZUSKI, 1996), foi palco da criação do curso de Pedagogia
(Decreto Lei Nº 1190 de 4 de abril de 1939). Tal Decreto instituiu o chamado “Padrão
Federal”, cujo objetivo era formar bacharéis e licenciados para as áreas específicas e para
o setor pedagógico. Segundo Abdulmassihe e Rodrigues (2007), o licenciado em
Pedagogia devia fazer o curso de Didática que o habilitava para a docência das disciplinas
específicas do Curso Normal como também formava o “técnico em Educação”, o
equivalente ao Especialista em Educação. O que conhecemos como supervisor
educacional.

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Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos iniciaram um programa de
assistência aos “países subdesenvolvidos”. Um desses programas foi o PABAEE1, que se
instalou no estado de Minas Gerais, um sistema articulado de supervisão nas escolas
primárias, sendo que tal programa teve maior destaque nos estados de Goiás e São Paulo.
Segundo Peixoto apud Rangel (2001, p. 40), a supervisão gestada no âmbito das reformas
escolanovistas tinham como eixo de suas atividades, a escola. Esperava-se que os
supervisores atuassem sobre o trabalho do professor nas escolas.

Segundo Abdulmassih e Rodrigues (2007, p. 2), em 1958, 14 professores foram


enviados à Universidade de Bloomington, estado de Indiana (EUA) para se especializarem
e posteriormente fundarem em Belo Horizonte os cursos de formação de supervisores, que
mais tarde seriam espalhados por todo Brasil. Os autores (2007, p. 4) destacam:

A supervisão educacional brasileira é produto da assistência técnica norte-americana


prestada aos países da América Latina, objetivando mudança de mentalidade para se
alcançar um nível de vida mais sadio e economicamente produtivo, impedindo, dessa
forma, a penetração do comunismo.

Com a expansão do ensino, a lei 4.024/61 (Art. 52), trazia uma breve referência, na
qual previa a formação de professores, orientadores, supervisores e administradores
escolares destinados ao ensino primário através do ensino normal.

A lei 5.5.40/68 (Art. 30) estabelecia que a formação dos professores para o ensino de
segundo grau, de disciplinas gerais e técnicas e preparo de especialistas para os trabalhos
de planejamento, supervisão, administração, inspeção e orientação nas escolas seria feito
no ensino superior. No entanto, o Decreto Lei 464/69 (Art. 16) estabelecia que “enquanto
não houver em número bastante, os professores e especialistas a que se refere o Art. 30, a
habilitação para as respectivas funções será feita mediante exame de suficiência, realizado
em instituições oficiais de ensino superior indicadas pelo Conselho Federal de Educação”.

É importante ressaltar que o ideário que orientou a formação do supervisor,


especificamente, se fundamentou na pedagogia tecnicista. Que tinha como objetivo político
a capacitação e o treinamento dos Supervisores e demais profissionais da educação, para
atender as demandas do setor produtivo capitalista. Seguindo o modelo Taylorista
implantado nas fábricas.

Com as mudanças ocorridas em caráter legal, a formação do professor e do


especialista, recebiam um tratamento diferenciado, distanciando este último da formação
do educador. Para Abdulmassih e Rodrigues (2007, p. 5):

O especialista de educação, com um saber limitado, passou a ser um dos sujeitos


determinantes, no contexto das políticas de caráter centralizadoras e totalitárias, dado que
era quem operacionalizava, no interior das escolas, a ideologia dominante, especialmente
através dos currículos.

A Lei 5292/71 é vista como a lei profissionalizante, que objetivava preparar mão-de-
obra para trabalhar na máquina estatal e no mercado, e ainda especializar os

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trabalhadores para atender as iniciativas da propriedade privada. Foi a referida lei que
consolidou a obrigatoriedade do Especialista da educação nos estabelecimentos de ensino.

No final da década de 70, a classe trabalhadora inicia um processo de organização em


sindicatos, lutando contra a grande repressão implantada pelo regime militar à sociedade
brasileira. Incluindo também a classe de educadores, que buscavam reconquistar a sua
identidade. Os teóricos progressistas iniciam uma crítica ferrenha ao sistema questionando
a política educacional.

No decorrer dos períodos de 60 até 70 foram criadas duas associações de


supervisores no Brasil, A ASSERS e ASEEP. Entre as décadas de 70 e 80, foram criadas
13. Abdulmassih e Rodrigues (2007, p. 7) esclarecem o objetivo de tais organizações.

As associações de supervisores e orientadores, objetivavam a recuperação da pessoa


do educador e defendiam o diálogo e a integridade do trabalho pedagógico contra uma
especialização imposta e estéril. Lutavam pela consolidação de um projeto educacional
que conduzisse a “onilateralidade”, ou seja, um trabalho humano na sua dimensão
espiritual e material, que levara em consideração a totalidade social rompendo deste modo
a mera fragmentação implantada pelo trabalho de caráter capitalista.

É importante destacar que existiram inúmeras discussões acerca da regularização do


exercício da profissão e das nomenclaturas, sendo elas: Supervisor Educacional e
Supervisor Escolar. Discutida a questão define-se pela designação “Supervisor
Educacional”, por ser mais abrangente e caracterizar melhor a área de atuação destes
profissionais. Assim, ao menos em termos legais, o supervisor passava de meramente
técnico, restrito ao âmbito escolar, a educacional, exercido por um educador comprometido
com as transformações da escola, da educação num contexto pleno e abrangente.

As transformações ocorridas nos processos sociais e culturais exigem da escola uma


reforma quase que em sua totalidade. Os velhos paradigmas educacionais, com currículos
estritamente disciplinares revelam-se cada vez menos adequados, refletindo no
aprendizado e no próprio convívio. A transformação de qualidade que se procura promover
na formação do educando irá conviver com outras modificações, quantitativas e
qualitativas, que precisam ser consideradas e compreendidas.

A ampliação do número de alunos matriculados revela que há uma emergência em se


estruturar a educação brasileira para o fortalecimento de uma escola de qualidade. Para tal
é necessário considerar que a qualidade educativa da escola como instituição dedicada à
instrução dos cidadãos não pode ser entendida à margem da qualidade de vida que
governa ou administra a sociedade política.

Dessa forma, confirma-se que o educador precisa ser educado.

A necessidade de novas perspectivas educacionais faz do saber do supervisor uma


oportunidade de reversão de tal quadro a favor dos educandos, de modo a superar a
resistência, a teimosa diferença e distância entre o falar do discurso teórico e as
circunstâncias concretas do saber. O supervisor pode ser o sujeito chave no processo de
mudança, ocupando lugar importantíssimo no cenário educativo.
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Conforme o contexto histórico da educação, o supervisor fica a margem de uma
dualidade, ou serve ao estado, cumprindo o papel hierárquico que lhe é imposto ou sua
prática será em benefício dos educadores e educandos, promovendo a superação de
cunho autoritário, se envolvendo cada vez mais na promoção dos atores no contexto
educacional.

Tal profissional deve ter múltiplos olhares, ser capaz de perceber as intenções
implícitas do sistema escolar. Nesta perspectiva, a figura do supervisor deve despontar
como o elemento de intermediação associada à ideias de mudança, no entanto, entendida,
algumas vezes, como mera aplicação de “novas propostas” curriculares amplamente
divulgadas pelos órgãos oficiais”.

Há de se conhecer em que realidade está inserida a escola, quem são seus alunos,
professores, pais, administradores e suas características socioeconômicas e culturais.
Partindo desse ponto, a prática pedagógica tenderá ser mais significativa. Nessa lógica,
entendo a proposição que a escola e seus responsáveis devem conhecer as expectativas e
necessidades dos alunos, para definir prioridades de formação e construir um projeto-
pedagógico coerente e realista.

Compreender o contexto histórico na qual está inserido o supervisor e identificar as


reais necessidades apresentadas socialmente, auxilia na compreensão do supervisor como
centro de mudança da prática pedagógica. Só um profissional engajado com a causa
alheia poderá atuar como mediador não mais de subordinação e aceitação irrestrita à
autoridade, mas de intérprete da realidade escolar e de suas necessidades.

9 Atribuições do Supervisor Educacional - Trechos Selecionados

PLC 132/2005
Art. 4º São atribuições do Supervisor Educacional:

I – coordenar o processo de construção coletiva e execução da Proposta


Pedagógica, dos Planos de Estudo e dos Regimentos Escolares;

II – investigar, diagnosticar, planejar, implementar e avaliar o Currículo em integração


com outros profissionais da Educação e integrantes da Comunidade;

III – supervisionar o cumprimento dos dias letivos e horas/aula estabelecidos


legalmente;

IV – velar o cumprimento do plano de trabalho dos docentes nos estabelecimentos


de ensino;

V – assegurar processo de avaliação da aprendizagem escolar e a recuperação dos


alunos com menor rendimento, em colaboração com todos os segmentos da
Comunidade Escolar, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da
qualidade de ensino;

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VI – promover atividades de estudo e pesquisa na área educacional, estimulando o
espírito de investigação e a criatividade dos profissionais da educação;

VII – emitir parecer concernente à Supervisão Educacional;

VIII – acompanhar estágios no campo de Supervisão Educacional;

IX – planejar e coordenar atividades de atualização no campo educacional;

X – propiciar condições para a formação permanente dos educadores em serviço;

XI – promover ações que objetivem a articulação dos educadores com as famílias e a


comunidade, criando processos de integração com a escola;

XII – assessorar os sistemas educacionais e instituições públicas e privadas nos


aspectos concernentes à ação pedagógica.

Lei n°. 7132, de 13 de janeiro de 1978:

“SINTESE DOS DEVERES”:

• Assessorar os sujeitos hierárquicos em assuntos da área da supervisão escolar;


• Participar do planejamento global da escola:
• Coordenar o planejamento do ensino e o planejamento do currículo;
• Orientar a utilização de mecanismos e instrumentos tecnológicos em função do
estágio de desenvolvimento do aluno, dos graus de ensino e das exigências do
Sistema Estadual de Ensino do qual atua;
• Avaliar o grau de produtividade atingido à nível de Escola e à nível de atividades
pedagógicas;
• Assessorar aos outros serviços técnicos da escola, visando manter coesões na
forma de se permitir os objetos propostos pelo Sistema Escolar;
• Manter-se constantemente atualizado com vistas a garantir padrões mais elevados
de eficiência e de eficácia no desenvolvimento do processo, de melhoria curricular
em função das atividades que desempenha.

EXEMPLOS DE ATRIBUIÇÕES:

• Traçar as diretrizes e metas prioritárias e serem ativadas no Processo de Ensino,


considerando a realidade educacional de sistema, face aos recursos disponíveis e de
acordo com as metas que direcionam a ação educacional;
• Participar do planejamento global da escola, identificando e aplicando os princípios
de supervisão na Unidade Escolar, tendo em vista garantir o direcionamento do
Sistema Escolar;
• Coordenar o planejamento de ensino, buscando formas de assegurar a participação
atuante e coesiva da ação docente na consecução dos objetivos propostos pela
Escola;
• Realizar e coordenar pesquisas, visando dar um cunho cientifico à ação educativa
promovida pela Instituição;
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• Planejar as atividades do serviço de Coordenação Pedagógica, em função das
necessidades a suprir e das possibilidades a explorar, tanto dos docentes e alunos,
como da comunidade;
• Propor sistemáticas do fazer pedagógico condizente com as condições do
ambiente e em consonância com as diretrizes curriculares;
• Coordenar e dinamizar mecanismos que visam instrumentalização aos professores
quanto ao seu fazer docente”.

A partir da promulgação da atual LDB, o Supervisor Escolar recebeu o grande


compromisso de coordenar a elaboração e acompanhar a execução da proposta
pedagógica, com a participação da comunidade escolar. É imprescindível que as
atribuições do supervisor sejam planejadas em parceria com o Orientador
Educacional, principalmente no aspecto de articulação com a comunidade escolar.

NOSSAS CONSIDERAÇÕES

Nestes textos vimos que todos os segmentos sociais, invariavelmente, estão


envolvidos por grandes transformações científicas, tecnológicas, culturais e sociais. As
mudanças são velozes, radicais e, num mundo globalizado, onde a mídia e a tecnologia se
fazem presentes em todos os momentos em nossas vidas, a educação está cada vez mais
comprometida, seja com a formação, qualificação e valorização dos seus profissionais, seja
com saídas relevantes para a adequação do ensino ministrado dentro do novo contexto
social existente.
Diante deste cenário tão complexo, diversificado e de certo ponto ainda distante das
possibilidades das escolas, não restam dúvidas de que todos os profissionais que atuam
na
educação estão comprometidos. É cada vez mais evidente que nas escolas, sejam
formadas equipes, parcerias, projetos de partilha, que se criem condições favoráveis que
levem toda a comunidade escolar, administradores, pedagogos, professores, alunos e pais,
a uma educação de qualidade, na qual, o “a aprender a aprender, a aprender a ser, a
tornar-se, a criar-se, a participar, a transformar o ambiente em que vivem”, há necessidade
de que sejamos profissionais competentes para o enfrentamento de todas as adversidades
e tenhamos consciência, enquanto gestores/supervisores/orientadores/especialistas
educacionais, que novas competências, neste século XXI, são necessárias para o nosso
fazer tendo em vista que “a sociedade da informação deve ser encarada como um
fenômeno irreversível e o conhecimento como fator essencial de competitividade”.
Com certeza, neste contexto, os supervisores escolares podem ser os melhores
articuladores do processo de melhorias da práxis pedagógica do professor. E no contexto
direto com os alunos e suas famílias, o supervisor poderá inovar, fazer um intercâmbio de
conhecimentos e experiências que poderá beneficiar a própria escola como o processo
educativo.
Como foi visto nos nossos debates, não buscamos construir uma nova postura de
supervisão escolar, como se pretendêssemos reinventar ações, repensar estratégias, fazer
o que vem sendo feito, mas de forma diferente, ter uma maior preocupação com os
relacionamentos escolares conforme as necessidades específicas e globais, dos alunos e
de suas famílias.
Esse redimensionamento é importante, ainda, devido a grande flutuação do contexto
social, o qual exige dos profissionais da educação, um sempre maior e abrangente “saber
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inovar”, saber sentir”, “ saber refletir”,” saber fazer”, “saber ser crítico” , “saber ser ético” e,
principalmente “saber atuar com competência” para analisar o cenário e as tendências do
mercado de trabalho.
Concluindo, se a supervisão educacional, de fato, for um trabalho pautado na ética, na
transparência, no comprometimento e na cumplicidade, não existem dúvidas de que o
trabalho escolar estará produzindo os melhores frutos, tanto nos aspectos individuais como
coletivos, desde os aspectos culturais, econômicos, políticos e sociais. Portanto, diante de
tudo que foi exposto, do início até aqui, só nos resta recondicionar os nossos trabalhos de
supervisores escolares, seja nos aspectos sociopedagógicos, no campo da didática, dos
aspectos curriculares ou das demais ações de natureza educativa.

REFERÊNCIAS

ABDULMASSIH, Marília Beatriz Ferreira; RODRIGUES, Margarita Victoria. O especialista e a supervisão


educacional: um mergulho nas raízes históricas. Disponível em: www.histedbr.fal.unicamp.br/jornada1/PPE)
(.DOC. Acesso em 14/09/07.

ALONSO, Myrtes. A supervisão e o desenvolvimento profissional do professor. In: FERREIRA, Naura Syria
Carapeto (Org.) et al., Supervisão educacional para uma escola de qualidade. 5. ed. São Paulo: cortez, 2006.

SAVIANI, Demerval. A supervisão educacional em perspectiva histórica: da função à profissão pela mediação
da idéia. In: FERREIRA, Naura Syria

Carapeto (Org.) et al., Supervisão educacional para uma escola de qualidade. 5. ed. São Paulo: cortez, 2006.

RANGEL, Mary. Supervisão: do sonho à ação – uma prática em transformação. In: FERREIRA, Naura Syria
Carapeto (Org.) et al., Supervisão educacional para uma escola de qualidade. 5. ed. São Paulo: cortez, 2006.

SUPERVISÃO E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: Novos Desafios e Propostas

O trabalho dos profissionais da educação, em especial da supervisão e da orientação


educacional é traduzir o novo processo pedagógico em curso na sociedade mundial, elucidar a
quem eles servem, explicitar suas contradições e, com base nas condições concretas dadas,
promover necessárias articulações para construir alternativas que ponham a educação a serviço do
desenvolvimento de relações verdadeiramente democráticas.
Para desenvolver o seu trabalho, tanto o supervisor, como o orientador educacional precisam
ser constantes pesquisadores, é necessário que eles antecipem conhecimentos para o grupo de
professores e alunos, lendo muito, não só sobre conteúdos específicos, mas também livros e
diferentes jornais e revistas. Entre as tarefas destes profissionais, estão ajudar a elaborar e aplicar
o projeto da escola, dar orientação em questões pedagógicas e principalmente, atuar na formação
continua dos professores. Fazendo a transposição da teoria para a prática escolar, refletindo sobre
o trabalho em sala de aula, estudando e usando as teorias para fundamentar o fazer e o pensar dos
docentes e dos alunos.
Um bom especialista da educação, deve apresentar em seu perfil as seguintes características:
auxiliador, orientador, dinâmico, acessível, eficiente, capaz, produtivo, apoiador, inovador,
integrador, cooperativo, mediador, problematizador, criativo, interessado, colaborador, seguro,
incentivador, atencioso, atualizado, com conhecimento e amigo.
A Supervisão e Orientação Educacional passam então a ser, uma ferramenta de atuação, que
tem como principio o fazer, o agir, o movimentar, o envolver-se, o modificar e para isto é necessário
que esteja firmada em nossa essência o querer moldar pessoas. Os pequeninos vêm para nós
como folhas em branco onde muitos de nós irão fazer parte de suas historias e porque não dizer,
fazer a própria diferença em seus futuros. Como é possível observar, a educação é uma tarefa e
um encargo coletivo no mundo de hoje, logo Cunha (2006. p. 271) diz o seguinte: É imperioso que
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o profissional da educação contribua decisiva e decididamente para melhor fluir os projetos
propostos para a resolução de problemas e enfrentamentos de desafios na escola.
Apontado o primeiro passo, que é o querer, passemos para outro, o fazer. Para se construir
sociedades humanas é preciso interessar-se em pessoas, já que pessoas são mais importantes
que coisas, precisamos criar uma cultura do fazer, do preocupar-se, do incomodar-se com este
sistema que hoje se faz presente. A diferença está em aceitar como as crianças vêm, mas não
deixa-las sair da mesma forma que entraram. É preciso estar em um processo de simbiose, onde
passemos a sentir o que nossos pequeninos sentem e compreender como podemos ser
instrumentos de ajuste social no contexto que se apresenta na escola. Isto só é possível se
estivermos imbuídos de um espírito de altruísmo, já que nem sempre a supervisão e orientação
escolar terão a seu dispor a estrutura necessária para desenvolver seus projetos e suas metas.
Logo chegamos ao entendimento de que precisamos realmente ser apaixonados por gente, amar
as pessoas verdadeiramente, onde todo professor, educador, supervisor, orientador, gestor etc.,
precisa dessas características. O segredo do sucesso está em ouvir os educandos em suas
dificuldades e necessidades, buscar estabelecer entre educandos e educadores um canal de
comunicação que vise dar a eles a condição de serem ouvidos.
A escola pode ajudar muito neste sentido, desde que todos os envolvidos contribuam com sua
parcela de ajuda comprometendo-se com o desenvolvimento social, educacional e familiar de todos
os educandos. O papel da escola hoje é formar pessoas fortalecidas por seu conhecimento,
orgulhosas de seu saber, emocionalmente corretas, capazes de autocrítica, solidárias com o mundo
exterior e capacitadas tecnicamente para enfrentar o mundo do trabalho e da realização
profissional. Neste contexto, o gestor da escola tem suma importância na execução eficaz da
política educacional.
O desafio para o profissional da educação é enorme, ele terá que, muitas vezes ser um
visionário, já que o reflexo de suas ações poderá acontecer talvez no futuro e a construção do
educando só será sentida no decorrer dos anos, já que o trabalho de especialistas e professores é
feito coletivamente. Não podemos vislumbrar como as nossas ações afetarão aqueles que nos são
confiados, ou de que forma afetarão todos que rodeiam ou que sonham com a escola mais justa e
mais humana. O que podemos ter certeza é, o futuro não será o mesmo.
Existe muita negatividade dentro das escolas e como pedagogos, em nossa prática docente
sempre nos encontramos com estas situações e poderemos até vivenciar esta desesperança que
às vezes se abate sobre nossos próprios ombros. Sem duvida, construindo bases sólidas de
conhecimento, relacionamento e respeito poderemos mudar, este estado de coisas que hoje se
abate no sistema educacional brasileiro.
Cabe ao especialista da educação criar, portanto, condições próprias para este grande projeto
de vida que será o seu sacerdócio durante sua vida profissional. Podemos com certeza construir
grandes valores no espaço da escola, criando uma onda de relacionamento com as famílias,
comunidade, escola, governo e envolve-los na problemática da escola que irá com isto atender aos
pressupostos básicos para a qual a escola foi criada.
Os desafios são enormes, falta de estrutura, recursos escassos, má vontade dos educadores,
dos alunos, dos funcionários administrativos, enfim uma serie de coisas que, dificultam o trabalho
dos especialistas da educação dentro da escola, mas que, não impedem que os mesmos possam
criar na sua atividade profissional, meios de mudar esta realidade e fazer com que a escola mude
sua cara, e se transforme na escola de nossos sonhos.
As condições para mudar estão em nossas mãos. O diferencial passa então, pelo respeito às
escolhas e depois a influencia positiva que podemos ter sobre as pessoas. Temos que ser, como
uma pequena pedra atirada ao rio, que provoca pequenas ondas e que depois vão se tornando
grandes até o ponto de causar grandes transformações em todos que fazem parte da sociedade.
Se quisermos, podemos ser os agentes desta transformação se, começarmos a colocar em
prática os conteúdos aprendidos em sala de aula e tão debatidos na construção da nova escola, a
escola que queremos para nossos filhos e para todos. Como agentes de transformação, cabe a nós
educadores dar o ponta pé inicial deste desejo nacional de mudanças e que só precisa COMEÇAR

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e para não mais parar, não podemos nos conformar com este estado de coisas, não existe o não
consigo, existe sim, o não quero.
O educador, na atual realidade, é capaz de pensar e agir com inteligência, equilíbrio, liderança
e autoridade, valores esses que requerem habilidade para exercer suas atividades de forma
responsável e comprometida.
Na década de 90, a supervisão é apontada como instrumento necessário para mudança nas
escolas. Justamente nesta década, desempenha-se o supervisor competente, entendendo-se que,
a competência é, em si, um compromisso público com o social e, portanto, com o político, com a
sua etimologia na polis, cidade, coletividade. E o interesse coletivo opõe-se ao interesse
individualizado, na educação e no seu serviço de supervisor.
Os sinais de descaso estão por toda à parte. A falta de interesse de nossos governantes, falta
de recursos nas escolas, baixos salários, falta de um projeto sério de escolarização e políticas
públicas em todos os níveis, pois o que temos hoje é um paliativo que não atende a demanda
crescente de nosso povo.
Cada vez mais nossos alunos saem das escolas sabendo menos do que precisam para suas
vidas, não há uma visão critica de formar cidadãos, por isto, precisamos de educadores audaciosos
que ousem sonhar e realizar, que sejam verdadeiros guerreiros da transformação, arautos do
conhecimento, defensores da verdade, e principalmente, que ame as pessoas.
Alunos desinteressados, analfabetos funcionais, baixa qualificação profissional, despreparo
emocional, são apenas alguns sintomas desta doença que se instalou no meio escolar. Reflexo da
falta de interesse da maioria dos envolvidos no processo, que não querem ou não sabem que o
sucesso desta empreitada nacional é para toda a vida. Como educadores devemos nos
comprometer, nos importando com todos que passam pelo espaço da escola, já que muitos e quem
sabe, milhares de milhões, ficarão marcados para sempre neste tempo, que pode ser construtivo ou
destrutivo.
No livro o Monge e o Executivo, aprendemos que, quanto mais autoridade, mais
responsabilidade temos, e que só depende de cada um fazer a diferença na escola. Segundo
Hunter (2004) "[...] então, por definição quando você exerce autoridade, deverá doar-se, amar,
servir e até sacrificar-se pelos outros". Podemos contaminar a todos com nossa energia, alegria,
serviço, altruísmo, sonhos e fazer com que os educandos e educadores se libertem deste sistema
padronizado de escolhas, que hoje é imperativo.
Cabe, portanto, ao especialista escolar estar sintonizado com as necessidades da comunidade
e propor projetos que atendam aos anseios de todos que, almejam futuro melhor. Muita coisa pode
ser feita no contexto escolar, podemos desenvolver atividades que aproximem a comunidade da
escola, da família e dos objetivos para a qual ela existe. A escola como espaço social e publico
deve ter esta característica de servir a todos os que a procuram, bem como envolver outros
segmentos da sociedade em suas atividades. O educador deve, portanto, ser esta ponte de acesso
entre todos, possibilitando um maior conhecimento entre os participantes desta grande aventura,
que é a formação de pessoas para a sociedade.
Somente sendo um profissional antenado com estas características e com as necessidades de
todos os envolvidos, tendo um forte senso de responsabilidade e de iniciativa, é que seremos
profissionais de sucesso e cidadãos realizados. O grande sucesso que o especialista escolar terá
em sua vida pessoal será a certeza de ter contribuído para o sucesso de muitas vidas.
Não há nada mais belo do que ver uma vida desabrochando como uma flor na sua plenitude, e
exalando o agradável aroma de ser chamado verdadeiramente cidadão. A escola tem, portanto, a
obrigação de fazer o melhor a seus alunos, que buscam nesta instituição o pote do fim do arco-íris.
Diante das diferentes e diversificadas funções do especialista escolar, podemos citar como a
de maior relevância a de coordenador, onde a organização do trabalho é comum, onde busca a
unificação dos alunos, professores, equipe pedagógica e direção da escola.
É diante destas responsabilidades que se faz necessário mudanças significativas na formação
e postura do especialista escolar, e com isso, reconhecendo seus aspectos gerais.

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Ressignificar e revalorizar a supervisão e orientação educacional, reconceitua-se, de modo a
compreendê-las, na sua ação de natureza educativa e, portanto, sociopedagógica, no campo
didático e curricular do seu trabalho, no seu encaminhamento de coordenador educativo.
Estamos acostumados a ouvir que manda quem pode, obedece quem tem juízo, mas no
contexto escolar não existe esta premissa, mas sim, o exemplo, pois quem quer ser líder estar em
destaque, seja o primeiro que faça. Talvez uma das grandes dificuldades do ser humano seja
exatamente esta, precisamos de destaque a todo o momento, logo precisamos refletir sobre o que
diz Ronca (1995) "nenhum educador cresce se não reflete sobre seu desempenho enquanto
profissional, e se não reflete sobre a ação que foi desenvolvida. Só entramos na práxis quando
refletimos sobre a prática".
É preciso tomar a sábia decisão de fazer sempre o que for necessário para direcionar nossas
crianças e jovens para a maior aventura que eles irão participar, que é a própria vida. Cada ser
social, cada aluno é um indivíduo em especial, com características próprias de aprendizagem e
necessidades diferentes. De acordo com Gadotti e Romão apud Oliveira (2003 p.330): “Todos os
segmentos da comunidade podem compreender melhor o funcionamento da escola, conhecer com
mais profundidade os que nela estudam e trabalham, intensificar seu envolvimento com ela e,
assim, acompanhar melhor a educação ali oferecida”.
Supervisor, orientador... talvez, líderes quem sabe, servos com certeza. Nossa recompensa
será com vidas transformadas, vidas salvas da degradação moral e social, famílias restauradas e
um forte sentimento de dever cumprido.
Muitos dizem que ensinar é uma arte e que servir é um dom. Para os Supervisores Escolares e
Orientadores é muito mais que isto. É um modo de vida, é o modo como escolhemos viver. Com
suas dificuldades e seus desafios com suas recompensas e suas frustrações.
A Supervisão e Orientação Educacional é um exercício de cidadania, amor, altruísmo e
abnegação, onde só os fortemente determinados terão êxito.

CHALITA, Gabriel Benedito Issaac. Educação a solução está no afeto. São Paulo: gente, 2001.

Cunha, Aldeneia S. da; Oliveira; Ana Cecília de; Araújo, Leina A. (Org). A Supervisão no contexto
escolar: Reflexões Pedagógicas. Manaus. UNINORTE; 2006.

2. GESTÃO DEMOCRÁTICA

A gestão democrática e participativa no âmbito escolar constitui-se numa prática que


deve priorizar o desenvolvimento integrado de todos os agentes envolvidos no processo
pedagógico.
Nos últimos anos tem-se discutido muito o novo papel da gestão escolar como
instrumento para inserção de movimentos de transformação na atuação dos professores, alunos,
pais e comunidade. Para isso, a gestão tem-se buscado subsídios nos aspirais da democracia e da
participação.

2.1. A qualidade do ensino diante dos desafios da sociedade contemporânea

Diante da globalização econômica, da transformação dos meios de produção e do


avanço acelerado da ciência e da tecnologia, a educação escolar precisa oferecer propostas
concretas à sociedade, preocupando-se em oferecer um ensino de qualidade, que possa elevar a
capacidade das crianças, adolescentes e jovens para compreender o universo competitivo e os
valores sociais, econômicos e culturais intrínsecos na formação pessoal e profissional, ao qual
estarão submetidos.
Segundo Santos (1997), no âmbito da educação escolar, o ensino público ou privado de
qualidade para todos, é uma necessidade e um desafio fundamental. Há, atualmente, claro
reconhecimento mundial e social de sua importância para o mundo do trabalho, para o
desempenho da economia e para o desenvolvimento técnico-científico. Esse reconhecimento tem
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sido transformado em reformas, em políticas educacionais e essencialmente na quebra de
paradigmas quanto o papel da gestão escolar e dos professores como autoridades intelectuais na
sala de aula.
Na realidade, a educação busca a formação de um novo paradigma, que estabelece o
problema da qualidade, uma pedagogia da qualidade. Mas, acredita-se que esta não pode ser
tratada nos parâmetros da qualidade economista.
Conforme Silva (1995), apesar de receber recursos das esferas federal, estadual e
municipal e lidar com resultados, a escola não pode ser vista como uma empresa. O aluno não é
cliente da escola, mas parte dela. É sujeito que aprende, que constrói seu saber, que direciona seu
projeto de vida. Silva (1995), a esse respeito diz ainda que: “A escola implica formação voltada para
a cidadania, para a formação de valores-valorização da vida humana em todas as dimensões. Isso
significa que a instituição escolar não produz mercadorias, não pode pautar-se pelo zero defeito, ou
seja, pela perfeição”.
Nesse sentido, e segundo os estudos realizados por Antunes (2000), acredita-se que a
educação de qualidade é aquela mediante a qual a escola, gestão, professores, alunos e pais
promovem, para todos, o domínio dos conhecimentos e do desenvolvimento de capacidades
cognitivas e afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos
alunos, bem como a inserção no mundo e a constituição da cidadania também como poder de
participação, tendo em vista a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Qualidade é,
pois, conceito implícito à educação e ao ensino.
Portanto, a educação deve ser entendida como um fator de realização da cidadania,
com padrões de qualidade da oferta e do produto, na luta contra a superação das desigualdades
sociais e da exclusão social. Nesse sentido, a articulação da escola, gestão democrática
e participativa e os professores com o mundo dentro da escola e fora dela, tornam-se a
possibilidade de realização da cidadania.

2.2. Gestão participativa e a elevação da democracia na escola,

Reconhecendo o papel do educador e da escola na conjuntura social, onde o primeiro


assume a responsabilidade com os alunos na promoção de um ensino de qualidade, priorizando a
cognitividade e a aquisição dos conhecimentos universais e a segunda, assumindo-se como uma
extensão da sociedade, onde os valores sociais, culturais são dinamizados e lapidados, acredita-se
que nos dias atuais, ambos devem ter no seu bojo de objetivos a ideia de uma escola democrática
a serviço da formação de cidadãos críticos e participativos e da transformação das relações sociais
presentes.
Para Libâneo (2002), a participação é o principal meio de assegurar a gestão
democrática, possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de
tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. A participação proporciona melhor
conhecimento dos objetivos e das metas da escola, de sua estrutura organizacional e de sua
dinâmica, de suas relações com a comunidade e propicia um clima de trabalho favorável a maior
aproximação entre professores, alunos e pais. Nas empresas buscam-se resultados por meio da
participação. Nas escolas, busca-se bons resultados, mas há nelas um sentido mais forte de prática
da democracia, de experimentação de formas não autoritárias de exercício do poder de
oportunidade ao grupo de profissionais para intervir nas decisões da organização e definir
coletivamente o rumo dos trabalhos. Nesse sentido, Luck (2002), diz que:
“A participação significa, portanto, a intervenção dos profissionais da educação e dos usuários
(alunos e pais) na gestão da escola. Há dois sentidos de participação articulados entre si: a) a de
caráter mais interno, como meio de conquista da autonomia da escola, dos professores, dos
alunos, constituindo prática formativa, isto é, elemento pedagógico, curricular, organizacional; b) a
de caráter mais externo, em que os profissionais da escola, alunos e pais compartilham,
institucionalmente, certos processos de tomada de decisão”.
A participação da comunidade possibilita à população o conhecimento de avaliação dos
serviços oferecidos e a intervenção organizada na vida escolar. De acordo com Gadotti (1997), a
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participação influi na democratização da gestão e na melhoria da qualidade do ensino: o autor,
sobre o assunto diz ainda que: “Todos os segmentos da comunidade podem compreender melhor o
funcionamento da escola, conhecer com mais profundidade os que nela estudam e trabalha,
intensificar seu envolvimento com ela e, assim, acompanhar melhor a educação ali oferecida”.
Nesse sentido, entre as modalidades mais conhecidas de participação, estão os
conselhos de classe – bastante difundidos no Brasil – e os conselhos de escola, colegiados ou
comissões que surgiram no inicio da década de 1980.
Portanto, o principio participativo no sentido de gerar a democracia na escola não
esgota as ações necessárias para assegurar a qualidade de ensino. Tanto quanto o processo
organizacional, e como um de seus elementos, a participação é apenas um meio de alcançar
melhor e mais democraticamente os objetivos da escola, os quais se localizam na qualidade dos
processos de ensino e aprendizagem. Em razão disso, a participação necessita do contraponto da
direção, outro conceito importante da gestão democrática, que visa promover a gestão da
participação.

2.3. Os atributos da direção democrática para edificação da participação na escola.


A direção da escola, além de uma das funções do processo organizacional, é um
imperativo social e pedagógico. O significado do termo direção, no contexto escolar, difere de
outros processos direcionais, especialmente os empresariais. Ele vai além da mobilização das
pessoas para a realização eficaz das atividades, pois implica intencionalidade, definição de um
rumo educativo, tomada de posição entre objetivos escolares sociais e políticos, em uma sociedade
concreta.
Para Apple (1997), a escola, ao cumprir sua função social de mediação, influi
significativamente na formação da personalidade humana, por essa razão, são imprescindíveis os
objetivos políticos e pedagógicos. Ela projeta-se nos objetivos que, por sua vez, orientam a
atividade humana, dando o rumo, a direção da ação. Na escola, leva a equipe escolar à busca
deliberada, consciente, planejada, de integração e unidade de objetivos e ações, além do consenso
sobre normas e atitudes comuns. “O caráter pedagógico da ação educativa consiste precisamente
na formulação de objetivos sociopolíticos e educativos e na criação de formas de viabilização
organizativa e metodológica da educação”.
Com base nesse principio, há que destacar o papel significativo do diretor da escola na
gestão da organização do trabalho escolar. A participação, o dialogo, a discussão coletiva, a
autonomia são práticas indispensáveis da gestão democrática, mas o exercício da democracia não
significa ausência de responsabilidade, uma vez tomada as decisões coletivamente,
participativamente, é preciso pô-las em prática. Para isso, a escola deve estar bem
coordenada e administrada. Nesse contexto e conforme Luck (2002), para que a escola por meio
de sua gestão democrática e participativa ofereça a todos aos seus agentes a qualidade
educacional, é necessário desenvolver os seguintes princípios da concepção de gestão
democrático-participativa: autonomia da escola e da comunidade educativa; relação organizacional
entre a direção e a participação dos membros da equipe escolar; planejamento de atividades;
formação continuada para o desenvolvimento pessoal e profissional dos integrantes da comunidade
escolar; utilização de informações concretas e análise de cada problema em seus múltiplos
aspectos, com ampla democratização das informações; avaliação compartilhada; relações
humanas produtivas e criativas, assentadas em uma busca de objetivos comuns.
Nos últimos anos as discussões sobre o papel da gestão democrática e participativa no
âmbito escolar têm engrossado os debates promovidos pelos governos, diretores e professores.
Todas as questões sempre estiveram centradas na perspectiva de se ter uma educação de
qualidade pautada na formação cognitiva, intelectual e social mais completa.
Segundo Luck (2002, p. 62), a participação democrática na gestão escolar deve ser
principiada pelos conhecimentos dos papeis de cada profissional que direto e indiretamente
vivenciam as rotinas da escola, os projetos e a construção dos documentos intrínsecos ao
desenvolvimento do ensino na escola, especialmente no Projeto Político pedagógico.

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A estrutura organizacional de uma escola deve embasar-se pela busca da participação
de todos os funcionários, professores, alunos e pais nos projetos desenvolvidos pela escola e que
tenham o caráter de gerar a qualidade do ensino e da aprendizagem.
Diante da realidade, acredita-se que para minimizar as dificuldades quanto a
participação dos profissionais, pais e alunos na construção de um projeto democrático que busque
a qualidade no ensino e na aprendizagem, é necessário que a instituição elabore sua proposta
pedagógica e contemple passo a passo como deve ser a participação de todos na construção de
uma escola que busque a qualidade do ensino e da aprendizagem. Além disso, é importante
também redefinir a inserção dos professores nos cursos de formação continuada, analisando a
qualidade dessa formação e se de fato contribuirá para o despertar participativo da docência na
escola.

ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho pedagógico. São Paulo: Biotempo, 2000.


APPLE, Michael. Escolas democráticas. São Paulo: Cortez, 1997.
GADOTTI, Moacir. Autonomia da escola: princípios e preposições. São Paulo: Cortez, 1997.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola. Goiânia: Alternativa, 2002.
LUCK, Heloisa. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. São Paulo: Cortez, 2002
ROMÃO, José. Diretores escolares e gestão democrática da escola. São Paulo: Cortez, 1997.
SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo; globalização e meio técnico-cientifico informacional. São
Paulo: Hucitec, 1997.
SILVA. Rinalva C. Educação e qualidade. Piracicaba – SP: Unimep, 1995.

3. GESTÃO DEMOCRÁTICA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E NA LDB

De acordo com Dourado (1998), a gestão democrática é um processo de aprendizado e de luta


que vislumbra nas especificidades da prática social e em sua relativa autonomia, a possibilidade de
criação de meios de efetiva participação de toda a comunidade escolar na gestão da escola .
Destacamos que uma gestão verdadeiramente democrática tem como base a participação
efetiva de todos os segmentos da comunidade escolar no cotidiano da escola e, especialmente, nos
momentos de tomadas de decisões.
Entendemos que o processo democrático requer a participação ativa de seus sujeitos,
participação essa que deve ser conquistada pouco a pouco, mas de maneira sólida.
Segundo Demo (1988), a participação não é algo natural e, sim, um processo de conquista,
aprendizado e, sobretudo, de disputa com o poder dominante. Á medida que nos organizamos para
participar, estabelecemos uma disputa com o poder dominante e, com isso, criamos uma outra
forma de poder.
A política de gestão democrática do ensino ganhou destaque em termos de legislação a partir
da Constituição Federal de 1988, que a incorpora como um princípio do ensino público na forma da
lei. Porém, muito antes disso, já era estudada e reivindicada por alguns segmentos da sociedade.
O termo princípio é empregado para designar, na norma jurídica escrita, os postulados básicos e
fundamentais presentes em todo Estado de direito, ou seja, são afirmações gerais do campo da
legislação a partir das quais devem decorrer as demais orientações legais. (ADRIÃO; CAMARGO,
2001, p. 72).
Segundo Furtado (2005), uma das explicações para a incorporação desse princípio à Lei
encontra-se no fato de que, no final da década de 1980, o Brasil saía de um período de governos
ditatoriais com a expectativa de viver relações mais democráticas.
O caráter autoritário e centralizador do Estado brasileiro durante o regime militar (1964 – 1985)
passou a ser questionado por setores progressistas que reivindicavam a implantação de
procedimentos mais transparentes e de maior participação no controle público: na verdade era a
gestão do próprio estado que estava em pauta. Os partidos de oposição ao regime militar, que
disputaram as eleições de 1982, incorporaram nas suas plataformas de governo perspectivas
participativas e democráticas (FURTADO, 2005, p. 60).

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A proposta da gestão democrática ganhou corpo no contexto de transição democrática e na
contestação das práticas de gestão escolar dominantes sob o regime militar e na luta pela
construção de uma nova escola, isto é, uma escola aberta à participação popular e comprometida
com seus interesses históricos, com vistas a mudanças sociais duradouras e significativas para
esse segmento.
Adrião e Camargo (2001) destacam que todo processo legislativo é permeado por diferentes
tipos de interesses, sendo o seu resultado uma síntese dos conflitos gerados por esses embates.
Na Constituição não foi diferente. Os autores mencionam que:
[...] é interessante lembrarmos alguns embates que ocorreram nas comissões e subcomissões
encarregadas de discutir a educação no processo constituinte (1987-1988) entre diferentes setores
diante da questão da gestão democrática do ensino. Sucintamente, podemos identificar a existência
de duas posições expressas por setores organizados da sociedade civil com representatividade no
legislativo, que confrontaram o debate em torno do sentido que deveria ser atribuído à gestão da
educação. O primeiro setor refere-se ao grupo identificado com as posições do Fórum Nacional em
Defesa da Escola Pública constituído por entidades de caráter nacional cujo posicionamento no
tocante à gestão da educação e da escola, refletia a defesa do direito à população usuária (pais,
alunos e comunidade local) de participar da definição das políticas educacionais às que estariam
sujeitos. [...] O Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública apresentou à Comissão Constituinte
encarregada das discussões sobre o capítulo da educação a seguinte redação para a formulação
do texto constitucional: gestão democrática do ensino, com a participação de docentes, alunos,
funcionários e comunidade. [...] De modo oposto, o segundo setor, ligado aos interesses privados
do campo educacional e composto , tanto por representantes ligados às escolas confessionais,
contrapunham-se a tal formulação (ADRIÃO; CAMARGO, 2001, p. 73, grifo nosso).
Após muitos embates entre diferentes interesses, o texto da Constituição (BRASIL, 1988)
acerca da gestão democrática ficou da seguinte forma:
Capítulo III
Da educação, da Cultura e do Desporto
Seção I
Da educação
Artigo 206 – O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
VI – gestão democrática do ensino público, na forma da Lei
Observando a redação final do texto da Lei, verificamos que a proposta vencedora foi a do
grupo representante dos interesses privados. Isso significou um retrocesso nas lutas do grupo
identificado com as posições do Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, pois, enquanto esse
grupo propunha a gestão democrática em todos os níveis com participação dos sujeitos envolvidos
na gestão da escola e, assim, a construção de vivências democráticas; o grupo vencedor tinha
como participação aceitável a possibilidade da comunidade escolar colaborar com a direção e
escola em geral (ADRIÃO; CAMARGO, 2001, p. 73).
Sobre a formulação legal do princípio da gestão democrática, no ensino público, o artigo deixa
claro que essa forma de gestão caberá unicamente ao ensino público, excluindo as escolas
particulares. A esse respeito, Cury menciona que:
Com muita propriedade, quando relatora da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a
deputada Ângela Amin se perguntava: qual deveria ser a gestão do ensino das escolas
particulares? Advogando a extensão do princípio às escolas privadas, a relatora se viu frente a
argumentações contrárias da parte de líderes do sistema particular de ensino. Na verdade, a
relatora fazia eco às demandas dos docentes dos SISTEMAS públicos e privados que, em
proposições anteriores, já estendiam o princípio da gestão democrática a qualquer modalidade de
ensino sob o argumento de que o oposto da democracia é o autoritarismo (1996, p. 201).
Por meio de uma breve reflexão sobre o texto da lei, podemos dizer que o princípio da gestão
democrática tem como interlocutor o autoritarismo hierárquico configurado não só na administração,
mas também nas relações pedagógicas, pois se a natureza da gestão não é democrática, ela
apenas poderá ser autoritária, não há um meio termo. “Numa sociedade que se quer democrática, é

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possível, a pretexto de se garantir liberdade à iniciativa privada, pensar-se que a educação [...]
possa fazer-se sem levar em conta os princípios democráticos?” (PARO, 2001, p.80).
Podemos dizer que a conquista da democracia no âmbito escolar foi parcial, pois favoreceu a
participação de professores, pais, funcionários e alunos na gestão, por meio dos Conselhos de
Escola, Grêmios Estudantis, mas, por outro lado, o princípio da gestão democrática ficou a mercê
das diferentes interpretações e concepções de gestão e democracia.
Oliveira alerta que:
O processo de regulamentação do art. 206 da Constituição Federal vem se transformando numa
arena onde diferentes projetos disputam sua mais adequada interpretação. Por isso, a garantia de
um artigo constitucional que estabelece a gestão democrática não é suficiente para sua efetivação.
A leitura que se faz dos termos gestão e democracia e, ainda mais, da combinação de ambos, varia
conforme os projetos (1997, p.95).
Uma outra observação relevante quanto à formulação do texto da Lei é o fato da gestão
democrática no ensino público estar vinculada à expressão na forma da lei. Isso significa que a
execução da Lei dependerá de uma legislação complementar, “[...] a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB) e todas as demais expressões legais incumbidas da regulamentação
constitucional definiriam o significado e os mecanismos para implementação de tal princípio”
(ADRIÃO; CAMARGO, 2001, p.74).
Dessa maneira, a LDB n. 9.394/96 (BRASIL, 1996), contempla a gestão democrática
explicitando que:
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
[...]
VIII- gestão democrática do ensino público na forma desta Lei e da legislação dos SISTEMAS de
ensino
[...]
Artigo 14 - Os SISTEMAS de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público
na educação básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I- participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;
II- participação da comunidade escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes;
[...]
Art. 15- Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica
que integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira,
observadas as normas gerais do direito financeiro público.
A partir da leitura do texto da Lei é possível afirmar que o artigo 3º da LDB repete a formulação
da Constituição Federal de 1988, no que se refere à gestão do ensino público, acrescentando, no
artigo 14, dois elementos: a participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico da escola e a participação da comunidade no Conselho de Escola, que se trata de uma
conquista já implantada, cabendo à Lei somente reforçar o seu caráter deliberativo, o que não
ocorreu.
A questão da autonomia, mencionada no artigo 15, é citada em dois âmbitos: pedagógico e
administrativo. A esse respeito, Paro (2001, p.83-84) comenta que:
[...] É preciso, entretanto, estar atento para, com relação á autonomia administrativa, não confundir
descentralização de poder com desconcentração de tarefas, e, no que concerne a gestão
financeira, não identificar autonomia com abandono e privatização. A descentralização do poder se
dá na medida em que se possibilita cada vez mais aos destinatários do serviço público sua
participação efetiva, por si só, ou por seus representantes, nas tomadas de decisão [...] No que
concerne a autonomia pedagógica [...] ela deve se fazer sobre bases mínimas de conteúdos
curriculares, nacionalmente estabelecidos, não deixando os reais objetivos da educação escolar ao
sabor de interesses meramente paroquiais deste ou daquele grupo na gestão da escola.
Diferente do que observamos no artigo 15, para Barroso (1996) o conceito de autonomia está
etimologicamente relacionado à idéia de autogoverno, ou seja, à faculdade que os indivíduos têm
de se regerem por regras próprias, expressa na capacidade de decisão. O autor menciona que:

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A autonomia é um conceito relacional (sempre somos autônomos de alguém ou de alguma coisa)
pelo que a sua acção se exerce sempre num contexto de interdependências e num SISTEMA de
relações. A autonomia é também um conceito que exprime sempre um certo grau de relatividade:
somos mais ou menos autônomos: podemos ser autônomos em relação a umas coisas e não o ser
em relação a outras. A autonomia é, por isso uma maneira de agir, orientar, as diversas
dependências em que os indivíduos e os grupos se encontram no seu meio biológico ou social, de
acordo com as suas próprias leis. (BARROSO, 1996, p. 17)
Barroso (1996) diferencia dois processos de autonomia: a autonomia decretada e a autonomia
construída. A autonomia decretada, no caso doSISTEMA público de ensino “[...] é sempre relativa e
é condicionada quer pelos poderes de tutela e de superintendência do governo e da administração
pública, quer eventualmente, pelo poder local, no quadro de um processo de descentralização [...]”
(BARROSO, 1996, p. 18). Já a autonomia construída, é aquela construída em cada escola, de
acordo com as especificidades locais, respeitando-se,obviamente, os princípios do SISTEMA de
ensino público (BARROSO, 1996, p. 20).
Analisando as duas definições acima de autonomia, verificamos que a autonomia postulada
pelo artigo 15 da LDB assemelha-se ao processo em que ela é decretada, pois revela
competências decretadas e transferidas de uma administração central às escolas; podemos dizer
que há pouco ou quase nenhum espaço para que a autonomia da escola seja construída.
Para que se configurem medidas de caráter mais democrático na escola é necessário que haja
espaço para que a autonomia seja construída, o que se choca com a rigidez do sistema escolar.
Em suma, podemos dizer que, embora haja uma generalidade no âmbito das legislações
concernentes à gestão democrática, é importante destacar que foram necessárias muitas lutas dos
segmentos populares para que o tema fosse contemplado na Legislação, o que torna a inclusão da
gestão democrática do ensino público na Lei, uma conquista parcial e que ainda está em pauta nos
projetos progressistas.
[...] a lei é antes de tudo uma síntese, um produto de embates. Portanto, ainda que represente um
avanço, a simples presença no texto legal de quaisquer medidas democratizadoras não implica a
sua execução. Eis parte da ambigüidade que acompanha as conquistas no plano da lei: as
contradições entre o proposto e o implementado (ADRIÃO; CAMARGO, 2001, p. 70).
Para que se construa uma gestão democrática é necessário que haja a mudança nos fins da
escola, de forma que esses fins estejam a favor da classe trabalhadora e não mais a serviço da
ideologia do capital. O caminho para a democratização da escola é árduo e permeado por muita
luta.
Segundo Aredes (2002, p. 56), um dos elementos que atuam em defesa da gestão democrática
na escola é a criação de hábitos democráticos que precisam ser vivenciados pelas pessoas que
estão ligadas direta ou indiretamente à escola.
È por meio da gestão democrática que os indivíduos avançam na conquista da cidadania, pois
à medida que tomam decisões em conjunto, percebem e vivenciam seus direitos e deveres,
aprendendo a respeitar limites e conviver com idéias divergentes (BORGUETTI, 2000, p. 115)
No entanto, Brabo (2004) menciona que são muitas as dificuldades para o alcance definitivo
de uma gestão democrática, dentre elas, a inexistência de canais eficazes de comunicação;
resistência de segmentos da própria escola; ausência histórica de uma cultura de participação na
sociedade brasileira; a forma de encaminhamentos das políticas públicas pelos órgãos
intermediários de coordenação da educação, bem como as exigências burocráticas.
Segundo Paro (1999, p. 212), o que acontece hoje é que o diretor, enquanto responsável pela
escola, tem que prestar contas de tudo diante do Estado e teme que a situação fuja ao seu controle
e que ele tenha que responder por medidas tomadas por outros. Essa seria uma explicação da
centralização da gestão na figura do diretor.
Como uma solução possível para o problema da centralização de poder nas mãos do diretor,
Paro (1999, p. 212) sugere que:
Uma solução que se pode imaginar para essa questão é a de dotar o Conselho de Escola de
funções diretivas, semelhantes às que têm hoje o diretor. Dessa forma, o responsável último pela
escola deixaria de ser o diretor, passando a ser o próprio Conselho, em co-responsabilidade com o
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diretor que dele também faz parte. A vantagem desse tipo de solução é que o conselho, como
entidade coletiva, fica menos vulnerável, podendo tomar medidas mais ousadas, sem que uma
pessoa, sozinha, corra o risco de ser punida pelos escalões superiores. Supõe-se que, assim, o
dirigente da escola (o Conselho) detenha maior legitimidade e maior força política, posto que
representa todos os setores da escola. Seu poder de barganha e sua capacidade de pressão, para
reivindicar benefícios para a escola, seriam, também, superiores ao do diretor isolado.
Entretanto, esse Conselho seria responsável em “[...] traçar as grandes metas educativas da
escola, de planejamento a médio prazo e de fiscalização das ações do conselho diretivo” (PARO,
1999, p.213). Segundo o mesmo autor, o conselho diretivo seria um colegiado formado por quatro
coordenadores – administrativos, pedagógicos, financeiros e comunitários.
De acordo com Paro (1999, p.214) além das modificações na gestão, um aspecto preocupante
é a fraca participação dos vários setores da escola e da comunidade nas reuniões do Conselho de
Escola, principalmente entre os usuários da escola. O autor afirma que é importante o oferecimento
de condições mínimas de participação e representação dos pais.
[...] o convencimento dos pais à participação e a percepção, por parte deles, de vantagens em
envolver-se com os assuntos escolares, fica muito mais fácil se há [...] uma política de abertura e
democratização [...] O Conselho de Escola deve servir bem a sua finalidade de representação dos
diversos setores da escola para conceber, planejar e controlar a organização do trabalho escolar
em consonância com seus objetivos e em cooperação com a direção da escola; e aí os pais, além
dos demais setores, levam seus pleitos e colaboração por via de seus representantes (PARO, 1999,
p. 216).
Embora a formação de um conselho deliberativo apresente-se de forma a retirar a centralidade
da figura do diretor de escola, consideramos que:
[...] a autogestão ou autoadministração, em seu sentido restrito, é um método de participação
avançada em que os trabalhadores não apenas influem na vida da organização, senão que eles
próprios os responsáveis diretos e imediatos pela tomada de decisões da organização, ou seja, são
eles mesmos os gerentes da organização [...] (VIEITEZ, 1996, p.141)
Observamos que a presença da gestão democrática tanto na Constituição Federal de 1988,
quanto na LDB é resultado de muita luta dos segmentos progressistas da sociedade, em especial
dos educadores, docentes e alunos. Porém, sabemos que o fato das Leis Federais citadas
assegurarem a gestão democrática nas escolas públicas, não é garantia de que o processo ocorra
conforme propunham os movimentos de reivindicação por uma escola mais aberta e com uma
gestão com a participação de todos nas decisões. Há uma variação entre o formal-legal e a
apropriação da Lei na realidade vivenciada.
Ademais, lembramos que as reformas legais que abarcam a educação ocorrem sob a
influência das agências internacionais que acabam indicando as diretrizes dessa gestão
democrática.
Acreditamos que o Conselho de Escola esteja iniciando o seu papel de canal de participação
representativa de todos os segmentos, mesmo que a passos lentos. Acreditamos que a efetivação
da gestão democrática esteja ligada à mudança nos fins da educação, e não somente em alguns
processos. A escola não se tornará democrática por meio da simples instalação do Conselho de
Escola, mas, sim, a partir do momento em que seus objetivos estejam atrelados aos da classe
trabalhadora e que a mesma participe com poder de decisão na gestão.
ADRIÃO, T., CAMARGO, R. B. A gestão democrática na Constituição Federal de 1988. In: OLIVEIRA, R. P.,
ADRIÃO, T. (orgs) Gestão, financiamento e direito à educação: análise da LDB e da Constituição Federal.
São Paulo: Xamã, 2001.
AREDES, A. P. J. As políticas públicas que originaram as instâncias pró-democráticas de participação no
Estado de São Paulo. Org&Demo. Marília, n.3, p. 77 – 88, 2002.
BARROSO, J. Autonomia e gestão das escolas. Lisboa: Ministério da Educação, 1996.
BORGUETTI, Rita de Cássia Teixeira. A municipalização das Escolas de Ensino Fundamental de Marília
(EMEFEs). 2000. 176f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Filosofia e Ciências,
Universidade Estadual Paulista, Marília.
BRABO, T. S. A. M. Democratização da escola sob uma perspectiva de gênero: um novo desafio. Org&Demo.
Marília, n. 5, p.55 – 78, 2004.
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BRASIL. Lei n. 9394, de 20/12/96, estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, Diário Oficial da
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DAL RI, N. M. Educação democrática e trabalho associado no contexto político – econômico do Movimento
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Marília.
DEMO, P. Participação é conquista. São Paulo: Cortez – Autores Associados, 1988.
DOURADO, Luiz Fernandez. A escolha de dirigentes escolares: políticas e gestão da educação no Brasil. In:
FERREIRA, Naura Syria Carapeto (org.) Gestão Democrática da educação: atuais tendências, novos
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FLORES, Daniel Garcia. Conselho de escola: possibilidades e limitações (um estudo de caso). 1996. 116f.
Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista.
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FURTADO, Érica Luisa Matos. Políticas educacionais e gestão democrática na escola. 2005. Dissertação
(Mestrado em Educação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2005.
GUTIERREZ, G. L.; CATANI, A. M. Participação e gestão escolar: conceitos e potencialidades. In:
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SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Lei Complementar n. 444 de 27 de dezembro de 1985.
Dispõe sobre o Estatuto do Magistério Paulista. São Paulo: SE: CENP, 1985.
VASCONCELOS, C. dos S. Planejamento: plano de ensino aprendizagem e projeto educativo elemento
metodológico para a elaboração e realização. São Paulo: Libertad, 1995, p. 11–58.
VIEITEZ, C. G. (Org). A empresa sem patrão. Marília: UNESP:FINEP, 1996.

4. PAPEL DA SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NO PROCESSO


CONSTITUTIVO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA

A integração nas ações dos especialistas em educação é importante para a inserção de


propostas construtivas que permite à ação pedagógica o atingimento dos objetivos propostos.
Através do acompanhamento da prática docente e prática discente, ambos os profissionais poderão
dentro das suas atribuições agregarem valores quanto ao papel de supervisor escolar e orientador
educacional na escola. Neste sentido, o supervisor escolar é também responsável pela leitura de
sociedade e de mundo procurando ir além dos aspectos individuais que permeiam a sala de aula e
todos os seus elementos conflituosos e o orientador educacional pela postura metodológica do
professor.
Exemplos de atribuições da Supervisão Escolar:
• Traçar as diretrizes e metas prioritárias e serem ativadas no Processo de Ensino, considerando
a realidade educacional de sistema, face aos recursos disponíveis e de acordo com as metas que
direcionam a ação educacional;
• Participar do planejamento global da escola, identificando e aplicando os princípios de
supervisão na Unidade Escolar, tendo em vista garantir o direcionamento do Sistema Escolar;
• Coordenar o planejamento de ensino, buscando formas de assegurar a participação atuante e
coesiva da ação docente na consecução dos objetivos propostos pela Escola;
• Planejar as atividades do serviço de Coordenação Pedagógica, em função das necessidades a
suprir e das possibilidades a explorar, tanto dos docentes e alunos, como da comunidade;
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• Propor sistemáticas do fazer pedagógico condizente com as condições do ambiente e em
consonância com as diretrizes curriculares;
• Coordenar e dinamizar mecanismos que visam instrumentalização aos professores quanto ao
seu fazer docente”.

A partir da promulgação da atual LDB, o Supervisor Escolar recebeu o grande compromisso de


coordenar a elaboração e acompanhar a execução da proposta pedagógica, com a participação da
comunidade escolar. É imprescindível que as atribuições do supervisor sejam planejadas em
parceria com o Orientador Educacional, principalmente no aspecto de articulação com a
comunidade escolar.
O Orientador Educacional - A profissão do Orientador Educacional foi criada através da Lei n°
5.564 de 21 de dezembro de 1968 e regulamentada pelo decreto n° 72.846/73. O profissional atua
principalmente na área educacional, onde auxilia o aluno nos aspectos sociais, individuais e
profissionais, devendo verificar suas aptidões, habilidades, qualidades e identificar suas
deficiências. A função do Orientador Educacional é prestar assistência ao aluno durante o processo
de aprendizado na escola que frequenta visando ao seu encaminhamento vocacional. Subordinado
à direção e à supervisão pedagógica da escola, o orientador emprega métodos pedagógicos e de
psicologia no seu dia a dia e deve ter formação superior em Pedagogia. Na instituição escolar, o
Orientador Educacional é um dos profissionais da equipe de gestão.
São funções do Orientador Educacional
* Auxiliar o educando quanto a seu auto-conhecimento, a sua vida intelectual e emocional, em
parceria com os professores, para compreender o seu comportamento e agir de maneira adequada
em relação a eles;
* Procurar trazer a família para cooperar de maneira mais eficiente e positiva na vida do educando,
estabelecendo assim uma parceria, principalmente quando há a desconfiança de que as
dificuldades estejam em casa;* Trabalhar para estabelecer na escola um ambiente de alegria e
confiança;
* Realizar trabalho de aproximação da escola com a comunidade;
* Realizar observações e entrevistas pessoais com os alunos e seus familiares;
* Participar do processo de avaliação escolar e recuperação dos alunos;
* Intermediar os conflitos escolares e ajudar os professores a lidar com alunos com dificuldade de
aprendizagem;
* É também seu papel manter reuniões semanais com as classes para mapear problemas, dar
suporte a crianças com questões de relacionamento;
* Participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola;

Acredita-se que o Supervisor Escolar e o Orientador Educacional têm a possibilidade de


transformar a escola no exercício de uma função realmente comprometida com uma proposta
política e não com o cumprimento de um papel alienado assumido. Assim, uma das funções desses
especialistas é a socialização do saber docente, na medida em que à ela cabe estimular a troca de
experiências entre os professores, a discussão e a sistematização de práticas pedagógicas. Assim
como a orientação educacional é relevante para o sucesso do processo de ensino-aprendizagem
escolar, pois auxilia tanto professores como alunos e a família a ter prazer em participar do
cotidiano da escola, e o prazer é o estímulo da vida.

BRANDÃO, C. R. O que é educação. Disponível in: www.brasil.gov.br, 1999.


BRASIL, Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros Curriculares Nacionais. Ensino
Fundamental / Ministério da Educação.
CALDIERARO, Ires Parisoto. Escola de Educação Básica. Institutos Legais Organização e
Funcionamento. Porto Alegre: Ed. da autora, 2006.
GRISPUN, Mirian P. S. Z. Orientação Educacional: Conflitos de paradigmas e alternativas para a
escola. 3ª d. São Paulo: Cortez, 2006.

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ATIVIDADES EM GRUPO

1ª ATIVIDADE

COM BASE EM SUAS EXPERIÊNCIAS E LEITURAS ANTERIORES, FAÇAM


UMA REFLEXÃO E DISCUSSÃO EM GRUPO – EM SEGUIDA, RESPONDAM AS
SEGUINTES QUESTÕES - JUSTIFICANDO-AS:

1. Que formação para o mundo do trabalho e para a cidadania plena o projeto


político pedagógico da escola oferece, com vistas à incorporação de valores e atitudes
como criticidade, iniciativa, autoestima dos educadores e educandos, afetividade,
criatividade, tolerância, segurança, capacidade empreendedora e respeito aos valores
democráticos e humanos?

2. Qual a efetiva integração dos conteúdos no que se refere à base humanística,


fundamentos científicos e iniciação à base tecnológica na difusão dos
conhecimentos a serem ministrados no cotidiano da escola, e qual o nível de
envolvimento e a preparação dos docentes para esse trabalho?

3. Qual o comprometimento da direção escolar, da equipe docente e do supervisor


escolar e demais especialistas com a pesquisa e o aprendizado permanente, na
busca de uma troca constante educador—educando—comunidade, objetivando o
fortalecimento do diálogo nas atividades educacionais, como caminho para o
crescimento mútuo?

2ª ATIVIDADE

Questionário Reflexivo

1 - Quais as principais atribuições do Supervisor Escolar e do Orientador Educacional?


2 – De acordo com suas vivências - Como o supervisor e o orientador efetivamente
desenvolvem sua função na escola?
3 - O trabalho do Supervisor Escolar e do Orientador Educacional tem contribuído em que
sentido para as escolas? Como vocês percebem na prática? Dê alguns exemplos de
contribuições. Se a resposta for não, expliquem o motivo.
4 - Qual a importância e necessidade do Supervisor e do Orientador Educacional na sua
escola?
5 - Qual é o perfil necessário do Supervisor e do Orientador Educacional?
6 - Vocês consideram importante o Supervisor Escolar acompanhar o trabalho dos
professores? Por quê?
7 - Acontecem reuniões entre a Supervisão, Orientação e a Gestão da escola? Com que
frequência? O que é tratado?
8 - Como se dá a relação entre a Equipe Diretiva e Professores(as)?
9 - O Supervisor Educacional desempenha seu trabalho democraticamente ou demonstra
ausência de autocrítica e de trabalho em Equipe? Comentem.
10 - As reuniões pedagógicas, como são? O Supervisor e o Orientador são atuantes nas
mesmas? Realizam reflexões com o grupo? Acontecem estudos?
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11 - Você tem acompanhado a execução do Projeto Político Pedagógico da escola? Como
surge a proposta pedagógica da escola a cada ano que se inicia? Esta proposta é colocada
em prática? Façam seus comentários.

3ª ATIVIDADE

Questões para Reflexão, Discussão e Respostas em Grupo – Disciplina: GÊNESE DA


SUPERVISÃO EDUCACIONAL – CINTEP/FNSL
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1ª Leiam e discorram sobre o seguinte texto (Atentem na relação entre o(a) supervisor(a)
e os(as) professores): “Para se realizar algo é preciso estar preparado para fazê-lo. Não se
aprende porque é preciso. Não se aprende por obrigação. Se quisermos “ajudar” a
borboleta a sair do casulo libertando suas asas antes que ela faça isso por si mesma, a
borboleta será incapaz de voar, pois suas asas não terão tido o tempo suficiente para se
fortalecer. A força que a borboleta faz para sair do casulo é necessária para que
amadureça e se torne pronta para a vida.”

2ª Conceituem e contextualizem na LDBEN 9.394/96 e os PCNs a SUPERVISÃO


EDUCACIONAL:

3ª Na opinião do grupo, futuros especialistas em Supervisão e Orientação Educacional:


Quais as COMPETÊNCIAS do(a) SUPERVISOR(A) EDUCACIONAL e do Orientador são
mais importantes para a qualidade do processo de ensino e de aprendizagem na
Escola?

4ª Falem sobre a origem da Supervisão Educacional:

5ª Citem e comentem alguns nomes de educadores(as) que construíram teorias


propriamente ditas e/ou que aplicaram estudos e observações diretamente no campo
pedagógico, mas, sobretudo, foram estudiosos(as) que deixam ou deixaram marcas na
educação:

6ª Discorram sobre A SUPERVISÃO EDUCACIONAL E SEUS ENTRAVES.

7ª Escrevam sobre “GESTÃO PARTICIPATIVA” – Teoria e Prática:

8ª Discorram sobre a relação entre: PLANEJAMENTO e “uma educação voltada para


uma intencionalidade tem que haver uma organização mais substancial na construção do
currículo. Favorecendo um plano em que o currículo seja significativo para os alunos”:

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9ª Falem sobre “A escola não tem um fim em si mesma. Ela esta a serviço da
comunidade.” Gadotti (2000) – Relacionem com os fins do PPP.

10ª Como o Supervisor e o Orieentador desenvolvem sua função no cotidiano da


escola? – Efetivamente há coerência com os documentos legais e teorias? Justifiquem.

11ª De acordo com os estudos e vivências de vocês - Como se dá a relação entre os


diversos segmentos da escola (Equipe Diretiva, Especialistas (outros se houverem
na escola), Professores(as), Funcionários(as), Alunos(as) e Comunidade?

12ª Qual a opinião do grupo sobre os Cursos de Formação do Supervisor e


Orientador Educacional na atualidade?

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma
humana, seja apenas outra alma humana.” (Carl Jung)

ATIVIDADE FINAL DA DISCIPLINA:

1. ELABORAR UM PLANO DE AÇÃO QUE CONTEMPLE AÇÕES DO SUPERVISOR E


DO ORIENTADOR EDUCACIONAL FRENTE ÀS NECESSIDADES DA ESCOLA, TENDO
COMO EMBASAMENTO LEGAL AS DIRETRIZES LEGAIS: LDBEN E PCNs, NO QUE
CONCERNE A FUNÇÃO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL.
2. ESTE PLANO DEVERÁ SER APRESENTADO E DEFENDIDO NA ÚLTIMA AULA DA
DISCIPLINA.
3. ENTREGA DO DOCUMENTO DEVIDAMENTE DIGITADO.
4. RECOMENDO QUE O PLANO DE AÇÃO NÃO FIQUE APENAS COMO
DOCUMENTO DE AVALIAÇÃO FINAL DESTA DISCIPLINA, E SIM, SEJA
EFETIVAMENTE POSTO EM PRÁTICA NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO EDUCATIVA DE
CADA UM(A).

TEXTOS PARA REFLEXÃO

1º Texto: A Idade de Ser Feliz

Existe somente uma idade para a gente ser feliz,


somente uma época na vida de cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para realizá-las
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente


e desfrutar tudo com toda intensidade
sem medo, nem culpa de sentir prazer.

Fase dourada em que a gente pode criar


e recriar a vida,
a nossa própria imagem e semelhança
e vestir-se com todas as cores
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e experimentar todos os sabores
e entregar-se a todos os amores
sem preconceito nem pudor.

Tempo de entusiasmo e coragem


em que todo o desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda disposição
de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO,
e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente


chama-se PRESENTE
e tem a duração do instante que passa. Autor desconhecido

2º Texto - O VESTIDO AZUL

Num bairro pobre de uma cidade distante, morava uma garotinha muito bonita. Ela
frequentava a escola local. Sua mãe não tinha muito cuidado, e a criança quase sempre se
apresentava suja. Suas roupas eram muito velhas e maltratadas.

O professor ficou penalizado com a situação da menina. "Como é que uma menina tão
bonita, pode vir para a escola tão mal arrumada?"
Separou algum dinheiro do seu salário e, embora com dificuldade, resolveu comprar-lhe
um vestido novo. Ela ficou linda no vestido azul.

Quando a mãe viu a filha naquele lindo traje, sentiu que era lamentável que sua filha,
vestindo aquela roupa nova, fosse tão suja para a escola.

Por isso, passou a lhe dar banho todos os dias, pentear seus cabelos e cortar suas unhas.
Quando acabou a semana, o pai falou:
- Mulher, você não acha uma vergonha que nossa filha, sendo tão bonita e bem arrumada,
more em um lugar como este, caindo aos pedaços? Que tal você ajeitar a casa? Nas horas
vagas, eu vou dar uma pintura nas paredes, consertar a cerca e plantar um jardim.

Logo, a casa destacava-se na pequena vila pela beleza das flores que enchiam o jardim, e
o cuidado em todos os detalhes.

Os vizinhos ficaram envergonhados por morarem em barracos feios e resolveram também


arrumar as suas casas, plantar flores, usar pintura e criatividade. Em pouco tempo, o bairro
todo estava transformado.

Um homem, que acompanhava os esforços e as lutas daquela gente, pensou que eles bem
mereciam um auxílio das autoridades. Foi ao prefeito expor suas idéias e saiu de lá com
autorização para formar uma comissão para estudar os melhoramentos que seriam
necessários ao bairro.

A rua de barro e lama foi substituída por asfalto e calçadas de pedra. Os esgotos a céu
aberto foram canalizados e o bairro ganhou ares de cidadania. E tudo começou com um
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wellingtaa@hotmail.com) Material da Disciplina: Gênese da Supervisão Educacional – CINTEP/FNSL –
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vestido azul.

Não era intenção daquele professor consertar toda a rua, nem criar um organismo que
socorresse o bairro. Ele fez o que podia, fez a sua parte. Fez o primeiro movimento que
acabou fazendo com que outras pessoas motivassem-se por melhorias.

Será que cada um de nós está fazendo a sua parte no lugar que vive? Ou por acaso somos
daqueles que somente apontam os buracos da rua, as crianças à solta sem escola e a
violência do trânsito?

Lembremos que é difícil mudar o estado total das coisas. Que é difícil limpar toda a rua,
mas é fácil varrer a nossa calçada. É complicado mudar o mundo, mas é possível plantar
uma rosa azul. Autor Desconhecido

3º Texto - VIVENDO COM UM PROPÓSITO

O mundo abre caminho para o homem ou para a mulher que vive com um propósito, com
um sentido de direção, com um objetivo na vida.

As energias criativas para autoexpressão através de cada indivíduo, respondem ao seu


intento ou à sua falta de propósito.

Sem propósito, sem objetivo, uma pessoa se encontra, na maioria das vezes, andando à
toa, em torno de si mesma sem nada realizar na vida, esperando ou orando vagamente
para que a sorte, alguma pessoa ou algum acontecimento a empurre para uma direção
razoavelmente feliz ou construtiva.

Desde que a pessoa não tenha um propósito próprio, um objetivo definido, ela se sente
deslocada neste Universo Propositado, e, inúmeras vezes, olha invejosamente para
aqueles que sabem para onde vão e acreditam no que estão fazendo.

4º Texto: “Os três leões e a montanha”

Conta determinada parábola que havia uma floresta e que nela habitavam, além de todos os outros
animais, três leões.
Certo dia, os bichos todos se reuniram e resolveram que necessitavam escolher um líder para sua
comunidade. Optaram por indicar um animal forte, que fizesse com que os estranhos os respeitassem e
temessem. Os indicados foram os três leões, mas, havia um problema: apenas um deles deveria ser
eleito. Para resolver tal impasse, decidiram acatar a sugestão do macaco: os leões seriam submetidos a
uma prova e aquele que se saísse melhor nela seria coroado como representante da bicharada. Foi
escolhido o teste: os três deveriam escalar e atingir o pico da Montanha Difícil, tida como a maior e mais
alta entre todas ali existentes.
Na data marcada, os leões fizeram o possível para chegar ao topo da montanha, porém, nenhum deles
conseguiu tal façanha. Os outros animais ficaram muito decepcionados e apreensivos porque, afinal,
continuavam sem poder contar com um representante legal e nem um defensor que os protegesse dos
perigos da floresta. No meio do tumulto estabelecido, surgiu uma águia que, muito segura de si, disse

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que poderia dar a todos a resposta que tanto buscavam. Curiosos, os animais voltaram-se para ela e
solicitaram qual seria sua contribuição já que esta nem havia estado presente e junto ao grupo no
momento da prova. Foi aí que ela lhes afirmou que, esteve sim, bastante atenta ao desempenho dos
leões durante o decorrer de toda a prova. Disse que havia permanecido sobrevoando toda a montanha
enquanto estes lutavam para atingir seu pico e que através de seus olhos penetrantes e audição
aguçada, acompanhara o comportamento de cada um dos competidores. Afirmou que viu o exato
momento em que o primeiro leão, ao se sentir exausto, disse para si mesmo: montanha, você me venceu,
o mesmo ocorrendo com o segundo leão. Continuou sua explanação e fez questão de enfatizar que, ficou
bastante sensibilizada quando o terceiro leão, mesmo minado de sua resistência física e psíquica,
declarou: montanha, desta vez, você me venceu, mas não se esqueça de que ainda estou
crescendo, que certamente irei me fortalecer para vencê-la um dia, enquanto que você continuará
sendo a mesma, porque já atingiu seu tamanho final.
Foi então que afirmou que o terceiro leão é quem deveria ser eleito líder¸ tendo em vista a atitude que
havia apresentado, pois não se conformou e nem aceitou como definitiva a derrota obtida naquela data,
tendo considerado-a como temporária e passível de ser superada.
Todos os animais concordaram com suas ponderações e, acataram a sugestão que lhes foi dada, pois
perceberam que havia alguém ali determinado, que acreditava em suas potencialidades e que,
certamente, saberia muito bem orientar seus companheiros e dirigir a comunidade de modo eficaz.
Amigo(a), comece pela análise de si mesmo(a) verificando as atitudes tomadas pelos diferentes leões e
com qual delas mais se identifica e como costuma reagir quando se vê defrontado(a) com determinado
obstáculo (seja ele de menor ou maior intensidade). Isso é muito relevante para que possa perceber seu
grau de autoestima, sua autoconfiança e qual a compreensão que tem sobre sua capacidade de superar
problemas, tendo em vista que estes, certamente, sempre irão surgir no decorrer de sua existência. Esta
capacidade é determinante para que eles sejam ultrapassados, lembrando sempre que conflitos mal
resolvidos costumam permanecer atrelados ao indivíduo por tempo indeterminado ou até mesmo, por
toda sua vida, distorcendo sua personalidade e deixando marcas numa autoestima baixa.

Um beijo no seu coração e na sua alma... Voe!


Profª Wellingta Magnolia L. L. Andrade
ANEXOS:
1. PROJETO DE LEI N.º 4.106, DE 2012
2. Livro-texto: Boniteza de um Sonho – Moacir Gadotti
3. Artigo: CONFLITO NO COTIDIANO DA ESCOLA: entre o ser vulnerável e o
ser resiliente

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