Professional Documents
Culture Documents
Na pérola, via Coyotito na escola, sentado à sua carteira, como outros que Kino
uma vez espreitara por uma porta entreaberta. E Coyotito trazia uma blusa, um
colarinho branco e uma gravata de seda. E Kino olhou os vizinhos cheio de
orgulho:
- O meu filho irá à escola.
Os vizinhos ficaram mudos. Joana conteve a respiração. Os olhos brilhavam-lhe
postos no marido. Baixou-os rapidamente para o Coyotito que tinha nos braços,
para ver se aquilo podia ser possível.
Mas a face de Kino iluminou-se com aquela profecia. "O meu filho saberá ler e
abrirá livros, o meu filho escreverá, o meu filho saberá escrever. O meu filho fará
números. E essas coisas tornar-nos-ão livres, porque ele terá conhecimentos,
saberá. Através dele, teremos conhecimentos também." E, na pérola, Kino via-
se já agachado na cabana, ao pé do lume, com Joana ao seu lado, enquanto
Coyotito lia um livro enorme.
- Tudo isso a pérola fará - afirmou Kino.
Nunca dissera tantas palavras duma vez em toda a vida.