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Aula 01

Curso: Finanças Privadas p/ BACEN (Analista - Área 04)


Professor: Raul Cordeiro
Finanças Privadas p/ Banco Central (área 4)
Teoria e exercícios comentados
Prof Raul Cordeiro Aula 01
AULA 01: Características de operações e instrumentos do
mercado financeiro

SUMÁRIO PÁGINA
1. Introdução 01
2. Títulos Emitidos pelo Tesouro Nacional 02
3. Títulos de Dívida Privada 12
4. Securitização 19
5. Operações Compromissadas 22
6. Depósito a prazo e depósito interfinanceiro 27
7. Ações 32
8. Fundos de Investimentos 39
9. Introdução aos Derivativos 48
10. Questões Comentadas 54
11. Lista de Questões Apresentadas 65

1. Introdução

Olá, pessoal! Espero que tenham aproveitado bastante a nossa Aula 0!

Seguindo o cronograma do curso, hoje trataremos do assunto


“Características de operações e instrumentos do mercado financeiro”. O
assunto está distribuído no edital em oito itens, quais sejam:

1.1 Títulos emitidos pelo Tesouro Nacional;

1.2 Títulos de dívida privada;

1.3 Securitização;

1.4 Operações compromissadas;

1.5 Depósito a prazo e depósito interfinanceiro;

1.6 Ações;

1.7 Fundos de investimento;

1.8 Contratos futuros, a termo, swaps e opções; e

1.9 Derivativos de crédito.

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Como teremos uma aula em que trataremos exclusivamente do assunto
“derivativos” (Aula 6), não iremos, na presente aula, atender aos itens
1.8 e 1.9, especificamente. Não obstante, iremos fazer uma breve
introdução sobre o que são os instrumentos financeiros derivativos e
quais são as suas funções.

Com relação aos demais itens (itens 1.1 ao 1.7), iremos descrever os
títulos/valores mobiliários supraelencados, suas funções, como ocorrem
as operações com os mesmos no mercado financeiro, bem como outras
questão que se mostram importantes.

O edital do último concurso trouxe este assunto de uma forma mais geral,
já para este concurso, o assunto está melhor delineado, o que facilita o
foco do nosso estudo.

Não trabalharemos com as numerações dos itens sugeridas pelo edital,


iremos fazer a nossa própria classificação.

Mãos à obra, pessoal!

2. Títulos Emitidos pelo Tesouro Nacional

Antes de citarmos os diversos tipos de títulos emitidos pelo Tesouro


Nacional que existem, temos que entender para que se presta um título
público e qual é a sua função econômica.

Quando o governo precisa de dinheiro, ele tem a opção de imprimi-lo ou


de pegar emprestado com a sociedade, que, neste caso, entende-se como
tudo o que não é governo.

A primeira opção deve ser a última a ser adotada pelo governo, dado que
a impressão de papel moeda sem lastro na economia real com certeza
pressionará a inflação para cima. Com isso, o que o governo faz para
suprir uma demanda de recursos que ele venha a ter? Simplesmente
emite os chamados Títulos Públicos, que nada mais são do que promessas
de pagamento futuro do governo que incluem juros atraentes ou um

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deságio com relação ao valor de face do título, a ponto de o mercado se
interessar em realizar esta operação.

As necessidades de recursos do governo podem surgir por diversos


motivos, como: Antecipação de receita fiscal, financiamento do déficit
orçamentário, financiamento de investimento público, entre outros.

Existem os Títulos Públicos Federais, os Estaduais e os Municipais. Hoje


em dia, os que têm maior liquidez no mercado (os mais transacionados)
são os Títulos Públicos Federais, além de serem os únicos títulos públicos
com emissão autorizada desde o advento da Lei de Responsabilidade
Fiscal, momento em que a emissão dos Títulos Públicos Estaduais e
Municipais foi proibida. Sendo assim, os Títulos Públicos Estaduais e
Municipais passaram, com o tempo, a terem uma circulação mais restrita.

Neste item, são os Títulos Públicos Federais o objeto do nosso estudo, já


que são esses os títulos emitidos pelo Tesouro Nacional.

Cabe ressaltar que no passado o Banco Central também podia emitir


títulos públicos com o objetivo de execução da política monetária. Porém,
desde a Lei de Responsabilidade Fiscal de 2000, o Bacen, assim como
Estados e Municípios, ficou proibido de emitir tais títulos.

Os Títulos Públicos Federais são colocados no mercado de 3 formas,


através de (i) ofertas públicas por meio de leilões; (ii) vendas diretas pelo
Tesouro; ou (iii) emissões para atender necessidades específicas previstas
em lei.

No caso dos leilões, existem 2 tipos, o leilão formal e o leilão informal. O


leilão formal ocorre através de uma divulgação prévia do Bacen ao
mercado das condições do negócio, como: características dos títulos,
quantidade e prazo, entre outras coisas. Os investidores interessados
enviam suas propostas ao Sistema Especial de Liquidação e Custódia
(Selic), onde é feita a transferência de titularidade e a liquidação
financeira da operação. A Selic é um ambiente eletrônico de negociação,
onde só se negociam títulos públicos.

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Em se tratando de leilão informal, a compra e venda ocorrem sem prévio
aviso. O Bacen entra comprando ou vendendo conforme sejam seus
objetivos de política monetária. A fim de realizar tais operações de forma
eficiente, o Banco Central atua junto a instituições credenciadas, que se
espalham pelo mercado e distribuem as ordens de compra ou venda
dadas pela autoridade monetária. Tais instituições são chamadas de
dealers.

A venda direta pelo Tesouro, também conhecida como Tesouro Direto,


trata-se de modalidade de compra e venda de Títulos Públicos Federias
que pode ser realizada diretamente por pessoas físicas, basta que possuir
um CPF.

Uma característica importante dos Títulos Públicos Federais é o seu


baixíssimo risco, a ponto de ser a taxa de juros paga por tais títulos
comumente chamada de Taxa Livre de Risco. A remuneração destes
títulos pode ser prefixada (quando se sabe exatamente o quanto será
resgatado no vencimento do título) ou pós-fixada (quando o rendimento
do título depende de um parâmetro predefinido, porém, cujo valor pode
variar ao longo do prazo do título).

O investidor pode se desfazer dos seus títulos mesmo antes da data de


vencimento dos mesmos, porém, irá se sujeitar ao preço que será pago
pelo mercado na data da venda. Caso desejem carregar o título até o
vencimento, receberá o rendimento prometido no momento da aplicação,
seja ele prefixado ou pós-fixado.

Iremos agora detalhar os principais Títulos Públicos Federais negociados


no mercado, mostrando, para cada um deles, como ocorrem os seus
fluxos de caixa e comentando as suas principais características.

No entanto, antes de começarmos a falar dos títulos em si, cabe


esclarecermos alguns conceitos que serão usados com frequência.

Quando dizemos que um título tem cupom ou paga cupom, é o mesmo


que dizer que o título paga juros ao seu detentor periodicamente. O valor

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do cupom, no caso, é o valor dos juros que devem ser pagos. Já quando
um título não possui cupom, isso quer dizer que ele não paga juros
periodicamente ao seu detentor, ou seja, todo o rendimento do título
estará presente na diferença entre o valor pago pelo título no momento
de sua compra e o valor a ser resgatado pelo investidor no vencimento do
mesmo.

Cabe ressaltar que as informações sobre os títulos descritos abaixo foram


retiradas do site do Banco Central do Brasil, mais especificamente do
endereço: http://www.bcb.gov.br/htms/demab/CaracteristicaTitulos.pdf

2.1 Letra do Tesouro Nacional - LTN

A LTN é um título prefixado, sem cupom, com valor nominal múltiplo de


R$ 1.000,00, sendo o valor do resgate igual ao valor nominal do título.

Isso quer dizer que, ao comprar esse título, o investidor que esperar até a
data de vencimento receberá exatamente o valor nominal do título.

Sendo assim, qualquer que tenha sido o valor pago pelo investidor ao
adquirir o título, ele saberá exatamente o quanto irá ganhar caso fique
com o título até a sua data de vencimento, o que confirma a sua
característica de título prefixado.

Para que o investidor possa ter um rendimento com a aplicação neste


título, a emissão deve ser feita com deságio sobre o valor nominal,
deságio esse que será tanto maior quanto mais elevada for a taxa de
juros exigida para o prazo do título.

Podemos observar abaixo o fluxo de caixa padrão de uma LTN:

VN

0
n

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VN
P
(1  i ) n

P: Preço atual da LTN;

VN: Valor nominal da LTN, o qual é fixo desde o lançamento e múltiplo de


R$ 1.000,00;

i: taxa de juros que reflete a remuneração exigida para o título.

Independente de o título estar sendo adquirido no momento de sua


emissão ou de outro investidor algum tempo após a sua emissão, o preço
será calculado com base na formulação acima e, caso haja alterações nas
taxas de juros requeridas pelo mercado, o preço do título com certeza
sofrerá variações.

No entanto, essas questões das variações de preço serão tratadas apenas


em nossa aula sobre Renda Fixa.

Podemos resumir com a tabela abaixo as principais características de uma


LTN:

LTN – Letra do Prazo: Definido pelo Ministério de Fazenda quando


Tesouro Nacional da emissão do título;
Modalidade: Escritural, nominativa e negociável;
Forma de colocação: Oferta pública ou colocação
direta em favor do interessado;
Valor nominal: Múltiplo de R$ 1.000,00;
Rendimento: Prefixado - Deságio sobre o valor
nominal;
Resgate: Valor nominal.

A modalidade do título ser escritural, nominativa e negociável implica que


o título fica vinculado nominalmente ao seu detentor, não possui cautela
física, ou seja, possui apenas registro eletrônico na Selic (escritural), bem

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como pode ser livremente negociado naquele ambiente de negociação
(negociável).

2.2 Letra Financeira do Tesouro B – LFT B

A LFT B é um título pós-fixado, sem cupom, com valor nominal múltiplo


de R$ 1.000,00 (em 01/07/2000), sendo o valor de resgate igual ao valor
nominal do título na data de sua emissão acrescido do rendimento da
taxa Selic desde essa data.

Isso quer dizer que, ao comprar esse título, o investidor que esperar até a
data de vencimento receberá exatamente o valor nominal do título na
data de sua emissão somado ao rendimento da taxa Selic no período
compreendido entre a emissão do título e o seu resgate.

Sendo assim, o investidor não saberá de antemão exatamente o quanto


irá ganhar caso fique com o título até a sua data de vencimento, o que
dependerá do valor da taxa Selic, confirmando assim a sua característica
de título pós-fixado.

O preço de uma LFT B no mercado normalmente é igual ao seu Valor


Nominal Atualizado (VNA), que é igual a R$ 1.000,00 atualizado pela taxa
Selic desde 01/07/2000. Ou seja, ao se comprar uma LFT B, se pagará
algo em torno de R$ 1.000,00 atualizado pela taxa Selic desde
01/07/2000, e, caso se carregue o título até o vencimento, receberá os
mesmos R$ 1.000,00, só que agora atualizados desde 01/07/2000 até o
vencimento do título.

Logo, o rendimento de uma LFT B sempre será medido pela diferença


entre o VNA do resgate do título e o VNA da data de aquisição do título.

Podemos observar abaixo o fluxo de caixa padrão de uma LFT:

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VNAn

0
n

P = VNA0

P: Preço atual da LFT B;

VNA0: Valor nominal atualizado da LFT B na data 0, ou seja, R$ 1.000,00


atualizado pela Selic desde 01/07/2000 até o período 0;

A título de curiosidade, o VNA da LFT B em 23/08/2013 estava em R$


5.710,44, ou seja, a Selic acumulada de 01/07/2000 até 23/08/2013 fez
com que o VNA subisse de R$ 1.000,00 para o valor acima citado.
Quando uma LFT B não é negociada no mercado pelo seu VNA, diz-se que
ela está sendo negociada com ágio (Preço > VNA) ou deságio (Preço <
VNA).

Podemos resumir com a tabela abaixo as principais características de uma


LFT B:

LFT B – Letra Prazo: Definido pelo Ministério de Fazenda


Financeira do Tesouro quando da emissão do título;
B Modalidade: Escritural, nominativa e negociável;
Forma de colocação: Oferta pública ou colocação
direta em favor do interessado;
Valor nominal: Múltiplo de R$ 1.000,00;
Rendimento: Pós-fixado – Taxa Selic;
Resgate: Valor nominal acrescido do respectivo
rendimento, desde a data-base do título.

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2.3 Bônus do Tesouro Nacional – BTN

O BTN é um título pós-fixado, que paga cupom semestral com taxa de 6%


ao ano sobre o Valor Nominal Atualizado (VNA).

Ou seja, o cupom semestral, ou juros semestrais, será pago com base na


taxa semestral equivalente a 6% ao ano. Essa taxa incidirá sobre o VNA
da data do pagamento dos juros, em cada um dos semestres.

O VNA deste título vem sendo atualizado desde fevereiro de 1989,


quando valia NCz$ 1,00.

Existem 2 tipos de atualização do VNA a escolha do investidor, quais


sejam, ser atualizado pela correção monetária, com correção máxima de
12% ao ano, ou ser atualizado pela variação cambial.

O preço do título e o seu valor de resgate seguem a mesma lógica


descrita para a LFT B, ou seja, sempre com base no VNA.

Podemos observar abaixo o fluxo de caixa padrão de uma BTN:

VNAn

Cupons semestrais

0
n

Cupons _ Semestrais
P  VNA0  
(1  i) n

P: Preço atual da BTN;

VNA0: Valor nominal atualizado do BTN na data 0;

Podemos resumir com a tabela abaixo as principais características de um


BTN:

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BTN – Bônus do Prazo: Até 25 anos;
Tesouro Modalidade: Escritural, nominativa e negociável;
Nacional Forma de colocação: Título extinto, existindo alguns
ainda em circulação;
Valor nominal: NCz$ 1,00 (um cruzado novo), em
fevereiro de 1989;
Rendimento: Pós-fixado - 6% a.a., aplicada sobre o
valor nominal atualizado (correção monetária, máximo
de 12% a.a. ou variação cambial);
Resgate: Valor nominal atualizado. Paga juros
semestrais.

2.4 Notas do Tesouro Nacional – NTN’s

As NTN’s são títulos com diversas séries, cada uma delas com uma
característica diferente. Iremos tratar a seguir das principais séries de
NTN, porém, não desenharemos mais o fluxo de caixa dos títulos, tendo
em vista que já abordamos acima todos os tipos diferentes de fluxo de
caixa que podem existir.

As NTN’s mais importantes são as das séries B, C, D e F.

A NTN B é um título que paga cupom semestral com taxa que é definida
pelo Ministério da fazenda no momento da emissão. Essa taxa de juros
fixa incide sobre o VNA do título, que é atualizado de acordo com o IPCA.
Logo, a NTN B é um título pós-fixado, com valor nominal atualizado pelo
IPCA e que paga cupom semestral a uma taxa a ser definida e seu
lançamento.

A NTN C também é um título que paga cupom semestral com taxa que é
definida pelo Ministério da fazenda no momento da emissão. Essa taxa de
juros fixa incide sobre o VNA do título, que é atualizado de acordo com o
IGPM. Logo, a NTN C é um título pós-fixado, com valor nominal atualizado

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pelo IGPM e que paga cupom semestral a uma taxa a ser definida e seu
lançamento.

A NTN D também é um título que paga cupom semestral com taxa que é
definida pelo Ministério da fazenda no momento da emissão. Essa taxa de
juros fixa incide sobre o VNA do título, que é atualizado de acordo com o
a variação da cotação do dólar norte-americano. Logo, a NTN D é um
título pós-fixado, com valor nominal atualizado pela variação cambial e
que paga cupom semestral a uma taxa a ser definida e seu lançamento.

Por fim, a NTN F também é um título que paga cupom semestral com taxa
que é definida pelo Ministério da fazenda no momento da emissão. Essa
taxa de juros fixa incide sobre o VNA do título, que não é atualizado ao
longo do tempo. Logo, a NTN F é um título prefixado, sem atualização do
valor nominal, ou seja, vendido com deságio sobre o valor nominal, que
será o valor pago no resgate, mas que paga cupom semestral a uma taxa
a ser definida e seu lançamento.

Podemos resumir em termos gerais as NTN’s com o uso da tabela abaixo:

NTN – Nota do Tesouro Prazo: Depende da série;


Nacional (existem Modalidade: Escritural, nominativa e
diversos séries de NTN) negociável;
Forma de colocação: Oferta pública ou
colocação direta em favor do interessado, na
maioria das séries;
Valor nominal: Múltiplo de R$ 1.000,00, na
maioria das séries;
Rendimento: Pós-fixado (com exceção da
série F) – cada série tem um índice de
atualização próprio (IGP-M, dólar, IPCA, etc.);
Resgate: Depende da série.

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Dessa forma, nós trabalhamos os principais títulos de emissão do Tesouro
Nacional. Existem alguns outros títulos de emissão do Tesouro que são
menos importantes, mas caso haja o interesse em estudá-los com
detalhe, basta acessar o link que disponibilizei mais acima, que conduzirá
ao site do Banco Central.

3. Títulos de Dívida Privada

Os Títulos da Dívida Privada foram criados com o intuito de dar às


instituições privadas a possibilidade de obter recursos necessários ao seu
desenvolvimento. Assim como o governo precisa de recursos e emite os
títulos públicos, as empresas privadas fazem o mesmo em relação aos
títulos privados.

Existem diversos tipos de títulos de dívida privada. Nesta seção,


especificamente, iremos dar uma atenção maior aos seguintes títulos: as
debêntures e as letras de câmbio, por serem os mais importantes e
aqueles que têm caído em algumas provas.

Não abordaremos agora alguns títulos importantes que serão abordados


em itens específicos, por terem sido citados individualmente no edital
(Títulos provenientes de operação de securitização, como CRI e CRA, e
títulos de depósito a prazo, como o CDB e o RDB).

3.1 Debêntures

As debêntures são valores mobiliários emitidos pelas sociedades


anônimas, que representam uma dívida dessas sociedades, assegurando
aos seus detentores, também chamados de debenturistas, direito de
crédito contra a companhia emissora. Normalmente, são títulos emitidos
com médio a longo prazos de duração.

As empresas costumam emitir debêntures com o intuito de financiar seus


projetos de investimento, como também para alongar o perfil de suas

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dívidas, seu passivo exigível. O título promete pagar ao debenturista o
capital investido acrescido de juros em uma data futura.

O prazo de vencimento das debêntures costuma ser definido já no


lançamento, porém, em alguns casos, as debêntures podem ter duração
indeterminada.

Existe a opção de se emitir debêntures com cláusula de repactuação, a


qual define datas para que os debenturistas e os emissores redefinam os
rendimentos do título dali em diante.

As debêntures são títulos que possuem garantias de pagamento


vinculadas aos ativos da companhia emissora. Porém, essa garantia pode
se dar de diversas formas, conforme podemos ver a seguir:

 Garantia Real: Ativos da emissora são dados como garantia aos


debenturistas. A empresa não pode negociar os ativos dados em garantia
até o vencimento do prazo das debêntures ou seu resgate antecipado. O
valor de debêntures com garantia real não pode ultrapassar 80% dos
ativos da companhia;

 Garantia Flutuante: A companhia não fica impedida de negociar os


bens dados como garantia, mas os debenturistas acabam tendo
prioridade na liquidação desses bens em relação a qualquer outro credor;

 Garantia Quirografária: Os debenturistas e os demais credores


estão em pé de igualdade em termos de prioridade com relação aos
ativos da emissora;

 Garantia Subordinada: Neste caso, os debenturistas só têm


prioridade de recebimento em caso de liquidação da companhia, e
somente em relação aos acionistas. Todos os demais credores terão
prioridade sobre os debenturistas.

A debênture pode pagar juros periodicamente ou apenas ao final, no


momento do resgate do título.

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A remuneração destes títulos pode se dar de várias formas: Taxas
prefixadas, taxas flutuantes reajustadas em períodos fixos, índice de
preços mais taxa de juros fixa, ou até com participação nos lucros,
agregando características de renda variável ao título.

O Banco Central proíbe que instituições financeiras bancárias emitam


debêntures, portanto, os emissores poderão ser as sociedades anônimas
com exceção das instituições financeiras bancárias.

Apenas as sociedades anônimas de capital aberta podem fazer oferta


pública de debêntures no mercado, as de capital fechado só podem fazer
distribuições restritas, para poucos e grande investidores, conhecidos
como investidores qualificados.

Não se pode emitir debênture com cláusula de variação cambial ou com


mais de uma base de remuneração (mais de um índice de preços, por
exemplo), a não ser que haja repactuação entre as partes e definição de
um novo índice.

Para que haja a emissão de uma debênture por uma companhia, deve
haver a decisão inicial pela assembleia de acionistas, o registro
subseqüente na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e na CETIP (fará o
controle de titularidade por negociação), a coordenação da emissão, que
poderá ser privada (já existem os compradores bem definidos) ou pública
(os títulos serão ofertados publicamente no mercado com coordenação de
uma instituição financeira) e a definição do agente fiduciário, que zelará
pelos interesses dos debenturistas, intermediando a comunicação entre
eles e a instituição emissora, bem como provendo-os de informações
atualizadas sobre as aplicações.

As debêntures podem ser simples ou conversíveis em ações, sendo as


últimas passíveis de serem resgatadas em ações da companhia emissora
de acordo com regras definidas antes da emissão.

Vamos agora falar de um outro título de dívida privada importante, as


letras de câmbio.

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3.2 Letras de Câmbio

A Letra de Câmbio é um título que se origina de um contrato de


financiamento celebrado entre uma instituição financeira e um
consumidor de bens e serviços ou um tomador de crédito pessoal. Sendo
assim, as financeiras (que dão crédito pessoal) também podem emiti-las.

Esse tipo de título foi criado com o intuito de a instituição que cedeu o
crédito ao consumidor de bens e serviços poder antecipar o recebimento
dos valores. Neste caso, quem se interessará em receber os valores ao
longo do tempo, da forma como foi cedido o crédito ou o financiamento,
será o investidor, que, para isso, exigirá um rendimento coerente com os
riscos envolvidos.

Existe a figura do Sacador, aquele que emite a ordem de pagamento da


Letra de Câmbio, normalmente é quem procura a instituição financeira
que deu o crédito ao consumidor e se interessa em transformar esse
crédito em um título negociável, ou seja, a Letra de Câmbio. Existe
também a figura do Sacado ou Aceitante, que é quem pagará a Letra de
Câmbio, ou seja, é a instituição financeira que concedeu o crédito ao
consumidor e aceitou esse risco, porém, ela é quem terá a obrigação de
honrar o pagamento junto ao Sacador.

Por fim, existe a figura do Tomador, que se refere a quem compra a Letra
de Câmbio através do sistema de distribuição de títulos e valores
mobiliários. Seria este último o investidor, aquele que comprou a Letra de
Câmbio a fim de obter o rendimento desejado com o título.

A garantia desta operação é dada pelo Aceitante ou Sacado, através de


contrato de abertura de crédito, onde afirma ter fundos para liquidar a
obrigação na data de resgate.

O tipo de rendimento poderá ser prefixado ou pós-fixado, depende de


como se dá a atualização do saldo devedor ao longo da vida da operação.

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Os rendimentos podem ser pagos apenas ao final, juntamente com o
principal, ou ao longo da vida da operação, por exemplo, mensalmente.

O resgate só pode ser exigido na data do vencimento, porém, o título


pode ser negociado no mercado secundário com deságio.

A emissão do título é vinculada aos contratos de financiamento que lhes


deram origem e limitada a um valor que é função do Patrimônio Líquido
do Aceitante ou Sacado.

Vamos agora falar sobre outros títulos de dívida privada, porém, de uma
forma um pouco mais resumida, sendo que alguns deles serão tratados
de forma mais detalhada nas próximas seções desta aula, por estarem
sendo cobrados explicitamente no edital.

3.3 Outros Títulos de Dívida Privada

A tabela abaixo traz uma gama de títulos de dívida privada que existem
no mercado. Iremos passar resumidamente por cada um deles, citando
apenas as suas principais características.

Título Características
Conhecimento de Título emitido por armazém-geral para os
Depósito / warrant depositantes de mercadorias. Certificado negociável
que confere aos depositantes a capacidade de
negociar mercadorias em depósito. Em vez de as
mercadorias circularem, circulam os títulos que as
representam.
Cédula de Crédito Título emitido por pessoa física ou jurídica em favor
Bancário - CCB de instituição financeira ou de entidade a esta
equiparada, representando promessa de pagamento
em dinheiro, decorrente de operação de crédito, de
qualquer modalidade.
Cédula de Crédito Título que representa créditos imobiliários, emitido

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Imobiliário - CCI pelo credor deste, que pode ser de natureza integral,
quando representar a totalidade do crédito, ou
fracionário, quando representar parte dele.
Cédula de Valor mobiliário, com lastro em debêntures, emitido
Debêntures por bancos comerciais, bancos de investimento,
bancos de desenvolvimento e bancos múltiplos com
carteira comercial, de investimento ou de
desenvolvimento.
Cédula de Produto Título no qual o emitente, produtor rural (pessoa
Rural - CPR física ou jurídica) ou cooperativa de produção, vende
antecipadamente uma certa quantidade de
mercadoria, recebendo o valor negociado (ou
insumos) no ato da venda e comprometendo-se a
entregá-la na qualidade e no local acordado em uma
data futura.
Cédula Pignoratícia Cédula garantida pelo penhor de debêntures, que
de Debêntures confere aos seus titulares direito de crédito contra o
emitente, pelo valor nominal e os juros nela
estipulados.
Certificado de CCB Título emitido por instituições financeiras,
representando CCBs, de diferentes valores, prazos e
condições de remuneração, de propriedade da
própria instituição ou de terceiros.
Certificado de Promessa de pagamento, à ordem, da importância
Depósito Bancário do depósito, acrescida do valor dos juros
– CDB convencionados. Pode ser renegociado por endosso.
Certificado de Título emitido por instituições financeiras com
Depósito objetivo de captar recursos de outras instituições
Interfinanceiro – financeiras; As instituições superavitárias emprestam
CDI para as deficitárias; Chama-se também de CDI a
taxa que remunera estas operações.

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Certificado de Documento nominativo ou endossável que certifica a
Investimento propriedade e a existência de determinado
investimento, como nos fundos e clubes de
investimento.
Certificado de Valor mobiliário lastreado em créditos imobiliários,
Recebíveis de emissão exclusiva das companhias
Imobiliários - CRI securitizadoras, criado para a captação de recursos
dos investidores institucionais, em prazos
compatíveis com as características do financiamento
imobiliário.
Commercial Paper Nota promissória emitida por uma empresa no
mercado local ou externo, para captar recursos de
curto prazo.
Letra de Crédito Título emitido por bancos comerciais, bancos
Imobiliário - LCI múltiplos com carteira de crédito imobiliário, Caixa
Econômica Federal, sociedades de crédito imobiliário,
associações de poupança e empréstimo, companhias
hipotecárias e demais espécies de instituições que
venham a ser autorizadas pelo Banco Central.
Emitido sob a forma nominativa, pode ser
transferível mediante endosso. É lastreado por
créditos imobiliários garantidos por hipoteca ou por
alienação fiduciária de coisa imóvel, conferindo aos
seus tomadores direito de crédito pelo valor nominal,
juros e, se for o caso, atualização monetária nelas
estipulados.
Letra Hipotecária Título de crédito de emissão privativa das instituições
autorizadas a fornecer crédito hipotecário, garantido
pelo penhor de créditos hipotecários, conferindo aos
seus tomadores direito de crédito pelo valor nominal,
atualização monetária e juros nela estipulados.

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Investimento remunerado por TR + Cupom,
vinculado a um contrato de swap em CDI, contratado
por prazos de 6 a 24 meses.
Letra Imobiliária Título emitidos por Sociedades de Crédito Imobiliário
ou pelos Bancos Múltiplos com carteira imobiliária.
Nota Promissória Título de crédito emitido pelas companhias, para
colocação pública, que confere a seu titular direito de
crédito contra a emitente. Título de crédito pelo qual
o emitente promete pagar ao tomador (beneficiário)
determinada quantia no tempo e no lugar fixados na
nota. Em operações no mercado externo, commercial
paper.
Recibo de Depósito Promessa de pagamento, à ordem, da importância
Bancário - RDB do depósito, acrescida do valor dos juros
convencionados. Não é endossável.
Fonte: Mercado de Capitais – O que é e como funciona – CNB – Campus – Sexta Edição

4. Securitização

Securitização é um procedimento que foi criado para permitir que uma


companhia ou uma empresa, por exemplo, pudesse captar recursos sem
ter que assumir uma dívida, sem ter que aumentar sua alavancagem
financeira.
Como sabemos, muitas empresas possuem uma carteira de recebíveis, ou
seja, valores a serem recebidos no futuro dos seus clientes. As empresas
podem usar esses recebíveis para captar recursos. Com a securitização de
uma carteira de recebíveis da empresa, pode-se emitir títulos no mercado
financeiro com lastro em tais recebíveis, sendo que esses títulos seriam
emitidos por uma outra companhia, chamada de companhia
securitizadora.
A companhia securitizadora, que será a emissora dos títulos no mercado
financeiro, os quais serão lastreados pelos recebíveis cedidos pela

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empresa, deverá obrigatoriamente ser uma sociedade anônima de capital
aberto.
O processo todo ocorre por meio das seguintes etapas:
1) A empresa que deseja captar recursos, e que tenha uma carteira de
recebíveis (direitos de crédito), procura uma companhia
securitizadora que possa securitizar tais recebíveis;
2) A companhia securitizadora, ao aceitar realizar a operação, emite
títulos a serem distribuídos no mercado financeiro com lastro nos
recebíveis cedidos pela empresa. Tais recebíveis são cedidos
obviamente com deságio, para que possa haver rendimento atrativo
aos compradores dos títulos a serem emitidos;
3) Os recursos obtidos com a venda de tais títulos no mercado
financeiro são direcionados à empresa que cedeu os recebíveis à
securitizadora; e
4) Conforme os devedores desses recebíveis forem honrando seus
compromissos, tais valores são diretamente depositados em contas
especiais (geridas pela securitizadora) criadas para amortizar os
títulos emitidos no mercado por meio da securitização, resultado do
processo conhecido como alienação fiduciária dos recebíveis. Com a
alienação fiduciária, o antigo credor dos créditos cedidos não tem
acesso aos recursos pagos pelos devedores, exatamente para
proteger tais recursos, os quais só poderão ser usados para
amortizar os títulos emitidos.

Conforme pudemos observar, a empresa que cedeu os direitos de crédito


recebeu os recursos de que precisava no momento em que os
investidores compraram os títulos emitidos no processo de securitização,
não configurando, dessa forma, uma nova dívida para essa empresa, a
qual recebeu dinheiro à vista e cedeu direitos de crédito, apenas.

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Já os investidores compraram um título e por ele pagaram à vista, com o
intuito de receberem um rendimento considerado por eles justo, levando-
se em conta o risco de tais direitos de crédito que lastreiam a operação.

A companhia securitizadora, para efetuar o seu trabalho, ou seja,


estruturar a operação e emitir os títulos, ficou, obviamente, com um
percentual do valor de toda a securitização.

Por fim, para os devedores dos direitos de crédito nada mudou, dado que
eles terão que pagar as suas dívidas da mesma forma, com ou sem
securitização.

É importante ressaltar que antes de a operação ser finalizada, ou seja, os


títulos serem emitidos no mercado, deve se ter pronto um documento
chamado Termo de Securitização, que especificará todos os recebíveis
que estão sendo securitizados, seus devedores, credores, fluxo previsto
de pagamento, entre outras informações.

Esse documento é que garante que o fluxo dos recursos pagos pelos
devedores serão destinados única e exclusivamente para o pagamento
dos títulos emitidos.

Ressalta-se também que apenas investidores classificados como


qualificados, segundo normas expedidas pela CVM, é que podem
subscrever (investir) em títulos oriundos do processo de securitização.

Abaixo podemos ver uma figura simplificada do processo de securitização


relatado nas etapas de 1) a 4):

4) $$$

1) Recebíveis 2) Títulos
Empresa Companhia Investidores
Recebíveis Securitizadora
3) $$$ 3) $$$

Relação de crédito original

Credores 4) $$$

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Os principais títulos emitidos no processo de securitização são os


Certificados de Recebíveis Imobiliários – CRI, os Certificados de
Recebíveis do Agronegócio – CRA e as cotas de Fundos de Investimento
em Direitos Creditórios – FIDC.
Os CRI são títulos emitidos com lastro em créditos imobiliários, ou seja,
apenas dívidas caracterizadas como sendo imobiliárias é que podem ser
usadas para lastrear a emissão desses títulos. O CRI foi criado com o
intuito de promover o desenvolvimento do setor imobiliário brasileiro, já
que representa uma alternativa de captação eficiente para as empresas
envolvidas no setor imobiliário, que passaram a poder usar créditos
imobiliários de suas carteiras para captar recursos que permitirão realizar
novos investimentos.
O CRA é igual ao CRI, com a única diferença de só poder ser emitido com
lastro em créditos provenientes do agronegócio. Assim como o CRI, o CRA
foi criado com o intuito de desenvolver o setor agrícola brasileiro.
Já o FIDC, sendo um fundo de investimento, pode emitir cotas e comprar
direitos creditórios diversos, não tendo necessidade de definir já de cara o
lastro das cotas, como é feito no termo de securitização do CRI e do CRA.
Os direitos creditórios em um FIDC podem ir sendo substituídos à vontade
ao longo da vida do fundo, respeitando apenas alguns parâmetros de
concentração por devedor, cedente, etc.

5. Operações Compromissadas

Operações compromissadas são aquelas em que o vendedor de um título


assume a obrigação, junto ao comprador do titulo, de recomprá-lo em
uma data futura por um preço pré-estabelecido.

Essa operação é chamada de venda com o compromisso de recompra.


Vejam que na essência essa operação seria um empréstimo com um título
sendo dado como garantia. Aquele que vende o título com compromisso
de recomprá-lo em data futura obtém recursos na abertura da operação.

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No vencimento da operação, a parte que inicialmente obteve recursos irá
recomprar o título e devolver os recursos à outra parte, acrescidos dos
juros anteriormente negociados.

O que é negociado, na realidade, é o preço do título na venda inicial e na


recompra, sendo que o preço da recompra será superior ao da venda no
valor dos juros da operação. Caso a parte que prometeu recomprar o
título no vencimento da operação não o faça, a outra parte poderá alienar
esse título no mercado para recompor os recursos que não foram pagos.

Existem operações em que há a venda com compromisso de recompra de


um lado, bem como a compra com compromisso de revenda do outro
lado. Neste caso, ambas as partes se comprometem com a segunda parte
da operação, ou seja, a recompra/revenda do título.

Mas pode haver também a venda com o compromisso de recompra sem


haver a compra com o compromisso de revenda. Nesta situação, a parte
que recebe o título irá decidir, dependendo de quanto estiver valendo tais
títulos no mercado no vencimento da operação, se vale a pena revendê-
los à outra parte ou não, sem ter, portanto, o compromisso de revenda.
Mas caso seja interessante que haja a recompra do título pela outra
parte, poderá exigir isso, dado que houve a venda com o compromisso de
recompra.

Existe também a compra com compromisso de revenda sem ter do outro


lado a venda com compromisso de recompra. Neste caso, aquele que
pegou dinheiro emprestado pode escolher não recomprar o título no
vencimento da operação, deixando-o em possa da outra parte.

Os bancos costumam manter uma carteira de títulos, os quais costumam


ser usados para realizar operações compromissadas, mas não é qualquer
título que pode ser usado nessas operações. Abaixo podemos ver os
títulos que são admitidos em operações dessa natureza:

(i) Títulos de emissão do Tesouro Nacional (Títulos Públicos) ou


do Banco Central do Brasil;

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(ii) Créditos securitizados pelo Tesouro Nacional;

(iii) TDA - Títulos da Dívida Agrária de emissão do Incra;

(iv) Títulos estaduais e municipais;

(v) CDB - Certificados de Depósito Bancário;

(vi) CCB - Cédulas de Crédito Bancário e CCCB - Certificados de


Cédulas de Crédito Bancário;

(vii) LC - Letras de Câmbio de aceite de instituições financeiras e


LH - Letras Hipotecárias;

(viii) LCI - Letras de Crédito Imobiliário e CCI - Cédulas de Crédito


Imobiliário;

(ix) Debêntures e Cédulas de Debêntures;

(x) Notas Comerciais;

(xi) CRI - Certificados de Recebíveis Imobiliários;

(xii) Cédulas de Produto Rural com liquidação financeira;

(xiii) CDCA - Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio,


LCA - Letras de Crédito do Agronegócio, CRA - Certificados de
Recebíveis do Agronegócio;

(xiv) CCE - Cédulas de Crédito à Exportação e NCE - Notas de


Crédito à Exportação; e

(xv) Outros títulos que venham a ser autorizados pelo Banco


Central do Brasil.

Há também restrições com relação às partes que podem realizar este tipo
de operação, sendo que pelo menos uma das partes deverá ser:
(i) banco múltiplo;
(ii) banco comercial;
(iii) banco de investimento;
(iv) banco de desenvolvimento;
(v) sociedade de crédito, financiamento e investimento;

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(vi) sociedade corretora de títulos e valores mobiliários;
(vii) sociedade distribuidora de títulos e valores mobiliários; ou
(viii) a Caixa Econômica Federal.

As operações compromissadas são realizadas no mercado de balcão


organizado, com registro na Selic, Cetip ou no mercado de balcão da
BM&FBovespa, dependendo do título que for usado como lastro da
operação.

O motivo mais comum para a realização de operações compromissadas é


o fato de uma instituição financeira estar precisando temporariamente de
recursos, mas, por outro lado, não deseja se desfazer de parte da sua
carteira de títulos. Para contornar a situação, a instituição pode vender
parte desses títulos com o compromisso de recomprá-los numa data
futura, pagando por eles um preço que contemplaria os juros da
operação.

Observa-se no mercado que os principais motivos que levam as


instituições financeiras a efetuarem esse tipo de operação são:

1) Necessidade de Crédito: As instituições podem precisar de


recursos de forma rápida, e as operações compromissadas, por
terem a garantia dos títulos envolvidos, costumam ser realizadas
mais rapidamente que a emissão de um CDB, por exemplo;

2) Custos: As operações compromissadas costumam ter uma taxa


de juros embutida menor, dado que os títulos dados em garantia
costumam ser de baixo risco de crédito, o que minimiza o risco
da operação;

3) Oportunidade: Muitas vezes os bancos têm títulos antigos que


estão pagando juros acima da média do mercado. É interessante
para eles realizar operações compromissadas utilizando esses
títulos, dado que obteria um dinheiro a um custo abaixo dos
juros que os títulos estão pagando, sem ter que se desfazer dos

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mesmos. Na prática, o banco repassaria para a outra parte uma
parcela dos juros dos títulos que estão pagando juros acima do
mercado, obteriam recursos de que necessitam e ainda
receberiam pelos seus títulos uma taxa de juros coerente com o
momento atual de mercado; e

4) Não contribuição para o FGC: Outras formas de se obter


recursos, como a emissão de um CDB, requer que parte dos
recursos obtidos sejam depositados para o FGC. Os recursos
obtidos com as operações compromissadas não geram
obrigações junto ao FGC, dado que tais operações não são
protegidas pelo FGC.

Na maioria das operações compromissadas, a rentabilidade é vinculada ao


CDI, ou seja, à rentabilidade média dos certificados de depósitos
interfinanceiros, sobre o qual veremos com mais detalhes ainda nesta
aula. Tal rentabilidade é definida no momento da abertura da operação,
podendo ser prefixada ou pós-fixada, não sendo permitida a utilização de
cláusula de reajuste cambial, sendo a única exceção quando são utilizados
no lastro da operação títulos com remuneração vinculada à variação
cambial, caso da NTN D.

Os riscos de se realizar operações compromissadas costumam ser baixos,


dado que existe um título como garantia da operação. Não obstante, caso
esse título não seja público e sim privado, há que se mensurar o risco de
crédito do emissor, pois caso a operação não seja liquidada, esse será o
título que será recebido pela parte inadimplida.

Nas operações compromissadas apenas o Imposto de Renda é cobrado


como tributo, sendo a alíquota incidente apenas sobre os rendimentos da
operação e decrescente conforme o prazo da transação, de acordo com as
faixas abaixo:

 Aplicações de até 180 dias: 22,5%;

 Aplicações de 181 a 360 dias: 20%;

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 Aplicações de 361 a 720 dias: 17,5%; e

 Aplicações acima de 720 dias: 15%.

Quem fecha uma operação dessas com um banco não precisa se atentar
para a forma de pagamento dos impostos, dado que o próprio banco
recolhe para o fisco a parte que lhe é devida, repassando à outra parte,
no vencimento da operação, o rendimento bruto descontado do imposto
de renda.

Além disso, os bancos muitas vezes podem cobrar alguma taxa de


transação da outra parte.

Por fim, cabe destacar algumas desvantagens desse tipo de transação,


tais como, não ser garantida pelo FGC, ser taxada em Imposto de Renda
e ter um rendimento baixo, dado o baixo risco da operação.

6. Depósito a prazo e depósito interfinanceiro

Depósitos a prazo são tipos de aplicação que os bancos oferecem aos


seus clientes como sendo de remuneração atrativa e baixíssimo risco,
dado que são garantidas pelo FGC. São uma das formas de o banco obter
recursos para poder emprestar no mercado, sem ter que se preocupar
tanto com o risco de saques, o que ocorre com os depósitos à vista.

Os dois principais tipos de depósito a prazo são o CDB (Certificado de


Depósito Bancário) e o RDB (Recibo de Depósito Bancário). Vamos falar
mais detalhadamente sobre eles.

Já o depósito interfinanceiro ou CDI (Certificado de Depósito


Interfinanceiro) é um título negociado entre instituições financeiras com
vistas a permitir a alocação de recursos entre instituições deficitárias e
superavitárias.

Vamos tratar destes 2 grupos de títulos separadamente.

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6.1 Depósito a prazo (CDB e RDB)

O CDB e o RDB são títulos emitidos pelos bancos e costumam ser


vendidos aos clientes das agências bancárias, representando, portanto,
uma ferramenta para captação de recursos. São títulos registrados na
Cetip (Central de Custódia de Títulos Privados).

Parte dos recursos captados com os CDB e RDB são utilizados pelos
bancos com vistas a financiar o crédito direto ao consumidor – CDC, por
meio, por exemplo, do cheque especial, de empréstimos para capital de
giro das empresas, concessão de financiamento para a compra de bens e
serviços, entre outros.

Na prática, esses títulos representam uma dívida da instituição financeira


para com o investidor. A remuneração desses papéis pode ser prefixada,
quando o investidor saberá desde o início da operação o valor a ser
resgatado ao final, ou pós-fixada, quando o título terá sua remuneração
atrelada à variação do CDI.

Uma vez fechada a operação e definido o prazo de resgate, caso o


investidor queira negociar o CDB antes do vencimento, ele pode, mas,
dependendo de quantos dias se passaram desde a abertura da operação,
poderá haver a incidência de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF),
além do Imposto de Renda, que sempre irá incidir sobre os rendimentos
auferidos.

Dependendo do CDB, existe a possibilidade de resgate antes do prazo de


vencimento, sendo que algumas vezes um prazo mínimo deve ser
observado para que se possa efetuar o resgate. Já os RDB não podem ser
negociados nem transferidos antes do vencimento.

Entretanto, é importante notar que caso um CDB seja vendido antes do


seu vencimento, poderá haver uma perda de rentabilidade para o
investidor, já que a instituição que aceite comprar esse título poderá, de
acordo com as condições de momento do mercado, exigir um deságio
para fechar a transação.

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Já se houver um resgate antecipado do CDB, este será feito por uma nova
cotação, ou seja, a recompra pelo emissor será feita pela taxa de
mercado negociada no momento do referido resgate. Sendo assim,
quando se trata de resgates antecipados, não existe garantia de que a
taxa inicialmente negociada será mantida, o que resultará em um valor de
resgate maior ou menor que o previsto pela taxa inicial da aplicação.

A remuneração dos CDB são fixadas de acordo com a necessidade que os


bancos têm de captação, bem como de acordo com o volume que poderá
ser aportado pelo comprador do CDB, ou seja, quanto maior a
necessidade do banco de obter recursos e maiores forem os valores que
um aplicador esteja disposto a aplicar em CDB, maiores poderão ser as
remunerações oferecidas.

Ademais, quando os bancos emissores são mais seguros, seus CDB e RDB
possuem menor risco de crédito, logo, podem pagar uma remuneração
menor do que aquela paga por bancos que possuem maior risco de
crédito.

A rentabilidade do CDB e do RDB é contabilizada diariamente, ou seja,


todos os dias em que o extrato da aplicação for consultado, o saldo
contemplará a remuneração obtida até o dia anterior à consulta.

Caso haja o resgate de um CDB em menos de 30 dias após a sua


emissão, o investidor deverá pagar IOF pela tabela regressiva sobre a
rentabilidade auferida, afetando de forma negativa a rentabilidade. Além
do IOF, o investidor terá que pagar Imposto de Renda.

A tabela regressiva do IOF tributa o rendimento do CDB, e também do


RDB, em 96%, quando a operação vence ou é resgata em apenas 1 dia
após a sua abertura, e decresce até 0%, no caso de passados 30 dias da
abertura da operação. Para resgates ou vencimento entre 1 e 30 dias,
essa alíquota cai de maneira uniforme.

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As alíquotas de Imposto de Renda incidentes sobre os rendimentos dos
CDB e RDB são as mesmas que incidem sobre as operações
compromissadas, ou seja:

 Aplicações de até 180 dias: 22,5%;

 Aplicações de 181 a 360 dias: 20%;

 Aplicações de 361 a 720 dias: 17,5%; e

 Aplicações acima de 720 dias: 15%.

O risco do CDB está relacionado à solidez da instituição emissora do


título, ou seja, caso o banco emissor quebre, você pode não receber
aquilo que aplicou acima do que for coberto pelo FGC.

Como o risco dos CDB e RDB estão ligados à solidez dos bancos
emissores, bancos menores, menos sólidos, podem ter que oferecer uma
remuneração acima da média oferecida pelos bancos mais sólidos, com
vistas a atrair os recursos dos investidores.

Como já dissemos, a rentabilidade dos CDB e RDB normalmente está


vinculada a um percentual do CDI. Normalmente o título é emitido
pagando, por exemplo, 90% do CDI, 100% do CDI, ou até taxas acima do
CDI, como 105% do CDI.

Suponha que um CDB prometa pagar 105% do CDI. Suponha também


que o CDI no período considerado tenha sido de 9%. A remuneração do
CDB será calculada da seguinte forma:

Remuneração CDB = 9% x 105% = 0,09*1,05 = 9,45%.

Além de poderem variar de acordo com o CDI, os CDB pós-fixados podem


ter rendimentos vinculados ao IPCA, IGPM e INPC, os quais dariam ao
investidor uma proteção contra os efeitos da inflação.

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6.2 Certificado de Depósito Interfinanceiro - CDI

O CDI é um título que foi criado com o intuito de permitir que as


instituições financeiras possam alocar recursos entre si.

Todos os dias, existem instituições que precisam de recursos para atender


à demanda de saques, e outras que possuem sobras de recursos. As
instituições deficitárias, que necessitam de recursos, podem emitir CDI e
vender para aquelas que têm sobras de recursos, de modo a realizar essa
alocação de capital de forma satisfatória para ambas as partes.

O Banco Central proíbe que as instituições financeiras terminem o dia


deficitárias, ou seja, caso isso aconteça, ou essas instituições terão que
recorrer ao mercado interbancário, vendendo CDI a outras instituições,
obtendo assim o capital de que necessitam, ou, caso não exista
compradores interessados nesses CDI, tais instituições deficitárias
deverão obter recursos junto ao Bacen, por meio de uma operação
punitiva chamada de redesconto, cuja taxa de juros costuma ser acima da
média.

As principais características dos CDI são:

 São emitidos e transacionados somente por instituições financeiras;

 Não há a incidência de qualquer imposto sobre o rendimento dos


CDI;

 As operações com CDI são registradas na Cetip.

As taxas de juros embutidas nas operações com CDI formam uma das
taxas mais importantes do mercado, qual seja, a taxa DI, divulgada pela
Cetip.

Inclusive, essa taxa é negociada no mercado futuro por meio dos


contratos DI de 1 dia. Esses contratos futuros é que formam a curva de
juros brasileira, onde é possível obter taxas de juros de partida para se
precificar títulos com diferentes prazos de vencimento. Mas isso é assunto
para a nossa quinta aula.

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Uma última consideração que deve ser feita é que as taxas DI costumam
ser muito próximas às taxas de juros embutidas nas transações com
títulos públicos, ou seja, a taxa Selic. Isso ocorre devido ao fato de as
instituições financeiras, em grande parte, terem bom risco de crédito, o
que faz com que as taxas de juros cobradas por títulos de sua emissão
sejam próximas àquelas cobradas por títulos de emissão do governo.

7. Ações

Pessoal, vamos tratar de um assunto agora que costuma ser de interesse


de muita gente. As ações representam investimento em renda variável,
ou seja, ao se aplicar em ações, não se sabe qual será o rendimento da
aplicação, nem mesmo qual indexador esse rendimento irá seguir, como
se sabe ao aplicar-se em títulos de renda fixa, sobre os quais falamos até
o momento.

As ações representam um investimento de risco, mas que pode trazer


retornos expressivos quando investido a longo prazo.

Mas o que vem a ser uma ação? Uma ação nada mais é do que a menor
parcela do capital social de uma empresa. Quem tem uma ação é, na
realidade, um dos donos da empresa e, com isso, tem direito a obter
participação nos resultados da mesma. As ações costumam ser
negociadas em bolsa de valores ou mercado de balcão organizado e seus
preços variam de acordo com as forças da oferta e demanda.

As ações podem ser Ordinárias (com direito a voto em assembleia de


acionistas) ou Preferenciais (com preferências na distribuição dos
resultados, porém, sem direito a voto). Detalharemos melhor esses 2
tipos adiante.

Outra forma de classificar as ações é como Nominativas (quando o nome


do proprietário encontra-se registrado no livro de registro das ações) ou
Escriturais (quando a titularidade está registrada apenas em sistemas

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eletrônicos e sua transferência é feita também por meio destes sistemas,
dispensando registro no livro de acionistas).

Existem ainda as ações de fruição ou de gozo, ou partes beneficiárias.


Estas representam interesses específicos dos sócios fundadores das
empresas e não são negociadas em mercados organizados (bolsa ou
balcão organizado).

Vamos detalhar agora as características das ações Ordinárias e


Preferenciais.

7.1 Ações Ordinárias

O grande diferencial das ações ordinárias em relação às preferenciais é o


fato de as ordinárias darem aos seus detentores o direito de voto na
Assembleia de Acionistas da companhia emissora das ações. A Assembléia
de Acionistas é onde se decide todas as situações importantes e
estratégicas para a empresa. Ali efetivamente se mostra o controle da
companhia. Decide-se sobre os movimentos estratégicos, as contas
patrimoniais, o destino dos lucros, a escolha da diretoria, bem como as
alterações no estatuto social da empresa.

Cada ação ordinária dá direito a um voto na assembleia. Com isso, aquele


acionista que obtiver mais de 50% das ações ordinárias terá o controle da
companhia. Muitas vezes, o controle da empresa está pulverizado, ou
seja, não existe um investidor com mais de 50% das ações ordinárias.
Nestes casos, o controle costuma ser exercido por um grupo de
investidores que se identificam, formam uma aliança de poder, ou por um
grupo que tenha grande força empresarial e, por costume, dita as ordens
nas assembleias.

Em mercados pouco desenvolvidos, o controle costuma ser exercido por


quem tenha, realmente, mais de 50% das ações ordinárias. Já em
mercados mais desenvolvidos, como nos Estados Unidos, esse controle

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chega a ser exercido por investidores que detenham apenas 5% do
capital votante.

A legislação brasileira exige que o capital social de uma empresa seja


composto, no mínimo, por 50% de ações ordinárias. Isso significa que,
caso uma empresa tenha 50% de ações ordinárias e 50% de
preferenciais, o seu controle poderia estar sendo exercido por quem
detenha apenas 25% das ações da empresa, ou seja, metade mais uma
ação do total de ações ordinárias.

Vamos agora tratar das ações preferenciais!

7.2 – Ações Preferenciais

Como já foi citado anteriormente, as ações preferenciais não garantem


direito a voto na assembleia de acionistas. Porém, dão ao seu detentor
algumas preferências em relação às ações ordinárias, como na
distribuição dos resultados (dividendos), no reembolso do capital
investido (em caso de dissolução da empresa) e na acumulação de ambas
as situações.

A lei diz que só serão admitidas à negociação ações preferenciais sem


direito a voto ou com restrição ao exercício deste direito, caso seja dada
uma das vantagens abaixo:

 Participar do dividendo a ser distribuído de no mínimo 25% do lucro


líquido do exercício, tendo prioridade no recebimento deste
dividendo enquanto o mesmo não alcançar, pelo menos, 3% do
valor do patrimônio líquido por ação. Após o valor dos dividendos
ter alcançado os 3% do patrimônio líquido por ação, o detentor de
ações preferenciais passará a ter direito de participar dos
dividendos em igualdade de condições com os acionistas
ordinaristas;

 Receber dividendo, pelo menos, 10% maior do que o destinado aos


acionistas ordinaristas;

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 Ser incluído em oferta pública de alienação de controle, caso venha
a acontecer, e receber dividendo pelo menos igual ao do acionista
ordinário.

Em caso de não pagamento de dividendos por 3 exercícios consecutivos,


as ações preferenciais passam a ter poder de voto na assembleia de
acionistas. Além disso, acionistas minoritários (detentores de ordinárias
exceto controlador e pessoas vinculadas) que possuam mais de 15% do
capital votante ou aqueles preferencialistas que possuam mais de 10% do
capital social da empresa têm direito a eleger 1 membro para o conselho
de administração da companhia.

Pode-se dizer que quando o mercado acionário está ainda em


desenvolvimento, não costuma ocorrer disputa pelo controle das
empresas e as ações ordinárias são menos atraentes. As preferenciais são
as mais desejadas, dado que representam participação freqüente no
resultado e maior liquidez. Já em mercados mais evoluídos, as
preferenciais perdem atratividade em relação às ordinárias. Em mercados
bem desenvolvidos, as vezes o interesse pelas preferenciais até inexiste.
Todos os direitos de cada tipo de ação de uma companhia encontram-se
descritos no estatuto social da mesma.

7.3 – Ações Nominativas

Como já vimos no início da parte sobre ações, as ações nominativas são


aquelas cujos dados do título, bem como do seu proprietário, são
registrados no livro de registro das ações nominativas. Além do registro
no livro, existe a cautela, ou seja, um documento que representa a ação.
Este documento identifica dados como: a companhia emissora, o
proprietário, o tipo da ação, a forma de emissão, bem como os direitos já
exercidos nas assembleias de acionistas.

Quando se negocia uma ação nominativa, sua titularidade deve ser


alterada no livro de registro de transferência de ações nominativas. Ao se

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chegar a uma assembleia de acionistas, tais registros atualizados
permitem que os votantes sejam identificados e que não haja problemas
em relação a quem tem direito ou não de votar.

7.4 – Ações Escriturais

As ações escriturais se caracterizam pela ausência de cautela ou qualquer


documento físico que confirme a titularidade das ações. Tudo é registrado
em meio eletrônico. As ações são escrituradas por uma instituição
financeira, que tem o dever de tratar de todas as operações realizadas,
atualizar a titularidade dos registros e processar os pagamentos dos
direitos dos titulares. Tudo isso pode ser comprovado por meio de
estratos eletrônicos.

Hoje em dia, a grande maioria das ações em circulação no mercado são


escriturais.

7.5 – Valores das Ações

O preço das ações no mercado se movimentará de acordo com as


perspectivas de compradores e vendedores quanto ao resultado da
empresa no médio/longo prazo. Porém, existem diversas maneiras de
avaliar o valor de uma ação, cada uma ligada a um conceito diferente.

Existe o Valor Contábil de uma ação, que é o valor lançado no estatuto e


nos livros da companhia quando da emissão da ação.

Há também o Valor Patrimonial, que nada mais é do que o valor do


Patrimônio Líquido dividido pelo número de ações emitidas.

Além destes, há o Valor Intrínseco, aquele que é calculado por meio de


análise fundamentalista (análise dos fluxos de caixa previstos para o
futuro e trazidos a valor presente, subtraindo-se as dívidas).

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Ainda há o Valor de Liquidação, valor a ser recebido por cada acionista
em caso de liquidação da companhia, onde são vendidos todos os ativos e
liquidados todos os passivos da empresa.

Existe também o Valor Unitário, quociente entre o valor do capital social


realizado e o número de ações emitidas.

O Valor de Subscrição é um outro conceito, onde se considera o preço de


emissão fixado em subscrições para aumento de capital.

E por último, existe o Valor de Mercado, que nada mais é do que o


negociado em Bolsa de Valores ou qualquer outro mercado organizado.

7.6 – Os Resultados Econômicos das Ações

As ações dão resultado ao investidor de duas formas básicas: Ganhos


com o aumento do preço nos mercados e alguns outros rendimentos,
como aqueles vinculados ao resultado da empresa (dividendos).

Já vimos que os dividendos representam parte do lucro do exercício que é


distribuída aos acionistas. Temos também os juros sobre o capital próprio,
que representam uma remuneração em relação à reserva de lucros da
empresa, tal como os dividendos é em relação ao lucro do exercício. Os
juros sobre o capital próprio são dedutíveis para efeito de imposto de
renda.

Existe uma outra modalidade de ganho aos acionistas chamada


Bonificações. As bonificações são novas ações distribuídas aos acionistas
atuais da empresa, em número proporcional às ações já possuídas, em
função de uma capitalização realizada.

Existe também a alteração no valor nominal da ação, quando o valor


estatutário das ações é elevado por conta de capitalização de reservas ou
resultados.

Além de tudo o que vimos, existem também o direito de subscrição, que


nada mais é do que o direito de preferência do acionista em subscrever

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novas ações a serem emitidas pela companhia por conta de um aumento
no capital. Tal direito pode ser negociado no mercado pelos acionistas.

Por fim, a forma mais básica de rendimento que uma ação tem é a
elevação de seu preço no mercado, dando a opção ao investidor de
vender por preço maior do que adquiriu, também chamada de ganho de
capital.

7.7 – Ações no mercado internacional

Hoje, muitas empresas conseguem ter suas ações negociadas em países


estrangeiros. Isso é muito bom para a companhia, pois expande a
possibilidade de captação de recursos com a emissão de novas ações.

Quando uma empresa brasileira tem ações negociadas nos Estados


Unidos, na verdade ela tem um título lastreado por ações no Brasil. Esse
título, quando se trata de mercado americano, é chamado de ADR
(american depositary receipt). Os ADRs são emitidos nos EUA com lastro
em ações da empresa brasileira, que estão sendo custodiadas por um
banco brasileiro. Para que os ADRs possam ser aceitos pelo mercado
americano, a empresa brasileira precisa atender às normas americanas de
divulgação de informações e governança corporativa. Existem 3 níveis
para os ADRs, os níveis 1, 2 e 3. Conforme se aumenta o nível, maior é a
quantidade de exigências que são feitas para a colocação do título no
mercado. Sendo assim, quanto mais alto é o nível do ADR, mais ele será
aceito em diversos ambientes de negociação.

Se uma empresa brasileira quiser ter ações negociadas em outros países,


que não os Estados Unidos, o nome do título representativo das ações
não será mais ADR e sim GDR (global depositary receipt).

Adicionalmente, quando empresas de outros países colocam títulos


representativos de suas ações aqui no Brasil, tais títulos recebem o nome
de BDR (brazilian depositary receipt).

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7.8 – Fato e Informações Relevantes

Quaisquer fatos ou informações de conhecimento dos administradores da


empresa, que possam influir na decisão dos investidores, de modo que
eles possam, por causa desta informação ou fato, resolver vender,
comprar ou manter a posição, deverão ser divulgados ao mercado através
da CVM e também de jornais de grande circulação.

7.9 – Tag Along

Já falamos de passagem sobre o Tag Along, ou direito dos acionistas


minoritários de participar de oferta pública de aquisição de controle,
podendo ter suas ações vendidas por, pelo menos, 80% do valor
oferecido aos acionistas do bloco de controle.

A legislação exige isso com o intuito de proteger o acionista minoritário de


uma mudança de controle sem dar a ele a opção de vender suas ações
por preço próximo ao pago aos antigos controladores. O minoritário, caso
isso acontecesse, estaria perdendo todo o prêmio pago pelo controle aos
antigos controladores. Além disso, ao se alterar o controle da companhia,
o acionista minoritário pode não mais se sentir atraído por ter as ações,
talvez por não concordar com o novo controlador. Sem o Tag Along, este
acionista seria obrigado a vender suas ações no mercado, talvez por
preço bem inferior ao pago pelo novo controlador ao antigo bloco de
controle.

8. Fundos de Investimentos

Fundos de Investimento são condomínios, abertos ou fechados, formados


com o intuito de promover a aplicação coletiva dos recursos de seus
participantes ou cotistas. Todo o fundo de investimento é regido por um
regulamento e tem suas decisões tomadas por meio das Assembleias
Gerais de Cotistas.

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A CVM é a entidade do governo responsável por fiscalizar os Fundos de
Investimento no Brasil.

Os Fundos de Investimento captam recursos no mercado através da


emissão de cotas representativas do patrimônio líquido do fundo,
podendo, dessa forma, reunir aplicações de vários indivíduos para
investimento em carteiras de ativos disponíveis no mercado financeiro e
de capitais.

Resumindo, um fundo é organizado sob a forma de condomínio e seu


patrimônio é dividido em cotas, cujo valor é calculado diariamente por
meio da divisão do valor do patrimônio líquido pelo número de cotas do
fundo.

Já o patrimônio líquido do fundo equivale ao valor de todos os títulos


detidos pelo fundo somado ao valor do caixa disponível, subtraído das
obrigações do fundo.

Como já dissemos acima, os fundos podem ser organizados como


condomínios abertos ou fechados, sendo os abertos aqueles em que é
permitida a entrada de novos cotistas ou o aumento da participação dos
antigos por meio de novos investimentos, assim como é permitida a saída
de cotistas, por meio de resgates de cotas, isto é, mediante a venda de
ativos do fundo para a entrega do valor correspondente ao cotista que
efetuou o resgate, total ou parcial, de suas cotas.

Já no que se refere aos condomínios fechados, a entrada e a saída de


cotistas não é permitida. Caso deseje sair, o cotista poderá alienar as
cotas do fundo no mercado secundário, podendo não conseguir um preço
atraente por elas, dada a baixa liquidez existente para cotas de fundo no
Brasil. Caso contrário, o cotista terá que aguardar a data de
encerramento do fundo, quando todas as cotas serão resgatadas.

Os fundos abertos, como permitem o resgate das cotas a qualquer


momento, normalmente são constituídos para existir por tempo
indeterminado, no entanto, pode haver também o encerramento dos

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fundos abertos, quando os ativos do fundo são vendidos e cada cotista
recebe valor proporcional às cotas que possuem.

Durante a vida do fundo, ele deve seguir as normas da CVM e as regras


definidas em seu regulamento. O regulamento do fundo, uma vez
aprovado, só poderá ser alterado por decisão dos cotistas reunidos em
assembleia com este propósito, ou com vistas à adequação às regras da
CVM, o que pode exigir ou não a convocação de uma assembleia de
cotistas.

O regulamento de um fundo é onde está descrito tudo sobre o fundo,


tudo aquilo que ele pode e não pode fazer, regras relativas ao objetivo, à
política de investimento, aos tipos de ativo negociados, aos riscos
envolvidos nas operações, às taxas de administração e outras despesas
do fundo, bem como ao seu regime de tributação e outras informações
relevantes.

Para que um investidor possa adquirir cotas de um fundo, ele deverá


atestar que leu e que concorda com o teor de seu regulamento, e passará
a ter os mesmos direitos que os antigos cotistas, no que tange ao tipo de
cota que adquiriu.

O administrador tem como obrigação fornecer o regulamento e o


prospecto do fundo a todos aqueles que venham a se tornar cotistas do
fundo. Todos os relatórios periódicos sobre o fundo deverão ser
encaminhados à CVM e disponibilizados aos cotistas pelo administrador, o
qual também deverá divulgar ampla e imediatamente qualquer
informação que possa influenciar na decisão do cotista em permanecer
investido no fundo.

Considera-se o risco como a possibilidade de não se atingir o retorno


esperado do investimento. Para um fundo de investimento, o principal
risco é aquele inerente aos ativos que compõem a sua carteira. Porém, há
três riscos principais aos quais o investidor está invariavelmente sujeito:
o risco de mercado, o risco de crédito e o risco de liquidez.

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O risco de mercado é decorrente das oscilações nos preços dos títulos que
compõem a carteira do fundo. Uma vez que estes ativos são
contabilizados por seu valor de mercado, quanto maior a oscilação nos
preços, maior a oscilação no valor das cotas e mais difícil estimar o valor
de resgate ou de venda das cotas.

Já o risco de crédito se refere à capacidade de pagamento do emissor do


título, de este último não pagar o que deve ao fundo, fazendo com que
haja perdas para os cotistas.

Por fim, existe o risco de liquidez, que tanto pode ser dos ativos quanto
das cotas que compõem o fundo. No caso dos ativos, o risco de liquidez
consiste na eventual dificuldade que o administrador possa ter para
vender os ativos que compõem a carteira do fundo, ficando
impossibilitado de atender aos pedidos de resgate do investimento. No
caso das cotas, o risco de liquidez decorre da dificuldade, no fundo
fechado, de o investidor encontrar um mercado líquido onde possa vender
suas cotas por um preço justo, forçando-o a vendê-las por um valor mais
baixo que o esperado, caso sua necessidade de recursos seja imediata.

Por conta de uma exigência da CVM, os Fundos de Investimento no Brasil


são obrigados a divulgar a rentabilidade de suas cotas líquidas dos custos
que sobre elas incidem. Sendo assim, ao se comparar rendimento de
cotas de fundos no Brasil, está se comparando o rendimento líquido
dessas cotas.

As taxas normalmente cobradas sobre as cotas de um fundo são a taxa


de administração e, eventualmente, a taxa de performance - que é uma
taxa cobrada nos termos do regulamento, quando o resultado do fundo
supera um certo patamar previamente estabelecido. Alguns fundos
podem também cobrar taxas de ingresso (devidas quando se faz o
investimento) e de saída (devidas quando se realiza o resgate).

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Existem também as despesas debitadas do fundo, que costumam ser:
despesas de corretagem, de custódia e liquidação financeira de operações
e de auditoria.

O principal atrativo dos fundos é possibilitar que investidores de perfil


similar, com objetivos comuns, estratégias de investimento semelhantes
e mesmo grau de tolerância a risco, concentrem recursos para aumentar
seu poder de negociação e diluir os custos de administração, além de
contarem com profissionais especializados, dedicados exclusivamente à
gestão de seus recursos.

No entanto também existem desvantagens, que estariam mais associadas


ao fato de o investidor delegar a terceiros a administração de seus
recursos, traduzindo-se na falta de autonomia na tomada de decisão,
submissão a regras previamente estabelecidas e à vontade da maioria dos
cotistas.

No Brasil, existem dois tipos principais de classificação dos Fundos de


Investimentos, a classificação dada pela CVM e a classificação dada pela
Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de
Capitais (ANBIMA). Vamos nos concentrar na classificação dada pela CVM.

Existem dois grupos de fundos segundo a CVM, aqueles regulados pela


Instrução CVM nº 409/2004 e aqueles que estão fora do âmbito dessa
Instrução.

Primeiramente, vamos apresentar as principais características dos fundos


regulados pela Instrução CVM 409:

 Fundos de Curto Prazo: Devem investir seus recursos,


exclusivamente, em títulos públicos federais ou privados de baixo
risco de crédito com prazo máximo a decorrer de 375 dias e prazo
médio da carteira de, no máximo, 60 dias. São fundos cuja
rentabilidade geralmente está associada às taxas SELIC ou CDI e
considerados mais conservadores quanto ao risco, sendo
compatíveis com objetivos de investimento de curto prazo, pois

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suas cotas são menos sensíveis às oscilações das taxas de juros. O
crédito do resgate costuma se dar no mesmo dia da solicitação;

 Fundos Referenciados: Devem acompanhar a variação do indicador


de desempenho (benchmark) definido em seu objetivo, mantendo,
cumulativamente, no mínimo, 95% de sua carteira composta por
ativos que acompanhem referido indicador, e 80%, no mínimo, do
seu patrimônio líquido, em títulos de emissão do Tesouro Nacional
ou do Banco Central do Brasil ou em ativos financeiros de renda fixa
considerados de baixo risco de crédito. Podem utilizar derivativos
apenas com o objetivo exclusivo de proteção (hedge), sem permitir
alavancagem. Dentre os referenciados, o fundo mais popular é o DI,
cujo objetivo de investimento é acompanhar a variação diária das
taxas de juros no mercado interbancário (CDI). Como este tipo de
fundo procura acompanhar a variação das taxas de juros, pode se
beneficiar de um cenário de alta dessas taxas. Geralmente o crédito
do resgate se dá no mesmo dia da solicitação;

 Fundos de Renda Fixa: Os Fundos de Renda Fixa devem ter como


principal fator de risco a variação da taxa de juros e/ou de índice de
preços. Devem aplicar pelo menos 80% de seus recursos em ativos
relacionados diretamente, ou sintetizados via derivativos, ao fator
de risco que dá nome à classe. Podem utilizar derivativos tanto para
proteção da carteira quanto para alavancagem. Nos fundos de
Renda Fixa a rentabilidade pode ser beneficiada pela inclusão, em
carteira, de títulos que apresentem maior risco de crédito, como os
títulos privados. Geralmente o crédito do resgate se dá no mesmo
dia da solicitação;

 Fundos de Ações: São também chamados de fundos de renda


variável e devem investir, no mínimo, 67% de seu patrimônio em
ações negociadas em bolsa ou mercado de balcão organizado e em
outros valores mobiliários relacionados às ações, conforme disposto
no artigo 95-B ad instrução CVM 409/2004. Alguns fundos deste

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tipo têm como objetivo de investimento acompanhar ou superar a
variação de um índice do mercado acionário, tal como o IBOVESPA.
Como seu principal fator de risco é a variação nos preços das ações
que compõem sua carteira, podem ser compatíveis com objetivos
de investimento de longo prazo e que suportem uma maior
exposição a riscos em troca de uma expectativa de rentabilidade
mais elevada. Geralmente o crédito do resgate se dá quatro dias
após a solicitação;

 Fundos Cambiais: Devem manter, no mínimo, 80% de seu


patrimônio investido em ativos que sejam relacionados, direta ou
indiretamente (via derivativos), à variação de preços de uma moeda
estrangeira, ou a uma taxa de juros denominada cupom cambial. Os
mais conhecidos são os chamados Fundos Cambiais Dólar, que
buscam acompanhar a variação de cotação da moeda americana.
Geralmente o crédito do resgate se dá no dia seguinte ao da
solicitação;

 Fundos de Dívida Externa: Devem aplicar, no mínimo, 80% de seu


patrimônio em títulos representativos da dívida externa de
responsabilidade da União e podem utilizar derivativos, negociados
no Brasil ou não, com o objetivo exclusivo de proteção. Os 20%
restantes podem ser aplicados em outros títulos de crédito
transacionados no exterior. Os títulos componentes de sua carteira
são mantidos fora do país. Para o investidor no Brasil, este fundo é
uma forma ágil e de baixo custo operacional para aplicar em papéis
do governo brasileiro negociados no exterior;

 Fundos Multimercado: Devem apresentar política de investimento


que envolva vários fatores de risco, sem o compromisso de
concentração em nenhum fator em especial, podendo investir em
ativos de diferentes mercados - como renda fixa, câmbio e ações -
e utilizar derivativos tanto para alavancagem quanto para proteção
da carteira. Considerados os fundos com maior liberdade de gestão,

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buscam rendimento mais elevado em relação aos demais, mas
também apresentam maior risco, sendo, portanto, compatíveis com
objetivos de investimento que, além de procurar diversificação,
tolerem uma grande exposição a riscos na expectativa de obter uma
rentabilidade mais elevada. Nestes fundos, o crédito do resgate
nem sempre se dá no mesmo dia da solicitação.

Vamos agora apresentar os fundos que não são regulados pela Instrução
409, sendo fundos mais restritos, direcionados comumente para
investidores qualificados:

 Fundo de Investimento em Direitos Creditórios – FIDC: Também


conhecido como Fundos de Recebíveis, destina-se exclusivamente a
investidores qualificados e pode ser constituído sob a forma de
condomínio aberto (com resgate de cotas) ou fechado (sem resgate
de cotas). Direitos creditórios são direitos, e também títulos
representativos de direitos, originados por contratos mercantis de
compra e venda de produtos, mercadorias e/ou serviços. É
regulamentado pela instrução CVM 356, de 17 de dezembro de
2001, e alterações. Exemplos: 1) O contrato de crédito consignado
firmado entre o banco comercial e um cliente é cedido ao fundo, de
maneira que seus cotistas serão remunerados pelo pagamento das
parcelas devidas pelo cliente do banco, conforme previsto no
contrato de concessão do crédito; 2) A companhia X vende à
empresa Y um produto, o qual será pago em sucessivas prestações
mensais. X cede ao fundo os direitos de receber os créditos detidos
contra Y por conta da venda, de modo que os cotistas serão
remunerados pelo pagamento das prestações mensais;

 Fundo de Investimento em Participações – FIP: Também conhecido


como Private Equity, é destinado exclusivamente a investidores
qualificados e deve ser constituído sob a forma de condomínio
fechado. Seus recursos são destinados à aquisição de ações,
debêntures, bônus de subscrição e outros títulos e valores

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mobiliários conversíveis ou permutáveis em ações de emissão de
companhias abertas ou fechadas. Tais aquisições devem propiciar
ao fundo participação no processo decisório da companhia investida,
com efetiva influência na definição de sua política estratégica e na
sua gestão. É regulamentado pela instrução CVM 391, de 16 de
julho de 2003, e alterações;

 Fundo de Investimento Imobiliários – FII: Deve ser constituído sob


a forma de condomínio fechado, cujos recursos sejam destinados ao
investimento em empreendimentos imobiliários, tais como compra
para locação ou arrendamento, compra e venda, incorporação e/ou
construção, projetos visando viabilizar o acesso à habitação e
serviços urbanos etc. Além disso, é também permitido aos fundos
imobiliários a aquisição de títulos e valores mobiliários relacionados
a empreendimentos imobiliários, como letras de crédito imobiliário,
certificados de recebíveis imobiliários, certificados de potencial
adicional de construção, entre outros. Suas cotas são remuneradas
com base no desempenho do empreendimento. Exemplo: O fundo
investe na construção de um shopping center, sendo remunerado
pela posterior venda/aluguel das lojas, ou seja, de acordo com o
desempenho do empreendimento imobiliário. É regulamentado pela
instrução CVM 472, de 31 de outubro de 2008, e alterações;

 Fundo de Financiamento da Indústria Cinematográfica – FUNCINE:


Deve ser constituído sob a forma de condomínio fechado, cujos
recursos sejam destinados à aplicação em projetos aprovados pela
Agência Nacional de Cinema - ANCINE. Exemplo: O fundo adquire
CAV, que são títulos de participação em projetos audiovisuais, de
forma que a remuneração do FUNCINE dependerá do desempenho
comercial dos projetos investidos. É regulamentado pela instrução
CVM 398, de 28 de outubro de 2003, e alterações;

 Fundo de Investimento Cultural e Artístico: Deve ser constituído sob


a forma de condomínio aberto ou fechado, cujos recursos sejam

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destinados à aplicação em projetos culturais e artísticos. Exemplo:
O fundo investe em um festival de dança e será remunerado de
acordo com o desempenho do projeto, por exemplo, com a venda
de ingressos ou patrocínio. É regulamentado pela instrução CVM
186, de 17 de março de 2003, e alterações posteriores;

 Fundo Mútuo de Investimento em Empresas Emergentes: Também


conhecido como Fundo de "Venture Capital", deve ser constituído
sob a forma de condomínio fechado, cujos recursos sejam
destinados à aplicação em carteira diversificada de valores
mobiliários de emissão de empresas emergentes - companhia que
apresente faturamento líquido anual, ou faturamento líquido anual
consolidado, inferiores a R$ 150.000.000,00 (cento e cinquenta
milhões de Reais), apurados no balanço de encerramento do
exercício anterior à aquisição dos valores mobiliários de sua
emissão. É regulamentado pela instrução CVM 209, de 25 de março
de 1994, e alterações.

9. Introdução aos Derivativos

Pessoal, esse é um assunto fascinante! Porém, é um tanto quanto


complexo, precisa “entrar no sangue” aos poucos. Mais à frente do nosso
curso, teremos uma aula dedicada totalmente a este assunto. Nessa
ocasião, abordaremos tudo sobre derivativos, desde a base sobre o
assunto, até tópicos mais avançados, como precificação, arbitragem,
entre outros.

Nesta aula, especificamente, o intuito é apenas o de introduzir o assunto.


Abordar os derivativos em termos gerais, sua função na economia e seus
principais instrumentos. Vamos então ao que interessa!

O que vem a ser um derivativo, também chamado de instrumento


financeiro derivativo? Um derivativo nada mais é do que um instrumento
financeiro, ou um contrato financeiro, onde se fecha um acordo que diz

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respeito a um ativo qualquer, que chamaremos aqui de ativo objeto. O
ativo objeto pode ser o câmbio, uma taxa de juros, um índice de preços,
o próprio índice da bolsa, uma ação, ou qualquer outro ativo negociado
em bolsa ou mercado organizado. E o que tem neste contrato de
interessante que o relaciona com o seu ativo objeto? É simples, pessoal, o
contrato dispõe sobre o ativo objeto só que no mercado futuro, e não no
mercado à vista como ocorre com o próprio ativo objeto. Então, se você
pensa em comprar uma ação da Petrobrás por um preço pré-estabelecido
em uma data futura, só que deixando tudo acordado hoje, o que você
quer é fechar um contrato de derivativos, você quer adquirir um
instrumento financeiro derivativo ou simplesmente um derivativo. Esse
mesmo raciocínio vale para compra no futuro, venda no futuro, entre
outras coisas que discutiremos adiante.

9.1 Função dos Derivativos

Antes de entrarmos nos tipos de derivativos que existem, vamos nos ater
às funções econômicas dos derivativos. Os derivativos foram criados para
dar previsibilidade aos negócios fechados onde existe um lapso temporal
entre o momento da negociação e o momento da entrega dos produtos.
Imagine que um produtor de café, mesmo antes da colheita, já tenha
vendido tudo para uma indústria de café em pó. Até aí, tudo bem! O
problema é que o preço ficou em aberto e só será definido quando da
entrega da mercadoria física. O preço da transação será o preço vigente
no mercado no momento da entrega do produto. Mas e se o preço do
mercado sofrer uma queda brusca devido a uma supersafra? O produtor
irá receber muito menos do que imaginava quando fechou o negócio com
a indústria, podendo até ter prejuízo, caso a receita obtida no negócio não
cubra seus custos de produção. Aí é que entra a necessidade deste
produtor de travar o preço de venda do seu café, mesmo antes de realizar
a entrega à indústria.

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O derivativo surgiu para dar a este produtor essa alternativa. Basta ele
fechar um contrato em que ele define que venderá, em uma data futura,
certa quantidade de café, por um preço previamente acordado. Aconteça
o que acontecer com o preço na data de entrega do café, ele estará com
seu preço já fechado, ele não estará correndo riscos.

Essa operação simples que acabamos de exemplificar retirou o risco da


oscilação de preços que o produtor de café corria antes. Logo, uma das
mais importantes funções econômicas dos derivativos é a de reduzir os
riscos dos agentes de mercado.

Mas existem outras funções. Como consequência da diluição dos riscos de


oscilação de preços, os agentes se sentem mais confortáveis em atuar no
mercado, ampliando o mercado e favorecendo a concorrência. Isso
também estimula a liquidez do mercado, fazendo com que mais negócios
sejam fechados. O melhor gerenciamento do risco propiciado pelos
derivativos faz com que as empresas possam ser mais eficientes e
reduzam os preços dos bens e serviços oferecidos.

9.2 Participantes do Mercado de Derivativos

Pode-se identificar 3 principais participantes do mercado que se


interessam em realizar operações com derivativos. São eles os Hedgers,
os Especuladores e os Arbitradores.

Os hedgers são aqueles que operam com derivativos no intuito de se


proteger de oscilações nos preços dos ativos objetos. O nosso exemplo do
produtor de café é um exemplo clássico de hedger.

Os especuladores são aqueles que entram neste mercado para fazer


apostas. Eles não estão querendo se proteger de nada, muito pelo
contrário, eles querem travar um preço futuro pensando em ganhar com
a diferença entre o que ele travou e o que acontecer no mercado na data
do vencimento do derivativo. Quando ele vende algo no futuro por um

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preço fixo, torce para que esse preço caia no futuro, de modo que ele
possa comprar no mercado à vista por um preço mais baixo e vender ao
preço mais alto fechado no derivativo. Quando ele fecha uma operação de
compra por um preço fixo no futuro, o raciocínio é o contrário, ele irá
torcer para que o preço suba na data do vencimento do derivativo.

O terceiro e último participante é o arbitrador. O arbitrador é aquele que


verifica distorções de preço entre o mercado à vista e futuro, ou entre 2
mercados, à vista ou futuro, distintos. Estas distorções ocorrem por falhas
na precificação dos ativos, permitindo que este agente entre no mercado
comprando em uma ponta e vendendo na outra, ganhando a diferença
sem correr nenhum tipo de risco. Ele é super importante, pois tem a
função de reduzir estas distorções que existem nos mercados.

9.3 Tipos de Liquidação de uma Operação

Uma operação com derivativos pode ser liquidada de duas formas,


fisicamente ou financeiramente. A forma de liquidação da operação é
definida no momento da operação.

A liquidação física é a mais intuitiva. No vencimento do contrato, uma das


partes paga à outra o valor acordado e recebe, em contrapartida, o ativo
objeto da operação.

Já a liquidação financeira é feita pela diferença de preços entre o que foi


fechado no contrato de derivativos e o que está valendo no mercado no
dia do vencimento da operação. Não há a entrega física do ativo objeto.

9.4 Tipos de Derivativos

Os tipos de derivativos que existem no mercado são quase que infinitos.


Todos os dias o mercado financeiro cria uma nova operação e um tipo
novo de derivativo surge. Mas tudo o que existe no mercado vem da
mistura de 4 tipos básicos de operação: futuro, termo, opções e swap.

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Futuro é uma operação onde se compra ou se vende algum ativo objeto,
a um preço fixo, em uma data futura, definidos no momento da operação.
Pode ser fechado com entrega física ou liquidação financeira, sendo mais
comum no mercado o uso da liquidação financeira, dados os custos
inerentes a uma entrega física, dependendo do que seja o ativo objeto.

A operação com futuro ocorre em bolsa de mercadoria e futuros, onde a


contraparte de todas as operações é a própria bolsa. A bolsa também é
chamada de contraparte central, porque acaba sendo a contraparte do
vendedor e do comprador a futuro, unindo os dois indiretamente. Como
bolsa é a contraparte central, as operações não possuem risco de
contraparte, a bolsa jamais deixa de cumprir o acordado em uma
operação, mesmo que uma de suas contrapartes não cumpra. Para que a
bolsa consiga realizar essa função, ela tem um sistema muito bem
gerenciado de depósitos de margens de garantia pelos agentes que
operam em seu ambiente. Além do sistema de margens de garantia, a
bolsa trabalha com os ajustes diários das operações, que nada mais são
do que a liquidação parcial das operações, dia a dia, de acordo com a
variação dos preços dos ativos objetos no mercado à vista.

Uma operação a termo tem exatamente a mesma essência que uma


operação a futuro. As diferenças estão no ambiente de negociação, nas
opções de liquidação e na contraparte das operações. Operações a termo
são fechadas em um ambiente chamado de balcão organizado ou não
organizado, onde as partes fecham a operação entre si, sem a
contraparte central da bolsa. Como não existe a bolsa como contraparte,
existe o risco de contraparte, que é o risco que cada uma das partes corre
em relação à probabilidade da contraparte não efetuar o pagamento no
momento da liquidação da operação. A única opção de liquidação de uma
operação a termo é a liquidação financeira. Operações a termo costumam
ser feitas entre partes que têm interesses muito particulares, são
contratos únicos, feitos sob medida entre as partes. Isso também a difere
da operação a futuro, dado que a bolsa padroniza os contratos disponíveis

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(datas e montantes padronizados), o que muitas vezes não atende às
partes interessadas.

As opções são derivativos muito interessantes, iremos estudá-las bem a


fundo na aula sobre derivativos. Por hora, vocês precisam saber apenas
os conceitos básicos destes instrumentos.

Uma opção dá ao seu detentor o direito, mas não a obrigação, de


comprar ou vender o ativo objeto, em data futura previamente acordada,
a um preço também previamente acordado. Se a opção for para comprar
o ativo objeto, ela se chama opção de compra, já se a opção for para
vender o ativo objeto, ela se chama opção de venda.

As opções podem ser de dois tipos, européias ou americanas. As opções


européias só podem ser liquidadas (exercidas) na data de vencimento
previamente acordada. Porém, podem ser negociadas antes do
vencimento no mercado. As opções do tipo americanas podem ser
liquidadas a qualquer momento, desde a data da negociação até a data
do vencimento.

O preço previamente acordado entre as partes em uma opção chama-se


preço de exercício, ou strike. Opções não são como os contratos a termo
ou futuro, onde se combina uma operação a ser liquidada no futuro, mas
não se paga nada no presente. Opções custam dinheiro. Mas isso também
é coerente, dado que a opção te dá um direito, mas não uma obrigação.
Os contratos a termo e futuro te dão apenas uma obrigação. O preço de
uma opção é também chamado de prêmio da opção. Uma opção de
compra é chamada de call, já uma opção de venda é chamada de put.

Existem outras características para as opções, mas não as veremos


agora, e sim na aula específica sobre derivativos.

Para finalizar a nossa aula de hoje, antes de partirmos para os exercícios


sobre os assuntos tratados, iremos introduzir o conceito de swap.

Swap nada mais é do que um contrato onde duas partes trocam entre si
fluxos de caixa com indexadores distintos. Por exemplo, se eu tenho uma

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empresa que vende ao exterior e por isso recebo em dólares, porém,
meus custos são todos em reais, não me interessa ter esse fluxo de caixa
futuro vinculado à cotação da moeda americana. Sempre que ela subir ou
cair, isso afetará meus resultados e minha previsibilidade de caixa futura.
Já se existe uma empresa que captou recursos no exterior e tem fluxos
de caixa futuros a serem pagos em moeda americana, com receitas
vinculadas ao IPCA, por exemplo, existem interesses complementares
entre a minha empresa e essa empresa que captou em dólares. Logo,
poderíamos fazer a seguinte operação: eu troco com esta empresa o meu
fluxo de receitas em dólares pelo fluxo dela de receitas vinculadas ao
IPCA. Desta forma, ela estará com uma dívida em dólares, proveniente da
captação externa que realizou, mas também terá um fluxo de receitas em
dólares para cobrir a sua dívida na moeda americana. Se o dólar variar
sua cotação, tanto as receitas, quanto as despesas, variarão na mesma
direção, ou seja, a empresa terá eliminado o risco cambial do seu fluxo de
caixa. Já no caso da minha empresa, eu troquei minha receita em dólares
por uma receita vinculada ao IPCA. Como meus custos são em reais e
tendem a subir de acordo com a inflação, eu eliminei também o risco que
existia no meu fluxo de caixa futuro. Essa operação de troca de fluxo de
caixa entre 2 agentes de mercado através de um contrato chama-se swap
e pode ser feita entre diversos tipos de fluxos de caixa, não somente com
os vinculados ao câmbio ou a inflação.

Vamos agora a algumas questões comentadas.

10. Questões Comentadas

1. (NCE – BNDES 2005)

Em relação ao risco de inadimplência, os Certificados de Depósitos


Bancários dependem:

(A) da variação da cotação de uma cesta de moedas;

(B) da variação da cotação do dolar;

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(C) do fluxo de capitais especulativos;

(D) da variação do salário mínimo;

(E) da solidez do banco emitente.

Comentários:

Pessoal, lembrem-se que o CDB é um título de renda fixa emitido pelos


bancos. Se o título é emitido por bancos, quem tem a obrigação de pagar
os juros e devolver o dinheiro ao investidor no momento do resgate
também é o banco. Logo, o risco de inadimplência do título depende da
solidez do banco emitente. Resposta letra E! As letras A e B trazem
informações que podem até representar possíveis tipos de remuneração
dos CDB, mas nada que tenha a ver com o risco de inadimplência desses
títulos. Já as letras C e D trazem questões que não têm relação alguma
com um CDB.

2. (CESGRANRIO - BACEN 2010)

Uma ação preferencial de determinada empresa promete pagar ao seu


titular dividendos futuros, periodicamente.

Se algum destes pagamentos não for feito, a(o)

(A) empresa será considerada inadimplente.

(B) falência da empresa poderá ser decretada.

(C) data de vencimento da ação preferencial será antecipada.

(D) ação preferencial deverá ser recomprada pela empresa.

(E) pagamento de dividendos às ações ordinárias poderá ficar bloqueado.

Comentários:

Pessoal, lembrem que a ação preferencial tem prioridade no recebimento


de dividendos em relação à ação ordinária. Se a empresa não pagar os
dividendos prometidos de uma ação preferencial, obviamente que não
pagará dividendo à ação ordinária, enquanto não for regularizado o

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dividendo das ações preferenciais. Com isso, o gabarito da questão é a
letra E. Quanto às demais opções, não faz sentido falar em companhia
inadimplente pelo fato de ela não ter pago dividendos, tendo em vista que
as ações não são títulos de dívida, e sim parte do capital social da
companhia (letra A). A falência de uma empresa não é decretada pela
falta de pagamento de dividendos, e sim pela falta de pagamento de
dívidas (letra B). Uma ação não tem data de vencimento (letra C). A falta
de pagamento de dividendo não gera obrigação da companhia recomprar
a ação (letra D).

3. (NCE – CVM 2008)

As ações preferenciais sem direito de voto ou com restrição ao exercício


deste direito, somente serão admitidas à negociação no mercado de
valores mobiliários se a elas for atribuída pelo menos o direito de:

(A) participar do dividendo a ser distribuído, correspondente a, pelo


menos, cinqüenta por cento do lucro líquido;

(B) receber dividendo de pelo menos trinta por cento maior do que o
atribuído à ação ordinária;

(C) eleger, no mínimo, um representante dos acionistas minoritários na


diretoria da sociedade;

(D) ser recomprada pela emissora ao seu valor patrimonial, após cinco
anos;

(E) ser incluída na oferta pública de alienação de controle, assegurado o


dividendo pelo menos igual ao das ações ordinárias.

Comentários:

Pessoal, basta lembrarmos das vantagens que devem ser dadas às ações
preferenciais em relação às ordinárias. Se recorrermos ao que foi
pontuado ao longo de nossa aula, veremos que a única resposta que está
de acordo com a legislação é a letra E!

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4. (ESAF - IRB 2005)

Uma diferença importante entre as ações preferenciais e as ações


ordinárias de emissão da mesma empresa é a

a) alíquota de imposto de renda sobre dividendos em dinheiro.

b) possibilidade de registro para negociação em bolsa de valores.

c) prioridade de ressarcimento em caso de liquidação da empresa.

d) possibilidade de inscrição em programas de American Depository


Receipts (ADR).

e) exigência de identificação do titular das ações.

Comentários:

Pessoal, sabemos que a principal diferença entre ações ordinárias e


preferenciais é o fato de as ordinárias darem direito a voto aos seus
detentores, enquanto as preferenciais dão aos seus detentores prioridade
no recebimento dos dividendos e no ressarcimento do capital investido
em caso de dissolução da companhia. Sendo assim, a única opção
coerente é a letra C!

5. (CESGRANRIO - BACEN 2010)

A obrigação de comprar um determinado título financeiro em certa data


futura, por um preço determinado, é uma decorrência típica de um(a)

(A) contrato de swap cambial.

(B) contrato futuro.

(C) compra à vista.

(D) compra da opção de venda.

(E) compra da opção de compra.

Comentários:

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Lembremos que os contratos futuros e a termo se referem a uma
obrigação de comprar ou vender um ativo objeto, em uma data futura,
por um preço fixo. As opções se referem ao direito, mas não a obrigação,
de comprar ou vender, um ativo objeto, em uma data futura, por um
preço fixo. Já o swap representa uma troca de fluxos de caixa entre 2
agentes de mercado, de acordo com seus interesses.

Sendo assim, o comando da questão se refere a uma operação de futuro


ou termo. Como as alternativas só trazem a operação a futuro, esse é o
gabarito da questão, ou seja, a letra B.

6. (NCE – CVM 2008)

Para o adequado funcionamento do mercado de derivativos são


necessários agentes compradores e vendedores de contratos, sendo que
os principais são os hedgers, os especuladores e os arbitradores. Assim,
os especuladores caracterizam-se, principalmente, por:

(A) prejudicar o mercado, devendo sua atuação ser cerceada;

(B) atuar com objetivo de se proteger de riscos futuros;

(C) efetuar transações simultâneas entre um mercado e outro;

(D) contribuir para a liquidez do mercado;

(E) depender de autorização prévia da CVM.

Comentários:

Esta questão é muito tranquila, basta lembrarmos que os especuladores


são aqueles que apostam na subida ou queda dos preços dos ativos
objetos e operam com derivativos a fim de obter ganhos expressivos. Eles
são importantes por proverem liquidez ao mercado, atuando como
contraparte de arbitradores e hedgers! Logo, a letra D é a resposta da
questão. A letra B se refere aos hedgers e a letra C aos arbitradores.

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7. (ESAF - CVM 2010)

Derivativos, entre os quais swaps, são modelados para

a) transferir riscos tal como se dá com o seguro de danos.

b) permitir o uso de informações visando lucros.

c) equacionar efeitos de variações opostas em posições credoras e


devedoras.

d) facilitar a especulação com volatilidade preço de ativos.

e) tornar simples a arbitrabilidade preço de ativos financeiros.

Comentários:

Vamos relembrar que uma operação de swap configura a troca de fluxos


de caixa entre 2 agentes. Eles têm interessem contrários, e a troca dos
fluxos de caixa faz com que sejam eliminados riscos de ambas as partes.
A letra C descreve bem o objetivo desta operação e é o gabarito da
questão!

8. (ESAF - CVM 2010)

Contratos a futuro e a termo, negociados em bolsas, distinguem-se:

a) por grau de especulação das operações celebradas.

b) por maior risco nos futuros.

c) por atender a interesses dos especuladores ou dos hedgers.

d) por serem os negócios a termo mais vulneráveis, dada a menor


fiscalização das autoridades reguladoras.

e) pelas formas de liquidação.

Comentários:

Quais são as diferenças básicas entre contratos futuros e a termo?


Sabemos que a liquidação dos contratos futuros pode ser física ou
financeira. Já o contrato a termo só pode ter liquidação financeira. Porém,

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como os contratos futuros são negociados na bolsa de mercadorias e
futuros, que é a contraparte central de todas as operações, a liquidação
neste ambiente ocorre dia a dia, de forma a evitar que haja inadimplência
na data de vencimento do contrato. Para isso é que existem os depósitos
de margens de garantia, bem como os ajustes diários. Iremos detalhar
mais esses pontos na aula sobre derivativos. Mas a diferença substancial
entre os contratos a termo e futuros é a forma de liquidação dos mesmos.
Letra E!

9. (ESAF - CVM 2010)

Há quem afirme que nos mercados futuros os contratos são


despersonalizados, o que se explicaria por

a) serem contratos por adesão.

b) serem contratos em que a liquidação por diferença prevalece sobre a


entrega física do bem.

c) os contratantes terem como contraparte a Bolsa ou agente de


compensação.

d) os contratantes escolherem, depois de definido o objeto, apenas a


quantidade de contratos.

e) aos contratantes interessar a liquidez do mercado.

Comentários:

Pessoal, mais uma vez uma questão pede que se saiba características dos
mercados futuros. Já vimos na questão anterior que a bolsa é a
contraparte central de todas as operações em seu ambiente. Como os
contratos futuros são operados no ambiente da bolsa, a contraparte
sempre será a bolsa. Se a contraparte é a bolsa e não um outro agente
de mercado, o contrato acaba sendo chamado de despersonalizado. Seria
personalizado, se fosse fechado entre 2 agentes de mercado. Gabarito
letra C!

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10. (ESAF - SUSEP 2006)

A cobrança de margem, nos mercados de ativos financeiros, é feita com a


finalidade de aumentar

a) a segurança do mercado como um todo.

b) a receita dos agentes que prestam serviços de corretagem de títulos e


valores.

c) a arrecadação de impostos.

d) os preços dos ativos cuja negociação requer o depósito de margem.

e) a transparência do mercado de derivativos.

Comentários:

Já vimos que o depósito de margens de garantia, característica dos


mercados futuros, onde a bolsa exige o depósito de margem por parte
dos agentes que operam em seu ambiente, tem o intuito de diminuir o
risco de não cumprimento das obrigações dos participantes para com a
bolsa. A garantia da segurança dos mercados como um todo vai bem de
encontro com a função das margens de garantia. Gabarito letra A!

11. (NCE – BNDES 2005)

Com relação aos derivativos é correto afirmar que:

(A) os derivativos, com exceção dos contratos de opções, são


instrumentos financeiros em que se “compram” ou se “vendem” direitos
de determinados ativos sem ter necessariamente que investir no ativo
real;

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(B) através de uma operação no Mercado Futuro, o investidor pode fazer
uma proteção (Hedge) para a sua posição assumida no mercado à vista
com o objetivo de minimizar, ou se possível, reverter eventuais perdas;

(C) sem custos, os derivativos dão ao investidor a possibilidade de evitar


cenários que acarretem resultados negativos, desfrutando, todavia, dos
cenários que lhe trazem resultados favoráveis;

(D) a formação dos preços dos derivativos de um determinado ativo não


deriva dos preços do mercado à vista deste ativo. Ele é apenas um meio
de alavancagem e de trava;

(E) os contratos de derivativos não podem ser negociados em Bolsas de


Valores pois dependem de condições particulares dos interessados.

Comentários:

A letra A está incorreta, pois são exatamente as opções que dão diretos,
os demais contratos derivativos dão apenas obrigações. A letra B está
perfeita e é o gabarito da questão! A letra C peca ao dizer que sem custos
você pode realizar uma operação que evite um prejuízo, mas não limite
um ganho. Na aula só sobre derivativos, que será oferecida mais à frente,
veremos que o único derivativo que pode ter esse efeito é a opção, mas
ele tem um preço, o prêmio. Já vimos que o valor dos derivativos deriva
dos preços do ativo objeto no mercado à vista, a letra D está incorreta!
Existem vários contratos de derivativos que são negociados na bolsa de
mercadorias e futuros, logo, a letra E também está incorreta!

12. (CESPE – TELEBRAS 2013)

As ações preferenciais (PN) conferem ao seu titular prioridades na


distribuição de dividendos e o direito a voto nas assembleias da empresa,
em caso de não distribuição de resultados por três exercícios
consecutivos.

Comentários:

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Pessoal, se voltarmos lá na parte onde descrevemos os direitos das ações
preferenciais, veremos que existe exatamente essa situação que é trazida
pela questão, ou seja, o direito de voto dos preferencialistas em caso de
não pagamento de dividendos por 3 exercícios consecutivos. Logo,
questão correta!

13. (CESPE – TELEBRAS 2013)

Debêntures são títulos privados de renda fixa emitidos por sociedades


mediante ações de capital aberto ou fechado, inclusive por instituições
financeiras bancarias, que asseguram a seus detentores o direito de
credito contra a companhia emissora.

Comentários:

O único erro desta questão é dizer que as instituições financeiras


bancárias podem emitir debêntures. Tais instituições são as únicas
sociedade por ações que não podem emitir esses títulos. O restante da
questão está perfeito. Logo, questão errada!

14. (CESPE – TELEBRAS 2013)

As notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B), cujo valor nominal e


atualizado pelo índice geral de preços do mercado (IGP-M), são títulos
públicos federais com pagamento de cupom semestral de 6% ao ano.

Comentários:

Recuperando o que dissemos sobre a NTN B ao longo da aula, temos:

“A NTN B é um título que paga cupom semestral com taxa que é definida
pelo Ministério da fazenda no momento da emissão. Essa taxa de juros
fixa incide sobre o VNA do título, que é atualizado de acordo com o IPCA.
Logo, a NTN B é um título pós-fixado, com valor nominal atualizado pelo
IPCA e que paga cupom semestral a uma taxa a ser definida e seu
lançamento.”

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Questão errada!

15. (CESPE – BB 2009)

Debêntures são títulos emitidos por empresas de capital aberto não


financeiras, lançados no mercado para captar recursos de médio e longo
prazos com finalidade de financiar projetos de investimentos e(ou) para
alongar o perfil do passivo financeiro.

Comentários:

Tudo nessa questão está correto, com exceção da passagem “Debêntures


são títulos emitidos por empresas de capital aberto não financeiras”.

Vimos que debêntures podem ser emitidas por sociedades anônimas, de


capital aberto ou fechado, e que apenas as instituições financeiras não
bancárias poderiam emitir tais títulos. Ou seja, questão errada!

16. (CESPE – BB 2008)

O mercado de capitais tem por objetivo principal promover a conversão


de ativos líquidos em investimento, por meio da canalização de recursos
dos agentes compradores para as empresas privadas. A fim de atingir
esse objetivo, estão disponíveis várias formas de acesso e vários produtos
do mercado de capitais. A respeito desse assunto, assinale a opção
correta.

A) As ações são denominadas preferenciais quando atribuem ao seu


titular o direito de voto em assembleia de acionistas.

B) Ações escriturais são representadas por cautelas ou certificados, que


são entregues ao comprador no momento da transferência de propriedade
do título.

C) Os bônus de subscrição são o direito de subscrever novas ações em


quantidade proporcional às já possuídas, que não podem ser transferidos
a terceiros.

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D) As debêntures podem ser papéis de renda fixa ou variável, sendo
vedada a sua conversão em ações da companhia emissora.

E) O patrimônio de um fundo de investimento imobiliário pode ser


formado por um ou mais imóveis, parte de imóveis ou direitos a eles
relativos.

Comentários:

A letra A está errada, pois descreve direitos das ações ordinárias. A letra
B está errada, pois descreve as ações nominativas. A letra C peca ao dizer
que os bônus de subscrição não podem ser transferidos a terceiros. A
letra D peca ao dizer que debêntures podem ser títulos de renda variável
e que seria vedada a sua conversão em ações da companhia. Por sim, a
letra E é perfeita, sendo, portanto, o gabarito da questão!

Pessoal, terminamos mais uma aula! Espero que tenham gostado! Grande
abraço e até a próxima aula!

11. Lista de Questões Apresentadas

1. (NCE – BNDES 2005)

Em relação ao risco de inadimplência, os Certificados de Depósitos


Bancários dependem:

(A) da variação da cotação de uma cesta de moedas;

(B) da variação da cotação do dolar;

(C) do fluxo de capitais especulativos;

(D) da variação do salário mínimo;

(E) da solidez do banco emitente.

2. (CESGRANRIO - BACEN 2010)

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Uma ação preferencial de determinada empresa promete pagar ao seu
titular dividendos futuros, periodicamente.

Se algum destes pagamentos não for feito, a(o)

(A) empresa será considerada inadimplente.

(B) falência da empresa poderá ser decretada.

(C) data de vencimento da ação preferencial será antecipada.

(D) ação preferencial deverá ser recomprada pela empresa.

(E) pagamento de dividendos às ações ordinárias poderá ficar bloqueado.

3. (NCE – CVM 2008)

As ações preferenciais sem direito de voto ou com restrição ao exercício


deste direito, somente serão admitidas à negociação no mercado de
valores mobiliários se a elas for atribuída pelo menos o direito de:

(A) participar do dividendo a ser distribuído, correspondente a, pelo


menos, cinqüenta por cento do lucro líquido;

(B) receber dividendo de pelo menos trinta por cento maior do que o
atribuído à ação ordinária;

(C) eleger, no mínimo, um representante dos acionistas minoritários na


diretoria da sociedade;

(D) ser recomprada pela emissora ao seu valor patrimonial, após cinco
anos;

(E) ser incluída na oferta pública de alienação de controle, assegurado o


dividendo pelo menos igual ao das ações ordinárias

4. (ESAF - IRB 2005)

Uma diferença importante entre as ações preferenciais e as ações


ordinárias de emissão da mesma empresa é a

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a) alíquota de imposto de renda sobre dividendos em dinheiro.

b) possibilidade de registro para negociação em bolsa de valores.

c) prioridade de ressarcimento em caso de liquidação da empresa.

d) possibilidade de inscrição em programas de American Depository


Receipts (ADR).

e) exigência de identificação do titular das ações.

5. (CESGRANRIO - BACEN 2010)

A obrigação de comprar um determinado título financeiro em certa data


futura, por um preço determinado, é uma decorrência típica de um(a)

(A) contrato de swap cambial.

(B) contrato futuro.

(C) compra à vista.

(D) compra da opção de venda.

(E) compra da opção de compra.

6. (NCE – CVM 2008)

Para o adequado funcionamento do mercado de derivativos são


necessários agentes compradores e vendedores de contratos, sendo que
os principais são os hedgers, os especuladores e os arbitradores. Assim,
os especuladores caracterizam-se, principalmente, por:

(A) prejudicar o mercado, devendo sua atuação ser cerceada;

(B) atuar com objetivo de se proteger de riscos futuros;

(C) efetuar transações simultâneas entre um mercado e outro;

(D) contribuir para a liquidez do mercado;

(E) depender de autorização prévia da CVM.

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7. (ESAF - CVM 2010)

Derivativos, entre os quais swaps, são modelados para

a) transferir riscos tal como se dá com o seguro de danos.

b) permitir o uso de informações visando lucros.

c) equacionar efeitos de variações opostas em posições credoras e


devedoras.

d) facilitar a especulação com volatilidade preço de ativos.

e) tornar simples a arbitrabilidade preço de ativos financeiros.

8. (ESAF - CVM 2010)

Contratos a futuro e a termo, negociados em bolsas, distinguem-se:

a) por grau de especulação das operações celebradas.

b) por maior risco nos futuros.

c) por atender a interesses dos especuladores ou dos hedgers.

d) por serem os negócios a termo mais vulneráveis, dada a menor


fiscalização das autoridades reguladoras.

e) pelas formas de liquidação.

9. (ESAF - CVM 2010)

Há quem afirme que nos mercados futuros os contratos são


despersonalizados, o que se explicaria por

a) serem contratos por adesão.

b) serem contratos em que a liquidação por diferença prevalece sobre a


entrega física do bem.

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c) os contratantes terem como contraparte a Bolsa ou agente de
compensação.

d) os contratantes escolherem, depois de definido o objeto, apenas a


quantidade de contratos.

e) aos contratantes interessar a liquidez do mercado.

10. (ESAF - SUSEP 2006)

A cobrança de margem, nos mercados de ativos financeiros, é feita com a


finalidade de aumentar

a) a segurança do mercado como um todo.

b) a receita dos agentes que prestam serviços de corretagem de títulos e


valores.

c) a arrecadação de impostos.

d) os preços dos ativos cuja negociação requer o depósito de margem.

e) a transparência do mercado de derivativos.

11. (NCE – BNDES 2005)

Com relação aos derivativos é correto afirmar que:

(A) os derivativos, com exceção dos contratos de opções, são


instrumentos financeiros em que se “compram” ou se “vendem” direitos
de determinados ativos sem ter necessariamente que investir no ativo
real;

(B) através de uma operação no Mercado Futuro, o investidor pode fazer


uma proteção (Hedge) para a sua posição assumida no mercado à vista
com o objetivo de minimizar, ou se possível, reverter eventuais perdas;

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(C) sem custos, os derivativos dão ao investidor a possibilidade de evitar
cenários que acarretem resultados negativos, desfrutando, todavia, dos
cenários que lhe trazem resultados favoráveis;

(D) a formação dos preços dos derivativos de um determinado ativo não


deriva dos preços do mercado à vista deste ativo. Ele é apenas um meio
de alavancagem e de trava;

(E) os contratos de derivativos não podem ser negociados em Bolsas de


Valores pois dependem de condições particulares dos interessados.

12. (CESPE – TELEBRAS 2013)

As ações preferenciais (PN) conferem ao seu titular prioridades na


distribuição de dividendos e o direito a voto nas assembleias da empresa,
em caso de não distribuição de resultados por três exercícios
consecutivos.

13. (CESPE – TELEBRAS 2013)

Debêntures são títulos privados de renda fixa emitidos por sociedades


mediante ações de capital aberto ou fechado, inclusive por instituições
financeiras bancarias, que asseguram a seus detentores o direito de
credito contra a companhia emissora.

14. (CESPE – TELEBRAS 2013)

As notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B), cujo valor nominal e


atualizado pelo índice geral de preços do mercado (IGP-M), são títulos
públicos federais com pagamento de cupom semestral de 6% ao ano.

15. (CESPE – BB 2009)

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Debêntures são títulos emitidos por empresas de capital aberto não
financeiras, lançados no mercado para captar recursos de médio e longo
prazos com finalidade de financiar projetos de investimentos e(ou) para
alongar o perfil do passivo financeiro.

16. (CESPE – BB 2008)

O mercado de capitais tem por objetivo principal promover a conversão


de ativos líquidos em investimento, por meio da canalização de recursos
dos agentes compradores para as empresas privadas. A fim de atingir
esse objetivo, estão disponíveis várias formas de acesso e vários produtos
do mercado de capitais. A respeito desse assunto, assinale a opção
correta.

A) As ações são denominadas preferenciais quando atribuem ao seu


titular o direito de voto em assembleia de acionistas.

B) Ações escriturais são representadas por cautelas ou certificados, que


são entregues ao comprador no momento da transferência de propriedade
do título.

C) Os bônus de subscrição são o direito de subscrever novas ações em


quantidade proporcional às já possuídas, que não podem ser transferidos
a terceiros.

D) As debêntures podem ser papéis de renda fixa ou variável, sendo


vedada a sua conversão em ações da companhia emissora.

E) O patrimônio de um fundo de investimento imobiliário pode ser


formado por um ou mais imóveis, parte de imóveis ou direitos a eles
relativos.

Gabaritos das Questões

1. E
2. E

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3. E
4. C
5. B
6. D
7. C
8. E
9. C
10. A
11. B
12. C
13. E
14. E
15. E
16. E

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