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FACULDADE DE LETRAS
LATIM
Professora: Conceição
Alunas(o):
2018
CASAMENTO ROMANO
O casamento na Roma Antiga era um ato muito estimado. Por ser a família a base
da sociedade e sua estabilidade, a segurança do povo, foi a primeira instituição
estabelecida pela religião doméstica. O casamento romano respeitava algumas
tradições, sendo considerado, além da união entre duas pessoas, um dever civil de
gerar descendentes e transmitir uma herança.
A decisão acerca do matrimônio partia do homem ou dos pais dos futuros noivos,
sendo um acordo que visava benefícios mútuos. Com aproximadamente 14 anos, o
rapaz já estava em condições legais de se casar; no entanto, um casamento em que o
homem fosse tão jovem não era tão corriqueiro quanto o da jovem, que aos 12 anos já
estava à disposição para se casar - e não demorava muito para que acontecesse.
AULULARIA E O CASAMENTO
Vizinho de Euclião, Megadoro era um homem rico e solteiro. Ao analisar sua vida,
decide casar-se com Fedra, uma jovem pobre, para garantir herdeiros. A primeira atitude
que toma é acordar com Euclião o casamento, abrindo mão do dote e arcando com
todas as despesas do evento. No caso de Megadoro e Fedra, não houve um longo
noivado como era costume na época, pois Megadoro já era um homem adulto e tinha
pressa em se casar, marcando o casamento para aquele mesmo dia.
Era comum que homens ricos na faixa entre 30 e 40 anos, ou até mais,
desposassem jovens entre 12 e 18 anos; a cerimônia seria realizada sem que os futuros
cônjuges tivessem contato um com o outro. Ao homem era permitido o casamento com
uma mulher menos afortunada, porém, caso uma mulher casasse com um homem de
classe inferior à sua, a união não a conferia como noiva legítima, e sim como concubina.
CERIMÔNIA
Cercados de muita comida, música, familiares e amigos, era feita uma grande
cerimônia; ao chegar na residência do noivo, ele deveria carregar a esposa no colo – o
que antes simulava um rapto da donzela -, e as mulheres que seguiam o cortejo também
simulavam uma proteção à noiva. Após o ato, como uma luta, ele a levanta em seus
braços para que seus pés não tocassem o chão ao entrar na casa; entrando, a noiva é
apresentada ao deus do lar, e, sendo aspergida com água lustral, toca o fogo sagrado.
Após o ato, estavam livres para dividir uma refeição, que se compunha de pães, frutos
e bolo; seguia-se a oração simbolizando a união do casal e a apresentação da união ao
deus, desligando de vez a noiva dos deuses de seus pais, tornando-a participante da
religião e culto de seu marido. (COULANGES, 1971, p.51 e 53)
Megadoro apressou-se a iniciar os preparativos para a festa de casamento; sem
a menor preocupação e fugindo à regra, arcou com as despesas de comida, músicos e
tudo o que fosse necessário para a realização do matrimônio, não esperou o momento
propício e decidiu realizar a cerimônia no mesmo dia. No entanto, sua futura esposa
esperava em seu ventre um filho e, estando prestes a dar à luz, Fedra seria motivo de
grande escândalo, uma vez que havia sido violada pelo sobrinho do futuro noivo. Alguns
escritores relatam que a sociedade romana era a “sociedade do estupro”.
A MULHER ROMANA
A sociedade romana dividia as mulheres em duas classes: uma era a classe das
castas - mulheres consideradas puras, destinadas a gerar descendentes legítimos,
eram chamadas de masterfamilias. Os homens que violassem a pureza delas ou de
viúvas e divorciadas dessa classe, antes de legitimar o matrimônio, praticavam um ato
considerado stuprum consensual, porém não havia legislação que punisse o abusador
a restituir a vítima o mal feito, pelo contrário, a mulher era considerada suspeita, culpada
por corromper o homem ao desejo sexual. Outra classe de mulheres romanas eram as
concubinas, amantes, escravas ou livres que eram ligadas as satisfações sexuais dos
homens - não havia interesse de que fossem mães de filhos legítimos, para os romanos
elas eram consideradas imorais.
A virgindade na época de Fedra era algo muito estimado. Relações sexuais antes
do casamento eram consideradas imorais, ofendiam a honra do futuro marido e
dificultava a busca dos pais por um esposo, pois poucos se dispunham a aceitar a noiva
desonrada. Estáfila, a serva de Euclião, muito preocupada com a desonra e gravidez de
Fedra, a esconde do pai por bastante tempo; a jovem passa uma gestação inteira sem
que seu pai desconfiasse de nada. No texto a menção do ocorrido é de uma violação à
jovem; Licônidas, em um excesso de embriaguez, desonra Fedra e a engravida. Como
forma de reaver o mal feito a menina, pede para que sua mãe Eunômia clame ao irmão,
futuro noivo, a jovem como esposa.
CANELA, Kelly Cristina. O “stuprum per vim” no direito romano. São Paulo: USP, 2009.
COULANGES, Fustel de. A cidade antiga. 10. ed. Porto: LCE, 1971.
FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. 6. ed. São Paulo: Editora Contexto, 2018.
PLAUTO. Aulularia. Trad. De Agostinho da Silva. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1967.