You are on page 1of 5

ANUÁRIO DE ARQUITETURA

DE SANTA CATARINA | 2017

Anuario_v17.indd 1 12/04/17 22:18


EXPEDIENTE

DIRETORA EDITORIAL COLABORADORES DISTRIBUIÇÃO


Simone Bobsin Abílio Guerra, Adélia Borges, Adriane Bancas, livrarias e mailing dirigido
simonebobsin@arqsc.com.br Vieira Santos, Alejandro Castañé, Ana
Carla Fonseca, Anita Di Marco, Fah Maioli, VOGAL EDITORA
DIRETORA EXECUTIVA Gabriela Mager, Geise Brizotti Pasquotto, Av. dos Lagos, 41 | Pedra Branca
Clarice Mendonça Guilherme Llantada, Guilherme Wisnik, Palhoça/SC | 88137-100
anuario@arqsc.com.br Luiz Eduardo Fontoura Teixeira, Néri contato@editoravogal.com.br
Pedroso, Pedro de Melo Saraiva, Roberto
PROJETO GRÁFICO Simon, Vicente Wissenbach IMPRESSÃO
Nuovo Design Gráfica Rocha
nuovo@nuovo.com.br REVISÃO
Giane Jacques Antunes Severo
REDAÇÃO
Jana Hoffmann COMERCIAL
Letícia Wilson comercial@arqsc.com.br
Silvia Penteado
Eloá Orazem ADMINISTRAÇÃO portalarqsc
André Teixeira de Oliveira portalarqsc
COMISSÃO EDITORIAL contato@editoravogal.com.br
Guilherme Llantada, José Ripper anuario@arqsc.com.br
Kós, Vicente Wissenbach, Fernanda APOIO INSTITUCIONAL
www.arqsc.com.br
Menezes AsBEA/SC, IAB/SC, programa Missão Casa
www.youtube.com.br/missaocasa
Foto: Alexandre Tanaka Hirata
Foto: Mariana Chama

Foto: divulgação
Foto: divulgação

Geise Brizotti Pasquotto

Adélia Borges Eloá Orazem


Letícia Wilson
Foto: divulgação
Foto: Gill Konell

Foto: divulgação

Guilherme Llantada
Foto: divulgação

Foto: Pedro Mox

Néri Pedroso
Ana Carla Fonseca e
Alejandro Castañé Fah Maioli Gabriela Mager

O ArqSC é uma publicação anual, dirigida ao público em geral, comercializada em bancas, livrarias e no meio digital, distribuída a um
mailing de entidades de classe, imprensa, instituições de ensino e lojistas. Os textos foram produzidos a partir das informações repas-
sadas pelos profissionais participantes. O anuário não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

Anuario_v17.indd 2 12/04/17 22:18


ÍNDICE

ARTIGOS
Entre acertos e desconexões
Néri Pedroso
18
O design de Santa Catarina em Dubai
Gabriela Botelho Mager
22
Floresta psicodélica 25
Simone Bobsin

18
Estampa Jungle 29
Monica Hoff

Navegar é preciso 30
Adélia Borges

Macrotrend 33
Fah Maioli

As cores no divã
Eloá Orazem
36
22 25
Corporate Ventures
Ana Carla Fonseca + Alejandro Castañé
38
Biblioteca 40
Entrevista Moisés Liz 44
Ensaio fotográfico Ceisa Center 54
Guilherme Llantada
30 33
O modo contemporâneo
de ser arquiteto
56
Letícia Wilson

Beleza da diversidade 62
Roberto Simon

Requalificação urbana 64
Geise Brizzoti Pasquotto
36 38 40
Resgate histórico
Vicente Wissenbach +
66
Corporate Silvia Penteado

Ventures

44 56 62 64 66

10

Anuario_v17.indd 10 12/04/17 22:19


URBANISMO

Requalificação urbana
e a valorização imobiliária:
é necessário temer a gentrificação?
Geise Brizotti Pasquotto

O conceito de qualificar um espaço público ao aprimorar A área que contempla 16 docas foi construída em 1887
ambientes que conectem pessoas não deveria suscitar para satisfazer um modelo agroexportador. Com o
desconfianças ou receios. Porém, experiências específicas tempo o local tornou-se obsoleto, se degradando. Com
de áreas que observaram o custo de vida aumentar após a Operação Urbana Puerto Madero, aumentou-se o
a sua revitalização vêm gerando contradições. Esta ação potencial construtivo da área, valorizando-a (Figura 1).
foi chamada de gentrificação e vem assombrando, tanto Muitas empresas e comércios mudaram-se para o local.
a população como os planejadores. Também utilizou-se de uma estratégia muito conhecida
no planejamento: inserir obras de arquitetos famosos para
A palavra gentrificação pode ser entendida como o maior divulgação da intervenção realizada. No caso de
processo de melhoramento e consequente valorização Buenos Aires, foi convidado o arquiteto Santiago Calatrava
do local, resultando em uma expulsão dos antigos para realizar uma ponte móvel na área (Figura 2).
moradores e a inserção de grupos com poder aquisitivo
mais alto. O termo, do inglês džƭǵȻȦǒ˴ƟƃȻǒȀǵ, é derivado Existe um dilema quando se fala sobre o tema: se a área
de um neologismo criado pela socióloga britânica permanecer degradada é ruim para os habitantes que
Ruth Glass em 1963, em um artigo onde falava sobre nela residem, mas se houver a revitalização e acontecer
as mudanças urbanas em Londres. Ela se referia ao a gentrificação, é também prejudicial para a população.
‘aburguesamento’ do centro da cidade, usando o termo A pergunta que muitas pessoas refletem é se devemos
irônico gentry (berço de ouro), como consequência da nos preocupar com ela e a resposta é relativa. Como
ocupação em bairros operários por classes de poder dito acima, esse é um processo inerente da valorização
aquisitivo mais alto. imobiliária decorrente da revitalização de uma área.
Estamos em uma sociedade pós-industrial, onde as
A gentrificação ocorre, em maior ou menor força, relações de demanda e oferta regem o desenvolvimento
em diversas cidades. Possivelmente, se você mora urbano. No entanto, a forma com que ela acontece pode
em uma cidade de porte médio ou grande, onde gerar uma fragilidade ou uma potencialidade para o local.
ocorreram revitalizações, já deve ter ouvido falar sobre Se a gentrificação for diminuta, processo natural de
ela. Evidentemente que alguns exemplos são mais qualquer revitalização, ela pode ser benéfica para
paradigmáticos, por sua escala, força de abrangência, a população ou pelo menos, não comprometer os
contexto histórico etc. Um dos exemplos estudados por habitantes do local. Estudos recentes realizados nos
diversos acadêmicos em relação ao enobrecimento da Estados Unidos apontaram que moradores antigos de
área é Puerto Madero, intervenção nas margens do rio bairros gentrificados não foram expulsos por conta da
Dique e Darsena Sur na cidade de Buenos Aires. valorização imobiliária e conseguiram ampliar suas rendas.

64

Anuario_v17.indd 64 12/04/17 22:23


Fotos: Geise Brizotti Pasquotto

Figura 1 – Enobrecimento da área das docas – Puerto Figura 2 – Ponte da mulher – Santiago Calatrava
Madero

No entanto, se existir uma falta de equilíbrio entre


as forças do projeto, do setor imobiliário e da vida da
população, os resultados podem ser insatisfatórios. Um
exemplo paradigmático é a Operação Urbana Nova
Luz. O projeto realizado para o quadrilátero inserido na
área da Luz em São Paulo, onde a cracolândia também
está inserida, não levou em consideração a dinâmica
que ocorre no local (Figura 3). Desconsiderou os
comerciantes e também a Zona Especial de Interesse
Social que ali incidia pelo Plano Diretor. O projeto
de alto impacto visava a mudança de perfil socio-
econômico daquela região, resultando em um projeto
desenvolvido para o setor privado e com um número
altíssimo de demolições. Pelos protestos da população
(que geraram diversos processos contra a operação Figura 3 – Estação da Luz, São Paulo
urbana) e pela falta de interesse do setor privado, as
obras estão paralisadas.

Portanto, é importante ressaltar que a maioria


das revitalizações podem resultar na alteração da
dinâmica da área e na possível valorização, no entanto,
o importante é verificar como o projeto está sendo
realizado para que ele tenha adequação à cultura local,
no sentido de harmonizar-se com a região. O arquiteto
e urbanista deve ter a delicadeza para entender o
objeto que está intervindo para adequá-lo da melhor Geise Brizotti Pasquotto - Prof. Dra na Universidade Paulista
maneira possível equilibrando as forças e interesses e professora convidada da Universidade São Francisco. Tem
muitas vezes contrastantes do poder público, setor experiência na área de Planejamento Urbano e Regional, com
privado e população. ênfase em planejamento estratégico e marketing urbano.

65

Anuario_v17.indd 65 12/04/17 22:23

You might also like