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CAPITAL DE GIRO: UMA FERRAMENTA NA GESTÃO EMPRESARIAL

Cristiano de Jesus Ballejo1


Mário Kunio Marutaka1
Augusto Cesar Oliveira Camelo2

RESUMO

As empresas são organizações que utilizam recursos administrativos e financeiros para atingir
seus objetivos, no qual seu principal é a obtenção do lucro, portanto é necessário um sistema
de gestão que envolva o controle financeiro e econômico adequado no qual venha
proporcionar a execução de sua atividade a fim de gerar recursos (receita) para saldar suas
despesas, obtendo a assim lucratividade necessária para dar continuidade em sua atividade.

Em suma o controle financeiro se dá através da gestão do capital de giro, o qual precisa de


acompanhamento permanente, pois está continuamente sofrendo o impacto das diversas
mudanças enfrentadas pelas empresas.

A gestão financeira tem por objetivo geral, direcionar a empresa para que esta obtenha lucro
dentro de um nível aceitável de risco e que esse lucro se transforme rapidamente em dinheiro,
uma vez que ele normalmente esta em forma de estoque (mercadorias) e precisa ser
convertido em dinheiro, assim se faz necessário também uma gestão eficiente do controle e
planejamento do estoque e contas a receber já se que estão diretamente ligados na geração de
receitas, influenciando assim a liquidez e o capital de giro da empresa.

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1
Acadêmicos da Faculdade Cidade Verde – FCV
2
Professor Orientador da Faculdade Cidade Verde - FCV
2

PALAVRAS-CHAVE: Capital de Giro; Gestão e Empresa

ABSTRATC

The companies are organizations that use administrative resources and financial to reach their
goals, whose the main one is the attainment of the profit, therefore is necessary a management
system that involves adjusted the financial and economic control in which it comes to provide
the execution of its activity in order to generate resources (prescription) to liquidate its
expenditures, getting thus the profitability necessary to give continuity to their activities.

In fact, the financial control is developed through the management of the floating capital,
whose process needs permanent accompaniment, because it’s continuously suffering the
impact from too much changes confronted for the companies.

The financial management has as main objective, to direct the company so that this gets profit
on a acceptable level of risk and that this profit transforms into money quickly, once in supply
form (merchandises) normally and needs to be converted into money, it becomes necessary
also an efficient management of the control and planning of the supply and bills to receivable
that are directly connected to prescription development, influencing this way the pay off and
the floating capital of the company.

WORD-KEY: Floating Capital; Management and Company.

1. INTRODUÇÃO

Anteriormente as pessoas viviam a base de troca de mercadorias para sobreviver, sem a utilização de
moeda. Após o surgimento da moeda essa forma de comercialização teve fim. A partir disso a troca
seria feito através de papel moeda. Com isso surge a necessidade de se ter um capital, para girar os
recursos.
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O capital passou a ser algo indispensável no dia a dia das pessoas e das empresas em geral. Onde,
para as empresas o seu objetivo principal seria a obtenção do lucro e quitação de dívidas.

Com o desenvolvimento do capitalismo e o surgimento das transações comerciais entre as empresas,


surgiu a necessidade de as mesmas possuírem um instrumento que lhes oferecesse a possibilidade de
medir a capacidade dos devedores em cumprir com os seus compromissos financeiros.

O capital de giro se dedica principalmente aos recursos de curto prazo que as empresas
utilizam para financiar as suas atividades. Daí a importância de se conhecer as ferramentas
que auxiliam o administrador a aplicar melhor estes recursos, estudo que será abordado no
presente trabalho.

2. CAPITAL DE GIRO

O capital de giro tem participação relevante no desempenho operacional das empresas,


cobrindo geralmente mais da metade de seus ativos totais investidos. Uma gestão inadequada
do capital de giro resulta em sérios problemas financeiros, contribuindo para a formação de
uma situação de insolvência financeira.

Segundo pesquisas feitas pelo IEF (Instituto de Estudos Financeiros) “O capital de giro
representa, em media, 30 a 40% do total dos ativos de uma empresa”.

A gestão do capital de giro trata dos ativos e passivos correntes sendo eles interdependentes.
Por exemplo, a perda da liquidez pela maior participação dos estoques no ativo circulante
deve ser compensado por um volume maior de caixa. A presença de ativos correntes é
importante para viabilizar financeiramente seus negócios e contribui para a formação do
retorno econômico do investimento realizado.

Para Assaf e Silva (1997, p.37):

as decisões de investimento em capital de giro devem também promover a atratividade econômica


da empresa, favorecendo sua solvência, sua continuidade e valorização. A definição da política de
investimento em capital de giro da empresa, portanto, deve considerar qual a quantidade de capital
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de giro é necessária para o adequado funcionamento da empresa, ou seja, qual é a melhor relação
entre os ativos circulantes e os ativos totais.”

3. CONCEITOS E OBJETIVOS DO CAPITAL DE GIRO

De acordo com Assaf e Silva (1997), “capital de giro refere-se aos recursos correntes da
empresa, geralmente identificados como aqueles capazes de serem convertidos em caixa no
prazo máximo de um ano”, ou seja, são recursos exigidos para financiar o ciclo operacional da
empresa.

Para Gitmam (1997, p.616) “ capital de giro refere-se aos ativos circulantes que sustentam as
operações do dia-a-dia das empresas.”

Cherry (1997,apod.GONÇALVES 2004, p.03) diz que “capital de giro em finanças denota os
ativos que normalmente devem circular e ser substituídos, pelo menos em partes , durante o
ciclo operacional corrente da empresa, correspondente aos ativos correntes”.

Estes recursos são destinados para compra de mercadorias, reposição de estoques,


financiamentos das vendas a prazo, despesas administrativas, etc...; que corresponde a parte
do capital utilizado para financiamento dos ativos circulantes da empresa.

Para Santos (2001, p.22) “Uma empresa utiliza para seu funcionamento recursos materiais de
renovação lenta, como as instalações, equipamentos e imóveis – denominados capital fixo ou
permanente e recursos materiais de rápida renovação, como os estoques de matérias primas e
produtos que formam seu capital circulante”.

Os componentes do ativo corrente, ou do capital de giro, são o caixa e títulos negociáveis,


contas a receber e estoques. Cada componente é rapidamente convertido em outras formas de
ativo, assim o saldo de caixa poderá ser usado para recompor os estoques.

O capital de giro ou ativo corrente esta ligada diretamente a liquidez da empresa. Os


indicadores de liquidez medem a capacidade de uma empresa em saldar suas dívidas exigíveis
na prazo máximo de um ano, exceto liquidez geral, que são as obrigações a longo prazo.
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Para se compreender como funciona o índice de liquidez corrente de uma empresa, basta
analisar os valores do ativo circulante e os valores do passivo circulante. O capital de giro
liquido é a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante: AC-PC=CCL (Capital
Circulante Líquido), dessa forma a empresa calcula a necessidade ou sobra de capital de giro.
O ativo circulante consiste nas disponibilidade, credito e estoques e o passivo circulante
consiste contas a pagar e financiamentos a curto prazo.

4. AS DIFICULDADES DO CAPITAL DE GIRO NAS EMPRESAS

Dentre as muitas dificuldades que surgem de capital de giro nas empresas, podemos destacar
as principais que ocorrem:

4.1) Redução de vendas:

Santos (1995, p.23) afirma que: “Quando o capital de giro aumenta em virtude do
crescimento dos estoques, ou das duplicatas a receber, sem o acompanhamento das vendas,
traduz uma situação de administração inadequada”.
O capital de giro influencia diretamente no ciclo operacional da empresa, por isso não é
interessante deixá-lo preso como estoques. Quando uma empresa mantém um estoque alto de
baixo giro, com muitas duplicatas a receber, as vendas tem que acompanhar o mesmo
crescimento, quando isso não ocorre gera um aumento na necessidade de capital de giro, umas
vez que a empresa necessita de caixa para fechar seu ciclo operacional.

Quando ocorre a redução nas vendas diminui-se a receita da empresa, afetando diretamente a
sua liquidez e consequentemente comprometendo seus compromissos, despesas e dividas a
curto prazo. Por isso as vendas são extremamente necessárias para que empresa feche o seu
ciclo operacional sem a necessidade de um aumento de capital de giro ou, até mesmo de
utilizar capital de terceiros para financiar suas atividade a curto prazo.

4.2) Crescimento da inadimplência:


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O aumento da inadimplência nas empresas ocasiona uma situação desfavorável em sua saúde
financeira, uma vez que diminui os valores recebíveis a curto prazo.

Segundo a pesquisa da Serasa Experian foi realizada no período de 5 a 9 de janeiro de 2009


com várias empresas representativas dos setores da indústria, comércio, serviços e
instituições financeiras do país. Dos empresários entrevistados, 72% esperam crescimento da
inadimplência do brasileiro no 1º trimestre do ano e 20%, estabilidade em relação ao mesmo
período de 2008. As instituições financeiras são as pessimistas, 86% apostam em alta,
seguidas pela indústria (73%), Serviços (71%) e o Comércio (70%).

Isso demonstra que a inadimplência afeta as empresas de todos os setores, podendo ocorrer
conseqüências diretamente ligadas ao caixa da empresa, uma vez que o lucro do negócio
ficará diminuído, devido ao não recebimento das vendas realizadas no período. Se o
recebimento nunca ocorrer, o efeito disso no caixa será para sempre, se for o caso de um atraso, o
efeito no caixa é temporário. O que também poderá gerar um custo, só que agora para
financiar o caixa durante o atraso. Todos os negócios, em geral, estão sujeitos a uma
probabilidade de não receberem parte de suas vendas realizadas, se seus clientes atrasarem os
pagamentos, você poderá precisar de um empréstimo para conseguir pagar suas despesas pre-
vistas, repor os estoques, fazer investimentos. E quando ocorrer o recebimento a empresa
quitará seu financiamento, isso terá um custo, que seria os juros do financiamento.

4.3) Aumento das despesas financeiras:

O descontrole das despesas financeiras ocorre pelo desequilíbrio entre o ativo circulante e o
passivo circulante, geralmente ocorre porque elas não mantém uma margem de segurança
para cobrir gastos inesperados ocasionados por alguma sazonalidade, desajustes nos
recebimentos e desembolsos. conforme define Assaf Neto e Silva (2007, p.24) “...somente a
presença de um CCL positivo não se torna indicador seguro de equilíbrio financeiro. É
necessário que se identifiquem, nos ativos circulantes, as contas de longo prazo (permanentes)
e as variáveis (sazonais).”
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4.4) Aumento de Custos;

O aumento dos custos das empresas esta ligado a diversos fatores, entre eles podemos
destacar:

- Elevação do custo dos financiamentos, devido a altas taxas;

- Elevação no custo da produção;

- Aumento no custo dos estoques:

Quando empresa compra mais estoques, o custo de estocagem aumenta consideravelmente,


pois tem que ser levado em conta o custo de oportunidade e armazenagem. Sendo que o
aumento no nível dos estoques elevam o risco de obsolescência, perda, alem de aumentar o
custo da gestão desses ativos.

5. ALTERNATIVAS EFICIENTES PARA A GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO

5.1) Formação de reserva financeira

O equilíbrio financeiro é fundamental para a empresa se manter no mercado competitivo e se


prevenir de eventuais desequilíbrios ou de sazonalidade durante a atividade operacional da
empresa. E evitar buscar recursos financeiros de terceiros para cobrir estas eventualidades.

É importante para toda empresa se prevenir desses desequilíbrios e sazonalidades do mercado,


para isso se faz necessário a formação de reserva financeira pra cobrir estas mudanças
inesperadas. O volume desta reserva deve ser estipulado de acordo com o grau de proteção
que a empresa deseja. Recomenda-se que seja feita uma aplicação desta reserva para que gere
juros ativos.
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Segundo Sanvicente (1990, p.140): “interessa e empresa evitar insuficiência de caixa. A


alternativa mais desfavorável é aquela em que as diferenças entre provisões e fatos levam a
déficits superiores aos esperados. Por isso, temos esta segunda parcela do saldo, cuja
finalidade é proporcionar uma margem de segurança contra essas variações incertas e
desfavoráveis”.

No caso de empresas que possuem suas vendas irregulares, é necessário ter um controle
financeiro rigoroso, caso contrário não terá dinheiro em caixa no período em que suas vendas
forem baixas, assim o capital de giro será incerto.

Por isso o fluxo de caixa é uma ferramenta indispensável na administração do capital de giro,
pois é ele que irá projetar as entras e saídas de caixa. Assim o objetivo desta projeção é fazer
com que no período de vendas elevadas seja feita uma reserva para evitar surpresas durante o
período de menor lucratividade.

5.2) Encurtamento do ciclo econômico

A redução do ciclo econômico significa um menor tempo para produzir e vender. No


comércio esta redução significa um giro mais rápido dos estoques e no setor de serviços
significa basicamente, trabalhar com um cronograma mais curto para a execução dos serviços.

Quando e empresa encurta seu ciclo econômico suas necessidades de capital de giro reduzem
drasticamente. Essa redução não é uma função tipicamente financeira, ela requer o apoio de
funções como o de produção, operação e logística.

5.3) Controle da inadimplência

A inadimplência dos clientes podem ocorrer do quadro econômico do país (ao qual não
podemos controlar), como a diminuição na renda das pessoas isso faz com que o cliente perca
o poder de pagamento ou de fatores da própria empresa, como por exemplo, a inexistência de
uma política de credito criteriosa e a falta de um sistema de cobrança eficiente e integrado,
ocasionando o aumento da mesma.
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Também devem ser observados os prazos e recebimentos das vendas, talvez seja possível
diminuir este prazo, qualificar melhor a análise de crédito e intensificar as ações de cobrança,
assim possibilita um giro mais rápido do caixa.

Descontos também podem ser concedidos, isso fará com que aumente as suas vendas a vista e
reduz o risco de inadimplências causadas pelas vendas a prazo.

5.4) Não se endividar a qualquer custo

Quando há insuficiência de capital de giro, muitas empresas optam por empréstimos de custo
elevado. O financiamento do capital de giro com uma taxa maior do que a sua rentabilidade
pode sim resolver seu problema imediato de caixa, mas também criar um novo problema, o
pagamento deste financiamento, uma vez que a captação de capital de terceiros terá um custo
maior do que através de capital próprio.

5.5) Alongar o perfil do endividamento

Uma boa alternativa seria tentar negociar um prazo maior para o pagamento de suas dívidas,
isso retardaria as saídas de caixas correspondentes, assim melhoraria o seu capital de giro.
Embora seja uma medida provisória, ajudara bastante até que a empresa se ajuste
financeiramente. No entanto é necessário fazer uma analise do custo do alongamento deste
prazo, para verificar se é viável.

5.6) Reduzir custos

Uma das formas de redução de custos seria a implantação de um sistema de custos, ele tem
um efeito positivo sobre o capital de giro da empresa, desde que não restringem as vendas
nem as operações da empresa. Para as empresas que estão em crise com o seu capital de giro,
não é uma tarefa muito fácil, já que sua capacidade de investimento está comprometida. Um
outra alternativa seria cortar gastos que não causem grandes prejuízos. Primeiro deve-se saber
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quais os custos que empresa tem e analisar quais tem a maior importância, e aqueles de menor
importância podem ser eliminados ou reduzidos.

6. CONCLUSÃO

Após o estudo realizado podemos concluir que o capital de giro é de suma importância na
gestão de qualquer empresa, pois está ligado diretamente com o seu ciclo operacional. Por
isso há a necessidade de se conhecer seu impacto perante a empresa, conhecer os fatores que o
influenciam assim como as alternativas para uma gestão eficiente, uma vez que o capital de
giro está ligado diretamente com sua atividade principal. Isso permite ao administrador que se
previna de qualquer eventualidade que possa comprometer a saúde financeira da empresa, e
que busque alternativas corretas para uma boa gestão visando sempre seu crescimento e
maximizando a lucratividade. As alternativas de uma gestão do capital de giro com sucesso
estão ligadas a prevenção e ao planejamento administrativo e financeiro como fluxo eficiente
do ciclo operacional: o giro rápido dos estoques com as vendas, a boa administração do fluxo
de caixa, como das contas a receber, entre outras. Assim compreende ao administrador
planejar , organizar, controlar, dirigir e formar estratégias que venham de encontro com as
expectativas de lucro e o objetivo da empresa.

7. REFERENCIA BIBLIOGRAFICA

ASSAF NETO, Alexandre e SILVA, César A. T.. Administração do Capital de Giro. São
Paulo: Atlas, 1997.

ASSAF NETO, Alexandre e SILVA, César A. T.. Administração do Capital de Giro. 3ª


Edição. São Paulo: Atlas, 2007.

GITMAN, Laurence J. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: Harbra,


1997.

SANTOS, Edno de Oliveira dos. Administração Financeira da Pequenea e Média


Empresa. São Paulo: Atlas, 1995.
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SANTOS, Edno de Oliveira dos. Administração Financeira da Pequenea e Média


Empresa. São Paulo: Atlas, 2001.

SANVICENTE, Antonio Zoratto. Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 1990.

ANAIS. VII Ciclo de Estudos de Ciências Contábeis. UNIVALE, Ivaiporã-PR, 24 a 26 de


Outubro de 2005.

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